Caso Clínico Infecção do trato urinário/Síndrome hemolítico-urêmica Apresentação: Aline Ioshie Limaakamine Coordenação: Luciana Sugai INTERNATO 6º ANO – ESCS Brasília, 17 de setembro de 2014 www.paulomargotto.com.br Descrição do Caso LOC, 2 anos e 11 meses, 16kg, masculino, natural de TaguatingaDF, procedente de Samambaia-DF. HDA: 5 episódios de vômitos amarelados e de restos alimentares há 2 dias da admissão. Uso de Bromoprida SOS. Febre até 38,4ºC Desconforto respiratório e astenia. 2 episódios/dia de fezes liquido-pastosas fétidas. Nega muco, pus ou sangue. Descrição do Caso EXAME DA ADMISSÃO: BEG, afebril ativo e reativo, corado, desidratado (2+/4+) , taquipnéico, Ausência Sinais 36,6° AR: de lesões elementares ou sinais de irritação meníngeos. Vitais: FC 160bpm / FR 40irpm / SpO2 98% em ar ambiente / Tax MV bilateral, sem ruídos adventícios. ACV: RCR, 2T, BNF, sem sopros. Abd: flácido, indolor, RHA presentes, sem visceromegalias. Oroscopia, Otoscopia e Rinoscopia: normais Extremidades: pulsos cheios e simétricos, ausência de edemas. Descrição do Caso ANTECEDENTES FISIOLÓGICOS: Nascido de parto cesárea por opção materna, com 38 semanas de gestação. Peso ao nascer: 3310g. Não trouxe cartão e não sabe maiores informação. Vacinação atualizada - SIC (sem cartão). Reside em casa de alvenaria, com saneamento básico e rua asfaltada. Descrição do Caso ANTECEDENTES PATOLÓGICOS: Internação no Hospital Anchieta com 1 ano de idade com diagnóstico de ITU. USG (10/12): refluxo vesico-ureteral grau 3 USG (09/13): refluxo vesico-ureteral grau 4 Cintilografia com DMSA (12/12): cicatriz renal bilateral Profilaxia com Bactrim F 3ml 1x/dia Relato de Varicela e PNM (tto ambulatorial) prévios. Negas demais doenças crônicas, alergias, traumas, cirurgias, transfusão sanguínea. Descrição do Caso HISTÓRIA FAMILIAR: Mãe, Pai, 32 anos, hígida 32 anos, hígido Não tem Irmãos Descrição do Caso ATENDIMENTO INICIAL: HV fase rápida (SF 0,9% 350ml em 30min) Ranitidina 15mg EV agora Solicitados exames laboratoriais após HV Descrição do Caso RESULTADOS LABORATORIAIS: RESULTADOS LABORATORIAIS: Hemograma 30/06/14 EAS 30/06/14 Hb: bacteriúria Ht: 10,4g/dl 31,2% Leuco: 14.100(N 76 / B 12 / L 20) Plaquetas Cr: 141mil 1,5 Ur: 104 Glicemia: TGP: Na: 38 51 TGO: 65 129 Teste K: 5,4 para dengue: não reagente. 1523 leucocitúria hematúria nitrito 123 2+ positivo. Descrição do Caso RESULTADOS LABORATORIAIS: RESULTADOS LABORATORIAIS: Hemograma 01/07/14 EAS 01/07/14 Hb: Céls Ht: 10,4g/dl 30,9% Leuco: Cr: 1,2 Glicemia: TGP: Na: Hemácias 13.300 (N 82 / B 28 / L12) Plaquetas epiteliais 3/campo 128mil Ur: 94 72 51 TGO: 65 129 K: 5,4 Flora 8/campo bacteriana 3+ leucocitúria 30 hemoglobina nitrito + positivo. Cristais e cilindros ausentes. PERGUNTAS 1. Qual melhor método para realizar uma urocultura nesse paciente? 2. O fato de a criança fazer profilaxia por RVU III favorece ITU resistente? Seria esse o quadro dessa criança? 3. Ela realmente tem indicação de profilaxia? Se sim, qual o melhor medicamento? 4. Ela tem indicação de tratamento hospitalar? Se sim, a medicação indicada deve ser preferencialmente via EV ou VO? Há diferença de eficácia entre elas? 5. Quais os possíveis diagnósticos diferenciais desse paciente? 6. A ITU poderia se manifestar com diarreia? 7. Ele poderia ter SHU? Justifique com sinais e sintomas. A diarreia pode ser sem sangue e qual sua causa? 8. É possível o diagnóstico diferencial entre ITU e SHU? Justifique. 9. Qual o tratamento para essa criança? HIÓTESES DIAGNÓSTICAS Gastroenterite Aguda Infecção do Trato Urinário Síndrome Hemolítico-Urêmica Sepse de foco urinário INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO Uma das infecções bacterianas mais frequentes em pediatria Definição: Crescimento significativo de bactérias no trato urinário. Pode manifestar como: Cistite: limitada à bexiga. Pielonefrite: envolvendo parênquima renal. No Lactente: Sinais clínicos inespecíficos. Principal causa de febre sem sinais aparentes. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO Importância na Infância: Apresenta morbidade aguda elevada. Sinaliza presença subjacente de anormalidades anatômicas ou funcionais do trato urinário. Danos permanentes como cicatriz renal. Hipertensão. Insuficiência Renal Crônica. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EPIDEMIOLOGIA Ocorre em 3-5% das meninas e 1% dos meninos. Sexo Feminino: 1ª ITU: aos 5 anos, com pico durante a infância e controle esfincteriano. 60-80% das meninas desenvolverão segunda ITU em 18 meses. Sexo Masculino: Maioria das ITU: no 1ª ano de vida. Mais comum nos não-circuncisados. Prevalência de ITU varia com a idade: 1º ano de vida: (♂ 2,8-5,4) : (1 ♀) > 1-2 anos: ♂ 1 : ♀ 10 KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA ETIOLOGIA Principal causa: Bactérias colônicas. ♀ : 75-95% por E. coli*, seguida de Klebsiella spp. e Proteus spp. ♂ com > 1 ano: Proteus spp. e E. coli / Gram-positivos. Staphylococcus saprophyticus e Enterococos são comuns em ambos os sexos. Pseudomonas sp: imunodeprimidos ou após manipulação do trato urinário. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA ETIOLOGIA Fungos: raras na infância. Principais fatores de risco: ATB prévio de amplo espectro e prolongado; cateteres urinários; Imunodepressão. Vírus: Grupo Polioma (BK), Adenovirus, outros. podem ocorrer como causa de Cistite Hemorrágica. Imunodeprimidos Pode acometer parênquima renal e tecidos uroepiteliais. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA FISIOPATOLOGIA Via Ascendente Maioria dos casos. Pela colonização da região perineal e uretral com bactérias da flora intestinal. Via Hematogênica Sepse e Período Neonatal (pp// se anomalias obstrutivas do trato urinário) Outras Vias de Contaminação: Instrumentação do trato urinário. Fístulas intestinais ou vaginais. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA FISIOPATOLOGIA • Enterobactérias Uropatogênicas • Flagelos • Antígenos K capsulares • Produção de Hemolisinas • Aerobactina (Fe) • Proteus (estruvita) • Raça branca • Sexo Feminino • Idade < 1 ano (RN e < 3 meses) • Ausência de cirucuncisão • Anormalidades anatômicas (RVU e obstrutivas)do TU. • Anormalidades funcionais do TU. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA FISIOPATOLOGIA Presente em 25 a 40% das crianças com primo-infecção urinária. Maior risco de evolução com cicatrizes renais. Classificado em 5 graus pelo sistema internacional de graduação. Formas mais graves (graus IV e V): predispõem à estase urinária e ao resíduo vesical após a micção associados à maior ocorrência de pielonefrite aguda e ITU de repetição. Giron, 2011; Weinberg, 2013. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA FISIOPATOLOGIA Doenças Obstrutivas do Trato Urinário: Estenose de Junção Pieloureteral (JUP) Estenose de Junção Ureterovescial Ureterocele Válvula de Uretra Posterior Perda do mecanismo de Washout urinário e maior estase urinária. Gibon, 2011. Netter, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA FISIOPATOLOGIA Distúrbios da Micção Micções muito ou pouco frequentes Urgência ou Urgeincontinência urinária Enurese Retenção Urinária Incontinência Urinária Frequentemente associam-se a ITU de repetição, pp// cistites em meninas em idade escolar. Pode induzir ou manter o RVU, pp// se houver dissinergia vesicoesfincteriana. Contribui para maior ocorrência de pielonefrite aguda e dano renal permanente. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA FISIOPATOLOGIA Constipação Intestinal Crônica: Dificulta o esvaziamento completo da bexiga e Predispõe ao resíduo vesical pós-miccional. Pela compressão da bexiga e do colo vesical. Fornece um reservatório de patógenos intestinais. Outros Fatores Predisponentes de ITU: Sondagem Vesical de Demora. Início de Atividade Sexual nas Adolescentes Presença de Corpo Estranho Instrumentação do Trato Urinário (cálculos, cateteres e procedimentos) KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA QUADRO CLÍNICO Recém-Nascidos: Inespecífico Pode ter: deficiência de ganho ponderal, irritabilidade ou letargia e anorexia. Sugerem maior gravidade: diarreia, distensão abdominal, vômitos e icterícia. Febre nem sempre está presente. Nessa faixa, sempre considerar ITU como PIELONEFRITE, sendo por vezes quadro de SEPSE. Via mais rara de aquisição: hematogênica. Ocorre mais em ♂ < 3 meses pelas anomalias do TU. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA QUADRO CLÍNICO Lactentes: Sintomatologia muito parecida com a do RN. Febre mais frequente. (Pode ser único sinal) Suspeita diagnóstica se combinação de: História prévia de ITU. Tax > 39ºC ou ∆t > 48h. (se queda do estado geral Pielonefrite) Ausência de outros sinais localizatórios para a febre. Desconforto suprapúbico. Ausência de circuncisão no meninos. Alteração do odor da urina. Choro à micção. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA QUADRO CLÍNICO Pré-escolares e Escolares: Infecções do Trato Urinário Inferior: Sintomatologia mais evidente e localizada. Disúria, polaciúria, urgência miccional, incontinência urinária Desconforto suprapúbico Febre Baixa (< 38ºC) Infecções do Trato Urinário Superior: Comprometimento do Estado Geral. Prostração Inapetência Dor Lombar Referida ou Sinal de Giordano. Dor Abdominal Febre Alta (> 38,5 a 39ºC) e Calafrios Vômitos Disúria e Polaciúria. KLIEGMAN, 2009. GIRON, 2011. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA QUADRO CLÍNICO Giron, 2011; American Urological Association, 1997; Kliegman, 2009. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA DIAGNÓSTICO Dados Clínicos Positivos: aumentam a probabilidade de ITU isoladamente não tem sensibilidade e especificidade para diagnosticar ou excluir definitivamente a ITU. Crianças e Adolescentes com Clínica e Lactentes com FSSL: EAS Testes rápidos: Leucocitúria e Bacteriúria Testes com fita de imersão na urina Urocultura (resultado em 24-72h) KLIEGMAN, 2009. ROBERTS, 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA QUADRO CLÍNICO ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA QUADRO CLÍNICO ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES Novidades da Revisão: Diagnóstico por: EAS anormal + urocultura positiva Urocultura > 50.000 UFC/ml Avaliação da probabilidade de ITU Action Statement 3. Nivel de Evidência C. EAS positivo: Fita reagente com Esterase leucocitária (+) ou Nitrito (+) Microscopia: Leucócitos + bactérias. ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES Action Statement 1 Criança febril sem sinais localizatórios que tenha indicação para antibioticoterapia, deve ter colhidos: EAS e Urocultura por Sondagem Vesical antes da administração do ATB. Nível de Evidência A CATETERIZAÇÃO Comparada a aspiração suprapúbica: Sensibilidade 95% e Especificidade 99% Requer habilidade. ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES Outros Métodos de Coleta de Urina: ASPIRAÇÃO SUPRAPÚBICA: Padrão-ouro Taxa de sucesso de 23-90% (maior com auxílio de USG) Mais dolorosa que a cateterização, mais invasiva. Escolha para meninos com fimose severa e meninas com grandes adesões labiais. SACO COLETOR: Contaminação por flora vaginal e prepúcio. Inadequado para Cultura! Muito falso-positivo (88%) Se cultura positiva, exige confirmação, porém ATB inviabiliza. ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES Action Statement 2 Criança febril não tem indicação para antibioticoterapia, então a probabilidade de ITU deve ser avaliada: Se baixa (< 1-2%): Acompanhamento clínico. Se não-baixa, há 2 opções: Sondagem para EAS e Urocultura Coleta de amostra por qualquer método para EAS e se positivo, colher Urocultura. Nível de Evidência A ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES Action Statement 5 Criança febril com ITU deve realizar USG de RINS e VIAS URINÁRIAS. Achados Anormais: 12-16% Lesão Renal Permanente (após 1 ano): Sensibilidade: 41% Especificidade: 81% Indicação Clinica: > 48h sem resposta ao tratamento, bastante acometido ou circunstâncias extenuantes. Nível de Evidência C ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA EXAMES COMPLEMENTARES Action Statement 6: Uretrocistografia não é recomendada rotineiramente após 1º caso de ITU febril, se USG normal. Se USG anormal, solicitar Uretrocistografia para avaliação da anormalidade. Nivel de Evîdência B Se ITU febril recorrente, avançar na avaliação. Nivel de Evidência X / Recomendado. ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA TRATAMENTO Novidades da Revisão, 2011: Action Statement 4 / Nivel A VO é tão eficaz quanto a EV. Escolha da droga: basear-se no padrão de sensibilidade local, ajustando segundo a sensibilidade do patógeno. ∆t: 7-14 dias. (Nivel B) Seguimento: Exame de Urina após a afecção febril. ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA TRATAMENTO ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA TRATAMENTO Fonte: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1489/infeccao_do_trato_urinario.htm INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA SEGUIMENTO Action Statement 7 Após confirmação da ITU: responsáveis pela criança deve ser instruídos a procurar prontamente avaliação médica em caso de futuro acometimento febril; assegurar que infecções recorrentes seja detectadas e tratadas imediatamente. Nivel de Evidência C. ROBERTS, Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. 2012. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA PROFILAXIA BACTERIANA Até 2011: Novo Guideline AAP, 2011: Não recomenda a Profilaxia para ITU febril recorrente em crianças sem RVU ou com RVU graus 1 a 4. ROBERTS. SBU-SP. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA Causa mais comum de insuficiência renal aguda em jovens. Tríade Clássica: Anemia hemolítica microangiopática Trombocitopenia Uremia Semelhante à PTT, exceto por esta: ocorrer em mulheres adultas jovens. Ter episódios recidivantes de febre. Comprometer significativamente SNC. Trombocitopenia KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA ETIOLOGIA Enterite Aguda com Diarreia por E. coli O157:H7 produtora da toxina Shiga-like Precede 80% ou mais dos casos. Reservatório da E. coli: trato intestinal de animais domésticos. Transmitido por carne mal cozida, leite não-pasteurizado, banho em águas contaminadas ou até contato pessoa-pessoa. Verotoxina Shiga-like: absorvida pelo intestino dá inicio à lesão das células endoteliais. KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA Outros agentes envolvidos: Shigella Bactérias: Salmonella, Campylobacter, Streptococcus pneumoniae, Bartonella. Virus: Coxsackievírus, Echovírus, Influenza, Varicela, HIV, EBV. Medicamentos: ACO Mitomicina Ciclosporina Exposição a copolímero pirano (indutor de interferon) KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA FISIOPATOLOGIA Alteração Glomerular: Espessamento das paredes capilares Numerosos trombos hialinos Alargamento do Mesângio Resultado da deposição subendotelial e mesangial de material granular e amorfo (origem desconhecida). Necrose Cortical: Pode ocorrer por trombos de fibrina nos capilares e arteríolas glomerulares. Glomérulos gravemente comprometidos evoluem para: Esclerose Parcial ou Total. Obsolência glomerular secundária à isquemia. KLIEGMAN, 2009. Isquemia por proliferação intimal concêntrica. Espessamento endotelial SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA FISIOPATOLOGIA Evento principal: LESÃO DA CÉLULA ENDOTELIAL. De capilar e Arteríolas Renais: Leva à COAGULAÇÃO localizada. Anemia Microangiopática: Resulta do dano mecânico dos eritrócitos que circulam pela vasculatura alterada. Trombocitopenia: Causada por aderência ou lesão microvascular intra-renal e difusa das plaquetas. KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA QUADRO CLINICO Mais comum em CRIANÇAS < 4 anos. Precedida por GECA em geral. Febre, vômito, dor abdominal e diarreia inicialmente aquosa, que evolui para sanguinolenta. Menos comum: precedida por IVAS. Inicio da SHU: 5 a 10 dias após GECA ou IVAS Palidez Irritabilidade Fraqueza Letargia Oligúria KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA QUADRO CLÍNICO Exame Físico: Desidratação Edema Petéquias Hepatoesplenomegalia Acentuada irritabilidade KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA DIAGNÓSTICO Considerar na: Instalação SÚBITA de IRA Historia e exame físico típicos Exames Laboratoriais CONFIRMAM. Excluir: LES e hipertensão maligna Também causam anemia hemolítica microangiopática. KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA DIAGNÓSTICO Hemoglobina: 5-9g/dl Esfregaço do sangue periférico: Células em capacete Acantócitos Eritrócitos fragmentados. Hb sérica diminuída Haptoglobina sérica diminuída Reticulocitos moderadamente aumentados. Teste de Coombs negativo. Leucocitose significativa (>30.000/mm³) Trombocitopenia (20.000-100.000/mm³) KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA DIAGNÓSTICO Exame de Urina: Achados discretos. Hematúria microscópica. Proteinúria leve. Tempo de Tromboplastina parcial e de Protrombina: Normais. Prolongamento de testes de coagulação: Relacionado mais a deficiência de vitamina K do que a CIVD. KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA DIAGNÓSTICO Manifestações Renais: Variável Leve insuficiência renal Insuficiência renal aguda oligúrica Anúria com diálise Raramente indicada biopsia renal. KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA TRATAMENTO SUPORTE Controle hidroeletrolítico Ao evitar a desidratação, previne-se lesão renal. Controle da hipertensão Nutrição agressiva Instituição precoce de diálise EVITAR ATB!! Em pacientes com enterite aguda por provável E coli O157:H7 Pode aumentar o risco de SHU. KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA PROGNÓSTICO Com tto agressivo da IRA > 90% sobrevivem à fase aguda da SHU. Morte ou doença renal crônica terminal: 12% (0-30%) HAS, Proteinúria ou Redução da Taxa de Filtração (< 80ml/min/1,73m²): 25%. Prognóstico global está associado com comprometimento renal a longo prazo quando há comprometimento do SNC (coma, AVC, convulsões) na fase aguda ou quando é necessária diálise. KLIEGMAN, 2009. SINDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA PROGNÓSTICO Fatores Preditivos de Gravidade Aguda ou Crônica: Leucocitose > 20.000 Colite isquêmica Hipertensão Aos que se recuperam da fase aguda da SHU: Acompanhamento a longo prazo Podem demorar mais de 20 anos para se manifestar: HAS IRC Proteinúria KLIEGMAN, 2009. Bibliografia: KLIEGMAN. Nelson, Tratado de Pediatria. 18ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. GIRON. Urologia Pediátrica. 1ed. Barueri, SP: Manole, 2011. (Coleção Pediatria. Instituto da Criança HC-FMUSP) ROBERTS. Revised AAP Guideline on UTI in Febrile Infants and Young Children. Am Fam Physician. 2012 Nov 15;86(10):940-946. Urinary Tract Infection: Clinical Practice Guideline for the Diagnosis and Management of the Initial UTI in Febrile Infants and Children 2 to 24 Months. Pediatrics. 2011;128;595. WEINBERG. Current management of vesicoureteral reflux in pediatric patients: a review. Pediatric Health, Medicine and Therapeutics 2013:4.