POEMAS VISUAIS e POESIAS POEMAS VISUAIS e POESIAS Hugo Pontes Centro de Documentação e Informação Polis Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais P858 Pontes, Hugo Poemas visuais e poesia. / Hugo Ponte. — São Paulo: Dix Editorial, 2007. 160 p. ISBN 978-85-7419-636-7 1. Literatura Brasileira. 2. Poesia. 3. Poesia Social. I. Título. CDU CDD POEMAS VISUAIS e POESIAS Hugo Pontes Cordenação editorial Joaquim Antonio Pereira Diagramação Diego Nóbrega 1ª edição: dezembro de 2000 2ª edição: abril de 2007 © Hugo Pontes Dix editoral . comunicação Rua Padre Carvalho, 275 . Pinheiros 05427-100 . São Paulo . SP . Brasil Tel e Fax. (011) 3812.6764 www.annablume.com.br 869.0(81) 890 Sumário Nota ......................................................... Prefácio .................................................... Apresentação ........................................... Poema Visual ............................................. Visual poems ............................................. Poemas visuales ........................................ Poesias ...................................................... Concerto .................................................. Assis .......................................................... Surreal ....................................................... Mordaça ................................................... Da fala ...................................................... Semeadura ............................................... 11 13 17 19 23 27 31 33 34 35 36 37 38 Desertos .................................................... Via ............................................................. Couro cru .................................................. Ocaso ....................................................... Crítica ....................................................... Fecundação ............................................. Poeira ....................................................... Ópera ....................................................... 39 40 41 42 43 44 45 46 Minas ........................................................ Velho Chico .............................................. Pauta ........................................................ Combate .................................................. Pastorear ................................................... 47 48 49 50 51 Corpo ....................................................... 52 Poetar ....................................................... 53 Empório .................................................... 54 Boi ............................................................. 55 Poema visual – experimentalismo A transitividade do V(ler) ...................... 69 Pouco a porco .......................................... 75 & ............................................................... 76 Poluição .................................................... 77 Meio e massagem .................................... 78 Soma ........................................................ 79 Número 1 .................................................. 80 Dois mil ...................................................... 81 Nós ........................................................... Poema G .................................................. Bandeira ................................................... Cia ............................................................ Lágrima ..................................................... Bloqueio .................................................... Vida .......................................................... Olho .......................................................... Ave ........................................................... 82 83 84 85 86 87 88 89 90 Estilo .......................................................... Oração ..................................................... Míssil .......................................................... Raiz ........................................................... Ovolho ...................................................... 91 92 93 94 95 América .................................................... 96 Cédula ...................................................... 97 Boi ............................................................. 98 Rendição em massa ................................. 99 Aguas de minas ...................................... 100 Manu ...................................................... 101 Defesa da tese ....................................... 102 Ligue-se ................................................... 103 Grito ........................................................ 104 Bolaço .................................................... 105 Tempo .................................................... 106 Vã filosofia ............................................... 107 Tigre triste ................................................ 108 Leão ....................................................... Irradiante ................................................. Pauta ...................................................... Classificados ........................................... Economia ............................................... Soneto da corrupção .............................. Fome ...................................................... Visualidade .............................................. Cruzado .................................................. 109 110 111 112 113 114 115 116 117 Notável ................................................... Revisão ................................................... Vírus ......................................................... Fuga ....................................................... Escape ................................................... 118 119 120 121 122 Cinema ................................................... A barca bela ........................................... Pânico .................................................... Assédio ................................................... Flor para Nicarágua ................................. Luz ........................................................... Acento .................................................... Construção ............................................. Zen .......................................................... Descobrimento 1 .................................... Descobrimento 2 .................................... Descobrimento 3 .................................... Descobrimento 4 .................................... 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 Mutilação ................................................ Saúde ..................................................... História A ................................................. História B .................................................. Turismo .................................................... Mundo .................................................... Real mente ............................................. FunREal ................................................... Nel mezzo del camin ............................... 136 137 138 139 140 141 142 143 144 Sem terra ................................................ Signo VIX ................................................. Canção de armar (Para Gilberto Mendonça Teles) ......................... Fortuna Crítica ......................................... 145 146 147 148 O Autor .................................................... 155 Nota A questão mais curiosa, parece até que a mais angustiante e possivelmente a mais idiota em todas as reuniões em que se fala de literatura no Brasil dos últimos dez anos (cursos, conferências, debates e simples conversa de bar) tem sido a de saber “como vai a poesia brasileira, hoje”. Já houve até seminário “nacional” de literatura (com escritores do Rio de Janeiro e de São Paulo), em que este tema foi muito debatido... pelos improvisadores dos congressos literários. Passase nesses debates como se a Poesia fosse uma terra devoluta e houvesse entre os intelectuais um movimento dos sem-pesquisa para armar ali as suas barracas... Ninguém percebe que o Brasil vai além do Rio e de São Paulo, que os suplementos literários dessas cidades ou estão nas mãos de um grupo (que se autoelogia) ou se submetem às grandes editoras (é só dar uma olhadela nas resenhas), 11 quando não entregam os livros de poemas a pessoas que pouco sabem de poesia. Talvez seja um truísmo, mas é preciso dizer que há em cada capital brasileira, hoje, alguns bons, excelentes poetas, com vários livros publicados pelas editoras locais e, por isso mesmo, desconhecidos (ou quase) da crítica, dos programas escolares e do resistente leitor de poesia. Daí o sentido principal desta coleção de livros de poemas que a Dix Editoral está lançando no mercado nacional, revelando e divulgando, no pórtico do terceiro milênio, poetas de todo o Brasil numa série aberta a todo tipo de experimentação estética na poesia. Salamanca, 1º de janeiro de 1999. GILBERTO MENDONÇA TELES 12 Prefácio Companheiro de estrada desde os anos 60, Hugo Pontes dispensa apresentação, mas o roteiro e o rumo de seus poemas merecem considerações. Trata-se de um trabalho experimental que não pertence apenas a Minas ou ao Brasil, pois já alcançou outras praias pelo mundo. Desde a confluência das décadas de 60/70, quando o Poema/Processo ampliou o raio de ação do Concretismo e definiu um novo movimento, Hugo tem estado presente no time de frente dos poetas brasileiros, criando e participando de encontros, exposições e antologias em diversos países e pelo Brasil afora. Pouco mais tarde, o efeito multiplicador da Arte Postal levou seus poemas a andar em revoada pelos mares e ares nunca dantes navegados. Portanto, Hugo Pontes é daqueles cuja poesia corre paralela às atividades, como parecem exigir, a todo instante, os tempos atuais. 13 Ler seus poemas é relembrar, com prazer, uma trajetória que acompanho de perto desde o Carimbo, de 1977, ao Vã Filosofia, de vinte 20 anos depois. A seqüência temático-formal de seus poemas nos faz reviver nossa história mais recente, em seus pontos mais críticos e passíveis de crítica. Não é outra a intenção de poemas como: Meio e Massagem, Soneto da Corrupção, Cruzado, Escape, Flor para Nicarágua, Bloqueio e outros., todos em cima do lance, exatamente na fronteira que conjuga o político com o social, no fogo cruzado do poético com o real. Na linha de frente – como um apelo introdutório ao feixe de provocações que, afinal, são esses poemas – estão Sem-Rosto nem Resto, Real Mente, História do Brasil, e a ambigüidade proposital de Nós – registro excepcional do autor. Não falta, na série, o apelo ironicamente lírico de Lágrima, Rendição em Massa, Impressões, seguido da preocupação ecológica bem resolvida de Ecologia, Pânico e Impressões, e do toque clássico de Nel Mezzo del Camin e Barca Bela. 14 Hugo Pontes é, sem dúvida, um autor que vem sendo importante para a poesia de vanguarda no Brasil. O conjunto de seus poemas assim o demonstram. JOAQUIM BRANCO 15 APRESENTAÇÃO Poemas Visuais – um comentário Tenho restrições, cada vez mais fundadas, à influência do concretismo sobre a produção dita de “vanguarda”, pois universalizou os trocadilhos, as paranomásias, enfim, todo um aparata verbal que ajuda a preguiça mental e banaliza a expressão. “Vanguarda, para mim, em literatura não significa nada. Literatura não é competição com o tempo. Seu trabalho, reunido, deu-me uma visão de conjunto de que você se sai muito bem. Você utiliza com rara felicidade a combinação dos signos verbais com a expressividade da linguagem icônica. Assim, os dois códigos, o digital e o icônico, se combinam à perfeição para traduzir imagens poéticas e juízos críticos. Somente assim posso aceitar o designativo de “poemas” para as composições que você apresenta. 17 Seus poemas associam virtudes que caem no campo da poesia: síntese, rarefação de meios, metáforas surpreendentes, jogo referencial apoiado na razão crítica, enfim, um equilíbrio composicional de razão e emoção. Você se tornou um mestre da poesia social. Basta ver os poemas “Cruzado”, “Promissória”, “Soneto” e “Sem Terra”. Emoção? “Pânico”. E tem mais: o acento crítico recai em “Flor para Nicarágua”, “Bloqueio”, e no admirável “Rendição em Massa”. “Soma” traduz um achado no âmbito da crítica social. E há, além do mais, certa prospecção no veio cômico, de que “Pouco a Porco” é exemplo. FÁBIO LUCAS Professor, escritor e crítico literário 18 Poema Visual Hugo Pontes Podemos dizer que a ousadia do experimentalismo poético não estacionou no Concretismo. As experiências prosseguiram e continuam até os nossos dias com resultados surpreendentes. A partir da década de 70, no Brasil, os poetas visuais surgem timidamente, promovendo as suas primeiras exposições e publicações alternativas. Com o passar do tempo, inúmeros adeptos se integram ao movimento do poema visual e cada um manifesta a sua arte utilizando-se dos recursos mais variados: xerografia, computador, holografia, vídeo, cartazes impressos, laser, cartões postais, selos e carimbos. A temática explorada, em sentido universal, é o homem e seu estar-nomundo. Em caráter particular, no Brasil, exploram-se a incompetência da política nacional, a miséria, a dívida externa, a 19 ilusão da loteria, o dilema humano da energia atômica, o conflito psicológico do ser e os temas eróticos. O poema visual caracteriza-se por valorizar a imagem como entidade universal. A palavra, no caso, é muito bem explorada e colocada, compondo um todo harmônico capaz de permitir ao “vleitor” - aquele que lê e vê ou só vê uma infinidade de leituras, de acordo com o nível do seu conhecimento, experiência de mundo, cultura e escolaridade. O poema visual, no Brasil, encontra eco em algumas raras publicações, principalmente as alternativas que abrigam trabalhos de poetas como Joaquim Branco, Márcio Almeida, Marcelo Dolabela, Sebastião Nunes e Hugo Pontes (MG); Paulo Bruscky e Antônio Andrade, (PE), Philadelpho Menezes e Constança Lucas, Elson Fróes e Artur Soares (SP); Maynand Sobral (CE); Ricardo Alfaya e Amelinda Alves, Moacy Cirne (RJ), Gilberto Mendonça Teles (RJ); Ruber van du Nascimento (PI); Hugo Mund Júnior (DF); Falves Silva, Avelino de Araújo, J. Medeiros e Bianor Paulino (RN); Sérgio Almeida (PR). As publicações existentes, hoje, voltadas para o poema visual são a 20 página ComunicARTE, do Jornal da Cidade de Poços de Caldas-MG; Revista Dimensão de Uberaba-MG; o Suplemento Cultural “Garatuja”, de Bento GonçalvesRS; A Cigarra, de Santo André-SP; O Capital, de Aracaju-SE. Minas tem muita história para contar sobre o poema visual, pois aqui está um dos núcleos mais vigorosos e consistentes dessa manifestação. 21 Visual poems Hugo Pontes* We can say that the daring of the experimentation poetic didn’t park in Concretismo. The experiences continued and they continue until our days with surprising results. Starting from the decade of 70, in Brazil, the visual poets appear timidly, promoting its first exhibitions and alternative publications. With passing of the time, countless followers integrate into the movement of the visual poem and each one manifests its art being used of the most varied resources: xerography, computer, holography, video, printed posters, laser, postcards, stamps, etc. The thematic explored, in universal sense, it is the man and its be-knot-world. In private character, Brazil, they are explored the incompetence of the national politics, the poverty, the foreign debt, the illusion of the lottery, the human dilemma of the atomic energy, the 23 psychological conflict of being and the erotic themes. The visual poem is characterized by valuing the image as universal entity. The word, in the case, is very well an appendix explored and placed, composing an all harmonic one capable to allow to the “ vleitor “ an infinity of readings, in agreement with the level of its knowledge, experience, culture and school level. The visual poem, in Brazil, finds echo in some rare publications, mainly the alternatives that shelter poets’ works as Joaquim Branco, Márcio Almeida, Marcelo Dolabela, Sebastião Nunes and Hugo Pontes (MG); Paulo Bruscky (PE),; Fred Maia, Philadelpho Menezes, Artur Soares and Constança Lucas (SP); Maynand Sobral (CE); Ricardo Alfaya, Moacy Cirne, Gilberto Mendonça Teles and Wlademir Dias-Pino (RJ); Rubervan du Nascimento (PI); Hugo Mund Júnior (SC); Falves Silva, Avelino de Araújo, J. Medeiros and Bianor Paulino (RN); Sérgio Almeida (PR). The existent publications, today, gone back to the visual poem they are the page ComunicARTE, of the Jornal da 24 Cidade de Poços de Caldas-MG, Revista Dimensão of Uberaba-MG; Livrespaço and A Cigarra, of Santo André – SP; and the Cultural “ Suplemento Garatuja “, of Bento Gonçalves-RS. Minas Gerais have a lot of history to count on the visual poem, because here it is one of the most vigorous and consistent nucleous of that manifestation. Translation: Ana Maria Sarti 25 Poemas visuales Hugo Pontes* Podemos decir que la osadía de la experimentación poética no estacionó en Concretismo. Las experiencias continuaron y ellos continúan hasta nuestros días con resultados sorprendentes. Empezando de la década de 70, en Brasil, los poetas visuales aparecen tímidamente y promueven sus primeras exhibiciones y publicaciones alternativas. Con el pasar del tiempo, los seguidores innumerables integran en el movimiento del poema visual y cada uno manifiesta su arte a usándose de los recursos más variados: xerografía, computadora, holografía, carteles, impresos, videos, láser, tarjetas postales, estampas, etc.,, El tema explorado, en sentido universal, es el hombre y su estar en el mundo. En carácter privado, Brasil, ellos se exploran la incompetencia de la política nacional, la pobreza, la deuda externa, la ilusión de la lotería, el dilema 27 humano de la energía atómica, el conflicto psicológico del ser y los temas eróticos,. El poema visual es caracterizado valorando la imagen como entidad universal. La palabra, en el caso, es muy bien un apéndice explorado y puso y compone un todo armónico uno capaz permitir al “vleitor” una infinidad de lecturas, en acuerdo con el nivel de su conocimiento, experimentan, cultura y nivel escolar. El poema visual, en Brasil, el eco de los hallazgos en algunas publicaciones raras, principalmente las alternativas que albergan los trabajos de poetas como Joaquim Branco, Márcio Almeida, Marcelo Dolabela, Sebastião Nunes y Hugo Pontes (MG); Paulo Bruscky y Antonio Andrade (PE),; Fred Maia, Philadelpho Menezes, Élson Fróes, Constança Lucas y Artur Soares (SP); Maynand Sobral (CE); Ricardo Alfaya, Moacy Cirne y Gilberto Mendonça Teles (RJ); Rubervan Du Nascimento (PI); Hugo Mund Júnior (DF); Falves Silva, Avelino de Araújo, J. Medeiros y Bianor Paulino (RN); Sérgio Almeida (PR). Las publicaciones existentes, hoy, se remontadas al poema visual ellos son: 28 ComunicARTE, del periódico Jornal da Cidade, de Poços de Caldas-MG; Revista Dimensão de Uberaba-MG; el “Suplemento Cultural Garatuja”, de Bento Gonçalves-RS; A Cigarra, de Santo André-SP y O Capital, de Aracaju-SE. Minas Gerais tienen mucha historia para contar con el poema visual, porque aquí está uno de los núcleos más vigorosos y consistentes de esa manifestación. * Poeta, professor e jornalista 29 Poesias Concerto Da fábrica de ferro, ferrolho. No rosto do cego, um olho. Artigo de luxo, repolho. Vida: Corte de navalha em corda de violino. 33 Assis Enquanto Francisco fala aos pássaros duas tribos roem seus ossos. Itália, 1991 34 Surreal O rio manso segue o seu curso no dorso do urso. França, 1991 35 Mordaça O gesto acovarda e cala na dança em ponta de faca. O homem acorda e lança Um gesto de mãos sem dedos. A lança que fere a caça, a nota que soa e cala E muda ressoa imunda em trilha de cão sem raça. 36 Da fala Quem erra o grito erra a fala. Cala Do carnaval à senzala. Ala Quem erra o hino tece a fala. 37 Semeadura Os gestos de mãos ágeis semeando a terra; Os gestos de mãos frágeis semeando carinho; Os gestos de mãos gastas semeando trabalho; Os gestos de mãos bíblicas semeando a paz; Os gestos de mãos fortes semeando justiça; Os gestos de mãos dadas semeando amor; Os gestos de mãos limpas semeando honestidade No universo de preocupações dos homens já sem mãos. 38 Desertos Olhos desertos e vida e tantos são os desertos, da vida pedindo explicações. Verdade é como cultivar úlceras e orquídeas nos corações. Antes da rosa para a rosa o importante é o espinho. E quando a lança suprime a palavra, rosa, espinho e olhos perdem beleza, defesa e brilho. 39 Via À esquerda do Rio Grande corre um grande rio mansamente. Às vezes, à direita do Rio Grande corre um grande rio loucamente. 40 Couro cru Para Artur Gomes Os contornos dos coturnos só se movem à luz dos jogos noturnos. 41 Ocaso Do outro lado da noite um dia depois da noite. Do outro lado da noite um ria, outro paria. Do outro lado da noite bebida, fome esquecida. Do outro lado da noite reza e fé saciada. Do outro lado da noite febre e suor escorrendo Do outro lado da noite vazio e solidão amargada. Do outro lado da noite semente e pão entre dentes. Do outro lado da noite a fera gerando guerra. Do outro lado da noite festança e muita matança. Do outro lado da noite os restos de um longo dia. 42 Crítica Decidido: Nem crítico, nem poeta. Um esteta. 43 Fecundação Fecundar palavras em folhas brancas em manhãs raiadas. Vislumbrar caminhos, seguir viagem caminhando estrada. Cultivar palavras em terrenos áridos de manhãs sombrias. Cimentar calçadas com poemas frios e pisar descalço. 44 Poeira A poeira de Hiroshima de um vôo cego. A poeira de Hiroshima de um vôo horizontal. A poeira de A poeira de Hiroshima mundo e respiração. A poeira de Hiroshima mãe, filho – gestação. Poeira A poeira de Hiroshima rosa rubra e vergonha. 45 Ópera Operário-boi de carro de carga de curral de corte. Ara boi ária de sua ópera Opera boi o chão manchado cavar o pão Na cega luta de sol a sal. 46 Minas Pastos de pedra aboio do ouro raízes ruínas restos do nada que restou. 47 Velho Chico O Rio São Francisco não cabe no corpo da terra não cabe no corpo de Minas não cabe no corpo do homem mas cabe no coração. 48 Pauta A grande fábrica de celulose fornece papel para o atestado de óbito dos mortos por Mononucleose. 49 Combate No terceiro round: entre um guisado e um assado, o peso pesado nocauteou o assalariado. 50 Pastorear Subir a montanha e guardar o rebanho a fogo e ferro. Salgar o rebanho em rastro de terra e palmo de pedra. Subir a montanha e pastar a palma nativa e regar a areia e criar o limo. Subir a montanha colher e comer a pedra em vinagre e sal. 51 Corpo Seu corpo porto de esperas cansadas. Caudalosos rios que por ele descem, regando as flores que em seu colo nascem. Esse corpo posto porto sem desgosto É virgem terra rima e esperança. 52 Poetar São alguns novos poemas. Arrancados do sofrimento poemas procurados no caos da vida poemas. 53 Empório Poemas são linhas empilhadas, como mercadorias nas prateleiras da venda da esquina. Poemas, quem há de comprá-los? Oficina tão rara, tão cara aos olhos de quem os fez. Poemas, quem há de regá-los? 54 Boi I No pasto asfáltico, onde bois racionais pastam o alcatrão da vida, onde o boi morto é boi posto. Condenso palavras para dizer do boi abanando o rabo coberto de moscas verdes, que valem milhões, ou nada, Mas que são milhões, bilhões. Uma praga! Os bois! Já não são aqueles. As moscas! ainda aquelas saídas dos porões à procura de um boi para para pastar. 55 E eles não vivem quietos à espera de moscas. Estão inquietos, moscas demais. Atrapalhação. Bois abanando moscas, sem literatura verde e supérflua das moscas magras. E já não têm a religiosidade piegas e medieval das moscas roucas e barrocas. II Bois pastam nos campos da civilização das baixas e altas dos mercados e capitais. Open market, simpósios, eletrônicas; opinando em conversações de paz. Bois ruminam sem sonhar com luas e prateado luar sobre seus pastos. Não pensam esperar o cometa de Halley passar, e ruminar tanto tempo é tempo demais pra muita mosca pastar seu rabo. 56 Nos pastos de asfalto não existe lugar para reflexos lentos. O boi é sideral, é computador. Move-se por processo ultra-sônico. III O boi não rumina o indigesto pão barato de água e fubá, prefere Alphaville; delicia-se com Fellini; comenta Tchecov; digere Kafka E se aprofunda em Carlos Drummond enquanto suaviza o calor passando pelo rosto um lenço de linho. O boi não se deixa cavalgar, cavalga irmãos menores e usa chapéu panamá entre os chifres, que crescem transamazonicamente, pois desaqueceu o matrimônico leito conjugal. Já não rompe cercas, abandonou as touradas e não sofre as agruras de ser boi. 57 O matadouro não o espera. Aposentou-se na cátedra de boi-de-sorte. Hoje é boi-federal, boi-estadual, menos que isso é andar de quatro. Ocupa por processos de alquimia Postos departamentais galáxicos. E, de vôo em ovo, entre um uísque e outro programa a bomba da paz. Vivendo do ágil ego, o boi planta seu pasto onde mosca alguma deverá incomodar seu rabo. IV O.N.U. O boi do ano. Nada o envaidece mais do que fingir pela paz. 58 Réquiem, Le boeuf, animal mineral. Vende arma e alma, via internet. Usina nuclear cada ronco, cada tronco Upiati, é um índio ou um saci? Bio-boi verde e vede, perde o casco no desandar. Bivaleu a perdecência no ronco do cantor. O boi vagueia, vaqueja pirâmides e estrelas; asinus transcendental, de curral, curriola e mamão. Bailarino de gafieira ultraclasse, lambeija o futuro no baú do tesouro. 59 Teso vislumbra a lua-de-mel no exótico mundo erótico de aqui, Além Paraíba ou Acaba Mundo. Muge de Londres, Paris ou Noviorque. V O boi de 86 ou de 2 mil, mata a sede no rio de ouro, a fome no pasto privado, a gana nas tetas do povo, viajando fundo, tendo por cabo eleitoral o erário nacional. Monetarismo internacional, perdulário gástrico-fecal, arrocha aqui, entrega ali. Vôo de rapina, happiness, em Transamérica, Transeuropa, Transjapão – Transação. 60 General ou Príncipe ou Presidente Multinacional, Clarividência espacial. Redonda barriga, rima e lombriga. Em especial menu: para o povo, rabo-de-tatu. VI No imenso curral-laboratório, Experimentos e tal, É preciso arrombar a cerca Para sair do caos. VII O boi e sua constructio ad sensum, O boi e sua hipermenorréia verbal e o som de dezesseis “canal”. - É só pra rimar, mestre, só pra rimar! 61 A concordância está no caos, menopausa factual. VIII A realeza do boi, realiza, acorda abandona a corda, o chicote e garrote. Consciência vil, repara o caminho, o cão pastor late e o cavalo atende. Empreende e aventura: deixa a cama feita e amacia a cana dura. Aposenta o ato, entende o social e abandona o futebol. Passeios ao arrebol: Fico, bato e arrebento, enredos do drama pátrio, encenados na ante-sala da matriz. 62 O sorriso-rei na boca do bufão – palhaço da corte – confuso e mandrião. Do lado outro do mar o time celestial quer o jogo ganhar. Tapete e tapetão, verde grama, neve e lama. Acabada a ilusão, o boi era de mamão. IX O boi entra em convulsão. Conluio entre pastos, coalizão. Muda o vetor, dura pouco o seu mentor, caos e comoção. Emerge o maganão, antípoda do boi real. 63 Medo e medra, gado não muge... é merda. Ao cruzar o rei do gado faz a sua confissão: – Falta carne e falta pão. Onde é o boi? não está no motel, não está no céu. Vaga leve de léu em déu, sobre ele um manto, um véu. Indignação: Pasto pobre e podre. Boi maternal, confisco e tal. Ágil corrupção no ágio. Carne? – Só na zona, meritíssimo! Meretríssimo: pau e fome. O que é do homem o bicho come. 64 Luz, Câmeras Importa? ... Ação. Búfalo do Ceilão, rato do Japão e boto do Maranhão. X Já de há muito condenados, pela insânia deslumbrada em carne-vales fiscais e papagaios internacionais, corremos, nós, dos ri(s)cos e do fisco. Oh! Boi do Maranhão, Alagoas e Internacional no feudo de pouco pasto, fausto de muito lastro, cosanostra particular. E a Aids chega ao pasto pra capar. Ah! Essa luta, meu boi: quatro, oito anos e não constituinte e constituição, pagamento ou prorrogação, presidência ou previdência providencial entrega nacional. 65 Na lida pelo social smoking para mulheres longo para os homens vestir e revestir o molambo nacional. E tudo pêlo, ou é pelo, social. Versos em L e a letra da academia tem falha conjuntural. Um tropeço aqui, um bico ali, mas que se danem os críticos e a mendicância, quanto mais a concordância. XI Ê boi! Ê Ê Ê carro! Das margens plácidas servis Uma bela conta em Paris, da barriga o astuto ardil, megalômano calote varonil. 66 No pós-vale o anti-tudo. Pasto de serra, Pasto de goiás, o anti-sério – caveira nacional E caatinga Queixada de nave sem ave. Endereço: Planalto, Fossa multinacional. XII BOI Um boi de botas, louco no espaço, voa Austrália, Guiné, Paris, Pelotas. Linhas retas e bundas tortas. O Boom Zebu, que é bom, não berra. Ministeria e erra, erra, erra. 67 Quem disse que sobre a Terra cão sem nome não s’enterra? A velha carne do novo boi renasce nos poluídos pastos Brasil. No porto ou pasto ampla contraição. À farra do boi O sapo não foi não foi. 68 Poema visual – experimentalismo A transitividade do V(ler) Claro está que não é fácil aceitar situações novas ou conceitos ou roupagens novas para práticas antigas que remontam à própria história do homem e a sua necessidade de se comunicar com o seu semelhante. A pintura rupestre, antes de ser pintura, antes de ser arte, foi uma forma de comunicação entre os homens, nossos ancestrais, os quais criaram símbolos gráficos para se entenderem em suas comunidades. As formas de comunicação evoluíram, desde então, e transformaram o mundo numa imensa aldeia dividida por uma grande massa de água. Do primeiro grunido humano à comunicação cibernética, o objetivo sempre foi um só: o desejo de se dizer algo a alguém utilizando-se das mais variadas formas de escrituras. 69 Paul Valéry, escritor francês, dizia que “a forma custa caro”. Em todos os tempos, no fazer literário, a forma sempre custou caro àqueles que dela fizeram usso para criar e inovar. que o digam os antropofágicos poetas Gregório de Matos, Augusto dos Anjos, Oswald de Andrade e Mário de Andrade e os concretistas. Em “O Grau Zero da Escritura”, Roland Barthes fala que a inovação sempre buscou “no labor da forma a constituição do signo e a propriedade de uma corporação”. É ainda Barthes quem diz: “A multiplicação das escrituras é um fato moderno que obriga o escritor a uma escolha que faz da forma uma conduta e suscita uma ética da escritura”. Inúmeras foram as revoluções da forma, mas nenhuma foi tão forte quanto às empreendida pelo movimento modernista. Do modernismo deriva o que hoje aí está como forma e experimentalismo: O Poema Visual. Por que não aliar imagens a palavras, se a palavra já é, por si só, imagem. Convencional, é bem verdade, porque a 70 ela estamos atrelados, familiarizados. Aliar palavras e imagens não é um privilégio do poema visual. A pintura, modernamente, já o faz pois buscou nas raízes dos pintores primitivistas essa prática plástica. Segundo um provérbio chinês “A imagem vale mais que mil palavras”. Nossos antepassados deixaram-nos sua história nas rochas das cavernas, em linguagem ingênua, mas plena de metáforas. A imagem atrai. Por que um filme conquista as pessoas? Qual magia prende o telespectador junto a uma TV ou faz um adolescente permanecer horas diante de um computador? Sem dúvida a imagem atrai. O Poema Visual reflete a imagem poética da existência e do mundo. Fotografa o que está à volta do poeta. Ver é o melhor remédio. A primeira leitura que fazemos do mundo para o qual chegamos é a do mundo das imagens. Ler é cultural, processo educacional. Está na necessidade de sobrevivência da sociedade através da escola. 71 Ver é natural. Ler é aprendizado formal. V(l)er tem sua síntese no Poema Visual, e este não surgiu por acaso. Ele é, sem dúvida, fruto da evolução das diversas correntes literárias que, ao longo dos tempos, estiveram sempre procurando uma forma de ler e dizer o mundo, sem que a folha de papel permanecesse branca, ou ferida, sem comunicar algo para alguém. Certifique-se o viajante, que saiba apenas o idioma de origem, ao caminhar pelos países da aldeia global e verá que a despeito da barreira dos idiomas, não terá problemas em transitar pelo mundo. Isso porque a humanidade fala, sobretudo, por gestos, sinais e expressões corporais; utiliza-se de figuras, desenhos e símbolos e outros vários recursos visuais. O mundo e seu imenso horizonte oferecem ao viajante a oportunidade da caminhada. Ao artista, como caminhante e obser vador sensível, cabe refletir, ousar e experimentar as tendências da comunicação e incorporá-las à sua arte. Caminhar é colocar o poema em trânsito. Essa transitividade, como diz o poeta Márcio Almeida, é uniVERsalizante, 72 sem viseiras didáticas; é expressar transitivamente, estabelecendo o encontro do poema e seu conteúdo com o leitor/participante sem a preposição para estabelecer a ponte entre a ação e a palavra. HUGO PONTES 73 Pouco a porco 75 & 76 Poluição 77 Meio e massagem 78 Soma 79 Número 1 80 Dois mil 81 Nós 82 Poema G 83 Bandeira 84 Cia 85 Lágrima 86 Bloqueio 87 Vida 88 Olho 89 Ave 90 Estilo 91 Oração 92 Míssil 93 Raiz 94 Ovolho 95 América 96 Cédula 97 Boi 98 Rendição em massa 99 Aguas de minas 100 Manu 101 Defesa de tese 102 Ligue-se 103 Grito 104 Bolaço 105 Tempo 106 Vã filosofia 107 Tigre triste 108 Leão 109 Irradiante 110 Pauta 111 Classificados 112 Economia 113 Soneto da corrupção 114 Fome 115 Visualidade 116 Cruzado 117 Notável 118 Revisão 119 Vírus 120 Fuga 121 Escape 122 Cinema 123 A barca bela 124 Pânico 125 Assédios 126 Flor para Nicarágua 127 Luz 128 Acento 129 Construção 130 Zen 131 Descobrimento 1 132 Descobrimento 2 133 Descobrimento 3 134 Descobrimento 4 135 Mutilação 136 Saúde 137 História A 138 História B 139 Turismo 140 Mundo 141 Real mente 142 FunREal 143 Nel mezzo del camin 144 Sem-terra 145 Signo VIX 146 Canção de armar Para Gilberto Mendonça Teles 147 FORTUNA CRÍTICA “Hugo Pontes, de Poços de Caldas, continua a trabalhar na linha do poema visual. Certamente vai influir, de algum modo, para traçar o perfil da poesia do final do século”.Leonardo Fróes, escritor, jornal O Globo, Rio-RJ, 1988 “Seu trabalho é um ponto luminoso na miséria cultural e social que assola o país. Exemplar e emblemático”.Uilcon Pereira, professor universitário da UNESP e escritor, Araraquara-SP 1988 “Há bons poetas, embora sejam poucos. Dentre eles destaco o trabalho de Hugo Pontes”.Guido Bilharinho, editor e escritor, Uberaba, Triângulo, 1989 “Rendição em Massa é um marco e síntese do poema visual”.Avelino de Araújo, médico e poeta visual, Natal-RN, 1992 148 “Poemas de cunho social, denunciando as mazelas gerais de um país e de sua sociedade. Esta é a tônica da obra literária de Hugo Pontes, desde a sua adolescência, quando iniciou suas atividades literárias na cidade de OliveiraMG, em 1963. Seu trabalho tem uma característica pessoal, inconfundível, seja nos poemas em versos, seja nos visuais”.Philadelpho Menezes, professor universitário da PUC-SP e poeta visual, São Paulo-SP, 1994 “Bela e contundente ideação – a de reunir seus poemas/textos visuais em um conjunto intersemiótico; vale a Defesa de Tese pelas antíteses do convencionalismo; poemas sem fronteiras, nem viseiras; novas visualidades. Virtual”.Jomard Muniz de Britto, professor e poeta, Recife-PE, 1997 “Defesa de Tese inquieta porque é belo; é belo porque é necessário; necessário porque é poético”.Leontino Filho, professor universitário da UFRN e poeta, Pau dos Ferros-RN, 1997 149 “Defesa de Tese é um excelente livro poético. Poética do silêncio ou da falação ótico-ontológica do outro. Poética do olhar guerrilheiro. Poemas onde a tese (Ser) e a antítese (Entes) encadeiam uma síntese (Logos) poética de alta qualidade”.Bianor Paulino da Costa, poeta, Jornal da Cidade, Natal-RN, 1998 “Com o livro Defesa de Tese Hugo Pontes diz a que veio e o que faz, de uma maneira irrepreensível, demonstrando que não só é viável o seu tipo de poema, mas também é uma forma de arte válida, atual e impactante.” Rodrigo Seabra, jornalista, Jornal UNI-BH, Belo HorizonteMG, 1998 “Os poemas visuais de Hugo Pontes não caem no lugar comum da imagem pela imagem. O engajamento de seus poemas assume qualidade especial, que nos agrada a todos”.Camilo Mota, escritor e jornalista, Jornal Poiésis, Petrópolis-RJ, 1998 “Em seu livro, Defesa de Tese, não posso deixar de registrar que o poema 150 Kyrieleição, além de datado de modo particular, também revela um conhecimento teológico-ideológico essencial. Mas gostei mesmo foi de Rendição em Massa. Genial inversão dizendo tanto: um poema que estava ali disponível, que faltava seu gênio para expô-lo a nossos olhos”.João Wanderley Geraldi, professor universitário, UNICAMP, Campinas-SP, 1999 “Hugo Pontes, com seu trabalho, reflete o espírito combativo de todos que estão na resistência” Ilma Fontes, médica, jornalista e cineasta, O Capital, Aracaju-SE, 2001 “Um dos mais reconhecidos representantes do movimento do Poema Visual, Hugo Pontes lança novo livro, em que dá continuidade ao seu trabalho experimental”.Carlos Herculano Lopes, jornalista e escritor, Jornal Estado de Minas, Belo Horizonte-MG, 2002 “Não vou dizer da história e veredas de Hugo Pontes nessa seara. Tenho comigo que, quanto mais compacto o 151 trabalho crítico do poema (poeta) em relação ao modo de expressar-se, mais sua poesia será comunicável, com cada vez menos reflexo do seu ego, pois que não mais representa seu particular e sim o panorama de todos que vão ao seu redor. Acrescento mais algo de João Cabral: “Pois o homem que lê quer ler-se no que lê, quer encontrar-se naquilo que ele é incapaz de fazer.”Poucos aqueles que vão à busca duma forma de linguagem que tente definir o autêntico de ser. Hugo Pontes fez em todas as páginas de Poemas Visuais e Poesias.” Irineu Volpato, poeta e humanista, Santa Bárbara d’Oeste-SP, 2003 “Hugo Pontes, de Minas Gerais, se não me falha a memória, de Poços de Caldas, enveredou principalmente pelos experimentalismos visuais, mas levando aquilo que havia começado entre nós com o Concretismo da década de 60 e as subseqüentes propostas do Poemaprocesso e da poesia-práxis a um patamar em que o tema deixa de ser a diferença entre poesia visual e poesia verbal, para ser a poesia que é fruto da análise crítica 152 do mundo em constante mutação numa velocidade que chega a nos fugir aos sentidos. Veja-se, por exemplo, como Hugo Pontes decompõe o nome de Schwarzenegger (na época da composição desse poema, o astro de cinema de ação sequer havia iniciado sua carreira política) e o cruza com o nome do então primeiro ministro soviético Shevardnadze. Jayro Luna, Professor de Semiótica, poeta visual, São Paulo-SP, 2006 “Ficava meio incomodado por você não ter um livro-solo, considerando sua história poética de, no mínimo 30 anos, ter sido um dos tutores do Grupo VIX, pioneiro da xerografia visual, manter uma página importante como a “comunicARTE”, participar ativamente do movimento poético-visual em todo o mundo e persistir, em alto nível com trabalhos avulsos cotejados esparsamente em revistas, jornais e mostras especializadas. Faltava o livro para referendar tudo isso. Para marcar o seu trabalho de modo coeso, digamos mais sistematicamente, de modo a permitir uma leitura mais ampla de sua evolução, de seu posicionamento na linhagem das vanguardas históricas. 153 Ainda penso que você deve reunir seus poemas escritos com os visuais em um só livro. Será uma mostra excelente.”Márcio Almeida, professor, jornalista e poeta visual, Oliveira-MG, 1997 154 O Autor Hugo PONTES é natural de Três Corações, nascido a 22 de julho de 1945, mas foi criado em Conceição do Rio Verde - MG. Filho de Raymundo Ferreira Pontes e de Carmen Andrade Pontes. Casado com a professora Iara Manata Pontes. Tem dois filhos: Júlia Márcia e Victor Hugo. Seus estudos foram feitos nas cidades de Conceição do Rio Verde, Itajubá, Oliveira, Belo Horizonte e Divinópolis. É formado em Letras pelo Instituto de Ensino e Pesquisa de Divinópolis e Especialização em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte. Foi professor em Brasília, Divinópolis e Oliveira. Fixou residência em Poços de Caldas no ano de 1974, quando para cá mudou a 155 convite do diretor do Instituto Educacional São João da Escócia, professor Arino Ferreira Pinto. Aqui lecionou no Instituto Educacional São João da Escócia durante treze anos; foi professor na Escola Dom Bosco e no Centro de Estudos Supletivos onde trabalha há treze anos. É Supervisor Pedagógico, por concurso realizado em 1987, da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas. Atuou em 1997 no cargo de Secretário Municipal da Educação e Cultura da Prefeitura de Poços de Caldas Na gestão do professor Rômulo Vilela foi professor, coordenador do Curso de Turismo, da Extensão e colaborou na implantação da Pontifícia Universidade Católica – Campus Poços de Caldas. Como escritor, sua trajetória na literatura inicia-se em 1963, na cidade de Oliveira, com a criação do Grupo VIX de poesia de vanguarda. Foi naquela cidade que iniciou sua formação cultural mais consistente. Desde o começo revela-se um poeta preocupado com o espaço branco do papel. Sua temática tem um caráter social que permanece até hoje. 156 Foi o criador, em 1963 do primeiro poema visual do grupo, usando a palavra VIX. Mas naquele tempo não se sabia ainda do poema visual em terras brasileiras. A partir da década de 70, volta-se totalmente para o poema visual e desenvolve intenso trabalho nesse sentido. Integra o movimento do poema visual brasileiro e o movimento internacional de Mail Art. É um dos pioneiros no desenvolvimento da arte-xerox no Brasil. Hoje seu trabalho é reconhecido, principalmente no exterior, onde participa de inúmeras exposições e publicações do gênero. A par da sua atividade profissional é também jornalista. Foi editor em 1975 da Gazeta do Sul de Minas, Souza. Colaborou escrevendo para a Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), Última Hora (Sucursal de Belo Horizonte), Gazeta de Minas (Oliveira), Jornal Agora (Divinópolis), Correio do Sul (Varginha). Na atualidade colabora escrevendo para o jornal Estado de Minas (Belo Horizonte), Jornal da Cidade, Jornal da Mantiqueira de Poços de Caldas. Publica a página – única na imprensa brasileira – ComunicARTE, de poemas visuais, para o Jornal da Cidade. 157 LIVROS PUBLICADOS: Antologias Primeiro Caderno Mostra, Gráfica Santa Cruz, Oliveira-MG, 1964 ReVIXta, Gráfica Santa Cruz, Oliveira-MG, 1965. Vozes da Poesia, Editora do Escritor, SP, 1979. Clube do Escritor, Editora do Escritor, SP, 1985. Poetas Contemporâneos Brasileiros, Ed. Garatuja, RS, 1990. Medida Provisória 161, Ed. Garatuja, RS, 1991. Sociedade dos Poetas Vivos – Poemas Visuais, Blocos, Rio, 1993. Signopse, a poesia na virada do século, Plurart’s, BH, 1995. Poesia do Brasil, Nos 1, 2 e 3, 2001, 2002, 2006, Editora Garatuja, Bento Gonçalves, RS. Solo: A Loja Maçônica “Estrela Caldense” e sua História – 1895/1995. Grafica Universal, Poços de Caldas, 1995. 158 Defesa de Tese – Poemas sem Fronteiras (poemas visuais) Ed. Plurart’s, Belo Horizonte,1997. Guimarães Rosa, uma Leitura Mística. Ensaio, Ed. SulMinas, Poços de Caldas, 1998. Associação Atlética Caldense: História e Glórias. Ed. SulMinas, Poços de Caldas, 1998. 110 Anos da Imprensa Poços-caldense. Ed. SulMinas, Poços de Caldas, 1999. Barracão da Discórdia, 2000, SulMinas, Poços de Caldas. Poemas Visuais e Poesias, 1ª Edição, 2001, Annablume/Barcarola, São Paulo-SP Léo Ferrer em Vida, 2002, SulMinas, Poços de Caldas-MG O Congado em Oliveira – Tributo a Leonídio João dos Santos, 2003, SulMinas, Poços de Caldas-MG A Poesia das Águas – Retratos Escritos de Poços de Caldas, 2004, SulMinas, Poços de Caldas-MG O Teatro em Poços de Caldas, 2006, SulMinas, Poços de Caldas-MG 159