EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: Potencialidades e
Ações
Área Temática:
Extensão Universitária e Formação do Engenheiro
Coordenadora:
Sandra Rufino, Departamento de Engenharia de Produção, Escola de Minas, Universidade
Federal de Ouro Preto, [email protected].
Relatora:
Ciliana Regina Colombo, Departamento de Engenharia de Produção, Centro de Tecnologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, [email protected].
Pesquisadores que não pertencem à IES do coordenador e do relator, que trabalham
com a temática e que podem contribuir com o desenvolvimento da SD (contemplam
as cinco regiões brasileiras):
1. Adriana M Tonini (CEFET-MG)
2. Antonio Mariani (USP)
3. Farid Eid (UFPA)
4. Felipe Addor (UFRJ)
5. Fernando O. de Araujo (CEFET-RJ)
6. Heloisa Helena Albuquerque Borges Quaresma Gonçalves (UNIRIO)
7. Lie Yamanaka, UFG/Catalão
8. Paula Bamberg (UFMG)
9. Paulo Adissi (UFPB)
10. Reinaldo Pacheco (USP)
11. Sidney Lianza (UFRJ)
12. Tatiana Velloso (UFRRBA)
13. Vicente Nepomuceno (CEFET-RJ)
14. Walter Bazzo (UFSC)
Resumo:
A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o
Ensino e a Pesquisa de forma indissociável, possibilitando uma relação transformadora
entre universidade e sociedade. Permite, através do diálogo e interação com a sociedade,
oportunidades de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico, e no retorno à
Universidade, docentes e discentes trazem um aprendizado que, submetido à reflexão
teórica, reconstruirá conhecimentos acadêmicos anteriores .
Essa sessão dirigida se propõe discutir a Extensão Universitária como uma estratégia
política pedagógica para os cursos de Engenharia de Produção, no contexto do debate que
envolve uma visão tradicional – que supõe a extensão como disseminação verticalizada e
unilateral do conhecimento científico (cursos, conferências, seminários), prestação de
serviços (assistências, assessorias e consultorias) e difusão cultural (realização de eventos
ou produtos artísticos e culturais) – mas, também, uma perspectiva que compreende a
extensão como ação entre saberes e conhecimentos originalmente distintos que, em
diálogo, transforma e (retro)alimenta os sujeitos da ação.
O Plano Nacional de Extensão (FORPROEX, 1999) considera que essa interação
(fluxo) estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, tendo como
consequências: a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade
brasileira e regional; a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva
da comunidade na atuação da Universidade. Pois, além de instrumentalizadora deste
processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a
visão integrada do social.
A Extensão Universitária ganhou força no final da década de 1980 com a criação do
Fórum de Pró-Reitores de Extensão que reviu a concepção da extensão das universidades
públicas e privadas e deixou de ver e considerar a sociedade apenas como receptora de
conhecimentos e práticas da academia. Destacando que a extensão estabelece uma
verdadeira via de mão dupla na troca de saberes e construção de tecnologia, pois até então,
entendia-se que o “progresso” da ciência e a transmissão do conhecimento só poderiam ser
realizados por meio da pesquisa, e ensino respectivamente.
Portanto, a extensão é o espaço dentro da academia para se cumprir o papel social da
universidade, proporcionando o elo de interlocução e retroalimentação do ensino, da
pesquisa junto à sociedade. A extensão não pode ser vista como apenas mais uma
atividade acadêmica, mas como elemento fundamental de uma política e concepção de
universidade cidadã.
A competência profissional muito valorizada não envolve somente o conhecimento
acumulado (conteúdos) e suas aplicações, mas também como os novos conhecimentos são
produzidas dentro de determinados contextos, é a sua “capacidade de (re)criar o
conhecimento e manuseá-lo que, realmente, qualifica a competência do indivíduo”
(FORPROEX, 2006, p.43).
Para o desenvolvimento dessas competências a extensão aliada à pesquisa é
imprescindível. A produção do conhecimento via extensão permite a troca de saberes
sistematizados (acadêmico e popular) e oferece como resultado a democratização do
conhecimento e a participação real da população, com uma produção de soluções conjuntas
a partir das verdadeiras demandas e confronto com a realidade.
Segundo Dwek (2011) os problemas de engenharia tornam-se cada vez mais
complexos e exigem soluções socioambientais sustentáveis. Não é mais possível ter
somente a técnica como preocupação, mas também, os resultados de seus impactos na
sociedade. Os conceitos, metodologias, modelos e ferramentas propostos construídos na
formação tecnocientífica do engenheiro, não respondem mais às diversidades heurísticas
atuais, pondo em questão a separação atualmente existente entre a prática exigida dos
engenheiros e o que sua formação lhe confere.
A formação mais crítica e plural propiciada pela prática da extensão universitária se
origina de um conflito epistemológico que muitas vezes os estudantes (e também os
docentes e técnicos administrativos) vivenciam: a realidade se manifesta mais complexa do
que presumem as estruturas curriculares acadêmicas, transcendendo as possibilidades de
análise das dinâmicas tradicionais de aprendizado restritas às salas de aula e os
laboratórios.
A extensão permite a produção e a partilha dos conhecimentos, propiciando ao
estudante estabelecer uma comunicação mais próxima com comunidades e sujeitos
diversos e, nesse contato, realizar trocas e vivências. O aprendizado é simultâneo e
integrado para a universidade e para as comunidades.
A prática da extensão tem formado profissionais com repertório mais sofisticado e
amplo de competências; mais sensíveis e comprometidos com processos de mudanças
sociais, na medida em que oportuniza a práxis de:
conciliar (e/ou confrontar) a teoria e a prática;
compreender que o conhecimento é um processo sempre em construção e que não há
uma única verdade e nem há neutralidade;
realizar a autocrítica, reflexões e proposições mais efetivas para a sociedade.
Quando o estudante de engenharia atua com ações extensionistas em comunidades e
se insere nesses contextos sociais, precisa considerar componentes antropológicos. Para
Morin (2004) o aluno nesse meio é instigado a sugerir, explicar e aplicar-se em processos
de deliberação, discussão e conscientização que contribuem para a construção de seu juízo
crítico. Essa crítica acontece no plano das ideias sob dogmas vigentes, das práticas
cotidianas e, também, das práticas profissionais (muitas vezes excludentes) na busca da
transformação social (THIOLLENT, 2002).
Observa-se nos últimos três anos que o incentivo à extensão pelo Ministério da
Educação (MEC) do governo federal a partir dos lançamentos de editais do PROEXT e do
PET para realização de projetos e programas de extensão universitária e estudo tutoriado,
tem recebido um aumento nas proposições na área de engenharia. A motivação aliada à
reflexão e conscientização dos cursos de engenharia, em particular do curso de Engenharia
de Produção vem transformando a chamada “ciência dura”. Essa sessão dirigida se propõe
discutir esse novo fenômeno, trazendo para o debate os vários exemplos de projetos e
programas de extensão oriundos da engenharia, bem como seus impactos na comunidade
acadêmica e sociedade.
Referências
DEMO, Pedro. Profissional do futuro. In: I.V. Linsingen et al.. [Orgs.].Formação do engenheiro:
desafios da atuação docente, tendências curriculares e questões da educação tecnológica.
Florianópolis: Editora da UFSC, 1999.
DWEK, M. A tenacidade da fantasia: propostas para a renovação da formação em engenharia. In:
8º. ENEDS, 2011. 8º. Encontro Nacional de Engenharia e Desenvolvimento Social. Ouro Preto – MG.
Anais... Ouro Preto – MG: UFOP, 2011. 1 CD-ROM.
FORPROEX, Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Plano
Nacional de Extensão Universitária. 1999.
FORPROEX, Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras.
Indissociabilidade Ensino–Pesquisa–Extensão e a Flexibilização Curricular: uma visão da
extensão. Porto Alegre: UFRGS; Brasília: MEC/SESU, 2006. (Coleção Extensão Universitária; v.4)
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CES 11: Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso
de
Graduação
em
Engenharia.
Brasília,
2002.
Disponível
em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES112002.pdf>. Acesso em 10 de Out. 2011.
MORIN, A. Pesquisa-ação integral e sistêmica: uma antropopedagogia renovada. Rio de Janeiro:
DP&A, 2004.
MORIN, E. Por uma reforma do pensamento. In: A. Pena-Veja e E.P. do Nascimento (Org.). O pensar
complexo: Edgard Morin e a crise da modernidade. Rio de Janeiro: Graramound, 1999. p.21-34.
MORIN, Edgar; LE MOIGNE, Jean-Louis. A inteligência da complexidade. Trad. N. M. Falci. São
Paulo: Peirópolis, 2000.
THIOLLENT, Michel. Construção do Conhecimento e Metodologia da Extensão. In: I CBEU,
Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. João Pessoa. PB, 2002.
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