O viés sociológico da discussão
de cultura
Viés naturalista: a cultura vista como a reprodução
das relações do homem entre si e com a natureza;
•Esta
idéia sustenta as noções e interpretações mais
antropológicas de cultura. Porém a cultura neste viés
é aquisição, enquanto distinta do inato. A cultura diz
respeito aqui à criação, ao artifício, à ação em uma
dialética que a opõe e a associa à natureza.
Segundo Malinowski (1960): “Em primeiro lugar, e
principalmente, toda cultura deve satisfazer ao
sistema biológico de necessidades, como as ditadas
pelo metabolismo, reprodução, as condições
fisiológicas da natureza e da temperatura. Em
segundo lugar toda realização cultural que implica o
uso de artefatos e do simbolismo é um realce
instrumental da anatomia humana, e refere-se, direta
ou indiretamente, à satisfação de uma necessidade
física.”
Baudrillard (1981): Cultura é uma metáfora
sustentada pelas funções biológicas da digestão. È
referencial à utilidade prático-orgânica;
Mesmo na perspectiva naturalista é possível associar
cultura ao viés econômico.
Exemplos:
Pierre Clasters – A sociedade sem Estado;
Marshall Sahlins – Cultura e Razão Prática;
Marcel Mauss – O Ensaio da Dádiva;
Emile Durkheim – O Suicídio;
Michael de Certeau – A invenção do cotidiano;
Viés comportamentalista: a cultura está vinculada a
conduta (formas próprias de comportamento –
“courtoir”);
• Cultura, neste âmbito é um sinônimo de
comportamentos, instituições, ideologias e mitos que
compõem quadros de referência e cujo conjunto,
coerente ou não, que caracteriza uma sociedade como
diferente das outras;
• Conceito chave da Antropologia Cultural. Há todo um
leque de posições segundo se privilegiam as práticas e os
comportamentos ou as ideologias e os mitos;
• Estabelece-se uma distinção entre cultura e cultural;
•O
termo cultura ocorre em “difusão da cultura”, “cultura
de massa”, “política da cultura” etc. Pode-se distinguir
vários de seus empregos, característicos de abordagens
diferentes;
Os traços do homem “culto”, isto é, segundo o modelo
elaborado nas sociedades estratificadas por uma categoria
que introduziu suas normas onde ele impôs seu poder.
•
Um patrimônio das “obras” que devem ser preservadas
difundidas ou com relação ao qual se situar (por exemplo,
a cultura clássica, humanista, italiana ou inglesa etc.). A
idéia de “obras” que devem ser difundidas acrescentadase a de “criações” e de “criadores” que devem ser
promovidos, em vista de uma renovação do patrimônio.
•
•Deve-se
distinguir subcultura e contracultura. O
primeiro termo designa a cultura de um subgrupo, de uma
minoria etc. O segundo remete ao julgamento que uma
maioria faz das subculturas e cujas implicações sociais os
subgrupos ratificam, muitas vezes, quando a ele recorrem
para caracterizar a si próprios.
•Cultural
aprece em uma série de expressões usuais: “ação
cultural”, “atividade cultural”, “assuntos culturais”, “centro
cultural”, “cadeia cultural”, “campo cultural”, “discurso
cultural”, “desenvolvimento cultural”, “ambiente cultural”,
“promotor cultural”, “lazer cultural”, “política cultural”,
“revolução cultural”,“sistema cultural”,“vida cultural” etc.

A ação cultural, expressão paralela à “ação sindical” ou à
“ação política”, designa uma intervenção que liga os
agentes a objetivos (ou “alvos”) determinados. É
também um segmento operacional em que os meios de
realização dizem respeito aos objetivos a serem
definidos;

A atividade cultural situa a atividade em uma cultura
aceita e patenteada, o que muitas vezes só se vincula a
chamada “cultura erudita”;

Por agentes culturais, entenderemos aqueles que
exercem uma das funções ou uma das posições
definidas pelo campo cultural: criador, animador, crítico,
promotor, consumidor etc.
•Qualifica-se
de política cultural um conjunto mais ou menos
coerente de objetivos, de meios e de ações que visam à
modificação de comportamentos, segundo princípios ou
critérios explícitos;
•Por
discurso cultural deve-se entender toda linguagem que
trata dos problemas culturais, na medida em que haja uma
relação entre sua forma e seu conteúdo;
•O
desenvolvimento cultural submete à lei de um crescimento
homogêneo as reformas necessárias a uma extensão da
produção ou do consumo. Uma ideologia da continuidade e,
em particular, da invariabilidade do sistema socioeconômico
sustenta o conceito de desenvolvimento e o opõe àqueles de
“revolução cultural” ou de transformações “estruturais”.
O que podemos fazer:
•Ter de reencontrar um espaço, ressituar-se com relação
às instituições da vida privada (familiares, matrimoniais,
residenciais, locais), inventariar formas de manifestação
segundo o acaso, explorar outros estilos de vida constitui
a fonte de debates, de pesquisa e de reações que
compõem atualmente uma expressão cultural.
•Na
contramão disso, a espetacularização da cultura:
•Trustes racionalizam e tornam lucrativa a fabricação de
significados; enchem com seus produtos o espaço imenso,
indefeso e semiconsciente da cultura. Todas as formas de
necessidade, todas as fendas do desejo são “preenchidas”,
isto é, ocupadas e exploradas pela mídia.
Uma vez que a capacidade de produzir é na realidade
organizada
segundo
racionalidades
ou
poderes
econômicos, as representações coletivas se folclorizam. As
intâncias ideológicas metamorfoseam-se em espetáculos.
Excluem-se das festas tanto o risco como a criação. Sob
esse aspecto, o crescimento do “cultural” é a indexação do
movimento que transforma o “povo” em “público”.
CULTURA ESPONTÂNEA se constitui dos usos e costumes de
nossas famílias e de diversos grupos sociais, da escala de valores
que formamos durante a infância e que nos acompanham pela
vida afora.
É o nosso jeito de comemorar épocas através de festas por ex.
e constitui também conjuntos de conhecimentos não
sistemáticos.
É o acervo de conhecimentos apreendidos assistemáticamente,
ao sabor da vivência, fruto da experiência empírica do homem
no contato informal com seu semelhante
CULTURA ERUDITA é toda cultura construída de forma
sistemática por ex. o saber das escolas, formal e científico, a
elegância, domínio da filosofia, das ciências e das artes.
CULTURA DE MASSA é a cultura elaborada,
impingida pelos meios de comunicação, TV, rádio,
imprensa, publicidade e propaganda. Entendida
como ato de persuasão direcionado a massa de
forma unilateral independente da classe social.
 CULTURA POPULAR se constitui por um
processo de apropriação desigual dos bens
econômicos e culturais de uma nação ou etnia,
por parte dos setores subalternos e pela
compreensão, reprodução e transformação real e
simbólica das condições gerais e específicas do
trabalho e da vida.

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Aula do dia 27 de setembro - significado sociológico de cultura