Ouvir/falar: a habilidade oral no Ensino Médio Carina Vieira de Souza (PIBIC/Jr-UNICENTRO), Loremi Loregian-Penkal (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Letras – Irati – PR Palavras-chave: oralidade; habilidades; Ensino Médio. Resumo: O domínio das habilidades da língua oral é uma necessidade de todo cidadão, é por meio do ensino da língua oral que o aprendiz terá oportunidades para refletir sobre seu objeto de estudo, desenvolvendo, desta forma, seu senso crítico acerca da linguagem e tudo que a envolve. Este trabalho visa apresentar um estudo sobre o ensino da habilidade oral no Ensino Médio. Os dados foram obtidos por intermédio de observações em sala de aula, realizadas em uma escola Estadual, do município de Irati- PR, em uma turma do 2º ano do Ensino Médio. Após a análise e interpretação dos dados, concluímos que a oralidade é muito pouco explorada nas aulas de Língua Portuguesa, e que os alunos são pouco orientados pela professora. Introdução O domínio da língua oral é fundamental para que haja uma integração social efetiva, pois, por meio dela, o homem se comunica, dialoga, expõe ideias, pensamentos, opiniões; enfim, exerce a sua cidadania. De acordo com Luft (1985), não se trata de “ensinar “ a língua materna, que o aluno já fala ao entrar na escola; nem se pode, aliás, ensinar uma língua. O que cabe à escola, é ir aumentando a capacidade comunicativa dos alunos, trabalhar com a língua, melhorando sempre mais e tornando mais produtivo o manejo desse instrumento. A escola deveria cuidar primeiramente da fala dos alunos, único meio de comunicação que a imensa maioria deles terá pela vida toda. Uma adequada terapia da fala (e do pensamento nela expresso), quem sabe, encaminharia a uma natural terapia da escrita. Por força da referida sobrecarga, não sobra tempo para o que realmente interessa. Estudos de vocabulário, semântica, sintaxe mais elaborada, recursos e técnicas de expressão, interpretação e redação de textos etc., há várias Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 questões importantes do funcionamento efetivo da língua, que podem ser assimiladas por indução de modelos e treinamento intensivo, isto é, pela prática e não por teorias. Essa prática é que seria um passo importante no caminho certo, colaborando para melhorar o poder comunicativo dos alunos, na escrita e na fala, objetivo em que fracassa o ensino tradicional. É natural, sem dúvida, que a escola vise à língua culta, pois os demais níveis o aluno maneja todo dia. Mas não se pode esquecer o princípio da unidade na variedade linguística. Os diversos dialetos não são mais do que faces da mesma língua. Os diversos usos, em diversos níveis, devem ser encarados da mesma forma. Para os PCN’s (2002), toda língua é um patrimônio cultural, um bem coletivo. A maneira como paulatinamente nos apropriamos dela – com a mediação da família, dos amigos, da escola, dos meios de comunicação e de tantos outros agentes – determina, em grande medida, os usos que dela fazemos nas mais diversas práticas sociais de que participamos cotidianamente. Pressupondo que os estatutos básicos relativos ao funcionamento da língua portuguesa foram aprendidos ao longo do ensino fundamental, cabe ao ensino médio oferecer aos estudantes oportunidades de uma compreensão mais aguçada dos mecanismos que regulam nossa língua, tendo como ponto de apoio alguns dos produtos mais caros às culturas letradas: textos escritos, especialmente os literários. As competências e habilidades propostas pelos PCN’s para o Ensino Médio permitem inferir que o ensino de Língua Portuguesa, hoje, busca desenvolver no aluno seu potencial crítico, sua percepção das múltiplas possibilidades de expressão lingüística, sua capacitação como leitor efetivo dos mais diversos textos representativos de nossa cultura. Para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter meios para ampliar e articular conhecimentos e competências que possam ser mobilizadas nas inúmeras situações de uso da língua com que se depara na família, entre amigos, na escola, no mundo do trabalho. Neste trabalho, abordamos de que forma é trabalhada a oralidade em sala de aula, como é a reação dos alunos em relação a esse trabalho e qual o comportamento da professora diante de tal situação. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Materiais e Métodos A pesquisa foi desenvolvida em uma escola Estadual do município de Irati-PR, onde foram observadas 8 aulas de Língua Portuguesa, em uma turma do 2º ano do Ensino Médio. Na sequência, houve o registro de determinados comportamentos, como falas e interesses dos alunos, bem como do encaminhamento dado pela professora diante de tais comportamentos. Dessa forma, pretendia-se ter subsídios para analisar o trabalho com a oralidade realizado em sala de aula. Todos os dados coletados foram posteriormente analisados de acordo com a fundamentação teórica adotada e segundo os interesses principais do estudo, que consiste em observar e analisar de que forma é trabalhada – e se o é – a habilidade oral no Ensino Médio, nas aulas de Língua Portuguesa. Resultados e Discussão Do levantamento efetuado em sala de aula, foi constatado que a oralidade praticamente não foi trabalhada. A professora se preocupou em passar o conteúdo aos alunos, esquecendo de corrigi-los e permitindo que eles utilizassem gírias, falassem em desacordo com a norma padrão, praticamente em todas as aulas. Constatamos, também, que alguns alunos têm um certo preconceito em relação à língua culta, acham que não há necessidade de aprendê-la e ainda caçoam dos alunos que demonstram interesse por tal assunto. Talvez esse seja um dos motivos para que os professores não tenham dado muita atenção à oralidade em sala de aula, o que não justifica essa atitude. Conclusões Com esta pesquisa concluiu-se que a habilidade oral ainda é muito pouco explorada nas aulas de Língua Portuguesa. A problemática desse tipo de negligência da escola é que os alunos continuarão sem ter formação e consciência de uso da oralidade e de sua adequação às diversas situações de comunicação que nos envolve. Como apontam os PCN’s, é preciso trabalhar a oralidade em sala de aula, pois ela ocupa na área o papel de viabilizar a compreensão e o encontro dos discursos utilizados em diferentes esferas da vida social. É com e pela língua Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 que as formas sociais arbitrárias de visão e divisão de mundo são incorporadas e utilizadas como instrumento de conhecimento e comunicação. Agradecimentos À Fundação Araucária, CNPq PIBIC-Jr. e UNICENTRO, pela concessão da bolsa À professora Dra. Loremi Loregian-Penkal pela orientação do trabalho. Referências LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. BRASIL, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio/ Língua Portuguesa. Brasília, MEC/ SEMTEC, 2002. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009