Artrópodes como agentes causadores de doenças Taxonomia: o filo Arthropoda (Barnes, 1977) Subfilo Trilobita Fósseis, todos extintos Subfilo Chelicerata Classe Merostomata - límulos - carangueijo Classe Arachnida - escorpiões, aranhas, carrapatos Ordem Acari Classe Pynogonida - aranhas marinhas Subfilo Mandibulata Classe Crustacea - camarão, lagosta, pitu Classe Insecta - moscas, mosquitos, pulgas, barbeiro Ordem Hemiptera Ordem Diptera Ordem Anoplura Ordem Siphonaptera Classe Chilopoda - centopéia Classe Diplopoda - milipés Classe Symphyla - sínfilos de terra vegetal Classe Pauropoda - paurópodos de húmus Subfilo Pentastomida - artrópodes vermiformes 1.5 million NATURE REVIEWS | MICROBIOLOGY VOLUME 3 | MARCH 2005 | 262 NATURE REVIEWS | MICROBIOLOGY VOLUME 3 | MARCH 2005 | 262 Mortalidade NATURE REVIEWS | MICROBIOLOGY VOLUME 3 | MARCH 2005 | 262 Morbidade Burden 1. Artrópodes: características gerais • O filo Arthropoda (grego: “pé articulado”) melhor sucedido e abundante do reino animal; • Cerca de 80% das espécies de animais do planeta; • Esqueleto externo: exoesqueleto; • Apêndices articulados; Cabeça • Simetria bilateral. Abdome Tórax Controle de vetores tem se mostrado eficiente para o controle de doenças Exemplos: (Programa de controle por Inseticida) 1. erradicação da Malária nos países de clima temperado do Hemisfério Norte 2. redução da Oncocercose em 11 países do oeste da África Causas para o sucesso relativo do controle de doenças através dos Vetores: 1. Pouco incentivo à área de pesquisa em vetores (no passado); 2. Efeitos dos agentes químicos causados ao meio ambiente (spray de DTT); 3. Resistência aos agentes químicos; 4. Complexidade biológica das populações de vetores; 5. Problemas no uso dos mosqueteiros de cama impregnados de piretróides sintéticos: estratégia limitada, uso impróprio, resistência ao inseticida. Além dos problemas relativos à falta de vacinas efetivas e resistência dos parasitas aos medicamentos 2. Insetos causadores de doenças em humanos Ordem: Diptera Familia: Muscidae Mosca berneira: Dermatobia hominis Doença: miíase (Berne) infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros que se alimentam de tecidos ou líquidos corpóreos • Dermatobia hominis é encontrado em várias áreas úmidas da Américas central e sul; • A fêmea coloca os ovos na parte abdominal de outros insetos (foréticos) que se alimentam de sangue ou secreções (moscas ou pernilongos); • Durante o pouso no hospedeiro, os ovos eclodem e a larva de Dermatobia penetra a pele sã (biontófaga) e evolui, dentro da lesão, até a larva 2. estádio; • Após 6-12 semanas, a larva três emerge do hospedeiro e cai no solo onde se transforma em pupa. D. hominis inseto forético • O local de infecção fica suscetível a entrada de oportunistas: bactérias • A infecção normalmente é benigna (inflamação localizada) (larva biontófaga) Após abandono do hospedeiro pupa no solo Emergência da mosca adulta após 4-11 semanas que vive poucos dias, copula e realiza postura (5-12 d) Tratamento •Remoção da larva com esparadrapo ou técnicas cirúrgicas •Eventualmente, aplicação de um antibiotico Moscas varejeiras: Cochliomyia hominivorax (biontófaga) Cochliomyia macellaria (necrobiontófaga) Doença: miíase (Bicheira) • Presente do sul dos EUA até Argentina, em regiões tropicais (ano inteiro) e temperadas (primavera-verão); • Fêmeas de Cochliomyia hominivorax depositam 200-300 ovos/dia durante 3-4 dias ao redor de um ferimento recente (biontófaga, oviposição somente em seres vivos); • 12-24 horas depois a larvas eclodem e fixam-se e nutrem se dos tecidos; • durante 6-7 dias há duas ecdises (L1-L3); • abandonam o hospedeiro e pupam no solo (6-8 dias); • emergem os adultos; • Cochliomyia necrosados macellaria: ovos em tecidos Patogenia • Larvas secretam enzimas proteolíticas • Ferimento aumenta de tamanho • Decomposição de material no ferimento Atraí moscas Miíases secundárias Miíases por necrobiontófagas (Cochliomyia macellaria) Tratamento • Limpar ferimento (com anestesia local); • Remoção individual das larvas (fluido corporal tóxico); • Aconselhavel: Aplicação de um antibiótico de largo espectro; • No caso de miíase cavitária, (ingestão de ovos/larvas de uma variedade de moscas): antihelmínticos Controle • Zoonose: Tratamento também dos animais; • Manipulações em gado (castração/descornas) no inverno; • Tratamento do gado com Ivermectina/Doramectina para diminuir a densidade populacional das moscas. Miíases - ação terapêutica – tratamento pode ser vantajoso no caso de resistência a antibióticos – utilização larvas necrobiontófagas – úlceras crônicas: pé diabético, estase venosa (forma de terapia milenar) Lucilia sericata, L. ilustris Phornia regina Remoção de tecidos necróticos secreção de proteases ingestão do tecido liquefeito Atividade antimicrobiana S. aureus, Streptococcus sp. Cicatrização movimento (?) alantoína, uréia, bicarbonato de amônia 1 semana 1 ano Ordem Siphonaptera - Tunga penetrans – pulga da areia – “bicho do pé” ou “bicho do porco”, hospedeiro usual é o porco (mas ataca gatos, cachorros e seres humanos) As lesões passam a ser porta de entrada de micróbios como Clostridium tetani (tétano), C. perfringens (gangrena gasosa), Paracoccidioides braziliensis (blastomicose) Tunga penetrans • A fêmea, após fecundação penetra a pele e começa a sugar sangue, os ovos se desenvolvem em 2 dias e são expelidos, o parasita morre ovos, larva 1 e 2, pupa Terapia: Remoção do parasita Prevenção: Aplicação de inseticidas Ordem Anoplura: Pediculus capitis, P. humanus e Pthirus pubis Doenças: Pediculose e Ftiríase Ectoparasitos cosmopolitas exclusivamente de humanos Em todas as classes sócio-econômicas Hemimetábolos (ovo, larva, ninfa, adulto) Todos os estádios hematófagos Piolhos: habitats • Pediculus capitis : cabeça • P. humanus: na roupa, em áreas protegidas do corpo • Pthirus pubis : predominantemente na área pubiana. • Os ovos são depositados mediante substância cimentante em fios de cabelo (onde eles são detectados mediante luz UV) ou de roupas • Ciclo evolutivo: após 10 dias, a larva eclode do ovo e começa sugar sangue, estádio ninfa, após 14 dias ficam maduros Patogenia da Pediculose/Ftiríase • Prurido, entrada (bactérias) de oportunistas • Phtirus pubis pode ser considerada uma DST (transmissão rara através de roupa) • P. humanus é um importante transmissor de Tifo exantemático (Rickettsia prowazekii), o artrópode abandona o hospedeiro que está com febre) Tratamento: P. capitis : Lavar cabeça com “shampoo” que contem 1% permethrina, uso repetido garante 100% sucesso Usar pente especial para remover as lêndeas do cabelo! P. humanus e Pthirus pubis : Lavar roupa contaminada a 50°C por 30 min, ou deixar em lugar seco fechado por 2 semanas 3. Ácaros causadores de doenças em humanos Filo Artropoda Classe Arachnida Subclasse Acari Morfologia geral dos ácaros larvas com 3 pares, ninfas/adultos com 4 pares de patas (aparelho bucal e palpos) (corpo) Subordem: Astigmata (Sarcoptiformes) Sarcoptes scabiei Doença: Escabiose ou Sarna dorsal ventral • Cosmopolita, democrático • 300 milhões de casos • parasita de seres humanos e outros mamíferos (existem variedades com diferentes preferências: S. scabiei canis, S. scabiei cuniculi, S. scabiei ovis etc.) • Não possuem traquéias, respiram pelo tegumento • Macho (0,2 mm) e fêmea (0,4 mm) • Infecção ocorre por contato pessoa-pessoa ou objetos contaminados (roupa, pentes etc.) • Os ácaros migram na epiderme, depositam ovos, dos quais eclodem larvas (depois 3-4 dias), que se desenvolvem para ninfas que ficam adultos (4 dias). • Fêmea: 3-4 ovos/dia (durante até 50 d), ciclo total: 20 d • Sítio preferencial de infecção: interdigital, nas pernas Patologia • A atividade migratória e a deposição de antígenos causa o influx de células T mononucleares e reações alérgicas (hipersensitividade do tipo IV) • Prurido, causa ferimentos secundários na pele e infecções bacterianas são frequentes • Em aidéticos ou imunossuprimidos, ocorre dermatite generalizada com grandes areas de pele comprometidas, altissimo número de ácaros presentes e o indivíduo é forte transmissor de Scabies Diagnóstico • Clínico: Anamnese, pruridos noturnos, localização e aspecto das crostas • Parasitológico: Fita gomada sobre crostas ou raspado profundo lâmina microscópio Tratamento (repetido!): - Creme com permethrina 5% ou - Lindan 1% (pessoas imunocomprometidos +dose Ivermectina) - Tratamento da roupa contaminada: Lavar e secar por 10 min a 50°C, ou estocagem em recipientes fechados por 5 dias Ácaros de vida livre como causador de doença • Vivem em poeira domiciliar, grãos armazenados, alimentos processados • Família Phyroglyphidae:- Dermatophagoides pteronyssinus - Dermatophagoides farinae - Pyroglyphus africanus - Dermatophagoides deanei - Euroglyphus maynei • Família Glycyphagidae: - Blomia tropicalis • Família Chortoglyfidae: - Chortoglyphus arcuatus • Família Saproglyphidae: - Suidasia pontifica • Pessoas suscetíveis (número crescente): alergias respiratórias • Alérgeno é o próprio ácaro e/ou seus produtos: dejetos, secreções, fezes que ficam em suspensão em poeira Muitos artrópodes são importantes vetores de várias parasitoses, bacterioses e viroses ... Culicíneos (filaríase) Flebotomíneos (leishmaniose) Simulídeos (oncocercíase) Triatomíneos Tripanossomíase americana Ixodídeos (Riquetsiose, Babesiose) Anofelinos (malária) Sifonápteros (peste) ...MAS... ...a própria saliva destes artrópodes hematófagos pode também causar fortes alergias em pessoas suscetíveis! atividade observada produto Flebotomíneo (Lutzomyia, Flebotomus) anti-agregação plaquetária Apirase (ATP-difosfohidrolase ) vasodilatador maxadilan inibidor ativação macrófago maxadilan (não comprovado) Mosquitos (Anopheles, Culex, Aedes) hemaglutinina anticoagulante anti Fator Xa, antitrombina Fator anti TNF anti-agregação plaquetária apirase desconhecido D7 (proteína específica de fêmeas) Triatomíneos (Triatoma) anti-agregação plaquetária apirase anticoagulante anti Fator 8, antitrombina Glossina anti-agregação plaquetária apirase anticoagulante antitrombina Borrachudos (Simulium) anticoagulante antitrombina, anti Fator Xa Efeitos da saliva de diferentes carrapatos Ixodideos anti-agregação plaquetária apirase anti histamina anticoagulante anti Fator 8, anti fator 5a, antiprótrombinase Kinase (antibradicinina) Carboxypeptidase N-like Antianafilatoxina Carboxypeptidase N-like Vasodilatadores Prostaglandina E2 Anti fator de ativação de plaquetas PGE2 Imunosupressores Inibidor de ativação de neutrófilos Inibidor de ativação de células T Anticomplemento (via alternativa) Argasideos anticoagulante TAP (tick anticoagulant peptide) anti-agregação plaquetária apirase $? • Não esquecer os artrópodos que passivamente transmitem parasitas (ovos, cistos, oocistos, bactérias e virus) Barata Formiga do cartao Literatura: L. Rey: Parasitologia, 3 ed., Guanabara Koogan, 2001 Guimarães JH, Papavero N: Myiasis in man and animal in the neotropical region. Bibliographic database, Ed. Plêiade, 1999 Beaty BJ, Marquardt WC: The Biology of Disease vectors. University Press of Colorado, 1996