EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA DIABÉTICOS:
PREVENINDO AS COMPLICAÇÕES COM OS
PÉS
Autores: Roseanne Montargil Rocha; Verônica Rabêlo
O diabetes mellitus é um sério problema de saúde pública que afeta
de 3% a 5% da população mundial.
A educação na assistência ao pé é mais que transmitir informações,
seu objetivo primordial é a mudança de comportamento. Esta
educação envolve a pessoa diabética em todas as fases do processo
educacional, pois, para assumir a responsabilidade do papel
terapêutico, as pessoas precisam ter conhecimentos acerca daquilo
de que necessitam e que desejam.
OBJETIVO
Elaborar e implantar um Programa de Educação
permanente voltado para a prevenção do pé diabético.
METODOLOGIA
1. TIPO DE ESTUDO
Este estudo foi fundamentado em um programa educacional estruturado segundo
Davidson (2000), projetado e adaptado às condições socioeconômicas e culturais
dos diabéticos tipo 2, atendidos em uma Associação de diabéticos. O objetivo
principal deste programa foi prevenir o aparecimento do pé diabético, aprimorando
os cuidados com a saúde, em especial, a saúde dos pés dos Diabéticos.
2. AMOSTRA
55 pacientes diabéticos do tipo 2.
3. COLETA DE DADOS
A metodologia utilizada nos grupos educativos foi baseada na da problematização. A
amostra foi dividida em 3 grupos, 2 com 20 pessoas e 1 com 15, independente do
grau de escolaridade e da idade. Os objetivos do programa foram abordados através
de dinâmica interativa e o programa foi iniciado por meio de oficinas teóricaspráticas, com sessões de 60 minutos
RESULTADOS
Dos 55 sujeitos a maioria foi sexo feminino (72,7% ), na faixa etária de 60 a 79
anos (56,4% ), com tempo de diagnóstico de 6 a 10 anos (40%). Houve um
percentual elevado de hipertensão arterial (70,9%) e obesidade (60,9%), seguidos
de 50,9% pessoas diabéticas apresentaram catarata, 30,9%, doença vascular
periférica, 23,64% retinopatia e 16,4% apresentaram infarto agudo do miocárdio.
Nos 3 grupos os resultados apontaram que os diabéticos não realizam cuidados
básicos ou os fazem de maneira inadequada
1. usando calçados inadequados,
2. corte das unhas de forma errônea gerando o encravamento,
3. a não hidratação dos pés propiciando o ressecamento e a fissura, além do
hábito de andar descalço.
Quanto às alterações dermatolocais, encontramos o corte inadequado das unhas
em 92,7% (51/55), a unha encravada em 74,5% (41/55) e as unhas hipertrofiadas e
esfareladas em 54,5% (30/55) das pessoas diabéticas.
• No que se referem às alterações circulatórias, as mais encontradas
foram as varizes em 72,7% (40/55) das pessoas diabéticas, edema
em 61,8% (34/55) e pulso tibial alterado em 21,8% (12/55).
• alterações estruturais e motoras provenientes da neuropatia diabética
como calos em 100% (55/55) das pessoas diabéticas, dedo em garra
em 65,5% (36/55), elevação do dorso plantar em 61,8% (34/55) e
acentuação do arco plantar em 50,9% (28/55).
• alterações provenientes da neuropatia autonômica, constatamos a
presença de ressecamento em 92,7% (51/55) dos sujeitos
investigados e a fissura em 38,2% (21/55).
• As alterações provenientes da neuropatia sensitiva referidas foram
cãibra em 43,6% (24/55) dos sujeitos, adormecimento em 40%
(22/55), formigamento em 38,2% (21/55) e queimação em 25,5%
(14/55).
• Mais de 30% ausência sensibilidade protetora plantar.
Antes e depois da realização das oficinas de educação em saúde foi aplicado um
questionário aos diabéticos dos 3 grupos contendo 24 questões sobre o
comportamento deles em relação aos cuidados com os pés.
Este questionário abordou questões relacionadas aos seguintes cuidados com os
pés: lavar os pés diariamente; lavar os pés com sabonete adequado; esfregar os
pés com bucha macia; secar os pés com toalha macia; secar espaços
interdigitais; hidratar os pés diariamente; hidratar regiões plantar, dorsal e
calcanhar; uso de bolsa de água quente; remoção de calos; uso de calçado
aberto; estrutura do calçado; material do calçado; aspecto interno do calçado;
horário de comprar calçado; verificar calçado antes de usá-lo; uso de palmilha
no calçado fechado; andar descalço; tipo de meia; uso de meias elásticas;
retirar cutículas; corte de unhas; uso de cinta-liga; exame dos pés.
Em relação a avaliação do Programa não foi possível realizar uma vez que o tempo
entre a aprovação no CEP e o início da coleta de dados foi insuficiente para uma
reaplicação do questionário no intervalo de 6 meses.
CONSIDERAÇÕES
Este estudo nos mostra que o modo como as pessoas diabéticas interpretam os
cuidados e a complicação pé diabético, estabelece a adoção de comportamentos
na prevenção do mesmo. Isto nos aponta para a necessidade de considerarmos a
individualidade dos sujeitos e do seu meio ambiente no delineamento das
intervenções educativas.
Acreditamos que as atividades e os programas de educação em relação aos
cuidados com os pés, podem melhorar os procedimentos de assistência ao pé e
diminuir a morbidade do membro inferior, com conseqüente melhora na qualidade
de vida.
REFERÊNCIAS
• 1.AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Consensus Development
Conference on Diabetic Foot Wound Care. Diabetes Care 22(8);
1354- 1360. 1999.
• 2. PHAM R, et al. Screening Techniques to Identify People at High
Risk for Diabetic Foot Ulceration: A prospective multicenter trial.
Diabetes Care 23:606–611, 2000. J.
• 3.APELQVIST, J.; BAKKER K.; VAN HOUTUM W. H.; SCHAPER N.
C. Practical guidelines on the management andprevention of the
diabetic foot. Diabetes Metabolism Researches and Reviews;
24(Suppl 1): S181–S187, 2008.
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10.50 - Roseane Rocha