Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – USP Disciplina Genética e questões socioambientais – ESALQ/USP Agrotóxicos em alimentos Alunas: Fernanda Francetto Juliano Juliana Scabello Prando Luciane Fernanda D. Sanchez Rebeca Goes Renata Cristina Casemiro Profª. Dr. Silvia Maria Guerra Molina Novembro - 2013 Definição “Agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos que têm finalidade de alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos”. (Decreto n. 4.074, de 4/01/2002 - Lei n. 7.802/1989) Um pouco da história... • Mais antiga referência – Antiguidade Clássica • Romanos, Gregos – enxofre e arsênio (insetos) • Sécs. XVI-XIX – Nicotina e Piretros (Europa e EUA) • 1939 – descoberta do DDT • 1943 –Início da Revolução Verde • Incrementou o uso de fertilizantes, irrigação e agrotóxicos - produtividade aumentou. Um pouco da história... • Começam os impactos ambientais • Até a 2ª GM - quantidades de agrotóxicos usadas eram muito pequenas, equipamentos de aplicação rústicos. • Após o final da 2ª Guerra – aumento do uso • Anos 80 e 90 - evoluíram rapidamente No caso do Brasil... • Déc. 70 - Uso intensificado • Déc. 80 – Inicio da retirada DDT • “dos 50 agrotóxicos mais utilizados nas lavouras de nosso país, 22 são proibidos na União Europeia” (CARNEIRO et al., 2012). • Maior consumidor agrotóxicos banidos por outros países. • Nos últimos 10 anos: Mundo- aumento 93% Brasil- aumento 190% Figura 1: Produção agrícola e consumo de agrotóxicos e fertilizantes químicos nas lavouras do Brasil, de 2002 a 2011. Fonte: CARNEIRO et. al. 2012. Programas de monitoramento de agrotóxicos em alimentos: • Programa RAMA: – Rastrear e monitorar produtos que abastecem Redes de Varejo Associadas à ABRAS e à Associações Estaduais; – Correta identificação das origens dos produtos de FLV e suas possíveis contaminações; – Fornecer às empresas acesso à informação para melhores decisões de abastecimento de produtos de FLV Programas de monitoramento de agrotóxicos em alimentos: • Programa PARA: – Avaliar níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos in natura; – Fortalecer a capacidade do Governo em atender à segurança alimentar – Evitar possíveis agravos à saúde da População. Agrotóxicos na produção agrícola em 2012 Fonte: ANVISA, 2013. 29 % Insatisfatório devido à: • Presença de agrotóxicos em níveis cima do LMR em 27 amostras 1,5 %. • Constatação de agrotóxicos não autorizados para a cultura em 416 amostras 25%. • Resíduos acima do LMR e NA simultaneamente em 40 amostras 2,5. Alimentos insatisfatórios quanto à presença de agrotóxicos 59 % 42 % 41 % 33 % 28 % Apresentaram ingredientes ativos não autorizados 39% 38% 38% 33% 26% Apresentaram ingredientes ativos autorizados acima do limite 6% 1% 2% 1% 1% Principais grupos químicos com uso irregular detectados nas amostras Legislações relacionadas - Lei de Agrotóxicos e Afins nº 7.802, de 11 de julho de 1989: “ os agrotóxicos somente podem ser utilizados no país se forem registrados em órgão federal competente, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos responsáveis. - Decreto nº 4.074, de 04 de janeiro de 2002, estabelece as competências para os três órgãos envolvidos no registro: • Anvisa vinculada ao Ministério da Saúde • Ibama vinculado ao Ministério do Meio Ambiente • Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - - RDC 119/03: Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) ANVISA: • Avaliar e classificar toxicologicamente os agrotóxicos • calcular o parâmetro de segurança que consiste na Ingestão Diária Aceitável (IDA) de cada ingrediente ativo(IA). • Verificar LMR (Limite máximo de resíduos) • Conferir se os agrotóxicos utilizados estão devidamente registrados no país e se foram aplicados somente nas culturas para as quais estão autorizados. Funcionamento do PARA: - As coletas dos alimentos são realizadas pelas Vigilâncias Sanitárias (Estaduais/Municipais) de acordo com princípios e guias internacionalmente como o Codex Alimentarius - Coletas semanais feitas nos locais em que a população adquire os alimentos: mercado varejista, supermercados e sacolões - Escolha dos alimentos monitorados : • de acordo com dados de consumo obtidos nas POF • disponibilidade dos alimentos nos supermercados das diferentes unidades da Federação e no uso de agrotóxicos nas culturas Imprevistos, reformas de instalações físicas, quebra de equipamentos, falta de insumos, falta de oferta de produtos nos pontos de venda e amostras que chegam deterioradas aos laboratórios Impactos no cumprimento do plano de amostragem Método utilizado: • multirresíduo (MRM, do inglês Multiresidue Methods) • Análise simultanea de diferentes ingredientes ativos de agrotóxicos em uma mesma amostra, • Detecção de diversos metabólitos • Técnica adotada por países como Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Holanda e outros. • Método não se aplica na análise de alguns ingredientes ativos, como no caso dos ditiocarbamatos, precursores de dissulfeto de carbono, que exigem o emprego de metodologias específicas Lei nº 10.831 e, 2009, o Decreto nº 6.913, estabelecendo procedimentos que aceleram a avaliação e disponibilização de produtos considerados de baixa toxicidade no mercado. Instrução Normativa Conjunta (INC) nº 1, de 24 de fevereiro de 2010 disciplina o registro de produtos para Culturas com Suporte Fitossanitário Insuficiente (CSFI), visando facilitar a inclusão de culturas agrícolas nessa categoria. Instrução Normativa Conjunta nº 1, de 24 de maio de 2011, disciplinou os critérios para avaliação de eficácia agronômica, ambiental e toxicológica para fins de registro desses produtos destinados à agricultura orgânica. • Grupo de Trabalho de Educação e Saúde sobre Agrotóxicos (GESA): desenvolver ações educativas quanto ao uso correto de agrotóxicos visando reduzir seus impactos na saúde da população • implementar estratégias de incentivo aos sistemas orgânicos de produção e sistemas alternativos • Previsão para 2013 aumentar a coleta de amostras coletadas no ano • Criar e coordenar, um Grupo de Trabalho, GT-Rastreabilidade, visando garantir ao consumidor o acesso a rastreabilidade até o produtor rural dos alimentos vegetais comercializados no mercado atacadista e/ou no varejo. • 2012 a 2015 planejamento de monitoramento de 25 culturas agrícolas. • Amostras de 2011 e de 2012: 36% das amostras foram rastreadas em 2012, contra 31% em 2011, 29% em 2010 e 26% em 2009. Efeitos sobre humanos TOXICIDADE CRÔNICA AGUDA Contaminação em humanos Organismo não-alvo com: Envenenamento acidental Resíduos em ALIMENTOS Efeitos sobre humanos Efeitos sobre humanos Efeitos sobre humanos ? Efeitos sobre humanos Efeitos sobre humanos Quadro 1: efeitos da exposição prolongada Fonte: MASCARENHA, PESSOA, 2013. Dúvidas frequentes Lavagem de frutas e hortaliças contra acúmulo de resíduos Utilização da água sanitária Cocção reduz a quantidade de resíduos http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/9e0b790048bc49b0a4f2af 9a6e94f0d0/Cartilha.pdf?MOD=AJPERES Medidas de correção -2011- 36% contaminados -2012- 29% contaminados -Mais encontrados – fungicidas e inseticidas Alternativas Alimentos orgânicos Cuidado com o solo Planejamento de cultivo (conhecimentos ecológicos sobre sucessão de espécies) Plantio de variedades nativas O uso de interação entre espécies (policultura) Alternativas Tecnologia de aplicação Agricultura de precisão Adição de adjuvantes - produtos químicos sintéticos, derivados de produtos naturais Novas formulações Agrotóxicos naturais - baseados em plantas Pesticidas Microbianos- (bactérias, fungos, protozoários e vírus). Desvantagem é o alto grau de habilidade e controle ambiental exigido para garantir que seu uso seja totalmente efetivo Controle Biológico - uso de inimigos naturais para o controle de pragas Referências Carneiro, F F; Pignati, W; Rigotto, R M; Augusto, L G S. Rizollo, A; Muller, N M; Alexandre, V P. Friedrich, K; Mello, M S C. Dossiê ABRASCO –Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. ABRASCO, Rio de Janeiro, 1ª Parte. 98p, abril de 2012. Decreto 4074, de 4 de janeiro de 2002. Regulamenta a Lei n.7802, de 11 de julho de 1989. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4074.htm. Acesso em 16 de novembro de 2013. MASCARENHA, T. K. S. F.; PESSOA, Y. S. R. Q. Aspectos que potencializam a contaminação do trabalhador rural com agrotóxicos: uma revisão integrativa. Trabalho & Educação, Belo Horizonte, v.22, n.2, p.87-103, mai./ago.2013.