Comissão de Espiritualidade e Patrimônio Marista Celebrando São Marcelino rumo ao Bicentenário (06 de junho de 2010) Era para nós como um bom pai Irmão Ivo Antonio Strobino 01. Motivação - Rumo ao bicentenário é o clima de expectativa que o Senhor nos permite viver nestes anos que precedem 2017, quando celebraremos os duzentos anos de fundação do Instituto dos Irmãos Maristas. - Hoje nos reunimos para recordar São Marcelino Champagnat, instrumento que Deus escolheu para estar na origem da árvore de fronde imensa, de seiva fértil e de frutos copiosos que é a Instituição Marista. - Com breves momentos de leituras e de oração, queremos meditar sobre a percepção que dele tiveram os primeiros seguidores quando, tocados pela dedicação e amor que lhes votava o Fundador, começaram a chamá-lo de PAI. - Já no final do Capítulo 10 da Biografia do fundador, o Irmão Jean-Baptiste coloca esta afirmação interessante: “Por esse tempo (trata-se do ano 1825, início da ocupação da casa de l´Hermitage) os Irmãos suplicaram ao Pe. Champagnat que lhes permitisse chamá-lo de PAI e ele, a isso, acedeu de bom grado”. (Biografia, edição de 1999, p. 105) 02. Abertura Desde amanhã preparo uma oferenda (bis) E fico Senhor; à espera do teu sinal (bis) 03. Leitura A (três relatos de contemporâneos seus) a) Irmão Francisco (num escrito de 1880): Leitor - “A sua orientação não consistia em multiplicidade de palavras. Muitas vezes era carícia paterna, uma palavra, a mesma palavra repetida várias vezes. Pronunciada por ele, aquela palavra descia até o fundo do coração, levando ao arrependimento, ao amor de Deus, ao desejo de progredir. Junto dele, quantos de nós recobramos a paz, a confiança e a felicidade. Ele era firme no falar e todos nós, sem dúvida, teríamos tremido ao som de sua voz, a um só de seus olhares! Acontece, porém, que, acima de tudo, ele era bom, era compassivo, era para nós como um pai! Ao fundar a Congregação, quis organizá-la como família, onde o chefe fosse um pai e onde os Irmãos mais antigos velassem sobre os jovens e os protegessem. Formemos, pois, essa família, sejamos os seus filhos. Tenhamos amor, respeito e serviço mútuo. Deixemo-nos penetrar dos seus sentimentos. Façamo-lo reviver no meio de nós”. (AFM–Archives Frères Maristes, doc 505.8) “Com Maria, ide depressa para uma nova terra.” (XXI Capítulo Geral) b) Irmão Lourenço (testemunho escrito em 1840): Leitor: - “Uma mãe não tem mais carinho para com seus filhos do que o Pe. Champagnat o tinha por nós. E isto ainda não é bem exato pois, não raras vezes, as mães amam os filhos com um amor apenas humano, ao passo que ele nos amava de uma forma toda espiritual. No começo éramos muito pobres, o pão que comíamos tinha a cor da terra, mas ele nunca nos deixou faltar nada. Como o mais terno dos pais, ele tinha um grande cuidado de nós. Lembro-me de suas preocupações por mim quando eu estava doente, em La Valla. Vinha me visitar todos os dias, sempre trazendo alguma coisa especial. Amiúde, recordava-nos o cuidado que a Divina Providência tem para com aqueles que depositam nela a sua confiança. Quando nos falava da bondade de Deus e do seu amor por nós, ele o fazia de maneira tão persuasiva que incutia em todos o ardor divino de que estava repleto, de tal sorte que as dores, os trabalhos e todas as misérias da vida seriam incapazes de nos abalar”. (OM-Origines Maristes, tomo II, doc 756) c) Irmão Sylvestre (do seu livro, escrito em 1886): Leitor: - “Rogo ao leitor benévolo que, nos capítulos seguintes, tenha sua atenção voltada para tudo quanto fez por mim o Revdo. Padre Fundador, tendo em vista me corrigir dos defeitos e me conservar na vocação. Facilmente se poderá ver que ele aliava traços de uma paciência incomparável com atitudes de um pai muito terno e amigo. Tudo, somado a uma constante firmeza, fizeram-no triunfar sobre meu caráter leviano e dissipado que me faziam parecer tão pouco apropriado à vida religiosa”. (Frère Sylvestre raconte Marcellin Champagnat, p. 85). Fazer o eco, meditar: - Acima de tudo era bom, era compassivo, era para nós como um pai. - Suas palavras de orientação desciam até o fundo do coração. - Junto dele, quantos de nós recobramos a paz, a confiança, a felicidade! - Tinha mais carinho por nós do que uma boa mãe o tem pelos filhos. - Era como o mais terno dos pais. - Tinha atitudes de firmeza, de paciência e de ternura. - (outras) ... 04. Leitura B (das Constituições e das Conclusões do XXI Capítulo Geral): Leitor – Marcelino Champagnat fez da comunidade dos primeiros Irmãos uma verdadeira família. Partilhou a vida deles em La Valla e em l´Hermitage. Dedicou-se totalmente aos Irmãos. Dizia-lhes: - “Saibam que só respiro por vocês e que não há bem verdadeiro que eu não peça a Deus cada dia e que eu não esteja disposto a proporcionar-lhes à custa dos maiores sacrifícios”. Em troca, os Irmãos amavam-no como um pai. Em convívio com ele, e junto à Boa Mãe, aprofundavam o sentido da fraternidade, da dedicação e da abnegação a serviço uns dos outros. Fiéis a essa herança transmitida por gerações de Irmãos, realizamos o desejo do Fundador, levando nossa vida de comunidade num grande espírito da família. - “Amem-se uns aos outros como Jesus Cristo nos amou. Que não haja senão um só coração e um só espírito entre vocês”. (Constituições, nº 49) Leitor: - Deus tem um sonho para cada um de nós, para a humanidade e para nosso Instituto Marista. Ao escutar os nossos corações, descobrimos o seu amor, a sua misericórdia e a sua ternura como a de um Deus que é Pai e Mãe... Essa mesma descoberta fez com que Marcelino fosse um homem empreendedor, audaz e arriscado, com o seu sonho de “tornar Jesus Cristo conhecido e amado pelas crianças e pelos jovens”. (Carta do XXI Capítulo Geral) “Com Maria, ide depressa para uma nova terra.” (XXI Capítulo Geral) Fazer o eco, meditar: - Não há bem verdadeiro que eu não peça todos os dias para vocês. - Mesmo à custa de sacrifícios, estou disposto a proporcionar-lhes todo o bem. - Amem-se uns aos outros como Jesus Cristo nos amou. - Os Irmãos o amavam como um pai. - Fiéis a essa herança do pai, cultivamos o espírito de família. - Marcelino fez a experiência de que Deus é Pai e Mãe. - (outras) ... 05. Leitura C (das Cartas de São Paulo e das Cartas de São Marcelino): Leitor: - “Eu vos escrevo como para filhos muito amados. Ainda que tivésseis dez mil mestres em Cristo, não tendes senão um só pai, pois fui eu quem vos gerei em Cristo Jesus, para o Evangelho. Por isso, vos conjuro a que sejais meus imitadores...” (I Cor 4, 14-16). - “Sinto grande satisfação por poder exprimir e derramar em vossos corações a afeição que replena o meu. Desejo, com muita sinceridade, que a graça do Senhor se espalhe com abundância sobre cada um de vocês. Agradeço todo o afeto que por mim vocês demonstram e gostaria de poder exprimir, neste momento, toda a minha gratidão e afeto...” (Cartas de Champagnat, doc 238, janeiro de 1839) Leitor: - “Não são os filhos que entesouram para os pais, mas os pais que entesouram para os filhos. Por isso, de bom coração eu tudo darei por vós, isto é, eu me entregarei inteiramente por vossas almas, ainda que, amando-vos mais, eu não seja tão correspondido por vós...” (II Cor 12,14-15) - “Então, na sua misericórdia, Deus me deu a graça da recuperação da saúde e eu pude voltar para confortar os meus filhos. Disse-lhes que não temessem nada, pois eu estaria com eles em todos os infortúnios, partilhando até o último pedaço de pão. Naquela ocasião percebi que nenhum dos dois padres encarregados deles tivera sentimentos de pai em relação aos meus jovens.” (Cartas de Champagnat, doc 30, setembro de 1833) Leitor: - “Como a mãe que acaricia o seu filhinho, assim, em nossa ternura para convosco, desejaríamos não só comunicar-vos o Evangelho de Deus, mas até a própria vida, porquanto muito vos amamos...” (I Tes 2, 7-8) - “De minha parte, não esqueço nenhum de vocês. Todos, todos me são muito caros. Diga isso aos Irmãos; diga-lhes também que conto muito com as suas orações...” - “Não esqueça de dizer aos Irmãos o quanto eu os amo e quanto eu sofro por estar vivendo, assim, longe de todos...” (Cartas de Champagnat, doc 193 e doc 197, maio e junho de 1838) Fazer o eco, meditar: - Meu coração está repleno de afeição por vocês. - Fui eu quem vos gerou para Cristo. - São os pais que entesouram para os filhos. - Partilharei com vocês até o último pedaço de pão. - Todos vocês me são muito caros. - (outras) ... “Com Maria, ide depressa para uma nova terra.” (XXI Capítulo Geral) 06. Preces: Leitor: - Nós vos damos graças, Senhor, porque sois o PAI nosso que estais nos céus! - Nós vos damos graças, Senhor, pela Virgem Maria que é nossa Boa MÃE! - Nós vos damos graças, Senhor, por Marcelino Champagnat, PAI devotado dos seguidores maristas. Todos: - Como um pai é compassivo com seus filhos, o Senhor é compassivo com aqueles que o amam! (Salmo 103) Leitor: - Ajudai-nos, Senhor, a não esmorecer no empenho da conversão pessoal e da atualização institucional, para prosseguirmos com fidelidade na caminhada! - Ajudai-nos, Senhor, a enfrentar os desafios e vicissitudes atuais, como maristas novos que caminham em direção a um mundo novo! - Ajudainos, Senhor, a partilhar o carisma marista, sentando-nos ao redor da mesma mesa, Irmãos, leigos maristas e colaboradores, com atitudes de acolhida, discernimento, esperança e gratidão! Todos: - Sois o nosso Pai, Senhor; somos obra de vossas mãos. Vós sois o oleiro, Senhor, e nós somos o vosso barro. Olhai, Senhor, pois somos todos filhos vossos. (Is 64, 7-8) Leitor: - Abençoai, Senhor, nossos propósitos de cordialidade e de perdão, para que reine entre nós o bom espírito de família que Marcelino desejava para todos os ambientes maristas! - Abençoai, Senhor, nossa caminhada rumo ao bicentenário marista, confortando-nos com vossa graça e proteção! - Abençoai-nos, Senhor, e que a vossa graça nos acompanhe sempre! Todos: - Eu habitarei no vosso meio e caminharei convosco. Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo, diz o Senhor. (2 Co 6, 17) (outras preces espontâneas...) Rezemos juntos em sinal de unidade a oração do Pai Nosso. 07. Canto final: Pelas estradas da vida Pelas estradas da vida, nunca sozinho estás Contigo pelo caminho, Santa Maria vai. Ó vem conosco, vem caminhar, Santa Maria vem. Ó vem conosco, vem caminhar, Santa Maria vem. Se pelo mundo os homens, sem conhecer-se vão Não negues nunca a tua mão, a quem te encontrar. Mesmo que digam os homens, tu nada podes mudar Luta por um mundo novo, de unidade e paz. Se parecer tua vida inútil caminhar Lembra que abres caminho, outros seguirão. “Com Maria, ide depressa para uma nova terra.” (XXI Capítulo Geral)