O SR. JORGE ALBERTO(PMDB/SE) pronunciou o seguinte discurso: Senhoras deputadas, senhores deputados,a questão dos juros no Brasil, há muito tempo, deixou de ser apenas um problema do executivo, como querem fazer ver, alguns analistas econômicos. O problema dos juros extorsivos no Brasil, campeão no ranking mundial, passou a ser um problema de todos os brasileiros, e se é dos brasileiros, claro, o é mais ainda, da representação política desses brasileiros, nós, parlamentares, homens e mulheres, legitimamente eleitos para construir leis. Vivemos uma situação exótica, para sermos, no mínimo, realistas. Convivemos com uma política monetária de arrocho, com juros de 19,5%, que frearia qualquer arroubo consumista e, portanto, como na receita clássica, conteria a inflação. E por que isso não ocorre? Porque esse fantasma apavora cada vez mais os homens do Banco Central? A inflação não baixa devido ao estímulo ao consumo oriundo da oferta de crédito subsidiado. A inflação não arrefece e torna-se sempre ameaçadora porque os reajustes de tarifas públicas teimam em apontar reajustes de preços. E a inflação não diminui porque o governo não reduz suas despesas. O governo não para de gastar! Ontem, a imprensa nacional divulgou uma matéria, com fonte do Tesouro Nacional, que apresenta um aumento de gastos com custeio da máquina e com pessoal da ordem de R$23 bilhões de reais. Aumento relativo a 2002. E, apesar do número demonstrar que a despesa com suteio e com pessoal é maior 15 vezes que o dinheiro aplicado pelo governo em investimento, as autoridades ainda afirmam ser o aumento um gasto planejado, que foi feito para melhorar o salário dos funcionários públicos. Mas que funcionários tiveram seus salários aumentados? Uma minoria de segmentos que vinha pleiteando reclassificações há muito tempo? E os outros funcionários que tiveram um aumento de 0,1% . Não convence, senhoras deputados e senhores deputados. E, enquanto esse panorama se desdobra aos nossos olhos, os juros vão para a estratosfera prejudicando o único segmento que dá tranqüilidade ao governo. Prejudicando a iniciativa privada que vem promovendo o maior esforço de exportação de todos os tempos. No jogo de demonstrações, os juros altos ainda cumprem o papel de rebaixar artificialmente o valor do dólar em favor da moeda nacional. Atraem-se mais investimento no curto prazo, mas em compensação, os custos do serviço da dívida aumentam. E no fim, sairá dos nossos bolsos mais esse pagamento. Não aceito a situação em que nos encontramos. Não aceito que os juros impeçam o desenvolvimento do país, a geração de emprego, a geração de melhores condições de vida para os brasileiros. Com esses juros proibitivos, os investimentos não acontecem e se não acontecem, também não se extinguem as legiões de desempregados que pululam por todas as nossas grandes cidades e que alimentam a marginalidade e a insegurança de nossa sociedade. Senhoras deputadas e senhores deputados, no início deste ano, apresentei um Projeto de Lei Complementar para diminuir o impacto dos altos juros no País. Para coibir essa situação que não encontra par em todo o planeta. No meu PLC eu pedia, primeiro, que se levasse em conta o controle da inflação no estabelecimento das taxas de juros. Não somos irresponsáveis nem desmemoriados e sabemos que a inflação alta corrói salários, investimentos e destrói a economia. Mas, já no segundo item, do mesmo documento, eu cobrava que ao determinar as taxas de juros, o COPOM levasse em conta a manutenção dos níveis de emprego e a trimestralidade da taxa determinada. E Por que a trimestralidade? Pedimos a trimestralidade senhoras deputadas e senhores deputados, para que a economia tenha tempo de respirar. Para que os empresários tenham tempo de realizar suas programações. Aliás, não estou propondo nada que não seja absolutamente lógico e imprecindível para o desenvolvimento do nosso país. Tanto que o presidente desta casa, o nobre deputado Severino Cavalcante, também entrou com um projeto, que agora se encontra apensado ao meu, também, destinado a reprimir a exorbitante taxa de juros determinada para a economia brasileira pelo COPOM. Se os brasileiros não conseguem chamar a atenção do COPOM através de suas críticas, que a legislação brasileira ponha termo à subida desenfreada dessas taxas, que acredito, só beneficiam os bancos. E que não me venham críticos afirmar que taxas de juros não são assunto para esta casa. Se o executivo pode nos atar as mãos, por tantas sessões consecutivas com suas Mps, então,que a nossa atividade possa chegar, como benefício, ao povo brasileiro, sob a forma de um controle salutar sobre a atividade econômica. Obrigado senhoras e senhores.