PREPRAÇÃO DE SORO CASEIRO: UMA SITUAÇÃO PROBLEMA
NA CONTEXTUALIZAÇÃO DO
O ENSINO DE SOLUÇÕES
QUÍMICAS
Ladjane Pereira da Silva R. de Freitas1,*
Juliano Carlo Rufino Freitas1
Celso Luiz Lima da Silva2
Francisco C. A. Curcino2
1
Universidade Federal de Campina Grande, CES, UAE, Olho D’água da Bica s/n,
Centro, Cuité-PB, CEP 58.175
175-000. *e-mail: [email protected]
2
Universidade Federal de Pernambuco, CCEN, DQF, Av. Jornalista Anibal Fernandes,
s/n, Cidade Universitária, Recife-PE,
Recife
CEP 50.740-560.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo
ob
utilizar à temática “Soro Caseiro”” como tema gerador
para o ensino de química,, especificamente os conceitos de soluções químicas, em uma
turma do 2º ano de Ensino Médio. Para isso a metodologia foi desenvolvida em três
trê
etapas,, i. avaliação das concepções prévias e debate, ii. aula experimental, iii. avaliação
da temática. A aplicação do trabalho foi realizado em uma escola pública,
pública apresentando
uma boa aceitabilidade pelos alunos e uma aprendizagem mais significativa foi
f
constatada.
Palavras-Chave:: Soro Caseiro, Ensino de Química, Contextualização.
INTRODUÇÃO
De acordo com a literatura, quando situações do cotidiano do estudante são
contextualizadas para um melhor entendimento dos conceitos científicos a
aprendizagem torna-se mais significativa (Lima et al., 2000; Coelho e Marques, 2007;
Silva e Pino, 2009; Neves, 2009; Wartha e Faljoni-Alário, 2005).
Contudo, para que o processo de ensino-aprendizagem alcance seu objetivo, sendo
este, a construção do conhecimento, deve-se sem dúvidas, procurar trilhar o caminho de
uma aprendizagem que de fato tenha significado para o aluno. Pois, qual o significado
de uma aprendizagem que não se enquadra na realidade do aluno, que não está inserida
em seu cotidiano, ou ainda, que nem mesmo faça parte das ‘práticas experimentais’ de
sua vida real?
Assim como, a aprendizagem significativa é imprescindível para que um
conhecimento verdadeiro seja construído (Ausubel, 2000), a contextualização do ensino
é imprescindível para que se tenha uma aula construtiva e assim proporcione uma
aprendizagem de fato mais efetiva (Pelizzari, 2002).
De acordo com os PCN+, contextualizar é sugerir situações problemáticas reais e
através delas buscar o conhecimento necessário para entender e propor soluções para
resolvê-las (Teixeira e Monteiro, 2009).
Segundo Teixeira e Monteiro (2009), essa contextualização é necessária por
relacionar o conhecimento prévio dos alunos com os conhecimentos científicos adquiridos
através do ensino, respeitando as diversidades das culturas e visando a formação do cidadão
mais crítico.
Foi partindo desses pressupostos que este trabalho teve por objetivo motivar os
alunos através da contextualização dos conceitos estudados no conteúdo de soluções
químicas a partir da temática soro caseiro, e conscientizá-los da importância da
sistematização do conhecimento científico e da atuação da ciência em seu cotidiano.
O soro caseiro foi escolhido por fazer parte do cotidiano da maioria dos alunos e
por ser um tema que tem aparecido em vários trabalhos da literatura (Santin e Cunha,
2001; Vale, 2007) com intuito de intermediação entre o conhecimento comum do aluno
vivenciado no seu cotidiano e o conhecimento científico vivenciado na escola.
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido em uma escola da rede pública do estado de
Pernambuco, com 30 alunos do segundo ano do ensino médio. Para uma sistematização
desta atividade, a mesma foi dividida em três etapas, sendo cada etapa com uma duração
de 80 minutos equivalente a duas aulas geminadas.
1ª Etapa – Avaliação das Concepções Prévias e Debate
Foi realizada uma sondagem das concepções prévias dos alunos em relação ao
conteúdo soluções químicas seguido de um debate sobre o conteúdo proposto
promovido pelo docente, no qual, os alunos puderam entrar em contato com os
conceitos de soluções, os tipos de concentrações, seus cálculos e suas aplicações. Ainda
nesta primeira etapa, foi solicitado aos alunos individualmente, que respondessem a um
questionário para verificação dos conhecimentos construídos em relação ao conteúdo
estudado em sala de aula e como os alunos relacionariam esse conhecimento com um
tema do seu cotidiano ‘soro caseiro’.
2ª Etapa – Aula Experimental
Nesta etapa os alunos participaram de uma prática experimental, que se constituiu
na preparação de uma solução de soro caseiro. A turma foi dividida em duas equipes e
cada equipe seguiu o procedimento dado pela professora para a preparação da solução,
no procedimento foi pedido aos alunos que num primeiro momento preparassem um
litro de soro caseiro, em seguida foi solicitado alunos que a partir dos conhecimentos
trabalhados em sala de aula sobre preparação de soluções os alunos preparassem a
mesma solução variando apenas o volume mantendo a concentração. Esta atividade
experimental também teve o objetivo de trabalhar na prática as técnicas de preparação
de soluções levando em consideração suas concentrações. As equipes realizaram a
prática no laboratório de ciências da escola e utilizaram as vidrarias do laboratório.
3ª Etapa – Avaliação da Temática
Nesta etapa os alunos responderam individualmente a um segundo questionário
para uma segunda verificação do conhecimento construídos em relação ao conteúdo
estudado foi realizado a partir da preparação do soro caseiro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da análise dos dados obtidos no questionário de sondagem das
concepções prévias, os seguintes resultados foram obtidos, dos trinta alunos que
participaram da atividade, vinte e quatro responderam que ele ou alguém da família já
fez uso do soro caseiro. Grande parte da turma conseguiu identificar todos ou pelo
menos dois componentes que compõem o soro caseiro e classificaram a solução como
sendo homogenia, uma vez que, apresenta apenas uma única fase. Apenas três alunos
conseguiram relacionar um ou dois conceitos trabalhados em soluções ao soro caseiro,
já os demais alunos não fizeram menção a nenhum conceito.
No tocante ao questionamento ‘se mantivermos o volume do solvente e
aumentarmos as quantidades das substâncias (mantendo as proporções entre elas) que
constituem o soro caseiro, as concentrações obtidas para cada substância dessa
solução serão as mesmas? E quanto a densidade da solução, ela aumenta, diminui ou
permanece a mesma?’ 15% dos alunos não responderam, 31% deram respostas evasivas
e os demais responderam que a concentração não será a mesma e que a densidade
aumenta.
Em relação ao questionamento ‘que tipos de concentrações podem ser
determinadas a partir do soro caseiro?’, 80 % dos alunos deixaram a questão em
branco, apenas 20 % alunos indicaram pelo menos a concentração molar como sendo
possível de ser determinada na solução do soro caseiro.
Quando questionados em relação ‘A não ser por problemas patológicos, quando é
que o caseiro pode ser prejudicial a saúde?’, apenas 1% dos alunos relacionou o
aumento das concentrações de açúcar e de sal como um fator que poderia tornar o soro
caseiro prejudicial à saúde, já os demais alunos não conseguiram fazer essa associação.
De posse destes resultados obtidos na primeira etapa do trabalho, ficou
evidenciado que a grande parte dos alunos investigados não conseguiu por conta própria
relacionar plenamente os conteúdos estudados em sala de aula com as práticas de seu
cotidiano sem que o professor os conduzisse a essa contextualização, pois, a maiorias
das respostas eram evasivas e sem nenhuma fundamentação dos conceitos trabalhados.
Figura 1: Aplicação dos questionários.
Depois da aplicação da atividade experimental, ou seja, preparação da solução do
soro caseiro, ficou constatado através dos comentários dos alunos e das respostas dadas
ao segundo questionário, que eles desenvolveram mais propriedades ao discorrer sobre
os conceitos de soluções já trabalhados, como também conseguiram com mais
facilidade fazer conexão entre os conceitos estudados e a preparação dessa solução.
Figura 2: Preparaçao da solução do soro caseiro
No tocante ao questionário pós-experimentação, quando foi solicitado que os
alunos relacionassem os tipos de concentrações que poderiam estar presente na solução
do soro, 75% dos alunos deram respostas bastante satisfatórias, onde foram capazes de
apontar a densidade e a molaridade como uma delas. O mesmo foi observado em
relação à pergunta sobre quais os conceitos estudados em solução estaria presente no
preparo da solução do soro, a maioria deles apontaram o coeficiente de saturação, o grau
de solubilidade e misturas como sendo um desses conceitos.
Cabe ressaltar que ao serem questionados sobre os conceitos relacionados a
soluções, 82% dos alunos não só responderam que a concentração muda e que a
densidade aumenta, como também conseguiram explicar facilmente o porquê de suas
respostas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De forma geral, concluímos que, a aceitabilidade dos alunos pela temática
proposta aconteceu no instante de sua exposição. A temática “Soro Caseiro”, além de
ter sido uma boa estratégia para a contextualização de conceitos químicos. A partir da
preparação dessa solução os alunos foram despertados para o perigo de não se dominar
certos conhecimentos químicos na aplicação do seu dia a dia e que a preparação errada
dessa solução pode acarretar num rico à saúde dos que a fazem uso. Assim a prática
serviu para despertar o aluno para o mundo sedutor da química, fazendo com que ele
perceba que essa disciplina não está apenas limitada a sala de aula de uma escola, mas
que também está intrinsecamente ligada às coisas que estão presentes no seu cotidiano.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, a
Universidade Federal de Campina Grande e a Universidade Federal de Pernambuco.
REFERÊNCIAS
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cognitiva. Paralelo Editora, p.1-19.
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