RESPONSABILIDADE SOCIAL EM COOPERATIVAS Área Temática: “Estratégias sustentáveis” Tema: Governança, ética e responsabilidade social INTRODUÇÃO Cooperativas é uma associação de pessoas que se unem voluntariamente com interesses econômicos , sociais e culturais em comum através de uma empresa conjunta e democraticamente controlada (ACI , 2015). As cooperativas são pautadas por princípios , que nada mais são do regras de conduta a serem seguidos. Foram definidos desde a criação da primeira cooperativa em Rochdale, Inglaterra e hoje são controlados pela Aliança Cooperativas Internacional - ACI (Bertuol et al, 2012). De acordo com a ACI (2015) os princípios são: a) Adesão livre e voluntária, ou seja; ninguém é obrigado a ingressar em uma cooperativa e dela pode retirar-se quando julgar conveniente. b) Gestão democrática pelos Sócios, ou seja; em última instância, são seus cooperados que definem suas políticas e metas. c) Participação econômica dos sócios, ou seja; o capital social das cooperativas é constituído da contribuição de seus próprios associados, representado por quotasparte. d) Autonomia e Independência da cooperativa, ou seja; nenhum sócio ou grupo destes, por maior contribuição que tenha sobre o capital social da cooperativa detém controle sobre esta. e) Vínculo da cooperativa com a educação, o treinamento e a informação, ou seja; a cooperativa tem o dever de proporcionar educação e treinamento tanto aos sócios, quanto aos seus dirigentes e funcionários. f) A Intercooperação é quase um convite à formação de redes, por intermédio de estruturas locais, regionais e internacionais. g) Preocupação com o desenvolvimento da comunidade onde está inserida, funcionando assim como agente de desenvolvimento social. Como podemos observar nos princípios da" letra e" e da " letra g " , existe a preocupação com os colaboradores , comunidade e desenvolvimento social, o que reflete uma tendência a práticas de responsabilidade social. De acordo com Cançado et al (2008) os princípios não deve ser confundidos já como “responsabilidade social para cooperativas” na forma em que se entende responsabilidade social como ferramenta estratégica de resultados. A responsabilidade social corporativa abrange expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias da sociedade em relação as organizações. Os objetivos das empresas é obter o lucro , vender o que faz, seja produto ou serviços, com boa margem de lucro e atender os interesses da sociedade. (CARROL,1999) O livro Verde publicado pela Comissão Europeia em 2001 com o título "Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas" define a responsabilidade corporativa como uma integração voluntária de empresas com preocupação social e ambiental na operação de negócios e suas interações com stakeholders.( GALLARDO-VÁSQUEZ et al , 2014) 1 Seguindo a ótica de responsabilidade social pesquisas recentes estão identificando as práticas de responsabilidade social em cooperativas , que poderíamos dizer que já carregam em seu DNA mas que começaram a enxergar a estratégia, as vantagens e a necessidade assim como outras organizações. De acordo com Carrasco (2007) a cooperativa e a responsabilidade social beberam na mesma fonte e possuem muitos elementos em comum. O objetivo deste trabalho é analisar a responsabilidade social em cooperativas através da análise que permite identificar se a idade das cooperativas exerce influência nas escolhas de responsabilidade social , referente a colaboradores, comunidade e meio ambiente. O comportamento a ser analisado é se as cooperativas mais antigas diferem das mais recentes quanto as práticas de responsabilidade social, ou seja , se as cooperativas fundadas na década de 90 assumem uma cultura organizacional voltada a discussões mais recentes do mercado sustentável que se preocupa em realizar ações de responsabilidade social. METODOLOGIA Para Creswell (2007) no método quantitativo o pesquisador testa uma teoria ao especificar uma hipótese e realiza coleta de dados para refutar ou apoiar as hipóteses.Utiliza da estratégia de investigação experimental no qual a medida de atitudes são avaliadas pré e pós teste. Os dados são coletados em um instrumento que mensure atitudes e as informações coletadas são analisadas com o uso de procedimentos estatísticos. A hipótese definida para esta pesquisa é se cooperativas mais antigas ( de acordo com ano de fundação) tem comportamento diferente em relação a prática de responsabilidade social se comparada a cooperativas organizadas mais recentemente. As variáveis utilizadas são as que medem a prática de responsabilidade social a partir dos princípios cooperativistas , ou seja, meio ambiente, comunidade , educação , treinamentos e colaboradores. Através de questionário aplicado em cooperativas separa-se as variáveis de responsabilidade social , e divide as cooperativas em dois grupos de acordo com o ano de fundação e utiliza a análise discriminante para analisar os dados e identificar o perfil de cada grupo e assim concluir se rejeita ou não rejeita a hipótese estipulada. Para Mingoti(2013) a análise discriminante é uma técnica para classificar elementos de uma amostra ou população. É necessário que os grupos sejam conhecidos a priori considerando -se suas características gerais o que permite a elaboração de uma função matemática chamada de regra de discriminação. Como explicação suponha 2 populações cada uma com n elementos amostrais que quando somados resulta em p - variáveis aleatórias que permite identificar o perfil geral de cada população. RESULTADOS ESPERADOS A análise dos resultados esperados é realizada a partir de uma hipótese previamente selecionada que investiga se cooperativas mais antigas tem comportamento diferente em relação a prática de responsabilidade social se comparada a cooperativas organizadas mais recentemente. 2 Os dados foram coletados através de questionários aplicados a cooperativas obtendo respostas de 18 cooperativas de diferentes setores. Utilizaremos apenas perguntas voltadas a responsabilidade social , resultando no total de 20 perguntas , ou seja , as perguntas e respostas permite identificar as variáveis de responsabilidade social em cooperativas para serem validadas. A partir do ano de fundação as cooperativas são separadas em dois grupos com quantidades iguais, o primeiro com total de 9 cooperativas fundadas entre 1978 e 1988 e o segundo também com 9 cooperativas entre 1991 e 2007. Após essa separação e análise de dados através do método de análise discriminante espera-se não rejeitar a hipótese inicial que é H0: As cooperativas mais novas possuem responsabilidade social superior as cooperativas mais antigas. De acordo com a pesquisa proposta por Barnea e Rubin (2010) concluiu que a idade da empresa resultou ser uma variável significativa. Seguindo o trabalho de Gallardo -Vásquez et al (2012) que ao validar as variáveis através da análise discriminante verificou-se com êxito a construção validando o modelo de mensuração da pesquisa. E ainda Gallardo-Vásquez e Sanches-Hernandez (2014) que buscou mensurar a responsabilidade social para o sucesso competitivo e percebeu a variável de sucesso competitivo também manteve uma ampla gama de indicadores. assim esse artigo apresenta um primeiro passo na definição de uma escala para organizações de responsabilidade social para um contexto regional, simples, equilibrada e fácil de ser usado. Espera-se com essa pesquisa identificar o comportamento dessas organizações cooperativistas o que permite futuras pesquisas aprofundarem na análise da prática de responsabilidade social em cooperativas. CONCLUSÃO Devemos olhar para cooperativas como organizações maiores ou menores que exercem influência na comunidade. Ao analisar suas práticas de responsabilidade estamos incluindo uma outra forma de organização além das corporações que exercem impactos sustentáveis e importantes a comunidade em que fazem parte. Ao analisar e identificar o comportamento de cooperativas mais antigas e cooperativas mais novas em frente a prática de responsabilidade social , rejeitando ou não rejeitando a hipótese inicial , pretende demonstrar todo o processo ao leitor para entendimento do método e sobre o fator comportamental de organizações. Como contribuição este trabalho pretende servir de consulta para demais estudos e pesquisa para a formação de ideias e formação de outros trabalhos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTUOL, Rafael , et al. A prática dos princípios cooperativistas: um estudo de caso no Tocantins. AOS - Amazônia, Organizações e Sustentabilidade. v. 1, n.2, p. 7-18, ago./dez. 2012. 3 CANÇADO, Airton , et al. Identidade, valores e governança das cooperativas. V Encontro Latino Americano de Pesquisadores da ACI, realizado em 2008 pela FEARP/USP. CARROLL, Archie B. Corporate social responsibility evolution of a definitional construct. Business & society 38.3 p. 268-295,1999. CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. - Porto Alegre: Artmed,2007. GALLARDO-VÁSQUEZ , Dolores, et al. Theoretical and methodological framework for the qualitative validation of an explanatory model of social responsibility in cooperative societies. Management Research: The journal of the Iberoamerican Academy of Management. v.12, p.259-287,2014. MINGOTI , Sueli Aparecida. Análise de dados através de estatística multivariada: uma abordagem aplicada. Belo Horizonte: Editora UFMG,2005. 4