Em indivíduos normais o sangue mantêm-se fluido no sistema vascular até que ocorra algum trauma nos vasos sanguíneos. Nesta situação é ativada uma série sucessiva de fenômenos físicos e reações bioquímicas que levam a formação do coágulo ou trombo. Este é o mecanismo fisiológico que evita a hemorragia pela formação de um tampão sólido, com o objetivo de interromper a perda de sangue. Após o trauma vascular ocorre uma constrição vascular imediata e em aproximadamente 15 segundos as plaquetas formam um tampão plaquetário no local onde as células endoteliais foram danificadas, o que é denominado hemostasia primária. A hemostasia secundária é o desencadeamento de uma cascata de reações envolvendo componentes do plasma, que culmina com a formação de uma rede de fibrina que aprisiona eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Esta massa é o coágulo formado que adere às paredes dos vasos sanguíneos para controlar a perda de sangue. A cascata de coagulação pode ser desencadeada por 2 vias distintas (via intrínseca e via extrínseca), que podem ser estimuladas simultaneamente ou não. O final da reação em cascata iniciada pelas 2 vias é uma via comum para a formação do coágulo sanguíneo. Ilustração Esquemática Clássica da Cascata de Coagulação, por Biochemistry / Jeremy Berg, John Tymoczko, Lubert Stryer.—5th ed.; p.cm.; Fourth ed. by Lubert Stryer. a serviço da vida www.biotecnica.ind.br - [email protected] A via intrínseca é desencadeada pelo contato com plaquetas ativadas ou componentes do tecido subendotelial. Os fatores participantes da via intrínseca estão presentes no sangue circulante e é a ativação do fator XII que inicia esta via. As proteínas e íons envolvidas nesta via (ou reação em cascata) são: Fatores XII, XI, IX, VIII e X, pré-cralicreína, cininogênio (CAPM), fator 3 plaquetário, cálcio e fosfolipídeos, além da vitamina K. A via extrínseca da cascata de coagulação é uma via do fator tecidual, estimulada pela tromboplastina tissular. Estão envolvidos nesta via a ativação dos fatores VII e X, na presença dos Fatores III, VII, cálcio e fosfolipídeos. A via comum da cascata de coagulação, iniciada pela ativação do fator X, envolve os Fatores VIIIa e Va, protrombina, cálcio, fosfolipídios e fibrinogênio. Medicações (ex: Heparina, Warfarin, Hirudina, Ácido Acetil Salicílico, Ticlopidina, Estreptoquinase, barbitúricos, diuréticos, digitálicos, anticoncepcionais, vitamina K, dentre outros), doenças hemorrágicas e purpúricas podem interferir na cascata de coagulação, impedindo a hemostasia. A investigação clínica de deficiência de fatores de coagulação, assim como o acompanhamento de terapias anticoagulantes são realizadas pela solicitação de provas de coagulação, por laboratórios de análises clínicas, como a determinação do Tempo de Protrombina (TP) e Tempo de Tromboplastina Parcial ativada (TTPa). A realização de tais análises é melindrosa, requerendo cuidados técnicos na coleta e na execução dos ensaios, tais como: - Evitar a lesão tecidual decorrente da punção venosa; - As seringas e os frascos de acondicionamento de sangue e plasma devem ser plásticos ou siliconizados, pois o contato com vidro ativa o sistema de coagulação in vitro; - O anticoagulante de escolha é o citrato de sódio a 3,2% ou 3,8% (proporção de 9 partes de sangue para 1 parte de anticoagulante); - O plasma deve ser separado em até 30 minutos após a coleta e a prova a ser executada deve preferencialmente realizada de imediato; - Recomenda-se a realização dos ensaios em duplicata para maior confiabilidade nos resultados gerados; - O laboratório deve estabelecer seus próprios intervalos de variação normal realizando a média de duplicatas de um pool de plasmas de voluntários sadios; - A água purificada utilizada na resuspensão de reagentes liofilizados deve ser de ótima qualidade (pois a presença de íons interfere no ensaio). A determinação do Tempo de Protrombina (TP), também denominado "Tempo de Quick de um estágio", avalia a atividade coagulante do sistema extrínseco da cascata de coagulação. O reagente para análise in vitro contem fator tecidual, fosfolípides e cálcio, enquanto o plasma em análise, se for normal, fornecerá os Fatores V, VII e X, protrombina (Fator II) e fibrinogênio (Fator I). A deficiência ou ausência de qualquer um desses fatores prolongará o tempo de coagulação do ensaio. A comparação de resultados de TP obtidos entre diferentes fabricantes de kits só deve ser realizada utilizando o RNI (Razão Internacional Normalizada), calculado com base no Índice Internacional de Sensibilidade (ISI) dos reagentes de Protrombina determinado experimentalmente. O ISI deve ser fornecido pelo fabricante do reagente. a serviço da vida www.biotecnica.ind.br - [email protected] O ISI mais próximo de 1,00 indica que o reagente TP teve mais processos de purificação e maior refinamento na técnica de produção. O procedimento técnico e formas de cálculos de TP estão detalhados na instrução de uso do kit PROTROMBINA (TP), BioTécnica, ref. 36.001.00. O resultado da prova pode ser expresso em segundos, relação do tempo de protrombina, RNI ou em % de atividade protrombínica. A determinação do Tempo de Tromboplastina Parcial ativada (TTPa), também denominada "Tempo de Kaolin-Cefalina", é uma prova que avalia a via intrínseca da cascata de coagulação, pela recalcificação, onde as variáveis constituídas pelo número de plaquetas e pelo grau de ativação dos fatores XI e XII são eliminadas na adição de um fosfolípede e de um ativador (Ácido Elágico), que levam a resultados mais reprodutíveis e a uma maior sensibilidade do que nas determinações do Tempo de Recalcificação do Plasma (TRP) e Tempo de Tromboplastina Parcial (TTP). O TTPa aumentado é indicativo de alteração dos fatores V, VII, IX, X, II e I, ou indicativo da presença de anticoagulantes circulantes. Portanto, é uma prova realizada no acompanhamento terapêutico de anticoagulantes. O procedimento técnico e formas de cálculos de TTPa estão detalhados na instrução de uso do kit TROMBOPLASTINA PARCIAL ATIVADA (TTPa), BioTécnica, ref. 36.002.00. O resultado da prova pode ser expresso em segundos ou taxa de TTPa. A avaliação concomitante de TP e TTPa é de grande importância médica, pois são orientadores das interpretações clínicas, como descrito na tabela abaixo: TP Prolongado TTPa Normal Normal Prolongado Prolongado Prolongado Normal Normal Interpretações clínicas Deficiência do Fator VII Deficiência de um dos Fatores: X, IX, VIII, XI ou XII Problema hepático na formação de vários Fatores ou Deficiência de um dos Fatores: V, X, II ou I Indivíduo normal ou Problemas de coagulação plaquetária (avaliar Tempo de Sangria) É recomendado ao Laboratório de Análises Clínicas a utilização de no mínimo um Plasma Controle de Coagulação Nível 1, Nível 2 ou Nível 3 para rastreabilidade da reação e Controle de Qualidade Interno, atestando a confiabilidade do resultado. A BioTécnica disponibiliza no mercado o kit de PLASMAS CONTROLES DE COAGULAÇÃO, ref. 36.003.00, com TP e TTPa dosados por métodos óptico e mecânico, com faixa de valores disponibilizados para Plasma Normal (Nível 1), Moderadamente Elevado (Nível 2) e Muito Elevado (Nível 3). A BioTécnica também disponibiliza em seus kits ampolas de água purificada estéril para a reconstituição segura dos reagentes liofilizados. Depois da abertura da ampola, deve-se usa-la para a reconstituição imediata dos reagentes e Plasmas a serviço da vida www.biotecnica.ind.br - [email protected] Controles de Coagulação – vide Instruções de Uso dos referidos kits BioTécnica. Descartar o excedente de água, pois a mesma é isenta de conservantes. Para dúvidas técnicas dos kits da Linha Coagulação da BioTécnica, entrar em contato com a Assessoria Científica, através do telefone +55 35 3214 4646 - Varginha MG ou através do e-mail [email protected] Produtos citados neste informativo técnico: PRODUTO REF APRESENTAÇÃO Cont. DETERMINAÇÕES Protrombina (TP) 36.001.00 1 R1 R2 - H2O CONTROL 5 x 2 mL 5 x 5 mL 1 x 1 mL 50 Tromboplastina Parcial ativada (TTPa) 36.002.00 1 R1 R2 R3 - H2O CONTROL 2 x 4 mL 2 x 4 mL 1 x 5 mL 1 x 1 mL 80 Única CONTROL 1 CONTROL 2 CONTROL 3 R1 - H2O 1 x 1 mL 1 x 1 mL 1 x 1 mL 1 x 5 mL Dependente do kit e técnica adotados Plasmas Controles de Coagulação 36.003.00 Obs: O rendimento pode ser superior quando se utiliza equipamentos passíveis de redução do volume convencional da instrução de uso. Referência bibliográfica: !CARLOS, M.M.L. e FREITAS, P.D.F.S.; Estudo da Cascata de Coagulação Sanguinea e seus Valores de Referência; Acta Vet. 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