Fred Adams A Marca do Cognitivo Por que estar interessado? -Onde as mentes começam na escala biológica? -Como construir (to build) uma mente? -Cognição estendida? -Cognição incorporada? Para que servem a Mente e a Cognição? Bactérias vão em direção aos alimentos e se afastam de toxinas. Elas parecem fazer isso perfeitamente bem sem mente ou cognição (embora Alva Noe (2009) atribua mentes a elas). O bolor do lodo pode percorrer um labirinto e ajustar seus movimentos no tempo “humanlyinduced” por períodos de frio. (Saigusa, et.al. (2008)). Herbert pode pegar latas de Coca-Cola no laboratório de Inteligência Artificial (Rodney Brooks, 1991). Tropismos…. Ação não é por uma Razão Mas em todos esses casos não se está agindo por uma razão. Plantas viram suas folhas em direção à luz, mas não por razões próprias (Pode haver uma explicação no nível evolucionário da razão para isso, mas não razões individuais das plantas.) Bactérias não se direcionam por sua próprias razões. Herbert não possui razões próprias explicando seus movimentos pelo laboratório. O bolor do lodo percorre o labirinto mas não possui razões para fazê-lo ou para moldar seu comportamento. Possuir razões para agir Possuir razões para agir parece ser uma adição “chave” que caminha junto com possuir estados e processos mentais. Possuir razões ou ações explicadas por razões é a marca do cognitivo O movimento corpóreo sozinho não diz se alguma atividade é cognitivamente explicável ou não (ou se alguém pode ter tentado atribuir inteligência a plantas, bolor de lodo, bactéria ou Herbert). Agindo por razões: causa ou efeito? A habilidade de fazer algo por uma razão pode ser uma consequência de ter conceitos (crenças, desejos e outros estados representacionais que surgem sobre meros sensores (Fodor, 1982)). Possuir esses estados representacionais de alto-nível pode ocorrer em conjunto com a habilidade de fazer coisas por um razão no plano do indivíduo. Também há um tipo de “independência de estímulos” que surge com o comportamento por razões (reasoned behavior) (similar a diferença entre sinalização animal e significado linguístico (Adams & Beighley, forthcoming)). A Marca do Cognitivo - Rowlands (2010) Um processo P é cognitivo se: 1) P envolve processamento de informação – a manipulação e transformação de “informationbearing structures”. 2) Esse processamento de informação tem a função apropriada de tornar disponível, seja ao sujeito, seja as operações subsequentes, informações que antes do processamento não estavam disponíveis. Rowlands (continuação) 3) Essa informação se torna disponível pelo modo de produção no sujeito de P, de um estado representacional. 4) P é um processo que pertence ao sujeito deste estado representacional. Avaliação de Rowlands Primeiro, os estados oferecidos são condições suficientes para algo ser um processo cognitivo (não necessários). Assim, eles eles não nos ajudam, digamos, com a questão de quão “elementar” na escala biológica os processos cognitivos ocorrem. O que é verdadeiro em níveis mais altos pode não ser em níveis mais baixos, e o critério proposto por Rowlands não situaria este ponto. Rowlands Segundo, por estipular (condição 2) que o processamento de informação da condição (1) deve possui isso enquanto um função apropriada, Rowlands pode estar limitando seu critério a sistemas biológicos. Se construirmos um robô que pode pensar, ele não possuirá uma “função apropriada” no sentido biológico de um processo que foi selecionado por causas evolutivas naturais. Rowlands (continuação) Terceiro, os tipos de estados aos quais a informação se torna disponível, de acordo com essa condição, podem ser o nível de estados ou processos pessoais ou sub-pessoais. Assim, tais processos no nível sub-pessoal são processos cognitivos sub-pessoais. Eventualmente, processos cognitivos podem contribuir e promover a alteração ao nível pessoal de processamento de um sujeito consciente. Isto é, segundo Rowlands, nenhum sistema poderia ser constituído inteiramente de processos cognitivo de nível sub-pessoal. Função apropriada Nas várias teorias de função teleológica, traços e processos biológico não possuem uma função apropriada até serem selecionadas para isso. Eles não estabelecem uma função apropriada até uma segunda geração (Enc & Adams, 1998). Suponha que um indivíduo tenha uma mutação genética e a mutação desenvolve uma região do cérebro que fornece ao individuo uma nova habilidade cognitiva (tal como o aumento da capacidade de memória – impulsiona o número mágico “George Miller” de 3-5 para 5-8 partes da memória). Certamente isso não contaria como um processo cognitivo e não satisfaria a condição de Rowlands. Condição #4 Sobre a condição (4), o próprio Rowlands (p. 135) reconhece que ela possui um “ar” de má circularidade. Um computador já existente é um sujeito? Se sim, então nosso computadores pensam. Se não, por que não? Rowlands precisa nos dizer o que conta como um sujeito. O “ar” de má circularidade aparece nesta tentativa. “Sobretudo, não é um tipo de sujeito que possa ter processos cognitivos próprios o sujeito em questão deve ser um sujeito cognitivo. Mas um sujeito cognitivo…é um sujeito de processos cognitivos. Portanto, o critério pressuposto, ao invés de explicar, o entendimento do que é necessário para um processo ser cognitivo”. Problema da Condição #4 Processos cognitivos são o tipo de processos que geram a existência de sujeitos cognitivos. Isto pode, fortemente, ser um requerimento para que um processo seja cognitivo (que um sujeito cognitivo já exista). A existência de tal sujeito é o resultado esperado do processo cognitivo, não um precursor de sua existência. Assim, a tentativa de Rowlands para se livrar da “má” circularidade não é eficaz. Mente estendida e revelação (disclosing) Por fim, em conjunto com o aspecto de “tornar disponível” da condição (2), Rowlands pensa a intencionalidade, em geral, como um tipo de atividade relevadora (capítulo 8, p. 206). Sem explicitamente fornecer os passos de um argumento nesta linha, ele parece argumentar que processos cognitivos são um tipo de atividade reveladora; não que toda atividade relevadora é limitada a eventos no corpo ou no cérebro. Portanto, nem todo processo cognitivo está limitado à atividade ou evento no corpo ou no cérebro. Essa é a parte de seu argumento que estende a mente. Tipos de revelação Mas o que conta como uma revelação? O próprio Rowlands (p. 212) indica que nem toda revelação é cognitiva. Ser cognitivo, diz ele, é satisfazer sua marca do cognitivo. Ele percebe que os que desafiam sua visão irão procurar contraexemplos fáceis, e oferece ele mesmo um de modo a “walking around the corner”. Ele nega que isso conte como processos cognitivo! Mas: Por que oferecer isso como um contraexemplo potencial? Rowlands (continuação) Em razão de “walking around the corner” alguém se envolve na atividade que torna disponível novas informações na forma de representação e a nova informação é relevada ao próprio sujeito. Rowlands tenta desviar o exemplo ao negar que o “walking around the corner” possui uma função apropriada. “True enough”. Mas andar (parado) não possui uma função apropriada. E uma de suas funções é a locomoção e, na medida em que é possível, tornar disponível a alguém nova informação sobre o mundo. Andar = Pensar??? Parece que Rowlands não escapa do fato de que seu viés possibilita reivindicar que caminhar é pensar. Na verdade, qualquer atividade que carrega informação por um item biológico que possui enquanto função apropriada revelar e manipular representações produzidas em um sujeito cognitivo irá contar como pensar (processo cognitivo) nesta perspectiva. Assim, virar as páginas de um livro (utilizando um dedo que possui a função apropriada de manipular coisas num meio que revela o mundo) será cognitivo. Pensamentos são fáceis (easy) Virar a cabeça para ouvir ou ver o que está além será cognitivo. Não a recepção de informação sobre que está além, mas o virar da cabeça será cognitivo… a atividade motora. Isso pode não ser surpresa para Rowlands, aos enativistas ou a alguns cognitivistas incorporados, mas será a qualquer outro. Nesse viés, virar um pedra para ver o que está embaixo é um processo cognitivo (e não apenas ver o que está ali, mas o virar). Polegares opositores possuem funções apropriadas de sobra. Quem teria pensado que o pensamento seria tão fácil? Viés da Razão Sistemas cognitivos fazem A de modo a fazer (realizar) B. Nos tipos de explicação via razão que estamos apresentando, o objetivo de fazer B e a estratégia para realização de B ao fazer A, são representações no sistema. Assim, o gato que persegue o pássaro está agachado e se move vagarosamente de modo a pegar o pássaro. A meta é pegar o pássaro escondendo-se dele e não sendo visto. Explicações via Razão A razão (pegar o pássaro) requer que o gato possua um modelo mental do que tem de ser realizado e algum grau de detalhe de como alcançar este objetivo. Há uma razão do por que o gato está se movendo de certo modo. Pode existir uma história evolucionária do porque gatos perseguem suas presas desse modo. Mas no caso desse gato individual e desse “token” individual de perseguir, a explicação mudou do nível das espécies para o nível das razões individuais desse gato particular. A explicação é agora em termos de razões cognitivas. Razões e Cognição Entendemos que se a explicação precisa e completa do comportamento de um sistema deve incluir as próprias razões do sistema, então a explicação do comportamento de um sistema cognitivo e estas razões serão cognitivas (não meramente razões no nível evolucionário independentes das razões de um individuo). Estendido/Incorporado Se estados e processos cognitivos estão relacionados à explicação do comportamento em termos de razões, então se torna menos provável que estados cognitivos estejam incorporados (no sistema perceptual e motor dos sistemas ) ou estendidos (existentes no notebook do Otto) “It is harder to make the case” de que há razões no sistema motor ou perceptual (cognição incorporada) ou no notebook do Otto.