1 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – DCHS LICENCIATURA EM PEDAGOGIA CAMILA CAMARGO SENHORINHO SANTOS O IMPACTO EDUCACIONAL SOBRE AS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: UMA ANÁLISE SOBRE AS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ JI-PARANÁ 2013 2 CAMILA CAMARGO SENHORINHO SANTOS O IMPACTO EDUCACIONAL SOBRE AS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: UMA ANÁLISE SOBRE AS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Humanas e Sociais da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus de Ji-Paraná, como requisito avaliativo de conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da professora Doutora Anamaria Silveira. JI-PARANÁ 2013 3 Santos, Camila Camargo Senhorinho S237i O impacto educacional sobre as salas de recursos multifuncionais: 2013 uma análise sobre as escolas de rede estadual do município de JiParaná / Camila Camargo Senhorinho Santos; orientador, Anamaria Silveira. -- Ji-Paraná, 2013 47f. : 30 cm Trabalho de conclusão do curso de Pedagogia. – Universidade Federal de Rondônia, 2013 Inclui referências 1. Educação especial. 2. Educação – Rondônia. 3. Salas de recursos multifuncionais I. Silveira, Anamaria. II. Universidade Federal de Rondônia. III. Titulo CDU 376 Bibliotecária: Marlene da Silva Modesto Deguchi CRB 11/ 601 4 CAMILA CAMARGO SENHORINHO SANTOS O IMPACTO EDUCACIONAL SOBRE AS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: UMA ANÁLISE SOBRE AS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ Monografia apresentada à Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus de JiParaná, como requisito avaliativo para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia. Aprovado em____/_____/________ BANCA EXAMINADORA Orientadora: Anamaria Silveira – Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR Neidimar Vieira Lopes Gonzales – Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR Paulo Cesar Gastaldo Claro – Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR 5 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos aqueles que acreditam no poder da inclusão de pessoas deficientes em nossa sociedade. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me dar sabedoria. A meus pais José Senhorinho e Maria Aparecida, e a minha irmã Pâmela Sue-Ellem por me apoiarem nesta caminhada. A minha querida orientadora e amiga professora Anamaria Silveira pelos ricos ensinamentos, os levarei por toda minha vida, assim como minha admiração pela profissional e principalmente pela mulher sábia que a senhora é. Aos meus amigos da turma de Pedagogia 2009/2, foram quatro anos muito felizes ao lado de todos vocês. Aos professores do Departamento de Ciências Humanas e Sociais do curso de Pedagogia. Aos professores participantes da pesquisa, meu muito obrigada. Ao CNPq/PIBIC pelo apoio na pesquisa. 7 Nas pequenas coisas posso ver Tua mão E nas grandes lutas tens me dado Tua salvação Por Teus livramentos Por bênçãos que nem sei contar Te agradeço, estou aqui pra louvar Te agradeço, estou aqui pra louvar Por Tua misericórdia, amor e perdão Graça, bondade e restauração Paz e justiça, libertação Bênçãos que nem sei contar Fidelidade e provisão Esperança e fé, consolação Intimidade e comunhão Bênçãos que nem sei contar Te agradeço, estou aqui pra louvar Te agradeço, estou aqui pra louvar Te agradeço por me libertar e salvar Por ter morrido em meu lugar Te agradeço Jesus, te agradeço Eu te agradeço Te agradeço (Ana Paula Valadão – Bênçãos que nem sei contar) 8 RESUMO Este trabalho tem como objetivo descrever uma pesquisa realizada no período de 2012-2013 no município de Ji-Paraná/RO em escolas estaduais regulares pertencentes a Coordenadoria Regional de Educação - CRE, onde o foco de pesquisa foi o Atendimento Educacional Especializado (AEE) oferecido na Sala de Recurso Multifuncional (SRM) pelos profissionais formados na área. Desta forma, buscou-se conhecer estes espaços nas escolas pesquisadas, observou-se a assistência dada pela secretaria de educação, e conhecer através de relatos dos professores, como os mesmos estão trabalhando com competência para atender educandos com deficiência. Buscou-se inicialmente fazer um levantamento bibliográfico do histórico da educação inclusiva e em seguida, conhecer a realidade das escolas pesquisadas através da entrevista com a Coordenadora de Educação Especial, visita às escolas e coleta de informações sobre o trabalho realizado pelos professores através de entrevistas. Constatou-se que das trinta escolas estaduais regulares apenas oito possuem SRM, no entanto não pode-se afirmar que estes espaços estão sendo equipados para garantir a permanência dos educandos deficientes nas escolas e, se a formação dos professores destes espaços estão de acordo com a legislação atual. É recorrente a necessidade de implantar espaços inclusivos na sociedade e a escola é um local (se não o primeiro) onde a pessoa deficiente pode interagir com os demais membros sociais. Para entender o funcionamento da SRM na realidade local, partiu-se para a pesquisa de campo com um dos principais agentes para a efetiva inclusão escolar: o professor da SRM. Utilizou-se como metodologia na pesquisa de campo a aplicação de um questionário aberto semi-estruturado e posteriormente coleta de informações com o uso de gravadores em encontros periódicos com os professores participantes da pesquisa. Assim, pode-se observar que a inclusão de alunos deficientes é uma realidade nos espaços escolares inclusivos no município de Ji-Paraná, porém muito há que se fazer para que de fato todas as escolas possam ser inclusivas e receptivas ao aceitarem alunos deficientes, este município está caminhando e acredita-se que em nossa sociedade haverá inclusão e permanência dos educando deficientes. PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial; Salas de Recursos Multifuncionais; Atendimento Educacional Especializado. 9 LISTA DE IMAGENS Imagem 01: Cartilha “O Atendimento Educacional Especializado”........................................29 Imagem 02: Coletânea de cartilhas “A Escola Comum Inclusiva”..........................................31 10 LISTA DE FLUXOGRAMAS E GRÁFICOS Fluxograma 01: Etapas da pesquisa..........................................................................................33 Fluxograma 02: Ano de criação das ‘Salas de Recursos’ nas escolas estaduais.......................36 Fluxograma 03: Identificação Escola/Professor da SRM.........................................................38 Gráfico 01: Total de alunos deficientes nas escolas estaduais em Ji-Paraná............................37 Gráfico 02: Alunos matriculados nas escolas pesquisadas que possuem SRMs......................37 11 LISTA DE TABELAS E QUADROS Tabela 01: Dados referentes a criação de instituições para deficientes no Brasil.....................24 Quadro 01: Quantidade de questões por eixo temático.............................................................39 Quadro 02: Caracterização dos professores: Formação Inicial, Continuada e em Educação Especial.....................................................................................................................................42 12 LISTA DE SIGLAS AEE – Atendimento Educacional Especializado APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais CEE – Coordenadora de Educação Especial CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa CRE – Coordenadoria Regional de Educação IBC – Instituto Benjamin Constant INES – Instituto Nacional de Educação dos Surdos MEC – Ministério da Educação ONEESP – Observatório Nacional de Educação Especial PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica SEMED – Secretaria Municipal de Educação SR – Sala de Recurso SRM – Sala de Recuso Multifuncional 13 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 14 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 16 2 – HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL .............................................................. 18 3 – A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL .................................................................. 22 4 – METODOLOGIA ........................................................................................................ 33 5 – RESULTADOS E DISCUÇÕES.................................................................................. 35 5.1 – Entrevista com a Coordenadora de Educação Especial ................................... 35 5.2 – Caracterização dos professores das Salas de Recursos Multifuncionais ......... 40 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 47 7 – REFERENCIAS ........................................................................................................... 48 APÊNDICE ........................................................................................................................ 52 APÊNDICE 1: Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Coordenadora de Educação Especial) ............................................................................................................................. 53 APÊNDICE 2: Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Professores das Salas de Recursos Multifuncionais) ................................................................................................. 55 ANEXO .............................................................................................................................. 57 ANEXO 01: Roteiro para Caracterização dos serviços de apoio no município ............... 58 ANEXO 02: Formulário para Caracterização dos professores de Salas Multifuncionais ou de Recursos.................................................................................................................... 62 14 APRESENTAÇÃO Talvez minha trajetória na educação especial tenha começado muito antes de ingressar na Faculdade com o curso de Pedagogia. Em 1998 quando na primeira série pude estudar com um aluno surdo, mesmo que pequena tive o prazer de presenciar a inclusão escolar, infelizmente em minha trajetória escolar essa foi a única vez que estudei com um aluno deficiente. Anos mais tarde fui diagnosticada com uma deficiência visual leve que na época, se não tratada levaria a cegueira. Esses são fatos isolados, que me fez refletir sobre a educação inclusiva nos dias atuais. Dois momentos que poderiam passar despercebidos, no entanto me trazem à lembrança uma realidade hoje recorrente: a inclusão de educandos deficientes nas escolas regulares. Em 2009 quando iniciei o curso de Pedagogia tive meu primeiro contato acadêmico com a educação especial através da inserção no grupo de estudos GEIPEI (Grupo de Estudos Interativos e Pesquisas em Educação Inclusiva), este envolvimento proporcionou-me a chance de ser bolsista de Iniciação Científica de três projetos. O primeiro intitulado: “Práticas pedagógicas no processo de alfabetização crianças com Síndrome de Down”, onde o objetivo da pesquisa foi conhecer a realidade educacional do professor que tem em sua sala de aula um aluno com Síndrome de Down. O segundo projeto na mesma linha de pesquisa deu continuidade ao trabalho realizado no ano anterior, porém o foco da pesquisa foram as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores no que se refere ao currículo adaptado para o aluno com Síndrome de Down, sendo esta pesquisa intitulada: “Experiências compartilhadas no processo de alfabetização de alunos com Síndrome de Down (SD) nas escolas regulares no município de Ji-Paraná/RO”. A terceira pesquisa teve foco no Atendimento Educacional Especializado (AEE) ministrado nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs) nas escolas regulares no município de Ji-Paraná, tendo como título: “Necessidades de intervenção nas Salas de Recursos Multifuncionais em âmbito estadual no município de Ji-Paraná”, todas as pesquisas sob orientação da Profª Drª Anamaria Silveira. As pesquisas na área da Educação Inclusiva vêm crescendo e cada dia, os pesquisadores deste campo tem mostrado o impacto da inclusão escolar em nossa sociedade, atualmente há no Brasil duas faculdades que formam profissionais na área da Educação Especial, sendo a Faculdade de Santa Maria (RS) e a Universidade Federal de São Carlos (SP), sendo gestado nesta ultima faculdade com a Profª Drª Enicéia Gonçalves Mendes o projeto de pesquisa “Observatório Nacional de Educação Especial – ONEESP” (Projeto 039, edital nº 38/2010/CAPES/INEP) tendo como foco a produção de pesquisas integradas sobre 15 políticas pública direcionadas especificamente na área da inclusão escolar de alunos deficientes, tendo como objetivo avaliar nacionalmente o programa de implantação das Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs) promovida pelo MEC. O município de Ji-Paraná através da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Campus de Ji-Paraná, com a pesquisadora Profª Drª Anamaria Silveira faz parte desta pesquisa com os projetos: “Observatório Municipal de Educação Especial” e “Observatório Estadual de Educação Especial”. O primeiro projeto iniciou-se em 2010 com escolas regulares da rede municipal de ensino e no ano de 2012 começaram-se as pesquisas em escolas estaduais regulares A presente pesquisa faz parte deste ultimo projeto e discorre minha experiência como participante do “Observatório Estadual de Educação Especial”, contribuindo com pesquisas para o entendimento do trabalho realizado nas Salas de Recursos Multifuncionais através do Atendimento Educacional Especializado. 16 1 - INTRODUÇÃO O que é uma sociedade inclusiva? Ou, o que seria uma escola inclusiva? Compreendese que só é ‘incluído’ aquele que fora ‘excluído’. A partir dessa palavra inclusão que gostaria de começar esse trabalho, mais especificamente a inclusão escolar. Ao longo dos anos, nossa sociedade vem incluindo grupos minoritários que antes ela não cogitava sequer o pensamento da inserção. Através das mudanças e transformações sociais que muitos agentes estão participando dos ricos momentos de interação entre os pares. No Brasil, desde o período Imperial vem sendo pensada essa aceitação de grupos de pessoas diferentes, de pessoas heterogêneas, singulares no seu modo de ser ou agir. A partir da criação de dois institutos especializados para pessoas com deficiência, que começou a ser analisada a possibilidade de ensinar esse público, deste modo foram criados respectivamente o: Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 1854 (atual Instituto Benjamin Constant – IBC), e o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos em 1857 (hoje Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES) ambos no Rio de Janeiro. Foram atitudes isoladas que dedicou-se ao ensino de meninos e meninas como um meio de ‘prepara-los para o mercado de trabalho’. No entanto esses institutos não atenderam a parcela total de cegos e surdos no país, pois tinha como foco o caráter assistencialista de educação que ‘privilegiava’ poucos pobres e garantia a educação daqueles que podiam pagar por um ensino de qualidade. O assistencialismo foi por muito tempo uma marca da educação especial assim como as ações políticas, pois a criação dos dois institutos foi uma iniciativa de Dom Pedro II que ocorreu devido aos “favores” prestados à Corte (JANNUZZI, 2004; TEZZARI, 2002). Anos depois, após a proclamação da republica começou a ser pensada a educação dos ‘menos favorecidos’ e a Constituição de 1934 afirma “Educação gratuita a todos”, começando então a preocupar-se também com a educabilidade de pessoas deficientes. Desta forma, foram criadas duas instituições que foram responsáveis pelo reconhecimento à educação da pessoa com deficiência, sendo a Sociedade Pestalozzi em 1934 e as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE em 1954 (MILANESI, 2012). Portanto, a partir de situações isoladas que um grupo ‘minoritário’ (embora a parcela de deficientes fosse grande, essas pessoas ficavam escondidas da sociedade) foi incluído em nossa sociedade através das escolas. Assim, refletindo sobre essa introdução pode-se analisar que embora a sociedade fosse excludente, através da instituição escolar que a quebra de paradigmas ocorre, pois é pela e na escola que há as ricas trocas de experiências. 17 Analisando então sobre este espaço social, chamado escola e a inclusão do deficiente na mesma, propôs-se pesquisar um local que nos dias atuais vem sendo um dos auxílios para o professor da sala regular no que tange ao ensino e a aprendizagem de alunos deficientes: As Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) onde ocorre o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Foi através de debates e lutas de pais, professores, pesquisadores que as legislações para auxiliar na inclusão/ensino/aprendizagem do educando deficiente foram criadas, pois desde a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em 1961 através da Lei nº 4.024/61 que ao utilizar a nomenclatura ‘excepcionais’, começou o movimento de ‘integração’ deste público nas escolas. Com a ùltima LDBEN Lei nº 9.394/96 que dedicou um capítulo todo ao falar da educação do deficiente, formação de professor e do apoio especializado através do Atendimento Educacional Especializado, que nos dias atuais os deficientes estão realmente incluídos. Assim, pode-se perceber que houve um grande avanço no Brasil, sobre a educação do aluno deficiente e o cuidado que o mesmo deve receber durante seu período escolar, através de apoios especializados que auxiliem o professor da sala regular no ensino deste educando. No entanto é verdade que muitas atitudes devem ser mudadas, mudanças atitudinais, de pensamentos e concepções sobre a educação deste público. É verdade que a quebra de (pré)conceitos é o único caminho para nos tornarmos uma sociedade verdadeiramente inclusiva que não apenas ‘inclui’ o deficiente, mas faz com que este faça parte da sociedade como um todo, afinal eles vem mostrado o seu potencial e também o quanto são capazes de nos ensinar, basta apenas estarmos dispostos a aprender. 18 2 - HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL A educação do deficiente começou a ganhar destaque a partir das iniciativas de médicos, que acreditaram na possível inclusão do deficiente na sociedade e na escola. Começaram então um trabalho contínuo com esse público a partir da visão médica de reabilitação para a visão pedagógica de aprendizagem. O resgate da história da educação especial, assim como de personagens históricos que fizeram, na sua trajetória de vida, o deslocamento da medicina para a pedagogia, pode possibilitar a compreensão das recentes alterações que envolvem o professor especializado em educação especial, minimizando os aspectos clínicos de sua atuação e priorizando aqueles pedagógicos. (TEZZARI, 2009, p.23) A autora enumera quatro ‘médicos-pedagogos’ como sendo os primeiros a pesquisar os deficientes com uma visão de médicos à professores, pois começou-se a analisar a inserção deste público não apenas na sociedade, mas também na escola. A partir do século XVII começou a surgir instituições como manicômios, casas de repouso, lares específicos que cuidavam da saúde e ‘socialização’ de pessoas acometidas por doenças mentais ou perturbações psicóticas, e devido a falta de conhecimento específico na área, os deficientes foram inseridos nestes locais como uma forma de escondê-los do convívio social. No século XVIII começou uma mudança de pensamento sobre os deficientes, e na Europa (mais precisamente na França) inicio-se um processo de educação para pessoas cegas e surdas através de institutos especializados (JANNUZZI, 2004; TEZZARI, 2002 e 2009) Essas instituições ofereciam escolarização àqueles cujas deficiências os impediam de usufruir de processos regulares de ensino, mesmo sendo estes ainda muito restritos. As deficiências sensoriais foram as primeiras a receber intervenções educacionais específicas, visando, principalmente, a garantir a comunicação dessas pessoas. Tratava-se de iniciativas isoladas, sem uma proposta pedagógica estruturada. (TEZZARI, 2009, p.26-27) Nestas instituições eram valorizadas as aptidões para o trabalho manual que restringia o conhecimento desse público para outros afazeres mais ‘complexos’. Se por um lado as deficiências sensoriais ganham destaque sendo tema de um estudo mais profundo, a educação da pessoa com deficiência mental1 foi sendo esquecida e apenas os mais ‘aptos’ podiam sair 1 Nomenclatura utilizada na época. 19 da reclusão dos asilos para frequentar a sociedade, Tezzari (Op. cit.) cita Binet e Simon como dois estudiosos que começaram a ter uma visão mais integracionista ao afirmar que as pessoas mais ‘atrasadas’ permaneceriam em asilos e as mais ‘sociáveis’ poderiam frequentar a escola: A atenção voltou-se somente para os sujeitos que teriam possibilidades de ingressar na escola, pois os dois estudiosos não consideravam necessário investir no trabalho com aqueles que eram vistos como ineducáveis, ficando então a cargo dos médicos. Com o emprego da escala métrica dos estados inferiores de inteligência (como foi denominada), aconteceu um recrutamento sistemático, no interior das escolas primárias, daqueles alunos considerados como possíveis de progressos, para serem incluídos em classes denominadas “de aperfeiçoamento”. Dessa forma, as classes e as escolas especiais tornaram-se as instituições intermediárias entre o hospital e as classes comuns. O trabalho nessas instituições era orientado para os trabalhos manuais e os exercícios repetitivos, práticas muito comuns ainda hoje em escolas especiais. (Ibidem, p.28) Aos médicos ficou então o cuidado não apenas do deficiente, mas também de indisciplinados, com dificuldades no aprendizado, o deficiente mental leve, e outra parcela que passou a ser aceita em escolas especiais para que fossem pesquisadas mais a fundo suas dificuldades. Um médico francês é considerado nos dias atuais por parte dos pesquisadores da educação especial como o ‘pioneiro’ ao ver possibilidade na educação de um idiota2 como Victor, também conhecido como o “Selvagem de Aveyron”. Jean Itard não era médico, mas com o período da Revolução Francesa, foi encaminhado para trabalhar em um hospital militar e sendo bem sucedido neste local, continuou seus estudos e tornou-se médico cirurgião (Ibidem.) Tezzari (2009) em sua tese de doutorado propôs-se pesquisar vida e obra de quatro médicos/pedagogos: Jean Itard, Edouard Séguin, Maria Montessori e Janusz Korcrzak, que são referencias no trato a educação do deficiente, pois além de suas obras terem o caráter pedagógico, são experiências que foram únicas em meio a uma sociedade que não considerava a educação de pessoas ‘diferentes’ do padrão social. No entanto aqui será realizada uma pequena exposição dos trabalhos do primeiro médico, por ser considerado seu trabalho inicial como um marco da educação inclusiva. 2 Os idiotas eram aquelas pessoas que os médicos da época identificavam como alguém incurável sem cogitar a possibilidade de uma educação. 20 Itard começou a trabalhar no Instituto Nacional dos Surdos-Mudos3 por volta de 1800 em Paris, e neste mesmo ano um menino encontrado na floresta de Aveyron fora levado para este instituto por ser considerado um idiota. Pinel (médico psiquiatra) diagnosticou o selvagem como idiota, diferentemente de Itard que considerou o selvagem uma criança sem deficiência que apenas foi criado longe da civilização. Desta forma, ficou aos cuidados de Itard a educação do menino, haja vista que este médico teve grande destaque na educação dos Surdos-Mudos sendo o médico-chefe do instituto, que propôs-se ensinar a leitura labial aos alunos daquele local. O caso de Victor4 não foi o único caso de criança encontrada longe do convívio com a sociedade, mas é o caso mais pesquisado por haver uma quantidade significativa de documentos oficiais e confiáveis, Itard foi cuidadoso em descrever todos os progressos de Victor. Destaca-se então um relatório após nove meses de educação com Victor (a guarda da criança fora entregue a Itard com prazo determinado pelo Governo da França a fim deste médico cuidar da educação do garoto), com o tema: “Da educação de um homem selvagem ou dos primeiros desenvolvimentos físicos e morais do jovem Selvagem de Aveyron” (Ibidem, p.56), após o relatório, o médico afirmou que conseguiria um grande progresso de Victor, necessitando apenas de mais tempo com o garoto, assim, devido a notoriedade das pesquisas foi entregue a guarda total de Victor para o Jean Itard e sua governanta Madame Guérin, até o final de sua vida com o auxílio financeiro do governo francês. Sobre a educabilidade de Itard com Victor, Tezzari (2009) afirma que: Ao se deparar com um menino que foi privado durante anos do convívio com a civilização, acreditou que suas características eram consequência do próprio isolamento e não de um quadro de idiotia. Propôs-se então a educálo e baseou-se, ao elaborar seu plano de desenvolvimento, nas teorias em que acreditava [...] E assim ele iniciou sua empreitada. Ao ler seus relatórios percebe-se que sua intervenção junto ao menino foi a de um professor, e não aquela de um médico. Incontáveis atividades foram propostas, assim como a criação de materiais para o desenvolvimento das mesmas. Todavia, nem todos os objetivos foram alcançados, ou talvez, alguns deles não tinham sido alcançados de forma plena, mas em parte, dentro das possibilidades que Victor apresentava naquele momento e em acordo com a metodologia empregada. Ao desenvolver seu experimento com Victor, o “médicopedagogo” foi extremamente fiel e rígido na aplicação dos princípios teóricos nos quais acreditava. (p.80) 3 Surdos-Mudos era a nomenclatura utilizada na época para denominar pessoas surdas, que em alguns casos eram consideradas como idiotas (deficientes mentais) 4 Nome foi escolhido pelo próprio menino, pois de acordo com a governanta de Itard, o selvagem tinha uma sensibilidade ao som da letra ‘o’, e após a pronuncia de vários nomes masculinos, ‘Victor’ foi o nome que fez com que o garoto olhasse para a Mme Guérin. 21 Assim, os trabalhos de Itard foram conhecidos não apenas na França, mas em outros países do mundo, com a iniciativa da educação dos Surdos-Mudos, começou também a ser pensada a educação dos Cegos por volta do século XVIII por Valentin Haüy ao utilizar letras em madeira para auxiliar pessoas que ficavam cegas em idade avançada. Haüy fundou em 1784 o Instituto dos Jovens Cegos em Paris, onde Louis Braille (francês que ficou cego aos três anos de idade) estudou e no futuro atuou como professor, Jannuzzi (2004) destaca que Braille, [...] encontrou 14 livros com caracteres em relevo e raramente usados pelos alunos, devido à própria dificuldade de manuseá-los. Foi então que Braille teve contato com o sistema de Charles Barbier, oficial da armada francesa, que inventara um código em 1819, a parir de pontos, a fim de que houvesse comunicação noturna em campo de batalha. Então, a partir desse sistema, Braille, em 1824, desenvolveu o sistema que recebeu seu nome. É interessante notar que, apesar de ser professor no instituto e morar ali durante toda a sua vida, só teve sua criação oficialmente aprovada dois anos após sua morte, em 1854. (JANNUZZI, 2004, p. 29) A partir desses dois momentos na história da educação especial, começou a ser trabalhada uma forma de ensinar aos cegos à leitura e aos surdos a comunicação. É importante destacar que Itard como foi descrito, ensinou a técnica de leitura labial aos surdos e anos mais tarde foi a favor da utilização de gestos, este não foi o precursor da Língua de Sinais, porém foi um dos pesquisadores que foram a favor da utilização de tal técnica para que a comunicação entre surdos e ouvintes fosse efetivada. Também é importante destacar a proximidade das datas de tais acontecimentos, pois a França após a revolução francesa oportunizou grandes avanços principalmente na educação do deficiente. Deste modo, podemos perceber que a educação do deficiente começou com algumas poucas atitudes isoladas na França, pensando na educabilidade de pessoas com deficiências sensoriais, embora Séguin tenha se dedicado ao cuidado da educação do idiota (será mantida a nomenclatura original), há poucos estudos sobre sua biografia, sendo difundido por Maria Montessori e Désiré Magloire Bourneville, tendo este ultimo uma notoriedade com as crianças de Bicêtre em Paris. (JANNUZZI, 2004; TEZZARI, 2009). Na próxima sessão será discorrida a educação do deficiente no Brasil, como as legislações favoreceram a integração e como a inclusão é considerada hoje um dos mais importantes meios para uma educação de qualidade que privilegie o conhecimento adquirido com o processo de interação entre os pares de um mesmo espaço: a escola comum inclusiva. 22 3 – A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL Ao refletir sobre a inclusão educacional de pessoas com deficiência nas escolas regulares, precisa-se inicialmente entender como ocorreu essa ‘inclusão’ de fato. Através de atitudes isoladas com caráter político, que começou a considerar ser possível a educação para pessoas cegas e surdas, ficando apenas essas duas deficiências sensoriais sobre o enforque da educação, pessoas com deficiências físicas ou intelectuais não tinham o mesmo direito, em alguns casos reclusos do convívio com a sociedade. As poucas iniciativas de inclusão escolar no Brasil começaram ainda no período Imperial, pois a Constituição de 1824 afirma ser direito do cidadão “instrução primária e gratuita a todos” (JANUZZI, 2004). De acordo com a autora, essa mesma constituição em seu artigo 8º protegia a sociedade do adulto com deficiência privando a este o “direito político”. Souza (1991) Apud Jannuzzi (2004) afirmou que a educação do deficiente iniciou no ano de 1730 em Vila Rica na Irmandade de Santa Ana onde havia “uma casa de expostos e asilos para desvalidos” (JANNUZZI, 2004, p.8). Nesta mesma linha de pensamento (religioso e assistencialista), foram então criadas as “Santas Casas de Misericórdia” que seguiam uma atitude europeia de cuidado e atendendo os pobres. Através da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, e a partir de 1717 com a criação de um hospital começaram a receber e aceitar crianças com até sete anos de idade. Em muitos casos havia crianças abandonadas e acredita-se que muitas delas possuíam anomalias ou deficiências. Pode-se supor que muitas dessas crianças traziam defeitos físicos ou mentais, porquanto as crônicas da época revelavam que eram abandonadas em lugares assediados por bichos que muitas vezes as mutilavam ou matavam. O abandono da infância tem sido procedimento antigo entre nós, tanto que, já no final do século XVII, há pedido de providências ao rei de Portugal feito pelo governador da província do Rio de Janeiro, Antonio Paes de Sande, “contra os atos desumanos de se abandonar crianças pelas ruas, onde eram comidas por cães, mortas de frio, fome e sede” (Op. cit., p.9) Assim, a criação das Santas Casas de Misericórdia foram importante para o cuidado de crianças abandonadas, as “rodas dos expostos” também foi uma iniciativa para que as crianças enjeitadas (nome utilizado na época para designar crianças abandonadas) fossem entregues aos cuidados da igreja, a autora citada ainda afirma que essa atitude “[...] poderia ter facilitado a entrada de crianças com alguma anomalia, ou cujos responsáveis não os desejam ou estavam impossibilitados de criá-los, por vários motivos” (Op. cit. Loc. cit.) 23 A partir dessas atitudes, as crianças enjeitadas teriam o direito a educação e no caso das meninas um casamento, os meninos permaneciam em seminários até atingirem a idade para trabalhar ou eram enviados à Marinha. No entanto, os doentes mentais mais graves ficavam reclusos do convívio com a sociedade. A primeira atitude que contemplou a educação dos Surdos-Mudos5 foi através do deputado Cornélio França em 1835 que apresentou um projeto onde era proposta a criação de um cargo específico para professores ensinar ‘as primeiras letras’ aos surdos-mudos (JANNUZZI, 2004), sendo arquivado. Foi apenas em 1854 que foi criado através do decreto nº 1.428 o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, e 1881 mudou-se o nome para Instituto Benjamin Constant – IBC. Através do cego José Álvares de Azevedo (que estudou em Paris no Instituto dos Jovens Cegos, criado por Valentin Haüy), que voltou para o Brasil no ano de 1851, traduziu e publicou um livro denominado “História do Instituto dos Meninos Cegos”, pois ficou impressionado com o descaso das pessoas cegas neste país. Porém, foi a partir do médico José Francisco Xavier Sigaud, que conheceu a obra de Azevedo e o convidou a alfabetizar sua filha Adèle Marie Louise (cega), mas foi através de Couto Ferraz (amigo do Imperador) que encaminhou o projeto de criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos que começou a acreditar na educação dos deficientes, com a iniciativa (inicialmente política) de cuidar da educação de pessoas cegas. Sigaud foi o primeiro diretor do Instituto, foi substituído por Claudio Luiz da Costa que também tinha uma filha cega, a qual o professor de matemática Benjamin Constant casou-se anos mais tarde e tornou-se o diretor deste instituto pelos próximos vinte anos até sua morte. Em 1857 voltou-se a falar sobre a educação do surdo-mudo, porém também foi com atitudes políticas através do Frances Edouard Hüet, professor surdo que fora recomendado pelo ministro da Instrução Pública e após ser apresentado ao imperador começou a educar um menino de 10 anos e uma menina de 12 (JANNUZZI, 2004). No entanto, essas atitudes de educação contemplaram apenas as camadas mais altas da Corte, pois a maioria das pessoas surdas ou cegas não conseguia pagar por um ensino de qualidade, nem mesmo as pessoas sem deficiência conseguiriam uma vaga nas escolas públicas da época. O Brasil, ainda era um país com o lucro totalmente agrário que tinha o apoio do setor rural, não necessitava que suas classes populares fossem letradas, assim: 5 Optou-se por permanecer neste trabalho as nomenclaturas usadas na época. 24 [...] durante muito tempo o acesso à educação foi muito restrito. Na medida em que o Brasil foi um país essencialmente agrário até o princípio do século XX, com cultivo ainda feito à base de instrumentos rudimentares, não era preciso que a população fosse alfabetizada. Convém acrescentar que nesse meio rural, não alfabetizado, onde vivia a maior parte da população do país até a primeira metade do século XX, muitas pessoas com deficiência ou passavam despercebidas ou podiam desempenhar muitas das atividades daquele meio. Talvez isso possa explicar, em parte, porque as primeiras instituições especializadas destinaram-se a cegos e surdos, uma vez que essas deficiências poderiam ter efeitos mais significativos na vida produtiva e de relações dos sujeitos naquele período. (TEZZARI, 2009, p. 89) No entanto, poucas atitudes foram notadas quanto ao cuidado das pessoas com deficiência mental e os documentos publicados na época não fazem referencia ao local exato onde começou a ser cogitada a educação deste público, tem-se o registro do ‘Pavilhão Bourneville’ que se dedicava ao cuidado de algumas crianças, que eram influenciados pelas atitudes do médico Dêsiré Magloire Bourneville. Jannuzzi (2004) analisando documentos oficiais do MEC datado em 1975, obteve os seguintes dados sobre a criação de instituições para o cuidado com os deficientes sendo: 1874/1989 15 anos 2 instituições para deficientes mentais 6 instituições para outros (de visão e/ou audição e/ou múltiplo) 1889/1920 31 anos 7 instituições para deficientes mentais 8 instituições para outros 1920/1929 9 anos 7 instituições para deficientes mentais 6 instituições para outros Tabela 01: Dados referentes a criação de instituições para deficientes no Brasil. Fonte (JANNUZZI, 2004, p.28) Portanto, pode-se perceber que em 55 anos, poucas instituições para o cuidado dos deficientes mentais foram criadas, a autora ainda afirma que as escolas localizavam-se nos estados de “São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul as com maior número (cinco)” (Op. cit. Loc. cit), no entanto há afirmações que antes desse período “[...] a norma era recebê-los em instituições psiquiátricas, misturados com adultos qualificados como loucos” (ALVIM, 1967, Apud JANNUZZI, 2004, p.28). Muitas pessoas deficientes eram tratadas como doentes e recebiam o atendimento como tal, em poucos casos (casos de deficiência mental leve) essas pessoas poderiam viver harmoniosamente em sociedade. A dificuldade com o cuidado e a educação do deficiente que pode ter dado início ao interesse de médicos nessa área em específico. 25 O despertar dos médicos nesse campo educacional pode ser interpretado como procura de respostas ao desafio apresentado pelos casos mais graves, resistentes ao tratamento exclusivamente terapêutico, quer no atendimento clínico particular, quer no, muitas vezes, encontros dolorosos de crianças misturadas às diversas anomalias nos locais que abrigavam todo tipo de doentes, inclusive os loucos. (JANNUZZI, 2004, p. 31) As iniciativas médicas vêm influenciando a área da educação especial desde aquela época, inclusive o nome “educação especial” vem de uma atitude de educação em hospitais principalmente no Pavilhão Bourneville que havia uma classe de ensino emendativo onde as crianças eram separas por sexo e por graus de suas patologias, no entanto para estudar nestes locais era necessário que as crianças passassem por um perito policial que fazia o diagnóstico, a autora ainda afirma que em muitos casos, a deficiência era caso de polícia. Em São Paulo fora construído um hospital psiquiátrico que recebera em muitos casos crianças e adultos para ensinar-lhes entre outras coisas a higiene e vida independente, a autora ressalva: Percebo que esses pavilhões anexos aos hospitais psiquiátricos, nascidos sob a preocupação médico-pedagógico, mantêm a segregação desses deficientes, continuando, pois a patentear, a institucionalização a segregação social, mas não apenas isso. Há a apresentação de algo esperançoso, de algo diferente, algumas tentativas de não limitar o auxílio a essas crianças apenas ao campo médico, à aplicação de fórmulas químicas ou outros tratamentos mais drásticos. Já era a percepção da importância da educação; era já o desafio trazido ao campo pedagógico, em sistematizar conhecimentos que fizessem dessas crianças participantes de alguma forma da vida do grupo social de então. Daí as viabilizações possíveis, desde a formação de hábitos de higiene, de alimentação, de tentar se vestir, etc. necessários ao convívio social. Elas colocam de forma dramática o que se vai estabelecendo na educação do deficiente: segregação versus integração na prática social mais ampla (Op. cit., p.38) Através da fala da autora pode-se perceber uma tomada de pensamentos ‘integracionistas’ ou seja, começou-se a cogitar a possibilidade de uma pessoa deficiente mental estar na sociedade e poder estudar em escolas regulares, longe dos centros psiquiátricos. As poucas instituições criadas para educar o deficiente mental tinha em seu cunho o caráter filantrópico e assistencialista, no entanto deve-se reconhecer a importância desses espaços pois foram a partir dessas instituições especializadas que o deficiente começou a ser inserido em nossa sociedade. A constituição de 1934 impõe o direito à educação sendo de todos, e neste mesmo ano foi criada no Brasil a Sociedade Pestalozzi e anos depois a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais em 1954. 26 A denominação do Governo Federal “Excepcional” foi realizada através de campanhas para promover o direito à educação de todos, sem distinção (MILANESI, 2012), e em 1961 com a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 4.024/61 em seus artigos 88 e 89 afirma que: Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que fôr possível, enquadra-se no sistema geral de educação, a fim de integra-los na comunidade. Art. 89. Tôda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudo, empréstimos e subvenções. (BRASIL, 1961, p. 15) A iniciativa da integração do excepcional em nossa sociedade não ocorreu por livre espontaneidade, Jannuzzi (2004) ainda afirma que: A defesa da educação dos anormais foi feita em função da economia dos cofres públicos e dos bolsos dos particulares, tendo em vista que essas pessoas seriam incorporadas ao trabalho. Também isso redundaria em benefício dos anormais, já que o desenvolvimento de métodos e processos com os menos favorecidos agilizaria a educação daqueles cuja natureza não se tratava de corrigir, mas de encaminhar. (p.53) A partir da aprovação da segunda LDBEN Lei nº 5.692/71 em seu Art. 9º afirma que “os alunos que apresentam deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial [...]” (BRASIL, 1971, p.3). Nesse período o pensamento vigente era o da integração e não da inclusão. Ou seja, integrar o aluno deficiente na sociedade através de escolas especiais ou até mesmo classes especiais, diferente da Constituição Federal de 1988 em seu Art. 208, afirma ser dever do Estado a garantia do Atendimento Educacional Especializado “preferencialmente” na rede regular de ensino, ou seja, será dado ao deficiente o direito ao estudo em uma escola regular pública. Em 1990 várias atitudes foram marcantes no tocante a educação da pessoa com deficiência, destaca-se o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90 em seu Art. 54, inciso III institui: “Atendimento Educacional Especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1990, p.13). Nesta mesma década várias iniciativas políticas merecem destaque como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), Declaração de Salamanca (1994) e a atual LDBEN, Lei nº 9.394 de 1996, a 27 qual esta ultima merece destaque por dedicar seu Capítulo V aos educandos deficientes afirma em seus Art. 58 e 59: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. [...] Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; [...] (grifo nosso) (BRASIL, 1996, p. 25) Destacam-se então duas partes da Lei nº 9.394/96 sendo o Atendimento Educacional Especializado e a formação do professor para o atendimento especializado. Dessa forma, o aluno deficiente passou a ser integrado na escola regular através de salas especiais, e os professores passaram a ter formação específica para tal. Foram criados então no Brasil cursos para o professor específico da Educação Especial. Em 2001 através da Resolução CNE/CEB nº 02 que trata especificamente da educação dos alunos com necessidades educacionais especiais, afirma em seu Art. 3º que: Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica. (BRASIL, 2001, p.1) Complementando assim, em seu artigo 8º que os “serviços de apoio pedagógico especializado em salas de recursos, nas quais o professor especializado em educação especial realize a complementação ou suplementação curricular, utilizando procedimentos, equipamentos e materiais específicos;” (p. 3). Surge então a partir deste ano a figura do profissional especialista em “Atendimento Educacional Especializado” para auxiliar o educando deficiente na escola regular. 28 No ano de 2004 a Lei nº 10.845/04 Institui o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência, que passa a contar com o apoio financeiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), e o Edital nº 1 de 2007 é publicado o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, sendo então o local onde o Atendimento Educacional Especializado deve ocorrer. Tal programa foi criado com o intuito de atender uma grande demanda de alunos deficientes, com transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, através das salas de Tipo I (400 salas) e Tipo II (100 salas) equipadas com materiais específicos, onde o Governo Federal assume o compromisso de implantar essas salas e cabem as escolas dos municípios contemplados e o Distrito Federal: e.1) disponibilização do espaço físico e dos profissionais para atuarem no atendimento educacional especializado; e.2) instalação e a garantia de funcionamento da Internet e dos equipamentos; e.3) acompanhamento do processo educacional dos alunos com necessidades educacionais especiais; e.4) formação continuada dos professores para o uso das tecnologias e materiais específicos da sala de recursos multifuncionais; e.5) conservação e manutenção dos bens disponibilizados. (BRASIL, 2007, p.3) A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEE-EI) de 2008, reintera que o Atendimento Educacional Especializado – AEE deverá ser ministrado por um professor com formação específica na área, tendo como local a Sala de Recurso Multifuncional – SRMs, ou Salas de Recursos (Salas de Recursos – SR, são espaços que atendem uma determinada deficiência como a cegueira, surdez, etc., o professor lotado neste espaço realiza do curso em AEE, no entanto especializa-se na área que chame sua atenção). Milanesi (2012) afirma que o AEE será oferecido na educação infantil, na etapa obrigatória de escolaridade (Ensino Fundamental e Médio), Educação de Jovens e Adultos (EJA), educação indígena e educação superior. Através do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, o professor do AEE pôde realizar a formação continuada em serviço na modalidade à Distância, para isso ele recebeu cinco cartilhas, sendo os temas: Aspectos Legais e Orientação Pedagógica; Deficiência Física; Deficiência Mental; Deficiência Visual e Pessoa com Surdez. Sobre a cartilha: Aspectos Legais e Orientação Pedagógica, traz como instrução “[...] orienta o Atendimento Educacional Especializado nas salas de recursos multifuncionais em turno oposto ao frequentado nas turmas comuns [...]”(FÁVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 5), sendo um curso na modalidade a distância, onde cada cartilha tem ênfase em uma área da deficiência, são estruturados para apoiar a 144 municípios-pólos, as autoras afirmam: 29 A maioria das escolas ainda está longe de se tornar inclusiva. O que existe em geral são escolas que desenvolvem projetos de inclusão parcial, os quais não estão associados a mudanças de base nestas instituições e continuam a atender aos alunos com deficiência em espaços escolares semi ou totalmente segregados (classes especiais, escolas especiais). (Op. cit., p. 45) Desta forma, de acordo com essas instruções, o professor realizava curso em Atendimento Educacional Especializado e têm habilitação para trabalhar com alunos deficientes, na imagem 1, são mostrado as cartilhas. Imagem 1: Cartilhas “O Atendimento Educacional Especializado”. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos. Em Janeiro de 2008 foi aprovada a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva que reintera a Constituição Federal de 1988 afirmando que a Educação Especial não pode ser substitutiva ao ensino comum regular e o aluno deficiente tem o direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) em todas as etapas da escolarização e inclusive no ensino superior. No ano seguinte, é aprovada a Resolução nº 4 de 2009, onde deixa explícito em seu Art. 4º, incisos I, II e II que faz parte do público-alvo do AEE, sendo: 30 I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial. II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação. III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade. (BRASIL, 2010, p. 70) O Art. 5º desta mesma Lei, estabelece que o AEE será realizado nas SRMs na escola que o aluno deficiente está matriculado e não havendo este espaço em sua escola, poderá frequentar o AEE na escola mais próxima de sua casa, instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos, desde que estes espaços sejam conveniados às Secretarias de Educação. E, de acordo com o Art. 13 desta mesma resolução, o professor deverá ter formação em AEE, para: I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial; II – elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade; III – organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV – acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; V – estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; VI – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação; VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares. (Op. cit. p.72) Assim, em 2010 é difundido um novo olhar para a Educação Especial, o MEC (Ministério da Educação) através da Secretaria de Educação Especial, lança a coletânea de livros “A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar – A Escola Comum Inclusiva”, onde o (novo) professor da Educação Especial será habilitado para o AEE, no entanto, este estará mais apto para realizar os atendimentos, de acordo com o fascículo: A 31 Escola Comum Inclusiva “[...] a Política enseja novas práticas de ensino com vistas atender as especificidades dos alunos que constituem seu público alvo e garantir o direito à educação a todos.” (ROPOLI et. al., 2010, p.6). Esta nova política denomina o profissional ligado diretamente com a educação especial como Professor da Educação Especial, se antes o professor era especialista em uma única deficiência, agora “[...] suas atividades desenvolvem-se, preferencialmente, nas escolas comuns, cabendo-lhes, no atendimento educacional especializado aos alunos, público alvo da educação especial [...]” (Op. cit., p.23). A partir da nova perspectiva, o professor terá formação específica, sendo os assuntos tratados: A Escola Comum Inclusiva; O Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Deficiência Intelectual; Os Alunos com Deficiência Visual: Baixa Visão e Cegueira; Abordagem Bilíngue na Escolarização de Pessoas com Surdez; Surdocegueira e Deficiência Múltipla; Recursos Pedagógicos Acessíveis e Comunicação Aumentativa e Alternativa; Orientação e Mobilidade, Adequação Postural e Acessibilidade Espacial; Livro Acessível e Informática Acessível; Transtornos Globais do Desenvolvimento; Altas Habilidades / Superdotação. Imagem 2: Coletânea de cartilhas “A Escola Comum Inclusiva”. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos. 32 O professor do AEE, de acordo com a Resolução nº 4 de 2009 desenvolve um plano de atendimento específico para seu aluno deficiente atendido na SRM, tendo como conteúdos e recursos: São conteúdos do AEE: Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e LIBRAS tátil; Alfabeto digital; Tadoma; Língua Portuguesa na modalidade escrita; Sistema Braille; Orientação e mobilidade; Informática acessível; Sorobã (ábaco); Estimulação visual; Comunicação alternativa e aumentativa - CAA; Desenvolvimento de processos educativos que favoreçam a atividade cognitiva. São recursos do AEE: Materiais didáticos e pedagógicos acessíveis (livros, desenhos, mapas, gráficos e jogos táteis, em LIBRAS, em Braille, em caracter ampliado, com contraste visual, imagéticos, digitais, entre outros); Tecnologias de informação e de comunicação (TICS) acessíveis (mouses e acionadores, teclados com colméias, sintetizadores de voz, linha Braille, entre outros); e Recursos ópticos; pranchas de CAA, engrossadores de lápis, ponteira de cabeça, plano inclinado, tesouras acessíveis, quadro magnético com letras imantadas, entre outros. (Op. cit., p.27-28) Assim, de acordo com a Legislação vigente, o professor de AEE terá suas atribuições bem especificadas e a SRM é local mais indicado para que esse atendimento ocorra. Mas será que todas as Salas de Recursos Multifuncionais estão funcionando de acordo com a Lei? As Secretarias de Educação estão realizando seu papel com competência? Com bases nesses questionamentos que propôs-se pesquisas as oito Salas de Recursos Multifuncionais nas escolas estaduais no município de Ji-Paraná. Existe desde 2010 no Brasil o “Observatório Nacional de Educação Especial – ONEESP6” que tem como premissa um estudo em rede sobre o atual funcionamento destas salas, em Ji-Paraná, há o desmembramento desta pesquisa nas escolas municipais e estaduais, havendo uma metodologia específica para o estudo. No ano de 2012 foi aprovado o projeto de pesquisa: “Necessidades de intervenção nas salas de recursos multifuncionais em âmbito estadual no Município de Ji-Paraná7”, onde se pesquisou as SRMs. Deste modo, este trabalho é fruto de uma pesquisa de campo, e nas próximas sessões serão explanados as metodologias usadas e os resultados obtidos. Uma sociedade será verdadeiramente inclusiva quanto todos os agentes que dela fazem parte se disporem a aceitar a pessoa deficiente sem objeções, pois eles nos aceitam, esperam apenas uma reciprocidade de carinho e respeito. 6 MENDES, E. G. Observatório Nacional de Educação Especial: Estudo em Rede Nacional sobre as Salas de Recursos Multifuncionais nas Escolas Comuns. Projeto 039, Observatório de Educação – Edital 2010. Fomento a Estudos e Pesquisas em Educação. Edital nº 38/1010/CAPES/INES. São Carlos, 2010 7 Aprovado pelo CONSEA. Processo: 23118.000613/2011-96. Parecer. 1150/CPE. Homologado em: 07 de março de 2012. Câmara de Pesquisa e Extensão CPE. 33 4 - METODOLOGIA Fez-se inicialmente um levantamento bibliográfico sobre o assunto em questão, onde se pesquisou documentos oficiais sobre o tema e partiu então para a pesquisa de campo. Como dito na sessão anterior, este trabalho segue os preceitos metodológicos do ONEESP, o qual possui cinco etapas sendo elas: I. Condução dos procedimentos éticos; II. Caracterização da política de inclusão escolar do município; III. Caracterização dos indicadores demográficos e educacionais do município; IV. Estudo do funcionamento das salas de recursos; V. Enquete com professores das salas de recursos para avaliação da política de salas de recursos. (MENDES, 2011b, p.1) A primeira etapa consistia na assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido entre à Coordenadora de Educação Especial (APENDICE 18) e aos professores das Salas de Recursos Multifuncionais (APENDICE 2), no qual explicou-se aos sujeitos da pesquisa os benefícios e possíveis riscos de sua participação na mesma. A segunda e terceira etapa foi realizada com a Coordenadora de Educação Especial (ANEXO 1). A quarta etapa possuía questões referentes a três assuntos pertinentes à educação especial: Avaliação dos alunos deficientes, A formação e atuação dos professores das salas de recursos e O Atendimento Educacional Especializado nas Salas de Recursos Multifuncionais. A ultima etapa foi a aplicação de um questionário aberto semi estruturado aos professores lotados nas SRMs (ANEXO 2). Para uma melhor clarificação das etapas, será feito um fluxograma. Etapa 1: Assinatura dos TCLEs Etapas 2 e 3: Política de Inclusão e Indicadores demográficos Etapa 4: Encontros sistematizados com os professores Etapa 5: Questionário aplicado aos professores Fluxograma 1: Etapas da pesquisa. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos 8 Será exposto o documento original da pesquisa entregue a Coordenadora de Educação Especial e aos professores das Salas de Recursos Multifuncionais. 34 Deste modo, a pesquisa contou com os pressupostos da Pesquisa Qualitativa (MINAYO; 2004), (SANTOS FILHO; 1995), e Pesquisa Colaborativa (IBIAPIANA; 2008), (MENDES 2011). Utilizou-se um gravador de áudio portátil durante as entrevistas (BELEI; 2008), (TERENCE & ESCRIVÃO FILHO, 2006). Minayo (2004) afirma que “[...] o objetivo das ciências sociais é essencialmente qualitativo.” (p.21), e Firestone (1987) Apud por Santos Filho (1995) afirma que “O pesquisador quantitativo ideal distancia-se do fato pesquisado a fim de evitar vieses. O pesquisador qualitativo imerge-se no fenômeno de interesse.” (grifo do autor) (p.45). Por pesquisa Colaborativa Mendes (2011b) esclarece-nos que: A colaboração se dá a partir das interações estabelecidas entre as habilidades de cada um dos participantes. De um lado os professores, com seu potencial de análise das práticas pedagógicas; e de outro, o pesquisador, com sua capacidade de formador e organizador das etapas formais de pesquisa [...] pesquisar colaborativamente impõe a necessidade de envolvimento entre pesquisadores e professores em ideais comuns em que o objetivo seja beneficiar a escola e o profissional docente, é também uma forma de envolver professores da escola e da universidade em projetos que encarem o desafio de contribuir com mudanças das práticas escolares e ainda de auxiliar para o desenvolvimento de seus participantes. (p.8) Durante os encontros periódicos com os professores, foi concordado que os mesmos seriam gravados através de um gravador portátil de áudio para que a pesquisadora ao realizar a transcrição dos dados, pudesse manter a fidedignidade dos mesmos. Belei (2008) afirma que “[...] o gravador preserva o conteúdo sem aumentar a acurácia dos dados coletados. Registram-se palavras, silêncios, vacilações e mudanças no tom de voz, além de permitir maior atenção ao entrevistado” (p.189). Assim, será discutido sobre as etapas, II, III, IV e V nas próximas sessões. 35 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 – Entrevista com a Coordenadora de Educação Especial. A escola comum inclusiva é aquela que recebe o aluno deficiente independentemente de suas dificuldades ou peculiaridades, esta deve estar preparada para auxiliar o professor da sala regular assim como o professor da SRM para que o educando sinta-se capaz de realizar os exercícios propostos pela vida escolar. Com o intuito de conhecer mais sobre a história da educação especial neste município procurou-se a Coordenadora de Educação Especial (que se chamará neste trabalho de CEE), e após alguns contatos, marcou-se uma data para expor o trabalho a ser realizado no município. Através da entrevista9 realizada com a mesma (ANEXO 1) obteve-se a informação que a partir de 200310, os alunos surdos foram integrados nas escolas regulares através das Classes Especiais (Classes Especiais – CE ou Salas Especiais – SE, é uma sala dentro da escola regular onde o aluno deficiente frequentava para socialização e educação, no entanto este não tinha um contato direto com os demais alunos da escola, ficando segregados nestes espaços). A CEE informou que a Escola 111 (FLUXOGRAMA 2) possuía em 2003 (é importante destacar que em 2003 a mesma não fazia parte do quadro de educação da Coordenadoria Regional de Educação, sendo que em 2006 a mesma começou a trabalhar na CRE) um grande número de alunos surdos (a mesma não têm informação da quantidade exata de alunos), uma professora sensibilizou-se com a situação e com o auxílio da escola reuniu equipamentos pedagógicos para atender os mesmos. Através desta iniciativa outras escolas começaram a atender seus alunos, assim foram criados espaços para auxiliar os alunos em seu aprendizado, o FLUXOGRAMA 3 expõe o ano que as SRMs foram criadas. 9 As respostas podem ser consultadas na íntegra em SANTOS, Camila Camargo Senhorinho Santos. Necessidades de Intervenção nas Salas de Recursos Multifuncionais em âmbito estadual no Município de Ji-Paraná. Relatório Final de Pesquisa. Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Programa Institucional de Bolsas em Iniciação Científica –PIBIC. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Ji-Paraná. 2013 10 É importante relatar que em Ji-Paraná antes dessa data houve classes e escolas especiais, e não há registros em trabalhos bibliográficos da data exata que os primeiros deficientes passaram a frequentar as ‘classes especiais’ nas escolas regulares. 11 Não serão citados nome da escola, direção, professor ou qualquer outro agente da pesquisa. 36 2003: ESCOLA 01 2005: ESCOLA 02 2008: ESCOLA 03 ESCOLA 04 20010: ESCOLA 05 ESCOLA 06 ESCOLA 07 ESCOLA 08 FLUXOGRAMA 02: Ano de criação das ‘Salas de Recursos’ nas escolas estaduais. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos. É importante ressaltar que as ‘salas’ que haviam nas escolas forneciam um apoio ao aluno deficiente, tornando a inclusão escolar através de atitudes isoladas. A sala criada na Escola 01 atendia um público de alunos com surdez ou deficiência auditiva, em 2005 uma professora que presenciou o trabalho realizado na Escola 01 e com o apoio da Escola 02 fez nesse espaço escolar uma sala que passou a atender alunos cegos ou com baixa visão. A partir de 2007 com o Programa de Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais as demais escolas foram contempladas. De acordo com a CEE a partir de 2013 serão implantadas mais 19 SRMs em Ji-Paraná e região (Ji-Paraná é um município pólo de outras cinco cidades). O censo demográfico de 2010, afirma ter 34.793 pessoas deficientes (IBGE, 2010), de acordo com a CEE nas escolas estaduais há um total de 440 alunos Deficientes, com Transtorno Global do Desenvolvimento, Superdotação/Altas Habilidades. O foco nesta pesquisa será transcrever os dados referentes aos alunos matriculados nas oito escolas pesquisadas, assim obtém-se um total de 319 alunos, é importante frisar que os 81 alunos matriculados nas demais vinte e três escolas tem o AEE em uma escola próxima a sua casa como garante a Lei. O total de alunos deficientes nas escolas estaduais será mostrado no Gráfico 01, e os alunos matriculados nas oito escolas pesquisadas estará no Gráfico 02: 37 189 160 26 15 5 1 10 5 17 11 1 Gráfico 01: Total de alunos deficientes nas escolas estaduais em Ji-Paraná. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos. 185 88 3 8 11 7 9 8 Gráfico 02: Alunos matriculados nas escolas pesquisadas que possuem SRMs. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos. 38 Através da análise dos gráficos 01 e 02 é possível perceber que há uma disfunção grande entre alunos com Altas Habilidades/ Superdotação (189 – 185) matriculados nas escolas regulares, seguido de alunos com Déficit Intelectual (160 – 88). Como explicitado anteriormente não serão citados nomes neste trabalho, a identificação das escolas/professor da SRM se dará da seguinte forma: Escola 01 Professora 1 Professora 2A Escola 02 Profesora 2B Professora 3A Escola 03 Professora 3B Escola 04 Professora 4 Escola 05 Professora 5 Escola 06 Escola 07 Escola 08 Professora 6 Professor 7 Professora 8 FLUXOGRAMA 03: Identificação Escola/Professor da SRM. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos. Assim, realizadas as etapas dois e três, partiu-se para a etapa quatro: sistematização dos encontros com os professores das SRMs, neste trabalho não será exposta a transcrição dos dados coletados durante os encontros devido a quantidade de perguntas e respostas, o Quadro 01 contem os eixos temático e a quantidade de questões disparadas nos encontros. As professora 3A e 3B não puderam contribuir com a pesquisa pois, ao procurar a gestão da 39 Escola 3 para informar sobre a pesquisa em questão, a gestora não permitiu que as professoras lotadas na SRM desta escola participassem da pesquisa, foi então respeitado o desejo da gestão desta escola. EIXO TEMÁTICO QUANTIDADE DE QUESTÕES 1º Encontro: EIXO TEMÁTICO 01 – Formação de 13 questões professores para a inclusão escolar. 2º Encontro; EIXO TEMÁTICO 02 – Avaliação do 14 questões estudante com necessidades educacionais especiais (PARTE A e B). 3º Encontro: EIXO TEMÁTICO 02 – Avaliação do 13 questões estudante com necessidades educacionais especiais (PARTE C). 4º Encontro: EIXO TEMÁTICO 03 – Organização do 26 questões ensino nas SRMs e Classes Comuns. Quadro 01: Quantidade de questões por eixo temático. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos. As informações colhidas na quinta etapa da pesquisa onde os professores descrevem sobre a sua formação inicial, continuada e relata dados referentes ao atendimento de seus alunos nas SRMs, será expostas a seguir. 40 5.2 – Caracterização dos professores das Salas de Recursos Multifuncionais. Através do questionário aplicado aos professores das SRMs (ANEXO 2), serão transcritos no Quadro 02. Desta forma obtêm-se os seguintes dados, dos oito professores pesquisados sete são do gênero feminino e um do gênero masculino. Sobre a formação inicial dos sujeitos da pesquisa, cinco professores tem o registro no Magistério, sendo que três professoras possuem Licenciatura em Letras e uma professora tem Licenciatura em Pedagogia. Três professoras possuem especialização em áreas específicas, sendo duas com Especialização em Deficiência Auditiva/Surdez e uma especialista em Deficiência Visual/Cegueira. Questionou-se também sobre o período que esses profissionais estão atuando como docentes na Educação Especial12 ou lotados nas Salas de Recursos Multifuncionais, a Professora 1 está há 22 anos atuando como docente ligada diretamente na educação especial, e 08 anos como docente da SRM; a Professora 2A está há 09 anos atuando como docente da educação especial estando ligada diretamente na SRM com o ensino de pessoas cegas ou deficientes visuais; a Professora 2B esteve 08 anos como professora da educação especial e 03 anos como professora da SRM. A Professora 4 está há 10 anos na educação especial e 05 anos na SRM; a Professora 5 está ha 09 anos na educação especial e 03 anos na SRM. A Professora 6, no período da pesquisa começou seu trabalho docente na SRM estando há 06 meses lotada neste espaço, assim como o Professor 7 que esteve por 04 anos atuando diretamente educação especial e há 04 anos está na SRM. A Professora 8 está na educação especial há 08 anos sendo lotada diretamente na SRM. Também foi questionado aos docentes, sobre cursos oferecidos na área da educação especial, obteve-se a informação que exceto a Professora 6 que está há seis meses na SRM e não pôde participar de nenhum curso, palestra, etc., todos os outros professores participaram de cursos de formação continuada. Sobre a formação específica em AEE, obteve-se a informação que apenas quatro docentes têm tal formação e os outros quatro possuem diferentes títulos de Pós-Graduação ou cursos específicos na área conforme a legislação atual (Resolução 02 de 2001 e Edital 01 de 2007). 12 Entende-se como professor da educação especial de acordo com Brasil (2010), aquele profissional ligado diretamente com a educabilidade dos alunos deficientes, com transtorno global do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação 41 Identificação. Formação Inicial. Professora 1 Magistério Professora 2A Magistério Letras Experiência como professora da Educação Especial. 22 anos Experiência como professora da SRM. Formação em Ed. Esp. (habilitação para...) 08 anos Deficiência Auditiva 09 anos 09 anos Deficiência Visual Outros cursos de extensão, aperfeiçoamento, etc... (ano/ quantidade de horas) Professora 2B Magistério Letras 08 anos 03 anos Deficiência Auditiva Professora 4 Magistério Letras 10 anos 5 anos - Professora 5 Pedagogia 09 anos 03 anos - Professora 6 Professor 7 Magistério Pedagogia Pedagogia - 06 meses - 04 anos 04 anos - Português como 2ª Língua (2011/ 80hs) Intérprete – Avançado. (2012/ 80 hs) Vários cursos na área de Libras (850hs) Especialização em Deficiência Visual (2004/ 100hs) Educar na Diversidade (2006/ 180hs) Educação Inclusiva e Materiais Adaptados (2006/ 60hs) Introdução ao sistema DOSVOX (informática para cegos) (2007/ 30hs) Introdução aos estudos da Dislexia (2007/ 30hs) Grafia Braille (2007/ 150hs) AEE – Atendimento Educacional Especializado (2007/ 180hs) Inclusão Educacional do Deficiente Visual: Baixa Visão e Cegueira na Educação Infantil (2009/ 180hs) Cuidador infantil (2011/ 100hs) Curso de Soroban (2012/ 40hs) AEE – Atendimento Educacional Especializado (2007/ 100hs) Curso Intermediário em Libras NÍVEL III (2010/ 30hs) Curso de Conversação e Aprofundamento em Libras (2012/ 80hs) Libras – Intermediário (2011/ 50hs) Seminário Educação Inclusiva (2011/ 40hs) Curso de Extensão em Déficit Intelectual (2011/ 180hs) Seminário Educação Inclusiva (2012/ 30hs) Workshop Autismo (2012/ 12hs) Seminário Educação Inclusiva (2012/ 40hs) Atendimento Educacional Especializado (2010-2012/ 360hs) Seminário sobre Educação Inclusiva (2012/ 40hs) Curso de Libras (2012/ 80hs) Braille (2012/ 40hs) Intermediário em Libras (2009/ 100hs) Curso Intermediário em Libras NÍVEL III (2010/ 30hs) Curso de Conversação e Aprofundamento em Libras (2010/ 42 Professora 8 Pedagogia - 08 anos - 60hs) Introdução em Educação Digital (2010/ 40hs) Tecnologia Assistiva (2012/ 20hs) AEE – Atendimento Educacional Especializado (2012/ 360hs) Baixa Visão (2004/ 80hs) Curso de capacitação à distancia na área da deficiência visual (2004/ 100hs) Interprete Libras/Língua Portuguesa (2005/ 80hs) Capacitação em Educação Inclusiva (2006/ 40hs) Oficina básica de Libras – Corporal e Expressiva (2008/ 40hs) Quadro 02: Caracterização dos professores: Formação Inicial, Continuada e em Educação Especial. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos O Quadro 03 refere-se aos dados profissionais dos docentes pesquisados, as oito escolas que possuem Salas de Recursos Multifuncionais, atendem alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos) nas modalidades presencial e supletivo. O número de alunos atendidos (matriculados nas escolas pesquisadas, não contabilizou-se alunos matriculados em outras escolas que recebem os alunos deficientes para o Atendimento Educacional Especializado), varia de 4 à 22 alunos, ressaltando que há professoras especialistas em uma área específica trabalhando com apenas uma deficiência, e outros professores atendendo até sete tipos diferentes de deficiência. As formas de agrupamento nos atendimentos são: individual, duplas e trios. Um dos questionários diz respeito sobre a opinião do professor pesquisado, se o mesmo considerava as Salas de Recursos Multifuncionais como adequada, sendo que dois professores não consideraram tal espaço como adequado não justificando tal resposta. A sexta pergunta sobre os dados profissionais dos professores pesquisados, diz respeito à sua participação em atividades gerais da escola, sendo confirmada por esses professores a participação em diversas atividades. 43 Prof. P. 1 Ed. Infantil; En. Fund.; Ens. Médio. Auditiva Visual Física 13 alunos Individual, duplas e trios. Sua sala multifuncional ou de recursos ocupa um espaço adequado na escola? Sim. P. 2A Ed. Infantil; Ens. Fund.; EJA EJA Def. Visual 04 alunos Individual Sim Surdos 12 alunos Individual, duplas e trios. Sim P. 4 Ens. Fund.; Ens. Médio; EJA. 20 alunos Individual, Duplas e trios Sim P. 5 Ens. Fund. Deficiência Intelectual; Deficiência Auditiva; Deficiência Visual; Deficiência Múltipla; TGD; Paralisia Cerebral. Intelectual; Auditiva; Visual 17 alunos Individual ou trios. Sim P. 6 Ens. Fund. 08 alunos Individual Sim. P. 7 Ens. Fund. Deficiência Intelectual; Deficiência Física. Deficiência Intelectual; Deficiência Física. 12 alunos Individual e duplas. Não P. 2B 13 Atua em escola que atende alunos: Atende alunos com quais NEE13: Número total de alunos atendidos na SRM: Forma de agrupamento para o trabalho: Você participa de atividades gerais da escola como: Reunião Administrativa; Reuniões de pais; Horário de trabalho pedagógico coletivo; Atividades sociais, culturais. Reunião Administrativa; Horário de trabalho pedagógico coletivo; Atividades sociais, culturais. Reuniões administrativas; Reuniões de pais; Horário de trabalho pedagógico coletivo; Atividades sociais, culturais. Conselho de Classe; Reuniões de pais; Horário de trabalho pedagógico coletivo; Atividades sociais, culturais. Conselhos de classe; Reuniões administrativas; Reuniões de pais; Horário de trabalho pedagógico coletivo; Atividades sociais, culturais. Reuniões administrativas; Reuniões de pais. Conselhos de classe; Reuniões administrativas; Reuniões de pais; Horário de trabalhos pedagógico coletivo; Atividades sociais, culturais. NEE - Necessidades Educacionais Especiais, ressaltamos que esta nomenclatura não é mais utilizada, tal questão refere-se a metodologia de trabalho contida no documento: Metodologia para Estudos Locais (MENDES, 2011b) 44 P. 8 Ens. Fund. Deficiência Intelectual; Deficiência Auditiva e Deficiência Visual 22 alunos Individual, duplas e trios. Em algumas situações ou atividades, é possível o agrupamento dupla ou trio para o trabalho. Não Conselhos de classe; Reuniões administrativas; Reuniões de pais; Horário de trabalho pedagógico coletivos; Atividades sociais, culturais. Quadro 03: Dados profissionais dos professores das Salas de Recursos Multifuncionais. Créditos: Camila Camargo Senhorinho Santos As demais cinco questões sobre os dados profissionais dos professores estão reunidos no Quadro 04. Em análise sobre essas informações, é possível descrever que embora dois professores responderam que suas salas não estão em local adequado na escola, quatro docentes afirmaram que suas SRMs não há material necessário para a realização de um trabalho com qualidade, e outros dois profissionais responderam que os espaços são adequados porém, são completamente deixando a desejar em alguns aspectos, pois de acordo com esses profissionais há material disponível, no entanto não são suficientes para poder trabalhar adequadamente com o educando deficiente. As duas próximas questões complementam a questão anterior, pois se a SRM é equipada, foi solicitado que esses profissionais descrevessem quais materiais têm disponível e por que não consideram adequadas? Quais recursos necessitariam? Assim, foi possível perceber que conforme o Edital 01 de 2007 que regulariza a implantação das Salas de Recursos Multifuncionais, a Sala de tipo I (Escola 2 – Professora 2A) e tipo II recebem os materiais descritos na legislação, no entanto ainda faltam materiais específicos e adaptados, e uma escola a professora necessita de mobiliário. A penúltima questão refere-se ao apoio que o professor recebe da equipe escolar para que haja um trabalho de qualidade com os alunos deficientes, dessa forma todos os professores estão satisfeitos com a equipe escolar, no entanto um professor respondeu que ainda há resistência por parte de alguns docentes e pelos sistemas educacionais como um todo que possui um calendário escolar o qual não contempla dias específicos para formações ou reuniões pedagógicas. Assim, a ultima questão do questionário aplicado aos professores versa sobre a formação em serviço que os mesmos deveriam participar conforme a legislação atual (Edital 01 de 2007). Portanto duas professoras afirmaram não participar de cursos, um professor não respondeu esta questão e as demais professoras afirmaram participar quando há disponibilidade. 45 Sua sala é equipada com os recursos que julga necessários para realização de seu trabalho? Se sim, quais recursos tem disponíveis? Se não, quais recursos necessita? - P. 1 Não P.2A Mais ou menos... O que temos não é o suficiente, mas conseguimos realizar um trabalho que surte efeito. P.2B Sim P. 4 Não Televisor, computador, vídeo, armário, impressora, jogos pedagógicos, lápis, borracha e papéis Notebook; Computador de Mesa; Máquina Braille; Alfabetos em Braille; Jogos Adaptados; Planetário; Dorso; Esqueleto Humano; Livros em Braille; Relevo e Ampliadores, e outros... Computadores, impressoras, televisão e jogos. - P. 5 Não - P. 6 Sim Vários recursos didáticos, 02 computadores, etc... P. 7 Sim e Não. Ainda faltam recursos tecnológicos específicos, os alunos com Déficit Intelectual e Deficiência Física, precisa de algo a mais do que “joguinhos pedagógicos”, tais materiais já pouco chamam o interesse pelos mesmos, visto que os (as) alunos (as) já estão com seus celulares com internet e em Lan House (mesmo sem saber ler) conseguem jogar os jogos on-line que para muitos alunos sem deficiência são de difícil compreensão. É preciso de mesas educativas com softwares, lousas interativas e tecnologia de ponta capaz de dar o “direito a voz” a uma pessoa impossibilitada de falar ou gesticular devido uma Paralisia Cerebral. Como computador com dispositivo para controle com os olhos. A escola como espaço educacional, deveria ser a primeira a receber o que há de melhor em tecnologia, pena que seja o contrario. Materiais pedagógicos (jogos, brinquedos, letras moveis, cubos, etc...) Mais jogos pedagógicos Recebe apoio da equipe escolar? Sim. Participa de formação em serviço? De que tipo? Sempre que tem seminário ou cursos posso fazer. Depende do apoio Sim. Educação inclusiva na área da Deficiência Visual - Sim. Não Máquina de Braille e Impressora de Braille Mesas e cadeiras adaptadas,armários acessíveis Participar de cursos para alunos com Déficit Intelectual e Deficiência Múltipla. Recursos que realmente fariam a diferença: Lousa interativa, mesa educacional e recursos tecnológicos “de ponta” para casos específicos. Sim Sim Sim Proinfo, multimídias. Sim Sim Dentro do possível. O pior é a resistência por parte do professor (novato na escola), e o calendário escolar absurdo que temos que impossibilita reuniões e encontros para formação ou discussões pedagógicas dentro da escola. - 46 P. 8 Ainda não. Dois computadores, alguns jogos e materiais confeccionados por mim. Vários materiais enviados para a escola acessível no ano de 2012. Mobiliário (todos). O que tenho é refugo de outras salas. Sim Não 47 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim, foi possível perceber que a inclusão escolar é uma realidade presente nas escolas estaduais no município de Ji-Paraná e através das Salas de Recursos Multifuncionais onde é oferecido o Atendimento Educacional Especializado, é uma fonte rica no que se refere ao ensino e aprendizagem do aluno deficiente. Durante a pesquisa realizada no período de 2012 a 2013 foi possível perceber que os professores lotados nestes espaços estão trabalhando de acordo com as ofertas cedidas pela secretaria, isso significa que ainda falta muito para se chegar ao ideal. É notório através das entrevistas (QUADROS 2, 3 e 4) que mesmo em algumas escolas o espaço da SRM não é satisfatório para o desenvolvimento de um trabalho desejado, pois ainda não se conseguiu um ótimo para trabalhar a inclusão verdadeira. Em Ji-Paraná há um total de 440 alunos deficientes matriculados em 30 escolas, sendo que nas oito escolas pesquisadas esse número está em 189 alunos. Embora a legislação sobre as SRMs proclame ser necessário que o professor atuante nas SRMs necessite ter formação específica em Atendimento Educacional Especializado, apenas quatro professores possuem tal especialização, sendo que os quatro demais possuem outros tipos de formação, mesmo assim tem trabalhado com competência para atender aos educandos que necessitam de um maior auxílio. O período de lotação desses professores nas SRMs varia de 09 anos à 06 meses, e o período como professor da educação regular que está diretamente ligado à educação especial, varia de 22 anos à 04 anos. É possível perceber que esses profissionais estão há um tempo considerável na educação especial, sendo que três professoras especializaram-se em áreas específicas como a Deficiência Auditiva/Surdez e Deficiência Visual/Cegueira para atender seus alunos que hoje são consideradas pioneiras no ensino e aprendizagem desse público em questão. Deste modo, é notório o esforço desses profissionais, sendo necessário um atendimento maior por parte do Sistema Escolar e dos Governantes, pois a inclusão escolar do aluno deficiente é um fato presente nas escolas regulares, no entanto esse público carece de mais atenção, pois os mesmos têm mostrado o quanto consegue ensinar. 48 7 - REFERENCIA BELEI, Renata Aparecida; GIMENIZ-PASCHOAL, Sandra Regina; NASCIMENTO, Edinalva Neves; MATSUMOTO, Patrícia Helena Vivan Ribeiro. O uso de entrevista, observação e videogravação em pesquisa qualitativa. Cadernos de Educação | FaE/PPGE/UFPel | Pelotas [30]: 187 – 199, janeiro/junho 2008. Disponível em: http://www.ufpel.edu.br/fae/caduc/downloads/n30/11.pdf Acesso em 27 de Junho de 2012. BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Poder Executivo, Brasília, DF, 27 de dezembro de 1961. BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 de agosto de 1971. BRASIL Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília Federal, 1990. BRASIL. Constituição (1988). República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 16 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 1997. BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, de 23 de dezembro de 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica/Secretaria de Educação Especial. Brasília. MEC/SEESP, 2001. Disponível em: <portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf> Acesso em: 18 fev. 2013. BRASIL, Ministério da Educação. Lei nº10.845/04 de 5 de março de 2004. Institui o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência, e dá outras providências. Brasília. 2004 49 BRASIL. Ministério da Educação. Edital Nº 01, de 26 de abril de 2007. Programa de Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais. Secretaria de Educação Especial. Disponível em: http://www.portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/2007_salas.pdf Acesso em: 18 fev. 2013. FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga; PANTOJA, Luísa de Marillac P.; MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Aspectos Legais e Orientação Pedagógica. Ministério da Educação. SEESP / SEED / MEC Brasília – 2007 BRASIL, Ministério da Educação. Marcos Políticos e Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Secretaria de Educação Especial. SEESP/MEC. Brasília: 2010 IBGE, Censo Demográfico 2010. Município de Ji-Paraná. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=110012 Acesso em 19 de junho de 2013. IBIAPIANA, I. M. L. M. Pesquisa colaborativa: investigação, formação e produção de conhecimentos. Brasil: Líber Livro, 2008. JANNUZZI, Gilberta. M. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI. Campinas/SP: Autores Associados, 2004. MENDES, Enicéia. Gonçalves. Observatório Nacional de Educação Especial: Estudo em Rede Nacional sobre as Salas de Recursos Multifuncionais nas Escolas Comuns. Projeto 039, Observatório de Educação – Edital 2010. Fomento a Estudos e Pesquisas em Educação. Edital nº 38/1010/CAPES/INES. São Carlos, 2010. MENDES, Enicéia. Gonçalves. OBSERVATÓRIO PAULISTA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL (OPEESP): ESTUDO EM REDE NACIONAL SOBRE AS SALS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS NAS ESCOLAS COMUNS. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2011. 50 MENDES, Enicéia. Gonçalves. Metodologia para estudos locais. São Carlos, 2011b. MILANESI, Josiane Beltrame. Organização e funcionamento das salas de recursos multifuncionais em um município paulista – São Carlos: UFSCar, 2012. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Carlos, 2012. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª ed. São Paulo: Hucitec, 2004. ROPOLI, Edilene Aparecida et.al... A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : a escola comum inclusiva - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] : Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 1. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar) SANTOS, Camila Camargo Senhorinho. Necessidades de Intervenção nas Salas de Recursos Multifuncionais em âmbito estadual no Município de Ji-Paraná. Relatório Final de Pesquisa. Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Programa Institucional de Bolsas em Iniciação Científica –PIBIC. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Ji-Paraná. 2013 SANTOS FILHO, José Camilo dos. Pesquisa Quantitativa versus Pesquisa Qualitativa: O desafio do conhecimento. In: GAMBOA, Silvio Sanchez; SANTOS FILHO, José Camilo dos. Pesquisa educacional: quantidade-qualidade. São Paulo Cortez, 1995. TERENCE, Ana Cláudia Fernandes; ESCRIVÃO FILHO, Edmundo. Abordagem quantitativa, qualitativa e a utilização da pesquisa-ação nos estudos organizacionais. XXVI ENEGEP – Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006. Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2006_tr540368_8017.pdf Acesso em 19 de Junho de 2012. TEZZARI, Mauren Lúcia. "A SIR chegou..." Sala de Integração e Recursos e a inlcusão na rede municipal de Ensino de Porto Alegre. Dissertação (Mestrado). 2002 51 TEZZARI, Mauren Lúcia. Educação especial e ação docente: da medicina à educação. Porto Alegre. Tese (Doutorado em Educação). 2009. 52 APÊNDICE 53 APÊNDICE 1: Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Coordenadora da Educação Especial) FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – DCHS TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TECLE A: __________________________________________________________________, Eu, Camila Camargo Senhorinho Santos, estudante de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus de Ji-Paraná, lhe convido para participar da pesquisa intitulada “Necessidades de intervenção nas Salas de Recurso Multifuncionais (SRMs) em âmbito estadual no município de Ji-Paraná” sob a orientação da Profª Drª Anamaria Silveira. Você foi selecionada por ser a responsável pela Educação Especial do sistema estadual de ensino de Ji-Paraná/RO (cidade onde o estudo será realizado). Desde já esclarecemos que sua participação nesta pesquisa não é obrigatória e a qualquer momento você poderá desistir de participar e retirar o consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com a pesquisadora, com a Instituição de ensino em que trabalha ou mesmo com a UNIR. Este trabalho busca analisar a legislação educacional, estadual e municipal, e, contextualizar o cenário político das SRMs; observar e analisar como vem sendo na prática a implantação das SRMs; promover em estudos das reais necessidades das SRMs das Escolas estaduais no município de Ji-Paraná; verificar como os professores estão trabalhando para atender com competência todos os alunos das escolas que possuem SRMs; e, observar a assistência dada pela Secretaria do Estado às SRMs. Sua participação nesta pesquisa consistirá em integrar uma equipe de professores das SRMs, onde iremos juntos elaborar/construir um instrumento de avaliação (entrevista semiestruturada) sobre a implementação, dificuldade e concepção sobre as SRMs. Solicito sua autorização para gravação de áudio e/ou vídeo dos encontros para coleta de dados para facilitar a transcrição dos dados obtidos. Este trabalho poderá contribuir com melhorias nas práticas pedagógicas dos sujeitos participantes e com o processo de inclusão escolar de pessoas deficientes. A pesquisa proposta, trará novos conhecimento a literatura, particularmente no que tange aos efeitos da implantação da SRMs nas escolas públicas e particulares. 54 O procedimento não causará dano algum à integridade do participante ou da Instituição e asseguramos o sigilo sobre sua participação. Ao participar desta pesquisa, nos momentos para elaboração da entrevista podem gerar possíveis desconfortos, estes relacionados à sua exposição ao olhar crítico da pesquisadora, no entanto você poderá se beneficiar deste estudo, na medida em que terá oportunidade de expressar algumas de suas necessidades, enquanto profissional que trabalha na perspectiva da inclusão. Para minimizar esses desconfortos, permitiremos que pausas sejam realizadas quando a participante desejar. Sua participação auxiliará na obtenção de dados que poderão ser utilizados para fins científicos proporcionando maiores informações e discussões que podem trazer benefícios para a área de Educação Especial. Informo que se eventualmente houver menção de nomes, estes serão substituídos por nomes fictícios na transcrição impossibilitando a identificação da pessoa. A pesquisadora realizará o acompanhamento de todos os procedimentos e atividades desenvolvidas durante o trabalho. As dúvidas que possam surgir antes e durante o curso da pesquisa em relação ao tema da pesquisa ou qualquer outra questão relacionada à mesma serão respondidas pela pesquisadora. Vale esclarecer ainda que esta pesquisa não prevê qualquer gasto aos participantes, porém se isso ocorrer, eles serão ressarcidos pela pesquisadora. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço das pesquisadoras envolvidas, podemos tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Agradecemos antecipadamente. Camila Camargo Senhorinho Santos [email protected] Graduanda em Pedagogia RG: Telefone: Endereço: Anamaria Silveira [email protected] Profª Drª – Orientadora RG: Telefone: 55 APÊNDICE 2: Termo de Consentimento Livre Esclarecido (professores SRMs) FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – DCHS TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TECLE A (o) Professora (o): ___________________________________________________, Eu, Camila Camargo Senhorinho Santos, estudante de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus de Ji-Paraná, lhe convido para participar da pesquisa intitulada “Necessidades de intervenção nas Salas de Recurso Multifuncionais (SRMs) em âmbito estadual no município de Ji-Paraná” sob a orientação da Profª Drª Anamaria Silveira. Você foi selecionada (o) por ser professora (o) do sistema estadual de ensino de JiParaná/RO (cidade onde o estudo será realizado) e por sua escola possuir Sala de Recursos Multifuncionais (SRMs). Desde já esclarecemos que sua participação nesta pesquisa não é obrigatória e a qualquer momento você poderá desistir de participar e retirar o consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com a pesquisadora, com a Instituição de ensino em que trabalha ou mesmo com a UNIR. Este trabalho busca analisar a legislação educacional, estadual e municipal, e, contextualizar o cenário político das SRMs; observar e analisar como vem sendo na prática a implantação das SRMs; promover em estudos das reais necessidades das SRMs das Escolas estaduais no município de Ji-Paraná; verificar como os professores estão trabalhando para atender com competência todos os alunos das escolas que possuem SRMs; e, observar a assistência dada pela Secretaria do Estado às SRMs. Sua participação nesta pesquisa consistirá em integrar uma equipe de professores das SRMs, onde iremos juntos elaborar/construir um instrumento de avaliação (entrevista semiestruturada) sobre a implementação, dificuldade e concepção sobre as SRMs. Solicito sua autorização para gravação de áudio e/ou vídeo dos encontros para coleta de dados para facilitar a transcrição dos dados obtidos. Este trabalho poderá contribuir com melhorias nas práticas pedagógicas dos sujeitos participantes e com o processo de inclusão escolar de pessoas deficientes. A pesquisa proposta, trará novos conhecimento a literatura, particularmente no que tange aos efeitos da implantação da SRMs nas escolas públicas e particulares. 56 O procedimento não causará dano algum à integridade do participante ou da Instituição e asseguramos o sigilo sobre sua participação. Ao participar desta pesquisa, nos momentos para elaboração da entrevista podem gerar possíveis desconfortos, estes relacionados à sua exposição ao olhar crítico da pesquisadora, no entanto você poderá se beneficiar deste estudo, na medida em que terá oportunidade de expressar algumas de suas necessidades, enquanto profissional que trabalha na perspectiva da inclusão. Para minimizar esses desconfortos, permitiremos que pausas sejam realizadas quando o participante desejar. Sua participação auxiliará na obtenção de dados que poderão ser utilizados para fins científicos proporcionando maiores informações e discussões que podem trazer benefícios para a área de Educação Especial. Informo que se eventualmente houver menção de nomes, estes serão substituídos por nomes fictícios na transcrição impossibilitando a identificação da pessoa. A pesquisadora realizará o acompanhamento de todos os procedimentos e atividades desenvolvidas durante o trabalho. As dúvidas que possam surgir ante e durante o curso da pesquisa em relação ao tema da pesquisa ou qualquer outra questão relacionada à mesma serão respondidas pela pesquisadora. Vale esclarecer ainda que esta pesquisa não prevê qualquer gasto aos participantes, porém se isso ocorrer, eles serão ressarcidos pela pesquisadora. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço das pesquisadoras envolvidas, podemos tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Agradecemos antecipadamente. Camila Camargo Senhorinho Santos [email protected] Graduanda em Pedagogia RG: Telefone: Endereço: Anamaria Silveira [email protected] Profª Drª – Orientadora RG: Telefone: 57 ANEXO 58 ANEXO 01: Roteiro para caracterização dos serviços de apoio no município OBSERVATÓRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL ESTUDO EM REDE NACIONAL SOBRE AS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS NAS ESCOLAS COMUNS ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE APOIO NO MUNICÍPIO 1) Primeiramente, nos responda qual é o cargo que você ocupa na secretaria de educação? 2) Você poderia nos contar o que conhece sobre a história da educação especial no seu município? Como ela começou? Como as mudanças foram ocorrendo? 3) Houve participação de instituições especializadas ou organizações governamentais, nessa trajetória histórica? Como ocorreu essa participação? 4) não Quando surgiram as instituições especializadas em seu município? 5) Qual foi a trajetória dos tipos de serviço de apoio de educação especial nas escolas comuns (classe especial, sala de recursos, sala de recursos multifuncional, itinerância, outros)? 6) Atualmente, quais são os tipos de atendimento? Quantos serviços de cada tipo têm o município? 7) Dentre este período mencionado, quais processos de formações de professores (programas do governo federal e do município) o seu município participou e/ou está participando? Fale um pouco sobre como ocorreu este processo (por exemplo: seleção de professores, critérios de seleção, tipo de curso, modalidade de ensino, objetivos). 8) O município teve oportunidade de participar do programa: Educar na Diversidade? Como foi esta participação? Quais profissionais participaram desta formação? Fale um pouco desta experiência. 9) O município teve oportunidade de participar de cursos de extensão e/ou especialização em relação à formação continuada de professores em educação especial na modalidade de Educação a Distância? Quais cursos os professores participaram? Quais profissionais participaram desta capacitação? 10) O município teve oportunidade de participar da formação continuada de professores em educação especial Renafor? Como foi esta participação? Quais profissionais participaram desta capacitação? 59 11) O município teve oportunidade de participar da formação continuada de professores em educação especial e educação profissional? Como foi esta participação? Quais profissionais participaram desta capacitação? 12) Dentre este período, houve oferta de projetos de formação de professores pelo seu setor administrativo municipal aos professores do ensino comum e do especial? 13) Em que ano foi desenvolvido cada projeto de formação? 14) Você tem a quantidade total ou saberia dizer por volta de quantos professores do ensino comum participaram? 15) Você tem a quantidade total ou saberia dizer por volta de quantos professores da educação especial participaram? 16) Nesses últimos cinco anos, o município chegou a elaborar documentos como leis, diretrizes, resoluções, instruções normativas, decretos sobre a educação especial? 17) Você poderia nos disponibilizar uma cópia destes documentos? 18) O município tem como prática apoiar-se ou nortear-se em documentos federais como leis, diretrizes, decretos para o desenvolvimento e/ou prestação dos serviços de educação especial? 19) Em caso positivo, quais os documentos que são utilizados? 20) Relate-nos como este processo de identificação ou do diagnóstico dos estudantes está ocorrendo no município? 21) O encaminhamento inicial é realizado por quem: pais, professor, outro profissional? Por exemplo: quem informa inicialmente que o estudante possui alguma condição que precisa ser avaliada? 22) Relate como ocorre esta triagem? 23) Qual o tempo que dura este processo, até que o estudante comece a receber algum tipo de serviço de apoio? 24) Você poderia comentar como o diagnóstico/avaliação/identificação ocorre para os diferentes tipos de deficiência (intelectual, visual, baixa visão ou cegueira, auditiva ou surdez) e para estudantes com suspeita de altas habilidades/superdotação, transtornos globais do desenvolvimento? 25) Existe um profissional ou equipes que avaliam/diagnostica cada uma das condições apresentadas pelos estudantes? Quem são (profissão)? São estes profissionais que definem e/ou encaminham os estudantes para o serviço de apoio? Ou como isso ocorre? 26) Qual é o local que ocorre esta avaliação? 27) Como é escolhida a especificidade do serviço de apoio para cada condição apresentada pelo estudante? 60 28) Você poderia nos dizer quais são os serviços de apoio de educação especial que o município disponibiliza aos estudantes? Por exemplo: classe especial, sala de recurso, sala de recursos multifuncionais ensino domiciliar, ensino hospitalar, itinerância, serviço de apoio em sala de aula? 29) Quais desses serviços são mais requisitados? 30) Qual o motivo desses serviços serem os mais requisitados? 31) Existem estudantes que apresentam alguma condição especial, porém que não recebem atendimento dos serviços de apoio de educação especial na escola regular? Você saberia quantos não recebem os serviços de apoio? 32) Dentre as diferentes condições (deficiência: visual, auditiva, física, múltipla; transtornos globais do desenvolvimento) apresentadas pelos estudantes que são público alvo da educação especial, você poderia indicar quais não possuem o atendimento em nenhum dos serviços citados e por quê? 33) Quando estes serviços de apoio foram criados no município e por qual motivo? 34) Qual é o mais antigo: classe especial, sala de recursos, sala de recursos multifuncional ou outros? 35) Qual a história do processo de cada implementação? 36) Para qual tipo de aluno cada serviço foi criado: deficiência (física, auditiva, intelectual, visual, múltiplas) transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação ou outros? 37) Qual o nome dado ao serviço de apoio que é desenvolvido na perspectiva da proposta das salas de recursos multifuncional? 38) Qual é a quantidade de estudantes que participam deste serviço de apoio? 39) Qual é a quantidade de ambientes em funcionamento para este serviço de apoio no município? 40) Como é organizado o tempo, turnos e horários nos ambientes destinados a este serviço de apoio? 41) Qual é a quantidade total de estudantes beneficiados por este serviço de apoio? 42) Qual é a formação mínima exigida aos profissionais que atuam neste serviço de apoio? 43) Quantos professores que atuam em cada ambiente destinado a este serviço de apoio? 44) Quais tipos de atividades são desenvolvidos neste serviço de apoio? 61 45) Quais recursos materiais são disponibilizados no ambiente destinado a este serviço de apoio? 46) Existem parcerias intersetoriais para este serviço de apoio? Quais são elas e quem são os profissionais envolvidos? 47) O seu setor administrativo (ou secretaria) recebeu algum tipo de apoio (recursos financeiros, recursos materiais) do governo federal para a implantação desse serviço de apoio? Quais foram? Como se deu este processo? Como foi pleiteado? 48) Há necessidade de apoio financeiro para atender a demanda e funcionamento deste serviço de apoio? Quais são elas? 49) Como está organizado esse serviço de apoio em relação a cada condição apresentada pelos estudantes? 50) Há dificuldades em relação à oferta desse serviço de apoio na escola regular? 62 ANEXO 02: FORMULÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DOS PROFESSORES DE SALAS MULTIFUNCIONAIS OU DE RECURSOS IDENTIFICAÇÃO Nome: _____________________________________________________________________ Data de Nascimento: ______________________________________ Sexo: ( ) Fem. ( ) Masc. FORMAÇÃO INICIAL: Magistério ( ) sim ( ) não Curso Superior: ( ) sim ( ) não Qual (is)? _____________________________________________________________________ FORMAÇÃO CONTINUADA: EXPERIÊNCIA COMO PROFESSOR: Tempo de experiência (em anos) como professor de educação especial: __________________ Tempo de experiência em anos como professor ______________________________ Local Tempo de experiência FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL ( ) Habilitação – ( ) DI ( ) DA ( ) DV ( ) DF ( ) DMU ( ) BD ( ) Especialização – no. de horas: Outros (extensão, aperfeiçoamento, etc): Nível de escolaridade de SRM 63 OUTROS CURSOS Relação dos cursos feitos nos últimos dois anos Nome do Curso Cidade e estado em que atua: Dados profissionais: 1- Atua em escola que atende alunos: ( ) da educação infantil ( ) do ensino fundamental ( ) do ensino médio ( ) do ensino superior ( ) da educação de jovens e adultos 2- Atende alunos com qual(is) NEE(s): ( ) Intelectual ( ) Auditiva ( ) Visual ( ) Física ( ) Múltipla ( ) Bem dotado ( ) Outra. Qual? 3- Atua em escola: ( ) municipal ( ) estadual ( ) federal ( ) particular 4- Número total de alunos atendidos na SR: Carga Horária Ano 64 5- Forma de agrupamento para o trabalho: ( ) individual ( ) duplas ( ) trios ( ) quartetos ( ) atendimentos com mais de cinco alunos 6- Sua sala multifuncional ou de recursos ocupa um espaço adequado na escola? ( ) sim ( ) não 7- Você participa de atividades gerais da escola tais como: ( ) conselhos de classe ( ) reuniões administrativas ( ) reuniões de pais ( ) horário de trabalho pedagógico coletivo ( ) atividades sociais, culturais 8- Sua sala é equipada com os recursos que julga necessário para realização de seu trabalho? ( ) sim ( ) não 9- Se sim, quais recursos tem disponível? 10- Se não, quais recursos necessita? 11- Recebe apoio da equipe escolar? ( ) sim ( ) não 12- Participa de formação em serviço? ( ) sim ( ) não De que tipo?