Arcadismo Prof.ª Carol Contexto Histórico: • Iluminismo: movimento ideológico que revelava as tendências filosóficas e científicas desenvolvidas no século XVIII. ( = Século das Luzes) • espírito investigativo e experimental • Razão: busca pelo saber • A Enciclopédia, obra em 28 volumes, publicada, entre 1751 e 1780, sob a coordenação dos filósofos franceses Diderot e D´Alembert, foi a expressão máxima do Iluminismo. • Voltaire : crítica a Igreja • Rousseau : vontade popular, emancipação individual Compare os contextos históricos do Barroco e do Arcadismo: • Barroco: arte da Contrareforma,século XVII, período de tensão no pensamento europeu, no qual a Inquisição reprime com violência os desvios da norma católica. • Arcadismo: período do Iluminismo, século XVIII, superação da repressão católica e postura de valorização da razão e da autonomia individual diante das normas estabelecidas, valorização da cultura clássica e seu antropocentrismo. Contexto Histórico: • Arcádia: região vista como privilegiada, associada à inspiração poética reveladora de um paraíso rústico; região mítica da Grécia Antiga • Busca da recriação do espaço bucólico da Arcádia por meio da literatura; • Salões literários: refletem a vida intelectual da sociedade francesa, espaço de acolhida para artistas e livre pensadores. Características: • Concepção poética clássica: sonetos e oitavas • artificialidade : locus amoenus; preocupação em cuidar do rebanho e desfrutar da natureza • sociedade mais justa e igualitária: cenário acolhedor; fugere urbem; valorização do simples em detrimento da vida pomposa e sofisticada da corte • Carpe diem : passar do tempo. • Inutilia truncat : linguagem simples – combate à artificialidade verbal - padrão de criação literária • Aurea mediocritas : (mediania de ouro) – o equilíbrio deve ser preferido a qualquer extremo; Arcadismo Natureza artificial: o lugar ideal do pensamento árcade Características: Brasil • Minas Gerais: Vila Rica: sociedade do ouro • Elite : dívidas com a Coroa Portuguesa • Desejo de emancipação intelectual e política • Inconfidência Mineira: • Autores árcades: Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto, Cláudio Manuel da Costa. Cláudio Manuel da Costa: • pseudônimo de Glauceste Satúrnio • natureza : pátria: nacionalismo Cláudio Manuel da Costa Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o rosto da violência, Ou do retiro a paz não tem provado. Que bem é ver nos campos transladado No gênio do pastor, o da inocência! E que mal é no trato, e na aparência Ver sempre o cortesão dissimulado! Ali respira amor sinceridade; Aqui sempre a traição seu rosto encobre; Um só trata a mentira, outro a verdade. Ali não há fortuna, que soçobre; (ruíne) arruíne Aqui quanto se observa, é variedade: Oh ventura do rico! Oh bem do pobre! Tomás Antônio Gonzaga • Foi preso como Inconfidente e deportado para Moçambique. Durante este período, que se encontrava encarcerado, o poeta escreveu os famosos versos de Marília de Dirceu. • Sob as normas do Arcadismo, a composição lírica dessa obra reconta a paixão do poeta pela jovem Maria Dorotéia de Seixas Brandão, de quem foi noivo. • Crítica ao governador de Minas nas Cartas Chilenas: poemas satíricos de caráter político. Tomás Antônio Gonzaga Minha bela Marília, tudo passa a sorte deste mundo é mal segura, se vem depois dos males a ventura vem depois dos prazeres a desgraça. Estão os mesmos deuses sujeitos ao poder do ímpio fado: Apolo já fugiu do céu brilhante, Já foi pastor de gado. A devorante mão da negra morte acaba de roubar o bem que temos; até na triste campa não podemos zombar do braço da inconstante sorte qual fica no sepulcro, que seus avós ergueram, descansado; qual no campo, e lhe arranca os frios ossos ferro do torto arado. campa: túmulo qual-qual : um e outro Tomás Antônio Gonzaga Ornemos nossas testas com as flores e façamos de feno um brando leito; Prendamos-nos, Marília, em laça estreito, gozemos do prazer de sãos amores. Sobre as nossas cabeças, sem que o possam deter, o tempo corre; e para nós o tempo que se passa também, Marília, morre. Que havemos de esperar, Marília bela? que vão passando os florescentes dias? As glórias que vêm tarde já vêm frias, e pode enfim mudar-se a nossa estrela. Ah! não, minha Marília, aproveite-se o tempo, antes que faça e estrago de roubar ao corpo as forças e ao semblante a graça! Bocage • Pseudônimo: Elmano Sadino • Lírico e Satírico: poesias eróticas e agressivas • Poesia encomiásticas • Lírico Árcade. • Lírico Pré-Romântico: • Confessionalismo: (arrependimento), • pessimismo e egocentrismo. Bocage Magro, de olhos azuis, carão moreno, bem servido de pés, meão de altura, triste de faxa, o mesmo de figura, nariz alto no meio, e não pequeno: incapaz de assistir num só terreno, mais propenso ao furor do que à ternura, bebendo em níveas mãos por taça escura de zelos infernais letal veneno; devoto incensador de mil deidades, (digo de moças mil) num só momento, inimigo de hipócritas e frades: eis Bocage,em que luz algum talento, sairam dele mesmo estas verdades num dia em que se achou cagando ao vento. Bocage Nariz, nariz e nariz, nariz que nunca se acaba, nariz que, e ele desaba, fará o mundo infeliz... nariz, que Newton não quis traçar-lhe a diagonal... nariz de massa infernal, que, se o cálculo não erra, posto entre o céu e a terra faria eclipse total Mas quando ferrugenta enxada idosa Sepulcro me cavar em ermo outeiro, Lavre-me este epitáfio mão piedosa: "Aqui dorme Bocage, o putanheiro; Passou vida folgada, e milagrosa; Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro Bocage Já Bocage não sou!... À cova escura Meu estro ai parar desfeito em vento... Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura. Conheço agora já quão figura Em prosa e verso fez meu louco intento. Musa!...Tivera algum merecimento Se um raio da razão seguisse, pura! Eu me arrependo; a língua quase fria Brade em alto pregão à mocidade, que atrás do som fantástico corria: Outro Aretino fui...A santidade Manchei...Oh!, se me creste, gente impia, Rasga meus versos, crê na Eternidade! Estro: impia, sem piedade (pia=piedade) diferente de ímpia, incrédula. Aretino: poeta Bocage Olha, Marília, as flautas dos pastores que bem que soam, como estão cadentes ! olha o Tejo a sorrir-se ! olha, não sentes os Zéfiros brincar por entre as flores ? vê como ali beijando-se os Amores incitam nossos ósculos ardentes ! ei-las de planta em planta as inocentes, as vagas borboletas de mil cores ! naquele arbusto o rouxinol suspira, ora nas folhas a abelinha pára, ora nos ares sussurrando gira: que alegre campo ! que manhã tão clara ! mas ah! tudo o que vês, se eu te não vira, mais tristeza que a morte me causara. Bocage Ó retrato da Morte! Ó noite amiga, Por cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha de meu pranto, De meus desgostos secretária antiga! Pois manda Amor que a ti somente os diga, Dá-lhes pio agasalho no teu mando; Ouve-os como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar me obriga. E vós, ó cortesãos da escuridade, Fantasmas vagos, mochos piadores, Inimigos, como eu, da claridade! Em bandos acudi aos meus clamores; Quero a vossa medonha sociedade, Quero fartar meu coração de horrores. Bocage Se tu visses, Josino, a minha amada Havias de louvar o meu bom gosto; Pois seu nevado, rubicundo rosto As mais formosas não inveja nada; Na sua boca Vênus fez morada; Nos olhos tem Cupido as setas posto; Nas mamas faz Lascívia o seu encosto, Nela enfim, tudo encanta, tudo agrada: Se a Ásia visse coisa tão bonita, Talvez lhe levantasse algum pagode A gente, que na foda se exercita! Beleza mais completa haver não pode: Pois mesmo o cono seu, quando palpita, Parece estar dizendo: "Fode, fode"! rubicundo: vermelho, corado. cono (ou cona): vagina