Ressuscitação Cardiopulmonar Murilo Guérios Bittencourt 2011 Epidemiologia Parada cardíaca atendida por serviços médicos de urgência (EUA e Canadá) 50 a 55/100.000 pessoas/ano 25% apresentavam FV / TVsem pulso Parada cardíaca em pacientes hospitalizados - 3 a 6/1000 internamentos 25% apresentavam FV / TVsem pulso Causas de Morte Súbita Cardíaca Outras causas Trauma Afogamento Engasgamento Eletrocussão Morte súbita cardíaca é a morte natural por causas cardíacas, manifestada pela perda abrupta da consciência e parada cardíaca, dentro de uma hora do início de uma alteração cardiovascular aguda Pode haver ou não doença cardíaca préexistente, porém, o evento é inesperado. 2010 – Cinquentenário da RCP “ Qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode iniciar ressuscitação cardíaca… tudo o que é necessário são duas mãos.” Kouwenhoven WB, Jude JR, Knickerbocker GG. Closed-chest cardiac massage. JAMA. 1960; 173: 1064-1067 Morte Súbita Cardíaca 60% a 70% das mortes súbitas de causa cardíaca ocorrem antes da hospitalização Geralmente ocorrem sem que o paciente tenha tido nenhum sintoma prévio Mortalidade no Infarto do Miocárdio 21% 8% 52% 19% Pré hospitalar 48h. de internação 24h. de internação 30 dias pós IAM Circulation. 1994;90:2658-2655 Lesão Cerebral Após Parada Cardíaca 10 seg. - Perda da consciência 4 min. - Acabam as reservas de glicose 6 min. - Depleção severa de ATP e começa o dano celular 16 min. - Morte cerebral completa O ATENDIMENTO DEVE SER INICIADO IMEDIATAMENTE Prevenção da Morte Súbita Cardíaca Deve ser o objetivo primordial Correção dos fatores de risco O atendimento inicial deve ser feito por quem estiver mais próximo Fatores de Risco Cardiovascular Modificáveis Fumo Hipertensão arterial Hipercolesterolemia Diabetes Obesidade Sedentarismo Não modificáveis Idade Sexo História familiar Ressuscitação Cardiopulmonar É uma série de manobras salvadoras de vida que melhoram a chance de sobrevida após uma parada cardíaca. Suporte básico de vida Suporte avançado de vida Sasson C, et al Predictors of survival from out-of-hospital cardiac arrest. Circ. Cardiovas Qual Outcomes. 2010;3:63-81 Ritmos Cardíacos na Morte Súbita Fibrilação Ventricular Frequente no ataque cardíaco O tratamento é a desfibrilação elétrica Assistolia Especialmente quando a causa for hipóxia. ex afogamento Atividade elétrica sem pulso Fibrilação Ventricular O tratamento é a desfibrilação elétrica A desfibrilação, para ser eficaz, deve ser feita rapidamente A chegada rápida de um desfibrilador é o fator que determina a sobrevida A RCP deve ser feita de imediato até a chegada do desfibrilador para manter a viabilidade cerebral e cardíaca Dr. Frank Paintridge (1916-2004) 60% dos soldados americanos que tiveram um ataque cardíaco na Segunda Guerra Mundial morreram na primeira hora Teve a idéia de levar o desfibrilador ao paciente “Well, if that is so, we´d better go outside and pick’em up, hadn´t we?” Desenvolveu o primeiro desfibrilador portátil (3,2kg) Criou a primeira unidade coronariana móvel do mundo em Belfast (1966) Dr. Paintrige com seu desfibrilador de 3,2kg Circulation.2008;116:145-148 Desfibrilador Automático (DEA) Portátil Pode ser empregado por leigos treinados e paramédicos Deve estar disponível o mais rapidamente possível Corrente da Sobrevivência Travers, A. H. et al. Circulation 2010;122:S676-S684 Quando a corrente da sobrevivência é implementada de maneira efetiva, a sobrevida da fibrilação ventricular testemunhada, que ocorre fora do hospital, é de 50%. Rea TD et al. Increasing use of cardiopulmonary resuscitation during outof hospital ventricular fibrilation arrest: survival implications of guideline changes. Circulation, 2006;114:2760-2765 Suporte Básico de Vida (RCP ou CPR) É o tratamento inicial para a morte súbita Objetiva manter a viabilidade cerebral até a chegada de socorro especializado ou recuperação do paciente Primeiro Passo Avaliar a segurança do local DETERMINAR A INCONSCIÊNCIA Tocando nos ombros Chamando a vítima “Você está bem?” a vítima responde, mas necessita atendimento médico • Chamar SME (SAMU 192) • Ficar ao lado da vítima Segundo Passo Leigos CHAMAR POR AJUDA ATIVAR O SISTEMA MÉDICO DE URGÊNCIA (SAMU 192) DESFIBRILADOR (DEA) Segundo Passo Reanimador Profissional Verifica se a vítima respira. Se não respira (ou respiração ineficaz) considera parada cardíaca e ativa o sistema médico de urgência CHAMAR POR AJUDA ATIVAR O SISTEMA MÉDICO DE URGÊNCIA (SAMU 192) DESFIBRILADOR (DEA) Segundo Passo CHAMAR POR AJUDA 1 REANIMADOR Deixa a vítima, ativa o SME e volta para reanimar 2 REANIMADORES Um ativa o SME O outro inicia a reanimação Terceiro Passo POSICIONAR A VÍTIMA Evitar dano à coluna cervical (com suspeita de trauma) Colocar a vítima deitada de costas em superfície dura Reanimação Sem Ventilação “Hands- Only CPR” Na fibrilação ventricular, com desfibrilação nos primeiros minutos, a ausência de ventilação não mudou a sobrevida Leigos podem ter dificuldade em fazer boca a boca Na reanimação de adultos, vítimas de parada cardíaca, leigos que não se sentem confortáveis para fazer respiração boca a boca, devem fazer somente compressão cardíaca até a chegada do desfibrilador Circulation. 2008;117- April 12, 2008 Quarto Passo DETECTAR PULSO REANIMADORES PROFISSIONAIS PALPAR O PULSO CAROTÍDEO ( O coração está batendo? ) Em até 10 segundos devem decidir se há pulso presente ou não LEIGOS Muita dificuldade em detectar pulso Devem considerar que se a vítima está inconsciente (e não respira), não tem pulso Quinto Passo COMPRESSÃO TORÁCICA EXTERNA Comprimir o terço inferior do esterno, ao nível dos mamilos, no mínimo 5 centímetros Frequência acima de 100 compressões por minuto Tempo de compressão igual ao tempo de relaxamento Quinto Passo COMPRESSÃO TORÁCICA EXTERNA LEIGOS Não interrompem a compressão até a chegada do desfibrilador REANIMADORES PROFISSIONAIS Podem interromper as compressões POR NO MÁXIMO 10 SEGUNDOS para • Verificar o pulso • Entubação traqueal • Desfibrilar Sexto Passo DESFIBRILAÇÃO COM DEA Buscar DEA (se disponível próximo) Ligar e colocar os eletrodos do DEA Seguir instruções do aparelho Retomar compressões após o choque (minimizar interrupções) DEA Reanimação Básica em Adultos Algorítimo Simplificado Não responde Não respira ou respiração ineficaz (gasping) Chame Serviço Médico de Emergência Obtenha o Desfibrilador Inicie RCP Cheque o ritmo / desfibrile caso indicado Pressione Forte Repita a cada 2 minutos Pressione Rápido Travers, A. H. et al. Circulation 2010;122:S676-S684 Sétimo Passo ABRIR AS VIAS AÉREAS Há obstrução provocada pela musculatura da língua e pela epiglote, fechando a laringe Extensão do pescoço Levantamento do queixo Técnicas para a Abertura da Via Aérea Levantamento do queixo (chin lift) Mais fácil Leigos treinados e Reanimadores profissionais Levantamento do ângulo da mandíbula (jaw thrust) Reanimadores profissionais Quando houver suspeita de trauma cervical (2% dos casos de trauma) Oitavo Passo VENTILAÇÃO BOCA A BOCA Iniciar com 2 ventilações suficientes para que possa ver o tórax da vítima elevar-se Respirar normalmente antes de ventilar Ventilações rápidas causam distensão gástrica Cada ventilação em 1 segundo Não fazer ventilações superpostas (efeito em escada) Ventilação X Compressão Frequência de compressão acima 100 por minuto com 1 ou 2 reanimadores Fazer pausa curta para ventilação (2X) após a 30a compressão (30x2) Após entubar o paciente não é necessária a pausa Técnica com 2 Reanimadores DOIS REANIMADORES O segundo reanimador ativa o serviço médico de urgência e providencia o desfibrilador Os reanimadores se alternam na compressão cardíaca a cada 2 minutos Mensagens Importantes “Hands only CPR” só deve ser feita nos primeiros minutos após uma parada cardíaca. Após alguns minutos a ventilação é importante. Abrir a via aérea e ventilar Numa vítima de afogamento ou outra causa de asfixia, fazer 5 ciclos de CRP convencional (A-B-C) antes de ativar o Sistema Médico de Urgência Outras causas de Morte Súbita Eletrocussão Afogamento Engasgamento Corpo Estranho A obstrução completa da via aérea é uma emergência que, se não tratada, leva a óbito em poucos minutos Em adultos ocorre frequentemente durante a refeição. A carne é a maior causa de obstrução Esta relacionada à tentativa de engolir pedaços grandes de comida, associada a pouca mastigação, a ingestão de bebidas alcoólicas e ao uso de dentaduras Deve ser diferenciada do ataque cardíaco Corpo Estranho RECONHECIMENTO SINAL UNIVERSAL DE ENGASGAMENTO Corpo Estranho A manobra de Heimlich é o tratamento recomendado para obstrução de via aérea por corpo estranho, exceto em obesos e grávidas. Deve ser repetida até desobstruir ou até a vítima desmaiar. Se desmaiar, eleva-se a mandíbula e tenta-se remover o corpo estranho com o dedo. Posição pós-reanimação Após a vítima recuperar a ventilação e circulação efetivas Colocá-la deitada de lado, com o braço na frente do corpo Algoritmo de Suporte Básico de Vida 1 Inconsciente Sem respiração ou respiração ineficaz RCP de Alta Qualidade Frequência de no mínimo 100/min • 2 Ativar Sistema Médico de Emergência Obter DEA/Desfibrilador ou enviar um segundo socorrista (se disponível) para realizar esta tarefa • Compressão cardíaca de ao menos 5 cm • Permite a desinsuflação completa do tórax após cada compressão 3A 3 Checar pulso Com Pulso • Evita ventilação excessiva 1x cada 5s Reavaliar pulso com intervalos de 2 min (por até 10 s) • Minimiza as interrupções na compressão do tórax . Ventilar Sem Pulso 4 Iniciar ciclos de 30 COMPRESSÕES e 2 VENTILAÇÕES 5 Chegada do desfibrilador 6 Checar ritmo Ritmo? FV/TV Sim 7 Administrar 1 choque Retomar RCP imediatamente por 2 min Nota: As caixas delimitadas por linhas pontilhadas devem ser realizadas somente por reanimadores profissionais e não por socorristas leigos Não 8 Retomar RCP imediatamente por 2 min Checar o ritmo em intervalos de 2 min; continuar até ser substituído por socorristas do S A V, ou até a vítima começar a movimentar-se Bibliografia Consenso Nacional de Ressuscitação Cardiorespiratória, SBC, Comissão Nacional de Ressuscitação Cardiorespiratória Arq Bras Cardiol. Junho , 1996- Vol 66, N 06 2005 International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science with Treatment Recommendations Circulation Vol 112, N 22 November 22 2005 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation. 2010;122(suppl 3);S640-946 (Oct 2010)