COMUNICAÇÃO ACADÊMICA TÍTULO: PUBLICIDADE GENÉRICA - PERCEPÇÃO VISUAL NOS ANÚNCIOS DE MÍDIA IMPRESSA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR – IES AUTOR: EVERALDO PEREIRA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO. TITULAÇÃO: ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO DE COMUNICAÇÃO E-MAIL: [email protected] ORIENTADORA: PROFª. ELISABETH MORAES GONÇALVES. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2003 “Longe de ser um registro mecânico de elementos sensórios, a visão prova ser uma apreensão verdadeiramente criadora da realidade - imaginativa, inventiva, perspicaz e bela”. (ARNHEIM, 1992, p. XII) II RESUMO O cenário de grande competitividade entre instituições de ensino superior – IES alavancou todas as atividades de marketing do setor. A mídia impressa despontou como uma boa alternativa para informar o jovem sobre cursos, estrutura e serviços da instituição. Este estudo procura discutir, sob o ângulo da percepção visual, as linguagens visuais desses anúncios, por meio de pesquisa exploratória de alguns anúncios selecionados. A intenção é analisar se o conjunto de imagens dos anúncios são imagens clichês, portanto, genéricas, ou se despertam atitudes favoráveis junto ao público-alvo das IES. Palavras-chave: percepção visual; mídia impressa; instituição de ensino superior. ABSTRACT The scenery of great competitiveness among higher education institutions–IES increased all the activities of marketing’s section. The printed media blunted as a good alternative to inform the youth about the institution’s courses, structures and services . This study tries to discuss, under the angle of the visual perception, the visual languages of those announcements, by means of selected announcements exploratory research. The intention is to analyze if the group of announcement’s images are images clichés, therefore, generic, or they wake up favorable attitudes close to the publicobjective of IES. III SUMÁRIO Introdução ..................................................................................................................... 01 Pesquisa exploratória: percepção visual nos anúncios de IES ................................. 31 1 – Descrição da pesquisa ...................................................................................... 31 2 – Metodologia ..................................................................................................... 00 2 – Análise dos resultados obtidos ......................................................................... 34 3 – Análise dos desenhos ....................................................................................... 38 Considerações finais ..................................................................................................... 40 Bibliografia.................................................................................................................... 43 Anexos............................................................................................................................ 00 IV INTRODUÇÃO O cenário atual de alta competitividade entre instituições de ensino superior – IES, devido principalmente ao aumento de concorrência e à flexibilidade na criação de novos cursos, levou essas instituições a divulgarem melhor seus cursos. O anúncio impresso tornou-se uma ferramenta de vital importância na comunicação e conseqüentemente no planejamento mercadológico de universidades, centros universitários e faculdades, mas, quando folheamos uma revista com esses anúncios, rapidamente percebemos uma homogeneidade de formas e um tratamento gráfico aparentemente sem direção de arte. Hipoteticamente, ao eliminarmos as logomarcas, os anúncios confundir-se-iam, parecendo publicidade genérica do ensino superior. Atualmente são investidos grandes somas de dinheiro e múltiplos esforços em anúncios impressos esquecíveis. Naturalmente isso é bastante comum tendo em vista a enxurrada de informações a que um jovem é submetido hoje em dia. O que impressiona é que, não obstante os largos investimentos e a natural falta de memorização, os anúncios pareçam contar com um total descaso por parte das instituições. Geralmente são criados internamente ou por agências pouco comprometidas com um planejamento mercadológico e refletem a genérica posição da administração da instituição, distante léguas dos desejos e necessidades do jovem, assim como da imagem que este tem sobre a instituição. O presente estudo visa discutir as linguagens visuais dos anúncios de instituições de ensino superior – IES, sob o ângulo da percepção visual e tenta contribuir para um esclarecimento sobre sua criação gráfica. Foi realizado um estudo de casos selecionados que visa obter dados “a tal nível de profundidade que permitem caracterizar e explicar detalhadamente os aspectos singulares do caso em estudo, bem como apontar semelhanças e diferenças quando comparado com outros casos estudados” (MATTAR, 1999, p. 84). Nesse estudo de caso, selecionou-se dez anúncios de IES que visualmente apresentassem situações extremas. MATTAR (1999, p. 84) também nos explica que “não existem regras para a escolha dos casos pesquisáveis”, mas que “em estudos 1 exploratórios é correto afirmar que casos que apresentam nítidos contrastes ou que tenham aspectos salientes são mais úteis. Assim, ao invés de trabalhar com casos médios, onde a percepção de pequenas diferenças tende a ser difícil, procura-se trabalhar com casos extremos, no sentido de exagerar as diferenças que possam existir, e daí tirar hipóteses explicativas para o fato.” Assim, realizou-se pesquisa com entrevistas e discussões em grupo em quatro escolas de ensino médio da região do ABC paulista (parte da região metropolitana de São Paulo), com grupos de seis alunos das classes sócio-econômicas A e B, interessados em cursar graduação. O primeiro passo foi escolher escolas que apresentam alunos dentro do perfil do público das IES cujos anúncios foram selecionados. Para tanto foi aplicada pesquisa de verificação de classe social (anexo quatro) com alunos voluntários). Em segundo lugar, com dois grupos desses alunos pesquisou-se os anúncios completos, seguindo uma linha de conduta e solicitando ao final que os alunos fizessem desenhos dos mesmos. Com os outros dois grupos trabalhou-se apenas imagens isoladas retiradas dos anúncios, seguindo a mesma linha de conduta e também com solicitação de desenhos. Essa separação de imagens em relação aos anúncios permitiu explorar o caráter de propaganda genérica do segmento e apresentar diversos conceitos. Para efeitos dessa pesquisa chamamos de “conceitos convergentes” aqueles que foram citados tanto nas pesquisas com a imagem isolada quanto nas pesquisas com anúncios; “conceitos divergentes” são aqueles que aparecem ou só nas pesquisas com anúncios ou só nas pesquisas com imagem isolada. 2 PESQUISA EXPLORATÓRIA: PERCEPÇÃO VISUAL EM ANÚNCIOS DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR 1 – DESCRIÇÃO DA PESQUISA Como citado na introdução, pesquisou-se a percepção visual em relação à dez anúncios de instituições de ensino (tabela 1) escolhidos por suas imagens com potencial de exploração, conforme apresentado na Introdução. Entrevistou-se alunos de quatro escolas compostos por grupos de 6 alunos por escola (tabela 2), escolhidas por terem o perfil de alunos desejados por essas instituições, onde apresentou-se para dois grupos os anúncios completos (anexo 1) e para os outros dois grupos as imagens isoladas (anexo 2). Seguiu-se uma linha de conduta para a discussão em grupo (anexo 3). Buscou-se com isso estimular as percepções dos alunos para identificar se a imagem usada é genérica ou não, se os significados despertados são convergentes ou divergentes quando a imagem está isolada ou quando a imagem está no anúncio completo. Tabela 1 – Anúncios Selecionados Anuncio Revista Ano Edição Data Editora Pág FGV Profissões 5 5 Ago/02 Segmento 132 São Marcos Profissões 5 5 Ago/02 Segmento 5 Metodista Profissões 5 5 Ago/02 Segmento 23 Ucsal Jornal da Educação 9 108 Out/02 Jornal da Educação 2 Faenac Jornal da Educação 9 108 Out/02 Jornal da Educação 10 São Judas Jornal da Educação 9 108 Out/02 Jornal da Educação 13 Unifenas Jornal da Educação 9 108 Out/02 Jornal da Educação 35 CESPE Jornal da Educação 9 108 Out/02 Jornal da Educação 37 Uniban Veja São Paulo 35 39 02/10/02 Abril 49 Mackenzie Veja São Paulo 35 39 02/10/02 Abril 53 3 Tabela 2 – Escolas e Grupos Selecionados DATA ESCOLA GRUPO PESQUIS REGISTR DURAÇÃ IDADE A O O Figuras Vídeo 1h25 Anúncios Escrito 0h50 Figuras Vídeo 1h15 Anúncios Vídeo 0h45 Walter, 17 Colégio 26.11.20 Humberto 02 de Campos Érica, 18 Miriam, 17 Juliana, 17 Danny 17 Luiz, 18 26.11.20 02 Colégio Jean Piaget Natália, 17 Rodrigo, 19 Luisa, 17 Angel, 18 Bruna, 17 Pedro, 17 Vanessa, 26.11.20 Colégio 02 Ateneu 17 Rubens, 17 Luiz, 17 Sarah, 17 Tatiana, 17 Felipe, 17 Suyami, 17 26.11.20 Colégio Roberto, 17 02 Singular Gustavo, 17 Romeo, 17 Os colégios são da região do ABC paulista, e foram escolhidos, conforme falado na Introdução por apresentarem o perfil de alunos desejados pelas instituições selecionadas, confirmado pela pesquisa de classe social (anexo 4). 4 Nas imagens isoladas foram feitas alterações para tirar-lhes o caráter de procedência (fig. 8). O principal objetivo das intervenções foi explorar as percepções quanto ao visual genérico adotado ou não pelas diferentes instituições. Na figura 8-a2 retocamos a camiseta e tiramos o letreiro ao fundo; na 8-b2 eliminamos o texto e o endereço; na 8-c2 retocamos a foto para tirar o título; na 8-d2 eliminamos o logotipo da camiseta. 5 Fig. 1 – Intervenções Feitas nas Imagens Selecionadas 6 2 - METODOLOGIA Como método realizou-se uma pesquisa com grupo de discussão por julgar ser uma técnica de grande contribuição à satisfação das necessidades do profissional de comunicação. Essa técnica tem como principal função focalizar a atenção dos entrevistados para o elemento pesquisado. Como a entrevista constitui-se apenas de tópicos, os entrevistados tiveram a liberdade de discutir os assuntos entre si, o que gerou percepções, motivações, emoções e insights difíceis de serem constatados em outras situações de pesquisa. Segundo GOLDMAN; MCDONALD, 1987 (apud SONCINI; STEVANATO; FORTES, 2002) o Focus Group proporciona a interação entre os vários membros do grupo, gerando e estimulando novas idéias sobre os assuntos/temas em discussão; permite observar de forma direta as reações do grupo; permite a espontaneidade dos profissionais devido à dinâmica da técnica; e é emocionalmente provocativa. A pesquisa qualitativa justifica-se ainda, devido à necessidade de compreender aspectos psicológicos dos anúncios de instituições de ensino que, por seu caráter subjetivo, dificilmente seriam coletados por meio de outro método. Para estruturar e conduzir a pesquisa orientamo-nos pelos relatos de STEEL (2001) sobre a pesquisa em publicidade, onde o mesmo sugeriu que o pesquisador deva ser subjetivo, adotar uma visão ampla, ficar “por fora” – não interferindo no processo, olhar com olhos de criança, usar o habitat dos entrevistados e ouvir com os olhos. Isso permitiu uma proximidade com as reais percepções dos entrevistados. 3 – ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS Em uma pesquisa com grupos de discussão o pesquisador retira muito mais do que as respostas literais e as primeiras impressões. Pode-se observar as reações, a linguagem gestual do corpo. As imposições nas falas e nos olhares. É com esse espírito que queremos analisar os resultados da pesquisa. A tabela 3 a seguir será orientadora, no sentido de organizar as instituições e as principais percepções dos grupos. Na primeira coluna especificam-se os conceitos comuns atribuídos ao anúncio e à imagem isolada. Na segunda e terceira colunas, temos o contrário, são os conceitos diferentes atribuídos ou ao anúncio ou à imagem. O item configuração e interpretação refere-se ao grau de dificuldade que os indivíduos tiveram 7 para saber o que era especificamente a figura. Nos itens cor e expressão foram citadas as sensações mais comuns em relação aos casos estudados. O último item refere-se à percepção geral dos grupos sobre a generalidade ou não do anúncio, ou seja, se o anúncio possuía características exclusivas ou se era um clichê visual para instituições de ensino. Tabela 3 – Resultados Obtidos INSTITUIÇÕES CESPE CONCEITOS CONVERGENTES CONCEITOS DIVERGENTES IMAGEM E ANÚNCIO IMAGEM ANÚNCIO CONFIGURAÇÃO E INTERPRETAÇÃO COR EXPRESSÃO PERCEPÇÃO ESCOLHA; BAGUNÇA ESCOLHA MÉDIA SEM VIDA ESTÁTICA ESPECÍFICA INTERESSE DESCRÉDITO FÁCIL ALEGRIA FELICIDADE ESPECÍFICA ESTUDO INFANTIL ENSINO SUPERIOR FÁCIL TRISTEZA SERIEDADE ESPECÍFICA CAMINHO FAENAC AFETO; CARINHO; FAMÍLIA TRISTEZA; TÉDIO; FGV SOBRIEDADE; ESTUDO MACKENZIE O MUNDO EM SUAS MÃOS ENSINO CONFIANÇA DIFÍCIL QUENTE PASSIVIDADE GENÉRICA METODISTA MOVIMENTO SAÚDE; PESQUISA; AULAS PRÁTICAS; DIFÍCIL LIMPEZA GRANDEZA GENÉRICA ESPORTE; TECNOLOGIA MUITOS CURSOS ESPORTE DESCRÉDITO FÁCIL JUVENTUDE VITÓRIA GENÉRICA DENTISTA; NAMORO MELHOR ESCOLHA FÁCIL FRIEZA SENSIBILIDADE GENÉRICA FALTA DE OPORTUNIDADE DIFICULDADE EM ENTENDER MÉDIA SUJEIRA ATITUDE ESPECÍFICA ARTIFICIALIDADE; SÃO JUDAS MOVIMENTO SÃO MARCOS FELICIDADE; SATISFAÇÃO UCSAL ATITUDE; MUDANÇA; A RELAÇÃO ANÚNCIO x IMAGEM REALIDADE; EDUCAÇÃO UNIBAN ARTIFICIALIDADE; ANTI-DROGAS DESCRÉDITO FÁCIL QUENTE IMPOSIÇÃO GENÉRICA AMIZADE INDIFERENÇA FÁCIL ALEGRIA UNIÃO GENÉRICA MOVIMENTO UNIFENAS ALUNOS EM UMA FACULDADE Os dados da Tabela 3 serão discutidos abaixo, agrupados nos conceitos: o todo e as partes; apelo ao social; seriedade e confiança; falta de atitude; e ambigüidade gera imaginação. 3.1 – O TODO E AS PARTES É muito comum ao se criarem anúncios, analisar uma imagem ou idéia independente das outras partes como título ou assinatura. Vimos que, segundo a Gestalt, o indivíduo vê o anúncio como um todo, sem segregação de partes. A memória afeta decisivamente a interpretação da informação. Uma instituição que não possui um bom conceito de marca, como uma propaganda institucional, prejudica-se ao usar um testemunhal pois o jovem não acredita na mensagem. Foi comum a afirmação de que se a instituição coloca uma pessoa famosa no anúncio é porque não tem mais nada para colocar. O jovem acaba transferindo para a personalidade as imagens ruins que tem da instituição, mesmo que, conforme constatado, a imagem isolada gere boas sensações. O 8 outro lado da moeda, no entanto, é que, se a instituição só coloca imagens básicas, como alunos, laboratórios e prédios, o anúncio não é percebido, mesmo que a imagem isolada confirme a percepção de que se trata de um anúncio de instituição de ensino. São anúncios genéricos que não contribuem para a retenção da informação. 3.2 – APELO AO SOCIAL Imagens com algum apelo de melhoria das condições sociais foram bem recebidas pela maioria dos alunos. Aqui temos decisivamente a influência do desenvolvimento do jovem em relação ao seu papel social. Ele se compreende como um agente de mudanças com vocação para melhorar o mundo em que vive, está cheio de gás, de vontade, de perspectiva e esperança. Imagina que pode fazer parte de um todo em prol da melhoria de condições de vida. O anúncio da Universidade Católica de Salvador – UCSAL foi o que despertou as reações mais fortes nesse sentido. A criança sem condições de ir a escola e o tracejado indicando que ali falta estrutura de educação gerou manifestações de vontade de mudança e participação. Foi encarado como uma realidade nua e crua. Foi escolhido como aquele de que mais gostavam por boa parte dos entrevistados. O anúncio da FGV, também com boa aceitação, colocava uma imagem de uma criança para falar de conhecimento. Uma ressalva refere-se a foto em si que não demonstrava alegria na leitura do livro. A imagem do Mackenzie de mãos segurando o globo, embora com baixa pregnância (ver item 3), foi o mais aceito por colocar o jovem em uma posição de conquistador do mundo. E de certa forma é essa a expectativa do jovem que se vê mudando de vida, deixando aquele ambiente colegial, muito ligado à infância, por aquele ambiente universitário mais ligado à liberdade e à responsabilidade. Do conjunto de anúncios e imagens pesquisados, os de apelo ao social foram os que obtiveram as melhores reações, no entanto, alguns não conseguiram passar o vínculo da imagem com a marca da instituição. Alguns careciam de um layout de página melhor elaborado. Não podemos falar de mudança, de transformação se o visual do anúncio é antigo e ultrapassado. Lembremos do postulado da Gestalt: “não se vêem imagens isoladas, mas relações” (GOMES FILHO, 2002, p. 19). O anúncio é percebido como um todo, não importa que a imagem seja bem aceita isoladamente, como constatado pela separação de imagem. O anúncio é elemento unificado. 9 3.3 – SERIEDADE E CONFIANÇA Muito do que foi falado pelos jovens refere-se à falta de confiança que as imagens demonstram. É nítido para os jovens que determinada imagem foi feita em estúdio fotográfico e que vincularam artificialmente com a instituição. No caso do anúncio da Uniban, a apresentadora Babi foi reconhecida em ambos os casos, mas perdeu credibilidade ao ser associada a uma instituição de ensino. Os jovens levantaram a hipótese com veemência de que ela provavelmente nunca estudara lá, e que portanto, ficava artificial usar sua imagem para promover a instituição. Seu aval não foi benéfico, pelo contrário, foi prejudicial. Aconteceu o mesmo com o anúncio da São Judas, onde muitos alunos inclusive nem reconheceram a personalidade, o ator Marcos Winter. Ingressar em um curso superior demanda uma decisão de grande envolvimento. O jovem está prestes a direcionar o rumo de sua vida profissional, ficará envolvido durante boa parte de seu tempo e estará investindo uma soma considerável que, via de regra, ele balanceia com os benefícios atuais da instituição e futuros da própria profissão. Um exemplo curioso é o anúncio da FAENAC que se utilizou dos personagens Jetsons. Apesar de considerado alegre, com movimento e feliz, não gerou credibilidade junto ao público. Seguindo os estágios de processamento da informação (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000, p. 101) ele não passou pela aceitação , onde a resposta afetiva do indivíduo foi positiva, mas a resposta cognitiva foi negativa. Entrou na memória com um conceito de falta de credibilidade. 3.4 – FALTA ATITUDE As demonstrações de passividade dos alunos foram constantes em toda a pesquisa. A maioria dos anúncios pecava pela falta de atitude. A percepção das imagens era de algo muito comum e genérico, de modo a não despertar interesse nos adolescentes que despenderam pequena amplitude de atenção (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000, p. 101) principalmente para aquelas imagens de grupos de alunos e prédios das instituições. Em uma situação de veiculação, o anúncio provavelmente passaria despercebido por grande parte dos leitores adolescentes. 10 Pesquisas de mídia que demonstram um determinado número de leitores atingidos pelo anúncio, nesse caso, poderiam ser calculados com um número bem menor de leitores que voltaram a atenção à propaganda. O custo do anúncio permanece o mesmo tanto para um anúncio genérico quanto para um anúncio com atitude. 3.5 - AMBIGÜIDADE GERA IMAGINAÇÃO Apesar de duramente combatida pela publicidade comum, a ambigüidade pode ser bastante útil. Em imagens que não explicitavam onde ocorria a ação, os alunos projetaram seus próprios anseios e desejos, criando ambientes imaginários para a cena. No caso da imagem da FGV isso ficou muito claro: uns diziam que a garota estava na escola, enquanto outros afirmavam que estava no quarto. Com relação à esta última afirmação uma aluna disse que ela não poderia estar em casa porque sua família não iria deixa-la ler. Ora, notamos claramente que se trata de uma situação vivida pelo próprio entrevistado, projetando sua vida na ambigüidade da imagem. No anúncio do Mackenzie muitos afirmaram que a cena ocorria em uma escola, enquanto no anúncio da São Judas, foram categóricos ao afirmar que se tratava de um estúdio. Nesse caso notamos que a percepção visual do local se deu por extensão, completando a informação do anúncio, e não por pontos isolados, já que a imagem do Mackenzie foi relacionada a ensino e a da São Judas à artificialidade. 4 – ANÁLISE DOS DESENHOS Os desenhos feitos pelos alunos sobre a imagem escolhida (anexo 5) demonstram sua preferência, sua atenção e sua retenção do material analisado. Nota-se também que nem tudo que está no anúncio é percebido e muitas coisas que nem aparecem são retidas pela memória. 4.1 – UNIFICAÇÃO A partir dos desenhos notamos como os jovens perceberam as imagens como unidades. O caso mais concreto é o globo do anúncio do Mackenzie. Apesar da imagem mostrá-lo cortado e vazado, foi percebido por muitos como completo e maciço. Uma jovem inclusive desenhou as mão dentro do globo, tal a sua percepção de unidade em 11 relação à própria idéia que ela faz do globo. A memória aqui, age profundamente, imprimindo no desenho todas as imagens de globo que os jovens viram ao longo da vida. No caso da Ucsal, a unidade é visível na caracterização do jovem trabalhando. Isso foi até mais importante que o lugar onde ele estava, descartado por muitos ao simplificarem os desenhos. No anúncio da FGV, a unificação foi entre a menina e o livro, onde muitos a ligaram fisicamente ao objeto com a percepção de braços e até do corpo que não era visível. Como a imagem mostrava apenas o livro, concluíram por relação que a garota estava segurando-o. No único desenho que temos da Metodista, a unidade foi conferida ao próprio anúncio, com característica de grande e de movimento. 4.2 – FECHAMENTO Fechamento, segundo a Gestalt, é quando percebemos uma figura incompleta, como completa por uma sensação sensorial e não por um elemento físico como um contorno. Isso foi nítido na percepção do tracejado da imagem da Ucsal onde os jovens perceberam a mesa e os livros nitidamente. Ficou claro também na maioria das imagens cortadas que foram percebidas como inteiras. 4.3 – CONFIGURAÇÃO Configuração, como visto, é a representação de um objeto por suas características espaciais consideradas essenciais e é influenciada por nossas experiências anteriores. Nos desenhos notamos como a questão da configuração dos objetos age sobre a percepção visual. A configuração de uma mão pressupõe cinco dedos, mesmo que não visíveis na imagem; um livro é visto inteiro e pressupõe um volume de páginas. Muitos corpos foram desenhados com pernas, mesmo que a imagem não mostrasse isso. Para configurar um rosto é necessário olhos, boca e nariz. A configuração do globo exige os continentes, muito mais ligado à idéia de atlas. 4.4 – SIMPLIFICAÇÃO Muitos poderiam achar que a simplificação dos desenhos está mais ligada ao fato dos jovens não saberem desenhar. Mas, conforme constatado pelos teóricos da Gestalt em experiências com elementos simples, isso está ligado ao conjunto perceptual. 12 Meio-perfil pode ser percebido como perfil, itens inclinados podem ser percebidos como verticalizados, fundos complexos são simplificados nos elementos essenciais. Isso não quer dizer que o criador deva simplificar a imagem, significa que deve pensar em como todo o conjunto da imagem é percebido pelo receptor. 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS O anúncio impresso é a oportunidade que os comunicadores têm para falar pausadamente com um público específico. Em um anúncio de rádio ou televisão, os minutos são preciosos, nós falamos e a mensagem se esvai no ar, efêmera e temporal, não se pode voltar no tempo para entender a mensagem quando queremos, é necessário esperar pelo próximo comercial. Por exemplo, um anúncio impresso em um guia de vestibular, pode constituir uma referência de informação constantemente acessada, pode ser retirada da revista para um outro lugar, pode durar uma semana ou vários meses, pode contar com a credibilidade de ser um documento impresso, valendo, conforme o Código de Defesa do Consumidor, até como contrato de relação de consumo. O custo do anúncio impresso não chega aos grandes investimentos da televisão, mas nem por isso é menos importante, aliás, pelo contrário, pode constituir ferramenta essencial por um custo-benefício atraente, ao falar diretamente com o público-alvo. Como dito, ninguém dá desconto em veiculação só porque o anúncio é ruim. As instituições de ensino superior que pretendem usar essa mídia devem considerar o critério de não produzir um anúncio genérico, mas um anúncio que agregue uma imagem boa à marca. Devem considerar um anúncio que saia do lugar comum, mas que não cause descrédito. Os anúncios devem sensibilizar, esclarecer, agradar, fazer diferença. Investir em anúncios genéricos é contribuir para o esquecimento da marca. O que é retido pela memória é o que faz parte do universo do jovem, mas em sentido profundo, sensivelmente e não superficialmente como cores de cabelo, camisetas descoladas e clichês moderninhos. Falar ao jovem é falar em atitude, em mudança, em conquista, é mostrar para o jovem que a instituição será parte da sua vida. Imagens de professores, alunos, salas de aula e laboratórios são imediatamente reconhecidas e relacionadas à instituições de ensino, mas esquecidas facilmente porque viram propaganda genérica. Personalidades em anúncios para IES que não têm boa imagem, prejudicam. Já para IES que têm boa imagem, agregam. Por isso identificar qual é a real imagem da instituição é fundamental. A pesquisa nos mostrou que a percepção visual e conseqüente processamento da informação se dá de maneira unificada. Os conceitos divergentes são influenciados pelo conjunto do anúncio que traz agregado o histórico da marca, sua imagem e seus 14 atributos. A mensagem momentânea pode prejudicar ou contribuir, dependendo da forma unificada de como o anúncio é percebido. OGILVY (1993, p. 133) defendeu que a substância é mais importante que a forma. No entanto notamos por meio da teoria da percepção visual que tema e forma estão intimamente ligados e que a segunda influi decisivamente no entendimento da primeira. Vejamos o anúncio do Mackenzie: a dificuldade que os alunos tiveram em identificar a configuração do estímulo e em segregar as partes (mundo e mãos), deu-se ao baixo contraste das cores, contribuindo para um entendimento ruim do tema, agravado pelo fato de não possuir demais explicações no restante do anúncio. Esse resultado deu-se tanto na figura quanto no anúncio inteiro. À medida que os comentários do grupo foram se desenvolvendo e todos puderam perceber a configuração, o entendimento do tema foi claro e a aceitação foi mais forte. Por isso estudar a percepção visual dos anúncios é um fator relevante para a eficácia da mensagem. Não vemos partes isoladas, mas relações, logo, forma também é conteúdo. Muito mais que comunicar datas de vestibular a função dos anúncios para IES é criar um envolvimento entre os públicos e a instituição de ensino, informando sobre o seu real papel na sociedade, um papel de transformação social e de construção de valores. E deve informar de forma agradável indicando ao jovem que a instituição não é um mármore frio, mas uma entidade viva, quente, cheia de pessoas que querem prestarlhe um bom serviço em prol da educação. O anúncio é como um convite. E se você aceita o convite de uma pessoa, você não acha ela chata. Porque, como diz o Júlio Ribeiro, a chatice é um defeito de caráter que ninguém perdoa. 15 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Cleide Rita Silvério de. O brasão e o logotipo: um estudo das novas universidades na cidade de São Paulo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. ARHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual. 7ª Ed. São Paulo: Pioneira, 1992. BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 4ª Ed. São Paulo: Ática, 1987. CALAZANS, Flávio M. de A.. Propaganda subliminar multimídia. São Paulo: Summus, 1992. ENGEL, James F.; BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Paul W.. Comportamento do consumidor. 8ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. FARIA, Sergio Henrique. A comunicação de marketing nas IES. 2001, Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo. FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4ª Ed. São Paulo: Edgar Blücher, 1990. GADE, Christiane. Psicologia do consumidor e da propaganda. Ed. Revista e Ampliada. São Paulo: EPU, 1998. GARÇÃO, João. 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São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1965. 18 ANEXO 1 19 ANEXO 2 20 ANEXO 3 Linha de Conduta 1 – Qual a primeira idéia que lhe vem à mente quando você vê esta imagem? 2 – Quanto às cores, que sentimento você tem? 3 – A figura está parada ou em movimento? 4 – O que a figura está dizendo? 5 – O que é a imagem? 6 – Em que partes você dividiria a imagem? 7 – O que falta na imagem? 8 – Em que lugar ou espaço a figura está? 9 – Desenhe a imagem que você mais gostou: 10 – Em relação à essa imagem você: Concordo Nem concordo Discord Concordo muito nem discordo o Confiança Qualidade Naturalidade Verdade Satisfação Seriedade Desenvolvimen to Segurança Discordo muito 11 - Você considera a imagem: 2 1 0 1 2 MODERNA ANTIGA BREGA CHIC ENGRAÇADA SÉRIA FEIA BONITA BOM GOSTO MAU GOSTO FRIA QUENTE SIMPLES COMPLICADA CONFUSA EM ORDEM FRACA FORTE GRANDE PEQUENA VELOZ LENTA INATIVA ATIVA SENSÍVEL INSENSÍVEL DESAGRADÁV AGRADÁVEL EL CLARA ESCURA DESBOTADA COLORIDA IMPRECISA PRECISA 21 MENTIROSA IMPORTANTE TRISTE 11 – 12 – 13 – 14 – VERDADEIRA SEM IMPORTÂNICA ALEGRE Coloque seu primeiro nome atrás da folha Você vai prestar vestibular? Qual o curso? Responda o questionário de identificação 22 ANEXO 4 Questionário de Identificação PESQUISA Nome: ________________________________________________________________ Sexo: ( ) M ( Você mora em: ( )F Idade: ______________ ) imóvel próprio ( ) imóvelalugado ( ) imóvel cedido Assinale o número de bens que você tem em casa: 0 1 2 3 4 5 6 ou mais Televisão à cores Video-cassete Rádio Banheiro Automóvel Empregada mensalista Aspirador de pó Máquina de lavar Sua família possui geladeira? ( ( ( ) Geladeira sem freezer ) Geladeira duplex ou freezer ) não possui Qual o nível de educação do chefe da família? ( ( ( ( ( ) Analfabeto / primário incompleto ) primário completo / ginasial incompleto ) ginasial completo / colegial incompleto ) colegial completo / superior incompleto ) superior completo 23 ANEXO 5 PERCEPÇÃO EXATA DA FIGURA: GLOBO VAZADO EXTENSÃO DA FORMA PARA CONFIGURAR BRAÇOS 24 GLOBO NÃO É PERCEBIDO COMO FORMA VAZADA PROJEÇÃO DO CIRCULO: FORMA PERCEBIDA É O GLOBO COMO UM TODO. SEGREGAÇÃO DE UNIDADES EM RELAÇÃO AO TODO 25 ELEMENTOS INSERIDOS COMO PENSAMENTO GANHARAM IMPORTÂNCIA AMBIENTE SEGREGADO EM UMA SUB-UNIDADE SIMPLIFICAÇÃO DO AMBIENTE IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA PARA A COMPREENSÃO DA MENSAGEM SEPARAÇÃO DE UNIDADES QUE NÃO FAZEM PARTE DA FORMA GAROTO, COMO MESA E BANCO 26 PROJEÇÃO DO CIRCULO: FORMA PERCEBIDA É O GLOBO COMO UM TODO. GLOBO NÃO É PERCEBIDO COMO FORMA VAZADA EXTENSÃO DA FORMA PARA CONFIGURAR BRAÇOS 27 SIMPLIFICAÇÃO: VERTICALIZAÇÃO DO CONJUNTO IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA PARA A COMPREENSÃO DA MENSAGEM MENINO TRABALHANDO TORNOU-SE MAIS IMPORTANTE QUE "DESEJO DE ESCOLA" CARACTERIZADO PELO TRACEJADO QUE SUMIU 28 SIMPLIFICAÇÃO: VERTICALIZAÇÃO DO CONJUNTO IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA PARA A COMPREENSÃO DA MENSAGEM MENINO TRABALHANDO TORNOU-SE MAIS IMPORTANTE QUE "DESEJO DE ESCOLA" CARACTERIZADO PELO TRACEJADO QUE SUMIU 29 PROJEÇÃO DO CIRCULO: FORMA PERCEBIDA É O GLOBO COMO UM TODO. LIMITE DO PAPEL 30