TRATAMENTO DE HEMIPLEGIA LARINGEA GRAU IV ATRAVÉS DA LARINGOPLASTIA ASSOCIADA A VENTRÍCULO-CORDECTOMIA EM CAVALO QUARTO DE MILHA: RELATO DE CASO. Treatment of lagingeal hemiplegia grade IV througt laringoplasty associated with ventrículo-cordectomy in a quarter horse: case report. Camila N. Medrado¹; Cláudio O. Florence²; Ulisses C. Graça Filho²; Luís Eduardo V. Leite²; Giovani A. Castro Filho; Cândida C. Siqueira²; ¹Graduanda em medicina veterinária da Universidade Federal da Bahia; ²Hospital de Equinos Clinilab; [email protected]. Abstract A horse was sent to the Hospital de Equinos Clinilab with a complain of intolerance to training and exercises as well as respiratory noise and sudden fall in athletic performance. Physical exams performed with the horse at rest and after exercise associated with the complementary video endoscopy of the upper respiratory tract confirmed the diagnose of a Laryngeal Hemiplegia of Grade IV. The animal was forwarded to surgical procedure of laringoplasty or cricoarytenoidepexia, associated with the technique of ventriculo-cordectomy in order to minimize the noise presented during respiratory movements. In the post surgery period non steroidal anti-inflammatory drugs and antibiotics were used for 7 days and careful dressings using 2% clorexidine basis and hidroalcoholic clorexidine for antisepsis. The animal was released after 25 days with a complete healing of the surgical wound restablishment of the air flow and total absence of respiratory noise and it resumed the sports activities after a 4 week period in stall and more 4 weeks on pasture since its return to the haras. Introdução Adjunto à domesticação dos equinos, os mesmos passaram a desempenhar diversas atividades de trabalho e atletismo, que requerem o correto funcionamento das partes superiores do aparelho respiratório do animal. Alguns animais agregam um alto valor zootécnico, em função do bom desempenho empregado em determinadas modalidades esportivas, como é o caso da vaquejada. Algumas características particulares da espécie equina a diferencia dos demais mamíferos, dentre elas, destaca-se a ineficiência respiratória por outra via que não a nasal, sendo a laringe uma das estruturas responsáveis por tal característica. As patologias que acometem a laringe, a depender da localização e da severidade, tendem a comprometer a performance do cavalo atleta. A hemiplegia laríngea, é considerada a patologia mais frequente, dentre outras, e é também conhecida como “síndrome do cavalo roncador”. As causas da síndrome, geralmente, são desconhecidas, mas sabe-se que ela está associada a uma degeneração do nervo laríngeo recorrente, com predominância no ramo esquerdo, onde há um comprometimento das estruturas musculares, principalmente o musculo crico-aritenóide dorsal, dificultando o movimento de adução e abdução da cartilagem aritenóide, o que inviabiliza a correta passagem do ar. Essa patologia, pode apresentar-se como hemiparesia subclínica, hemiparesia clínica e hemiplegia propriamente dita, e é classificada em graus I, II, III e IV, de acordo com o nível de comprometimento da cartilagem e do modo de apresentação da doença Relato de Caso Um equino macho, 07 anos, da raça quarto de milha, em rotina de atividade desportiva de vaquejada, foi encaminhado ao hospital de equinos Clinilab, com queixa de intolerância aos exercícios de treinamento e provas, assim como, ruídos respiratórios e queda brusca na performance atlética. Exames físicos realizados no animal em repouso e em exercício, associados a exame complementar de vídeo endoscopia, direcionaram o diagnóstico para Figura 1. Animal do relato com Hemiplegia Grau 4 Fonte: Arquivo CLINILAB Figura 2. Equipe do Hospital realizando exame endoscopico. Fonte: Arquivo CLINILAB uma hemiplegia classificada em grau quatro (IV), onde havia perda da função abdutora da cartilagem aritenóide esquerda, reduzindo o fluxo do ar, e consequentemente, prejudicando o desempenho do animal. O equino foi encaminhado para procedimento cirúrgico de laringoplastia ou cricoaritenoidepexia, que consiste na colocação de uma prótese (sutura) na região dorso distal da cartilagem cricóide e o processo muscular da cartilagem aritenóide, com o objetivo de alcançar algum grau de permanente abdução da cartilagem aritenóide afetada, associada a técnica de ventrículo-cordectomia, que consiste na ablação cirúrgica dos ventrículos laterais ( com a utilização do Morango de Williams) e ressecção das cordas vocais, a fim de minimizar os ruídos apresentados durante os movimentos respiratórios. O pós cirúrgico cursou-se uso de anti-inflamatório não esteroidal e antibioticoterapia Figura 3. Transcirúrgico. Após a fixação da prótese. Fonte: Arquivo CLINILAB Figura 4. “Morango de Williams” Fonte: Arquivo CLINILAB por sete dias, e criteriosos curativos a base de clorexidine a 2% e clorexidine hidroalcoolico, para antissepsia. . Discussão e Conclusão O animal recebeu alta após vinte e cinco dias, com cicatrização total da ferida cirúrgica por segunda intenção, reestabelecimento do fluxo de ar e ausência total dos ruídos respiratórios, tendo retornado as atividades desportivas após um período de quatro semanas em baia e mais quatro semanas em piquete, desde o retorno ao haras. Constatou-se que o resultado esperado, como descrito em literatura, foi alcançado com sucesso, visto que, o uso da técnica de ventrículo-cordectomia, foi eficaz em extinguir o ruído causado pela passagem do ar através das cordas vocais, enquanto, o uso exclusivo da técnica da laringoplastia se mostra ineficiente em soverter o “ronco”. Conclusão: A associação das duas técnicas, torna a abordagem cirúrgica mais indicada para o tratamento da hemiplegia laríngea. PALAVRAS-CHAVE :cavalo roncador, equino, laringoplastia, ventriculectomia Referências 1 - ALMEIDA NETO, J.B.. Avaliação endoscópica do trato respiratório superior e inferior proximal em cavalos de vaquejada. 2009. 133f. Dissertação (Doutorado em medicina veterinária). Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 2- D'UTRA-VAZ, B.B.; THOMASSIAN, A.; HUSSNI, C.A.; NICOLETTI, J.L.M.; RASMUSSEN, R.. Hemiplegia laringeana e condrite da artenóide em equinos. Ciência Rural, Santa Maria. v. 28, n. 2, p. 333-340, 1998. 3- INTERLICHIA JUNIOR, W.L.. Hemiplegia Laringeana em equinos. 2011. 22f.. Dissertação (Especialização em clinica medica e reprodução em equinos e bovinos). Instituto Qualittas. Santa Cruz do Rio Pardo. 4- KNOTTENBELT, D.C.; PASCOE, R.R.. Afecções e distúrbios do cavalo. MANOLE LTDA (Ed). Brasil, 1998. P. 107-110.