Menorização: Um Pequeno Adendo à Teoria de Matrizes e Determinantes R. M. Nascimento Resumo—1Este artigo tem por objetivo apresentar e, quem sabe, popularizar uma metodologia ainda pouco explorada na teoria aplicada aos determinantes. Traz, ainda, uma abordagem diferenciada para a decomposição LU. Conhecimento prévio necessário: determinantes 2x2. Essa técnica, em virtude de sua simplicidade, merece ser mais bem conhecida. Palavras-chave— Matrizes, Determinantes, Decomposição LU. I. MENORIZAÇÃO O PROCESSO de menorizaçao consiste em transformar uma matriz quadrada de ordem n em outra de ordem n-1, sucessivamente, até a matriz 1x1. Os componentes de cada matriz subsequente são determinantes 2x2 obtidos, na matriz imediatamente anterior, entre a fila (linha e coluna) de um Pivô (elemento diferente de zero e escolhido de modo aleatório) e os integrantes de seu menor complementar. Proposição: concluída a menorização o determinante é calculado conforme (1.1). n Det ( A) nxn = ∏ P k =1 2 −k k , Pk ≠ 0 ∀k ≠ 1 (1.1) Em que Pk representa o Pivô da matriz de ordem “k”. Seja (1.2)~(1.5) a menorização de uma matriz A4x4: A4 x 4 P4 a12 a a22 21 = a31 a32 a41 a42 P3 b12 B3 x 3 = b21 b22 b b 31 32 a13 a23 a33 a43 a14 a24 a34 a44 b13 b23 b33 P c12 C2 x 2 = 2 c21 c22 D1 x1 = ( P1 ) (1.2) a12 a21 a22 P4 a12 a31 a32 P4 a12 a41 a42 P3 b12 b21 b22 P3 b12 b31 b32 b12 = b22 = P4 a13 a21 a23 P4 a13 a31 a33 b13 = b23 = P4 a14 a21 a24 P4 a14 a31 a34 b32 = P4 a13 P a14 b33 = 4 a41 a43 a41 a44 c12 = P3 c22 = b13 b21 b23 P3 b13 b31 b33 d11 P c 2 12 D⇒ P1 = c21 c22 Det ( A) = ∏ Pk2−k = P1(2−1) P2(2−2) P3(2−3) P4(2−4) (1.7) k =1 (1.4) O modo adotado em (1.2)~(1.5) é o único discutido neste texto: propõe como Pivô o primeiro elemento da diagonal principal de cada matriz, particularidade que o credencia como um procedimento alternativo na resolução de sistemas lineares [1][2][3]. Contudo, difererentes estratégias podem ser adotadas. Em [5], p. ex., o último elemento da diagonal principal é preposto como Pivô. Exemplos numéricos para (1.1) podem ser verificados em [4]. Segue a comprovação do resultado indicado em (1.7). (1.5) II. VALIDAÇÃO (1.3) é um elemento qualquer de B3x3, C2x2 ou D1x1, então: [email protected] c11 P2 = C⇒ c21 = P4 (1.6) 4 A⇒ {P4 = a11 δ ij b11 P3 = B⇒ b21 = b31 = a c = ad − bc b d Para a matriz (1.2) o determinante é: Em que: Se δ ij = A proposição (1.1) pode ser reescrita na forma (2.1): n n k =1 k =2 Det ( A) nxn = ∏ Pk1−( k −1) = P1 ∏ Pk , Pk ≠ 0 Pkk −1 (2.1) Dessa forma o determinante da matriz (1.2), calculado em (1.7), assume a forma (2.2): 1 4 Det ( A) = P1 ∏ k =2 Pk P P P P = 1 2 32 43 k −1 Pk 1 P2 P3 P4 P4 0 ATs = 0 0 (2.2) Para uma melhor compreensão do algoritmo de comprovação, bem como evitar as fórmulas, é útil reorganizar as frações: Det ( A) = 1 P4 P3 P2 P1 1 P4 P4 P3 P4 P3 P2 (2.3) Ou seja, na menorização n→1 são utilizados n Pivôs. O ordenamento proposto em (2.3) sugere uma regra para organizá-los, de forma que: o 4. Os numeradores são dispostos de modo decrescente, obedecendo à sequência de menorização, enquanto aos denominadores atribui-se o produto dos numeradores das frações precedentes. P4 a21 APi = a31 a41 A. DECOMPOSIÇÃO LU Normatizar a menorização (1.2)~(1.5): A4 x 4 P4 a12 a a22 = 21 a31 a32 a41 a42 a13 a23 a33 a43 a14 a24 a34 a44 P3 b12 b13 1 B3 x 3 = b21 b22 b23 P4 b31 b32 b33 1 P2 c12 C2 x 2 = P4 P3 c21 c22 1 D1 x1 = ( P1 ) P4 P3 P2 2. (2.4) ATi ( i , j ) = (2.5) a12 P3 P4 a13 b12 P4 b21 P4 P2 P4 P3 b31 P4 c21 P4 P3 c12 P4 P3 P1 P4 P3 P2 0 P2 P4 P3 0 0 c12 P4 P3 P1 P4 P3 P2 a14 b13 P4 (2.9) APi ( i , j ) APi ( j , j ) 0 P3 P4 0 b21 P4 P2 P4 P3 b31 P4 c21 P4 P3 1 a 21 P4 = a31 P4 a41 P 4 0 0 P1 P4 P3 P2 0 0 ⇓ 0 0 1 0 b21 P3 1 b31 P3 c21 P2 0 0 0 1 (2.10) (2.11) (2.6) (2.7) De (2.4)~(2.7) montar a matriz AP (4x4) com as filas de Pivôs (2.8): P4 a21 AP = a31 a41 a13 b12 P4 Extrair de AP a matriz triangular inferior Api (2.10) e ajustar suas colunas tendo em vista a diagonal principal unitária ATi (2.11): Segue a demonstração de (1.1) por decomposição LU (2.14) e do Teorema de Binet (2.12). 1. a12 P3 P4 5. O leitor pode constatar o mesmo resultado se, de modo similar, a diagonal principal unitária for ajustada nas linhas de (2.9) enquanto (2.10) permanece inalterada. Aplicar o Teorema de Binet: Det ( ATi . ATs ) = Det ( ATi ).Det ( ATs ) a14 b13 P4 (2.12) Det ( A) P P P P1 Det ( ATi . ATs ) = (1) 4 3 2 1 P4 P4 P3 P4 P3 P2 (2.8) 6. (2.13) Completar a prova com a verificação da igualdade A = ATi . ATs (2.14): L 3. U Extrair de AP a matriz triangular superior ATs (2.9): 2 a11 a21 P P4 4 A = a31 P P4 4 a 41 P4 P4 A( i , j ) U L a11 0 0 0 1 P a a a 4 12 13 14 a 21 1 P3 b12 b13 0 0 P4 0 P P4 P4 4 (2.14) A = a31 b21 P2 c12 1 0 0 0 P4 P3 P4 P3 P4 P3 a b c 31 21 41 P1 1 P 0 4 P3 P2 0 0 P4 P3 P2 a12 a13 a21 P a12 + 3 P4 P4 a21 b a13 + 12 P4 P4 a31 b P3 a12 + 21 P4 P3 P4 a31 b b P a13 + 21 12 + 2 P3 P4 P4 P3 P4 a41 b P3 a41 b b c P2 a13 + 31 12 + 21 a12 + 31 P4 P4 P P P P P P P 4 3 4 3 4 3 2 a21 b13 a14 + P P 4 4 a31 b21 b13 c12 + a14 + P P P P P 3 4 4 3 4 a41 b31 b13 c21 c12 P1 a14 + + + P3 P4 P2 P4 P3 P4 P3 P2 P4 a14 { A(1,1) = a11 }{ A(1,2) = a12 }{ A(1,3) = a13 }{ A(1,4) = a14 }{ A(2,1) = a21 } a21a12 + P4 a22 − a21a12 a21a13 + P4 a23 − a21a13 = a22 A(2,3) = = a23 A(2,2) = P4 P4 a31a12 + P4 a32 − a31a12 a21a14 + P4 a24 − a21a14 A = = a A = a A = = a { } 24 (3,1) 31 (3,2) 32 (2,4) P4 P4 A = a31a13 + b21b12 + P3 b22 − b21b12 = a31a13 + P4 a33 − a31a13 = a (3,3) 33 P4 P4 P3 P4 b b + P3 b23 − b21b13 a31a14 + P4 a34 − a31a14 a a A(3,4 ) = 31 14 + 21 13 = = a34 ⇒ P4 P4 P3 P4 a41a12 + P4 a42 − a41a12 = a42 { A(4,1) = a41 } A(4,2) = P4 A = a41a13 + b31b12 + P3 b32 − b31b12 = a41a13 + P4 a43 − a41a13 = a 43 (4,3) P4 P4 P3 P4 c c + P2 c22 − c21c12 a41a14 b31b13 + P3 b33 − b31b13 a a b b A(4,4 ) = 41 14 + 31 13 + 21 12 = + = P4 P4 P3 P4 P4 P3 P2 P4 P3 a41a14 + P4 a44 − a41a14 = a44 P4 3 III. CONSIDERAÇÃO FINAL É compreensível a inexistência de menções, na teoria vigente, sobre a metodologia aqui discutida. Afinal, sua aplicação depende de uma notória restrição: Pk≠0. Há séculos procedimentos têm sido utilizados de modo antagônico, com inegável êxito. A menorização oferece, no entanto, além da praticidade, mais uma singular relação entre os números, o que torna a matemática ainda mais bela e divertida! AGRADECIMENTOS “Àquele que pode, por sua força que opera em nós, realizar infinitamente mais do que tudo o que pedimos e imaginamos; a Ele seja dada a glória na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, através de todos os séculos. Assim seja!” (Ef 3,20-21) REFERÊNCIAS [1] [2] [3] [4] [5] M. Sadosky, Cálculo Numérico e Gráfico. Interciência, Rio de Janeiro, pp. 87-90, 1980. C. Soares. (2019, Dezembro). Solução de Sistemas de Equações Lineares- Método de Castilho [Online]. Disponível em: https://camilasoares.wordpress.com/2009/03/02/solucao-de-sistemasde-equacoes-lineares-%E2%80%93-metodo-de-castilho/ K. Kilhian. (2020, Janeiro). Método de Castilho [Online]. Disponível em: https://www.obaricentrodamente.com/2008/11/mtodo-decastilho.html R. M. Nascimento. (2020, Janeiro). Cálculo do determinante de uma matriz genérica nxn [Online], Disponível em: http://www.somatematica.com.br/trabalhos/calc_det.zip R. M. Nascimento. (2020, Janeiro). Linear algebra with pivoting [Online], Disponível em: https://www.mathworks.com/matlabcentral/fileexchange/7987-detp Reinaldo Mauricio do Nascimento é Técnico em Eletrotécnica (CEFET-MG-1978), Técnico em Eletrônica (COTEMIG-MG-1989) e graduado em Engenharia de Controle e Automação pela Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte – MG – 2013. 4