O PROBLEMA DE PESQUISA ESQUEMA DO DESENHO TEÓRICO: LUGAR E COMPONENTES PROBLEMA HIPÓTESES VARIÁVEIS ETAPAS SUBSEGUINTES DO PROCESSO INVESTIGATIVO 1ª ETAPA DO PROCESSO DE PESQUISA (Grupo de Metodología de la Investigación Social. 1981:17) O PROBLEMA DA INVESTIGAÇÃO: A atividade científica se desenvolve vinculada à solução do chamado problema científico o qual expressa as necessidades e interesses desta forma especial de conhecimento. •É o primeiro elo da corrente: “problema – pesquisa – solução” •Pode ser colocado de duas formas: a)Como pergunta Exemplo: Quais as relações e nexos entre os meios para incrementar a consciência crítica dos alunos e os seus determinantes? b) Como objetivo particular Exemplo: Encontrar as relações e nexos entre os meios para incrementar a consciência crítica dos alunos e os seus determinantes. PROBLEMA: ASPECTOS A CONSIDERAR 1. ÂMBITO DO PROBLEMA 2. PROCESSO DE FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 3. REQUISITOS QUE DEVEM REUNIR OS PROBLEMAS 4. TIPOS DE PROBLEMAS 1. NÍVEL DO PROBLEMA Segundo o conteúdo e o grau de complexidade os problemas podem se dar nos seguintes âmbitos: ÂMBITO SÓCIO-PSICOLÓGICO: REFERE-SE FUNDAMENTALMENTE AO DA PSICOLOGIA SOCIAL DE DETERMINADOS GRUPOS SENDO OBJETO DE ESTUDO AS ASPIRAÇÕES, OS INTERESSES E AS ATIVIDADES, ENTRE OUTROS ASPECTOS. EXEMPLO: QUAL É A ATITUDE DOS ALUNOS DA GRADUAÇÃO A RESPEITO DO TRABALHO AUTO-ORGANIZADO? ÂMBITO INSTITUCIONAL: RELACIONA-SE AO ESTUDO DO SISTEMA INSTITUCIONAL – INSTITUIÇÕES POLÍTICAS, MILITARES, ECONÔMICAS, RELIGIÃO OU OUTRAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS COMO A FAMÍLIA. EXEMPLO: QUAIS AS VIAS CONCRETAS PELAS QUAIS PODEMOS ASSEGURAR A PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES NA GESTÃO ECONÔMICA? ÂMBITO SOCIETAL: É O ÂMBITO MAIS AMPLO E COMPLEXO, POIS ABARCA SETORES MUITO GRANDES DE GRUPOS SOCIAIS E INDIVÍDUOS – A SOCIEDADE NO SEU CONJUNTO. EXEMPLO: QUAIS OS REFLEXOS, NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL, DA POLÍTICA NEOLIBERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA? 2. PROCESSO DE FORMULAÇÃO DO PROBLEMA O PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO OU A PERGUNTA ESPECÍFICA QUE DÁ INÍCIO À PESQUISA, E QUE DEVE SER RESPONDIDA COMO RESULTADO DO TRABALHO DE BUSCA DE INFORMAÇÃO, NÃO APARECE DE MANEIRA ESPONTÂNEA NEM SURGE AUTOMATICAMENTE PODEM SER ASSINALADOS TRÊS MOMENTOS FUNDAMENTAIS NA FORMULAÇÃO DO PROBLEMA: I. O PESQUISADOR SE ENFRENTA A UM FENÔMENO, A UMA SITUAÇÃO QUE, EMBORA SEJA INDICATIVA DE ALGUMA DIFICULDADE EXISTENTE E DE UMA CONTRADIÇÃO DE DETERMINADO TIPO, NÃO APRESENTA ESCLARECIDAS AS POSSIBILIDADES E A NECESSIDADE DE ESTUDAR DETERMINADO ASPECTO DESSE FENÔMENO E NUM SENTIDO ESPECÍFICO. O PESQUISADOR SE ENFRENTA A UMA SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA OU INDICAÇÃO MUITO GERAL DA DIFICULDADE EXISTENTE NUM DETERMINADO SETOR DA REALIDADE; II. O PESQUISADOR, PARA PASSAR DA SITUAÇÃO GERAL A SEU PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO NECESSITA TER UM DETERMINADO NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE O MESMO. PARA TANTO DEVE SE UTILIZAR DE UMA BIBLIOGRAFIA ESPECIALIZADA, DE PESQUISAS SIMILARES JÁ REALIZADAS OU DE CONSULTA DIRETA COM PESSOAS ESPECIALISTAS NESSE TIPO DE ESTUDO; III. QUANDO O PROBLEMA JÁ ESTÁ DELIMITADO E ELABORADO PODE OCORRER O APARECIMENTO DE OUTROS PROBLEMAS, POIS A SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA PODE GERAR MAIS DE UM. NESSE CASO O PESQUISADOR DEVE PRIORIZAR A SOLUÇÃO DE UM DELES EM PARTICULAR DEIXANDO OS OUTROS PARA LHES DAR SOLUÇÃO POSTERIORMENTE, OU, PARA TRABALHO DE OUTROS PESQUISADORES. 3. REQUISITOS QUE DEVEM REUNIR OS PROBLEMAS PARA QUE UM PROBLEMA SEJA CONSIDERADO COMO TAL PRECISA ATENDER ÀS SEGUINTES EXIGÊNCIAS FUNDAMENTAIS: Objetividade: Sendo que o problema é expressão de um desconhecimento, a solução do problema deve trazer como resultado um conhecimento novo. Considera-se que o problema é objetivo se responde às necessidades reais da sociedade. Especificidade: A especificidade refere-se a determinação do aspecto central que será objeto de estudo, pois o problema não pode ser muito geral. Também diz respeito à determinação das questões particulares que interessam nesse aspecto central. Contrastabilidade empírica: Os termos utilizados para formular o problema devem estar elaborados com absoluta clareza, bem como as condições necessárias para busca dos dados empíricos que darão resposta ao questionamento. O pesquisador deve estar preparado não só para definir cada termo como, também, para realizar sua interpretação. Consistência e coerência: O conteúdo e grau de complexidade do problema devem indicar congruência, unidade com os demais componentes do desenho teórico da pesquisa, a saber, as hipóteses, variáveis e etapas subseqüentes da investigação... Problematicidade do Problema PROBLEMATICIDADE DO PROBLEMA O desconhecimento de algo ou a circunstância de não sabermos a resposta à determinada questão, não é suficiente para caracterizar o problema, assim como não é o grau de dificuldade que permite considerar algo como problemático; No processo de produção de sua própria existência o homem se defronta com situações inilidíveis, isto é, enfrenta necessidades de cuja satisfação depende a continuidade mesma da existência (não confundir existência, aqui empregada, com subsistência no estrito sentido econômico do termo). Este conceito de necessidade é fundamental para se entender o significado essencial da palavra problema; Se a necessidade é nota definitória fundamental do conceito de problema, não deve-se pensar que, com isso, o significado de problema está sendo subjetivizado, pois o conceito de problema implica tanto a conscientização de uma situação de necessidade (aspecto subjetivo) como uma situação conscientizadora da necessidade (aspecto objetivo); O problema possui um sentido vital e altamente dramático para a existência humana, pois indica uma situação de impasse. Trata-se de uma necessidade que se impõe objetivamente e é assumida subjetivamente. Ao desafio da realidade, representado pelo problema, o homem responde com a reflexão. 4. TIPOS DE PROBLEMAS ◊ DESCRITIVOS Buscam elaborar somente uma fotografia de uma situação, de um objeto ou das características de um conjunto de indivíduos. O interesse centra-se em estabelecer vínculos entre um grupo de características ou propriedades e a freqüência do aparecimento dessas características ou propriedades a respeito de um dado fenômeno, objeto ou conjunto determinado de indivíduos; ◊ CAUSAIS Têm como objetivo elaborar uma explicação sobre o porquê se dá determinado fenômeno, objeto ou propriedade. São problemas que buscam o nível de explicação mais completo que se possa esperar. Um aspecto importante dos problemas causais é que, com a solução acertada deles, podemos estabelecer predições sobre fatos ou situações futuras. AS HIPÓTESES As hipóteses constituem um método essencial da investigação teórica. Dentro do processo da pesquisa, e junto com o problema, cumprem uma função orientadora fundamental, pois a solução do problema, e a confiança ou não nas hipóteses, é a tarefa a ser resolvida em todo esse processo • As hipóteses constituem um passo do conhecimento à lei que o rege; • Enunciar hipóteses exige correlacionar as possibilidades explicativas com a realidade; • São soluções ou respostas tentativas – proposições explicativas – ao problema para comprovar através da investigação; • Representam uma suposição, conjectura que se expressa na forma de um enunciado ou proposição afirmativa que, geralmente, enlaça pelo menos dois aspectos, ou elementos, que se denominam “variáveis”; • Pelo seu papel de orientação, a falta de hipóteses empobrece o nível teórico da pesquisa e impede uma orientação adequada do tipo de dados que é necessário buscar. HÁ DOIS TIPOS DE HIPÓTESES: Descritivas: Estas hipóteses refletem o comportamento de uma só variável ou a associação simples entre duas variáveis; Causais: Permitem explicar porquê um fenômeno se dá de uma forma e não de outra e estabelecem relações históricas de dependência. ESTRUTURA DAS HIPÓTESES A HIPÓTESE SE COMPÕE DE: 1. As unidades de observação Assim denominam-se as pessoas, grupos de pessoas, objetos, livros, documentos, atividades, países, instituições e acontecimentos sobre os quais versa a pesquisa. 2. As variáveis São os aspectos, elementos ou características, quantitativas ou qualitativas, que são objeto de busca nas unidades de observação. Significado que se estende para peculiaridades que se unem, refletindo o real no pensamento na forma de conceitos e categorias. 3. Os termos lógicos ou relacionais São os termos que relacionam as unidades de observação com as variáveis ou as variáveis entre si. O ENUNCIADO DE UM PROBLEMA EXEMPLO: “É possível que a categoria mais decisiva para assegurar a função social que a escola tem na sociedade capitalista seja a da avaliação. A avaliação e os objetivos da escola/matéria são categorias estreitamente interligadas. A avaliação é a guardiã dos objetivos. Os objetivos em parte estão diluídos, ocultos, mas a avaliação é sistemática (mesmo quando informal) e age em estreita relação com eles. No cotidiano da escola os objetivos estão expressos nas práticas de avaliação. Na avaliação estão concentradas importantes relações de poder que modulam a categoria conteúdo/método. Ou seja, os objetivos da escola como um todo (sua função social) determinam o conteúdo/forma da escola. No plano didático essa ação se repete e, à sua vez, sedia relações de poder que são vitais não só para o trabalho pedagógico na sala de aula, mas para a sustentação da organização do trabalho da escola em geral – seja pela via disciplinar, seja pela via da avaliação do conteúdo escolar, ou das atitudes e dos valores. Deve-se considerar que os objetivos de que falamos não são apenas os explícitos, mas incluem os objetivos “ocultos” da escola interiorizados a mando do sistema social que a cerca.” (FREITAS, 1995:59). 1.Unidades de observação – Trabalho pedagógico na sala de aula; 2.Variáveis – com abertura dos conceitos às categorias -. Avaliação–objetivos e conteúdométodo; 3. Termos lógicos ou relacionais – “É possível que”....”seja”. AS VARIÁVEIS São os aspectos ou características quantitativas ou qualitativas que se constituem objeto de busca respeito às unidades de observação •São conceitos de determinadas peculiaridades e, como “conceito” e “definição”, são aspectos que se encontram intimamente unidos. O conceito é uma forma peculiar de reflexo dos objetos, das coisas, do mundo material e das leis de seus movimentos; •São importantes porque constituem verdadeiras ferramentas para o trabalho científico. Estudamos a realidade através de um sistema conceitual determinado. Cada ciência particular possui seu próprio conjunto de conceitos que, ademais, permite a comunicação e o entendimento entre os pesquisadores pertencentes a uma mesma comunidade científica; •Os conceitos determinam a atividade humana ao mesmo tempo em que são determinados pela prática do homem. Para ter rigor científico, o conceito, deve resolver dois problemas do conhecimento: 1.Fixar os traços essenciais do objeto ou fenômeno; 2.Diferenciar o objeto ou fenômeno de aqueles outros objetos ou fenômenos que lhe sejam semelhantes. CONDIÇÕES DAS HIPÓTESES a)Devem ser conceitualmente claras, fáceis de compreender e elaboradas num nível de precisão e rigor que evite qualquer ambigüidade; b) Os termos empregados devem permitir a observação das qualidades que denotam; c) Devem ser susceptíveis de verificação mediante procedimentos, métodos e técnicas acessíveis; no momento de elaboração deve-se ver a possibilidade de verificação que realmente têm; d) Devem ser específicas e susceptíveis de especificação; e) Devem estar conectadas à teoria e corresponder-se com os princípios teórico-filosóficos assumidos. A relação hipótese-teoria é fundamental porque mediante o processo de comprovação ou não comprovação das hipóteses é que são incorporados novos conhecimentos à ciência. O MÉTODO DA INVESTIGAÇÃO E O MÉTODO DA EXPOSIÇÃO A realidade, como um todo, não é imediatamente cognoscível para o homem, embora lhe seja dada em forma imediatamente sensível, quer dizer, na representação, na opinião e na experiência; A realidade não é interpretada por meio da redução a algo diverso de si mesma, mas, explicando-a com base na própria realidade mediante o desenvolvimento e a ilustração das suas fases, dos momentos do seu desenvolvimento; A interpretação do desenvolvimento científico da problemática é o resultado de uma investigação, de uma apropriação crítico-científica da matéria em cujo início, esse desenvolvimento científico, ainda não é conhecido; O MÉTODO DA INVESTIGAÇÃO COMPREENDE TRÊS GRAUS: 1.Minuciosa apropriação da matéria, pleno domínio do material, nele incluídos todos os detalhes históricos aplicáveis, disponíveis; 2.Análise de cada forma de desenvolvimento do próprio material; 3. Investigação da coerência interna, isto é, determinação da unidade das várias formas de desenvolvimento. O MÉTODO DA EXPOSIÇÃO O ponto de partida do exame, dado pela representação imediata, caótica, da realidade deve ser, formalmente, idêntico ao resultado. Este ponto de partida deve manter a identidade durante todo o curso do raciocínio visto que ele constitui a única garantia de que o pensamento não se perderá no seu caminho O exame, no seu movimento em espiral, chega a um resultado que não era conhecido no ponto de partida, portanto, dada a identidade formal do ponto de partida e do resultado, o pensamento, ao concluir o seu movimento, chega a algo diverso – pelo seu conteúdo – daquilo de que tinha partido; Da representação imediata, caótica, da realidade, do todo, o pensamento chega aos conceitos, às abstratas determinações conceituais, mediante cuja formação se opera o retorno ao ponto de partida; desta vez, porém, não mais como ao vivo, mas incompreendido todo da percepção imediata, mas ao conceito do todo ricamente articulado e compreendido. É isso que se conhece como a ascensão do abstrato ao concreto e que se denomina método da exposição, pelo qual o fenômeno se torna transparente, racional e compreensível; A exposição/explicitação é um método que apresenta o desenvolvimento da coisa, fenômeno ou objeto, como transformação necessária do abstrato em concreto. A ignorância do método da explicitação dialética (fundada sobre a concepção de realidade como totalidade concreta) conduz à subsunção do concreto sob o abstrato, ou à omissão dos termos intermédios e à construção de abstrações forçadas; A dialética não é o método da redução: é o método da reprodução espiritual e intelectual da realidade, é o método do desenvolvimento e da explicitação dos fenômenos culturais partindo da atividade prática objetiva do homem histórico.