COMUNICADO À IMPRENSA
A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) organizou uma delegação, constituída por
representantes do sector financeiro local, a qual efectuou uma visita a Cabo Verde e Brasil,
com o objectivo de fomentar o papel da RAEM como plataforma no âmbito da prestação de
serviços financeiros e de viabilizar parcerias de cooperação, bem como a expansão de
oportunidades de negócios com os países de língua oficial portuguesa. No decurso da visita,
criou-se uma base sólida de cooperação com esses dois países na área da supervisão
financeira e seguradora, tendo as partes manifestado intenção de celebrar acordos de
cooperação, reforçar a formação profissional de pessoal e criar mecanismos de intercâmbio
de informações sobre os respectivos mercados.
Com vista à implementação da política do Governo Central relativa à promoção do
relacionamento económico-financeiro com os países de língua oficial portuguesa, bem
como ao fomento do papel de Macau como plataforma de serviços e, dando continuidade à
visita dos representantes das instituições financeiras e seguradoras a Moçambique, Angola e
Portugal em 2007, a AMCM organizou agora uma nova delegação composta por
representantes de diversos bancos e seguradoras que visitou Cabo Verde e Brasil, durante o
período compreendido entre 20 de Maio a 3 de Junho de 2008.
A delegação contou com a participação de 23 membros, sendo o presidente Anselmo Teng e
o administrador, António Félix Pontes, da AMCM, respectivamente, presidente e vicepresidente dessa delegação e o director do Departamento de Assuntos Económicos do
Gabinete de Ligação do Governo Central Chinês na Região Administrativa Especial de
Macau, Zhou Zhi Kui, assessor da mesma. Em Cabo Verde, a delegação visitou o
Presidente da República de Cabo Verde e o Embaixador da China nesse país, Wu Yun San,
tendo a mesma sido objecto de recepção calorosa pelas referidas individualidades.
Adicionalmente, ao visitar o Banco Central do Cabo Verde, as partes concordaram com a
iniciativa de se reforçar a ligação entre as duas instituições, com base no mecanismo de
cooperação já estabelecido, nomeadamente as que respeitam ao intercâmbio de informações
sobre os respectivos mercados. Por outro lado, mediante a visita efectuada à Bolsa de
Valores e, com a apresentação pormenorizada por representantes da mesma, o sector
financeiro de Macau ficou com uma compreensão mais profunda sobre as empresas de
grande dimensão em Cabo Verde. Para além do mencionado, em Cabo Verde, a delegação
procedeu ao intercâmbio com várias instituições financeiras locais, tendo-se estudado a
viabilidade de criação de mecanismos de cooperação transfronteiriça.
Durante o percurso de 11 dias no Brasil, foram efectuadas visitas a diversas cidades,
designadamente à sua capital (Brasília), Fortaleza, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro,
tendo a delegação sido recebida pelo representante da Embaixada da China no Brasil, Fu
Yuancong, pelo Sun Rongmao, Cônsul-Geral no São Paulo e pelo Li Baojun, Cônsul-Geral
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no Rio de Janeiro, os quais efectuaram as suas apresentações sobre a actualidade do
desenvolvimento económico local. Na cidade de Goiânia, o Governador do Estado de Goiás
ofereceu um jantar à delegação e o Ministro de Comércio apresentou à mesma a situação
actual do sector financeiro-económico local, o que demonstrou uma grande atenção prestada
pelo mesmo em relação à delegação do sector financeiro de Macau. Adicionalmente, foram
realizadas várias reuniões entre os representantes das instituições financeiras de Macau e do
Brasil, as quais contribuíram bastante para a percepção recíproca e criou-se uma base de
cooperação destinada à expansão futura de actividades na área financeira.
Com vista a possibilitar uma compreensão mais profunda por parte dos representantes das
instituições financeiras de Macau, sobre o funcionamento das empresas dos sectores
comercial e industrial do Brasil, foram efectuados diversos colóquios entre a delegação e as
associações principais dos sectores em apreço, nomeadamente, a Federação de Comércio e
Indústria dos Estados de Goiás e de São Paulo, tendo-se obtido informações sobre a
situação de desenvolvimento, em matéria de comércio e negócio e investimentos. As
referidas duas organizações constituem as principais associações no âmbito do comércio e
exportação de minerais e agricultura. De acordo com os seus representantes, dada a
frequência cada vez mais notável em termos de contactos comerciais sino-brasileiros,
muitos empresários e exportadores têm-se entusiasmado com a expansão de actividades na
China e a captação de investimentos para o Brasil, pelo que essas associações têm
desempenhado um papel de intermediário bastante activo nesta matéria. Para além disso,
através da troca de experiências com o Banco Central desse país e a autoridade de
supervisão de seguros, os membros da delegação obtiveram informações quanto às políticas
financeiras e seguradoras, estatísticas da evolução dos mercados, bem como quanto ao
relacionamento interactivo entre as associações representantes do sector com as autoridades
supervisoras. Por outro lado, os membros da delegação ficaram impressionados pela
abertura verificada no campo do re-seguro e pela receptividade manifestada quanto à futura
participação por parte dos grupos seguradores da China no desenvolvimento dessa
actividade. A AMCM e o Banco Central do Brasil manifestaram interesse na celebração de
um memorando de cooperação, tendo sido já nomeados os responsáveis para o
desencadeamento das negociações.
O Brasil dispõe de uma economia diversificada, graças à sua riqueza em recursos naturais,
incluindo reservas de minérios, o que possibilita uma boa harmonização entre o
desenvolvimento económico e a protecção ambiental, de que resultou o sucesso notável do
Brasil, nos últimos anos, no seu crescimento económico. Constatou-se que, apesar da subida
constante do preço do petróleo bruto e alimentos, o Brasil conseguiu manter-se como país
estável em termos de crescimento económico. Por outro lado, por ocasião das visitas aos
sectores, industrial, comercial e financeiro locais, os membros da delegação efectuaram uma
apresentação sobre o desenvolvimento económico recente da RAEM, tendo referido que,
com o apoio do Governo Central da China, foi concretizada a assinatura do acordo de
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estreitamento de cooperação, o projecto do desenvolvimento de cooperação entre 9
províncias + 2 regiões administrativas especiais, bem como o fomento do papel de Macau
como plataforma de ligação entre a China e os países de língua oficial portuguesa. Realçou-se que Macau é um local que dispõe de especiais privilégios linguísticos e culturais,
ordenamento jurídico aperfeiçoado, internacionalização do sector financeiro etc., factores
estes que constituem motores para a concretização recíproca da futura cooperação
económico-financeira.
Sintetizando esta deslocação, a AMCM considera que, com base nas opiniões dos membros
da delegação e dos representantes dos sectores locais dos dois países visitados, se
alcançaram os objectivos previstos respeitantes à promoção da troca de experiências entre
os sectores das duas partes e ao aprofundamento do conhecimento recíproco e à análise da
expansão futura de oportunidades de negócio, etc., tendo o sector financeiro obtido algumas
informações sobre os mercados e as vias do seu desenvolvimento, sendo certo que a visita
proporcionou apenas contactos preliminares, pelo que a concretização de projectos
específicos deve ser feita em função dos objectivos de desenvolvimento de determinadas
instituições. A promoção do papel de Macau como ponte de ligação entre a China e os
países de língua oficial portuguesa com os sectores financeiro, industrial e comercial do
Brasil constituiu outro resultado relevante desta visita, o que permite aos investidores
interessados desenvolver actividades na China, com o conhecimento e dos privilégios e as
facilidades de Macau, possibilitando uma divulgação mais ampla, nos países de língua
oficial portuguesa, das políticas definidas do Governo da RAEM, factores estes que
viabilizam a promoção da reputação de Macau a nível internacional.
Por outro lado, após contactos com a delegação do sector financeiro da RAEM, os
operadores do sector financeiro e os empresários dos sectores industrial e comercial ficaram
a conhecer melhor a história e a tradição específicas que Macau disfruta para com os países
de língua oficial portuguesa, nomeadamente no âmbito do ordenamento jurídico vigente,
cultura e costumes sociais, etc.. Adicionalmente, os empresários dos sectores industrial e
comercial adquiriram uma visão global, tendo demonstrado a sua disponibilidade para
promover o papel de Macau como plataforma destinada ao conhecimento sobre a China por
parte dos países de língua oficial portuguesa. A China e o Brasil, na qualidade de dois
sistemas económicos com ritmo de desenvolvimento mais acelerado, dispõem também de
riquíssimos recursos e potencialidades de expansão dos seus mercados, sendo certo que,
com os esforços mútuos desenvolvidos pelas duas partes, obter-se-ão resultados ainda mais
notáveis. Estas visitas efectuadas pelo sector financeiro de Macau constituem uma base
sólida conducente ao fortalecimento do relacionamento de cooperação entre as partes
envolvidas. Aproveitando a ocasião do 10.º aniversário do estabelecimento da RAEM e o
3.º Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua
Portuguesa, no próximo ano, o papel de Macau como plataforma de serviços entre a China e
os países de expressão portuguesa irá, indubitavelmente, sair mais reforçado.
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Por último, a Autoridade Monetária de Macau agradece o apoio prestado pelas instituições
financeiras locais e dos países visitados e, ainda, pelo Comissariado do Ministério dos
Negócios Estrangeiros em Macau e pelo Gabinete de Ligação do Governo Central Chinês
na Região Administrativa Especial de Macau, na organização das actividades desenvolvidas
em Cabo Verde e Brasil, manifestando o grande agradecimento pela coordenação e
participação activa demonstradas pelos membros da delegação durante toda a visita. A
visita que teve carácter exploratório constituiu uma base muito sólida e contribuiu bastante
para a criação futura de uma ligação mais consolidada e permanente.
Autoridade Monetária de Macau
16 de Junho de 2008
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