PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 7/1/2013 | ZERO HORA SegundoCaderno 3 Um roteiro pelo cinema dos anos 2000 em oito regiões que merecem a nossa atenção | Por Daniel Feix | [email protected] CALIFÓRNIA FILMES, DIVULGAÇÃO “Em Busca da Vida”, de Jia Zhang Ke Alvorada voraz Não é de hoje que China e Japão são faróis do bom cinema,países nos quais despontaram alguns dos filmes mais luminares já produzidos,em épocas as mais diversas,sob contextos os mais distintos.Nestes anos 2000,consolidada como a terceira maior indústria do mundo,com cerca de 500 longas produzidos por ano (menos apenas do que EUA e Índia), a cinematografia chinesa viu se consolidar a chamada sexta geração de cineastas do país.A japonesa,enquanto isso,mostra-se fascinante em sua capacidade de encontrar caminhos totalmente diferentes daqueles pavimentados pelos mestres Akira Kurosawa e Yasujiro Ozu. Isso,somado à capacidade de investimento em locais como Taiwan e Hong Kong,tornou a produção desta região distante uma das mais relevantes do planeta nos últimos anos.Se é verdade que os títulos de kung-fu colaboram para estigmatizar a fatia menos inspirada dessa produção,também é fato que o requinte visual,o apuro técnico e a inventividade narrativa raras vezes se amalgamam de maneira tão notável quanto em seus melhores filmes. A Coreia do Sul,com seu incentivo estatal à cultura (que fortaleceu não apenas o cinema do país,mas a sua música pop e sua teledramaturgia), é“a”cinematografia para se prestar atenção.De lá vêm Bong Joon-ho (do arrasa-quarteirão O Hospedeiro),Park Chan-wook (da Trilogia da Vingança,na qual está incluído Oldboy) e Kim Ki-duk (Leão de Ouro no último Festival de Veneza por Pietá),três dos melhores cineastas do mundo hoje.O posto de“melhor”, para muitos,incluindo este escriba, talvez seja encabeçado pelo chinês Jia Zhang Ke (autor de preciosidades ao mesmo tempo poéticas e de alta carga social como Em Busca da Vida). No Top 10 ao lado,há de realizadores cooptados por Hollywood (o chi- nês Wong Kar Wai) a nomes menos conhecidos no Ocidente (o japonês Kiyoshi Kurosawa).A lista,contudo, é restrita.Inversamente proporcional à riqueza da produção desses países desde a virada do milênio. Faltou espaço,por exemplo,para cineastas superpremiados como Zhang Yimou (de Herói),Edward Yang (As Coisas Simples da Vida), Lou Ye (Spring Fever),Naomi Kawase (A Floresta do Luto),Li Yu (O Peixe e o Elefante) e Wang Xiaoshuai (Bicicletas de Pequim).E,também,para casos muito particulares como os do taiwanês de origem malaia Tsai Ming-liang (O Sabor da Melancia) e do animador Hayao Miyazaki (oscarizado por A Viagem de Chihiro). Se há uma região que congrega diversidade e qualidade,quantidade e excelência,em se tratando de cinema contemporâneo,é a da Ásia Extrema.A alvorada do século 21,no horizonte que costuma ser descrito como o do sol nascente,é das mais animadoras para os cinéfilos. ÁSIA EXTREMA De hoje até o fim de fevereiro, ao longo de oito segundas-feiras, ZH apresenta uma viagem pelas cinematografias mais importantes do século 21. Vamos passear por Europa, América Central e diversas regiões do Oriente. Começamos com os tradicionais China e Japão, a emergente Coreia do Sul e as pontuais, mas não isoladas, boas produções realizadas em Taiwan e Hong Kong. Boa viagem! 10 | top | filmes ■ Amor à Flor da Pele De Wong Kar Wai (Hong Kong, 2000) ■ Dolls De Takeshi Kitano (Japão, 2002) ■ Oldboy De Park Chan-wook (Coreia do Sul, 2003) ■ A Casa Vazia De Kim Ki-duk (Coreia do Sul, 2004) ■ Ninguém Sabe De Hirokazu Koreeda (Japão, 2004) ■ Three Times De Hou Hsiao-hsien (Taiwan, 2005) ■ Em Busca da Vida De Jia Zhang Ke (China, 2006) ■ O Hospedeiro De Bong Joon-ho (Coreia do Sul, 2006) ■ Tokyo Sonata De Kiyoshi Kurosawa (Japão, 2008) ■ Poesia De Lee Chang-dong (Coreia do Sul, 2010)