A medição da velocidade de som e a monitorização “in-line” de processos químicos − calibração e cálculo de incertezas Isabel M. S. Lampreia e Ângela F. S. S. Mendonça Departamento de Química e Bioquímica, Centro de Ciências Moleculares e Materiais, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal. E-mail: [email protected] Resumo Efectuou-se a calibração com água ultra pura de um velocímetro de ultrasons modificado, usando dados de velocidades de som para a água, recomendados na literatura. Os parâmetros empíricos de calibração foram obtidos pelo método dos mínimos quadrados e foi avaliado o impacto das incertezas destes parâmetros e das quantidades de influência nas velocidades de som calculadas para a água e a sua propagação em quantidades termodinâmicas derivadas. Apresentam-se alguns exemplos que têm sido utilizados em aplicações industriais importantes, tais como a estimativa de concentrações e densidades de soluções e misturas líquidas obtidas a partir de dados experimentais da velocidade de som. Palavras-chave: velocímetro de ultrasons, calibração, incerteza, densidade, concentração. 1. Introdução Medidas da velocidade do som em líquidos puros e suas soluções ou misturas, assim como em emulsões e suspensões têm sido feitas frequentemente com o objectivo quer de estudar as interacções intermoleculares e os efeitos de empacotamento produzidos pelo processo de mistura ou para monitorizar alguns processos industriais. No caso da investigação 1 fundamental, artigos científicos recentes [1-4] mostram que se pode retirar informação relevante quanto à dependência da concentração, temperatura ou pressão das interacções ou rearranjos moleculares ou mesmo transições de fase relacionadas por exemplo com processos de micelização ou formação de outro tipo de agregados moleculares. Mudanças estruturais nas camadas de hidratação de certas moléculas, após a adição de diferentes cosolutos, têm uma vasta ária de aplicações em várias indústrias tais como a farmacêutica, a alimentar (incluindo bebidas), a cosmética e a da conversão de energia. No caso dos processos de controlo industriais a monitorização contínua de processos é um requisito fundamental para a qualidade do produto. As medidas de ultrasons têm sido usadas para a monitorização “in-line” de propriedades para as quais existem relações de dependência com a velocidade de som bem estabelecidas, tais como a concentração, a densidade e o tamanho das partículas [5]. Algumas das indústrias onde têm sido usadas medidas de velocidade de som para controlar os processos químicos são as indústrias químicas, farmacêutica, alimentar e a da fabricação de bebidas. A razão deste facto prendese com a conveniência das características dos sensores de ultrasons permitindo medidas “in-line” que são não invasivas e que têm uma resposta rápida, apresentando uma estabilidade excelente a longo prazo. A sua alta resolução e exactidão são características adicionais que contribuem para a vasta aplicação de técnicas baseadas na determinação da velocidade de som, recentemente resumidas por Douhéret et al [6]. De entre as várias técnicas existentes, a que se baseia no método “sing-around” foi utilizada por diferentes fabricantes de equipamento de medida, fornecendo uma grande variedade de aplicações que vão desde a investigação fundamental [7–10] à determinação da concentração de várias substâncias tais como açúcar (graus Brix), álcool (% vol), ácido sulfúrico e a determinação das características da cerveja [11]. Nas aplicações técnicas mais sofisticadas deste método (direct through flight transducer-transducer) apenas se podem obter resultados rigorosos após uma calibração cuidada do equipamento. Neste trabalho apresentam-se alguns resultados da calibração deste tipo de equipamento e expõe-se o procedimento do cálculo das incertezas da estimativa da velocidade de som e das quantidades dela derivadas, como por exemplo a concentração e a densidade, tomando em linha de conta tanto as grandezas de entrada como as de influência assim como a propagação das incertezas nos parâmetros de calibração. 2 2. Medida da velocidade de som As medidas da velocidade de som foram feitas com um velocímetro de ultrasons comercial modificado, fornecido pela Nusonic Mapco Inc. (Modelo 6080). Este velocímetro, que veio equipado com um transdutor duplo operando a 1.8 MHz, foi modificado, com o objectivo de fornecer directamente a frequência da repetição do pulso com uma resolução de 10 dígitos. A frequência foi então medida com um medidor de frequências Hewlett Packard, modelo HP 53181A 225 MHz. Foi utilizada uma célula hermética de vidro Pyrex, especialmente desenhada para prevenir a evaporação do líquido introduzido no seu interior. O princípio operativo deste velocímetro corresponde à versão “direct through flight transducer–transducer version” [6], no qual a velocidade de som, u, é obtida a partir da frequência da repetição de pulso, f. Um pulso emitido por um transdutor (emissor) desloca-se através do líquido para ser recebido por um segundo transdutor (receptor), localizado a uma distância fixa do primeiro. O pulso recebido é então reencaminhado para o primeiro transdutor, repetindo o processo. Assim o tempo de trânsito do pulso é, l/u, em que l é a distância efectiva entre os transdutores. Outra característica física deste método é a existência de um atraso electrónico, τ, entre a chegada de um pulso e a partida do pulso seguinte. A velocidade do som numa amostra líquida pode então ser determinada uma vez conhecidos os parâmetros l e τ . A maneira usual de obter aqueles parâmetros é por calibração com água usando dados rigorosos de u. A velocidade de som é então calculada usando a seguinte equação: 1 l = +τ f u (1) Esta equação funciona bem desde que o meio através do qual os ultrasons viajam, apresente a mesma atenuação de som do que na calibração. Outras razões possíveis de falha do método consistem na existência de bolhas de ar no líquido ou de grandes partículas que difractem a onda sonora. A célula foi introduzida num banho termostático de água, com controlo de temperatura de ±0.01 ºC. A temperatura foi medida com uma incerteza padrão de ±0.01 ºC usando um 3 termómetro de resistência de platina PT100 calibrado com um SPRT (termómetro de resistência de platina padrão de 25 Ω ) que por seu lado foi calibrado no NPL (National Physical Laboratory) com uma incerteza de ±0.005 ºC, na escala internacional de temperatura ITS-90. A instalação utilizada é apresentada de uma forma esquemática na figura 1. Trandutor emissor Amostra Multimetro digital Célula Unidade de “sing–around” Computador Frequencímetro Pt 100 Agitador Conjunto de transdutores Transdutor receptor Banho termostático Fig. 1. Representação diagramática do dispositivo usado na medida das velocidades de ultrasons. A calibração do velocímetro foi feita com água ultra pura desionizada e desgaseificada de resistividade (18 MΩ cm), obtida com o sistema Milli-Q da Millipore no intervalo de temperatura de 5 a 45 ºC. 3. Resultados 3.1 Calibração 4 Na tabela 1 mostram-se 4 séries de dados de frequência em função da temperatura, obtidas para a água, com intervalos de tempo superiores a seis meses. Nesta mesma tabela apresentam-se os valores correspondentes da velocidade de som na água, calculados usando a equação obtida por Del Grosso e Mader [12] e corrigida para a escala de temperatura ITS-90. Foi utilizado o método dos mínimos quadrados para encontrar a melhor recta 1 / f vs. 1 / u de acordo com a equação 1. Os valores dos parâmetros l e τ ajustados, juntamente com as suas incertezas padrão e a incerteza padrão do ajuste são apresentados na tabela 2. Tabela 1. Frequencia, f em função da temperatura, t, para a água. t/ºC 9.99 10.99 12.00 14.02 16.02 17.00 18.04 19.01 19.98 21.01 22.06 24.00 25.08 26.00 27.00 28.00 30.07 31.01 33.07 34.08 34.99 Série 1 f/Hz 115512.24 115792.37 116068.07 116612.16 117120.54 117405.43 117653.85 117874.93 118068.88 118336.10 118568.44 118892.10 119170.46 119282.82 119489.48 119659.67 120100.85 120187.94 120591.60 120741.06 120808.14 ua/ m s−1 1447.258 1451.170 1455.030 1462.471 1469.452 1472.757 1476.189 1479.282 1482.299 1485.420 1488.504 1493.990 1496.910 1499.336 1501.896 1504.386 1509.303 1511.427 1515.908 1517.981 1519.814 t/ºC Série 2 f/Hz 5.00 5.01 7.00 8.50 9.99 11.96 114104.22 114111.73 114744.32 115198.40 115667.43 116228.20 15.00 20.00 25.00 30.00 34.99 36.97 117053.39 118268.11 119274.78 120181.79 120959.39 121226.69 t/ºC 5.00 8.04 11.08 14.08 17.14 19.16 Série 3 f/Hz 113937.56 114913.81 115837.80 116640.33 117397.18 117888.34 ua/ m s−1 1426.176 1426.218 1434.903 1441.210 1447.258 1454.868 1465.938 1482.357 1496.688 1509.144 1519.801 1523.576 ua/ m s−1 1426.163 1439.307 1451.515 1462.677 1473.224 1479.735 20.14 23.17 26.12 29.10 32.08 35.06 118110.61 118760.24 119373.58 119914.77 120426.48 120866.21 38.06 40.07 121284.63 121537.27 t/ºC Série 4 f/Hz 5.01 6.99 8.49 14.99 20.00 25.04 30.00 35.00 39.96 44.64 114039.27 114726.97 115180.87 116988.15 118194.66 119270.20 120165.75 120951.69 121612.25 122126.82 1482.790 1491.680 1499.646 1507.047 1513.790 1519.944 1525.547 1529.002 ua/ m s−1 1426.192 1434.878 1441.165 1465.920 1482.369 1496.804 1509.135 1519.821 1528.820 1535.932 a Valores da velocidade de som retiradas da referência [12] e corrigidas para a escala internacional de temperatura ITS–90. 5 sτ /s 6.6 × 10−7 3.2 × 10−8 7.0 × 10−7 1.4 × 10−8 2.2 × 10−9 sajuste/s 0.011633 0.00002 Série 3 τ /s 0.011497 0.00002 Série 2 s l /m 0.011571 0.00005 Série 1 Parâmetros de calibração l/m 6.2 × 10−7 1.3 × 10−8 1.2 × 10−9 Série 4 Tabela 2. Parâmetros da equação (1), ajustados pelo método dos mínimos quadrados e as correspondentes incertezas padrão e as incertezas padrão dos ajustes. 1.0 × 10−9 0.011580 0.00002 6.6 × 10−7 1.2 × 10−8 1.0 × 10−9 Como foi acima mencionado a equação 1, resolvida em ordem a u , é conveniente para determinar a velocidade de som de um líquido, desde que em condições semelhantes de atenuação do som. Com o objectivo de determinar a incerteza da velocidade de som estimada, obtida a partir da determinação experimental da frequência e dos parâmetros da calibração, utilizou-se o procedimento adoptado pela European co–operation for Accreditation [13]. Neste procedimento o quadrado da incerteza padrão ou a chamada variância da distribuição, s 2 ( y ) , associada à estimativa da grandeza de saída, y , é dada pela seguinte expressão: N N −1 i =1 i =1 k = i +1 s 2 ( y ) = ∑ ci2 s 2 (xi ) + 2∑ N ∑ c c s(x )s(x )r (x , x ) i k i k i k (2) em que os xi são as estimativas das grandezas de entrada, s 2 ( xi ) e s ( xi ) são as variâncias e incertezas padrão correspondentes. ci = (∂y ∂xi )x j ≠ xi são os coeficientes de sensibilidade e r ( xi , x k ) é o coeficiente de correlação, relacionado com as estimativas das grandezas de entrada xi e x k respectivamente. O último termo da equação 2 diz respeito à correlação mútua (covariância) de quaisquer par de variáveis. No caso presente as quantidades de entrada são f , l , e τ , em que f é a única quantidade de medida directa, chamada mensuranda e l e τ estão correlacionados pela equação 1. A temperatura, t, e ucal (dados de u usados na calibração) são quantidades de influência. Depois de resolver a equação 1 em ordem a u , a aplicação da equação 2 conduz à equação 3 que permite calcular o quadrado da incerteza padrão da velocidade de som estimada. 6 2 f 2l f 2 s (l ) + s (u ) = 2 1 − fτ (1 − fτ ) 2 2 2 f s (τ ) + 2s (l )s (τ ) − fτ 1 2 f 2l (1 − fτ )2 r (l ,τ ) 2 (3) ∂u ∂u + s 2 ( f ) + s 2 (t ) + s 2 (u cal ) ∂t l ,τ ,f ∂f l ,τ ,t Nesta equação s 2 (l ) , s 2 (τ ) , s 2 ( f ) , s 2 (t ) e s 2 (u cal ) são os quadrados das incertezas padrão de l , τ , f , t e u cal , respectivamente e r (l,τ ) é o coeficiente de correlação das duas quantidades l e τ, que neste caso é –1. Tabela 3. Exemplo do balanço de incertezas para a velocidade de som da água a 20 ºC (valor da 3ª série de dados da tabela 1)*. Quantidade Tipoa Estimativa Incerteza padrão Coeficiente sensibilidade Contribuição para s2( u) Entrada l /m A 0.011633 1.27 × 105 5.8 τ /s 1.9 × 10−5 A −7 −8 8 5.8 Covariância Par: l e τ A 6.20 × 10 1.3 × 10 1.89 × 10 −11.6 ∑ s (u ) 2 subtotal f / s−1 (reprod.) f / s−1 (ajuste, eq. 1) Influência t / ºC b −1 u /ms Saída u / m s−1 * s(u). = 1.4 × 10−5 A 118760.2 1.2 0.014 2.6 × 10−4 0.02 A 118760.2 14.2 0.014 0.037 0.19(1) B 20.1 0.01 3.07 9.4 × 10−4 −3 1.1 × 10 B 1451.515 1 0.03 −6 1.1 × 10 ∑ s (u ) = 0.038 2 0.19(4) Note-se que o número de algarismos significativos em alguns casos não está correcto por se preferir dar ênfase à sua ordem de grandeza; a Classificação de acordo com a referência [13]: Tipo A: Avaliada pelo método estatístico. Tipo B: Avaliada por qualquer outro método não baseado em análise estatística; b Incerteza do valor de referência atribuído a u (no presente exemplo, s = s (u i ) / n = 0.015 / 14 ). Na tabela 3 mostra-se o balanço de incertezas, avaliado para o ponto de 20 ºC da série 3, que aqui é utilizado para exemplificar o método. Como se pode ver nesta tabela a reprodutibilidade do método é estimada ser da ordem dos 0.02 m s-1. Deve-se notar que o 7 efeito da temperatura é significativo. Por outro lado a exactidão da velocidade de som para a água ultra pura, determinada por este método, foi estimada comparando os valores de u da literatura e usados na calibração, com os valores correspondentes obtidos pela equação 1, resolvida em ordem a u. Uma medida quantitativa desta comparação consiste na propagação para u da incerteza padrão do ajuste, sajuste. Este cálculo foi feito e corresponde à exactidão de u. O valor obtido, 0.2 m s-1, está de acordo com grande parte das estimativas desta incerteza, encontradas na literatura. Para os outros pontos a incerteza padrão localizase entre 0.19 a 0.22 m s-1. 3.2 Aplicação dos resultados da calibração às determinações de concentração e densidade. Acrescendo à relevância dos resultados destas calibrações na determinação da velocidade de som por si própria, com extensa aplicação em investigação fundamental [3, 14], duas aplicações importantes no controlo e monitorização de processos industriais, nomeadamente a determinação da concentração e da densidade, são obviamente afectadas pelas incertezas em u. Neste trabalho apresentam-se os resultados das incertezas associadas à previsão de densidades e concentrações (propriedade genérica M), feita a partir de valores experimentais de velocidade de som, obtidos a 25 ºC. O método dos mínimos quadrados foi usado para encontrar a melhor correlação de dados rigorosos de M em função de u (M vs u) retirados da literatura. Os resultados para dois exemplos, nomeadamente, soluções aquosas de cloreto de sódio (NaClaq) com molalidade, m, entre 0.1 e 1 mol kg−1 e soluções aquosas binárias de etanol, com teor alcoólico expresso em percentagem de volume (% vol) entre 0 e 4% (valores encontrados nas cervejas) são mostrados na tabela 4. Para tornar mais claro o método utilizado no cálculo de incertezas, apresentam-se nas tabelas 5 e 6 os balanços de incerteza detalhados para um caso de molalidade em NaCl e um caso da avaliação da % de álcool em % vol, estimados a partir dos valores de u determinados experimentalmente: 0.4 mol kg-1 no primeiro caso e 2.3% no segundo. 8 Tabela 4. Incertezas padrão dos valores estimados da propriedade M, nomeadamente densidade, ρ, molalidade, m e teor alcoólico, % vol, calculados a partir dos valores de u a 25 ºC, determinados experimentalmente. Sistema a NaCl + H2O C2H5OH + H2Oc Incerteza padrão Intervalo Tipo de dependência sajuste m = 0.1a m = 1 mol kg–1 m = 0.1 a m = 1 mol kg–1 x = 0 a x = 0.018 ρ = a + bu m = a + bu + cu 2 0.00045 mol kg−1 0.009b mol kg−1 ρ = a + bu + cu 2 0.039 kg m−3 0.67d kg m−3 % vol = 0 a 0.042 % vol = a + bu 0.028% 0.04%d s total −3 0.13b kg m−3 0.014 kg m Valores de u e ρ extraídos da referencia [15]; b calculado para m = 0.4 mol kg−1; c valores de ρ e u extraídos das referências [16] e [17] respectivamente; valores das % vol extraídos da referência [18]; d calculado para % vol = 2.3. a Tabela 5. Exemplo do balanço de incertezas para o valor estimado de mNaCl,aq, correspondente a um valor da velocidade de som, u determinado experimentalmente a 25 ºC.* Tipoa Estimativa Incerteza padrão Coeficiente sensibilidade Contribuição para s2(m) 3.95 0.96 c/mol kg−1 m−2 s2 A A −2.12 × 10 1.3 × 10 1 1521.4 0.92 3.65 A 1.24 × 10−5 4.1 × 10−7 2.25 × 106 0.91 Covariância Par: a e b A −3.66 Covariância Par: a e c A 1.82 Covariância Par: b e c A −3.64 Quantidade s(m) Entrada a/mol kg−1 b/mol kg−1 m−1 s −2 −3 ∑ s (u ) 2 subtotal u/ m s−1 B −1 majuste/ mol kg 1521.4 A 0.20 = 1.53 × 10−8 0.043 7.4 × 10−5 −4 4.5 × 10 1 2.0 × 10−7 8.3 × 10−7 1 6.9 × 10−13 0.0086 Influência mlitb/ mol kg−1 B 0.1–1 Saída m/ mol kg−1 0.4 ∑ s (u ) = 7.49 × 10 2 −5 0.0087 Note-se que o número de algarismos significativos em alguns casos não está correcto por se preferir dar ênfase à sua ordem de grandeza; a Classificação de acordo com a referência [13]: Tipo A: Avaliada pelo método estatístico. Tipo B: Avaliada por qualquer outro método não baseado em análise estatística; b Incerteza do valor de referência atribuído a m (no presente exemplo, s = s (m i ) / n = 1 × 10 −5 / 12 ). 9 Table 6. Exemplo do balanço de incertezas para o valor estimado de, % vol, correspondente a um valor da velocidade de som, u determinado experimentalmente a 25 ºC.* Quantidade Entrada a / % vol b / % vol m−1 s Covariância Par: a e b Tipo Estimativ a Incerteza padrão Coeficiente sensibilidade Contribuição para s2(% vol) A −205.49 0.13725 1.2 1 1.57 1513.9 1.59 a A −4 8.3 × 10 A −3.16 ∑ s (u ) 2 subtotal = 3.12 × 10−5 u / m s−1 B 1513.9 0.20 0.14 7.54 × 10-4 Influência % vollit B 0 – 4.2 1 8.3 × 10−7 t / ºC B 25 9.1 × 10−4 0.01 1.9 × 10−6 % volajuste A −0.137 1 Saída % vol s(% vol) 2.8 × 10−2 2.3 0.027 7.84 × 10−4 0.028 ∑ s (u ) = 1.6 × 10 2 −3 0.040 * Note-se que o número de algarismos significativos em alguns casos não está correcto por se preferir dar ênfase à sua ordem de grandeza; aClassificação de acordo com a referência [13]: Tipo A: Avaliada pelo método estatístico. Tipo B: Avaliada por qualquer outro método não baseado em análise estatística;b Incerteza do valor de referência atribuído a % vol (no presente exemplo, s = s (% vol lit ) / n = 0.01 / 11 ). Todos os cálculos apresentados nas tabelas 4, 5 e 6 foram baseados na equação (2) para a propagação de incertezas nas grandezas de entrada e de influência. Pela observação da tabela 5 pode-se ver que o factor dominante na propagação da incerteza à quantidade prevista, é a incerteza no valor de u determinado experimentalmente. Curiosamente no caso das soluções diluídas de etanol – água pode-se ver na tabela 6 que a qualidade do ajuste tem a mesma importância do que a qualidade da determinação experimental de u. Os cálculos feitos para os restantes pontos no caso da percentagem em volume de álcool conduziram a incertezas entre 0.039 a 0.043. Em relação às incertezas estimadas para a densidade, nos dois sistemas e para a molalidade no caso do NaClaq, os valores são os mesmos ao longo de toda a gama de valores estudados. 10 4. Discussão e conclusões A principal conclusão a ser retirada da análise de incertezas, feita nos pontos anteriores, àcerca dos resultados da calibração de um velocímetro de ultrasons, baseado no método de “sing-around”, é que a reprodutibilidade e a exactidão do método são respectivamente 0.02 m s−1 e 0.2 m s−1. De facto estes dois valores estão largamente disseminados na literatura [8, 9,19] e reflectem a reprodutibilidade das medidas de frequência no primeiro caso e simultaneamente a qualidade do ajuste 1/f vs. 1/u e a exactidão na medida da temperatura no último. No que diz respeito à aplicação das medidas de velocidade de som à monitorização de processos industriais, os exemplos apresentados nas tabelas 5 e 6 permitem inferior que a principal fonte de incerteza a ter em conta é a exactidão das medidas da velocidade de som, desde que a qualidade do ajuste M vs. u, efectuado com valores rigorosos retirados da literatura, seja suficientemente bom para poder ser considerado desprezável. À excepção do caso relativo à determinação da % vol de álcool, calculada a partir da determinação experimental de u, todos os outros casos obedecem à condição mencionada anteriormente. Assim, na tabela 6 pode-se verificar que a qualidade do ajuste % vol vs. u tem uma contribuição muito semelhante para a incerteza global, à incerteza correspondente ao valor experimental de u. Agradecimentos Este trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pelo FEDER. 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