Silveira de Souza
Contos- Relatos Escolhidos(1998)
• Para melhor absorver a história, ofereceu-se, aqui, uma sucinta
recontagem da obra ‘Ecos no Porão, Vol. II’ de Silveira de
Souza.
• Recomenda-se a leitura integral da obra.
• A análise foi feita sob os moldes tradicionais.
• Narração: 1ª pessoa
• Personagens: Narrador , garçom (Tarzan da Selva) e Nádia;
Enredo: Imitação da linguagem epistolar bíblica. O tom é de
conselho aos jovens sobre a vida oculta que sérios
burocratas assumem à noite.
• O narrador relata a sua visita ao Sandália de Prata
(bar/boate), seu encontro tórrido com Nádia (meretriz), a
descrição da polidez do garçom(misto de mordomo e
gerente) e sua volta à rotina de funcionário público na
manhã seguinte em que, enquanto vomita, vê o nascer do
sol a que ele intuiu ser o “Olho de Deus”
• Espaço: Florianópolis.
• Tempo: Uma noite.
• Linguagem : Imita o tom religioso, com muitos jogos de
palavras: Naja Negra/ Nádia Negra, epistolista/ epistoleiro,
Reminiscências/ rei-eminências, estáveis (adjetivo ou verbo)
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CONSPÍCUA: Respeitável, séria.
ÚBERES: Glândulas mamárias.
ESTRUGIU: Atordoou; atroou; rangeu.
ESCLEROFILIA: Impossibilidade de se adaptar a uma situação
nova (neologismo para esclerose)
ALACRE: Muito alegre. ( forma correta ‘álacre’)
BARAFUNDAR: Trapalhada, confusão, motim.(neologismo para
barafunda)
ESCONSOS: Que não está visível.
VÊNIA: 1.Licença; permissão. 2. Desculpa; indulgência; perdão.
INZONEIRO: Mexeriqueiro, intrigante, sonso, mentiroso.
• Narração: 3ª pessoa
• Personagens: Alguém (entidade psicológica)
• Enredo: Uma voz interna de repente ouvida acorda todo ser
o qual, então, percebe outros à sua volta e vê que eles têm a
mesma necessidade de ouvir. É como se essa necessidade
criasse uma rede invisível e frágil de esperança.
• Espaço Físico: Florianópolis.
• Espaço Psicológico: Angústia existencial, anseios de qualquer
ser humano.
• Tempo: Indefinido.
• Linguagem : Intimista.
• Intertextualidade: Há um trecho de poema de T. S. Eliot (poeta
que explora a pluralidade do ser)
• O poeta, o crítico, o ensaísta, o dramaturgo encarna uma das
mais estranhas e poderosas permanências literárias de nossa
época.
• Estranha, porque foi ele, acima de qualquer outro, o escritor
contemporâneo que mais conscientemente buscou, na tradição
cultural do passado, o sentido de um tempo presente que, por
estar sempre ‘vindo a ser’, fosse também futuro.
• Sua influência é poderosa, porque sua obra, a um só tempo
clássica e moderna, revolucionária e reacionária, realista e
metafísica, está na própria raiz que informa e conforma a
mentalidade poética de dias atuais, por isso exerceu fecunda e
duradoura influência sobre todas as gerações que se formaram
a partir de 1930.
• Narração: 1ª pessoa
• Personagens: Narrador (Amigo do Zorro), ‘Zorro’ e Rafael.
Também citados: Tatá, Gervásio, Marreco, Pudino, Elizete e
Alzirinha (juntos formavam a turma da rua); pai do Zorro,
Dona Emília(mãe de Rafael) e Arno Schultz dono da terra em
que está a casa pobre de Rafael.
• Enredo: A partir da visita de Zorro( hoje advogado e político
em Chapecó) desfilam as recordações entre os dois. Essas
recordações dividem-se em dois blocos: antes de Rafael
morar ali: brincadeiras de rua, sessões no Imperial
(repertório nacional). Zorro é o líder do grupo.
• Enredo: E o segundo momento, com a vinda de Rafael ( garoto
pobre cujo tio Valdir é funcionário do Cine Odeon e dá ao menino
tiras dos rolos de filmes arrebentados ): com esses filmes criam
uma espécie de cinema particular com cenas de filmes norteamericanos as quais depois de vistas são caprichosamente
guardadas em um álbum improvisado.
• Zorro credita a esse hábito a perda de uma sensação de
nacionalidade, mas nas explicações dessas reminiscências podese entrever a deterioração do caráter de Zorro, primeiro pela perda
da liderança da turma, depois pois desejar ardentemente a posse
do álbum, único bem de Rafael. Ele oferece uma boa quantia pela
compra e depois tenta roubar o álbum , porém é flagrado na fuga
por Rafael. Zorro ainda apresentas a decência de se envergonhar
do fato. Rafael seria na época do reencontro entre narrador e
Zorro. Balconista de uma loja.
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Espaço : Florianópolis.
Tempo: Indefinido.
Linguagem : argumentativa comum a intelectuais ufanistas.
Intertextualidade: Há várias menções a artistas de cinema.
• Narração: 3ª pessoa
• Personagens: Um velho e um rapaz.
• Enredo: Um encontro clandestino entre um velho
homossexual e rapaz relutante (diz odiar a situação e
demostra isso por sua postura), mas incapaz de se negar ao
ato (está ali pelo dinheiro).
• A descrição da situação deixa entrever “nojo” por parte do
rapaz e “amor e resignação ao nojo” por parte do velho que
aceita ter de pagar para obter o que deseja.
• Com delicadeza, o narrador descreve uma cena entre o
grotesco e o melancólico(triste e desolador da solidão e da
necessidade física e financeira).
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Espaço : Florianópolis.
Tempo: Indefinido.
Linguagem : mistura entre o erótico e o sensível.
Intertextualidade: A vidraça quebrada é símbolo na literatura
da perda da inocência e da pureza, da perda da juventude.
• Vocabulário:
• Borborigmo: Ruído de gases nos intestinos
• Narração: Segunda-feira: 3ª pessoa
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Outros dias: 1ª pessoa
• Personagens: Segunda-feira: Aristófanes Soares, outros
funcionários públicos.
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Outros dias: Narrador (pode ou não ser o
mesmo para todos os dias, Natércia, esposa do narrador no
episódio de quarta, mais Gabriel D’Anunzio – 84 anos – e
suas irmãs Terpsícore – 78 anos – e Melpômene – 76 anos,
no episódio de quinta e de sexta secretária e Virgolino
Ferreira )
• Enredo: Na segunda-feira, num órgão público em que paira
a preocupação por perda de emprego e perda salarial,
Aristófanes Soares levanta-se e assoviando (tenta uma
música clássica , mas a substitui por “Asa Branca”) vai até o
banheiro, quando volta percebe uma marca em sua testa
três diminutos corações verdes (uma tradição simbólica
milenar, que remonta à época dos druidas, das tribos celtas e,
mais recentemente na Irlanda, da conversão ao cristianismo,
quando São a fim de converter os nativos ao cristianismo, usou
o trevo de três folhas para ilustrar o mistério da Santa
Trindade.) e os funcionários ajoelham-se e começam a rezar
o “Creio em Deus Pai”
• Enredo: Na terça-feira, o narrador e Natércia encontram-se para praticar
vodu contra a senhoria da casa alugada pelo narrador. Quando fincam a
primeira agulha no corpo da boneca, ouvem uma explosão vinda a três
quarteirões dali.
• Na quarta-feira, acontece a loucura dos velhinhos vizinhos ao narrador:
Gabriel D’Anunzio (“ Gabriel=DEUS ENVIOU“ e D’Anunzio= italiano de
anúncio) canta músicas de rebeliões – e suas irmãs Terpsícore (Musa da
Dança - Significado do nome: "Delícia de dançar“) Melpômene
(Melpômene ~ Musa da Tragédia - Significado do nome: "Coro“). O
narrador a pedido da esposa os leva a um centro de umbanda de onde
Ogun (Ogum (em ‘yoruba’: Ògún) é, na mitologia ‘yoruba’, o orixá ferreiro,
senhor dos metais. O próprio Ogum forjava suas ferramentos, tanto para a
caça, como para a agricultura, e para a guerra. Na África, seu culto é
restrito aos homens.) extrai 39 serpentes das bocas dos velhinhos.
• Enredo: Na quinta-feira, o narrador procura Virgolino Ferreira
(Nome de Lampião) na companhia telefônica para vender suas
ações, mas não o encontra.
• Na sexta-feira, ele volta à companhia telefônica e encontra
Virgolino Ferreira com uma peruca ruiva (a cor ruiva é
simbolicamente ligada a ambição desmedida) a cantar.
• Espaço : Indefinido.
• Tempo: Cinco dias.
• Linguagem: ‘nonsense’
• Intertextualidade: O formato do conto lembra o Apocalipse. Há
menção à religiões cristã e africana: anjo e orixá,; à mitologia:
musas; e a heróis sanguinários.
• A escrita de Ogum em português é com ‘M’, o escritor usou a forma
em ‘yoruba’.
Musas: deusas das artes e das ciências: filhas de Zeus e
Mnemosyne (memória). Pela cultura grega, são nove as
Musas de Apolo.
Originalmente as Musas eram as divindades da primavera,
depois foram chamadas de deusas das várias inspirações
humanas.
As nove Musas cantavam e dançavam, lideradas por Apolo,
nas celebrações de deuses e heróis. As Musas induziam a
memória dos humanos e inspiravam escritores e artistas.
1- Calíope ~ Eloquência
Significado do nome: “Linda voz"
A mais velha e mais distinta das nove Musas.
Ela é a Musa da eloquência e da poesia épica ou heroica.
É a mãe de Orfeu e Linus com Apolo. Ela foi árbitro da disputa
de Adônis entre Perséfone e Afrodite.
• Seus símbolos são um pergaminho, tábua de escrever e
estilete.
• 2- Clio ~ História
• Outro nome é Kleio
Significado do nome "Proclamadora"
• Clio é Musa da História. Com Pierus, rei da Macedônia, ela é a
mãe de Jacinto. A ela é atribuída a introdução do alfabeto fenício
na Grécia. Seus símbolos usuais são um rolo de pergaminho ou
um conjunto de tábuas para a escrita.
3-Erato ~ Poesia amorosa
Significado do nome: "Adorável"
A Musa da poesia lírica (elegia), particularmente a poesia
amorosa ou erótica, e da mímica. Ela é representada usualmente
com uma lira.
• 4- Euterpe ~ Música
Significado do nome : "Delícia“ ou “Plena alegria"
Euterpe é a Musa da poesia lírica. Ela também é a Musa da alegria
e do prazer e do tocar de flauta, e a ela atribui-se a invenção da
flauta dupla, que é o seu símbolo.
• 5- Melpômene ~ Tragédia
Significado do nome: "Coro"
A Musa da tragédia. Ela é usualmente representada com uma
máscara trágica e usando os coturnos (botas tradicionalmente
gastas e usadas pelos atores). Algumas vezes ela segura uma
faca ou bastão em uma mão, e a máscara na outra.
• 6- Polínia ~ Poesia lírica heroica
Significado do nome: "Muitas canções"
Polínia é a Musa grega do hino sagrado, da eloquência e da
dança.
Ela é representada usualmente numa posição pensativa ou
meditativa. Ela é uma mulher de olhar sério, vestindo num longo
manto e descansando um ombro num pilar. Algumas vezes tem
um dedo na boca.
• 7- Terpsícore ~ Dança
Significado do nome: "Delícia de dançar"
A Musa Terpsícore. Seu símbolo é a lira. De acordo com algumas
tradições, ela é a mãe das sereias com o deus ribeirinho Aquelau.
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8- Talia ~ Comédia
Significado do nome: "Festividade"
Talia preside a comédia e a poesia leve. Seus símbolos são a máscara
cômica e um cajado de pastor. Talia também é o nome de uma das
Graças (Cáritas).
9- Urânia ~ Astronomia
Significado do nome: "Rainha das montanhas"
A Musa grega da astronomia e da astrologia. Ela é representada com um
globo na mão esquerda e um prendedor na direita. Urânia veste-se com
um manto bordado com estrelas e ela mantém seus olhos fixos no céu.
traduzido e adaptado por Moacir Índio da Costa Júnior – Sobre todas a
Musas
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Ecos no Porão – Vol. II