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70º aniversário do fim da 2ª Guerra Mundial na Ásia
No momento em que se assinala o 70.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, confirmado com a
rendição incondicional do Japão a 2 de setembro de 1945, o Conselho Português para a Paz e Cooperação
lembra os milhões de vítimas e realça a luta e o papel desempenhado pelos povos dos vastos territórios
ocupados pelo militarismo japonês para o desfecho da guerra e para o impetuoso movimento de libertação
nacional que se lhe seguiu.
A guerra na Ásia não só terminou mais tarde do que na Europa como começou muito mais cedo. À semelhança do que
sucederia mais tarde com a Alemanha nazi, o Japão militarista desde cedo que deixou claras as suas tendências
expansionistas, aproveitando a passividade das grandes potências, nomeadamente as colonialistas: desde o início dos
anos 30 que o Japão detinha protectorados e territórios ocupados no continente asiático e no Pacífico, como a
Manchúria, a Coreia e as ilhas Kurilas e Sakalina.
Em 1937, forças nipónicas invadiram a República da China, conquistando em Dezembro desse ano a capital Nanquim,
que seria palco de um dos maiores massacres da história: 300 mil chineses – soldados e civis – foram massacrados
pelos militaristas japoneses; em 1939, deram-se vários recontros fronteiriços com a União Soviética, desembocando na
batalha de Khalkhin Gol, em que as tropas japonesas sofreram uma pesada derrota e foram forçadas a firmar um pacto
de neutralidade com a URSS, permitindo a este país concentrar-se na defesa das suas fronteiras ocidentais; em 1940, o
Japão invadiu a Indochina francesa e no ano seguinte ocupou e atacou pontos detidos por potências ocidentais, o que
levou à declaração de guerra dos EUA e Reino Unido; nos anos de 1942-43, o expansionismo nipónico estendeu-se ao
Sudeste Asiático, Índico e Pacífico, atingindo a Birmânia, Java, Timor e Nova Guiné.
Para a derrota do Japão convergiram a tenaz resistência dos povos dos territórios ocupados, as acções militares aéreas,
navais e terrestres dos EUA, Reino Unido e Austrália e a entrada do exército soviético na guerra contra o Japão, após a
rendição alemã. Os criminosos bombardeamentos nucleares de Hiroxima e Nagasáqui pelos Estados Unidos da América
constituíram, mais do que um acto final da Segunda Guerra Mundial, uma primeira acção daquela que ficou conhecida
por «Guerra Fria», sendo mais uma demonstração de força dirigida à União Soviética do que a um Japão já então
cercado e derrotado.
Tal como na Europa, também na Ásia ao final da guerra sucedeu-se um período de impetuoso avanço nos processos de
libertação nacional e emancipação social, iniciando a derrocada do sistema colonial, patente na libertação e
independência de diversos países e na revolução chinesa, vitoriosa em 1949. Com a derrota do Japão, os EUA,
sustentados no poderio económico com que saíram da guerra e no monopólio da arma atómica (que mantiveram até
1949), procuraram refrear este movimento libertador, ocupando metade da Coreia e, mais tarde, substituindo os
franceses na ocupação do Vietname.
Setenta anos passados, a situação no Extremo Oriente é preocupante, com a permanente tensão no paralelo 38, que
ainda hoje divide a Coreia, a proliferação de bases e instalações militares dos EUA em torno da China e da Rússia e
recrudescimento do militarismo do Japão, onde permanecem milhares de militares norte-americanos.
O desarmamento, o fim das bases militares estrangeiras e o respeito pela soberania dos países são questões
fundamentais para garantir a paz na região e no mundo – para que um tal horror, nunca mais aconteça!
A Direcção Nacional do CPPC,
2 de setembro de 2015
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