136 ABORTO PROVOCADO: CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E AS IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM. Thays Barbosa Ribeiro¹ Marieli Basso Bolpato² RESUMO: A palavra aborto vem do latim abortus que passa a ideia de privação do nascimento. O abortamento pode ser classificado em espontâneo e provocado, que pode acarretar complicações físicas ou psicológicas. Nesse sentido o estudo objetivou-se em ampliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem que estão envolvidos no atendimento a essas mulheres, visando uma melhoria na assistência, contribuindo na redução das possíveis complicações físicas ou psicológicas. O aborto provocado é um sério problema de saúde pública, responsável por altas taxas de mortalidade materna devida sua magnitude de ocorrência e severidade das complicações físicas e psicológicas. O profissional enfermeiro que tem conhecimento científico poderá então realizar uma assistência de enfermagem com qualidade. PALAVRAS-CHAVE: aborto; consequências físicas e psicológicas; orientação de enfermagem. ABSTRACT: The word comes from the Latin abortion abortus passing the idea of deprivation from birth. The abortion can be classified as spontaneous or induced, which can cause physical or psychological complications. In this sense the study aimed to broaden the knowledge of nursing professionals who are involved in caring for these women, aiming to improve care, contributing to the reduction of physical or psychological complications. Induced abortion is a serious public health problem, responsible for high rates of maternal mortality due magnitude of occurrence and severity of physical and psychological complications. The professional nurse who has scientific knowledge can then perform a quality nursing care. KEY - WORDS: abortion; physical and psychological consequences; nursing orientation. 1 2 Acadêmica do Curso de Enfermagem/2012/UNIVAR – e-mail: [email protected] Enfermeira Mestre, docente nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia/UNIVAR. 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o movimento feminista organizou uma grande luta pela democratização de saúde, principalmente a saúde reprodutiva com a finalidade de romper o modelo focado somente com cuidados relativos à gestação, parto e puerpério. Em 1983 obtiveram uma importante conquista, o surgimento do programa de assistência integral a saúde da mulher (PAISM), voltada para seus interesses objetivando alcançar uma assistência interdisciplinar e multidisciplinar com equidade e universalidade. Nesse sentido o aborto se relaciona com a saúde sexual e reprodutiva da mulher (SILVA, 2007). A palavra aborto vem do latim abortus que passa a ideia de privação do nascimento, a definição obstétrica do abortamento é a interrupção voluntária ou não da gestação, antes que o embrião ou feto tenha capacidade de vida independente da mãe. Deve ser considerado quando ocorre uma interrupção da gestação até a vigésima semana ou com um concepto pesando menos de 500 gramas. Pode-se classificar em dois grupos, que são eles: espontâneo ou natural, e provocado ou induzido, sendo que no aborto espontâneo o próprio organismo da mulher interrompe a gestação independentemente de sua vontade, no entanto o aborto provocado é aquele realizado On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X voluntariamente, ou seja, sobre a vontade da própria mãe (PINTO e TOCCI, 2003). Independentemente de suas classificações o aborto é antes de tudo um procedimento físico, podendo acarretar graves consequências a sua saúde física e psicológica da mulher. No Brasil, o aborto provocado é um sério problema de saúde pública, responsável por altas taxas de mortalidade materna, devido sua magnitude de ocorrência e severidade das complicações á saúde. Relaciona-se com a saúde reprodutiva da mulher, o que inclui nas políticas públicas de saúde e nos programas de atenção a saúde da mulher, para o atendimento no sistema único de saúde (SUS). A formação de equipe multidisciplinar da área de saúde, em especial da medicina e enfermagem também se relaciona com a saúde da mulher (AQUINO et al., 2012; BENUTE et al., 2O12). O abortamento, afeta com maior frequência, as mulheres de baixa renda, sendo que as demais pagam por serviços qualificados oferecidos por clínicas clandestinas O maior risco de mortalidade está associado com as práticas realizadas em precárias condições de higiene, por pessoas não qualificadas ou ainda auto provocado (SILVA, 2007). Nesse sentido a ilegalidade do aborto contribui para uma prática clandestina, favorecendo Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 136 – 141 137 para um déficit na qualidade da assistência por profissionais da saúde e, por esse motivo, apresenta complicações decorrentes da mesma. Gesteira, Diniz e Oliveira (2008), ressaltam que as curetagens é o segundo procedimento obstétrico mais realizado nos serviços de saúde nas unidades públicas. Mesmo que o aborto seja provocado, o profissional enfermeiro deve prestar uma assistência humanizada, sem julgar, censurar ou reprovar, considerando assim o ato como crime (SOARES et al., 2012). Nesse sentido, o presente estudo objetiva em ampliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem que estão envolvidos no atendimento as mulheres que cometeram o aborto, visando uma melhoria na assistência, contribuindo na redução das possíveis complicações físicas ou psicológicas que a mesma está submetida, com o intuito de diminuição da mortalidade materna. 2. METODOLOGIA Trata-se de um estudo do tipo descritivo e bibliográfico. Realizado através de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador frente a tudo aquilo que foi escrito mediante o determinado assunto proposto a discutir, permitindo ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações (TRUJILLO Apud LAKATOS, 2011). A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir de registros disponíveis, decorrentes de pesquisas anteriores e documentos impressos como livros e artigos. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registradas. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores e estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO, 2007). Assim o estudo inicia-se a partir da escolha do tema e definição do período em que a pesquisa acontecerá. A busca dos artigos foi desenvolvida através dos bancos de dados: Scientific Electronic Library Online – Scielo, com os seguintes uni termos como Aborto Provocado: Consequências físicas, psicológicas e a importância da orientação de enfermagem as mulheres. Os dados foram obtidos através de um levantamento bibliográfico na língua portuguesa. Após o levantamento bibliográfico iniciou-se uma leitura sistemática na integra de todos os artigos, estabelecendo um critério de análise. Dentro dos critérios estabelecidos e selecionados realizou-se uma análise da bibliografia, categorizando e fichando as principais ideias encontradas, por meio de um comparativo de como está sendo ofertada a assistência de enfermagem ao paciente que prática o aborto provocado. Mediante o término da leitura e realização dos fichamentos, iniciou-se a confecção do artigo On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X estabelecendo um diálogo entre os autores e as ideias no qual se propôs a discutir. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Breve Revisão da Anatomia Feminina Interna O sistema genital feminino, engloba os órgãos que produzem, transportam e armazenam as células germinativas, que são os responsáveis por dar origem aos gametas, e são os gametas que ao se unirem, formam um novo individuo que será abrigado em um órgão durante seu desenvolvimento (SOBOTTA, 2008). No sistema reprodutor feminino incluem-se os órgãos interno e externo, sendo que o órgão interno é constituído por ovários, tubos uterinos ou ovidutos, útero, vagina e vulva, estão localizados no interior da cavidade pélvica. Nos órgãos esternos inclui grandes lábios, pequenos lábios e clitóris (TOTORA e GRABOWSKI, 2008). Os ovários são duas glândulas situadas uma em cada lado o útero abaixo das trompas. São responsáveis por produzir gametas ou óvulos, também por produzir hormônios sexuais femininos (estrogênio e progesterona). O estrogênio e progesterona controlam o ciclo menstrual e provocam o crescimento do endométrio (MAIER, 2006). As tubas uterinas ou ovidutos são formações tubulares que transportam óvulos em direção ou útero. Cada tuba estende-se desde o polo distal do ovário, através da borda superior do ligamento largo ate a borda supre lateral do útero. A tuba uterina dividisse anatomicamente em quatro regiões que são elas, infundíbula, ampola, estimo e intramural. É nas tubas que os espermatozoides unem-se aos óvulos e ocorre a fecundação para então se fixar no útero (SPENCE, 1991). O útero é um órgão ímpar, oco situado na cavidade pélvica, atrás da bexiga e anterior ao retro, de parede muscular espessa (miométrio) e com formato de pera invertida. E revertido interiormente por um tecido vascularizado rico em glândulas (endométrio). O útero é responsável por alojar o embrião e mantê-lo durante todo o seu desenvolvimento até o nascimento (SOBOTTA, 2008). A vagina é um canal de oito a dez centímetros de comprimento, de paredes elásticas, que liga o colo do útero aos genitais esternos. A entrada da vagina é protegida por uma membrana- o hímen- que fecha parcialmente o orifício vulva- vaginal geralmente essa membrana se rompe nas primeiras relações sexuais. A vagina é o local onde são depositados os espermatozoides durante a relação sexual, possibilita a expulsão do fluxo menstrual, e do bebê na hora do parto (SPENCE, 1991). 3.2. Tipos de Aborto Provocado Para Sarrientino (2001) o aborto pode ser classificado como precoce ou tardio, sendo precoce é ate a decima semana e tardio da decima terceira ate a Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 136 – 141 138 vigésima semana. Numa classificação mais rigorosa pode definir o abortamento como ovular ate seis semana, embrionária de sete a onze semana, e fetal de doze semana adiante. Segundo Brasil (2011) são varias as classificações do abortamento, entre elas estão: ameaça de abortamento; abortamento completo; abortamento inevitável/incompleto; abortamento retido; abortamento infectado; abortamento habitual. Nesse sentido o autor supracitado considera á ameaça de abortamento quando ocorre em pequena e moderada intensidade o sangramento genital, podendo haver presença de dores e cólicas com pouca intensidade. O colo do útero permanece fechado, com o volume uterino compatível e esperado para idade gestacional, sem presença de infecções é ao exame de ultrassom o embrião ou feto permanece vivo e normal, podendo encontrar pequenas áreas de descolamento ovular. No abortamento completo ocorre uma expulsão total do conteúdo uterino, acontecendo geralmente em gestações menores de oito semanas. O colo uterino é menor que o esperado para idade gestacional. (OMS, 2005) Ainda assim, o autor supracitado considera o abortamento inevitável/incompleto quando ha presença de sangramento em grande quantidade que só diminui com a saída de coágulos ou restos ovulares no qual ocorrem dores com maior intensidade, e o colo uterino encontra-se aberto. Nesse caso indica-se aspiração manual intrauterina (AMIU), por ser mais seguro e permitir um esvaziamento rápido. Só realizar a curetagem* uterina quando não for possível empregar essa técnica. O abortamento retido ocorre a morte do embrião ou feto e o mesmo permanece dentro da cavidade uterina. A regressão deste abortamento ocorre com os sintomas e sinais de gestações, o colo do útero encontra se fechado e não há perca de sangue. Caso haja suspeita de restos ovular ou placentária, deve ser realizada a curetagem uterina (BRASIL, 2010). Abortamento infectado trata-se de um aborto com um grande índice de frequência que é realizado em geral sobre técnicas inadequadas e inseguras de abortamento provocado. Geralmente são as bactérias flora vaginal e anaeróbios que causam estas infecções, são graves e deve ser tratadas (DIAS et al, 2010). _______________A curetagem uterina é um procedimento médico executado em unidade hospitalar, sob anestesia geral ou locorregional, que objetiva retirar material placentário ou endometrial da cavidade uterina por um instrumento denominado cureta. Abortamento habitual é quando ocorre perda espontânea ou excessiva de três ou mais vezes. Deve ser realizada uma anamnese detalhada para poder encontrar as possíveis causas associadas. As causas associadas são: malformações uterinas, insuficiência istmo cervical, fatores genéticos dentre outros (BRASIL, 2011). On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X No Brasil, o aborto permanece sendo implemente utilizada pelas mulheres como recurso frente a gestação não planejada e indesejada, especialmente em contexto que dificulta o acesso contraceptivos eficazes. Sendo a curetam pós aborto um dos procedimentos obstétricos mais realizados na rede publica. (GESTEIRA; DINIZ e OLIVEIRA , 2008). 3.3. Consequências Físicas e Suas Complicações O aborto provocado tem como causador o agente externo, com a utilização de medicamentos abortivos, plantas toxicas, e alguns casos a utilização de objetos perfuro cortantes, que são introduzidos via vaginal, no intuito de interromper a gestação. O aborto provocado submete a mulher em vários riscos e complicações severas, conforme as circunstancias que foi realizado. Devido à realização de abortamento mal feito pode levar a mulher à morte. (BARROS, LIMA e MARGALHÃES, 2010). Para Hardy e Alves (1992), as incidências de complicações de aborto estão relacionadas à forma que ele foi realizado. Nesse sentido a realização de aborto em boa circunstancia torna as complicações pequenas. Em um estudo realizado por Pereira et al. (2006), foi observado que o método mais utilizado para tratamento do abortamento incompleto é o esvaziamento uterino por meio de curetagem, e que os riscos deste procedimento cirúrgico e anestésico, submete expor pacientes/clientes a infecção por permanência nos hospitais, podendo contribuir para a morbidade materna. As complicações mais frequentes resultantes dos abortos são hemorragia, retenção de resto de placenta seguido de infecção, perfuração do útero e com menos frequência são peritonite, tétano, septicemia, inclui-se também esterilidade (PINTO e TOCCE, 2003). As complicações dos abortamentos tais como hemorragias e infecções, ocupam o terceiro lugar entre as causas de mortalidade materna. Sendo que a hemorragia é a perda maciça de sangue, consequentemente do rompimento dos vasos sanguíneos. As infecções provocam elevação da temperatura, sangramento genital com odor fétido acompanhado de dores abdominais ou eliminação de secção purulenta atrás do colo uterino (SOARES et al., 2012; NERY et al., 2006;). A perfuração do útero geralmente acontece quando é realizada a curetagem ou a aspiração, causando lesões traumáticas como feridas das alças intestinais, infarto do útero, e quando ocorre a infecção e obstrução das trompas provoca esterilidade da mulher (CORREIA et al 2011). O tétano é transmitido pela a bactéria grampositivo Clostridium tetani, presente em poeiras e objetos enferrujados, causando rigidez, dores musculares cervical, afetando a musculatura abdominal. O sistema único de saúde disponibiliza a vacina contra o tétano (DANTAS et al., 2010). Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 136 – 141 139 É necessário que a população tenha um conhecimento esclarecido das complicações supracitadas, para que possa ocorrer uma melhora na prevenção das complicações sexuais e reprodutivas da mulher. 3.4. Consequências Psicológicas De acordo com alguns estudiosos psiquiátricos, acredita-se que o aborto representa um grande risco para saúde mental, devendo ser proibido, porém, por outro lado, existem estudiosos que afirmam que as reações psicológicas adversas ocorridas pelo aborto provocado, é menos graves comparado ao nascimento de uma criança indesejada (PINTO e TOCC, 2006). Nesse ponto de vista, na ocorrência do aborto, algumas mulheres se apresentam tristes e preocupadas, com profundo sentimento de perda, enquanto outras se mostram diferentes e ate aliviadas. Seguindo esse ponto de vista o aborto pode ou não acarretar consequências psicológicas voltadas para transtornos mentais. Rebouça e Dutra (2011) salienta que são varias as razões que a mulher se submete a realizar o aborto, tais como a situação socioeconômica, incluindo a pobreza, falta de suporte do parceiro e desemprego, preferencias de constituição familiar, como postergar a maternidade ou deixar um espaço saudável entre as gestações, problemas de relacionamento com o pai da criança. Estão classificadas como possíveis consequências psicológicas: culpa, depressão, tristeza, arrependimento, ansiedade, pensamentos suicidas, perda, angustia, vazio, alivio e libertação. A culpa se manifesta quando a mulher apresenta sentimentos inaceitáveis perante elas mesmas. À medida que a culpa e angustia é projetada, a mesma acaba experimentando emoções cheias de conflitos, desencadeando assim, a ansiedade, e dependendo da sua circunstância e intensidade tornase patológica, ocorrendo problemas psicológicos (BENUTE et al, 2009). A depressão geralmente é causada por algum distúrbio emocional, sendo diferente da tristeza, por ser mais intenso e duradouro, podendo acarretar o isolamento social e os distúrbios nos sentimentos, raciocínio e comportamentos, pois o sentimento de culpa leva-a a ter pensamentos suicidas (LAFER et al.,2000). Nesse sentido o aborto provocado traz uma experiência de sofrimento e mal – estar chegando a apresentar um sentimento de perda. Desta forma Nery et al. (2006) afirmam que a mulher vivencia uma situação muito delicada e complexa na sua vida, que vão desde certeza e incerteza, conflitos e contradições. As sequelas no período pós-aborto vão desde a morte da mulher, ate um arrependimento muito grande, acarretando assim problemas psicológicos. 3.5. Atuação do Enfermeiro Frente Às Orientaçoes e Cuidados com as Mulheres On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X O cuidar é uma ação integral, que compreende a saúde, e presta uma assistência respeitando seus limites. O conhecimento científico possibilita uma interação efetiva com o cliente, uma vez que a experiência e o saber se constituem como formas de se aproximar do outro, que precisa de cuidado. Segundo aponta Andrade, Silva e Silva (2004) o enfermeiro precisa atuar de forma mais intensa, para complementar sua abordagem, atuando assim por meio de uma orientação juntamente com as mulheres grávidas, evitando que o aborto provocado possa vim a ocorrer, agindo dentro do seu alcance profissional. A primeira ação do profissional de enfermagem, juntamente com sua equipe, seria a prevenção do aborto, através de educação sexual básica para a população, orientação dos usos corretos de métodos contraceptivos, pois o uso inadequado pode ocorrer uma gravidez indesejada, com objetivo de promover cuidado de ensino (CORREIA et al., 2011). Mediante a realização da pesquisa bibliográfica, os profissionais necessitam proporcionar palestras, com o intuito de orientar e informar aos casais e indivíduos, incluindo mulheres e adolescentes sobre as consequências que podem vim acarretar, assim demostrando como prevenir uma gravidez não desejada. Para evitar tais ocorrências o treinamento profissional é indispensável, sendo este uma parte fundamental dentro da prevenção, cabe aos enfermeiros buscar um preparo e habilidade para proporcionar uma assistência qualificada (BARROS, LIMA e MAGALHÃES, 2007). Muitas mulheres que realizarão o aborto apresentam complicações necessitando ser hospitalizada, sendo assim, os profissionais que prestam assistência, em especial a enfermagem, precisa ter o conhecimento das possíveis alterações físicas e emocionais, para poderem auxiliar durante o período de hospitalização. É importante que a equipe de enfermagem realize uma assistência com qualidade, tanto em situações de aborto espontâneo ou induzido, pois o processo abortivo é uma experiência traumatizante para a mulher (NERY et al, 2006). A proposta do SUS para assistência integral das mulheres com complicações do abortamento, esta baseado em um atendimento, evitando o julgamento e preconceitos (BENUTE et al, 2012). No caso de abortamento o enfermeiro tem que respeitar a fala da mulher, priorizando um atendimento de acordo com suas necessidades, identificando e avaliando os riscos e agravos, oferecendo soluções possíveis priorizando o bem estar, garantindo a privacidade no atendimento e confidencialidade das informações, realizando procedimentos técnicos de forma humanizada, informando as mulheres sobre as intervenções necessárias, tendo o cuidado para evitar complicações pós-abortamento (BRASIL, 2011). Verifique-se então que o profissional de enfermagem deve e empáticos, tornando o paciente mais seguros para demostrar sua dor no momento, estando preparado para atendê-la em suas necessidades físicas e emocionais, respeitando suas ideais e Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 136 – 141 140 decisões. O enfermeiro também deve atuar na prevenção de futuros abortos, através de educação sexual, planejamento familiar e usos de métodos contraceptivos. CORREIA, D. S. et al. Adolescente estudantes: conhecimento das complicações do aborto provocado. Rev. Gaúcha Enferm, Porto Alegre v.3, p.465-71, 2011. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim, considerando que o Aborto provocado representa um sério problema na saúde pública no Brasil, torna-se evidente a necessidade da intervenção de um profissional de enfermagem para apoiar suas pacientes de forma positiva, uma vez que, o aborto acarreta complicações físicas e psicológicas, o que resulta nas altas taxas de mortalidade materna. Então, podemos concluir que existem dois tipos de classificações, sendo elas aborto espontâneo e provocado, mas o MS trazem outras classificações, como ameaça de abortamento, abortamento completo, abortamento inevitável/incompleto, abortamento retido, abortamento infectado e abortamento habitual, nesse sentido faz-se necessário que o profissional da saúde esteja capacitado com base em conhecimentos científicos para que possa oferecer uma assistência de qualidade a essas mulheres. Portanto, o enfermeiro tem como papel principal identificar os problemas que as mulheres passam quando sofrem o aborto, podendo assim, desenvolver uma estratégia de intervenções individualizadas e humanizadas, acolhendo e buscando proporcionar o maior conforto possível para essas pacientes. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, V. M. M; SILVA, V. P; SILVA, L, R. Percepção das mulheres no cuidado de enfermagem frente a situação do aborto. Rev. Pesq. Cuidado é fundamental, Rio de Janeiro, v. 2, p.121-129, 2004. AQUINO E. M. L. et al. Qualidade da atenção ao aborto no sistema único de saúde do Nordeste brasileiro: o que diz as mulheres? Ciência e saúde coletiva. v. 7, p.1765-1776, 2012 BARROS, D. P; LIMA, E. A; MAGALHÃES L. G. S. A atuação do enfermeiro no atendimento e assistência ás mulheres em aborto provocado. 2010. BENUTE G. R. et al. Abortamento espontâneo e provocado: ansiedade, depressão e culpa. Rev. Assoc. Med. Bras. v.3, p. 322-327, 2009. BENUTE G. R. et al. 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