CARTA Professora Raysa Ferreira TIPOS DE CARTA - Carta Argumentativa; - Carta de Leitor; - Carta Aberta. A CARTA ARGUMENTATIVA Estrutura Básica Cabeçalho: na margem do parágrafo, colocam-se a cidade e a data; Vocativo: também na margem do parágrafo, determinado pelo grau de formalidade entre locutor/autor e interlocutor do texto. (Prezado Senhor, por exemplo); Corpo do Texto: inicia-se na margem de parágrafo. No corpo da carta dissertativa há o espaço da argumentação: não basta a estrutura, é preciso defender a tese, atender à proposta, selecionando os argumentos, sem esquecer que há uma situação de interlocução (uso da 3ªpessoa, de verbos no modo imperativo – “imagine”, “veja”, “repare” – seja na invocação, com os pronomes de tratamento – mantendo o respeito a quem se dirige). É preciso também que seja usada a 1ª pessoa. Observação: número de linhas exigido pela banca deve ser respeitado no Corpo e não na estrutura toda. Despedida: na margem de parágrafo, na linha abaixo da que termina o corpo da carta. Mantém-se o padrão de linguagem definido. O mais comum é usar a expressão “atenciosamente”, mas é possível escrever uma despedida criativa. Assinatura: usa-se a margem de parágrafo, abaixo da despedida. O candidato não pode assinar o nome na redação do vestibular, mas há sempre uma indicação da banca sobre como fechar a carta. Nome da cidade e data) (O vocativo, ou seja, a pessoa a quem é endereçada a carta) PREZADOS SENHORES, Uns amigos me falaram que os senhores estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados com a marca Nike e que, para esse fim, uma máquina especial já teria até sido adquirida. A razão desta cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente. Antes de mais nada, devo dizer aos senhores que nada tenho contra a destruição de tênis, ou de bonecas Barbie, ou de qualquer coisa que tenha sido pirateada. Afinal, a marca é dos senhores, e quem usa essa marca indevidamente sabe que está correndo um risco. Destruam, portanto. Com a máquina, sem a máquina, destruam. Destruir é um direito dos senhores. Mas, por favor, reservem um par, um único par desses tênis que serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido é motivado por duas razões: em primeiro lugar, sou um grande admirador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás, estive olhando os tênis pirateados e devo confessar que não vi grande diferença deles para os verdadeiros. Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou pobre, pobre e ignorante. Quem está escrevendo esta carta para mim é um vizinho, homem bondoso. Ele vai inclusive colocá-la no correio, porque eu não tenho dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para qualquer outra coisa: sou pobre como um rato. Mas a pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com um tênis Nike. Os senhores não têm ideia de como isso será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão me olhar de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu direi, naturalmente, que foi presente (não quero que pensem que andei roubando), mas sei que a admiração deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de presente pode receber muitas outras coisas. Verão que não sou o coitado que pareço. Uma última ponderação: a mim não importa que o tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike sem ser Nike. Porque, vejam, tudo em minha vida é assim. Moro num barraco que não pode ser chamado de casa, mas, para todos os efeitos, chamo-o de casa. Uso a camiseta de uma universidade americana, com dizeres em inglês, que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da universidade – é uma camiseta que encontrei no lixo. E assim por diante. Mandem-me, por favor, um tênis. Pode ser tamanho grande, embora eu tenha pé pequeno. Não me desagradaria nada fingir que tenho pé grande. Dá à pessoa uma certa importância. E depois, quanto maior o tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui, visibilidade é tudo na vida. Atenciosamente – (despedida formal) (O nome do emissor, isto é, a pessoa que enviou a carta) (Moacyr Scliar, cronista da Folha de S. Paulo, 14/8/2000). São Paulo, 20 de junho de 2013. Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação, Ao analisarmos os diversos problemas enfrentados pelos brasileiros, percebemos que a educação apresentase como um dos mais graves. Apesar da queda do analfabetismo na última década, ainda assumimos uma posição vergonhosa no “ranking” latino-americano. Essa questão torna-se complexa, pois está relacionada a diversos problemas nacionais como a desigualdade na distribuição de renda, a exploração do trabalho infantil, dificuldades no acesso às escolas, exploração sexual de crianças e adolescentes, perfazendo um conjunto de tristes realidades, que separam cada vez mais, as famílias em situação de vulnerabilidade social do sistema regular de ensino. As deficiências no processo de ensino-aprendizagem também merecem atenção, principalmente nos primeiros anos escolares. Metodologias de ensino inadequadas, carências de recursos humanos e materiais, péssimo sistema de transporte escolar, além de baixos salários, são elementos importantes que contribuem para a evasão escolar e para a má qualidade do serviço prestado. Diante de tal situação, precisamos, ainda, percorrer um árduo caminho para que possamos ter um país que veja a educação com a seriedade merecida. Sendo assim, a valorização do magistério, a informatização das escolas, a capacitação profissional, além de um melhor planejamento dos recursos aparecem como estratégias importantes, para transformar o Sistema Educacional em um serviço eficiente e eficaz. Atenciosamente, CARTA DO LEITOR - O assunto deve ser específico e breve; - É necessário traçar previamente o objetivo da carta (opinar, sugerir, debater); - A linguagem deve ser clara, precisa e nunca usar palavras de baixo calão, pois sua carta não será publicada. - O objetivo do leitor ao escrever uma carta para um jornal da cidade ou uma revista de circulação nacional é tornar pública sua ideia e se sentir parte da informação. A carta do leitor é de grande relevância, pois pode ser fonte para uma nova notícia, uma vez que ao expor suas considerações a respeito de um assunto, o destinatário pode acrescentar outros fatos igualmente interessantes que estejam acontecendo e possam ser abordados. CARTA ABERTA - Integra os gêneros textuais de caráter argumentativo, tendo como principal característica a exposição em público das opiniões ou reivindicações do emissor acerca de um determinado assunto; - ela pode ser utilizada como forma de protesto contra esse problema, como alerta, e até mesmo como meio de conscientização da população ou de alguém com certa influência; - além da característica argumentativa, possui traços persuasivos, uma vez que a intenção de quem a redige é a de convencer o interlocutor acerca de suas ideias. ESTRUTURA - Título – evidencia o destinatário; - Introdução – parte em que se situa o problema a ser resolvido; - Desenvolvimento – Diz respeito à análise do problema, no qual há a apresentação dos argumentos, fundamentando, portanto, o ponto de vista do (s) emissor (es). - Conclusão – elemento em que geralmente se solicita uma resolução para o assunto em pauta.