Retorno à função esportiva de um cavalo submetido à aritenoidectomia e ventriculectomia para tratamento de hemiplegia laríngea direita não responsiva à aritenoidepexia Relato de Caso BOSI, A.M..1; SPADETO Jr., O.2; SOUZA, V.R.C.2; COELHO, C.S.2; ALVES, G.E.S.3 1 Graduanda . Centro Universitário Vila Velha (UVV); 2 Professor. Centro Universitário Vila Velha (UVV); 3 Professor. Escola de Veterinária – UFMG. Email: [email protected] INTRODUÇÃO DISCUSSÃO A hemiplegia laríngeana em equinos resulta da atividade motora reduzida dos músculos intrínsecos da laringe em conseqüência da neuropatia do laríngeo recorrente e causa ruído inspiratório, dispnéia e intolerância ao exercício. Em 95% dos casos, o nervo afetado é o esquerdo e diversas técnicas cirúrgicas já foram propostas para o tratamento. A ocorrência de hemiplegia mais acentuada do lado direito é incomum e a aritenoidepexia pode ser mais difícil de executar. Essa técnica tem sido mais utilizada para tratar animais de turfe, visto que são jovens e competem durante um período curto. Sua eficiência depende da ausência de anquilose na articulação cricoaritenóidea, o que pode explicar o insucesso da técnica no caso descrito. A associação da aritenoidectomia e ventriculectomia foi a alternativa de tratamento por ser indicada em casos não responsivos a aritenoidepexia. Cuidados são necessários para evitar insuficiência respiratória obstrutiva; a cicatrização exuberante é uma complicação comum e passível de controle por aplicação tópica de corticóides. DESCRIÇÃO DO CASO Um equino, macho, 11 anos, da raça Quarto de Milha, utilizado em competições de três tambores, apresentando ruídos inspiratórios foi encaminhado para atendimento. O histórico revelou que os ruídos iniciaram 20 dias antes e que o animal havia sido medicado com 0,6 mg/Kg SID, VO, por 5 dias de meloxican (Maxican Gel®), 0,1mg/kg, SID, IM por 3 dias de dexametasona (Azium®) e 4,4mg/kg, SID, IM, por 10 dias de ceftiofur sódico (Top Cef®). Por endoscopia respiratória diagnosticou-se hemiplegia laríngea direita (grau IV) e esquerda (grau II), condrite das aritenóides e deslocamento rostral do arco palato faríngeo. Oito dias após a endoscopia o equino apresentou dificuldade respiratória importante, sendo necessária a realização de traqueostomia de emergência. O animal foi encaminhado para o Hospital Veterinário da PUC – Betim, MG, onde foi submetido à aritenoidepexia direita. Cinco dias após constatou-se a persistência dos sinais clínicos e por endoscopia observou-se ausência de abdução da aritenóide direita. Em novo procedimento cirúrgico, a aritenoidepexia foi desfeita e realizou-se aritenoidectomia direita associada à ventriculectomia. Uma semana depois, por endoscopia, observou-se obstrução parcial do lúmen da laringe por tecido de granulação exuberante, que foi controlado por tratamento tópico com dexametasona duas vezes ao dia. O equino ficou hospitalizado 88 dias. Cinco meses após a última cirurgia o animal retornou às competições com desempenho semelhante ao que apresentava anteriormente. A B Figura 1 – (A) Imagem fotográfica obtida durante a endoscopia respiratória na qual se diagnosticou a hemiplegia laríngea direita grau IV e hemiplegia laríngea esquerda grau II; (B) Imagem fotográfica do equino, cerca de seis meses após o procedimento de aritenoidectomia e ventriculectomia, em plena atividade atlética. CONCLUSÃO A associação de aritenoidectomia e ventriculectomia foi eficiente para o tratamento de hemiplegia laríngea direita após insucesso da aritenoidepexia, com retorno do animal a sua função atlética. REFERÊNCIAS BEECH, J. Equine respiratory disorders. Pennsylvania: Lea & Febiger, 1991. p. 331-333. D`ULTRA VAZ, B.B.; THOMASSIAN, A.; HUSSNI, C.A.; NICOLETTI, J.L.M.; RASMUSSEN, R. Hemiplegia laringeana e condrite da aritenóide em equinos. Ciência Rural, v. 28, n. 2, p. 333-340, 1998. D`ULTRA VAZ, B.B.; THOMASSIAN, A.; NICOLETTI, J.L.M.; HUSSNI, C.A.; ALVES, A.L.G.; FIGUEIRERO, L.M.A. Aspectos histológicos de laringes de equinos submetidos a aritenoidectomia subtotal com e sem remoção do revestimento mucoso. Veterinária Notícias, v. 11, n. 2, p. 23-29, 2005.