POEMAS VISUAIS
e POESIAS
POEMAS
VISUAIS
e POESIAS
Hugo Pontes
Centro de Documentação e Informação
Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais
P858
Pontes, Hugo
Poemas visuais e poesia. / Hugo Ponte. — São Paulo: Dix
Editorial, 2007.
160 p.
ISBN 978-85-7419-636-7
1. Literatura Brasileira. 2. Poesia. 3. Poesia Social. I. Título.
CDU
CDD
POEMAS VISUAIS e POESIAS
Hugo Pontes
Cordenação editorial
Joaquim Antonio Pereira
Diagramação
Diego Nóbrega
1ª edição: dezembro de 2000
2ª edição: abril de 2007
© Hugo Pontes
Dix editoral . comunicação
Rua Padre Carvalho, 275 . Pinheiros
05427-100 . São Paulo . SP . Brasil
Tel e Fax. (011) 3812.6764
www.annablume.com.br
869.0(81)
890
Sumário
Nota .........................................................
Prefácio ....................................................
Apresentação ...........................................
Poema Visual .............................................
Visual poems .............................................
Poemas visuales ........................................
Poesias ......................................................
Concerto ..................................................
Assis ..........................................................
Surreal .......................................................
Mordaça ...................................................
Da fala ......................................................
Semeadura ...............................................
11
13
17
19
23
27
31
33
34
35
36
37
38
Desertos ....................................................
Via .............................................................
Couro cru ..................................................
Ocaso .......................................................
Crítica .......................................................
Fecundação .............................................
Poeira .......................................................
Ópera .......................................................
39
40
41
42
43
44
45
46
Minas ........................................................
Velho Chico ..............................................
Pauta ........................................................
Combate ..................................................
Pastorear ...................................................
47
48
49
50
51
Corpo ....................................................... 52
Poetar ....................................................... 53
Empório .................................................... 54
Boi ............................................................. 55
Poema visual – experimentalismo
A transitividade do V(ler) ...................... 69
Pouco a porco .......................................... 75
& ............................................................... 76
Poluição .................................................... 77
Meio e massagem .................................... 78
Soma ........................................................ 79
Número 1 .................................................. 80
Dois mil ...................................................... 81
Nós ...........................................................
Poema G ..................................................
Bandeira ...................................................
Cia ............................................................
Lágrima .....................................................
Bloqueio ....................................................
Vida ..........................................................
Olho ..........................................................
Ave ...........................................................
82
83
84
85
86
87
88
89
90
Estilo ..........................................................
Oração .....................................................
Míssil ..........................................................
Raiz ...........................................................
Ovolho ......................................................
91
92
93
94
95
América .................................................... 96
Cédula ...................................................... 97
Boi ............................................................. 98
Rendição em massa ................................. 99
Aguas de minas ...................................... 100
Manu ...................................................... 101
Defesa da tese ....................................... 102
Ligue-se ................................................... 103
Grito ........................................................ 104
Bolaço .................................................... 105
Tempo .................................................... 106
Vã filosofia ............................................... 107
Tigre triste ................................................ 108
Leão .......................................................
Irradiante .................................................
Pauta ......................................................
Classificados ...........................................
Economia ...............................................
Soneto da corrupção ..............................
Fome ......................................................
Visualidade ..............................................
Cruzado ..................................................
109
110
111
112
113
114
115
116
117
Notável ...................................................
Revisão ...................................................
Vírus .........................................................
Fuga .......................................................
Escape ...................................................
118
119
120
121
122
Cinema ...................................................
A barca bela ...........................................
Pânico ....................................................
Assédio ...................................................
Flor para Nicarágua .................................
Luz ...........................................................
Acento ....................................................
Construção .............................................
Zen ..........................................................
Descobrimento 1 ....................................
Descobrimento 2 ....................................
Descobrimento 3 ....................................
Descobrimento 4 ....................................
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132
133
134
135
Mutilação ................................................
Saúde .....................................................
História A .................................................
História B ..................................................
Turismo ....................................................
Mundo ....................................................
Real mente .............................................
FunREal ...................................................
Nel mezzo del camin ...............................
136
137
138
139
140
141
142
143
144
Sem terra ................................................
Signo VIX .................................................
Canção de armar
(Para Gilberto Mendonça Teles) .........................
Fortuna Crítica .........................................
145
146
147
148
O Autor .................................................... 155
Nota
A questão mais curiosa, parece até que a
mais angustiante e possivelmente a mais idiota
em todas as reuniões em que se fala de
literatura no Brasil dos últimos dez anos (cursos,
conferências, debates e simples conversa de
bar) tem sido a de saber “como vai a poesia
brasileira, hoje”.
Já houve até seminário “nacional” de literatura
(com escritores do Rio de Janeiro e de São Paulo),
em que este tema foi muito debatido... pelos
improvisadores dos congressos literários. Passase nesses debates como se a Poesia fosse uma
terra devoluta e houvesse entre os intelectuais
um movimento dos sem-pesquisa para armar ali
as suas barracas...
Ninguém percebe que o Brasil vai além do
Rio e de São Paulo, que os suplementos literários
dessas cidades ou estão nas mãos de um grupo
(que se autoelogia) ou se submetem às grandes
editoras (é só dar uma olhadela nas resenhas),
11
quando não entregam os livros de poemas a
pessoas que pouco sabem de poesia.
Talvez seja um truísmo, mas é preciso dizer
que há em cada capital brasileira, hoje, alguns
bons, excelentes poetas, com vários livros
publicados pelas editoras locais e, por isso
mesmo, desconhecidos (ou quase) da crítica, dos
programas escolares e do resistente leitor de
poesia.
Daí o sentido principal desta coleção de livros
de poemas que a Dix Editoral está lançando no
mercado nacional, revelando e divulgando, no
pórtico do terceiro milênio, poetas de todo o
Brasil numa série aberta a todo tipo de
experimentação estética na poesia.
Salamanca, 1º de janeiro de 1999.
GILBERTO MENDONÇA TELES
12
Prefácio
Companheiro de estrada desde os
anos 60, Hugo Pontes dispensa apresentação, mas o roteiro e o rumo de seus
poemas merecem considerações. Trata-se
de um trabalho experimental que não
pertence apenas a Minas ou ao Brasil, pois
já alcançou outras praias pelo mundo.
Desde a confluência das décadas de
60/70, quando o Poema/Processo ampliou o raio de ação do Concretismo e
definiu um novo movimento, Hugo tem
estado presente no time de frente dos
poetas brasileiros, criando e participando
de encontros, exposições e antologias
em diversos países e pelo Brasil afora.
Pouco mais tarde, o efeito multiplicador da Arte Postal levou seus poemas
a andar em revoada pelos mares e ares
nunca dantes navegados.
Portanto, Hugo Pontes é daqueles
cuja poesia corre paralela às atividades,
como parecem exigir, a todo instante, os
tempos atuais.
13
Ler seus poemas é relembrar, com
prazer, uma trajetória que acompanho de
perto desde o Carimbo, de 1977, ao Vã
Filosofia, de vinte 20 anos depois.
A seqüência temático-formal de
seus poemas nos faz reviver nossa
história mais recente, em seus pontos mais
críticos e passíveis de crítica. Não é outra
a intenção de poemas como: Meio e
Massagem, Soneto da Corrupção,
Cruzado, Escape, Flor para Nicarágua,
Bloqueio e outros., todos em cima do
lance, exatamente na fronteira que
conjuga o político com o social, no fogo
cruzado do poético com o real.
Na linha de frente – como um apelo
introdutório ao feixe de provocações
que, afinal, são esses poemas – estão
Sem-Rosto nem Resto, Real Mente,
História do Brasil, e a ambigüidade
proposital de Nós – registro excepcional
do autor.
Não falta, na série, o apelo ironicamente lírico de Lágrima, Rendição em
Massa, Impressões, seguido da preocupação ecológica bem resolvida de
Ecologia, Pânico e Impressões, e do
toque clássico de Nel Mezzo del Camin
e Barca Bela.
14
Hugo Pontes é, sem dúvida, um autor
que vem sendo importante para a poesia
de vanguarda no Brasil. O conjunto de
seus poemas assim o demonstram.
JOAQUIM BRANCO
15
APRESENTAÇÃO
Poemas Visuais –
um comentário
Tenho restrições, cada vez mais
fundadas, à influência do concretismo
sobre a produção dita de “vanguarda”,
pois universalizou os trocadilhos, as
paranomásias, enfim, todo um aparata
verbal que ajuda a preguiça mental e
banaliza a expressão.
“Vanguarda, para mim, em literatura
não significa nada. Literatura não é
competição com o tempo.
Seu trabalho, reunido, deu-me uma
visão de conjunto de que você se sai
muito bem. Você utiliza com rara
felicidade a combinação dos signos
verbais com a expressividade da
linguagem icônica. Assim, os dois códigos,
o digital e o icônico, se combinam à
perfeição para traduzir imagens poéticas
e juízos críticos.
Somente assim posso aceitar o
designativo de “poemas” para as
composições que você apresenta.
17
Seus poemas associam virtudes que
caem no campo da poesia: síntese,
rarefação de meios, metáforas
surpreendentes, jogo referencial apoiado
na razão crítica, enfim, um equilíbrio
composicional de razão e emoção.
Você se tornou um mestre da
poesia social. Basta ver os poemas
“Cruzado”, “Promissória”, “Soneto” e “Sem
Terra”.
Emoção? “Pânico”. E tem mais: o
acento crítico recai em “Flor para
Nicarágua”, “Bloqueio”, e no admirável
“Rendição em Massa”. “Soma” traduz um
achado no âmbito da crítica social.
E há, além do mais, certa
prospecção no veio cômico, de que
“Pouco a Porco” é exemplo.
FÁBIO LUCAS
Professor, escritor e crítico literário
18
Poema Visual
Hugo Pontes
Podemos dizer que a ousadia do
experimentalismo
poético
não
estacionou no Concretismo. As
experiências prosseguiram e continuam
até os nossos dias com resultados
surpreendentes. A partir da década de
70, no Brasil, os poetas visuais surgem
timidamente, promovendo as suas
primeiras exposições e publicações
alternativas.
Com o passar do tempo, inúmeros
adeptos se integram ao movimento do
poema visual e cada um manifesta a sua
arte utilizando-se dos recursos mais
variados: xerografia, computador,
holografia, vídeo, cartazes impressos,
laser, cartões postais, selos e carimbos.
A temática explorada, em sentido
universal, é o homem e seu estar-nomundo. Em caráter particular, no Brasil,
exploram-se a incompetência da política
nacional, a miséria, a dívida externa, a
19
ilusão da loteria, o dilema humano da
energia atômica, o conflito psicológico
do ser e os temas eróticos.
O poema visual caracteriza-se por
valorizar a imagem como entidade
universal. A palavra, no caso, é muito bem
explorada e colocada, compondo um
todo harmônico capaz de permitir ao
“vleitor” - aquele que lê e vê ou só vê uma infinidade de leituras, de acordo com
o nível do seu conhecimento, experiência
de mundo, cultura e escolaridade.
O poema visual, no Brasil, encontra
eco em algumas raras publicações,
principalmente as alternativas que abrigam
trabalhos de poetas como Joaquim
Branco, Márcio Almeida, Marcelo Dolabela,
Sebastião Nunes e Hugo Pontes (MG);
Paulo Bruscky e Antônio Andrade, (PE),
Philadelpho Menezes e Constança Lucas,
Elson Fróes e Artur Soares (SP); Maynand
Sobral (CE); Ricardo Alfaya e Amelinda
Alves, Moacy Cirne (RJ), Gilberto
Mendonça Teles (RJ); Ruber van du
Nascimento (PI); Hugo Mund Júnior (DF);
Falves Silva, Avelino de Araújo, J. Medeiros
e Bianor Paulino (RN); Sérgio Almeida (PR).
As publicações existentes, hoje,
voltadas para o poema visual são a
20
página ComunicARTE, do Jornal da
Cidade de Poços de Caldas-MG; Revista
Dimensão de Uberaba-MG; o Suplemento
Cultural “Garatuja”, de Bento GonçalvesRS; A Cigarra, de Santo André-SP; O
Capital, de Aracaju-SE.
Minas tem muita história para
contar sobre o poema visual, pois aqui
está um dos núcleos mais vigorosos e
consistentes dessa manifestação.
21
Visual poems
Hugo Pontes*
We can say that the daring of the
experimentation poetic didn’t park in
Concretismo. The experiences continued
and they continue until our days with
surprising results.
Starting from the decade of 70, in
Brazil, the visual poets appear timidly,
promoting its first exhibitions and
alternative publications.
With passing of the time, countless
followers integrate into the movement of
the visual poem and each one manifests
its art being used of the most varied
resources: xerography, computer,
holography, video, printed posters,
laser, postcards, stamps, etc. The
thematic explored, in universal sense, it
is the man and its be-knot-world. In
private character, Brazil, they are
explored the incompetence of the
national politics, the poverty, the foreign
debt, the illusion of the lottery, the human
dilemma of the atomic energy, the
23
psychological conflict of being and the
erotic themes.
The visual poem is characterized by
valuing the image as universal entity. The
word, in the case, is very well an appendix
explored and placed, composing an all
harmonic one capable to allow to the “
vleitor “ an infinity of readings, in
agreement with the level of its
knowledge, experience, culture and
school level.
The visual poem, in Brazil, finds
echo in some rare publications, mainly
the alternatives that shelter poets’ works
as Joaquim Branco, Márcio Almeida,
Marcelo Dolabela, Sebastião Nunes and
Hugo Pontes (MG); Paulo Bruscky (PE),;
Fred Maia, Philadelpho Menezes, Artur
Soares and Constança Lucas (SP);
Maynand Sobral (CE); Ricardo Alfaya,
Moacy Cirne, Gilberto Mendonça Teles
and Wlademir Dias-Pino (RJ); Rubervan du
Nascimento (PI); Hugo Mund Júnior (SC);
Falves Silva, Avelino de Araújo, J.
Medeiros and Bianor Paulino (RN); Sérgio
Almeida (PR).
The existent publications, today,
gone back to the visual poem they are
the page ComunicARTE, of the Jornal da
24
Cidade de Poços de Caldas-MG, Revista
Dimensão of Uberaba-MG; Livrespaço
and A Cigarra, of Santo André – SP; and
the Cultural “ Suplemento Garatuja “, of
Bento Gonçalves-RS.
Minas Gerais have a lot of history
to count on the visual poem, because
here it is one of the most vigorous and
consistent
nucleous
of
that
manifestation.
Translation: Ana Maria Sarti
25
Poemas visuales
Hugo Pontes*
Podemos decir que la osadía de la
experimentación poética no estacionó en
Concretismo. Las experiencias continuaron
y ellos continúan hasta nuestros días con
resultados sorprendentes.
Empezando de la década de 70, en
Brasil, los poetas visuales aparecen
tímidamente y promueven sus primeras
exhibiciones y publicaciones alternativas.
Con el pasar del tiempo, los
seguidores innumerables integran en el
movimiento del poema visual y cada uno
manifiesta su arte a usándose de los
recursos más variados: xerografía,
computadora, holografía, carteles,
impresos, videos,
láser, tarjetas
postales, estampas, etc.,,
El tema explorado, en sentido
universal, es el hombre y su estar en el
mundo. En carácter privado, Brasil, ellos
se exploran la incompetencia de la
política nacional, la pobreza, la deuda
externa, la ilusión de la lotería, el dilema
27
humano de la energía atómica, el conflicto
psicológico del ser y los temas eróticos,.
El poema visual es caracterizado
valorando la imagen como entidad
universal. La palabra, en el caso, es muy
bien un apéndice explorado y puso y
compone un todo armónico uno capaz
permitir al “vleitor” una infinidad de
lecturas, en acuerdo con el nivel de su
conocimiento, experimentan, cultura y
nivel escolar.
El poema visual, en Brasil, el eco
de los hallazgos en algunas publicaciones
raras, principalmente las alternativas que
albergan los trabajos de poetas como
Joaquim Branco, Márcio Almeida,
Marcelo Dolabela, Sebastião Nunes y
Hugo Pontes (MG); Paulo Bruscky y
Antonio Andrade (PE),; Fred Maia,
Philadelpho Menezes, Élson Fróes,
Constança Lucas y Artur Soares (SP);
Maynand Sobral (CE); Ricardo Alfaya,
Moacy Cirne y Gilberto Mendonça Teles
(RJ); Rubervan Du Nascimento (PI); Hugo
Mund Júnior (DF); Falves Silva, Avelino de
Araújo, J. Medeiros y Bianor Paulino (RN);
Sérgio Almeida (PR).
Las publicaciones existentes, hoy,
se remontadas al poema visual ellos son:
28
ComunicARTE, del periódico Jornal
da Cidade, de Poços de Caldas-MG;
Revista Dimensão de Uberaba-MG; el
“Suplemento Cultural Garatuja”, de
Bento Gonçalves-RS; A Cigarra, de Santo
André-SP y O Capital, de Aracaju-SE.
Minas Gerais tienen mucha historia
para contar con el poema visual, porque
aquí está uno de los núcleos más
vigorosos y consistentes de esa
manifestación.
* Poeta, professor e jornalista
29
Poesias
Concerto
Da fábrica de ferro,
ferrolho.
No rosto do cego,
um olho.
Artigo de luxo,
repolho.
Vida:
Corte de navalha
em corda de violino.
33
Assis
Enquanto Francisco
fala aos pássaros
duas tribos
roem seus ossos.
Itália, 1991
34
Surreal
O rio manso
segue
o seu curso
no dorso do urso.
França, 1991
35
Mordaça
O gesto acovarda e cala
na dança em ponta de faca.
O homem acorda e lança
Um gesto de mãos sem dedos.
A lança que fere a caça,
a nota que soa e cala
E muda ressoa imunda
em trilha de cão sem raça.
36
Da fala
Quem erra o grito
erra a fala.
Cala
Do carnaval
à senzala.
Ala
Quem erra o hino
tece a fala.
37
Semeadura
Os gestos de mãos ágeis
semeando a terra;
Os gestos de mãos frágeis
semeando carinho;
Os gestos de mãos gastas
semeando trabalho;
Os gestos de mãos bíblicas
semeando a paz;
Os gestos de mãos fortes
semeando justiça;
Os gestos de mãos dadas
semeando amor;
Os gestos de mãos limpas
semeando honestidade
No universo de preocupações
dos homens já sem mãos.
38
Desertos
Olhos desertos e vida
e tantos são os desertos,
da vida pedindo explicações.
Verdade é como cultivar
úlceras e orquídeas
nos corações.
Antes da rosa
para a rosa
o importante é o espinho.
E quando a lança suprime a
palavra,
rosa, espinho e olhos
perdem beleza, defesa e brilho.
39
Via
À esquerda
do Rio Grande
corre
um grande rio
mansamente.
Às vezes,
à direita
do Rio Grande
corre
um grande rio
loucamente.
40
Couro cru
Para Artur Gomes
Os
contornos
dos coturnos
só
se
movem
à
luz
dos
jogos
noturnos.
41
Ocaso
Do outro lado da noite
um dia depois da noite.
Do outro lado da noite
um ria, outro paria.
Do outro lado da noite
bebida, fome esquecida.
Do outro lado da noite
reza e fé saciada.
Do outro lado da noite
febre e suor escorrendo
Do outro lado da noite
vazio e solidão amargada.
Do outro lado da noite
semente e pão entre dentes.
Do outro lado da noite
a fera gerando guerra.
Do outro lado da noite
festança e muita matança.
Do outro lado da noite
os restos de um longo dia.
42
Crítica
Decidido:
Nem crítico,
nem poeta.
Um esteta.
43
Fecundação
Fecundar palavras em folhas
brancas em manhãs raiadas.
Vislumbrar caminhos,
seguir viagem
caminhando estrada.
Cultivar palavras em terrenos
áridos de manhãs sombrias.
Cimentar calçadas
com poemas frios
e pisar descalço.
44
Poeira
A poeira de Hiroshima
de um vôo cego.
A poeira de Hiroshima
de um vôo horizontal.
A poeira de
A poeira de Hiroshima
mundo e respiração.
A poeira de Hiroshima
mãe, filho – gestação.
Poeira
A poeira de Hiroshima
rosa rubra e vergonha.
45
Ópera
Operário-boi
de carro
de carga
de curral
de corte.
Ara boi
ária de sua ópera
Opera boi
o chão manchado
cavar o pão
Na cega luta
de sol a sal.
46
Minas
Pastos de pedra
aboio do ouro
raízes ruínas
restos
do nada que restou.
47
Velho Chico
O
Rio
São Francisco
não cabe
no corpo
da terra
não cabe
no corpo
de Minas
não cabe
no corpo
do homem
mas cabe
no coração.
48
Pauta
A grande fábrica
de celulose
fornece papel
para o atestado de óbito
dos mortos por
Mononucleose.
49
Combate
No terceiro round:
entre um guisado e um assado,
o peso pesado
nocauteou
o assalariado.
50
Pastorear
Subir a montanha
e guardar o rebanho
a fogo e ferro.
Salgar o rebanho
em rastro de terra
e palmo de pedra.
Subir a montanha
e pastar a palma nativa
e regar a areia
e criar o limo.
Subir a montanha
colher e comer a pedra
em vinagre e sal.
51
Corpo
Seu corpo porto
de esperas cansadas.
Caudalosos rios
que por ele descem,
regando as flores
que em seu colo nascem.
Esse corpo posto
porto sem desgosto
É virgem terra
rima e esperança.
52
Poetar
São alguns novos
poemas.
Arrancados do sofrimento
poemas
procurados no caos da vida
poemas.
53
Empório
Poemas são linhas empilhadas,
como mercadorias nas prateleiras
da venda da esquina.
Poemas,
quem há de comprá-los?
Oficina tão rara, tão cara
aos olhos de quem os fez.
Poemas,
quem há de regá-los?
54
Boi
I
No pasto asfáltico,
onde bois racionais
pastam o alcatrão da vida,
onde o boi morto
é boi posto.
Condenso palavras
para dizer do boi
abanando o rabo
coberto de moscas verdes,
que valem milhões,
ou nada,
Mas que são milhões,
bilhões. Uma praga!
Os bois! Já não são aqueles.
As moscas! ainda aquelas
saídas dos porões
à procura de um boi para
para pastar.
55
E eles não vivem quietos
à espera de moscas.
Estão inquietos,
moscas demais. Atrapalhação.
Bois abanando moscas,
sem literatura verde
e supérflua das moscas magras.
E já não têm a religiosidade
piegas e medieval
das moscas roucas e barrocas.
II
Bois pastam nos campos
da civilização das baixas
e altas dos mercados e capitais.
Open market, simpósios, eletrônicas;
opinando em conversações de paz.
Bois ruminam sem sonhar com luas
e prateado luar sobre seus pastos.
Não pensam esperar
o cometa de Halley passar,
e ruminar tanto tempo
é tempo demais pra muita mosca
pastar seu rabo.
56
Nos pastos de asfalto
não existe lugar para reflexos lentos.
O boi é sideral, é computador.
Move-se por processo ultra-sônico.
III
O boi não rumina o indigesto
pão barato de água e fubá,
prefere Alphaville;
delicia-se com Fellini;
comenta Tchecov; digere Kafka
E se aprofunda em Carlos Drummond
enquanto suaviza o calor
passando pelo rosto um lenço de linho.
O boi não se deixa cavalgar,
cavalga irmãos menores e
usa chapéu panamá entre os chifres,
que crescem transamazonicamente,
pois desaqueceu o
matrimônico leito conjugal.
Já não rompe cercas,
abandonou as touradas
e não sofre as agruras
de ser boi.
57
O matadouro não o espera.
Aposentou-se na cátedra
de boi-de-sorte.
Hoje é boi-federal, boi-estadual,
menos que isso é andar de quatro.
Ocupa por processos de alquimia
Postos departamentais galáxicos.
E, de vôo em ovo,
entre um uísque e outro
programa a bomba da paz.
Vivendo do ágil ego,
o boi planta seu pasto
onde mosca alguma
deverá incomodar seu rabo.
IV
O.N.U.
O boi do ano.
Nada o envaidece
mais
do que fingir pela paz.
58
Réquiem,
Le boeuf,
animal mineral.
Vende arma e alma,
via internet.
Usina nuclear
cada ronco,
cada tronco
Upiati,
é um índio
ou um saci?
Bio-boi
verde e vede,
perde o casco no desandar.
Bivaleu a perdecência
no ronco do cantor.
O boi vagueia,
vaqueja
pirâmides e estrelas;
asinus transcendental,
de curral, curriola e mamão.
Bailarino
de gafieira ultraclasse,
lambeija o futuro
no baú do tesouro.
59
Teso
vislumbra a lua-de-mel
no exótico mundo erótico
de aqui, Além Paraíba
ou Acaba Mundo.
Muge de Londres,
Paris ou Noviorque.
V
O boi de 86 ou de 2 mil,
mata a sede no rio de ouro,
a fome no pasto privado,
a gana nas tetas do povo,
viajando fundo,
tendo por cabo eleitoral
o erário nacional.
Monetarismo internacional,
perdulário gástrico-fecal,
arrocha aqui, entrega ali.
Vôo de rapina, happiness,
em Transamérica, Transeuropa,
Transjapão – Transação.
60
General ou Príncipe
ou Presidente Multinacional,
Clarividência espacial.
Redonda barriga,
rima e lombriga.
Em especial menu:
para o povo, rabo-de-tatu.
VI
No imenso curral-laboratório,
Experimentos e tal,
É preciso arrombar a cerca
Para sair do caos.
VII
O boi
e sua constructio ad sensum,
O boi
e sua hipermenorréia verbal
e o som de dezesseis “canal”.
- É só pra rimar, mestre, só pra rimar!
61
A concordância está no caos,
menopausa factual.
VIII
A realeza do boi,
realiza, acorda
abandona a corda,
o chicote e garrote.
Consciência vil,
repara o caminho,
o cão pastor late
e o cavalo atende.
Empreende e aventura:
deixa a cama feita
e amacia a cana dura.
Aposenta o ato,
entende o social
e abandona o futebol.
Passeios ao arrebol:
Fico, bato e arrebento,
enredos do drama pátrio,
encenados na ante-sala da matriz.
62
O sorriso-rei
na boca do bufão –
palhaço da corte –
confuso e mandrião.
Do lado outro do mar
o time celestial
quer o jogo ganhar.
Tapete e tapetão,
verde grama,
neve e lama.
Acabada a ilusão,
o boi era de mamão.
IX
O boi
entra em convulsão.
Conluio entre pastos,
coalizão.
Muda o vetor,
dura pouco o seu mentor,
caos e comoção.
Emerge o maganão,
antípoda do boi real.
63
Medo e medra,
gado não muge...
é merda.
Ao cruzar
o rei do gado
faz a sua confissão:
– Falta carne e falta pão.
Onde é o boi?
não está no motel,
não está no céu.
Vaga leve de léu em déu,
sobre ele um manto, um véu.
Indignação:
Pasto pobre e podre.
Boi maternal,
confisco e tal.
Ágil corrupção no ágio.
Carne?
– Só na zona, meritíssimo!
Meretríssimo:
pau e fome.
O que é do homem o bicho come.
64
Luz, Câmeras
Importa? ... Ação.
Búfalo do Ceilão,
rato do Japão
e boto do Maranhão.
X
Já de há muito condenados,
pela insânia deslumbrada
em carne-vales fiscais
e papagaios internacionais,
corremos, nós, dos ri(s)cos
e do fisco.
Oh! Boi do Maranhão,
Alagoas e Internacional
no feudo de pouco pasto,
fausto de muito lastro,
cosanostra particular.
E a Aids chega ao pasto
pra capar.
Ah! Essa luta, meu boi:
quatro, oito anos e não
constituinte e constituição,
pagamento ou prorrogação,
presidência ou previdência
providencial entrega nacional.
65
Na lida pelo social
smoking para mulheres
longo para os homens
vestir e revestir
o molambo nacional.
E
tudo pêlo, ou é pelo, social.
Versos em L
e a letra da academia
tem falha conjuntural.
Um tropeço aqui,
um bico ali,
mas que se danem os críticos
e a mendicância,
quanto mais a concordância.
XI
Ê boi!
Ê Ê Ê carro!
Das margens plácidas servis
Uma bela conta em Paris,
da barriga o astuto ardil,
megalômano calote varonil.
66
No pós-vale
o anti-tudo.
Pasto de serra,
Pasto de goiás,
o anti-sério –
caveira nacional
E caatinga
Queixada de nave sem ave.
Endereço:
Planalto, Fossa multinacional.
XII
BOI
Um boi de botas,
louco no espaço,
voa Austrália,
Guiné, Paris, Pelotas.
Linhas retas
e bundas tortas.
O Boom Zebu,
que é bom, não berra.
Ministeria
e
erra, erra, erra.
67
Quem disse
que sobre a Terra
cão sem nome
não s’enterra?
A velha carne
do novo boi
renasce nos poluídos
pastos Brasil.
No porto ou pasto
ampla contraição.
À farra do boi
O sapo
não
foi não foi.
68
Poema visual –
experimentalismo
A transitividade do V(ler)
Claro está que não é fácil aceitar
situações novas ou conceitos ou roupagens novas para práticas antigas que remontam à própria história do homem e a
sua necessidade de se comunicar com o
seu semelhante.
A pintura rupestre, antes de ser
pintura, antes de ser arte, foi uma forma
de comunicação entre os homens, nossos
ancestrais, os quais criaram símbolos gráficos para se entenderem em suas comunidades.
As formas de comunicação evoluíram, desde então, e transformaram o
mundo numa imensa aldeia dividida por
uma grande massa de água.
Do primeiro grunido humano à comunicação cibernética, o objetivo sempre
foi um só: o desejo de se dizer algo a
alguém utilizando-se das mais variadas
formas de escrituras.
69
Paul Valéry, escritor francês, dizia
que “a forma custa caro”.
Em todos os tempos, no fazer literário, a forma sempre custou caro àqueles
que dela fizeram usso para criar e inovar.
que o digam os antropofágicos poetas
Gregório de Matos, Augusto dos Anjos,
Oswald de Andrade e Mário de Andrade
e os concretistas.
Em “O Grau Zero da Escritura”,
Roland Barthes fala que a inovação sempre
buscou “no labor da forma a constituição
do signo e a propriedade de uma
corporação”.
É ainda Barthes quem diz: “A multiplicação das escrituras é um fato moderno que obriga o escritor a uma escolha
que faz da forma uma conduta e suscita
uma ética da escritura”.
Inúmeras foram as revoluções da
forma, mas nenhuma foi tão forte quanto
às empreendida pelo movimento modernista. Do modernismo deriva o que hoje
aí está como forma e experimentalismo:
O Poema Visual.
Por que não aliar imagens a palavras,
se a palavra já é, por si só, imagem.
Convencional, é bem verdade, porque a
70
ela estamos atrelados, familiarizados. Aliar
palavras e imagens não é um privilégio do
poema visual. A pintura, modernamente, já
o faz pois buscou nas raízes dos pintores
primitivistas essa prática plástica.
Segundo um provérbio chinês “A
imagem vale mais que mil palavras”.
Nossos antepassados deixaram-nos
sua história nas rochas das cavernas, em
linguagem ingênua,
mas plena de
metáforas.
A imagem atrai.
Por que um filme conquista as pessoas? Qual magia prende o telespectador junto a uma TV ou faz um adolescente permanecer horas diante de um
computador?
Sem dúvida a imagem atrai.
O Poema Visual reflete a imagem
poética da existência e do mundo.
Fotografa o que está à volta do
poeta.
Ver é o melhor remédio. A primeira
leitura que fazemos do mundo para o
qual chegamos é a do mundo das imagens.
Ler é cultural, processo educacional. Está na necessidade de sobrevivência
da sociedade através da escola.
71
Ver é natural. Ler é aprendizado
formal.
V(l)er tem sua síntese no Poema
Visual, e este não surgiu por acaso. Ele é,
sem dúvida, fruto da evolução das diversas
correntes literárias que, ao longo dos
tempos, estiveram sempre procurando
uma forma de ler e dizer o mundo, sem
que a folha de papel permanecesse
branca, ou ferida, sem comunicar algo para
alguém. Certifique-se o viajante, que saiba
apenas o idioma de origem, ao caminhar
pelos países da aldeia global e verá que a
despeito da barreira dos idiomas, não terá
problemas em transitar pelo mundo. Isso
porque a humanidade fala, sobretudo, por
gestos, sinais e expressões corporais;
utiliza-se de figuras, desenhos e símbolos
e outros vários recursos visuais.
O mundo e seu imenso horizonte
oferecem ao viajante a oportunidade da
caminhada. Ao artista, como caminhante
e obser vador sensível, cabe refletir,
ousar e experimentar as tendências da
comunicação e incorporá-las à sua arte.
Caminhar é colocar o poema em
trânsito. Essa transitividade, como diz o
poeta Márcio Almeida, é uniVERsalizante,
72
sem viseiras didáticas; é expressar
transitivamente, estabelecendo o encontro do poema e seu conteúdo com o
leitor/participante sem a preposição para
estabelecer a ponte entre a ação e a
palavra.
HUGO PONTES
73
Pouco a
porco
75
&
76
Poluição
77
Meio e
massagem
78
Soma
79
Número 1
80
Dois mil
81
Nós
82
Poema G
83
Bandeira
84
Cia
85
Lágrima
86
Bloqueio
87
Vida
88
Olho
89
Ave
90
Estilo
91
Oração
92
Míssil
93
Raiz
94
Ovolho
95
América
96
Cédula
97
Boi
98
Rendição em
massa
99
Aguas de
minas
100
Manu
101
Defesa de tese
102
Ligue-se
103
Grito
104
Bolaço
105
Tempo
106
Vã
filosofia
107
Tigre triste
108
Leão
109
Irradiante
110
Pauta
111
Classificados
112
Economia
113
Soneto da
corrupção
114
Fome
115
Visualidade
116
Cruzado
117
Notável
118
Revisão
119
Vírus
120
Fuga
121
Escape
122
Cinema
123
A barca bela
124
Pânico
125
Assédios
126
Flor para
Nicarágua
127
Luz
128
Acento
129
Construção
130
Zen
131
Descobrimento 1
132
Descobrimento 2
133
Descobrimento 3
134
Descobrimento 4
135
Mutilação
136
Saúde
137
História A
138
História B
139
Turismo
140
Mundo
141
Real mente
142
FunREal
143
Nel mezzo del
camin
144
Sem-terra
145
Signo VIX
146
Canção de armar
Para Gilberto Mendonça Teles
147
FORTUNA CRÍTICA
“Hugo Pontes, de Poços de Caldas,
continua a trabalhar na linha do poema
visual. Certamente vai influir, de algum
modo, para traçar o perfil da poesia do
final do século”.Leonardo Fróes, escritor,
jornal O Globo, Rio-RJ, 1988
“Seu trabalho é um ponto luminoso
na miséria cultural e social que assola o
país. Exemplar e emblemático”.Uilcon
Pereira, professor universitário da UNESP
e escritor, Araraquara-SP 1988
“Há bons poetas, embora sejam
poucos. Dentre eles destaco o trabalho
de Hugo Pontes”.Guido Bilharinho, editor
e escritor, Uberaba, Triângulo, 1989
“Rendição em Massa é um marco e
síntese do poema visual”.Avelino de
Araújo, médico e poeta visual, Natal-RN,
1992
148
“Poemas de cunho social,
denunciando as mazelas gerais de um país
e de sua sociedade. Esta é a tônica da
obra literária de Hugo Pontes, desde a sua
adolescência, quando iniciou suas
atividades literárias na cidade de OliveiraMG, em 1963. Seu trabalho tem uma
característica pessoal, inconfundível, seja
nos poemas em versos, seja nos
visuais”.Philadelpho Menezes, professor
universitário da PUC-SP e poeta visual, São
Paulo-SP, 1994
“Bela e contundente ideação – a de
reunir seus poemas/textos visuais em um
conjunto intersemiótico; vale a Defesa de
Tese pelas antíteses do convencionalismo;
poemas sem fronteiras, nem viseiras;
novas visualidades. Virtual”.Jomard Muniz
de Britto, professor e poeta, Recife-PE,
1997
“Defesa de Tese inquieta porque é
belo; é belo porque é necessário;
necessário porque é poético”.Leontino
Filho, professor universitário da UFRN e
poeta, Pau dos Ferros-RN, 1997
149
“Defesa de Tese é um excelente
livro poético. Poética do silêncio ou da
falação ótico-ontológica do outro.
Poética do olhar guerrilheiro. Poemas
onde a tese (Ser) e a antítese (Entes)
encadeiam uma síntese (Logos) poética de
alta qualidade”.Bianor Paulino da Costa,
poeta, Jornal da Cidade, Natal-RN, 1998
“Com o livro Defesa de Tese Hugo
Pontes diz a que veio e o que faz, de
uma maneira irrepreensível, demonstrando
que não só é viável o seu tipo de poema,
mas também é uma forma de arte válida,
atual e impactante.” Rodrigo Seabra,
jornalista, Jornal UNI-BH, Belo HorizonteMG, 1998
“Os poemas visuais de Hugo Pontes
não caem no lugar comum da imagem pela
imagem. O engajamento de seus poemas
assume qualidade especial, que nos
agrada a todos”.Camilo Mota, escritor e
jornalista, Jornal Poiésis, Petrópolis-RJ,
1998
“Em seu livro, Defesa de Tese, não
posso deixar de registrar que o poema
150
Kyrieleição, além de datado de modo
particular,
também
revela
um
conhecimento teológico-ideológico
essencial. Mas gostei mesmo foi de
Rendição em Massa. Genial inversão
dizendo tanto: um poema que estava ali
disponível, que faltava seu gênio para
expô-lo a nossos olhos”.João Wanderley
Geraldi, professor universitário, UNICAMP,
Campinas-SP, 1999
“Hugo Pontes, com seu trabalho,
reflete o espírito combativo de todos
que estão na resistência” Ilma Fontes,
médica, jornalista e cineasta, O Capital,
Aracaju-SE, 2001
“Um dos mais reconhecidos
representantes do movimento do Poema
Visual, Hugo Pontes lança novo livro, em
que dá continuidade ao seu trabalho
experimental”.Carlos Herculano Lopes,
jornalista e escritor, Jornal Estado de
Minas, Belo Horizonte-MG, 2002
“Não vou dizer da história e veredas
de Hugo Pontes nessa seara. Tenho
comigo que, quanto mais compacto o
151
trabalho crítico do poema (poeta) em
relação ao modo de expressar-se, mais
sua poesia será comunicável, com cada
vez menos reflexo do seu ego, pois que
não mais representa seu particular e sim
o panorama de todos que vão ao seu
redor. Acrescento mais algo de João
Cabral: “Pois o homem que lê quer ler-se
no que lê, quer encontrar-se naquilo que
ele é incapaz de fazer.”Poucos aqueles
que vão à busca duma forma de linguagem
que tente definir o autêntico de ser. Hugo
Pontes fez em todas as páginas de Poemas
Visuais e Poesias.” Irineu Volpato, poeta
e humanista, Santa Bárbara d’Oeste-SP,
2003
“Hugo Pontes, de Minas Gerais, se
não me falha a memória, de Poços de
Caldas, enveredou principalmente pelos
experimentalismos visuais, mas levando
aquilo que havia começado entre nós com
o Concretismo da década de 60 e as
subseqüentes propostas do Poemaprocesso e da poesia-práxis a um patamar
em que o tema deixa de ser a diferença
entre poesia visual e poesia verbal, para
ser a poesia que é fruto da análise crítica
152
do mundo em constante mutação numa
velocidade que chega a nos fugir aos
sentidos. Veja-se, por exemplo, como
Hugo Pontes decompõe o nome de
Schwarzenegger (na época da composição
desse poema, o astro de cinema de ação
sequer havia iniciado sua carreira política)
e o cruza com o nome do então primeiro
ministro soviético Shevardnadze. Jayro
Luna, Professor de Semiótica, poeta visual,
São Paulo-SP, 2006
“Ficava meio incomodado por você
não ter um livro-solo, considerando sua
história poética de, no mínimo 30 anos,
ter sido um dos tutores do Grupo VIX,
pioneiro da xerografia visual, manter uma
página importante como a “comunicARTE”,
participar ativamente do movimento
poético-visual em todo o mundo e
persistir, em alto nível com trabalhos
avulsos cotejados esparsamente em
revistas, jornais e mostras especializadas.
Faltava o livro para referendar tudo
isso. Para marcar o seu trabalho de modo
coeso, digamos mais sistematicamente, de
modo a permitir uma leitura mais ampla de
sua evolução, de seu posicionamento na
linhagem das vanguardas históricas.
153
Ainda penso que você deve reunir
seus poemas escritos com os visuais em
um só livro. Será uma mostra
excelente.”Márcio Almeida, professor,
jornalista e poeta visual, Oliveira-MG,
1997
154
O Autor
Hugo PONTES é natural de Três
Corações, nascido a 22 de julho de 1945,
mas foi criado em Conceição do Rio
Verde - MG.
Filho de Raymundo Ferreira Pontes
e de Carmen Andrade Pontes.
Casado com a professora Iara
Manata Pontes. Tem dois filhos: Júlia
Márcia e Victor Hugo.
Seus estudos foram feitos nas cidades de Conceição do Rio Verde,
Itajubá, Oliveira, Belo Horizonte e Divinópolis.
É formado em Letras pelo Instituto
de Ensino e Pesquisa de Divinópolis e
Especialização em Literatura Brasileira
pela Pontifícia Universidade Católica de
Belo Horizonte.
Foi professor em Brasília, Divinópolis
e Oliveira.
Fixou residência em Poços de Caldas
no ano de 1974, quando para cá mudou a
155
convite do diretor do Instituto Educacional São João da Escócia, professor
Arino Ferreira Pinto.
Aqui lecionou no Instituto Educacional São João da Escócia durante treze
anos; foi professor na Escola Dom Bosco
e no Centro de Estudos Supletivos onde
trabalha há treze anos.
É Supervisor Pedagógico, por concurso realizado em 1987, da Prefeitura
Municipal de Poços de Caldas.
Atuou em 1997 no cargo de
Secretário Municipal da Educação e Cultura
da Prefeitura de Poços de Caldas
Na gestão do professor Rômulo
Vilela foi professor, coordenador do Curso
de Turismo, da Extensão e colaborou na
implantação da Pontifícia Universidade
Católica – Campus Poços de Caldas.
Como escritor, sua trajetória na literatura inicia-se em 1963, na cidade de
Oliveira, com a criação do Grupo VIX de
poesia de vanguarda. Foi naquela cidade
que iniciou sua formação cultural mais
consistente.
Desde o começo revela-se um poeta preocupado com o espaço branco do
papel. Sua temática tem um caráter social
que permanece até hoje.
156
Foi o criador, em 1963 do primeiro
poema visual do grupo, usando a palavra
VIX. Mas naquele tempo não se sabia ainda
do poema visual em terras brasileiras.
A partir da década de 70, volta-se
totalmente para o poema visual e desenvolve intenso trabalho nesse sentido. Integra
o movimento do poema visual brasileiro e
o movimento internacional de Mail Art.
É um dos pioneiros no desenvolvimento
da arte-xerox no Brasil. Hoje seu trabalho
é reconhecido, principalmente no
exterior, onde participa de inúmeras
exposições e publicações do gênero.
A par da sua atividade profissional
é também jornalista. Foi editor em 1975
da Gazeta do Sul de Minas, Souza. Colaborou escrevendo para a Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil (Rio de Janeiro),
Última Hora (Sucursal de Belo Horizonte),
Gazeta de Minas (Oliveira), Jornal Agora
(Divinópolis), Correio do Sul (Varginha). Na
atualidade colabora escrevendo para o
jornal Estado de Minas (Belo Horizonte),
Jornal da Cidade, Jornal da Mantiqueira
de Poços de Caldas.
Publica a página – única na imprensa
brasileira – ComunicARTE, de poemas visuais, para o Jornal da Cidade.
157
LIVROS PUBLICADOS:
Antologias
Primeiro Caderno Mostra, Gráfica Santa
Cruz, Oliveira-MG, 1964
ReVIXta, Gráfica Santa Cruz, Oliveira-MG,
1965.
Vozes da Poesia, Editora do Escritor, SP,
1979.
Clube do Escritor, Editora do Escritor, SP,
1985.
Poetas Contemporâneos Brasileiros, Ed.
Garatuja, RS, 1990.
Medida Provisória 161, Ed. Garatuja, RS,
1991.
Sociedade dos Poetas Vivos – Poemas
Visuais, Blocos, Rio, 1993.
Signopse, a poesia na virada do século,
Plurart’s, BH, 1995.
Poesia do Brasil, Nos 1, 2 e 3, 2001, 2002,
2006, Editora Garatuja, Bento
Gonçalves, RS.
Solo:
A Loja Maçônica “Estrela Caldense” e sua
História – 1895/1995. Grafica Universal, Poços de Caldas, 1995.
158
Defesa de Tese – Poemas sem Fronteiras
(poemas visuais) Ed. Plurart’s, Belo
Horizonte,1997.
Guimarães Rosa, uma Leitura Mística.
Ensaio, Ed. SulMinas, Poços de
Caldas, 1998.
Associação Atlética Caldense: História e
Glórias. Ed. SulMinas, Poços de
Caldas, 1998.
110 Anos da Imprensa Poços-caldense. Ed.
SulMinas, Poços de Caldas, 1999.
Barracão da Discórdia, 2000, SulMinas,
Poços de Caldas.
Poemas Visuais e Poesias, 1ª Edição, 2001,
Annablume/Barcarola, São Paulo-SP
Léo Ferrer em Vida, 2002, SulMinas, Poços
de Caldas-MG
O Congado em Oliveira – Tributo a
Leonídio João dos Santos, 2003,
SulMinas, Poços de Caldas-MG
A Poesia das Águas – Retratos Escritos
de Poços de Caldas, 2004,
SulMinas, Poços de Caldas-MG
O Teatro em Poços de Caldas, 2006,
SulMinas, Poços de Caldas-MG
159
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