ÁREA TEMÁTICA: PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO A PRÁTICA DO CONTROLE ORÇAMENTÁRIO FAMILIAR NOS DOMICÍLIOS DE LARANJEIRAS DO SUL Cheila Lucas dos Santos (UNICENTRO), Amarildo Hersen (Orientador), email: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Sociais Aplicadas Palavras-chave: doméstica. Orçamento familiar, amostra domiciliar, economia Resumo: O presente trabalho teve como objetivo identificar se as famílias de Laranjeiras do Sul realizam o controle de seu orçamento. O método utilizado é o estatístico com seleção amostral de domicílios urbanos mediante pesquisa de campo (coleta de dados primários). Os resultados da amostra indicam que, com uma margem de erro de 5% e coeficiente de confiança de 90%, em mais de 80% dos domicílios de Laranjeiras do Sul se pratica algum tipo de controle do orçamento familiar, em mais de 72% dos domicílios se consegue, ainda, realizar uma reserva de valor da renda a título de poupança. Conclui-se que o controle do orçamento familiar no município de Laranjeiras do Sul realiza-se de forma prática. Introdução O controle do orçamento familiar é fundamental para que as famílias possam realizar um gasto embasado na necessidade, e não no desejo. Controlar o orçamento familiar diz respeito ao fator organizacional do indivíduo, tendo em vista o acompanhamento do saldo salarial disponível contribui para a realização de gastos mais prudentes e menor possibilidade de atingir um gasto maior que a receita mensal. A restrição orçamentária não diz respeito única e exclusivamente às famílias. O problema é enfrentado por todos os agentes econômicos, ou seja, empresas, famílias e governo. O governo deve decidir – por exemplo – entre comprar helicópteros para a polícia ou construir uma escola, uma empresa precisa decidir sobre o fato de gastar mais recursos em publicidade ou investir para renovar a maquinaria da fábrica e, por fim, a família deve escolher entre comprar brinquedos para seus filhos ou gastar seus recursos em uma nova televisão (TRÓSTER e MOCHÓN, 1999). A proposta deste trabalho é identificar se o planejamento orçamentário familiar é praticado pelas famílias da cidade de Laranjeiras do Sul, mostrando principalmente as características do uso do Planejamento Orçamentário Familiar, analisando o perfil das famílias e o nível de renda. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Materiais e Métodos Para essa pesquisa fez-se uso do método estatístico com seleção de amostra da população mediante pesquisa de campo, ou seja, fontes primárias. Como é um trabalho que se utilizará de dados primários, se faz necessário calcular o tamanho da amostra que deverá ser consultada. Método estatístico é um processo para se obter, apresentar e analisar características ou valores numéricos para uma melhor tomada de decisão em situações de incerteza. E esse método, tem os seguintes passos: (i) definição do problema, (ii) formulação de um plano para a coleta de dados, (iii) apresentação dos valores numéricos, (iv) análise dos resultados, e (v) divulgação de relatório com as conclusões (SILVA et al, 1999). O tamanho da amostra que seja representativa dependerá a precisão determinada pela quantidade ε que será denominada erro e do coeficiente de confiança (1- α), neste caso determinados pelos pesquisadores. Para identificar o tamanho da amostra, usa-se a seguinte fórmula: 2 z (1) n' = P(1 − P ) ε Sendo: n' = tamanho da amostra quando o tamanho da população é desconhecido; ε = é o erro pré-fixado; P = a proporção a priori a favor de uma determinada característica de maior interesse; z = um valor associado ao nível de confiança. Quando é conhecido o tamanho da população (N), caso verificado na presente pesquisa, pode-se calcular o tamanho da amostra através da forma determinada por Snedecor e Cochran (1989), usada como uma correção para a equação anterior: n' ( n'− 1) (2) 1+ N n = tamanho da amostra quando o tamanho da população é conhecido; n= n' = tamanho da amostra quando o tamanho da população é desconhecido; N = tamanho da população que se deseja investigar. Como a população em estudo é de 10.431 domicílios no município de Laranjeiras do Sul, para o ano de 2007 (IBGE, 2009), a margem de erro definida pelos pesquisadores é de 5% e o coeficiente de confiança de 90%, a amostra a ser questionada é de 266 domicílios. Na seção seguinte têm-se os resultados e discussões da pesquisa. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Resultados e Discussão Em conformidade com o método estatístico para identificação de amostra interessante para credibilidade da pesquisa, identificou-se a necessidade de realização de questionamento em 266 domicílios do município, escolhidos de forma aleatória. Todos os indivíduos devem enfrentar dois fatos da vida econômica: (1) eles precisam pagar preços pelos bens e serviços que compram e (2) tem fundos limitados para gastar. Esses dois fatos são resumidos pela restrição do orçamento do consumidor que identifica quais combinações de bens e serviços o consumidor pode adquirir (HALL e LIEBERMAN, 2003). Pouco mais de 20% do total, ou seja, 54 domicílios, não realizam controle do orçamento familiar. Nos 212 domicílios em que a resposta foi afirmativa com relação à realização de algum tipo de controle 69 domicílios utilizam-se de caderno para controle, 98 planilhas eletrônicas e 45 domicílios demonstram ter outras formas de controle do orçamento. Quando perguntados sobre o hábito de poupar, em 74 domicílios não pode ser verificada a prática da reserva de uma parcela da renda mensal, porém em 192 domicílios essa prática foi verificada. Rossetti (2006) destaca que uma das funções da moeda é de servir como reserva de valor. Dentre os domicílios em que a poupança é notada como prática das famílias, em 72 apresentaram poupança correspondente a 10% da renda domiciliar, 67 equivalente a 20% da renda mensal, 32 domicílios demonstraram conseguir poupar cerca de 30% da renda, em 13 domicílios a poupança corresponde a 40% e, por fim, em 8 domicílios notouse a prática de poupança correspondente a mais de 40% da renda mensal. Considerando que a poupança é uma função da renda, aquela aumenta enquanto essa também aumenta. No entanto, por definição, a poupança representa uma parcela residual da renda não gasta, quer em consumo ou investimento (KEYNES, 1983; SILVESTRE, 2004). Ocorre, porém, que as possibilidades efetivas de consumo são limitadas por determinada restrição orçamentária. E esta se define a partir dos preços dos produtos. Embora o consumidor possa ser indiferente a uma multiplicidade de combinações possíveis, dados os preços dos produtos envolvidos, a restrição orçamentária é que indicará o ponto de máxima satisfação possível (ROSSETI, 2006). Para Pindyck e Rubinfield (2002), restrição orçamentária é enfrentada pelos consumidores devido ao caráter limitado de sua renda em relação à necessidade da cesta de mercado. Dentre os domicílios visitados, tem-se uma grande dispersão da renda verificada. Em 42 domicílios teve-se a afirmativa de que a renda mensal chega até 500 reais, em 107 domicílios que esta chega a 1.000 reais mensalmente – esse grupo demonstrou ser o mais representativo –, em 48 domicílios a renda mensal atinge até 1.500 reais, em 40 domicílios a renda atinge cerca de 2.000 reais, em 18 domicílios a renda pode atingir 3.000 Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 reais e apenas 8 dos domicílios em que a entrevista ocorreu, a renda verificada está acima de 3.000 reais mensais. Com isso é possível observar, que dos domicílios visitados, a grande maioria faz algum tipo de planejamento de sua renda, percebe-se que essa prática está crescendo e se tornando cada vez mais popular. Conclusões Se pode concluir que em aproximadamente 80% dos domicílios urbanos de Laranjeiras do Sul, de acordo com a análise amostral, pratica-se o controle do orçamento, independente da forma utilizada. Outra evidência percebida pela pesquisa é que a prática da poupança é usual na grande maioria dos domicílios de Laranjeiras do Sul. O planejamento orçamentário familiar tem grande influência nas economias familiares, o que o torna de grande importância, pois hoje se observa grandes diferenças no nível de renda porém, a restrição orçamentária é verificada em todos os níveis. A importância de analisarmos o uso do Planejamento Orçamentário Familiar, independente dos comentários, deve-se fixar às vantagens que este apresenta. Referências Bibliograficas HALL, R. E.; LIEBERMAN M. Microeconomia: Princípios e Aplicações. São Paulo: Pioneira Cengage Learning, 2003. KEYNES, J. M. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Cultural, 1983. PINDYCK, R. S.; RUBINFIELD, D. L. Microeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 2002. ROSSETI, J. P. Introdução à Economia. 20 Ed: São Paulo:Atlas, 2006. SILVA, E. M. da; SILVA, E. M. da; GONÇALVES, V.; MUROLO, A. C. Estatística para os cursos de: economia, administração, ciências contábeis. São Paulo: Atlas, 1999. SILVESTRE, J. M. Campo de Força: Fragmentos de Economia Política. 1 Ed. Canoas: Editora da Ulbra, 2004. SNEDECOR, G. W.; COCHRAN, W. G. Statistical Methods. Sixth Ed. Iowa/USA: Iowa State University Press, 1989. TRÓSTER, R. L.; MOCHÓN, F. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 1999. Fontes INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Tabelas domicílios recenseados, por espécie, segundo os municípios – Paraná – 2007. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatística/ Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 população/contagem2007/contagem_final/tabela2_1_21.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2009. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009