Portugueses em Angola e governantes africanos: seus choques segundo os Annaes do Conselho Ultramarino (c.1850-c.1865). Graduando: Felipe Pires Vilas Bôas. Modalidade: PIBIC/Fundação Araucária. Orientador: Profº Drº Carlos Alberto Medeiros Lima. Objetivos: O objetivo central preterido é o de apresentar aspectos das relações entre portugueses e chefias africanas, focalizando as formas de relacionamento direta entre estes, com o intuito de averiguar como tais relações corroboraram para a consolidação, espraiamento e formulação de projetos coloniais. Método: Como corpus documental, foi selecionado relatos sobre Angola publicados nas décadas de 1850 e 1860 nos Annaes do Conselho Ultramarino (parte não oficial). Para além da análise dos encontros entre chefias e lusos, buscou-se um aprofundamento da análise do vocabulário discursivo utilizado nos relatos, por meio de um diálogo com a hermenêutica. Referências: ●FERREIRA, R. Brasil e Angola no tráfico ilegal de escravos, 1830-1860. In: Angola e Brasil nas rotas do Atlântico sul. PANTOJA, Selma e SARAIVA, J. F. S. (orgs). Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999, p. 143-194. ●TORRES, Adelino. O império português entre o real e o imaginário. Lisboa: Escher, 1991. Discussão: A análise dos relatos sobre Angola, contidos no Annaes do Conselho Ultramarino, vem permitindo vislumbrar alguns aspectos relativos ao comportamento das chefias africanas através do viés luso de percepção. A questão central objetivada na pesquisa, suscitou outros questionamentos complementares, sobretudo no que compele a organização da hierarquia interna dentro das comunidades – que durante o século XIX aparenta ter sofrido mutações – e na relação entre interesses portugueses metropolitanos, coloniais e das chefias africanas, que neste período acabam aglutinando uma série de saberes e deveres políticos em uma aparente tentativa de centralização política na zona Mbundu. Esta reação centralizadora criou estruturas governativas mais estáveis, corroborando com o comércio e seguridade internas das comunidades e criando um ambiente favorável a investidas de cunho colonizador por parte do estado português em construção na província de Angola. Conclusão: Conclui-se até o momento que nas zonas de predominância Mbundu, houveram tentativas de centralização política por partes das chefias africanas. Este processo mostrava-se favorável às chefias e aos lusos, pois reforçava laços diplomáticos entre estes, permite o espraiamento português pela hinterland de Luanda e consolidava as chefias africanas frente as hierarquias internas as suas comunidades.