XII- A ACTIVIDADE PRODUTIVA E A ECONOMIA DO AMBIENTE Valor económico, valor ambiental e valor social nas empresas. PROCESSO PRODUTIVO Energia Matérias Primas Produtos Úteis Consumo TRANSFORMAÇÃO Resíduos + Poluição Água Reciclagem EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA EFICIÊNCIA % Produtos Úteis % Produtos inúteis % Reciclagem Para uma tecnologia fixa há “trade-off” entre competitividade empresarial e protecção ambiental com a evolução tecnológica, há convergência entre a competitividade empresarial e a protecção ambiental. NO LONGO PRAZO a evolução tecnológica (gerando processos mais eficientes e mais limpos) compatibiliza Produtividade/competitividade e Ambiente Desenvolvimento Sustentável. MICROECONOMIA Função de Produção e de custos Função de custos = Dual de função de produção A função de custos de uma empresa sumariza todos os aspectos economicamente relevantes da tecnologia C = C (Tecnologia) CM Custos Médio de Produção (CMCP/CMLP) CCMLP = envolvente CCMCP Evolução tecnológica Fonte: JM Amado de Silva - “Economia Industrial e Excesso de Capacidade” No curto prazo há custos fixos ligados à escala de produção tecnologia utilizada No longo prazo as escalas de produção e as tecnologias evoluem NO LONGO PRAZO NÃO HÁ CUSTOS FIXOS, TODOS SÃO VARIÁVEIS TECNOLOGIAS DE FIM DE LINHA E TECNOLOGIAS ECOLÓGICAS Não há tecnologias limpas porque todas esgotam recursos, todas consomem energia, todas utilizam recursos que transformam para produzir outros recursos. O mais que se consegue é uma tecnologia que vá reciclar parte dos recursos utilizados, mas num contexto em que há sempre energia degradada. Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 TECNOLOGIAS DE FIM DE LINHA E TECNOLOGIAS ECOLÓGICAS Tecnologias de fim de linha Nas unidades produtivas que utilizam tecnologias de fim de linha, há uma tecnologia poluente instalada e utiliza-se um equipamento de despoluição terminal – tecnologia de fim de linha -que se liga ao equipamento já existente para despoluir o processo. São os equipamentos para o tratamento das águas e dos efluentes, para o controlo de qualidade do ar ou para a gestão dos resíduos. Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 TECNOLOGIAS DE FIM DE LINHA E TECNOLOGIAS ECOLÓGICAS Porque se utilizam estas tecnologias? Porque existe uma grande oposição à substituição da tecnologia já instalada, que custou dinheiro e ainda é rentável. No fundo, passa-se com as tecnologias de fim de linha algo idêntico ao que acontecia com os sistemas de controlo de qualidade instalados na fase terminal do processo produtivo. Produzia-se primeiro e controlava-se a qualidade depois. Com as tecnologias de fim de linha, produz-se primeiro e depois limpa-se o que se poluiu. A tecnologia de fim de linha aumenta os custos de produção às empresas que a aplicam. As empresas não podem internalizar os ganhos sociais que proporcionam. Quem ganha é a sociedade, pelo facto de o ambiente ficar mais limpo, enquanto que as empresas aumentam os seus custos. Trata-se pois de uma típica falha de mercado, o que implica o apoio financeiro dos poderes públicos à introdução dessas tecnologias nas empresas. Estas tecnologias têm dado origem a uma "simpática“ indústria de despoluição. Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 TECNOLOGIAS DE FIM DE LINHA E TECNOLOGIAS ECOLÓGICAS Tecnologias ecológicas São as que, estando integradas no processo industrial, visam preservar as matériasprimas e a energia, reduzir os resíduos e as emissões e, por conseguinte, impedir a poluição. Por exemplo, o conceito de "lean production" utiliza tecnologias ecológicas. Estas tecnologias ecológicas são o resultado das inovações que modificam os processos de fabrico e os produtos. Trata-se pois das tecnologias que deverão ser utilizadas nos novos processos produtivos, sendo endógenas ao próprio processo. Tal como nos modernos processos de gestão de qualidade, em que a qualidade é endogenizada no próprio processo produtivo produzindo-se qualidade, também nas tecnologias ecológicas o ambiente é endogenizado no próprio processo produtivo, produzindo-se com menos poluição. Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 AS OMISSÕES DA ECONOMIA CLÁSSICA O problema não reside só na finidade dos recursos, porque quando eles são finitos a economia encarrega-se de lhes começar a fixar os preços. O problema é mais grave, e tem a ver com o facto de se terem alienado da esfera económica – o que significa não lhe terem sido imputados custos – substâncias que se pensava serem inesgotáveis, como o oxigénio, o ar que se respira e a água! Se para a água essa consciência de escassez já começa a ser nítida a nível global, a mesma consciência para o oxigénio ou o ar que respiramos só existe ainda nas zonas mais poluídas. Com efeito, a economia de mercado é o sistema mais perfeito até hoje descoberto para a afectação de recursos escassos. Mas as formulações clássicas da economia têm apenas tomado em consideração alguns bens muito importantes para compradores e consumidores, e têm esquecido, quase ignorado, o valor de outras coisas que são mais difíceis de comprar ou de vender, tais como a água ou o ar puro e limpo. Tal como os nossos olhos apenas vêem uma pequena banda do espectro solar, também a economia clássica apenas “vê” e “mede” uma banda estreita do espectro de custos e benefícios que resultam das nossas escolhas económicas. Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 AS OMISSÕES DA ECONOMIA CLÁSSICA Tal é particularmente óbvio no cálculo dos produtos nacionais, em que não é tomada em consideração a depreciação dos recursos naturais, ao contrário do que acontece com os equipamentos. Assim, a economia clássica falha ao não tomar em consideração a depreciação dos recursos naturais. Tal vem do tempo em que se estabeleceu o sistema de contas nacionais, num contexto em que os recursos naturais pareciam ilimitados. De acordo com uma lei da termodinâmica, nada – energia ou matérias-primas - se cria ou se destrói. Por isso os recursos naturais, são transformados em: - produtos úteis, que se chamam os bens económicos; - e produtos residuais, nos quais se inclui a poluição! Neste contexto, o conceito de produtividade (e o seu cálculo no sistema económico) apenas capta as boas coisas produzidas e esquece as más, como é o caso da poluição num processo produtivo! Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 AS OMISSÕES DA ECONOMIA CLÁSSICA É evidente que ultrapassado um certo ponto, será impossível pôr um preço nas externalidades ambientais das nossas escolhas económicas, como é manifesto nos casos do ar limpo, da água pura ou da existência de vida na terra. Quando tal acontece, devemos assumir o significado económico de um ambiente saudável como o de uma espécie de infra-estrutura que suporta, a prazo, a produtividade e a qualidade de vida. Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Nos anos 70 alguns defendiam que o crescimento económico era incompatível com boas políticas ambientais. Nos anos 80, a confluência de ideias entre ambientalistas moderados e empresas bem geridas permitiu encarar o binómio economia-ambiente de uma forma equilibrada e realista. Estava assim aberto o caminho para o conceito desenvolvimento económico sustentado - surgido em 1987 no famoso Relatório Brundtland. O conceito de desenvolvimento sustentado reconhece que o ambiente e o desenvolvimento estão indissoluvelmente ligados, pois que só com níveis mínimos de desenvolvimento económico é que se podem angariar financiamentos que permitam investir na defesa do ambiente e, por outro lado, não há a prazo desenvolvimento se não se preservarem os recursos naturais. Reconhece-se que no curto prazo pode haver algum “trade-off" entre crescimento e ambiente, mas numa perspectiva de desenvolvimento a longo prazo não há conflito, mas sim convergência, entre eficiência económica e protecção dos recursos naturais. O conceito de desenvolvimento sustentado é pois útil e praticável. Os anos 90 confrontaram-se então com um imperativo inadiável - o de protagonizar um desenvolvimento sustentado, isto é, aquele que satisfaz as necessidades das gerações actuais sem comprometer as gerações futuras. Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Muita gente pensaria que o crescimento económico poderia ser feito sem prejuízos ambientais, o que é impossível. A actividade económica impõe o uso de energia e matérias-primas, sendo criados por outro lado desperdícios que o planeta tem de digerir. Contudo, crescer com menos poluição é possível. O desenvolvimento tecnológico tem vindo a descobrir um melhor aproveitamento para as matérias-primas, verificando-se que, com dinheiro e tecnologia suficientes, um problema de poluição poderá ser minimizado. Os governos podem diminuir substancialmente os danos ambientais provocados pelo crescimento económico, através de incentivos a um melhor aproveitamento das matériasprimas e à redução da sua utilização. Em suma, esse desenvolvimento sustentado vai implicar: • o maior recurso a fontes de energia e matérias-primas renováveis; • a minimização da emissão de resíduos; • uma profunda reestruturação tecnológica do aparelho produtivo; • a redução dos desperdícios das sociedades de consumo; • uma correcta política de ordenamento, com a correcção das assimetrias espaciais na distribuição das populações e das actividades produtivas; • profundas mudanças socioculturais; • alterações no funcionamento do sistema económico. Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Processo cujo objectivo central é satisfazer as necessidades da geração actual, deixando também oportunidades de escolha às gerações futuras.... SUSTENTABILIDADE A Sustentabilidade pode entender-se como resultado da optimização de um processo (multi critérios num sistema altamente complexo) cujas dimensões básicas são a economia, a ecologia e a sociedade, a tripla linha de base. Fonte: Constança Penedo e Anabela Maia - “A Banca como agente de sustentabilidade do sistema económico”, Junho de 2003 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Valor económico Criar Valor Sustentável Empresa sustentável Stakeholders internos Competitividade Eficiência económica Eficiência ecológica Stakeholders externos ECO-EFICIÊNCIA Valor social Valor ambiental Fonte: Constança Penedo e Anabela Maia - “A Banca como agente de sustentabilidade do sistema económico”, Junho de 2003 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A Sustentabilidade implica reinventar a empresa, para que se torne: Economicamente viável Ambientalmente segura Socialmente responsável Fonte: Constança Penedo e Anabela Maia - “A Banca como agente de sustentabilidade do sistema económico”, Junho de 2003 A ECONOMIA DO AMBIENTE E A “ECO-NOMICS” A política ambiental é forçosamente intervencionista pois o mercado por si só falha ao querer aliar os interesses dos indivíduos e das empresas com os da sociedade no seu conjunto. Há pois uma falta de mercados (“market failure”) INTERVENÇÃO PÚBLICA Mas hoje em dia todos começam a perceber que governos e empresas se podem preocupar mais facilmente com os aspectos ambientais se os olharem do ponto de vista do seu interesse económico. PELA PRÓPRIA LÓGICA DE UMA ECONOMIA DE MERCADO, OS INSTRUMENTOS ECONÓMICOS SERÃO MUITO ÚTEIS PARA FORÇAR UMA MUDANÇA DE TECNOLOGIAS E PADRÕES DE CONSUMO PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL GOVERNOS + FORÇAS DE MERCADOS Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA AMBIENTAL a) Normas e regulamentações impostas pelos governos b) Instrumentos económicos b1) Ao nível microeconómico • principio utilizador – pagador • comercio de emissões • abordagem de ciclo completo de produção, desde a origem da matériaprima até aos subprodutos e resíduos, na análise das actividades económicas e no estabelecimento das cadeias de valor,etc. b2) Ao nível macroeconómico • alterações na estrutura fiscal, com introdução de eco-taxas • introdução, no cálculo do PIB, de depreciação dos recursos naturais utilizados (tal como acontece com os edifícios e equipamentos) c) Acordos voluntários entre a Administração e os Sectores Industriais Fonte: Luís Mira Amaral- “Industria e Energia: As apostas do Fim do Século”, Bertrand 1997