A CRIANÇA DE 6 ANOS Aos seis anos a criança apresenta uma ampla capacidade perceptiva, grande vigor e energia. Suas habilidades motoras, se plenamente exercitadas, tornam-se bastante refinadas: desenhar e escrever (já estabelece preferência manual), comer sozinho, vestir e despir, correr, subir e descer com segurança. É capaz de cuidar de sua higiene pessoal com apoio mínimo. Pode ainda ser um pouco desajeitada em algumas coordenações ainda não completamente estabelecidas, como por exemplo ao amarrar cadarços de seus tênis. Essa é uma fase em que a criança está se tornando menos egocêntrica e compartilha cada vez mais com os adultos significados coletivos sobre a realidade. Seu pensamento é pré-lógico, pois ainda julga baseada na percepção e não consegue considerar diferentes pontos de vistas ao mesmo tempo. A inteligência dela é intuitiva. A linguagem oral está se tornando cada vez mais rica, possibilitando maior expressão pessoal e comunicação com o outro. Também segue instruções e aceita supervisão. Começa a ter memórias contínuas e mais organizadas. Aprende a ler e escrever; interpreta histórias. Nessa idade, a criança participa de espaços sociais diferentes: a família, a escola, cursos, igreja, entre outros. Pode vivenciar o contato com as pessoas de forma confiante, independente e com crescente autonomia, dependendo de como foram seus primeiros anos, ou mostrar-se desconfiada, com sentimentos de vergonha e culpa. Na convivência com outras crianças, forma pares que vão mudando periodicamente e pode mostrar preferência por brincadeiras com colegas do mesmo sexo. Consegue esperar a sua vez. Os jogos ainda são simbólicos, envolvendo brincadeiras de casinha, de princesas (principalmente as meninas) e jogos motores com elementos do imaginário dos super-heróis (principalmente os meninos). Já compreende e respeita jogos de regras simples (embora deseje mudá-las em benefício próprio), brinca com menor supervisão. É capaz de aprender bons modos para o convívio social à mesa, bem como palavras e gestos de cortesia. Do ponto de vista moral, é uma criança que necessita de regras claras; sendo capaz de compreender a autoridade dos adultos e ter atitudes de obediência. Este é o caminho para a conquista da autonomia moral, que será a capacidade de tomar decisões considerando o bem comum, em sua próxima fase. Ela precisa vivenciar um processo de educação moral em que os valores e as atitudes sejam constantemente refletidas nos momentos de tomada de consciência. Os conflitos são as melhores situações para essa aprendizagem. É preciso ensinar às crianças o respeito mútuo, a negociação, os acordos e a vigilância mútua. A melhor forma de ensiná-la é sendo modelo para sua imitação. À medida que cresce, ela passa a dividir o interesse e o investimento afetivo que era direcionado à mãe com outros parentes, com as professoras e com os amigos. Identifica-se fortemente com a figura parental do mesmo sexo. É curiosa e gosta de desafios, sendo capaz de realizar muitas atividades desde que esteja motivada para isso, energia que vem de sua afetividade e da qualidade do vínculo que existir com as pessoas envolvidas. Elabora muitas perguntas e gosta de respostas claras. A criança pode experimentar sentimento de insegurança e ambivalência entre depender ou ser autônoma. Normalmente sente dificuldade de aceitar críticas e castigos. Gosta de agradar e, por se preocupar com seu comportamento, pode culpar os outros por seus erros. Na busca de controlar seus comportamentos, contém sua energia, podendo sentir ansiedade por isso. Por volta de seis anos, ela percebe as diferenças anatômicas entre os sexos, interessa-se pela origem dos bebês, está vivendo o complexo de Édipo, momento em que se instala um triângulo amoroso entre figura paterna, materna e a criança. A travessia deste processo tem como resultado a identidade sexual, depois de ter extraído das relações com o pai e a mãe as referências necessárias para essa definição. Texto elaborado por Rossana Gonçalves – SOP FB Jr Central - Infantil V e 1º Ano.