Nanotecnologia na Argentina
Informações enviadas pela Embaixada brasileira em Buenos Aires
“O sistema científico argentino de nanotecnologia é composto por quatro
Redes de atividades, que reúnem aproximadamente 250 pesquisadores. No ramo
da Física e Materiais, o Coordenador de projetos é o Sr. Carlos Balseiro e as
instituições dedicadas ao tema são o "Centro Atômico Bariloche" (CAB) e a
"Comisión Nacional de Energía Atómica" (CNEA), sob cuja competência também
está a Rede de sistemas Microeletromecânicos (MMES). Para Química e Materiais,
o Coordenador é o Professor Dr. Roberto Salvarezza, à frente do "Instituto de
Investigaciones Fisicoquímicas Teóricas y Aplicadas" (INIFTA) da "Universidad de
La Plata". No campo da Biologia, lideram a "Universidad Nacional de Córdoba" e o
"Centro de Investigaciones en Química Biológica de Córdoba", sob a direção do
Professor Bruno Maggio.
Existe,
ainda,
um
"Centro
Interdisciplinario
de
Nanociencia
y
Nanotecnología", do qual participam o INIFTA, no marco do "Consejo Nacional de
Investigaciones Científicas" (CONICET); a "Comisión Nacional de Energía
Atómica", junto ao "Centro Atômico Bariloche" e ao "Centro Atómico
Constituyentes"; e o "Instituto de Química Física de los Materiales, Medio
Ambiente y Energía", da Faculdade de Ciencias Exatas e Naturais da "Universidad
de Buenos Aires", que conta com uma equipe de 80 pesquisadores, integrantes
das Redes mencionadas.
Vale destacar, também, a atuação do "Instituto Nacional de Tecnología
Industrial" (INTI), que conta com grupos de pesquisa e desenvolvimento (P&D)
nas áreas de eletrônica e informática, metrologia, mecânica e química, e do
"Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria" (INTA), que se têm dedicado a
desenvolver materiais nanoestruturados para aplicações industriais com finalidade
de usos espaciais ou em áreas relacionadas à segurança, ao meio ambiente, ao
diagnóstico
médico
e
à
indústria
farmacêutica.
A aplicação da nanotecnologia ao setor produtivo é conduzida pela
"Fundación Argentina de Nanotecnologia" (FAN), encarregada de articular a
colaboração entre organismos públicos, empresas e organizações da área de
ciência, tecnologia e inovação. A FAN é entidade de direito privado, sem fins
lucrativos, subordinada, desde 2007, ao "Ministério de Ciencia, Tecnología e
Innovación Productiva" (MINCyT). Desde sua criação em 2005, a nanotecnologia
ganhou projeção e tornou-se tema de incentivo a pesquisas orientadas a gerar
valor agregado à produção nacional. O atual Presidente do organismo é o
engenheiro Daniel Lupi, auxiliado por um Conselho de Administração e por um
Conselho Assessor, dos quais são integrantes cientistas e pesquisadores de
destaque nacional.
Daniel Lupi calcula que há mais de 50 empresas na Argentina que já
utilizam nanotecnologia. As corporações com capacidade de investimento ou
contratam consultoras e laboratórios especializados ou constituem departamento
próprio dedicado à pesquisa e a sua utilização industrial. Embora o montante de
investimento em nanotecnologia seja ainda modesto, na América Latina o país
disputa com o México o segundo lugar no ranking de pesquisas na área, atrás
apenas do Brasil.
Em termos globais, o Plano Estratégico Nacional Bicentenário (2006-2010)
estabelece como meta de investimento público para o setor de ciência e tecnologia
1% do PIB. De acordo com o Projeto de Orçamento 2010 do MINCyT, no entanto,
o montante destinado ao setor equivale, efetivamente, a 0,42% do PIB.
De forma crescente, as empresas argentinas têm descoberto nicho
promissor para produtos beneficiados por nanopartículas e nanoestruturas. Em
agosto de 2009, por exemplo, com o objetivo de difundir inovações e
possibilidades de aplicação comercial, realizou-se em Buenos Aires o "Encuentro
Nano Mercosur: Oportunidades de Micro y Nanotecnología". Organizado pela FAN,
o evento contou com a participação de empresas locais, instituições de pesquisa,
universidades privadas, públicas e redes de nanociência e nanotecnologia. Além de
um seminário internacional, que reuniu cerca de 800 pessoas, e painéis setoriais
com especialistas da Argentina, do Brasil, do Uruguai, do Chile e dos EUA,
organizou-se um "stand" de negócios, no qual se realizaram apresentações
técnico-comerciais, entrevistas e reuniões entre pesquisadores e empresas.
A cooperação internacional em temas de ciência está a cargo da "Dirección
Nacional de Relaciones Internacionales" do MINCyT, sob a chefia da engenheira
Agueda Menvielle. A cooperação bilateral, em específico, conta com o Centro
Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia (CBAN). Iniciativa que teve origem no
âmbito de Iguaçu+20, nos moldes do Centro Brasileiro-Argentino de
Biotecnologia, foi criado em 2005 e implementado em 2007, por meio de "escolas"
e "workshops" para formação de recursos humanos especializados. Para dirigir as
atividades na Argentina e no Brasil, respectivamente, foram indicados os
Professores Roberto Salvarezza, da "Universidad Nacional de La Plata", e José
D'Albuquerque e Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O Protocolo que estabeleceu o CBAN lista quatro objetivos: transferência de
conhecimento, formação e capacitação de recursos humanos; execução de
projetos de pesquisa e desenvolvimento; integração dos setores público e privado,
com criação de empregos binacionais para a fabricação de produtos
nanotecnológicos; e geração de patentes e de propriedade intelectual. A primeira
meta já apresenta resultados. Na Declaração Conjunta assinada em 18 de
novembro de 2009, os Presidentes Lula e Cristina Kirchner reconheceram que os
esforços do CBAN viabilizaram, em 2009, a realização de oito "escolas" de
nanotecnologia. Para 2010, está previsto cronograma para a realização de dez
escolas binacionais (cinco na Argentina e cinco no Brasil) e de um "workshop" na
Argentina, além de lançamento de segunda convocatória para projetos CNPqANPCyT ("Agencia Nacional de Promoción Científica y Tecnológica") e da definição
de pelo menos um Projeto Laboratório-Empresa "2+2", em áreas previamente
acordadas. Os demais objetivos expressos no Protocolo de criação do CBAN são,
ainda, desafios a serem superados pelo progressivo adensamento da integração
entre
Brasil
e
Argentina
na
área
de
nanotecnologia.
Enio Cordeiro, Embaixador.”
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