– Depois de o apóstolo Paulo dizer como Tito e os segmentos das igrejas de Creta deveriam se comportar, em contraste com os falsos mestres que perturbavam aquelas igrejas locais, Paulo diz porque Tito e os crentes poderiam ter uma conduta diferente daqueles que não conheciam a Deus: “porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt.2:11). – Paulo mostra a Tito que uma conduta de acordo com a vontade de Deus, um comportamento exemplar que ele deveria ter diante das igrejas de Creta, não decorria senão da graça de Deus que se manifestara e trouxera salvação a todos os homens. – A salvação está à disposição de todos os homens. Jesus veio salvar a todos. – Se é fato que nem todos se salvarão, isto não se deve a uma “limitação” da redenção, como ensinam os teóricos da predestinação, mas, sim, porque, tendo Deus feito o homem com o livre-arbítrio, deixou a cada ser humano a escolha entre servir ao Senhor, ou não, entre crer, ou não, em Cristo Jesus. – A graça ensina-nos que devemos renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas, vivendo neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (Tt.2:12,13). – A graça de Deus faz com que o homem renuncie à impiedade, lembrando-nos o ensino do Senhor Jesus de que, para seguil’O, devemos negar a nós mesmos (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23). Não há como alcançar a salvação se não renunciarmos à impiedade, se não deixarmos de pecar. – Quando a graça de Deus alcança a vida de alguém, ela não apenas deixa de pecar, mas, também, renuncia às concupiscências mundanas. – O salvo não dá lugar à carne, à sua natureza pecaminosa, mas tem esta sua velha natureza crucificada com Cristo, não mais vivendo, mas Cristo vivendo nele (Gl.2:20). – A graça de Deus transforma o homem, torna-o uma nova criatura, algo que se inicia no interior do ser humano, mas a graça de Deus não se limita a alterar o interior, manifestando-se exteriormente para todos os homens, através de uma vida sóbria, justa e pia neste presente século. – O salvo em Cristo Jesus continua vivendo neste mundo, embora a ele já não mais pertença (Jo.17:11,15,16), e, neste mundo, tem de mostrar a sua nova natureza, sendo sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13-16). a) sóbria – uma vida que controla os desejos e impulsos da carne; b) justa – uma vida de amor ao próximo; c) pia – uma vida de temor e reverência a Deus. – Quem é salvo pratica boas obras e, por isso, tem uma vida sóbria, justa e pia. – A graça de Deus também faz com que passemos a ter a esperança da vinda de Cristo Jesus. O apóstolo afirma que o salvo aguarda a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo. – O verdadeiro, genuíno e autêntico servo de Cristo Jesus espera o retorno de Cristo, ama a vinda do Senhor (II Tm.4:8), a todo momento está em comunhão com o Espírito Santo e pede a volta do Senhor Jesus (Ap.22:17). – O salvo em Cristo Jesus aguarda a volta do Senhor Jesus, deseja se unir ao Senhor nos ares, tem como foco o arrebatamento da Igreja e, tendo esta esperança, purifica-se a si mesmo (I Jo.3:3), pois sabe que, como não está designada a data do arrebatamento, precisa estar pronto para se encontrar com o Senhor a qualquer momento. a) sabemos que Ele Se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda a iniquidade e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras (Tt.2:14). b) o objetivo da obra redentora de Cristo é nos fazer tornar um com Ele e o Pai (Jo.17:2123), unidade esta que somente se aperfeiçoará quando atingirmos a estatura completa de Cristo, quando formos glorificados e estivermos onde o Senhor Jesus já está, ou seja, à direita do Pai (Jo.14:1-3; 17:24). – Era isto que Tito deveria pregar em Creta e estabelecer presbíteros que também pregassem esta mensagem. – Pregar o Evangelho é dizer que Jesus veio a este mundo para nos salvar e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras. A mensagem da cruz é o centro da pregação do Evangelho e não se pode pregar outra coisa senão a Cristo e Este, crucificado (I Co.2:2). – A salvação é individual, mas Cristo, quando salva o homem, fá-lo pertencer a um povo. – Não podemos desenvolver a nossa vida espiritual se não tivermos a consciência de que pertencemos ao povo de Deus e, por isso mesmo, não podemos deixar de conviver em um grupo social, que é a igreja local, para podermos chegar até a glorificação. – Este povo de Cristo Jesus, a Sua Igreja, é especial, ou seja, tem características próprias, que não se confunde com as dos demais homens. – Este povo de Jesus Cristo é um povo zeloso de boas obras, ou seja, que toma cuidado em praticar boas obras, um povo que pratica boas obras, pois foi salvo para que andasse nelas (Ef.2:10). Há um zelo, uma preocupação do salvo em fazer boas obras, não porque seja salvo por elas, mas porque elas são a comprovação da sua salvação. – O ministro de Jesus deve admoestar os salvos a que se sujeitem aos principados e potestades e lhes obedeçam, bem como que estejam preparados para toda a boa obra. – A igreja local deve estar pronta a fazer boas obras quando for chamada a tanto pelas autoridades, tem de estar preparada para toda boa obra, estar pronta para fazer o bem a todos, tendo uma intensa atividade no meio social onde vive, a fim de que o nome do Senhor seja glorificado. – Os salvos não podem infamar pessoa alguma (Tt.3:2), ou seja, não pode a igreja local alardear a má fama de qualquer pessoa ou instituição. – O povo de Deus não existe para falar mal das pessoas, não está na Terra para denegrir a imagem de quem quer que seja, mas, sim, para pregar o Evangelho, para dar as boas novas da salvação. – Os salvos, também, não podem ser contenciosos (Tt.3:2), ou seja, não devem ficar criando polêmicas e contendas, lançando debates, discussões e pelejas, pois não estamos neste mundo para acirrar ânimos, mas, sim, para trazer a paz (Mt.5:9). – Mesmo na defesa da fé no próprio interior da igreja local, em que Tito não poderia dar qualquer espaço para os falsos mestres, tapando-lhes a boca (Tt.1:11), não se poderia gerar contenda ou uma luta carnal, baseada na vaidade e nos instintos humanos. – Antes que alguém seja considerado um herege convicto, necessário se faz que haja uma e outra admoestação. – A Igreja deve ser firme na defesa da verdade, pois ela é a coluna e firmeza da verdade (I Tm.3:15), mas, por isso mesmo, sabe como convém andar e, deste modo, jamais permitirá que esta defesa da verdade acabe sendo reduzida a contendas e disputas que somente trazem prejuízo espiritual e promovam não a salvação, mas a perdição de vidas que, pelo escândalo, acabam por fraquejar e naufragar na fé. – Depois de ter dado estas orientações, o apóstolo Paulo diz a Tito que enviaria Artemas ou Tíquico para Creta e, quando eles ali chegassem, pede a Tito que fosse até Nicópolis encontrar-se com o apóstolo, pois havia deliberado invernar ali (Tt.3:12). – Paulo queria ver Tito, mas a ida de Tito não poderia representar o desamparo das igrejas de Creta. Jamais o ministro pode deixar a igreja local acéfala, sem pessoas que tenham condição de, na sua ausência, apascentar o rebanho do Senhor. – O apóstolo, ainda, manda acompanhasse com muito Zenas, doutor da lei e Apelo, que nada lhes faltasse que Tito cuidado a fim de (Tt.3:13). – Os pastores devem ser auxiliados pelos mestres no ensino da sã doutrina, criando condições para que eles possam bem desempenhar suas tarefas. – O ensino da Palavra de Deus não deveria ser feito com o objetivo de erudição, não é meramente teórico, mas tem de ser prático, tem de ser aplicado. – A proeminência e absoluta prioridade da Palavra de Deus na igreja local têm como finalidade fazer com que sejamos transformados. http://portalebd.org.br/