ARCÍLIA MARIA LARANJEIRA DA COSTA CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, Julho de 2007 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL De: Arcília Maria Laranjeira da Costa Orientador: Prof.º Doutor Luís Filipe Sanches Fernandes Vila Real, Julho de 2007 Este trabalho foi expressamente elaborado como tese original para o efeito de obtenção do grau de Mestre em Engenharia e Planeamento Municipal, sendo apresentada Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. na Dedico esta dissertação à pessoa que é para mim maior exemplo de vida e de coragem. À pessoa que mais me incentivou na candidatura deste grau académico, e que sempre me deu força para enfrentar todos os obstáculos ao longo da minha existência. A ela devo o facto de ser o que hoje sou. Pelo apoio e pelo amor que me dedicou toda a vida, a ela ofereço, com todo o carinho e admiração, esta minha conquista. Sem ela não teria chegado até aqui. É a ti, mãe, em especial, que dedico esta dissertação como testemunho do meu profundo reconhecimento e gratidão. À minha mãe, Teresinha Martins Laranjeira. AGRADECIMENTOS Este estudo, fruto de um trabalho intenso e dedicado, realizado nas horas que ficam para além das horas do dia, roubando tempo ao descanso e, acima de tudo, à família, não teria sido possível sem a contribuição e preciosa ajuda de muitos, a quem quero deixar aqui expressa a minha eterna gratidão. Ao corpo docente do Mestrado de Engenharia e Planeamento Municipal, na pessoa do Director – Professor Doutor Luís Manuel Morais Leite Ramos, pelo notável curso de Mestrado. A todos eles agradeço o apoio e amizade que sempre me prestaram. Ao Professor Doutor Luís Filipe Sanches Fernandes, mais do que um orientador, foi para mim um amigo, que desde o início me apoiou nas minhas ideias. O seu estímulo e confiança no meu trabalho foram imprescindíveis para a realização do mesmo. O meu sincero reconhecimento pela sua amizade, presteza, apoio e dedicação dispensados durante o desenvolvimento deste estudo. Ao Eng. José Carlos Fernandes, professor de quem tive a sorte de ser aluna e que sempre demonstrou respeito e interesse pelo meu trabalho. Pessoa de grande valor, partilhou a sua experiência profissional com os alunos de mestrado, enriquecendo os nossos conhecimentos. Á EMARVR – Empresa Municipal de Água e Resíduos, na pessoa do Sr. Presidente do Conselho de Administração, Eng. Miguel Matos Esteves, mais do que um superior hierárquico foi, sem dúvida, um verdadeiro amigo. Pessoa de visão entusiasta, motivadora, não economizou esforços para me ajudar desde o início deste projecto. Pela sua confiança no meu desempenho profissional, por ter proporcionado um ambiente de trabalho favorável, pelos dados fornecidos, pelo lado humano que teve presente em todos os momentos, expresso-lhe aqui e desta forma, a minha eterna gratidão. Ao Sr. Director Executivo da EMARVR – Empresa Municipal de Água e Resíduos, Eng. José Alberto Borges Amaral, o meu muito obrigado pelo carinho e por ter propiciado as condições necessárias para a elaboração deste estudo. Um homem de valor, com quem interajo profissionalmente, em trabalhos que me enriquecem e dão maturidade. A todos os meus colegas e amigos, que de alguma forma me apoiaram na realização deste trabalho, em particular a: Lucília Lage; Francisco Silva; Adelaide Carpinteiro; Anabela Rebelo; Cristina Pais; Cláudia Fonte; Andreia Cabral; João Basto e a tantos outros cuja listagem seria fastidiosa mencionar. Bem Hajam. IX Ao Sr. Saavedra da Costa e a todos os Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia do Município de Vila Real, pela colaboração demonstrada ao terem assegurado a distribuição dos questionários pela população residente nas diferentes localidades. O meu agradecimento especial às respectivas populações que tão prontamente colaboraram no preenchimento dos inquéritos. À Divisão dos Serviços Urbanos (Jardins) da Câmara Municipal de Vila Real; às Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública de Cruz Branca e Cruz Verde de Vila Real, nas pessoas dos seus Comandantes; à Empresa Focsa - Serviço de Saneamento Urbano de Portugal, SA, prestadora de Serviços de Recolha, Transporte e Limpeza de Resíduos Sólidos Urbanos do Concelho de Vila Real, na pessoa do meu amigo Sérgio Correia e à Associação de Municípios de Vale do Douro Norte, pelos dados fornecidos, o meu sincero reconhecimento, assim como à D.ª Teresa Lobato (Teresuca), funcionária dos Serviços Académicos – Repartição Pedagógica da UTAD, por toda a atenção, simpatia e cordialidade com que sempre fui atendida. Aos meus pais, em especial à minha mãe, pelo exemplo de força e determinação, pelo apoio incansável durante toda a minha vida. Ao meu marido José, que está sempre do meu lado, apoiando-me nos bons e maus momentos, ajudando-me em tudo quanto lhe é possível. Por todo o amor, carinho, ajuda, motivação, companheirismo, paciência e compreensão, um agradecimento muito especial. Às minhas queridas sobrinhas e afilhada, Sofia e Mafalda, que representam a renovação da nossa família e assumiram-se como verdadeiras fontes de motivação; pelos seus sorrisos ternos e encorajadores que tanta força me deram no decurso desta tese, o meu carinho em especial. Por fim, mas não menos importante, aos meus irmãos Carla e Jacinto, pelo carinho e amizade incondicional com que sempre me ouviram e apoiaram em todas as situações da minha vida. A todos agradeço o contributo para a concretização deste sonho. A vocês ofereço esta página. X RESUMO O presente trabalho constitui o estudo de avaliação do desempenho do Sistema Público de Distribuição de Água do Município de Vila Real, através da realização de balanços hídricos globais e de indicadores de diagnóstico, correspondentes ao período anual de 2005 e 2006, constatando-se uma taxa de perdas inferior à média nacional e uma redução do número de roturas de 2005 para 2006, ocorridas quer em ramais quer na conduta geral. Através do recurso à técnica do questionário, pretendeu-se avaliar a percepção dos utentes sobre esta problemática das perdas de água, bem como analisar a opinião dos mesmos relativamente ao desempenho da empresa gestora, tendo-se concluído que a avaliação é globalmente positiva. Palavras-chave: redes de distribuição de água, estado de conservação da rede, práticas de manutenção, cadastro, perdas, fugas, roturas, balanço hídrico, sectorização da rede. ABSTRACT The present research aims to evaluate the performance of the Water Distribution Mains in the municipality of Vila Real, through the carrying out of global water balances and diagnostic indicators, referring to the period between 2005 and 2006. The level of losses came out to be lower than the country’s average and the number of ruptures occurring in laterals and in the general main decreased from 2005 to 2006. By means of a questionnaire, it was intended to evaluate the consumers’ awareness in relation to water loss, as well as to analyse their opinions regarding the performance of the managing company, coming to the conclusion that the outcome was globally positive. Keywords: water distribution networks, state of preservation of the network, maintenance actions, cadastre, losses, leakages, ruptures, water balance, network sectorization. XI ÍNDICE GERAL DEDICATÓRIA VII AGRADECIMENTOS IX RESUMO / ABSTRACT XI ÍNDICE GERAL XIII ÍNDICE DE FIGURAS XVII ÍNDICE DE GRÁFICOS XIX ÍNDICE DE TABELAS XXI ÍNDICE DE SIGLAS / ABREVIATURAS INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 XXIII 1 ÁGUA 3 1.1 ÁGUA NO MUNDO 3 1.1.1 1.1.2 1.1.3 1.1.4 Quadro Legal Reservas Mundiais de Água Consumo de Água Stress Hídrico 4 7 10 12 1.2 PLANEAMENTO E GESTÃO DA ÁGUA - SUA APLICAÇÃO EM PORTUGAL 14 1.2.1 1.2.2 1.2.3 1.2.4 Situação Nacional Água e Desenvolvimento Sustentável Utilização eficiente da Água Economia da Água 1.2.4.1 Directiva–Quadro da Água 1.2.4.2 Regime económico e financeiro 1.2.4.3 Mercado da água 1.2.4.4 Política de Preços CAPÍTULO 2 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA 16 18 21 24 25 25 26 26 29 2.1 ENQUADRAMENTO GERAL 29 2.2 DIAGNÓSTICO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO 31 2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.2.4 31 34 35 39 2.3 Caracterização de Perdas - Factores Determinantes Indicadores de Desempenho Modelação de Redes de Distribuição de Água (EPANET) Necessidades de Reparação do Sistema ESTUDOS EFECTUADOS SOBRE PERDAS 41 XIII 2.4 RECENTES AVANÇOS NO DOMÍNIO DA DETECÇÃO E CONTROLO DE PERDAS 44 2.4.1 Actuação Internacional na Redução das Perdas de Água 2.4.2 Estratégia de Redução das Perdas de Água 2.4.2.1 Controlo de Perdas na Austrália 2.4.2.2 Controlo de Perdas na América do Norte 2.4.2.3 Controlo de Perdas na Europa 45 45 49 51 54 CAPÍTULO 3 57 ENTIDADES GESTORAS EM PORTUGAL 3.1 ENTIDADES RESPONSÁVEIS PELA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 57 3.2 ENTIDADES RESPONSÁVEIS PELA GESTÃO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO 3.2.1 Cobertura do Serviço de Água 3.2.2 Número de Consumidores CAPÍTULO 4 METODOLOGIA 57 60 61 63 4.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA 63 4.2 HIPÓTESE DE INVESTIGAÇÃO 64 4.2.1 Objectivos específicos 4.3 MÉTODOS E TÉCNICAS CAPÍTULO 5 5.1 SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO CONCELHO DE VILA REAL: CASO PRÁTICO CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO EM ESTUDO 5.1.1 Quadro Geográfico: o Concelho e a Cidade 5.1.2 Quadro Demográfico 5.2 XIV 64 65 67 67 67 69 CARACTERIZAÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA AO CONCELHO E SUAS INFRA-ESTRUTURAS BÁSICAS 71 5.2.1 Evolução do Abastecimento – Breve Resenha Cronológica 5.2.2 Gestão do Abastecimento 5.2.3 Caracterização da Entidade Gestora – EMARVR, EM 5.2.3.1 Criação da Empresa – Base Legal 5.2.3.2 Transição SMAS / EMARVR 5.2.3.3 Domínios de Actividade 5.2.4 Dados do Sistema de Abastecimento 5.2.4.1 Origens de Água, Sistemas de Abastecimento 71 77 82 82 82 83 84 85 5.2.4.2 5.2.4.3 Consumidores e Consumos Volume produzido / facturado 5.2.4.4 Caracterização das infra-estruturas do Sistema 5.3 86 92 97 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DAS PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO 104 5.3.1 Cálculo do Balanço Hídrico e Indicadores de Desempenho 5.3.2 Intervenções efectuadas na Rede no Período 2005 e 2006 5.3.2.1 Resultados relativos a 2005 5.3.2.2 Resultados relativos a 2006 5.3.2.3 Análise dos Resultados 5.3.3 Indicadores da Ocorrência de Roturas 5.3.4 Avaliação e Percepção dos Munícipes sobre as Perdas de Água 104 111 113 118 129 139 147 CONSIDERAÇÕES FINAIS 159 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS 161 BIBLIOGRAFIA 163 ANEXOS 171 XV ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1.1 Stress hídrico no planeta 13 FIGURA 2.1 Estruturação de rede em Zonas de Medição e Controlo 37 FIGURA 2.2 Sondagem acústica directa 39 FIGURA 2.3 Sondagem acústica indirecta 39 FIGURA 3.1 Formas organizativas do serviço de água 59 FIGURA 3.2 Entidades gestoras de sistemas multimunicipais 60 FIGURA 3.3 Cobertura do abastecimento de água 61 FIGURA 5.1 Mapa do Concelho de Vila Real 68 FIGURA 5.2 Aguadeiras de Vila Real, séc. XIX 72 FIGURA 5.3 Reservatório do Arcabuzado 73 FIGURA 5.4 Estação elevatória de Codessais 74 FIGURA 5.5 Barragem do Alvão (Cimeira) 75 FIGURA 5.6 Barragem do Alvão (Fundeira) 75 FIGURA 5.7 ETA do Alvão (Freguesia de Borbela) e reservatórios a jusante da ETA 75 FIGURA 5.8 Barragem do Sôrdo 77 FIGURA 5.9 Torre de captação 77 FIGURA 5.10 Estação de Tratamento de Água do Sôrdo 77 FIGURA 5.11 Plano Director de Abastecimento de Água "em Alta"- Grandes Sistemas até 80 2009 FIGURA 5.12 Plano Director de Abastecimento de Água "em Baixa"- Grandes Sistemas até 81 2009 FIGURA 5.13 Exemplos de obras de substituição da rede de água em conjunto com a execução 99 da rede pública de drenagem de esgotos domésticos FIGURA 5.14 Exemplo de um ramal antigo e mal concebido 100 FIGURA 5.15 Reservatório de Vila Seca, 1500 m3 101 FIGURA 5.16 Contador doméstico a substituir 103 FIGURA 5.17 Ligação directa à rede pública sem contagem (clandestina) 106 FIGURA 5.18 Ligação ilícita à rede pública 106 FIGURA 5.19 Uso fraudulento de hidrantes 106 FIGURA 5.20 Identificação dos locais de medição do sistema 107 FIGURA 5.21 Equipa do sector da exploração da EMARVR 112 FIGURA 5.22 Viaturas do sector da exploração da EMARVR 112 FIGURA 5.23 Número de roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral, nas diferentes 115 freguesias do Concelho XVII FIGURA 5.24 Número de substituições efectuadas nos ramais e na conduta geral, nas 116 diferentes freguesias do Concelho FIGURA 5.25 Número de roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral, nas diferentes 123 freguesias do Concelho FIGURA 5.26 Número de substituições efectuadas nos ramais e na conduta geral, nas 124 diferentes freguesias do Concelho FIGURA 5.27 Ocorrência de roturas - diferenças de comportamentos 143 FIGURA 5.28 Rotura de água 144 FIGURA 5.29 Reparação de rotura 144 XVIII ÍNDICE DE GRÁFICOS GRÁFICO 1.1 Consumos de agua no mundo (%) 11 GRÁFICO 2 1 Ineficiência de sistemas de abastecimento de agua (%) 30 GRÁFICO 5.1 População residente por freguesia ( hab) 69 GRÁFICO 5.2 Densidade populacional das freguesias do Concelho de Vila Real (hab/km2) 70 GRÁFICO 5.3 Categorização de consumidores e respectivos consumos (m3 ) 87 GRÁFICO 5.4 Consumos de água por tipo de clientes (média dos últimos seis anos) 87 GRÁFICO 5.5 Evolução do consumo doméstico por escalões 88 GRÁFICO 5.6 Evolução do número de leituras nos últimos seis anos 89 GRÁFICO 5.7 Evolução do número de clientes (aldeias e cidade) 89 GRÁFICO 5.8 Evolução do número de consumidores no Concelho – Período compreendido 90 entre 1970 e 2006 Evolução do consumo total por contagem ao longo do ano/aldeias (m3) 90 GRÁFICO 5.10 Evolução do consumo total por contagem ao longo do ano/cidade (m3) 91 GRÁFICO 5.11 Evolução do consumo total, por contagem, no período compreendido entre 92 GRÁFICO 5.9 2001 e 2006 GRÁFICO 5.12 Evolução do volume de água facturada e produzida 93 GRÁFICO 5.13 Volume de água facturado em 2006 – Distribuição por tipo de consumidores 95 GRÁFICO 5.14 Evolução das perdas de água - volume de água não facturado 96 GRÁFICO 5.15 Intervenções efectuadas nos ramais (%) 113 GRÁFICO 5.16 Intervenções efectuadas na conduta geral em 2005 (%) 114 GRÁFICO 5.17 Distribuição de frequências da duração média das intervenções 117 GRÁFICO 5.18 Justificação das Intervenções efectuadas nos ramais em 2006 120 GRÁFICO 5.19 Empresas que provocaram reparações de rede nos ramais 121 GRÁFICO 5.20 Empresas que provocaram reparações de rede na conduta geral 122 GRÁFICO 5.21 Intervenções efectuadas nos ramais aos fins-de-semana e feriados 125 GRÁFICO 5.22 Intervenções efectuadas na conduta geral aos fins-de-semana e feriados 126 GRÁFICO 5.23 Distribuição das intervenções por duração da suspensão do abastecimento (%) 129 GRÁFICO 5.24 Gráfico de perfil (ramais) 130 GRÁFICO 5.25 Gráfico de perfil (conduta geral) 130 GRÁFICO 5.26 Gráfico de perfil 131 GRÁFICO 5.27 Gráfico de perfil 132 GRÁFICO 5.28 Gráfico de perfil 133 GRÁFICO 5.29 Roturas de ramal por ano 135 GRÁFICO 5.30 Distribuição dos inquiridos por níveis de escolaridade (%) 149 XIX GRÁFICO 5.31 Avaliação do desempenho da EMARVR no controlo e redução perdas de água por freguesia XX 151 ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1.1 Quantidade de água no mundo 8 TABELA 1.2 Disponibilidade de água no mundo (m3/dia/pessoa) 9 TABELA 1.3 População versus recursos hídricos (%) 9 TABELA 1.4 Consumo de agua por habitante (l/hab/dia) 10 TABELA 1.5 Listagem dos países com maior e menor quantidade de agua 12 TABELA 1.6 Listagem de programas por eixo de actuação e intervenção 20 TABELA 1.7 Hábitos domésticos para racionalização hídrica 23 TABELA 2.1 Indicadores de desempenho recomendados pelo IWA 35 TABELA 2.2 Fases da reabilitação 40 TABELA 2.3 Algum software disponível para calculo do balanço hídrico e dos indicadores do 46 desempenho para serviços de abastecimento de agua TABELA 2.4 Atribuição de ILIs ao sistema World Bank Institute Banding (Bandas do sistema 47 do instituto do Banco Mundial TABELA 2.5 Actividades prioritárias para as bandas WBI de A a D 48 TABELA 5.1 Evolução do número de leituras nos últimos seis anos 88 TABELA 5.2 Redes de distribuição de água 98 TABELA 5.3 Ramais de água existentes 100 TABELA 5.4 Componentes do balanço hídrico de 2005 108 TABELA 5.5 Componentes do balanço hídrico em 2006 109 TABELA 5.6 Medidas de tendência central e de dispersão 118 TABELA 5.7 Medidas de tendência central e de dispersão 126 TABELA 5.8 Distribuição de frequências dos meios humanos envolvidos 127 nas intervenções de 2006 TABELA 5.9 Medidas de tendência central e de dispersão 128 TABELA 5.10 Substituições de rede efectuadas por ano 136 TABELA 5.11 Roturas em ramais, ocorridas em 2005 139 TABELA 5.12 Roturas na conduta geral, ocorridas em 2005 140 TABELA 5.13 Roturas nos ramais, ocorridas em 2006 140 TABELA 5.14 Roturas na conduta geral, ocorridas em 2006 140 TABELA 5.15 Substituições de ramais, efectuadas em 2005 141 TABELA 5.16 Substituição da conduta geral, efectuada em 2005 141 TABELA 5.17 Substituições de ramais, efectuadas m 2006 141 XXI TABELA 5.18 Substituição da conduta geral, efectuada em 2006 142 TABELA 5.19 Indicadores de ocorrência de roturas 142 TABELA 5.20 Plano de redução de perdas de água 146 XXII ÍNDICE DE SIGLAS / ABREVIATURAS ADP Águas de Portugal AEPSA Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente APESB Associação Portuguesa para Estudos de Saneamento Básico APRH Associação Portuguesa de Recursos Hídricos ARH Administrações de Região Hidrográfica ATMAD Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro AWWARF American Water Works Association Research Foundation AZP Average Zone Point (Valor Médio da Zona) BI Boca de incêndio CARE-W Computer Aided Rehabilitation of Water Networks CCDR Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional CEE Comunidade Económica Europeia CNA Conselho Nacional da Água CmN Caudal Mínimo Nocturno CRH Conselho Região Hidrográfica DL Decreto Lei DQA Directiva Quadro da Água DRA Direcção Regional do Ambiente DVGW A Deutsche Vereinigung des Gas- und Wasserfaches (Associação Alemã de Peritos em Gás e Água) EMARVR Empresa Municipal de Água e Resíduos de Vila Real EPAL Empresa Portuguesa de Águas Livres ETAR Estações de Tratamento de Águas Residuais EUA Estados Unidos da América hab Habitante IA Instituto do Ambiente INAG Instituto Nacional da Água INE Instituto Nacional de Estatística INSAAR Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais IRAR Instituto Regulador de Águas e Resíduos IST Instituto Superior Técnico XXIII IWA International Water Association (Associação Internacional da Água) IWSA International Water Supply Association km2 Quilómetros quadrados l Litro LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil LQA Lei-quadro da Água MADRP Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas MAOT Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território MCOTA Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente m3 Metro cúbico n. º Número NDFs Night Day Factors (Factores Noite / Dia) ONU Organização das Nações Unidas PEAASAR Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Água Residuais PNA Plano Nacional da Água QUERCUS Associação Nacional de Conservação da Natureza SMAS Serviços Municipalizados de Água e Saneamento UE União Europeia UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância (United Nations Children‘s Fund) UN/WWAP Organização das Nações Unidas/ Programa de Avaliação da Água Mundial (United Nations/World Water Assessment Program) UTAD Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro USEPA United States Environmental Protection Agency WBI World Bank Institute (Intituto do Banco Mundial) WBWC Wide Bay Water Corporation WLTF Water Loss Task Force WSAA Water Services Association of Austrália (Associação dos Serviços de Água da Austrália) WWC World Water Council (Conselho Mundial da Água) ZMC Zonas de Medição e Controlo XXIV INTRODUÇÃO A água assume-se como a riqueza natural mais valiosa do próximo milénio. Assim, num mundo cada vez mais necessitado deste líquido precioso, justifica-se a imediata detecção e neutralização de fugas e roturas, evitando a perda desnecessária de um bem escasso e essencial à vida. Constituindo um dos problemas sérios da actualidade, a falta de eficiência na gestão dos sistemas de abastecimento de água limita o desenvolvimento económico, tem efeitos profundos no meio ambiente e afecta o conforto da sociedade. As perdas de água em sistemas de adução e distribuição representam um dos principais exemplos dessa situação. Actualmente, as sociedades desenvolvidas esperam não só o acesso fácil a este recurso, mas também elevados padrões de qualidade no seu abastecimento. Esta exigência subentende a garantia do fornecimento contínuo de água em quantidade e qualidade. Contudo, estes requisitos dependem do comportamento hidráulico de cada sistema, uma vez que, muitos deles apresentam deficiências operacionais motivadas, entre outros factores, pela falta de manutenção adequada. É certo que nas últimas décadas, na sequência da melhoria da qualidade de vida, o sector de abastecimento de água em Portugal e as Autarquias Locais têm reunido esforços na construção de novas infra-estruturas, com o objectivo de garantir a distribuição de água potável para consumo doméstico. Consequentemente, foram canalizados grandes investimentos para este sector num período demasiado curto, que limitou, a longo prazo, um adequado planeamento operacional assim como o controlo de qualidade efectiva dos sistemas que se construíram. Este desfasamento poderá pôr em causa a qualidade e a longevidade de algumas destas infra-estruturas. A falta de resposta às questões ligadas ao planeamento, à operação e à manutenção dos sistemas, poderá ser a causa das deficiências actualmente existentes. Perante esta realidade e cientes da complexidade dos sistemas públicos de abastecimento de água, bem como da diversidade de órgãos e juntas existentes, é inevitável a ocorrência de perdas de água que podem atingir uma percentagem importante do consumo total, com consequências económicas e ambientais muito negativas (Alegre et al, 2005). Perspectivando a melhoria da qualidade do serviço prestado aos seus clientes, no intuito de contribuir para o aumento da eficiência, as entidades gestoras portuguesas, públicas ou privadas, enfrentam novos desafios colocados pela Directiva-Quadro e pelo Plano Estratégico, CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 1 procurando atender a múltiplos aspectos da gestão operacional e estratégica dos sistemas, de modo a alcançar níveis de qualidade existentes nalguns dos países mais avançados da Europa. Para a realização desta dissertação houve a preocupação de conhecer a realidade do desempenho do sistema de distribuição de água do Município de Vila Real e apontar caminhos para a resolução de alguns dos seus problemas. 2 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL CAPÍTULO 1 ÁGUA Antes de analisarmos na íntegra a problemática em estudo, pensa-se que será deveras enriquecedor sintetizar os conhecimentos actuais que possuímos sobre este recurso. 1.1 ÁGUA NO MUNDO “A água é a seiva do nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todos os seres vivos (…)” (ONU, 1992) Se este pressuposto estiver sempre presente em cada ser humano, então ele próprio será capaz de recriar as condições necessárias para a água que ele mesmo destruiu. A nossa colaboração é preciosa para que a água nunca falte. Tal como disse Leonardo da Vinci, a água é um dom divino da Natureza. Este recurso, desde os primórdios, é considerado fundamental para a sobrevivência das civilizações humanas e, em geral, para a manutenção do equilíbrio da Natureza. Nas artes, sempre foi usado como símbolo de vida. Actualmente, a procura de vida noutros planetas do sistema solar passa pela investigação da existência de água revelando, uma vez mais, o valor deste bem na origem da vida. É um elemento vital que devemos preservar, já que a maior parte do peso de um organismo é formado por água. No organismo humano, por exemplo, cerca de 70% do corpo corresponde a água. Dela, depende a nossa alimentação, a própria qualidade de vida e todas as actividades humanas, desde a agricultura, indústria, saúde, desporto, cultura, produção de energia, transportes, entre outros. Este elemento é o principal componente do ambiente onde habitam as plantas e os animais. É, por isso, decisiva para todas as dimensões do desenvolvimento sustentável do planeta (Gunston, 1981). Com a pretensão de centrar a atenção de todos os cidadãos em algo essencial, de importância em termos mundiais, a Organização das Nações Unidas - ONU decretou em 22 de Março de 1992 o “Dia Mundial da Água”, declarando os seus direitos universais. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 3 Todavia, reconhecida a sua importância a vários níveis, esta data deveria ser comemorada todos os dias do ano. O ano de 2003 foi declarado “Ano Internacional da Água Doce” de modo a sensibilizar os cidadãos para a racionalização do seu uso e consumo. Pela sua importância à escala mundial, a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - definiu o período compreendido entre 2005 e 2015, como sendo a década internacional para Acção “Water for Life” (UN/WWAP, 2003a). 1.1.1 QUADRO LEGAL Ao longo dos últimos anos assistiu-se a um período de transformação no que diz respeito à matéria institucional dos recursos hídricos. Em Portugal, a consagração constitucional do ambiente como direito do cidadão deu-se em 1976 culminando com a entrada em vigor da nova lei-quadro da água. Recorde-se que a Directiva Quadro 2000/60/CE da Água, entrou em vigor em Dezembro de 2000 e foi transposta em 2005, reflectindo uma nova abordagem da política de gestão da água, centrada na protecção do ambiente: “a água não é um produto comercial como outro qualquer, mas um património que deve ser protegido, defendido e tratado como tal” - (DQA, 2005). Do ponto de vista jurídico, a legislação aplicável promulgada pelos organismos da União Europeia é cada vez mais determinante. Um dos princípios mais importantes da nova geração normativa é, sem dúvida, a importância de manter saudáveis os ecossistemas aquáticos, como forma de garantir a qualidade da água para os diversos usos humanos. Assim, através da legislação, cada vez mais o Estado Português regulamenta e define os usos da água. Não é suficiente ter água em quantidade disponível, no tempo ou no lugar, é necessário ter a quantidade e a qualidade compatível com o uso. A facilidade de dissolução de substâncias na água implica uma malha legal cada vez mais apertada sobre as rejeições, pelo que faz todo o sentido fazer uma resenha da moldura legal sobre usos e protecção da água que, total ou parcialmente, estão em vigor desde o início da década de noventa. Assim, de acordo com o artigo “Gestão Sustentável dos Recursos Hídricos: A Situação Portuguesa e os Desafios da União Europeia” (Costa et al, 2006) efectuado e apresentado no Congresso do Douro, realizado em Zamora, nos dias 27, 28 e 29 de Abril de 2006, expõe-se a legislação mais relevante no domínio da água: y DL n.º74/90 de 7 de Março: Norma de qualidade a que as águas superficiais devem obedecer em função dos respectivos usos (Revogado parcialmente pelo DL nº 236/98); 4 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL y DL n.º45/94 de 22 de Fevereiro: Define o processo de planeamento dos recursos hídricos. Está na origem do Plano Nacional da Água e na origem dos Planos de Bacia Hidrográfica; y DL n.º46/94 de 22 de Fevereiro: Define o regime de licenciamento das utilizações do domínio hídrico; y DL n.º47/94 de 22 de Fevereiro: Define o regime económico e financeiro das utilizações do domínio público hídrico; y DL n.º207/94 de 6 de Agosto: Define a responsabilidade das entidades gestoras dos sistemas de distribuição pública de água e de drenagem pública de águas residuais; y DL n.º23/95 de 23 de Agosto: Estabelece as normas relativas à concepção dos sistemas de distribuição de água e drenagem de águas residuais; y DL n.º152/97 de 19 de Junho: Tem como objecto a protecção das águas dos efeitos das descargas de águas residuais urbanas, e identifica as “zonas sensíveis” e “zonas menos sensíveis”. Trata-se da transposição para direito interno a Directiva n.º 91/271/CE; y DL n.º235/97 de 3 de Setembro: Transpõe para o direito interno a Directiva n.º 91/676/CE, também conhecida por Directiva Nitratos, relativa à protecção das águas contra a poluição por nitratos de origem agrícola; y Portaria n.º 1037/97, de 1 de Outubro: Enuncia as “zonas vulneráveis” previstas na transposição da Directiva Nitratos e estabelece zonas sujeitas a posteriores portarias: Portaria n.º 546/98 de 18 de Agosto cria o programa de acção para a Zona Vulnerável n.º 1 do Aquífero de Esposende a Vila do Conde; Portaria n.º 622/98, de 28 de Agosto, cria o programa de acção para a Zona Vulnerável n.º 2 do Aquífero Quaternário de Aveiro; y Portaria n.º 704/2001, de 11 de Julho: Cria o programa de acção para a Zona Vulnerável n.º 3 do Aquífero Miocénico e Jurássico da Campina de Faro; y DL n.º236/98, de 1 de Agosto: Normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhor qualidade das águas em função dos seus principais usos. Transpõe para o direito interno a Directiva n.º 75/440/CEE (relativa à qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano) e a Directiva n.º 79/869/CEE (relativa aos métodos analíticos e frequência de amostragens para as mesmas águas. Também transpõe as Directivas do uso balnear e fins piscícolas). Revoga o DL n.º74/90, mas mantém o regime de licenciamento na CCDR (ex-DRA) DL n.º46/94. Este decreto está parcialmente revogado pelo DL n.º 243/2001 de 5 de Setembro; y Decreto-Lei n.º 56/99, de 26 de Fevereiro: Transpõe para o direito interno a Directiva n.º 86/280/CEE, relativa aos valores limite e aos objectivos de qualidade para a CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 5 descarga de certas substâncias perigosas, e a Directiva n.º 88/347/CEE, que altera o anexo II da Directiva n.º 86/280/CEE. (Declaração de Rectificação nº 10-S/99, de 30 de AbrilSuplemento); y Resolução da Assembleia da República n.º 66/99, de 17 de Agosto: Aprova, para ratificação, a Convenção sobre Cooperação, para a Protecção e o Aproveitamento Sustentável das Águas das Bacias Hidrográficas Luso-Espanholas e o Protocolo Adicional, assinados em Albufeira em 30 de Novembro de 1998; y Portaria n.º 462/2000, de 25 de Março: Aprova o Plano Nacional Orgânico para a melhoria das origens superficiais de água destinadas à produção de água potável; y Decreto-Lei n.º 194/2000, de 21 de Agosto: Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva 96/61/CE relativa à prevenção e controlo integrados da poluição, também conhecida como Directiva IPCC; y Directiva 2000/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho: Estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da política da água, também designada DirectivaQuadro da Água; y Decreto-Lei n.º 112/2002 de 17 de Abril: Aprova o Plano Nacional da Água, documento central de gestão da água. O enquadramento institucional da água assume um cariz fundamental para o bom desempenho do sector, uma vez que define responsabilidades dos intervenientes, regras de funcionamento e adequada articulação com sectores próximos, como a drenagem e tratamento de águas residuais, os recursos hídricos e o ordenamento do território. Contudo, para além da complexidade legislativa acima citada, existem ainda várias publicações com impacto nas práticas correntes das entidades gestoras de água e saneamento. Entre estas publicações destacam-se: Código de Boas Práticas Agrícolas, (M.A.D.R.P., 1997); Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais (M.A.O.T., 2000); Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano (M.C.O.T.A., 2002); Indicadores de Desempenho para Serviços de Abastecimento de Água (Alegre et al, 2004b); Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (M.A.O.T., 2001). No Âmbito dos trabalhos desenvolvidos nos finais da década de 80, inícios de 90, ao nível do planeamento físico, nomeadamente os Planos Directores Municipais, foi criada uma malha reguladora estruturante de todo o território, com toda a informação necessária ao cidadão sobre as actividades económicas legais e legalizáveis. Este esclarecimento e transparência assumiram-se cruciais para o despertar da consciência ambiental a que hoje se 6 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL assiste. Tanto ao nível dos Planos Directores Municipais bem como a outros níveis, a articulação do ordenamento do território com a gestão dos recursos hídricos deve ser rigorosa. O rápido desenvolvimento económico de Portugal, no contexto da adesão à União Europeia, assim como a constante e progressiva escassez de água, tem obrigado o nosso País a uma agilização da evolução legal. Além do que, a pressão económica e ambiental que actualmente se vive é também acompanhada por um crescente rigor nos padrões de qualidade, que se encontram traduzidos e avaliados por uma complexidade analítica desses mesmos parâmetros. O factor qualidade tornou-se mensurável (Santo, 1983). 1.1.2 RESERVAS MUNDIAIS DE ÁGUA Contrariamente ao que se pensa, a quantidade total de água no planeta tem permanecido imutável, por sua vez, o que se tem alterado é a sua distribuição e o seu estado. A mudança do estado da água na natureza (sólido, líquido e gasoso) designa-se por ciclo hidrológico, correntemente designado por ciclo da água. Sem querer cair numa explicação exaustiva do seu funcionamento, culturalmente conhecido por todos, refere-se apenas que se trata de uma sequência de maravilhas da natureza, pelas quais a água percorre da superfície terrestre para a atmosfera, na fase de vapor, e regressa, nas fases líquida e sólida, percorrendo desde o mais simples ao mais complexo dos caminhos. Embora não existam dados rigorosos sobre a percentagem de água presente no planeta, devido à dificuldade no rigor da sua quantificação, admite-se actualmente, de acordo com os dados pesquisados no I.N.A.G, que os oceanos, os mares, os pólos, a neve, os lagos e os rios cubram, aproximadamente, cerca de dois terços da superfície terrestre, daí, a conotação de Planeta Azul. Todavia, 97% dessa água é salgada, uma vez que está concentrada em mares e oceanos. A quantidade de água restante, menos de 3%, representa água doce, encontrando-se distribuída pelos continentes, quer à superfície sob a forma de gelo ou neve, quer abaixo da superfície terrestre, pelo que a quantidade de água doce existente não se encontra disponível na sua totalidade. Cerca de 2% encontra-se nos glaciares do Pólo Norte e Sul sob o estado sólido, portanto inacessível, permanecendo uma pequena porção na atmosfera sob a forma de vapor. Conclui-se assim que apenas 1% da água doce existente nos lagos, rios, barragens e na atmosfera está disponível para ser utilizada pelo homem, para consumo próprio e para as suas actividades, pelos animais e pelas plantas. Contudo, mesmo esta porção carece de tratamento antes de ser consumida, por se encontrar habitualmente poluída. A água superficial, CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 7 distribuída pelos rios, canais, ribeiras, lagos, bacias de retenção e albufeiras, está por isso mais susceptível à poluição, bem como a subterrânea, que se encontra infiltrada no subsolo em aquíferos ou lençóis freáticos. Ambas carecem de tratamento prévio para poder ser consumida pelo homem (Gunston, 1981). A tabela 1.1 mostra como a água se encontra distribuída na Terra, em termos percentuais. Dela se constata que existem no Mundo cerca de 1.300 milhões de m3 de água, o que traduz ser um recurso abundante, em termos globais. No entanto, só uma percentagem muito reduzida está disponível para consumo humano. Tabela 1.1 - Quantidade de água no mundo (Adaptado de KORZOUN et al, 1978) ÁREA (106 km2) VOLUME (km3) 361,3 1.338.000.000 96,5 Doce 134,8 10.530.000 0,76 Salina 143,8 12.870.000 0,93 Humidade no solo 82,0 16.500 0,0012 0,05 Gelo Polar 16,0 24.023.500 1,7 68,6 Gelos não polares e neves 0,3 340.600 0,025 1,0 Doce 1,2 91.000 0,007 0,26 Salina 0,8 85.400 0,006 2,7 11.470 0,0008 0,03 Rios 148,8 2.120 0,0002 0,006 Água biológica 510,0 1.120 0,0001 0,003 Água atmosférica 510,0 12.900 0,001 0,04 ÁGUA TOTAL 510,0 1.385.984.610 100 ÁGUA DOCE 148,8 35.029.210 2,5 ÁGUA Oceanos Subterrânea Lagos Pântanos ÁGUA TOTAL ÁGUA DOCE % % 30,1 100 Segundo a ONU, a quantidade de água necessária por habitante é de 2.500 m3 por ano. Atendendo que esta se encontra irregularmente distribuída pelas diferentes regiões do Mundo e que grande parte dessas regiões carece deste recurso, o pressuposto da ONU revela-se preocupante (Tabelas 1.2 e 1.3). 8 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Tabela 1.2 – Disponibilidade de água no mundo (m3/dia/pessoa) (Adaptado de UN/WWAP, 2003b) CONTINENTE ÁREA (103km2) POPULAÇÃO DISPONIBILIDADE (milhões de (m3/dia/pessoa) habitantes) Europa 10 500 498 18 Ásia 43 475 3 108 13 África 30 120 648 19 América do Norte 24 200 426 53 América do Sul 17 800 297 108 Tabela 1.3 – População versus recursos hídricos (%) (Adaptado de UN/WWAP, 2003b) POPULAÇÃO (%) RECURSOS HÍDRICOS (%) Europa 13 8 Ásia 60 35 África 13 11 América do Norte 8 15 América do Sul 6 26 Oceânia <1 5 CONTINENTE Acreditava-se que a reduzida parcela de água doce existente no planeta seria suficiente para abastecer os 6 biliões de habitantes em todo o mundo. Contudo, segundo a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos de metade da população mundial tem acesso a água potável. É devido à falta de água que vastas regiões da África, Ásia, América do Sul e Austrália são despovoadas, ao invés de serem produtivas e prósperas. A situação também é crítica no México, Hungria, Índia, China e Tailândia. A estes países cabe desenvolver urgentemente tecnologias que permitam a captação, armazenamento e preservação da água. Segundo o geólogo Pedro Jacobi (2006), Brasil, Rússia, China e Canadá são os países que dispõem de stocks hídricos invejáveis. Contudo, dentro dos próprios países também se verifica uma distribuição desigual da água no espaço e no tempo. As cheias e as secas ocorridas em Portugal são manifestações extremas desta desigualdade. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 9 1.1.3 CONSUMO DE ÁGUA O homem não sobrevive muitos dias sem água. Tendo por base esta premissa, não admira que o primeiro acto de gestão consciente das utilizações da água se centre no seu uso directo para o homem, o que levou a comunidade a fixar-se em redor das zonas com água. Londres, Paris, Barcelona e Nova Iorque são exemplos de grandes capitais mundiais que se desenvolveram nas margens dos rios. O mesmo se verificou em Portugal com as cidades de Lisboa, Porto, Coimbra, Aveiro, entre outros. Deste modo, a presença de cursos de água no território constitui uma condição de localização e implantação urbana. Além disso, a transição de uma sociedade rural para uma sociedade urbana é acompanhada de um aumento significativo do consumo de água, consequente da expansão urbanística e da industrialização, elevando desta forma o nível de vida das sociedades. Para Peixoto (1977), o consumo de água por habitante é um dos indicadores mais importantes para avaliar o nível de vida de uma sociedade. O consumo por habitante é significativamente maior nos países desenvolvidos do que nos países em via de desenvolvimento, tal como é evidenciado na tabela 1.4. Tabela 1.4 – Consumo de água por habitante (Adaptado de Jacobi, 2006) PAÍS Continente Africano Nova Iorque CONSUMO DE ÁGUA (per capita) 10 a 15 l/hab/dia 2 000 l/hab/dia Portugal 161 l/hab/dia Escócia 410 l/hab/dia Estados Unidos/Canadá 300 l/hab/dia Austrália 270 l/hab/dia A tabela 1.4 mostra a grande amplitude de variação do consumo doméstico per capita em diferentes países. Note-se que o consumo mínimo necessário à sobrevivência de cada ser humano é de dois litros de água potável por dia, o que representa menos de um metro cúbico por ano. Segundo alguns dados estatísticos do crescimento demográfico e atendendo às taxas de crescimento dos consumos de água registadas no último século, verifica-se que estas são consideravelmente superiores às da evolução populacional, apresentando grandes diferenças nos consumos médios por habitante, variando entre os 300 l/hab/dia nos Estados Unidos e 10 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL menos de 20 l/hab/dia em alguns países do Continente Africano. Perante esta desigualdade social, a gestão da água gerou de uma ou outra forma, escassez e insuficiência para os processos naturais. Parafraseando Coelho (2001)., “(…) prevê-se que a procura da água excederá o abastecimento sustentável a curto prazo(…)”. Há pelo menos trinta anos que a ONU tem vindo a alertar para uma crise de abastecimento de água potável. Actualmente, a procura da água já supera a oferta, mas a situação poder-se-á tornar ainda mais crítica no futuro, atingindo proporções inéditas, consequência dos padrões de vida cada vez mais elevados. Prevê-se que o uso da água aumente em 40% e sejam necessários mais 17% para a produção de alimentos em 2025 (IA, 2005b). É pois necessário que a gestão da água se oriente de forma a assegurar o bom funcionamento dos ecossistemas aquáticos e terrestres. A gestão da oferta de água tem de ser completada com gestão da procura de água (Henriques, 2003). Em Portugal, de acordo com os valores dos consumos de água manifestos no Plano Nacional da Água e disponibilizados pelo Instituto Nacional da Água – INAG, a agricultura é o sector que apresenta o maior consumo, perfazendo 75% do total nacional. O sector energético consome cerca de 14%, o sector doméstico não utiliza mais do que 7% e a indústria 4%. A percentagem utilizada no sector do turismo não é significativa. Gráfico 1.1 – Consumos de Água no Mundo (Adaptado de UN/WWAP, 2003b) 74,4 80 73 Portugal 70 Europa Mundo 60 50 40 33 40 30 20 10 0 16 6,7 6 21 11 4,4 Doméstico Comércio Industria 14 0,4 Agricultura Energia Turismo Do gráfico 1.1 conclui-se que o consumo agrícola verificado em Portugal está muito próximo do nível mundial. Os restantes consumos encontram-se abaixo dos níveis registados na Europa e no mundo. Contudo, nem toda a água consumida chega a ser utilizada devido a deficiências no sistema, como acontece por exemplo no sistema de rega do sector agrícola, onde 60% da água consumida é desperdiçada (UN/WWAP, 2003b). CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 11 1.1.4 STRESS HÍDRICO No século XX, o consumo mundial duplicou comparativamente ao crescimento populacional. Atendendo que a população universal no ano 2000 era de 6,1 mil milhões de pessoas, concentrando-se a sua maioria em países em desenvolvimento com problemas de stress hídrico, as Nações Unidas previram que em 2050 haverá mais três mil milhões de pessoas a sofrer do mesmo, totalizando mais de 9,2 mil milhões de pessoas a sofrer de escassez hídrica (UN, 2005). Em Março de 2003, as Nações Unidas apresentaram uma relação dos países com maior e menor quantidade de água, conforme ilustra a tabela 1.5. Tabela 1.5 – Listagem dos países com maior e menor quantidade de água (Adaptado de ONU, 2003) PAÍSES COM MAIOR QUANTIDADE PAÍSES COM MENOR QUANTIDADE DE ÁGUA DE ÁGUA Guiana Francesa Kuwait Islândia Faixa de Gaza Guiana Emirados Árabes Unidos Suriname Bahamas Congo Qatar Dos países com menor quantidade de água destacam-se o Kuwait com 10 m³ anuais por habitante, seguido da Faixa de Gaza (52m³) e dos Emirados Árabes Unidos (58m³). Por outro lado, excepto a Gronelândia e o Alasca, a Guiana Francesa é o país com maior oferta (812.121 m³), seguida por Islândia (609.319 m³), Guiana (316.698 m³) e Suriname (292.566 m³). Regiões como o Médio Oriente, o Norte de África e o Sul da Ásia, enfrentam uma escassez crónica de água. Segundo o relatório do quarto fórum mundial da água, efectuado na Cidade do México e produzido pelo Worl Water Council - WWC (Conselho Mundial da Água), no qual estiveram presentes representantes de 121 países, a situação africana revela-se a mais crítica do mundo. Stress Hídrico é um conceito que se refere à diferença entre a água utilizada e a disponível em recursos naturais, manifestando-se sempre nas situações em que a água existente não é suficiente para toda a procura, quer seja para uso doméstico, agrícola ou industrial. Por isso, o stress hídrico encontra-se em regiões fortemente povoadas, onde a procura é grande. O continente africano tem 300 milhões de habitantes, o que representa cerca de 5% da população mundial e utiliza cerca de 3,8% do total de água doce disponível no 12 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL planeta. De acordo com o mapa da figura 1.1, extraído da própria página web do WWC, a situação universal de stress hídrico é heterogénea. Figura 1.1 – Stress Hídrico no planeta (Adaptado de http://www.worldwatercouncil.com, 1999) Nenhum 0 Baixo Médio 0.1 0.2 Elevado 0.4 Muito Elevado 0.8 Sobre esta questão existem algumas divergências entre os dados publicados, uma vez que a informação contida neste mapa contradiz o relatório anteriormente citado. É certo que alguns países africanos, têm feito rápidos progressos na cobertura de água potável. A Tanzânia e a Namíbia são exemplos dessa situação (WHO/UNICEF, 2004). Factores como o crescimento populacional e a expansão desordenada das cidades, entre outros, são responsáveis pela saturação de reservas naturais de água, exigindo a procura de fontes de captação alternativas. O stress hídrico é, portanto, o resultado do aumento do consumo, da sobre-exploração das águas superficiais e subterrâneas, do ressecamento de rios, da eutrofização, da poluição, más práticas de rega, do desperdício, fugas em sistemas de distribuição de água, utilização ineficiente pela indústria, da falta de sensibilização para o seu uso sustentável, da educação ambiental, entre outros. A degradação da qualidade da água subterrânea e superficial tem aumentado em níveis alarmantes, nos últimos cinquenta anos. A urbanização, a agricultura intensiva, a rejeição das águas residuais, a deposição de dejectos animais, agro-industriais e de detritos de actividades extractivas, ameaçam seriamente a qualidade da água, podendo gerar graves problemas para a saúde pública. Estima-se que até 2025, em determinadas regiões, dois terços da população mundial, viva em situação grave de escassez de água. Os líderes mundiais, aquando da Cimeira do Milénio das Nações Unidas, realizada em Setembro de 2000, na cidade de Nova Iorque, comprometeram-se a reduzir para metade a CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 13 percentagem de pessoas que não dispõem de acesso a água potável ou não dispõem de meios financeiros para a adquirir. E, em 2002, foi aprovada pela Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, efectuada em Joanesburgo, a redução para metade, da percentagem de cidadãos sem serviço de saneamento básico até 2015 (UN, 2003). Trata-se de um desafio que deve ser coordenado pelos governos, consumidores e investidores de forma a se tornar real. Será, certamente, o grande desafio da humanidade para o futuro próximo. Do prescrito pelo director geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, sobressai que "(…) de todas as crises sociais e naturais que os seres humanos devem enfrentar, a dos recursos hídricos é a que mais afecta a nossa própria sobrevivência e a do planeta". 1.2 PLANEAMENTO E GESTÃO DA ÁGUA - SUA APLICAÇÃO EM PORTUGAL Este estudo será fundamentalmente centralizado nas questões ligadas a perdas de água nos sistemas públicos de adução e distribuição. Ainda assim, ter-se-ão em conta as questões ambientais em geral e as questões ligadas à gestão dos recursos hídricos em particular, agregando ainda as questões económicas e sociais. Na questão de desenvolvimento económico-social, a água foi objecto de diversos estudos, principalmente no que diz respeito aos problemas de irrigação, produção de energia hidroeléctrica, abastecimento às populações e regularização fluvial, ficando por se avaliar outras das suas utilizações. Relativamente ao planeamento regional e ordenamento do território, as bacias hidrográficas não foram devidamente consideradas para a determinação das regiões de planeamento, tal como é analisado na obra “A Gestão da Água” (Cunha et al, 1980). Além das questões ligadas à quantidade e qualidade, distribuição espacial e temporal, os problemas dos recursos hídricos são ainda agravados por situações de utilização partilhada de bacias hidrográficas, tal como acontece em Portugal, que partilha com Espanha cinco bacias hidrográficas: Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana. Os problemas referidos têm-se vindo a agravar com o passar dos anos, à medida que foram aumentando as solicitações referentes à utilização deste recurso. Com efeito, revela a necessidade de implementação de uma adequada política de gestão de recursos hídricos que tenha em vista um melhor aproveitamento da água disponível e um planeamento prudente da utilização deste recurso. Os acordos com o país vizinho são fundamentais na consideração de todas as utilizações da água, bem como na fixação dos caudais e níveis de qualidade das águas que entram em Portugal. Em suma, uma eficiente gestão passa pelo reconhecimento da água como factor de desenvolvimento dos diversos 14 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL sectores de actividades económicas e sociais: agricultura, indústria, comércio, pescas, saneamento básico, ambiente, obras públicas, turismo, navegação, entre outros (Cunha et al, 1980). As alterações climáticas globais, intensificadas nas últimas décadas, causadas principalmente pela actividade humana, irão potenciar a intensidade das situações de escassez e de carência de água, devido à alteração do padrão de distribuição da precipitação, causado pela diminuição da quantidade disponível e pela degradação da qualidade da água existente, aumentando os problemas de planeamento e gestão dos recursos hídricos com impactos significativos sobre a agricultura, entre outras actividades económicas (Baptista et al, 2001). Desta forma, o planeamento e gestão dos recursos hídricos constituem uma das actividades de maior relevância para assegurar uma gestão sustentável da água, baseada na poupança, na eficiência e no respeito pela manutenção da qualidade das nossas águas subterrâneas e superficiais. Saliente-se alguns pensamentos de estudiosos quanto a esta problemática: y “O planeamento de recursos hídricos constitui uma das actividades de maior relevância para assegurar uma gestão sustentável da água…” (Correia, 2000). y “Existe uma necessidade gradual e premente de planear o uso da água. Essa vontade culmina no processo de elaboração do PNA (Plano Nacional da Água) e PBH (Plano de bacia Hidrográfica), envolvendo equipas pluridisciplinares, que, aplicando processos e metodologias, reflectem e delineiam estratégias conducentes ao planeamento aplicado à água…” (Fernandes, 2002). A água é um recurso cada vez mais escasso. Segundo Vieira1 (1999), a sua escassez, associada à enorme progressão do crescimento da população, aponta para que o sector do abastecimento de água seja um sector de grande complexidade. Por esse motivo a gestão de recursos hídricos tende a ser uma área de grande importância neste século. Segundo o mesmo, embora Portugal esteja claramente atrasado em relação à média dos países da Comunidade Europeia, tem vindo a progredir a bom ritmo nos últimos cinco anos, época em que se verificou um progresso notável, influenciado pelas políticas da União Europeia. Este assumese como o grande desafio para Portugal no quadro da tendência da Europa, onde se deve planear e gerir os recursos hídricos num quadro cada vez menos local, cada vez menos casuístico e cada vez menos “reactivo” a situações de remediação de danos. 1 Presidente do Concelho Directivo da Associação Portuguesa para Estudos de Saneamento Básico - APESB CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 15 Perante esta necessidade e, volvidos cerca de trinta anos desde a década de 70, foi aprovada a nova Lei Quadro da Água de Portugal, que veio consolidar a legislação existente, cujo objectivo se prende, exclusivamente, em alcançar até 2015, uma optimização, a nível ecológico, das águas nos países da União Europeia e, por conseguinte, das águas em Território Nacional. Para tal, torna-se obrigatório estabelecer bases para a gestão sustentável das águas. A lei aponta para se fazer uma gestão por regiões hidrográficas, agrupadas em bacias hidrográficas, de acordo com a elaboração dos novos planos, programas e medidas a serem aplicados a este nível (bacias hidrográficas). Nesta Lei-Quadro estão definidas oito regiões hidrográficas no continente e duas nas regiões autónomas, constituídas por conjuntos contíguos de bacias hidrográficas, obrigando a uma gestão integrada da bacia, assim como, a criação de cinco Administrações de Região Hidrográfica (ARH) responsáveis pela gestão da água e das zonas costeiras (Correia, 2005). Resumidamente, esta lei-quadro reúne, de forma sistematizada, um conjunto de normativos sobre gestão de águas, através da consolidação e clarificação de toda a malha legislativa existente, relativa à protecção e gestão sustentada dos recursos hídricos. Por sua vez, o Plano Nacional da Água delimita o actual processo de planeamento de recursos hídricos, cooperando na reorganização do sistema normativo e institucional destes recursos, orientando a sua utilização na íntegra e a prossecução de uma política coerente e eficaz dos recursos hídricos. 1.2.1 SITUAÇÃO NACIONAL Se tivermos em conta as disponibilidades e usos da água que o nosso País dispõe relativamente aos restantes países da UE, reparamos, numa perspectiva positivista, na abundância deste recurso. Todavia, sucedem-se situações críticas de seca, sazonais ou localizadas, quer de carácter quantitativo, como se verifica na bacia do Guadiana quer de carácter qualitativo, como acontece com a contaminação da Ria Formosa. Em termos geográficos, os recursos hídricos são mais abundantes no Norte e mais escassos no Sul do Território Nacional (IA, 2005b). De acordo com a mesma fonte, a linha da Costa Continental apresenta uma extensão de cerca de 950 km. Ao longo da mesma desenvolveram-se a maior parte das grandes cidades de hoje, como Porto, Aveiro, Lisboa, Setúbal, Faro, absorvendo cerca de 75% da população portuguesa. Verifica-se uma maior procura de água, nas bacias de maior dimensão e com mais população, nomeadamente no Tejo e Douro, uma vez mais nos deparamos com a constatação clássica de proximidade entre água e progresso. 16 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL O regime de escoamento nacional é caracterizado por uma grande variabilidade sazonal, com níveis de concentração da precipitação e escoamento em períodos relativamente curtos. Cerca de 70 a 80% da precipitação ocorre de Novembro a Abril verificando-se um máximo em Fevereiro. Verifica-se, por outro lado, ocorrência de períodos prolongados de seca, predominantemente no Verão, condicionando o escoamento dos cursos de água relativamente pequenos. Para além do exposto, surgem ainda elevados consumos sazonais, consequência das actividades agrícolas e turísticas, muitas das vezes nos períodos em que as disponibilidades se encontram mais reduzidas, impondo-se por isso, condicionalismos especiais à gestão dos recursos hídricos (IA, 2005b). Além disso, como já se referiu, uma larga percentagem dos recursos hídricos que afluem ao território português provém de Espanha, com quem partilha as cinco bacias hidrográficas dos rios Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana. Estas cinco bacias ocupam, no seu conjunto, cerca de 45% do território da Península Ibérica, o que equivale a 2,5% da área total da Europa e cerca de 18% do território da União Europeia. Da área total das bacias hidrográficas, cerca de 22% ocupa o território Nacional Continental, correspondente às zonas baixas dessas bacias e 78% do território Continental Espanhol, o que significa que qualquer acção na parte espanhola tem repercussões e impactos nos ecossistemas e usos das águas em Portugal. Tendo por referência o Plano Nacional da Água, estas bacias repartem-se de uma forma heterogénea entre Portugal e Espanha na seguinte proporção: Minho (5%P2 / 95% E3.), Lima (48% / 52%), Douro (19% / 81%), Tejo (31% / 69%) e Guadiana (22% / 78%); o que significa que 61% da fronteira terrestre portuguesa é materializada em linhas de água. A história mostra que a escassez sempre foi palco de disputas e conflitos, relativamente ao uso partilhado de bacias hidrográficas. De forma a se dissolverem os conflitos gerados, estabeleceram-se acordos entre Portugal e Espanha centrados no direito dos recursos hídricos compartilhados, consignados na Convenção de Albufeira, assinada em 1998. Os objectivos centrais desta Convenção prendem-se com a criação de acções que contribuam para dissipar os efeitos das cheias e das situações de seca ou escassez. Muito embora não se verifiquem situações graves de escassez no território nacional, as preocupações em relação à qualidade e quantidade foram minimamente acauteladas. Assim, pelo referido anteriormente e na opinião de Correia4 (2005), é notório que Portugal carece de uma melhor gestão dos seus recursos hídricos, ou seja, regularizar caudais, prevenir e limitar os efeitos das cheias e das secas, criar reservas estratégicas de água, incentivar a produção 2 Portugal Espanha 3 4 Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 17 hidroeléctrica, de estimular a prática e a eficácia da rega, reduzir o volume de água perdida, combater as várias formas de poluição, entre outros. A sociedade civil em geral, consciente desta situação tem de conjugar esforços para a adopção de medidas de gestão adequadas dos recursos hídricos. A colaboração de todos pode iniciar-se desde já pela mudança de comportamentos perante o ambiente e, em particular, perante este recurso tão precioso. Comportamentos que visem a redução dos consumos, bem como a utilização racional dos equipamentos de consumo, constituem exemplos de um leque vasto de possíveis atitudes comportamentais a adoptar. Medidas preventivas como, por exemplo, o estabelecimento de regras claras para a utilização de água em fins agrícolas, revelam-se essenciais uma vez que este sector absorve 75% do consumo total nacional. Torna-se, de igual forma, fundamental impor regras rigorosas e adoptar os meios de fiscalização adequados ao nível da utilização de águas subterrâneas, assim como combater as fugas de água nos sistemas de abastecimento públicos e privados, que em termos nacionais atingem um valor médio de 30%. Fomentar a aquisição de medidas para o aproveitamento de águas alternativas, como efluentes de ETAR´s (Estações de Tratamento de Águas Residuais), águas recicladas e águas das chuvas, são cada vez mais necessárias. Dentro das suas possíveis utilizações podem mencionar-se os sistemas de rega, lavagens e alguns tipos de consumos domésticos que não exijam uma qualidade semelhante à da água potável (Baptista et tal, 2001). Estes esforços devem ser conducentes à monitorização da quantidade, qualidade e utilização deste recurso natural e ao desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias dirigidas para um melhor uso das águas. Assim, o uso eficiente confere maior actualidade à necessidade de uma gestão adequada, promovendo a sustentabilidade, manutenção da sua qualidade e disponibilidades no presente e no futuro. Em termos de documentos legais, orientadores e estratégicos, o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Água Residuais (PEAASAR), resultante da Lei da Água e elaborado para o período de programação dos fundos comunitários entre 2007 e 2013, constitui o novo quadro institucional para a gestão dos recursos hídricos, clarificando o sector da água em Portugal. Este Plano juntamente com o novo regime económico e financeiro, tratado no ponto 1.2.4.2 deste capítulo, condicionará a evolução deste sector. 1.2.2 ÁGUA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A água não é somente um elemento essencial para a sobrevivência das civilizações humanas e para a manutenção do equilíbrio da Natureza, mas também um recurso de elevada 18 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL importância económica e de extrema relevância social. Neste contexto, uma correcta utilização e gestão da água são realidades fundamentais para a sustentabilidade local e global. De acordo com Desai5 (2003) “(…) Melhorar a utilização dos recursos hídricos é decisivo para todas as outras dimensões do desenvolvimento sustentável”). Tendo em consideração que os sistemas de recursos hídricos são considerados sustentáveis quando satisfazem as necessidades presentes da nação, sem comprometer a possibilidade de satisfação das necessidades futuras, garantindo a integridade ambiental destes sistemas, cada país, cada região, cada cidade e cada pessoa têm a principal responsabilidade de agir de forma racional. Considerando as recomendações dos ministros e chefes de delegação, presentes no 3º Fórum Mundial da Água, realizado em Kyoto, no Japão, no dia 23 de Março de 2003, os esforços efectuados para a gestão deste recurso devem ser mantidos e reforçados, comprometendo-se a promover a gestão integrada de recursos hídricos. Do exposto, parece evidente que o recurso hídrico é património mundial em equilíbrio precário. Desta forma, atendendo ao número crescente de pressões a que os recursos hídricos estão expostos, é vital criar instrumentos legislativos eficazes que abordem os problemas de forma clara e ajudem a preservar os recursos para as próximas gerações. A Directiva Quadro da Água, documento legal que estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da política da água, recomenda que os Estados Membros promovam programas específicos de melhoria de utilização deste recurso. Apresentamos neste sentido alguns dos instrumentos de gestão da água: 5 y Plano Nacional da Água (Instrumento central) e Planos da Bacia Hidrográfica; y Planos de Ordenamento de Albufeiras; y Planos de Ordenamento da Orla Costeira; y Programa Nacional Para o Uso Eficiente Da Água; y Programa Nacional de Monitorização das Águas; y Inventário Nacional dos Sistemas de Abastecimento de Água e Águas Residuais; y Inventário Nacional dos Usos da Água em Portugal; y Segurança de Barragens e Exploração de Albufeiras; y Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos; y Quadro Legal e Institucional, entre outros. Secretário-geral da Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 19 O Plano Nacional da Água e os Planos de Bacia Hidrográfica assumem-se como instrumentos reguladores, estratégicos e programáticos do planeamento de recursos hídricos do século XXI. O Plano Nacional da Água está organizado em Eixos, Programas e Medidas. Os Eixos representam as áreas de trabalho e de intercessão para cada objectivo desde já definido no Plano. Os Programas de acção estruturam-se em dezasseis (P1 a P16) e caracterizam um conjunto de medidas idênticas e complementares, coerentes com os objectivos definidos e associados com os Eixos, conforme evidencia a tabela 1.6. Tabela 1.6 – Listagem de programas por eixo de actuação e intervenção (Adaptado do PNA, 2002) EIXOS DESIGNAÇÃO Sustentabilidade Ambiental Eixo 2 Gestão Integrada do Domínio Hídrico Eixo 3 Gestão Sustentável da Procura Eixo 4 Sustentabilidade Económica e Financeira Eixo 6 Eixo 7 MEDIDAS P1 Protecção, Recuperação e Promoção da Qualidade dos Recursos Hídricos Redução e Controlo da Poluição Tópica Conservação Ambiental e da Integridade Biológica Valorização do Domínio Hídrico Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico Garantia do Abastecimento de Água às Populações e Actividades Económicas P2 P3 Eixo 1 Eixo 5 SIGLA Racionalização, Optimização e Eficácia do Quadro Legal e Institucional Informação e Participação dos Cidadãos Conhecimento, Estudo e Investigação Aplicada dos Recursos Hídricos P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 Conservação dos Recursos Hídricos Promoção e Consolidação do Mercado da Água Aplicação do Regime Económico e Financeiro do domínio público hídrico Implementação da Convenção de Albufeira Adequações do Quadro Legal e do Quadro Institucional Divulgação e Sensibilização Promoção da Participação dos Utilizadores Sistemas de Monitorização e de Informação Estudos e Investigação Avaliação do PNA e dos PBH De acordo com esta tabela, o PNA faz apostas de sustentabilidade na melhoria da qualidade da água, de promoção da sustentabilidade ambiental e recuperação dos ecossistemas ribeirinhos e litorais; de racionalização e optimização do quadro legal e institucional vigente; de garantia de informação para a participação das populações; de aceleração e sustentação técnica do processo de cooperação do planeamento e da gestão das bacias hidrográficas luso-espanholas. 20 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 1.2.3 UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA ÁGUA Face à importância deste recurso, surgiu nos últimos tempos, uma nova noção de gestão de água orientada para uma elevada eficiência do seu uso, sob pena de estarmos a destruir o capital natural e a pôr em causa a própria sobrevivência do Homem. Sendo a água um elemento insubstituível, não será possível garantir a preservação do ambiente, da economia e da própria sociedade sem uma gestão adequada que se baseie neste novo conceito. Embora seja um recurso natural vital para a preservação da vida no planeta, a verdade é que estamos de tal forma habituados à água, que acabamos por nos esquecer de como ela é escassa e esgotável. Tornaram-se frequentes determinados hábitos de má utilização, conduzindo ao desperdício, ao esbanjamento ou ao desaproveitamento desta preciosidade. Os efeitos que há bem pouco tempo se julgavam longínquos estão actualmente à vista de todos, agravando-se em situações de escassez. Para colmatar esta situação, tende-se a adoptar medidas de contenção e de racionalização do seu uso a nível mundial. Perante a necessidade de se proceder ao uso cada vez mais eficiente da água disponível, sem pôr em causa a eficácia da sua utilização, ou seja, utilizar menos água para alcançar os mesmos objectivos, surge o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água, mediante Resolução do Conselho de Ministros n.º 113/2005, de 30 de Junho6. O Programa descreve detalhadamente 87 medidas, 50 das quais se destinam ao uso urbano, 23 ao uso agrícola e 14 ao uso industrial, sendo que 26 medidas do uso urbano se aplicam, conjuntamente, ao uso industrial, perfazendo um total de 40 medidas que regulam este último. Estas medidas/acções são dirigidas a consumidores domésticos, colectivos e comerciais, entre outros. De acordo com o Programa, os maiores níveis de desperdício de água são detectados na agricultura, correspondendo a 88% do total das perdas. O abastecimento para consumo humano e indústria são responsáveis por 8% e 4% respectivamente, das restantes perdas. Quase 90% da área actual de regadio é privada e os proprietários não pagam pela utilização deste recurso, não medem o volume de água utilizado e não implementam as medidas necessárias para a redução das perdas e aumento da eficiência do uso da água. Conclui-se, por isso, que o sector agrícola será o alvo prioritário do Programa, apostando em acções de 6 Programa integrado nas acções de planeamento relatadas no Plano Nacional da Água e nos Planos de Bacia Hidrográfica, (através do Programa 7: Conservação dos recursos hídricos, Eixo 3: Gestão sustentável da procura - Medida P7M1: Uso eficiente da água - Abastecimento público e industrial e Medida P7M2: Eficiência da rega e controlo das perdas – Rega) e, em parte, no Plano Estratégico de Abastecimento e Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR), com a medida (Promoção da poupança / uso eficiente da água) e ainda na Directiva Quadro da Água, expressando a necessidade de “medidas básicas e suplementares” de utilização eficaz e sustentável, de gestão da procura, de reutilização e uso eficiente da água. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 21 sensibilização para a poupança, desafiando o desenvolvimento de novas metodologias e promovendo tecnologias que visem uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos disponíveis. Portugal tem ao seu dispor o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água que visa, num período de dez anos, promover o bom uso deste recurso, de forma a assistirmos a uma diminuição dos consumos, reduzindo as taxas de perdas observadas nos sistemas descritos e aumentando a taxa de eficiência, de modo a contribuir para minimizar os riscos de escassez hídrica, assim como melhorar as condições ecológicas dos meios hídricos. As medidas a adoptar visam elevar os actuais 58% para uma taxa de eficiência a rondar os 80% em termos de consumo urbano; aumentar no que ao sector da agricultura diz respeito dos actuais 60 para 65% (embora as medidas para este sector sejam mais difíceis de implementar); e passar dos 70% para os 80% no sector industrial. Todavia, este projecto pondera apenas os usos consumptivos deste recurso e não abrange os aspectos relativos à sua conservação. Este, avalia a eficiência actual e propõe metas para o futuro. Menciona diversas sugestões para um uso mais eficiente nos sectores urbano, agrícola e industrial, as quais são analisadas em termos técnicos, económicos e sociais, sendo as medidas do sector urbano as que têm maior potencial em termos económicos. Partindo deste pressuposto, será pertinente reagruparmos em classes as medidas identificadas para este sector: a) Medidas ao nível dos sistemas públicos; b) Medidas ao nível dos sistemas prediais e de instalações colectivas; c) Medidas ao nível dos dispositivos em instalações residenciais, colectivas e similares; d) Medidas ao nível dos usos exteriores. Para cada medida citada é elaborado, pelo referido Programa, um esboço, onde consta a caracterização da referida medida/acção, uma estimativa do potencial de redução de consumos, a caracterização dos mecanismos de implementação, a análise de viabilidade, a definição de prioridade de aplicação, entre outras. Dentro destas medidas e, em termos técnicos, pode salientar-se o indispensável controlo de fugas, a instalação de sistemas de poupança de água nas redes prediais, a racionalização do consumo doméstico privilegiando a reutilização da água, assim como a aplicação de novas tecnologias de gestão de informação e controlo à distância, que permitem conhecer em tempo real o estado dos sistemas de produção, tratamento e distribuição de águas. Em termos económicos, realça-se a aplicação de uma adequada política de preços, que incentive os utilizadores ao uso eficiente dos recursos hídricos e consequente diminuição do seu consumo. Relativamente às medidas sociais e na convicção de que a água não dura para sempre, poupar e garantir o seu uso com eficiência, é uma tarefa de todos, pelo que é urgente passar à fase de 22 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL implementação do Programa, adoptando desde já, medidas de protecção das origens da água, bem como alguns hábitos domésticos para racionalização hídrica, tal como ilustra a tabela 1.7. Tabela 1.7 – Hábitos domésticos para racionalização hídrica (Adaptado de APRH, 2007) OPERAÇÃO CONSUMO ECONOMIA Chuveiro 6 a 25 l/min Banheira 150 a 200 l Lavatório 9 l/min Autoclismo 10 l/descarga Lava-Louça 100 l/15min Fechar a torneira enquanto se ensaboa; Reduzir o tempo do duche. Optar pelo duche ou encher apenas, até metade, da capacidade da banheira. Lavar os dentes usando um copo e a torneira fechada; Fechar o lavatório ao fazer a barba (reduz para 2litros). Colocar uma garrafa de 1,5 l dentro do depósito; (reduz para 8,5 l). Encher a pia de modo a não utilizar água corrente. Máq. de Lavar 40 l Utilizar com a carga máxima. Tanque 200 l./15min Máq. de Lavar 100 l/lavagem Deixar as roupas de molho e usar a mesma água para lavar e ensaboar. Utilizar com a carga máxima ou escolher o programa meia carga. Louça Roupa Mangueira Piscina 230 l. para lavar o carro Utilizar uma esponja e um balde para lavar o carro e regar o 260 l. para regar o jardim ao fim do dia ou durante a noite. jardim durante 15 min até 3800 l. de água Aplicar uma cobertura na piscina (reduz cerca de 90%). /mês/evaporação. Com a alteração de alguns hábitos domésticos e com o uso de equipamentos mais eficientes, tais como chuveiros de menor consumo, autoclismos de dupla acção, pode-se alcançar a redução de consumos tão desejada. Com custos pouco superiores aos modelos tradicionais, a adopção destes equipamentos em novas instalações e/ou a sua substituição em instalações existentes é recomendável, pois implicam uma redução significativa nas contas de água e de energia. A noção clara de que a escassez também deriva do uso indevido de cada um, e que a mesma pode ser diminuída por controlo de poluição, por controlo de uso e devolução ao meio hídrico adequado, prova-nos que para atingirmos a mudança esperada, cada um de nós terá que passar por uma educação ambiental de forma a alcançarmos uma regulação legal de todos os usos. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 23 1.2.4 ECONOMIA DA ÁGUA Nos nossos dias, é com facilidade que se abre a torneira e a água corre com qualidade e à pressão adequada, não sendo necessário, por isso, recorrer diariamente aos fontanários, como era no passado. No entanto, por trás deste gesto relativamente simples, existem infraestruturas dispendiosas constituídas em instalações de produção de água potável e redes de distribuição, destinadas a satisfazer a sua procura no espaço e no tempo e a manter o equilíbrio do meio hídrico. As necessidades actuais geradas pela concentração das populações em meios urbanos e pela intensidade da vida moderna, justificam os investimentos necessários para estas facilidades. Além disso, o aumento generalizado do seu consumo, a degradação acelerada destes recursos e as mudanças profundas nos ciclos climáticos, fomentam situações de escassez e, logicamente, a valorização económica deste bem tão precioso e essencial à vida. Todas estas circunstâncias conduziram à integração da utilização e do uso da água no contexto de um mercado económico, visto a sua disponibilização e aplicação serem capazes de gerar receitas razoáveis para recuperar a maioria dos custos de exploração, manutenção e gestão, incluindo o custo de escassez (PNA, 2002). Tanto a legislação Portuguesa como a adequada gestão da água, evoluem no sentido de reconhecer este líquido como um bem económico e como património protegido, beneficiando, de modo geral, todos os agentes intervenientes. Apesar de ser um bem de primeira necessidade, essencial para a existência da vida humana, a água tem um preço que é e deverá ser suportado pelos seus utilizadores, ainda que estes sejam pouco receptivos à fixação de preços reais de custos, uma vez que esta é entendida como um bem gratuito. Relativamente aos custos com a água, sabendo que “preços reduzidos” conduzem a consumos excessivos, estipularam-se preços subsidiados, direccionados aos consumidores com dificuldades financeiras e preços em que apenas se recupera parte dos respectivos custos (PNA, 2002). Cada vez mais a procura da água pelos diversos serviços tende a aumentar – Agricultura, Indústria, Rede Urbana, Produção Eléctrica, Turismo e outros – sendo imprescindível, por isso, actuar quer do lado da procura (a nivel da utilização) quer do lado da oferta (a nível da disponibilização de água), estimulando a poupança e a sua utilização racional. Importa assegurar que cada utilização esteja adequada à qualidade da água necessária para o uso em causa. 24 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Além da dicotomia Utilizador / Pagador importa também que a relação entre Poluidor e Pagador seja um dado considerado, privilegiando-se uma economia da água assente na gestão da oferta e da procura. 1.2.4.1 DIRECTIVA QUADRO DA ÁGUA A Directiva Quadro da Água é sobretudo uma Directiva de âmbito ambiental. Surge com um sentido político, estratégico e integrador da gestão da água, cujo objectivo se prende com a garantia de uma utilização eficaz e eficiente da mesma. Esta norma prevê a implementação de uma política de tarifação que incentive o uso sustentável dos recursos hídricos e que tenha a capacidade de gerir as receitas necessárias ao custeamento dos seus serviços. A mesma reconhece os preços da água como uma garantia do cumprimento dos objectivos ambientais e obriga à recuperação dos custos dos serviços da água, dos custos ambientais e de escassez, por parte dos Estados-Membros até 2010. 1.2.4.2 REGIME ECONÓMICO E FINANCEIRO O regime económico e financeiro da utilização do domínio hídrico é estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 47/94 de 22 de Fevereiro. Em conformidade com as exigências da Directiva da Água, o Regime Económico e Financeiro dos recursos hídricos existente em Portugal é apreciado na nova Lei da Água, garantindo legalmente o equilíbrio entre as necessidades dos utilizadores e a sustentabilidade dos recursos utilizados. Este regime tem por base a aplicação do princípio do Utilizador / Pagador e possui, entre outras, características específicas relacionadas com o tipo de utilização, o regime de propriedade e a natureza do prestador de serviço. Assim, a utilização de bens públicos está sujeita a um sistema de taxas aprovadas no citado Decreto (taxa de captação de água, de recolha de águas residuais, de extracção de inertes, ocupação de terrenos, regularização de caudais, em suma, representam taxas de utilização do domínio público hídrico), distintas das tarifas cobradas pela utilização simultânea de bens públicos e da prestação de serviços complementares, como por exemplo, tarifa de consumo de água e tarifa de recolha e tratamento de águas residuais (PNA, 2002). Para além do exposto e de acordo com o novo Regime em vigor, as utilizações da água correspondem ao pagamento de uma taxa específica, que varia de sector para sector. Por exemplo, a captação de água para abastecimento doméstico tem uma taxa diferente da captação para a produção de energia hidroeléctrica. Estas taxas foram estabelecidas com o CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 25 intuito de poder gerar receitas para reinvestir na qualificação e potencialização das bacias hidrográficas, melhorando a utilização da água. Os utilizadores abastecidos por uma determinada bacia hidrográfica deverão ter todo o interesse na sua manutenção, no seu bom estado e na qualidade do produto que pagam. 1.2.4.3 MERCADO DA ÁGUA Tendo presente que aquilo que está em causa é o aproveitamento de um recurso natural, por vezes escasso, ainda que renovável, o mercado da água deverá ser caracterizado atendendo a três aspectos fundamentais, que exigem um constante equilíbrio entre eles: a procura, que, através do volume consumido nos diferentes sectores de actividade, identifica os níveis de água necessários a cada aplicação; a oferta, que se refere às disponibilidades hídricas de origem superficial e/ou subterrânea afectas aos variados sectores de utilização; e os custos de utilização, onde se destacam os custos dos serviços de distribuição de água, em contraste com as receitas geradas. Constata-se assim, que a oferta deve ser equilibrada, no espaço e no tempo, através da avaliação constante da procura e das suas verdadeiras motivações. Os custos de utilização envolvem os custos dos serviços de utilização da água, nos quais estão incluídas as despesas de exploração, manutenção e reabilitação dos sistemas de captação, tratamento, transporte e armazenamento; os custos associados à escassez; os custos ambientais, assim como as despesas de “recuperação da água”, com o propósito de a devolver aos utilizadores com a qualidade apropriada. Os custos de escassez, que reflectem os custos da degradação quantitativa e qualitativa, têm um efeito dissuasor do desperdício e estimulam o seu uso eficiente. Os custos ambientais estão associados aos custos necessários à reposição do meio hídrico no seu estado natural, tanto em quantidade como em qualidade (PNA, 2002). Incluem também, entre muitos outros, os custos de recuperação de linhas de água, custos de remodelação de caudais, custos de fiscalização e gestão do domínio hídrico. 1.2.4.4 POLÍTICA DE PREÇOS Em Portugal, os preços da água praticados pelas entidades gestoras sofrem, actualmente, enormes variações, devido à adopção de diferentes políticas de preços. A título de exemplo, e tendo por base a informação pesquisada na página web do grupo Águas de Portugal (ADP), uma família gasta em média uma quantia aproximada de doze euros por mês relativa aos 26 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL serviços de água e saneamento. Todavia, dependendo da região do país, a factura pode, mensalmente, atingir valores máximos de trinta e cinco euros a valores mínimos na ordem dos dois euros. É certo que, para assegurar o abastecimento domiciliário às populações, as entidades produtoras / distribuidoras são obrigadas a realizar importantes investimentos, recorrendo a meios financeiros próprios ou externos. Além da construção de todas as infra-estruturas, é preciso investir na exploração e manutenção das redes existentes; na renovação das instalações antigas; no controlo da qualidade da água e no tratamento das águas residuais, necessário ao equilíbrio do meio hídrico e da vida aquática. Num critério de equidade e razoabilidade, estas despesas devem ser suportadas por todos. Por consequência, as receitas devem cobrir os custos dos serviços que se prestam, de acordo com a nova legislação comunitária – Directiva Quadro da Água (art. 9º), permitindo a recuperação das despesas incorridas em serviços de utilização da água, dos custos de escassez e dos custos ambientais. Além do que, os tarifários devem descriminar os preços por tipo de utilização e sinalizar atitudes comportamentais correctas em termos de uso racional e justo do recurso água (PNA, 2002). Em suma, tendo por base o plano mencionado, conclui-se que os preços da água devem assegurar o funcionamento eficiente dos serviços e garantir a sua sustentabilidade económica. Contudo, é necessário um enquadramento politico-legal para estabelecer quem paga e quanto se paga, por determinada utilização. Da mesma forma que é preciso ajustar o diferencial entre o custo total e o preço que o utilizador pode suportar, é necessário decidir se os utilizadores com maior capacidade financeira devem ou não pagar mais. De igual modo, é urgente adoptar os princípios do Utilizador / Pagador e Poluidor / Pagador, nos quais o utilizador suporta os custos de disponibilização do recurso, orçados de acordo com os volumes consumidos e/ou do quanto polui. O Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento - PEAASAR aprovado para o período compreendido entre 2007 e 2013, o novo quadro institucional para a gestão dos recursos hídricos resultante da lei da Água e a promulgação do novo regime económico e financeiro dos recursos hídricos, são realidades que irão condicionar a evolução do sector da água, nos próximos anos, em Portugal. Com estas três medidas, as matérias relacionadas com a Economia da Água em geral, e com os custos e preços dos serviços, em particular, ganharão uma nova dinâmica. Comparativamente com outros produtos e, apesar dos aumentos de preços que se têm verificado e continuarão certamente a verificar, o custo da água é aquele que menos pesa no CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 27 orçamento doméstico. É um produto barato quando comparado com outros face à qualidade e à disponibilidade permanente. 28 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL CAPÍTULO 2 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA 2.1 ENQUADRAMENTO GERAL A consciencialização de que os recursos hídricos não são ilimitados e a percepção real da situação de escassez deste bem precioso, bem como a importância da sua preservação para as gerações futuras, constituem, actualmente, uma oportunidade para se incrementar uma mudança nos comportamentos, através do reforço das competências das entidades administradoras em termos de gestão, planeamento, operacionalização e manutenção dos sistemas, tendo em vista o progresso do seu desempenho. Uma das preocupações fulcrais das entidades responsáveis pela distribuição de água é o controlo das perdas no sistema, perspectivando a garantia do cumprimento das disposições legais, do aumento da rentabilidade e da melhor utilização deste recurso natural cada vez mais escasso. Acontece que, nem toda a procura de água é verdadeiramente bem aproveitada visto que, uma parte importante está associada à ineficiência do uso e uma outra, associada aos sistemas de abastecimento, sob a forma de perdas e desperdícios (Baptista et al, 2001). Note-se, que num país desenvolvido, o volume de água dispendido para a descarga de um autoclismo é o mesmo que um habitante consome, em média, num dia inteiro para sua higiene, limpeza e alimentação, num país em desenvolvimento. Poder-se-á concluir que o aumento de eficiência na gestão da água deverá passar pela utilização de tecnologias menos poluentes e mais centradas na racionalização do seu uso e consumo (IA, 2005b). O conceito de perdas de água abarca em si, o volume de água captado, tratado e transportado, mas não facturado, devido quer a erros de medição quer à ausência de medidores, assim como ao uso ilícito ou à existência de fugas e roturas, que podem ser determinadas pela diferença entre o volume de água entrado no sistema e o consumo autorizado. Os sistemas de abastecimento de água deparam-se sempre com um certo nível de perda da produção devido à sua complexidade e características próprias. Por essa razão, neste sector é impensável conseguir obter um nível nulo de perdas. Contudo, as entidades gestoras encontram índices elevados de perdas por falta de gestão adequada, desperdiçando, muitas das CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 29 vezes, água tratada. Esta falta de gestão manifesta-se, entre outros factores, pela falta de manutenção dos sistemas, pela existência de redes envelhecidas ou mal dimensionadas, pela ineficiência ou inexistência de um sistema de gestão de fugas e roturas, por sistemas pouco eficientes de leitura e cobrança, pela existência de contadores avariados, parados ou mal dimensionados. Para além disto, as despesas com o volume de água produzida, que é posteriormente perdida, podem impedir o investimento noutras vertentes, como por exemplo, na reparação, substituição ou reabilitação das redes de abastecimento existentes. Para além da percentagem reduzida de água potável existente no planeta, estima-se que as perdas ocorridas nos países em desenvolvimento representam cerca de 50% da água para consumo e, 60% da água para irrigação (IA, 2005b). Em Portugal, o valor médio estimado para o volume de perdas encontra-se na ordem dos 30%, relativamente à água que é aproveitada. Porém, nesta média nacional estão incluídos sistemas com níveis de perdas na ordem dos 50% e outros com valores inferiores a 20%, fruto da implementação de projectos nesta área como acontece, por exemplo, nos sistemas de Mafra e Gaia. Reduzir esta média nacional para 20% apresenta-se como um dos objectivos para o ano 2015, de acordo com o PEAASAR e grupo ADP (Águas de Portugal). Conforme ilustra o gráfico 2.1, o valor das perdas de água nos países da União Europeia está compreendido entre 15 e 20%. Na Áustria e na Dinamarca ronda os 10% e diminui para 4 a 5% na Holanda. Gráfico 2.1 – Ineficiência de sistemas de abastecimento de água (%) (Adaptado do IA, 2005a; AEA, 2003). 50 40 30 20 10 0 30 Alguns sistemas em Portugal M édia Nacional PEAASAR EU Dinamarca Holanda CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL A redução de perdas de água apresenta benefícios a vários níveis: • A nível ambiental - pelo impacto positivo em termos de redução do caudal captado nos meios hídricos; • A nível económico - pela redução de custos de energia, de reagentes ou da eventual aquisição de água a entidades produtoras; • A nível técnico - pela melhoria do estado de conservação dos sistemas; • A nível social e de saúde pública - pela garantia de qualidade de um serviço prestado. Pelas razões mencionadas, a implementação de um plano de controlo de perdas é uma medida com interesse para o desenvolvimento económico e para o uso eficiente da água por parte das entidades gestoras, melhorando de forma significativa o seu desempenho. Os benefícios de um projecto desta natureza vão além do benefício económico, realçando o impacto positivo a nível ambiental assim como a oportunidade de organização interna da Empresa, factores que já permitem visíveis melhorias dos serviços prestados aos utentes. Tratase de uma tarefa complexa mas necessária para garantir a distribuição pública de água de forma mais eficiente. 2.2 DIAGNÓSTICO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO 2.2.1 CARACTERIZAÇÃO DE PERDAS - FACTORES DETERMINANTES Para além da pequena parcela de água disponível para consumo humano, na superfície terrestre, ocorrem ainda tal como já vimos, perdas de água devido a fugas, roturas, ligações clandestinas, erros de medição e outros desperdícios, que representam, na realidade, cerca de 50% da água potável existente nos países em desenvolvimento. De acordo com estudos efectuados pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil - LNEC, em Portugal registam-se perdas de água na ordem dos 30%, relativamente à água que é aproveitada. Perante estes valores, o controlo das perdas constitui uma das áreas de intervenção mais importantes num sistema de distribuição de água, uma vez que, a sua constante análise técnica e económica permite melhorar a eficiência da gestão dos sistemas de abastecimento. O desenvolvimento de acções nesta área poderá, fundamentalmente, contribuir para o desenvolvimento sustentável do sector, evitando-se investimentos vultuosos sem garantia dos benefícios esperados. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 31 Realçada uma vez mais a importância deste tema, e de forma a facilitar a compreensão do mesmo, inclui-se de seguida uma síntese dos conhecimentos existentes sobre esta matéria, em particular no que toca aos factores determinantes das perdas. Segundo Covas (1998), o conceito de perdas de água é entendido como “(…) sendo o volume de água perdido, avaliado pela diferença entre o volume de água entrado no sistema de abastecimento e o volume de água medido e estimado à saída, para os diferentes serviços de percurso(…)” Por sua vez, estas perdas de água subdividem-se em perdas reais e perdas aparentes. A parcela real corresponde às perdas físicas verificadas na rede até ao contador do utilizador e inclui as fugas, dificilmente detectáveis, devido ao pequeno caudal presente na origem de cada fuga, e as roturas, facilmente detectáveis devido aos elevados volumes envolvidos. A parcela aparente contabiliza os erros de medição e de estimação, bem como as ligações clandestinas e os consumos não facturados, tais como combate a incêndio, lavagem de condutas e colectores, lavagem de ruas, rega de jardins municipais, alimentação de fontes e fontanários, entre outros (Alegre, 2005). São vários os factores que influenciam, directa ou indirectamente, as perdas de água num sistema de distribuição. Elementos como o estado de conservação das condutas e seus componentes, a frequência de fugas e roturas, a densidade e comprimento médio dos ramais, a pressão média do serviço, a localização do medidor domiciliário, o tipo de solo e as condições do terreno caracterizam, entre outros, as perdas reais. Por sua vez, as perdas aparentes devemse a factores como ligações ilícitas, uso fraudulento de bocas-de-incêndio e erros associados à medição. Tendo em mente a problemática desta dissertação e tomando por referência o estudo efectuado por Covas (1998), torna-se relevante proceder a uma análise pormenorizada dos inúmeros factores que influenciam as perdas reais de uma rede de distribuição. y Estado de conservação das condutas e elementos acessórios da rede, o seu material, idade e forma de operação. Registando-se um número maior de ocorrência de perdas (fugas) nas redes mais antigas por motivos de falta de estanquidade das tubagens, válvulas, juntas e restantes elementos acessórios da rede, devido ao envelhecimento das borrachas das juntas, ou à presença de fendas, ou devido ao mau estado de conservação; y Pressão disponível na rede em condições normais de funcionamento. Recomenda-se que esta não ultrapasse os valores máximos necessários à prestação de um bom serviço aos consumidores. A probabilidade de ocorrência de perdas através das juntas é muito 32 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL superior numa rede sujeita a pressões elevadas e, atingindo níveis indesejáveis, a pressão poderá causar graves prejuízos na tubagem e nos dispositivos de protecção, como a rotura por sobrepressão, avarias em bombas e válvulas, colapso de tubos, entre outros, aumentando o caudal perdido; y Frequência da ocorrência de roturas. Uma rede com roturas frequentes é mais passível de sofrer outras roturas, uma vez que ao ser reparada a conduta pode não ser eliminada a origem da rotura. Tal como acontece com o fenómeno transitório mais comum, denominado por golpe de aríete. Esta perturbação no sistema ocorre de uma forma tão rápida que dá origem a ondas de pressão, as quais ao propagarem-se ao longo da conduta, podem levá-la à fadiga, abrindo fendas e desencaixando os tubos pelas juntas em outras zonas da rede; y Tipo de solo e condições de assentamento das tubagens. O caudal perdido por fugas numa conduta assente num terreno de características geológicas arenosas, aumenta em cerca de 10 a 15%, por ser formado em grande parte por grãos de areia espaçados, proporcionando uma passagem maior de água e circulação de ar, sendo por isso muito permeável. Assim, uma pequena fuga pode, através da infiltração da água no solo e consequente desprendimento e arraste das partículas mais finas, provocar diferentes assentamentos da conduta e por conseguinte dar origem a grandes roturas, por fendilhação ou torção das juntas. Pelo exposto, devem ser respeitadas as características do terreno e as condições técnicas a empregar no assentamento da tubagem. Da mesma forma, devem ser respeitados os recobrimentos da conduta, de forma a assegurar a sua resistência a cargas exteriores, derivadas da circulação de veículos pesados sobre a tubagem. Estas, são razões mais do que suficientes para cumprir todas as disposições construtivas definidas no projecto e caderno de encargos; y Existência de um sistema de medição zonada. Consiste na divisão da rede em zonas de medição de caudal e pressão, o que possibilita a detecção e minimização do agravamento das perdas em redes de distribuição de água, através de um balanço hídrico entre as entradas de água na rede e os diferentes tipos de consumos ocorridos nos várias sectores de medição. Relativamente aos factores que influenciam as perdas aparentes numa rede de distribuição, salientam-se as ligações clandestinas, as quais se devem eliminar, o uso fraudulento de hidrantes, nomeadamente o enchimento de tanques de veículos para rega ou lavagem de ruas nos marcos de incêndio por parte de pessoas não autorizadas, uma vez que estes só poderão ser operados pelos bombeiros; erros de medição, que estão relacionados CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 33 com a instalação, manutenção e leitura de contadores de clientes domiciliários; bem como com os procedimentos de leitura, processamento dos dados e facturação pela entidade gestora, entre outros. 2.2.2 INDICADORES DE DESEMPENHO Num contexto actual e global de crescente competitividade, os indicadores de desempenho assumem-se como instrumentos comuns em muitos sectores da indústria, em todo o mundo, sendo inquestionáveis as suas potencialidades na indústria da água. No final da década de 90, membros da então IWSA (International Water Supply Association), actual IWA (International Water Association), reuniram esforços no sentido de definirem directrizes relativas à adopção de indicadores no contexto do abastecimento de água e à recolha de informação relevante para a sua avaliação. Consolidou-se, assim, a importância da qualidade do serviço nas suas várias vertentes e conquistou-se uma importante dimensão de internacionalização, nomeadamente, com a publicação de manuais de boa prática pela IWA, no âmbito dos sistemas de abastecimento de água, em 2000, e de águas residuais, em 2003 Alegre et al (2004b) definem os indicadores de desempenho como uma medida quantitativa de auto-avaliação de um determinado elemento de desempenho da entidade gestora ou do seu nível de serviço, de forma a sustentar a tomada de decisões mais adequadas à melhoria da gestão. Constitui, portanto, um instrumento de apoio à monitorização da eficiência e da eficácia da entidade gestora. A eficiência avalia até que ponto os recursos disponíveis são utilizados de modo optimizado para a produção do serviço. A eficácia avalia até que ponto os objectivos de gestão definidos, foram cumpridos. O uso de indicadores permite, desta forma, identificar pontos fortes7 e fracos8 dos diversos sectores das entidades gestoras e, neste sentido, adoptar medidas correctivas para a melhoria contínua da produtividade, dos procedimentos e das rotinas de trabalho. De forma a obter uma avaliação de desempenho adequada, o número de indicadores a utilizar deve ser cuidadosamente ponderado. É por vezes enganador e não tem significado utilizar apenas um único indicador para fazer um diagnóstico. Contudo, é possível reunir um conjunto coerente de indicadores relacionados com um determinado elemento, que possibilitem a análise e compreensão do seu desempenho (Alegre et al, 2004b). 7 8 Áreas de funcionamento eficiente; Áreas de funcionamento deficiente. 34 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL O documento bibliográfico do LNEC e do IRAR (Instituto Regulador de Águas e Resíduos), incorpora 158 indicadores no total, divididos em seis grupos: indicadores de recursos hídricos, de recursos humanos, infraestruturais, operacionais, de qualidade de serviço e económico-financeiros. Feita a auditoria de perdas, a dimensão do problema pode ser avaliada através do cálculo dos indicadores de desempenho sob as vertentes Económico-financeira: Indicador de água não facturada em termos de volume; Técnica: Indicadores operacionais; e Ambiental: Ineficiência do uso dos recursos hídricos. Em síntese, na questão das perdas de água em sistemas de abastecimento, o IWA aconselha o cálculo do seguinte conjunto de indicadores, conforme ilustra a tabela 2.1. Tabela 2.1 - Indicadores de desempenho recomendados pelo IWA (Adaptado de Alegre et al, 2004b) VERTENTES DE INDICADORES Ambiental (indicador de recursos hídricos) INDICADORES Ineficiência na utilização dos recursos hídricos Perdas de água por ramal Perdas aparentes Perdas reais por ramal (indicadores operacionais) Índice infraestrutural de fugas Água não medida Técnica Económico-financeira (indicadores financeiros) UNIDADES % m³/ramal/ano % l/ramal/dia % Água não facturada em termos de volume % Água não facturada em termos de custo % 2.2.3 MODELAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA (EPANET) Dado que o funcionamento hidráulico de um sistema não é intuitivo, o apoio à modelação matemática é indispensável. Os modelos matemáticos de simulação hidráulica são os instrumentos computacionais mais utilizados e consagrados no campo do projecto e do diagnóstico dos sistemas de distribuição de água em todo o mundo, e permitem calcular os caudais nas condutas e as alturas piezométricas (pressões nos pontos notáveis) na rede. Os simuladores de qualidade da água permitem calcular as concentrações de determinada substância contida na água em qualquer ponto da rede, assim como o tempo de percurso da água entre dois pontos, entre outras grandezas (Alegre, 2002). CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 35 Um dos programas mais adequados a uma introdução eficaz à simulação de sistemas de abastecimento é o programa de computador EPANET, desenvolvido pela U.S. Environmental Protection Agency (USEPA), dos Estados Unidos da América e traduzido pelo LNEC. Pode ser utilizado na análise de planos estratégicos de desenvolvimento, como seja a alteração de origens de água num sistema composto por múltiplas origens, modificação do funcionamento operacional de grupos elevatórios e reservatórios para minimização de custos energéticos e tempos de percurso, selecção de pontos de recloragem, avaliação do custo-benefício de programas de limpeza e substituição de tubagens, planeamento de campanhas de amostragem ou estudos de decaimento do desinfectante e formação de sub-produtos da desinfecção. O EPANET pode também ser utilizado para planear e melhorar o desempenho hidráulico de um sistema, seja no projecto, seja na operação diária ou no estudo de cenários de emergência, em particular, o combate a incêndios e a vulnerabilidade a falhas de elementos do sistema. Este pode ser obtido gratuitamente pela rede Internet. A modularização das redes requer a separação entre as componentes de adução e de distribuição; a criação de andares de pressão independentes, quando as diferenças de cotas topográficas o justificarem; e a sectorização da rede em zonas de reduzida dimensão, da ordem de grandeza de 6000 a 9000 habitantes-equivalente cada uma (Alegre, 2002). Com um cadastro de infra-estruturas representativo das redes de abastecimento em serviço, uma das medidas de rotina mais eficaz para controlo das perdas de água passa pela estruturação da rede em sectores, conhecida por Zonas de Medição e Controlo (ZMC), exemplificada na figura 2.1, cujo conceito surgiu no Reino Unido “district metering” (medição por sector). O objectivo é viabilizar a transferência entre sectores em situações de emergência e, simultaneamente, criar unidades de dimensão relativamente pequenas, facilmente operáveis e controláveis. Esta técnica consiste em definir os sectores da rede; instalar medidores de caudal com equipamento de registo em todos os nós de fronteira de cada sector; registar ou ler directamente os caudais medidos, de forma sistemática; analisar as medidas e, se for justificável, empreendem-se acções suplementares para detecção e reparação de fugas, para instalação, calibração ou substituição de contadores domiciliários, ou para sensibilização dos consumidores (Alegre, 1999). 36 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Figura 2.1 - Estruturação da rede em Zonas de Medição e Controlo (Adaptado de Alegre et al, 2005) zmc 2.2 zmc 2.1 zmc 2 zmc 1 Medidor de caudal zmc 3 Válvula fechada Actualmente, já existem no mercado sistemas de gestão de informação e controlo remoto, em tempo real, que podem ser aplicados aos equipamentos de medição instalados nos nós da rede, enviando as medições de caudal para uma central de despacho. Com este equipamento obtêm-se curvas-tipo de consumos, que permitem identificar situações anómalas de funcionamento. Salienta-se a identificação de roturas com a possibilidade de posterior quantificação dos volumes de água perdida, bem como a utilização de hidrantes pelas corporações de bombeiros permitindo aferir as informações sobre consumos, por estas remetidas periodicamente. A curva de consumos diários, permite obter os caudais nocturnos, com especial destaque para a obtenção do seu valor mínimo. Teoricamente, sabe-se que o caudal nocturno representa a soma das perdas reais (fugas) com os consumos legítimos nocturnos. Estes últimos serão a soma dos consumos registados em clientes especiais, através de medidores de caudal previamente instalados, com o valor estimado dos consumos legítimos nocturnos dos clientes domésticos. O cálculo e consequente análise dos caudais mínimos nocturnos (CmN) diários nessa ZMC permitem identificar facilmente novas fugas de água. Aumentos progressivos ou bruscos do CmN indiciam a existência de fuga de água, sendo distintos os modos de actuação. Esta técnica permite a identificação de novas fugas de água bem como a quantificação dos caudais de fugas detectadas por outras vias. A instalação de medidores de pressão em pontos estratégicos das ZMC, permitem a medição contínua de pressões na rede. De acordo com os resultados obtidos de outros países, esta técnica tem-se CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 37 revelado eficaz, tanto na prevenção como na localização de fugas de água. Estes equipamentos permitem detectar desajustes em válvulas redutoras de pressão, identificando as respectivas causas, bem como recolher informação que cruzada com os CmN, e perante a identificação de uma situação anómala, permite reduzir o raio de actuação para a detecção de fugas. Além do referido, na presença de uma rede sectorizada, a programação de obras de manutenção, seja ela preventiva ou correctiva, pode ser muito mais eficaz, porque a área de influência de qualquer órgão do sistema de distribuição é mais restrita. Assim, o diagnóstico a fazer perante sintomas de deficiências torna-se mais célere e simples, tratando-se de zonas perfeitamente delimitadas. As informações de exploração ajudam a diagnosticar as causas dos problemas e a analisar estratégias de operação ou obras de manutenção a pôr em prática para minimizar os efeitos ou para corrigir os defeitos detectados. A utilização de quaisquer modelos de simulação e a (in)existência de sectorização não são, necessariamente, dependentes. Contudo, a sua associação constitui uma excelente ajuda para viabilizar uma gestão técnica eficiente dos sistemas de distribuição de água (Alegre, 1999). Realce-se ainda o facto que o Sistema de Medição Zonada utilizado para a detecção de fugas num determinado sector da rede e os métodos acústicos para a sua localização exacta, representam as metodologias correntemente utilizas na detecção e localização de fugas em redes de distribuição de água em Portugal. De acordo com o LNEC, existem sobretudo duas técnicas de localização exacta: as acústicas, mais comuns e de grande eficácia; e as nãoacústicas. A sondagem acústica directa, (figura 2.2), consiste em sondar directamente a tubagem a partir de pontos de fácil acesso, tais como a partir de acessórios metálicos, bocasde-incêndio e bocas de rega, utilizando um equipamento adequado, dotado de um amplificador e de um filtro de ruído. Na sondagem acústica indirecta, (figura 2.3), a sondagem é efectuada à superfície do solo, por cima da conduta, onde as características do terreno o permitam. Esta técnica é mais limitada do que a anterior, uma vez que em muitas das situações se desconhece quer a localização exacta da conduta ou, simplesmente, porque existem outras condutas na proximidade (Covas, 1998). 38 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Figura 2.2 - Sondagem acústica directa (Adaptado de EMARVR) 2.2.4 Figura 2.3 - Sondagem acústica indirecta (Adaptado de AWWA) NECESSIDADES DE REPARAÇÃO DO SISTEMA As intervenções de reparação consequentes da localização de fugas são pontuais e realizáveis por métodos idênticos a outras pequenas avarias. Contudo, perante um elevado nível de perdas reais, ou uma taxa de roturas que indique um mau estado de conservação, poderá ser aconselhável proceder a operações de reabilitação9. Estas podem ser de cariz hidráulico, estrutural ou de qualidade da água e incluem a renovação10, a substituição11 e, no caso da reabilitação hidráulica, também o reforço12 das componentes do sistema. As fases da reabilitação podem ser sintetizadas da seguinte forma (Tabela 2.2): 9 Reabilitação é qualquer intervenção física que prolongue a vida útil de um sistema existente e ou melhore o seu desempenho hidráulico, estrutural e/ou de qualidade da água, envolvendo a alteração da sua condição e/ou especificação técnica (Alegre et tal, 2005). 10 Renovação é uma intervenção de reabilitação - estrutural, hidráulica ou de qualidade da água - sobre um componente do sistema existente, com o seu aproveitamento funcional e sem aumento da capacidade de utilização original (Alegre et tal, 2005). 11 Substituição é uma intervenção de reabilitação - estrutural, hidráulica ou de qualidade da água - sobre um componente do sistema existente, com a sua desactivação funcional e construção ou instalação de um novo componente, tendo este último funções e capacidade semelhantes ou distintas às do existente. (Alegre e tal, 2005) 12 Reforço é uma intervenção de reabilitação hidráulica sobre um componente do sistema existente, com a construção de um componente adicional, que complementa a capacidade do componente existente ou constitui uma alternativa a ele (Alegre et tal, 2005). CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 39 Tabela 2.2 - Fases da reabilitação (Adaptado de Alegre et al, 2005) BREVE CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA IDENTIFICAÇÃO DO(S) PROBLEMA(S) DIAGNÓSTICO y Caracterização detalhada do sistema dirigida para o(s) problema(s) existente(s) y Identificação das causas das deficiências e limitações y Previsão das tendências de evolução dos sintomas e da fiabilidade do sistema PROCESSO DE DECISÃO y Avaliação de factores de decisão adicionais (ex: tráfego, restrições de abertura de valas, disponibilidades financeiras) y Definição da estratégia de reabilitação a adoptar (reabilitar onde, quando, o quê, quanto e como / tecnologias?) IMPLEMENTAÇÃO DE SOLUÇÕES MONITORIZAÇÃO O diagnóstico das deficiências passa por uma caracterização detalhada dos sistemas, pelo que é fundamental dispor de dados importantes como o cadastro, com os principais dados sobre as características geométricas da rede; a manutenção, com as informações inerentes à intervenção directa na rede; a contabilidade, com os ficheiros de clientes e os respectivos dados de consumo, entre outros. O diagnóstico das deficiências e o apuramento das soluções requerem experiência, conhecimentos e criatividade (Alegre et al, 2005). Perante os volumosos investimentos que são precisos neste processo, torna-se imprescindível fundamentar as decisões que, por sua vez, são difíceis de tomar, visto tratar-se de infra-estruturas instaladas em locais de difícil acesso e, portanto, dificilmente inspeccionadas. Por essa razão surgiu o projecto europeu de investigação aplicada “CAREW” (Computer Aided Rehabilitation of Water Networks), no âmbito do 5º Programa do Quadro da União Europeia, com o objectivo de ajudar a responder à pergunta: onde, quando e quanto reabilitar redes de distribuição de água. A aplicação computacional “CARE-W” integra um conjunto de ferramentas de avaliação do desempenho da rede, análise do histórico de roturas e perdas de água (falhas da rede) e planeamento detalhado das intervenções de reabilitação de redes de distribuição de água, permitindo definir prioridades e avaliar estratégias de investimento (Alegre et al, 2004a). 40 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Todavia, a entidade gestora do sistema em estudo não dispõe de um sistema integrado como o “CARE-W”. As intervenções de reabilitação são programadas de uma forma primária, baseando-se no histórico de registos de falhas do sistema. No entanto, e sempre que possível, procura-se levar a cabo uma reabilitação de carácter preventivo, detectando e corrigindo anomalias em tempo oportuno, de modo a evitar problemas de funcionamento com inconvenientes para os consumidores, ainda que seja praticamente impossível evitar a reabilitação de carácter curativo ou reactivo, devido ao aparecimento de falhas imprevisíveis. As taxas de rotura e as práticas de manutenção e reabilitação evidenciam a necessidade de alterar os procedimentos tradicionalmente utilizados, substituindo-os por critérios técnica e cientificamente bem fundamentados e fiáveis. 2.3 ESTUDOS EFECTUADOS SOBRE PERDAS São vários os estudiosos que se debruçaram sobre o tema. Desde estudos académicos à elaboração de projectos-piloto, a bibliografia assume-se vasta. Dá-se aqui nota de alguns destes trabalhos. Em 1998, no Instituto Superior Técnico (IST), deu-se início a um projecto da União Europeia SMT: Transient Project, com o tema “Transient Pressures in Pressurised Conduits for Municipal Water Supply and Sewage Water Transport”, da qual Dídia Covas, professora deste Instituto, na área de hidráulica e Recursos Hídricos, fez parte da equipa. Baseando-nos em Covas (1998), e em Almeida et al (1995) o projecto SPRINT é um outro projecto-piloto posto em prática por um conjunto de entidades de vários países da Europa13, com a finalidade de fomentar estratégias de procedimentos no controlo das fugas de água em redes de distribuição, utilizando as metodologias integradas e as modernas técnicas de detecção/localização. Em Portugal, o projecto foi realizado em três áreas piloto da rede da EPAL – Empresa Portuguesa de Águas Livres. Estas foram subdivididas em Zonas de Medição e Controlo (ZMC), de pequena extensão, através do fechamento de válvulas de seccionamento existentes nos limites das zonas assim constituídas, sem pôr em risco o abastecimento, ou seja, sem que o fechamento das válvulas provocasse variações significativas de pressão na rede e consequente diminuição do caudal distribuído. Foram ainda instalados dataloggers com medidores de caudal em todas as entradas e saídas das ZMC. Fixaram-se, também, medições de pressão em alguns pontos. 13 Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e Alemanha CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 41 Uma das áreas seleccionadas, deveu-se ao facto de ser uma rede antiga, com cerca de cinquenta anos, constituída por condutas de fibrocimento cuja substituição por condutas de Ferro Fundido Dúctil estava prevista para o ano de 1995. Neste caso efectuou-se apenas o registo de caudais. Com base na análise dos caudais mínimos nocturnos, pretendia-se efectuar o balanço dos ganhos na redução das perdas, através da substituição das condutas face aos custos de investimento inerentes. Numa das outras áreas seleccionadas, cujo sistema era constituído por condutas de fibrocimento, com cerca de cinquenta anos, foi utilizado o método de detecção de fugas “Step Testing” – Fechamento Sequencial de válvulas, e a técnica de correlação acústica uma única ZMC, para a localização das mesmas. O controlo das fugas foi efectuado por comparação do registo dos caudais mínimos nocturnos entrados na Zona, antes e durante os testes e depois da reparação. A área do Castelo de S. Jorge, constituída por condutas de Ferro Fundido Dúctil, com cerca de setenta anos, foi subdividida em três ZMC’s, de modo a permitir efectuar a detecção de fugas pelo método “Step Testing”. A subdivisão da Zona e os testes realizados foram acompanhados pela modelação da rede até ao nível das condutas com o diâmetro de 50mm e pela simulação do seu funcionamento hidráulico. Tendo por base os dados recolhidos em 1993 de um estudo efectuado no Reino Unido, em trinta e uma empresas distribuidoras de água, cerca de 50% da água distribuída não era medida, sendo paga por estimativa e, efectivamente, 20% era perdida em fugas e roturas. Já nos Estados Unidos, a AWWARF (American Water Works Association Research Foundation) promoveu em 1998/1999 o projecto “Develop decision criteria to prioritise replacement and rehabilitation of mains and appurtenances”, onde em parceria com o LNEC, se realizou um inquérito a vinte e oito entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água europeias, com o objectivo de identificar os vários tipos e causas de roturas, o estado das condutas e a influência das características geográficas e climatéricas. O mesmo questionário foi também aplicado a cerca de trinta entidades gestoras da América do Norte (EUA e Canadá). Os resultados obtidos são de certo modo preocupantes para Portugal, pois põem em evidência, entre outros aspectos, que o número médio de roturas na rede pública (por km de conduta instalada e por ano) é muito superior em três casos de estudo portugueses do que a média europeia ou americana. Sendo a taxa de roturas na rede pública um dos indicadores de desempenho mais importantes, considerou-se necessário esclarecer até que ponto estes resultados exprimiam 42 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL uma tendência nacional. Nesse sentido, o LNEC convidou duzentas e noventa entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água portuguesas a participar num inquérito, com o objectivo de verificar se, em Portugal, as taxas de roturas eram efectivamente superiores às médias europeias e americanas. Todavia, a adesão ao inquérito revelou-se muito baixa, visto que, das entidades convidadas, apenas trinta e nove responderam favoravelmente, o que não permite generalizar os resultados obtidos. Um dos principais factores para tão baixa adesão ao inquérito teve a ver com as deficiências existentes em termos de recolha, processamento e arquivo de dados de base indispensáveis a uma boa gestão técnica dos sistemas de abastecimento de água, tais como, o comprimento total das redes, o número de ramais, caracterização aproximada dos consumidores por cada ramal; inexistência de registos estruturados de informação de operação e manutenção, como por exemplo, registo de ocorrência de roturas e outras avarias. Em Portugal, se a frequência de roturas é cerca de cinco a dez vezes superior à que se regista noutros países, é natural que as equipas de campo estejam absorvidas, quase na totalidade, por trabalhos não programados de reparação, o que significa que a manutenção é predominantemente do tipo reactivo, ou seja, procede-se à reparação após evidência de ocorrência de falha. A manutenção preventiva necessita de uma programação detalhada. Contudo, em Portugal, a percentagem de entidades gestoras com programas formais de controlo de perdas de água, redução de consumo de energia e investimentos para melhoria do sistema é muito inferior ao resultado do conjunto dos países da Europa estudados pela AWWARF, o que poderá estar directamente relacionado com a maior incidência de roturas verificadas. Esta situação justifica-se em grande parte pelo facto da grande prioridade dos últimos anos ser a construção de novas infra-estruturas. Contudo, nos últimos anos, as engenharias estão cada vez mais sensibilizadas para a importância da manutenção de cadastros actualizados, tendo o cuidado de os conceber para as redes que vão sendo construídas. Um bom cadastro, capaz de espelhar a constituição do sistema de abastecimento e o seu estado de conservação, permite uma actuação mais rápida e eficiente no combate às perdas de água. Nos Estados Unidos e no Canadá verifica-se que as taxas de roturas tendem a ser ligeiramente inferiores às que se registam na Europa. Em Portugal, revelou-se uma tendência para taxas elevadas, que chegam a ultrapassar uma centena. Os casos europeus em que se verificam valores mais elevados correspondem a três taxas de roturas de entidades portuguesas (165, 175 e 250 roturas/100 km) e a dois casos particulares daquele estudo: CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 43 1. O primeiro (mais de 275 roturas/100 km) correspondente a uma galeria técnica onde as roturas, por menores que sejam as suas dimensões, são facilmente detectadas e por isso registadas em maior número. 2. O segundo diz respeito a uma rede de abastecimento que, segundo a entidade gestora, tem deficiências graves de construção e os materiais usados são de muito fraca qualidade. Esta comparação não foi feita para as taxas de roturas em ramais pelo facto de este indicador não ter sido determinado no estudo da AWWARF (Alegre e Dória, 1998). Em Abril de 2002 o LNEC desenvolveu um projecto de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico, intitulado “Metodologias para a Mitigação do Risco Associado à Degradação das Construções”,onde foram contemplados diversos tipos de construções que incluem sistemas de saneamento básico, particularmente sistemas de abastecimento de água e sistemas de drenagem de águas residuais. 2.4 RECENTES AVANÇOS NO DOMÍNIO DA DETECÇÃO E CONTROLO DE PERDAS Nos sistemas de distribuição de água, as perdas de água atingem valores muito significativos, originando perdas económicas abundantes das respectivas entidades gestoras. No presente sub capítulo pretende-se analisar os progressos que têm sido alcançados nos últimos anos, no que respeita ao desenvolvimento de métodos e práticas de gestão de controlo de perdas, incluindo, nomeadamente, a gestão activa da pressão em redes de distribuição, o cálculo das perdas a nível económico e a situação desejável de intervenções preventivas. Os avanços substanciais neste domínio foram conseguidos pela International Water Association (IWA) - Associação Internacional da Água, através de um grupo de elite, representante das indústrias da água (entidades públicas de água) designada por Water Loss Task Force (WLTF) - Força de Intervenção sobre Perdas de Água, constituída por mais de dozentos operacionais oriundos de mais de 35 países em todo do mundo, com o objectivo de verificar a gestão da procura, o controlo das perdas e a gestão da pressão. Tais avanços sucederam nos últimos anos, com o desenvolvimento de métodos práticos de gestão das perdas de água, incluindo os benefícios da gestão activa da pressão e o cálculo do valor económico das perdas. Fantozzi et al (2006) dá-nos a conhecer as experiências de casos como os da Austrália, da Europa e da América do Norte, relativamente ás actividades desenvolvidas no âmbito da divulgação destes avanços, a nível internacional. 44 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 2.4.1 ACTUAÇÃO INTERNACIONAL NA REDUÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA No período compreendido entre 1996 e 1999, a WLTF evoluiu de um conjunto pequeno de cinco membros para um grupo interactivo de dozentos membros de 35 países, espalhados em cinco continentes. Este grupo desenvolveu, através de uma série de equipas especializadas, diversos conceitos e as melhores práticas de gestão (BMP’s), relacionados com o controlo de perdas de água em sistemas municipais de distribuição, os quais estão, internacionalmente, a ser promovidos através de seminários, workshops, artigos científicos e de contactos pessoais. As primeiras recomendações consistiram na utilização de indicadores de desempenho mais adequados para o cálculo das perdas reais anuais, incluindo o índice ILI (índice infra-estrutural de fugas) e o balanço hídrico padrão (Lambert et al, 1999; Alegre et al 2000). Durante o período compreendido entre Junho de 2003 a Dezembro de 2004, os membros da WLTF publicaram, bimensalmente, artigos sobre as abordagens práticas à redução das perdas de água, na revista “Water 21” (“Água 21”), publicação da IWA.Os membros da WLTF organizaram diversos cursos de formação e workshops em diferentes países, com o objectivo de difundir as novas metodologias. Estas acções internacionais resultaram numa abordagem consistente e racional da gestão das perdas de água, com resultados comprovados em diversos países. Desta forma, conseguem-se reduções significativas dessas perdas em sistemas municipais de distribuição. Os exemplos publicados da execução bem sucedida de iniciativas da gestão da pressão e da gestão das perdas incentivam outras entidades da água a controlar mais eficazmente as suas perdas. 2.4.2 ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA Tomando por referência os casos práticos da América do Norte, Europa e Austrália, Fantozzi et al (2006), destaca o carácter simplista e prático da abordagem utilizada nos encontros com funcionários dos serviços públicos, de forma a começar a levar a cabo uma estratégia eficaz de redução das perdas de água, dividindo-a em quatro etapas: 1ª Etapa: Avaliar as perdas em termos de volume, aplicando o balanço hídrico anual padrão das melhores práticas internacionais da IWA; 2ª Etapa: Identificar o “como nos estamos a sair?”, usando os indicadores de desempenho mais adequados (PIs); 3ª Etapa: Analisar os dados, identificar as prioridades e a estratégia; 4ª Etapa: Começar e aprender como se progride. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 45 A 1ª etapa tornou-se muito mais fácil de se realizar durante o ano de 2006, devido ao aparecimento de diversos pacotes gratuitos de software disponíveis, desenvolvidos ou financiados por membros do grupo WLTF, tal como se encontra ilustrado na tabela 2.3. Este software permite ao usuário completar o balanço hídrico básico e avaliar o volume anual do consumo autorizado, facturado e não facturado, de perdas aparentes e de perdas reais. Tabela 2.3 - Algum software disponível para cálculo do balanço hídrico e dos indicadores de desempenho para serviços de abastecimento de água (Adaptado de Fantozzi et al, 2006) SOFTWARE INFORMAÇÃO ADICIONAL Quase concluído. Actualmente disponível. Atribui os ILI ao Sistema de Banda WBI, identifica prioridades. AquaLite Benchleak CheckCalcs Identifica probabilidades e benefícios da gestão da pressão. Os cálculos são feitos directamente na página da TILDE, uma vez que o download do software não é permitido. LeaKage CheckUp WaterAudit W-B Easy Calc DISPONIBILIDADE Internacional África do Sul Europa Médio Oriente Austrália e Nova Zelândia Canadá e USA Restantes países Europa E-MAIL OU ENDEREÇO WEB SITE [email protected] www.studiomarcofantozzi.it [email protected] [email protected] [email protected] www.leakssuite.com www.waterportal.com Versões em unidades Página web americana da www.awwa.org/WaterWiser/water Americana e metrica, adaptado associação das entidades loss/Docs/WaterAuditSoftware.cf à terminologia nortede água (AWWA) m americana. Atribui os ILI ao Sistema de Banda WBI, identifica prioridades. Internacional www.liemberger.cc A 2ª etapa também se mostrou acessível uma vez que todos estes pacotes gratuitos de software permitem ao usuário calcular os melhores indicadores de desempenho para a gestão operacional das perdas reais, que são: O PI simples e tradicional: Perdas por serviço (comprimento total das condutas, incluindo o comprimento do ramal) e por unidade de tempo (Litros/serviço/dia), ou perdas por unidade de comprimento da conduta e por unidade de tempo (m3/km/dia de condutas principais, se o sistema tiver menos de 20 ligações do serviço por quilómetro de condutas principais); 46 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL O melhor PI detalhado: Índice infra-estrutural de fugas ILI (= CARL/UARL), sendo CARL = perdas reais anuais actuais e UARL = perdas reais anuais inevitáveis e específicas do sistema. As perdas reais anuais inevitáveis, UARL, são calculadas através das equações desenvolvidas por Lambert et al (1999), baseadas no comprimento das condutas principais, no número de ligações do serviço, na posição do medidor do cliente e na pressão média. No que concerne à 3ª etapa, também a identificação inicial das prioridades para a gestão das perdas, é agora mais simples devido ao sistema de bandas do World Bank Institute (Seago et al, 2005). A tabela 2.4 mostra como, uma vez que o índice infra-estrutural de fugas (ILI) foi calculado para um sistema particular, pode ser colocada dentro das bandas A a D, cada qual ligando a uma descrição geral do desempenho de gestão das perdas reais. Note-se que as larguras das bandas para países em desenvolvimento são duas vezes as dos países desenvolvidos. Tabela 2.4 - Atribuição de ILIs ao sistema World Bank Institute Banding (Bandas do Sistema do Instituto do Banco Mundial) (Adaptado de Fantozzi et al, 2006) Países em Países desenvolvimento desenvolvidos Escala de ILI Banda Escala de ILI Menos de 4 Menos de 2 A 4a<8 2a<4 B ILI calculad para este sistema 1.4 Descrição geral de categorias do desempenho de gestão de perdas reais em países em desenvolvimento e desenvolvidos Uma redução adicional da perda pode ser não económica, a menos que haja falta de água; a análise cuidadosa necessita identificar a melhoria do custo efectivo Potencial para melhorias marcadas; considera gestão da pressão, melhores práticas activas do controlo de perdas, e melhor manutenção da rede 8 a < 16 4a<8 C Registro pobre de perdas; tolerado somente se a água for abundante e barata; mesmo assim, deve ser analisado ao nível e natureza das perdas e intensificar esforços na sua redução 16 ou mais 8 ou mais D Uso muito ineficiente dos recursos; é imperativo e de elevada prioridade o uso de programas de redução de perdas Uma vez identificada a banda apropriada, a tabela 2.5 identifica imediatamente as prioridades prováveis a serem tidas em conta. No software CheckCalcs, o sistema calculado ILI é comparado também com o ILI para o país ou a região geográfica. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 47 Tabela 2.5 - Actividades prioritárias para as bandas WBI de A a D (Adaptado de Fantozzi et al, 2006) RECOMENDAÇÕES WBI PARA AS BANDAS A B C Investigar opções de gestão de pressão Sim Sim Sim Investigar a velocidade e a qualidade de reparação Sim Sim Sim Verificar a frequência económica da intervenção Sim Sim Introduzir/melhorar o controlo activo das perdas Sim Sim Identificar opções para melhorar a manutenção Sim Sim Avaliar o nível económico das perdas Sim D Sim Rever a frequência de roturas Sim Sim Revisão das vantagens da política de gestão Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Tratar das deficiências dos recursos humanos, no treino e nas comunicações Um plano de 5 anos para conseguir atingir a seguinte banda mais baixa Revisão fundamental de todas as actividades Sim Usando os últimos métodos de prognóstico da gestão da pressão, desenvolvidos pelos membros da equipa da WLTF (Thornton e Lambert, 2005), é agora possível fazer prognósticos gerais em relação às possibilidades de gestão da pressão e o efeito provável desta nas taxas de perda de fluxo, em novas ocorrências de roturas e no consumo residencial. As tabelas atrás expostas demonstram que qualquer serviço público, ao utilizar este software gratuito disponível, pode na realidade: • Calcular o balanço hídrico padrão e avaliar o volume anual de perdas reais; • Avaliar os indicadores simples (litros/km/dia) e detalhados do desempenho (ILI) para a gestão operacional de perdas reais, do sistema ou sistemas; • Categorizar o ILI calculado dentro do sistema de bandas do WBI; obter uma visão geral do desempenho actual, e identificar prioridades prováveis nas acções; • Categorizar provisoriamente as oportunidades da gestão da pressão, e fazer predições gerais das mudanças prováveis nas taxas de perdas, números de novas roturas, e no consumo residencial. 48 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL A eficácia destas actividades de divulgação realizadas na Austrália, na América do Norte e na Europa, resume-se aos seguintes aspectos: • Indicadores de desempenho e balanço hídrico padrão da IWA para perdas reais; • Gestão activa da pressão; • Controlo activo das perdas, sectorização, e intervenção económica; • Cálculo dos níveis económicos das perdas. 2.4.2.1 CONTROLO DE PERDAS NA AUSTRÁLIA Aspectos gerais da indústria da água Australiana A indústria de água Australiana é constituída por trezentas entidades gestoras de água. A Water Services Association of Austrália (WSAA) - Associação dos Serviços de Água da Austrália, representa a indústria de água urbana, e conta com cerca de vinte empresas que abastecem, de imediato, 60% da população e as restantes (cerca de 270) servem os 40% da restante população. Nos últimos cinco anos, a Austrália tem vindo a sofrer longas e severas secas e a gestão das perdas de água adquiriu assim um carácter de prioridade nacional. A Wide Bay Water Corporation - WBWC, uma companhia pública com sede em Queensland, tem vindo a divulgar e a promover as melhores práticas e metodologias da IWA junto da indústria Australiana da água e criou um centro de formação, onde se desenvolveram inúmeros workshops com sessões de formação para mais de cinquenta entidades. Desenvolveram ainda uma colecção de dez manuais intitulada “Managing and Reducing Losses from Water Distribution Systems” - Gestão e Manutenção de Perdas nos Sistemas de Distribuição de Água (2004). Fornecem uma variedade de serviços de apoio e de consultoria que visam promover a gestão da pressão, o controlo activo de perdas, a sectorização e outras práticas a quaisquer entidades que requeiram assistência especializada. Indicadores de desempenho e balanço hídrico padrão da IWA para perdas reais A WSAA rapidamente reconheceu os benefícios dos indicadores de desempenho e do balanço hídrico padrão da IWA para perdas reais e, em 2000, utilizou um software autorizado (Benchloss) para que estes cálculos fossem feitos de uma forma consistente. A WSAA CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 49 adoptou também o índice infra-estrutural de fugas (ILI) como o indicador do desempenho para a gestão das perdas reais, e publica esses indicadores ILI para a maioria dos seus membros em ‘WSAA Facts’, desde 2003. Estabeleceram directrizes consistentes para avaliar componentes do balanço hídrico que antes eram imensuráveis. Também a WBWC promove os indicadores de desempenho e o balanço hídrico padrão da IWA para perdas reais, através da formação e da distribuição de cem exemplares personalizados do programa informático ‘PIFastCalcs’ de indicadores de desempenho e de balanço hídrico. A WBWC adoptou igualmente as directrizes da WSAA, o que lhe permitiu avaliar componentes, até então imensuráveis, do balanço hídrico, e começou a construir uma base de dados nacional de valores ILI. Gestão activa da pressão Durante vários anos, a WBWC promoveu o conceito da gestão activa da pressão, para reduzir as taxas de rotura e a frequência de ocorrência de novas roturas, prolongando, desta forma, o tempo de vida das infra-estruturas. Os procedimentos adoptados no próprio sistema produziram excelentes resultados. Apesar dos projectos-piloto bem sucedidos no Hunter Valley nos anos 80 e em Brisbane no ano de 1994, a maioria da indústria Australiana da água mostrava-se relutante em arriscar a gestão da pressão. Contudo, a aplicação deste recurso revelou-se indispensável no combate à seca prolongada dos anos recentes. Os excelentes resultados da gestão planeada da pressão durante os últimos dois anos, com reduções significativas dos caudais nocturnos e a diminuição do número de novas roturas, resultaram numa enorme mudança de atitude. Nesse sentido, a Yarra Valley Water (Melbourne) instalou quinze válvulas de redução da pressão e a Gold Coast e outras entidades estão, também elas, a adoptar planos de gestão da pressão. Existem diversos conceitos específicos e parâmetros associados às melhores práticas de gestão da pressão, como por exemplo o Average Zone Point (AZP) – Valor Médio da Zona, os Night Day Factors (NDFs) – Factores Noite-Dia e os exponentes FAVAD N1, entre outros. Estes conceitos e parâmetros foram apresentados em workshops da WBWC, e estão incluídos na versão-padrão do software didáctico para entidades, disponível na Austrália, através da WBWC. 50 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Controlo activo das perdas, sectorização e intervenção económica Muitas entidades australianas não consideraram necessário fomentar o controlo activo das perdas. Todavia, a WBWC tem promovido o controlo activo de perdas e a sectorização dos sistemas, com sucesso crescente. No entanto, as dificuldades surgiam no cálculo da intervenção económica e do orçamento anual apropriado para suportar tais actividades. Com o intuito de solucionar essas dificuldades, em Outubro de 2006, a WBWC organizou cursos de formação para a aplicação do software apropriado de cálculo. Apresentaram um ponto de partida simples mas eficaz, para calcular o valor de uma intervenção económica, baseado em três parâmetros - custo variável da água, custo da intervenção, taxa de crescimento das perdas não participadas (Fantozzi e Lambert, 2005; Lambert e Lalonde, 2005). Nível económico de perdas O cálculo dos níveis económicos resultantes das perdas a curto prazo, com base em sistemas complexos desenvolvidos no Reino Unido para sectorizar sistemas de distribuição de água com medidas contínuas de caudais nocturnos, não encontrou muitos adeptos na Austrália. Uma das principais diferenças é que, ao contrário do que sucede no Reino Unido, na Austrália há ainda um longo caminho a percorrer no que respeita à gestão da pressão, tal facto reflecte-se, de imediato, na frequência das roturas, nas perdas indetectáveis, na intervenção económica etc. O método bastante pragmático adoptado na Austrália de combate aos prejuízos financeiros, baseou-se na rápida e eficaz reparação de todas as fugas e roturas, na gestão da pressão nos locais que o permitem, no cálculo e na aplicação de investimentos para o controlo activo de perdas, através do software padrão do serviço público, que permite uma avaliação adequada das prioridades (Fantozzi et tal, 2006). 2.4.2.2 CONTROLO DE PERDAS NA AMÉRICA DO NORTE Aspectos gerais da indústria da água norte-americana A indústria de água norte-americana (Canadá e EUA) conta com milhares de entidades públicas de água, que variam amplamente nas suas dimensões. As actividades de gestão das perdas tendem a ser limitadas no que concerne à reparação das roturas participadas pelos CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 51 clientes e à substituição das condutas, uma vez que os clientes detêm também as ligações desde o limite das suas propriedades até aos contadores. O contador de água de um cliente pode ficar situado no limite da propriedade (frequente nos Estados do sul) ou no centro da propriedade (em Estados com climas mais frios). O controlo das perdas e a gestão activa da pressão não são uma prática corrente, e onde o são, não seguem necessariamente um raciocínio económico sadio (Fantozzi et al, 2006). Indicadores de desempenho e balanço hídrico padrão do IWA para perdas reais No Canadá, a metodologia do balanço hídrico do IWA foi recomendada para os sistemas de distribuição de água através da publicação no Guia ‘Water Use and Loss in Water Distribution Systems’ - Uso e perda de água em sistemas da distribuição (CRC-NRC, 2003), mas não fizeram nenhuma recomendação relativa às melhores práticas em indicadores de desempenho. Segundo Fantozzi et al, (2006), desde Dezembro de 2005 foram distribuídas mais de cem cópias gratuitas do software ‘CheckCalcs’ para realizar cálculos do balanço hídrico, com uma resposta de 15% dos visados a requererem mais informações sobre o produto. Nos EUA, a comissão de controlo das perdas da água da associação americana para os recursos hídricos, American Water Works Association (AWWA), recomendou o balanço hídrico e os indicadores do desempenho da IWA, incluindo o índice infra-estrutural de fugas ILI, no seu relatório como sendo as melhores práticas da actualidade da indústria para avaliar perdas de água (Kunkel et al, 2004). Tal como acontecia no Canadá, a falta de software disponível para realizar o balanço hídrico e os cálculos do PI limitou a adesão a cerca de vinte entidades, uma vez que a maioria utiliza uma primeira versão do software PIFastCalcs. No entanto, as organizações em diversos Estados estão a adoptar a metodologia a nível estatal (por exemplo, no Texas e na Califórnia). Igualmente, foram disponibilizados em 2006, dois tipos de software introdutório gratuitos; um de balanço hídrico e de PIs na água, desenvolvido pela comissão de controlo das perdas da água da AWWA em unidades americanas e canadianas, e uma versão americana da CheckCalcs. 52 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Gestão activa da pressão A importância da gestão da pressão, em termos de redução da frequência do aparecimento de novas roturas e de perdas reais, não foi, até ao momento, universalmente reconhecida na América do Norte. A maioria das entidades da água faz a gestão da pressão baseada em condicionamentos hidráulicos do projecto (por exemplo estabelecendo zonas de pressão), ao invés de efectuar o controlo activo da pressão para minimizar perdas de água. Os avançados procedimentos da gestão da pressão, que utilizam PRVs (válvulas de libertação de pressão) para o controlo do caudal, foram implementados com sucesso em diversas entidades canadianas, e apresentados como parte do estudo da fundação de investigação da AWWA para determinar as exigências do projecto para sistemas norte-americanos. Os membros do grupo WLTF do Canadá e dos EUA estão agora a reunir dados sobre o efeito da gestão da pressão aplicada à frequência de novas roturas para aumentar a exactidão dos cálculos (Fantozzi et al, 2006). Controlo activo das perdas, sectorização e intervenção económica Existe um número limitado de entidades norte-americanas que empreenderam o controlo activo de perdas. Geralmente, é efectuada uma inspecção, em intervalos não muito frequentes (habitualmente uma vez em cada quatro anos, ou todos os anos em 25% dos grandes sistemas) e sem fundamentação económica claramente definida. Contudo, existe um contrato de investigação quase concluído, para a fundação de investigação da AWWA, de forma a avaliarem como aplicar as melhores práticas de gestão das perdas na América do Norte. A sectorização e as zonas de medição e controlo estão a aumentar. As maiores entidades do Canadá procedem à sectorização da rede através de zonas de medição e controlo num sistema piloto ou num sistema base. As zonas de medição que fornecem a informação necessária para avaliar as zonas prioritárias para o controlo activo de perdas encontraram grande aplicação nos EUA, nos anos 50/60, mas desapareceram nos anos 70, até que surgiram as recentes acções da WLTF da IWA e da comissão de controlo das perdas da água da AWWA. O método simplificado da intervenção económica, baseado na `Rate of Rise' (Taxa de crescimento de perdas não participadas), foi introduzido na América do Norte em 2005 (Lambert e Lalonde, 2005) com o objectivo de permitir às entidades que não empreendem CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 53 nenhum controlo de perdas, calcular rapidamente a frequência da intervenção e do orçamento anual, numa base racional. Esta metodologia foi testada em duas entidades canadianas, utilizando o software padrão adequado do serviço público, e utilizado em diversos projectos de consultoria, para obter uma abordagem mais eficaz do controlo de perda da água. Nível económico de perdas Na opinião de Fantozzi, com a revisão do manual de melhores práticas no controlo de perdas de água M36 da AWWA e o exemplo das principais entidades estatais, as futuras decisões relativas à executação de medidas de controlo das perdas de água devem basear-se em princípios económicos mais sadios (Fantozzi et al, 2006). 2.4.2.3 CONTROLO DE PERDAS NA EUROPA Aspectos gerais da indústria de água na Europa A Deutsche Vereinigung des Gas- und Wasserfaches – DVGW (Associação Alemã de Peritos em Gás e Água) adoptou e aplicou as metodologias da IWA, nomeadamente as referentes ao balanço hídrico, aos indicadores de desempenho e conceitos da pressão da IWA (Liemberger, 2005). No Chipre, a entidade Lemesos aplicou estes conhecimentos e alcançou resultados impressionantes (Charalambous, 2005). O interesse mais recente e mais extensivo nas metodologias surge na Europa, mais precisamente, em Itália. Das 8000 entidades activas no sector da água, a maioria é pública, com menos de 5% de operadores privados. O volume de água não facturada varia entre os 1560%, relativamente ao volume total do sistema, sendo a média de 42%. A maioria das entidades repara somente as roturas detectadas e não fazem planos de gestão da pressão ou do controlo activo de perdas, excepto em situações de emergência durante períodos de seca. De acordo com a lei existente (Decreto-Lei 99/97), as entidades são obrigadas a calcularem o balanço hídrico para cada um de seus sistemas de água. Os indicadores de desempenho ILI, frequentemente entre três e doze, demonstram que muitas entidades italianas poderiam fazer reduções substanciais em perdas reais. A Fundação AMGA é uma organização científica e cultural, sem fins lucrativos, que promove e divulga programas no sector hídrico, a nível nacional e internacional. A FederUtility é uma organização que representa quatrocentas entidades de água e de gás que 54 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL fornecem água a cerca de 36 milhões de pessoas. Estas organizações em conjunto, promovem a aplicação de melhores práticas internacionais na gestão de perdas de água. Para conseguir este objectivo, criaram um grupo de trabalho responsável pelas perdas de água. A actividade do grupo, constituído por mais de oitenta membros, pertencentes a diversas entidades, universidades e instituições da água, começou oficialmente em Outubro de 2004, em Génova, num workshop da FederUtility intitulado “Towards More Effective Management of Water Losses in Distribution Systems” (A caminho de uma gestão mais eficaz de perdas de água em sistemas da distribuição). Este grupo responsável pelas perdas de água é um veículo para: • a crescente consciência da importância do serviço público da água e dos benefícios económicos da gestão melhorada da pressão; • agir como um centro nacional para promover a informação dos especialistas da IWA junto da indústria de água italiana; • divulgar a abordagem prática da IWA a um vasto número de utilizadores finais; • lidar com metodologias disponíveis e técnicas inovadoras para a gestão eficiente da perda de água, permitindo a troca de ideias e experiências. A Fundação AMGA promoveu fortemente o balanço hídrico e os indicadores de desempenho da IWA através de acções de formação e da distribuição de cópias de uma versão simplificada do software ‘PIFastCalcs’, adaptado à situação e à língua italianas. Os workshops são organizados em colaboração com a FederUtility, para estimular a aplicação de metodologias eficientes para a gestão de perdas de água (Fantozzi et al, 2006). Gestão activa da pressão Um projecto piloto bem sucedido aplicado em Turim - Itália em 1998, resultou na redução de 10% da pressão média nocturna, numa das principais zonas da cidade. Já no que concerne aos custos anuais de reparação, a redução foi de cerca 50%, e as perdas reais lógica e consequentemente, foram menores. No workshop de Outubro de 2004, foram mencionados outros projectos bem sucedidos (por exemplo, em Salerno), e debatidas as teorias em desenvolvimento sobre a pressão: as relações da frequência de roturas e exemplos internacionais da redução das roturas através da gestão da pressão, estimulando outras entidades a empregar com sucesso os procedimentos da gestão da pressão, já relatados no workshop de Génova, em Abril de 2005. Os excelentes CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 55 resultados dos esquemas da gestão da pressão foram conseguidos entre 2004 e 2005, através da mudança de atitude na gestão de pressões, obtendo reduções significativas dos caudais nocturnos e reduções no aparecimento de novas roturas (Fantozzi et al, 2006). Controlo Activo das Perdas, Sectorização e Intervenção Económica As poucas entidades italianas que empreenderam o controlo activo de perdas, fazem inspecções não muito frequentes. O método simplificado de intervenção económica, baseado na ‘Rate of Rise’ foi introduzido em Itália em 2005 (Lambert e Fantozzi, 2005). Esta metodologia foi utilizada por duas entidades italianas no ano de 2006 e as ligações directas aos sistemas de zonas de medição estão a ser desenvolvidos activamente. Nível económico de perdas O cálculo económico das perdas a curto prazo não foi aplicado com sucesso em Itália. O método prático para atingir níveis económicos consiste em reparar todas as fugas e roturas de forma célere e eficaz, assim como introduzir a gestão da pressão nos locais que o permitem, e calcular intervenções económicas para o controlo activo de perdas (Fantozzi et al, 2006). 56 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL CAPÍTULO III ENTIDADES GESTORAS EM PORTUGAL 3.1 ENTIDADES RESPONSÁVEIS PELA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS De acordo com a nova Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro referente à água, a gestão sustentada dos recursos hídricos foi imputada ao Estado português, com a colaboração e intervenção do Instituto Nacional da Água - INAG, em representação do Estado a nível nacional e das Administrações das Regiões Hidrográficas - ARH, em representação do Estado a nível de região hidrográfica, com competências de planeamento, licenciamento e fiscalização. Por sua vez, os diferentes sectores de actividade e os utilizadores dos recursos hídricos são representados pelos seguintes órgãos consultivos: o Governo - Conselho Nacional da Água (CNA), com funções consultivas em assuntos de recursos hídricos; as administrações da região hidrográfica - Conselhos da Região Hidrográfica (CRH), com funções consultivas nas respectivas bacias hidrográficas nela integradas. As Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional - CCDR são os órgãos descentralizados do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, a quem compete a articulação dos documentos que dizem respeito ao ordenamento do território com a presente lei e com os planos de água vigentes. Visam, igualmente, a inclusão da política da água nas políticas transversais de ambiente, participando numa conjuntura de desenvolvimento regional e, consequentemente, económicosocial do País. 3.2 ENTIDADES RESPONSÁVEIS PELA GESTÃO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO O Decreto-Lei n.º 379/93 de 5 de Novembro estabelece a forma de concessão, regulando a exploração e gestão dos sistemas de captação, tratamento e distribuição de água para consumo público; a recolha, tratamento e rejeição de efluentes; e a recolha e tratamento de resíduos sólidos, por entidades privadas. Mais tarde, o Governo Constitucional deu início à reestruturação do sector público empresarial, concretizada com a publicação da Lei 58/98 de CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 57 18 de Agosto, passando a ser concedida a constituição de empresas municipais, que podem ser encaradas numa perspectiva de gestão empresarial. Assim, de acordo com Decreto-Lei n.º 362/98 de 18 de Novembro, existem, actualmente, cinco formas organizativas de entidades gestoras para a administração e exploração dos sistemas anteriormente referidos: 1) Os municípios; 2) As associações de municípios; 3) Os serviços municipalizados de água e saneamento; 4) As empresas públicas municipais; 5) As empresas concessionárias de sistemas multimunicipais e municipais. Nos termos do Decreto-Lei n.º 379/93 de 5 de Novembro, os sistemas multimunicipais são distintos dos municipais, representando os primeiros sistemas em «alta» (a montante da distribuição de água ou a jusante da colecta de esgotos e sistemas de tratamento de resíduos sólidos), que circunscrevam a área de pelo menos dois municípios e imponham um investimento preponderante do Estado, e os segundos todos os sistemas em «baixa», independentemente de a sua gestão poder ser municipal ou intermunicipal, onde se incluem os sistemas geridos pelas associações de municípios. Assim, as empresas municipais podem ser constituídas por um único município, por mais do que um município (empresa intermunicipal) e/ou por um ou mais municípios em parceria com uma terceira entidade, pública ou privada, sendo que esta terá de dispor de um capital minoritário, ou seja, inferior a 50%. Nos últimos anos, mais precisamente até ao final de 2005, foram constituídas catorze empresas municipais, abrangendo uma população de 1,5 milhões de habitantes (cerca de 16% da população), revelando-se a forma organizativa mais explorada. Espera-se ainda que evolua nos próximos anos, tal como se prevê que o número de serviços concessionários aumente. Além disso, até finais de 2005, concretizaram-se 24 concursos de concessão de sistemas municipais de abastecimento de água e de águas residuais em «baixa» (Marques e Levy, 2006). Na figura 3.1 apresenta-se a forma organizativa dos serviços de água em Portugal Continental no final de 2005. Desta figura depreende-se que as Autarquias são, directa ou indirectamente, as principais gestoras dos sistemas de abastecimento de água. 58 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Figura 3.1 - Formas organizativas do serviço de água (Adaptado de Marques e Levy, 2006) Forma Organizativa por Concelho Empresa Concessionária Empresa Pública Empresa Municipal Serviços Municipalizados Serviço Municipal (24) (1 (12) (31) (207) Dos 308 concelhos portugueses existentes, aos quais correspondem trezentos serviços de água, 199 das entidades gestoras compram água em “alta” a sistemas vizinhos. No início de 2005, cerca de 45 % da população era abastecida através de serviços de água que compravam água em “alta” aos sistemas vizinhos. Esta percentagem será superior quando todas as obras dos sistemas multimunicipais estiverem concluídas. Tal como exibe a figura 3.2, o grupo Águas de Portugal, em parceria com o sector privado, gere a concessão de sistemas municipais de abastecimento de água e saneamento de águas residuais. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 59 Figura 3.2 - Entidades gestoras de sistemas multimunicipais (Adaptado de ADP, 2006) 3.2.1 COBERTURA DO SERVIÇO DE ÁGUA De acordo com o estudo sobre a "A Qualidade do Serviço de Abastecimento de Água: O parecer do consumidor", editado pela Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente (AEPSA), em finais de 2005, o abastecimento domiciliário de água era uma realidade em 93 % do território nacional, fruto de investimentos efectuados nos últimos anos. Segundo o mesmo estudo, Braga e Porto representam os distritos mais problemáticos em termos de abastecimento. 60 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Acredita-se que o grau de cobertura actual esteja próximo de 95%, o que significa que Portugal apresenta valores próximos dos da média da Europa Comunitária. A figura 3.3 ilustra o grau de cobertura do serviço de abastecimento de água por concelho. Figura 3.3 - Cobertura do abastecimento de água (Adaptado de Marques e Levy, 2006) C o b e rt u r a p o r C o n c e lh o > 95 85 a 75 a 65 a < 64 % (1 9 1 ) 9 4 % (4 3 ) 8 4 % (1 5 ) 74 % (8 ) % (1 8 ) 3.2.2 NÚMERO DE CONSUMIDORES Tendo por referência os dados publicados no trabalho anteriormente citado, o país dispunha, no final de 2005, de cerca de 4,9 milhões de contadores instalados, sendo que 89% pertenciam a clientes domésticos, 7% a clientes industriais e 4% às restantes classes. A parcela correspondente ao consumo não doméstico obteve os valores mais elevados nos distritos de Aveiro, Lisboa e Porto. Em Portugal, o número médio de habitantes por contador doméstico é de 2.3, com valores máximos nos distritos de Braga e Faro. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 61 CAPÍTULO 4 METODOLOGIA 4.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Este trabalho de avaliação constitui o estudo de uma das mais importantes áreas de intervenção de um sistema de distribuição de água – o combate às perdas de água - de modo a assegurar a gestão sustentada do Sistema. No caso de estudo da Empresa Municipal de Água e Resíduos de Vila Real – EMARVR, esta matéria é de extrema importância dado que grande parte da água fornecida aos utentes é adquirida em massa à Empresa Multimunicipal Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro, com custos significativos, pelo que o controlo e a redução das perdas de água assumese de extrema importância sob o ponto de vista económico. Por essa razão, parte do custo de produção representa um factor não controlável e os elevados investimentos necessários para aumentar a cobertura do serviço, bem como para a manutenção e melhoramento dos sistemas em exploração, obrigam a reflectir sobre todas as formas possíveis de aumentar a eficiência do serviço. Sublinhamos, neste sentido, a problemática deste estudo que trata de um aspecto paradigmático do desempenho do sistema de distribuição de água alusivo ao estado de conservação das infra-estruturas, no abastecimento de água ao Município de Vila Real. Esta realidade será traduzida pelo número de roturas ocorridas e pelo número de substituições de rede, e a sua relação com as práticas de manutenção. O número médio de roturas e a quantidade de água perdida constituem importantes indicadores de diagnóstico quanto ao desempenho de uma rede, o que reflecte o nível de eficiência da entidade gestora. Em suma, conhecer as principais deficiências do sistema público de abastecimento de água no concelho em análise, irá permitir, numa perspectiva futura, actuar sobre as suas perdas, reais e/ou aparentes, e alcançar ganhos de eficiência traduzidos em termos económicos, ambientais e sociais. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 63 4.2 HIPÓTESE DE INVESTIGAÇÃO “Será que a Empresa Municipal de Água e Resíduos de Vila Real (EMARVR), enquanto empresa gestora do sistema público de distribuição, controla de forma eficaz as perdas de água no Concelho de Vila Real?” 4.2.1 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS Para a análise e avaliação da problemática exposta, o presente estudo desenvolveu-se de acordo com os seguintes objectivos específicos: a) Caracterizar a entidade gestora do sistema de abastecimento de água no Concelho de Vila Real; b) Identificar os sistemas / zonas de abastecimento do Concelho, retratando as trinta freguesias inerentes, incluindo origens, reservatórios, redes, ramais, entre outros; c) Analisar e avaliar o desempenho do sistema de distribuição de água existente através de balanços hídricos, sendo o período de análise correspondente aos anos 2005 e 2006, inclusive; d) Avaliar o estado de conservação das infra-estruturas de distribuição de água do Município, traduzido pelo número de roturas e número de substituições de rede, no domínio da reabilitação, bem como a sua relação com as práticas de manutenção; e) Auscultar a percepção e opinião dos clientes da entidade gestora sobre as perdas de água em sistemas públicos de distribuição no Concelho; f) Definir uma metodologia com base em técnicas e métodos existentes que permitam detectar, num dado sector da rede, as zonas com maior susceptibilidade de ter fugas, visando a elaboração de um plano de controlo preventivo de perdas de água para uma gestão mais eficiente do sistema de abastecimento de água ao Município de Vila Real. 64 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 4.3 MÉTODOS E TÉCNICAS Para que o estudo se torne pertinente e válido, é necessário escolher os métodos mais adequados, ou seja, aqueles que nos permitem apreender melhor a realidade em análise (Quivy, 1998). Dada a complexidade de preparação e da natureza do universo escolhido, optou-se por fazer uma análise extensiva deste recurso hídrico e, em seguida, fazer a extrapolação para a análise intensiva dos sistemas de distribuição, no que às perdas e roturas diz respeito, no concelho de Vila Real. Por se tratar de um tema que exigia de antemão um cunho de investigação cientifica e de observação, ainda que indirecta, pensa-se que a melhor forma de chegar a conclusões reais será proceder ao cálculo do balanço hídrico, contabilizando os volumes de água entrados e saídos no(s) sistema(s) de abastecimento(s) para avaliação da quantidade de água perdida, bem como proceder ao levantamento dos registos das várias intervenções efectuadas na rede pública de distribuição de água, patentes nas fichas de actividade dos operários do sector de exploração da empresa gestora EMARVR, de modo a conhecer o número médio de roturas. Em complemento, e de forma a avaliar a dimensão social desta problemática, procedeu-se à técnica do inquérito, aplicado à população residente nas diferentes freguesias do Concelho, que fornecerá percepções reais da satisfação dos munícipes. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 65 CAPÍTULO 5 SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO CONCELHO DE VILA REAL 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO EM ESTUDO 5.1.1 QUADRO GEOGRÁFICO: O CONCELHO E A CIDADE O concelho de Vila Real situa-se na “concha geológica” do rio Corgo e afluentes e é limitado a Norte pela serra da Padrela e pelos concelhos de Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar; a sul pelas encostas da margem direita do rio Douro e pelos concelhos do Peso da Régua e Santa Marta de Penaguião; a nascente pelos planaltos da Azinheira, concelho de Sabrosa; a poente pelas serras do Marão e Alvão e pelo concelho de Amarante; por último, a Noroeste pelo concelho de Mondim de Basto (Parente, 2001). A cidade em estudo assume-se como sede de um Município com 377,67 km² de área e com, aproximadamente, 49 957 habitantes, segundo o resultado dos últimos censos de 2001. Este concelho encontra-se geograficamente subdividido em 27 freguesias rurais, sendo elas, Abaças, Adoufe, Andrães, Arroios, Borbela, Campeã, Constantim, Ermida, Folhadela, Guiães, Justes, Lamares, Lamas de Ôlo, Lordelo, Mateus, Mondrões, Mouçós, Nogueira, , Parada de Cunhos, São Miguel da Pena, Quintã, São Tomé do Castelo, Torgueda, Vale de Nogueiras, Vila Cova, Vila Marim e Vilarinho da Samardã e três freguesias urbanas, Nossa Senhora da Conceição, São Pedro e São Dinis (conforme ilustra a figura 5.1). A nível de rede rodoviária encontra-se devidamente ligada, quer ao litoral quer ao interior, com acessos rápidos a Chaves, a Bragança, ao Porto, e às terras do Sul, o que permite um crescimento sustentado. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 67 Figura 5.1 - Mapa do Concelho de Vila Real (Adaptado de www.radiopopular.pt, 2007) LEGENDA: 1. Abaças 2. Adoufe 3. Andrães 4. Arroios 5. Borbela 6. Campeã 7. Constantim 8. Ermida 9. Folhadela 10. Guiães 11. Justes 12. Lamares 13. Lamas d’Olo 14. Lordelo 15. Mateus 16. Mondrões 17. Mouçós 18. Nogueira 19. Nª Sr.ª da Conceição 20. Parada de Cunhos 21. S. Miguel da Pena 22. Quinta 23. São Dinis 24. São Pedro 25. São Tomé do Castelo 26. Torgueda 27. Vale de Nogueiras 28. Vila Cova 29. Vila Marim 30. Vilarinho da Samardã Um estudo recente, efectuado pela revista Única do Jornal “O Expresso”, e divulgado pelo Boletim Municipal de Vila Real, atribuiu a Vila Real o sétimo lugar no ranking das cinquenta melhores cidades portuguesas para se viver em 2007. Esta pesquisa baseou-se em vinte critérios elaborados por arquitectos, urbanistas e geógrafos. 68 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 5.1.2 QUADRO DEMOGRÁFICO População Residente Os Censos apresentam-se como valiosos instrumentos de diagnóstico, planeamento e intervenção, nos mais variados domínios do social. Em Portugal, os Censos são realizados de dez em dez anos, o que permite uma actualização exaustiva, tanto do parque habitacional como das características da população residente. Naturalmente, com o decorrer do tempo, tais bases de dados vão ficando desactualizadas. A actualização das mesmas vai sendo assegurada através da realização de inquéritos por amostragem. Neste contexto, de acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos aos Censos da População, obtidos em 2001, o Concelho apresentava uma população residente de 49 957 habitantes, com a seguinte distribuição por freguesia (gráfico 5.1). Gráfico 5.1 - População residente por freguesia (Adaptado do INE, 2001) 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 Vilarinho da Samardã Vila Cova Vila Marim Vale de Nogueira Torgueda S. Tomé do Castelo S. Dinis S. Pedro Quintã S. Miguel de Pena Parada de Cunhos Nogueira N. Sª Conceição Moucós Mateus Mondrões Lordelo Lamares Lamas d' Olo Guiães Justes Ermida Folhadela Campeâ Arroios Adoufe Andrães Abaças 0 Constantim 1000 Borbela População Residente (Hab) 9000 Freguesia A título de curiosidade, poder-se-á referir que no ano de 1795, o concelho contabilizava 3.600 habitantes e em 1530 contava apenas com 480 habitantes. É de se realçar o crescimento populacional registado neste Município desde os seus primórdios. Este acréscimo populacional progressivo permitiu que Vila Real adquirisse, no século XX, o estatuto de capital de província. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 69 Em 1922 foi criada a diocese de Vila Real, por desanexação das de Braga, Lamego e Bragança-Miranda. Em 1925 foi elevada a cidade. Da análise do gráfico 5.1 conclui-se que as freguesias pertencentes à área urbana, denominadas por freguesias urbanas14, são aquelas que apresentam valores mais elevados de população residente. Esta situação justifica-se pela procura de uma vida mais estável e com um maior leque de oportunidades, assumindo-se como verdadeiros pólos de atracção demográfica. Os valores apresentados pelas freguesias de Quintã (148) e Lamas d`Olo (177) justificam o raciocínio anterior. Densidade Populacional Tendo em mente que a densidade populacional ou densidade demográfica é um cálculo expresso pela relação entre a população e a superfície de um determinado lugar, o gráfico 5.2 traduz esta questão nas diversas freguesias do concelho. Gráfico 5.2 – Densidade populacional das freguesias do Concelho de Vila Real 3000 2500 2000 1500 1000 Vilarinho da Samardã Vila Cova Vila Marim Vale de Nogueira Torgueda S. Tomé do Castelo S. Dinis S. Pedro Quintã S. Miguel de Pena Parada de Cunhos N. Sª Conceição Moucós Nogueira Mateus Mondrões Lordelo Lamas d' Olo Justes Lamares Guiães Ermida Folhadela Constantim Borbela Arroios Adoufe Andrães 0 Campeâ 500 Abaças 2 Densidade Populacional (Hab/Km ) (Adaptado do INE, 2001) Freguesia 14 A Direcção Geral de Ordenamento do Território considera como freguesias urbanas aquelas “que possuem densidade populacional superior a 500 hab./Km2 ou que integrem um lugar com população residente superior ou igual a 5000 habitantes”; como freguesias semi-urbanas as “freguesias não urbanas que possuem densidade populacional superior a 100 hab./Km2 e inferior ou igual a 500 hab./km2, ou que integrem um lugar com população residente superior ou igual a 2000 habitantes e inferior a 5000 habitantes”; e como freguesias rurais, todas as restantes. 70 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Da leitura do gráfico exposto é notória a concentração da população na sede do município, o que significa que as freguesias urbanas são aquelas que apresentam níveis de densidades populacionais mais elevadas, com destaque para as freguesias da Nª Srª da Conceição e S. Dinis. Trata-se de um fenómeno globalmente conhecido, o do êxodo rural. 5.2 CARACTERIZAÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA AO CONCELHO E SUAS INFRA-ESTRUTURAS BÁSICAS 5.2.1 EVOLUÇÃO DO ABASTECIMENTO – BREVE RESENHA CRONOLÓGICA A rede pública de distribuição de água foi construída à medida das necessidades e à medida que foram surgindo novos povoados, aumentando os seus limites geográficos, numa política de reacção e adaptação. Contudo, para compreendermos a evolução do abastecimento de água a este município, tornar-se-á imprescindível traçar uma breve, mas explicativa, resenha cronológica de todo o processo envolvido. No século XIII, aquando da fundação de Vila Real, os problemas da falta de água à população residente na actual “Vila Velha” foram atenuados com a construção de uma cisterna, denominada o “Poço do Alcácer”. A partir do século XIV erigiu-se o chafariz do largo do Tabulado, alimentado por uma mina aberta na Quinta do Seixo (Sousa e Gonçalves, 1987). Ao longo dos séculos outras fontes e chafarizes espalhados pela cidade, com origens próprias, apareceram e desapareceram. Nogueira (2001), apresentou algumas destas estruturas medievais, enumerando o Chafariz do Rossio e o da Fonte do Chão (séc. XIV); o da Praça Velha (séc. XV); os Chafarizes do Tabulado, da Fonte Nova, do Cabo da Vila e de Santa Margarida, as Fontes do Calvo, de D. Pedro e de S. Francisco (séc. XVI); a Fonte de Santa Clara ou das “Três Bicas”, como era conhecida, as da Biquinha ou do Cano, da Teneria e da Carreira (séc. XVIII); a fonte monumental do Jardim da Carreira, as Fontes de Almodena e de S. Pedro (séc. XIX). No século XIX o abastecimento era assegurado pelas aguadeiras (figura 5.2) que recolhiam, das fontes públicas, a água em cântaros e a transportavam até às casas dos fregueses, mediante o pagamento estabelecido, em 1905, de 120 réis mensais por um cântaro de trinta litros, por dia. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 71 Figura 5.2 - Aguadeiras de Vila Real, séc. XIX (Adaptado da EMARVR, 2006) Segundo Nogueira (2001), o primeiro estudo do abastecimento de água em Vila Real é datado de 1905 e foi efectuado pelo Eng. Gaudêncio Pacheco, Engenheiro da Circunscrição Mineira do Norte. Genericamente, o processo de abastecimento de água a Vila Real remonta a 1907, quando a autarquia instalou um depósito - fontanário na Avenida da Estação e outro na Rua do Jazigo, onde recebiam água oferecida pelo Monsenhor Gerónimo Amaral, através da canalização instalada a partir da Quinta de Prados. Em 1915, preconizou-se a instalação do reservatório no Arcabuzado. Em 1927, executou-se uma planta cotada da cidade, precisando a localização das condutas, dos marcos fontanários, das bocas-de-incêndio. À mesma data, deu-se um avanço dos trabalhos, sob a direcção de Alfredo Amaral, engenheiro da Câmara. Em 1928, iniciou-se, próximo da aldeia de Relva, a abertura de vala para assentamento do tubo adutor que trouxe à cidade a água proveniente das captações exploradas nas minas, chamadas Vale do Paraíso e Regato. Ao mesmo tempo, começou-se a construir o reservatório de distribuição do Arcabuzado (no actual Bairro de S. Vicente de Paula), ilustrado na figura 5.3. Em 1929, foi lançada a água das nascentes na tubagem de adução e estabelecida a ligação à tubagem de distribuição. 72 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Figura 5.3 - Reservatório do Arcabuzado (Adaptado da EMARVR, 2006) Estação Elevatória de Codessais Em 1929 redigiu-se a primeira acta da Comissão Administrativa dos Serviços Municipalizados e, em 1933, foi aprovado o regulamento destes Serviços pela Câmara Municipal, onde os Serviços Municipalizados ficaram encarregues da instalação e exploração do abastecimento de água potável à população, assim como da electricidade e saneamento de esgotos. Dispondo de orçamentos separados, os Serviços Municipalizados passaram a ser considerados serviços autónomos. É assim, à data referida, que entra em funcionamento o primeiro grande abastecimento de água à cidade de Vila Real, que constava de: y Captações em minas do Alvão: minas do Vale do Paraíso e do Regado; y Adutora em Aço Mannesman com diâmetro de 125mm na extensão de 5,3Km; y Reservatórios apoiados, localizados no Bairro S. Vicente de Paula com capacidade de 2x375m3; y Rede de distribuição em aço Mannesman, com uma secção inicial de 250mm, que servia inicialmente o triângulo definido pelo Bairro do Pioledo, Igreja de S. Pedro e Cemitério de Santa Iria. Em anos seguintes chegou-se à Av. Carvalho Araújo e Câmara Municipal. Na zona rural proliferavam as pequenas captações, a maioria sem redes de distribuição. Ao longo dos anos 30 e 40, ampliou-se a rede de distribuição inicial e, em 1939, passou-se a debitar à autarquia a água consumida pelos diferentes serviços da Câmara Municipal. Até aos anos 50, foram realizadas novas captações, mais cinco minas e dois drenos nas zonas de Seara e Lagoa do Alvão, contudo, estas mostravam-se, ainda, insuficientes. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 73 Nesta sequência, na década de 50, dá-se a saturação das novas minas e dunas exploradas no Alvão e a cidade começa a pensar no Rio Corgo para responder ao rápido crescimento de consumo. Em resposta a este problema, mediante resolução municipal de 14 de Maio de 1958, a câmara comprou um terreno situado no lugar de Codessais, junto ao rio Corgo, para a instalação da Central Elevatória (figura 5.4), destinada ao abastecimento de água à cidade em conjunto com as minas do Alvão. A captação de Codessais passa a explorar galerias de mina e furos horizontais, abertos no sub-leito do rio Corgo, que drenam para um poço central, onde a água é bombeada para o depósito do Bairro de S. Vicente de Paula, o local mais elevado da cidade. Figura 5.4 - Estação elevatória de Codessais (Adaptado da EMARVR, 2006) Sistema Do Alvão Entre 1974 e 1980, o aumento de população citadina provocou um acréscimo (quase o dobro) do número de consumidores ligados à rede de distribuição, tornando insuficiente a quantidade de água fornecida. Para reforçar o abastecimento de água dá-se em 1980, o início às obras no Sistema do Alvão. Este, é constituído por: y Duas Barragens (figuras 5.5 e 5.6), Cimeira e Fundeira (ligadas entre si por uma canalização elevatória), situadas perto de Lamas de Olo, que no conjunto têm capacidade para armazenar um milhão e seiscentos e quarenta e cinco mil metros cúbicos (1.645.000m3); y Uma adutora com uma extensão superior a 4 km, que leva a água até uma Estação de Tratamento de Água (ETA); y Uma ETA, construída em Borbela, com capacidade de tratamento de 360m3/h (figura 5.7); 74 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL y Dois reservatórios (figura 5.7) gerais com uma capacidade unitária de 750m3, construídos a jusante da ETA de forma a receberem e conduzirem a água tratada para a rede de distribuição em alta, que numa primeira fase apenas chegava aos depósitos do Bairro de S. Vicente de Paula. É em 1984, que este entra em funcionamento tornando possível o fornecimento de água a mais de 30 mil habitantes. A partir desta data, assiste-se ao prolongamento sucessivo da rede de distribuição, totalizando uma extensão aproximada de cinquenta quilómetros e à construção gradual de diversos reservatórios do sistema, passando a armazenar 4.500m3 de água, entre os quais se destacam os reservatórios de Borbela e do Pisco, com capacidade de 1500m3/cada. Por conseguinte, em 1999, procede-se à desactivação da Estação Elevatória de Codessais, em virtude da entrada em funcionamento do Sistema do Sôrdo. Figura 5.5 - Barragem do Alvão (Cimeira) Figura 5.6 – Barragem do Alvão (Fundeira) Figura 5.7 - ETA do Alvão (Freguesia de Borbela) e reservatórios a jusante da ETA CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 75 Sistema do Sôrdo Na década de 1980, assiste-se a uma nova duplicação do número de consumidores ligados à rede e, no final destes mesmos anos, de forma a reforçar o abastecimento ao Município de Vila Real e a fornecer, simultaneamente, água a todo o concelho de Santa Marta de Penaguião, decide-se construir um novo sistema: y Uma Barragem no rio Sôrdo (figura 5.8) com capacidade para armazenar um milhão de metros cúbicos (1.000.000m3). y Uma torre de captação (figura 5.9), a partir da qual se eleva a água para a estação de tratamento. y Uma ETA, com duas linhas de tratamento, cada uma com capacidade de produção de 330m3/h (figura 5.10). y Da ETA partem duas condutas adutoras, uma para o concelho de Santa Marta de Penaguião e outra para servir o Concelho de Vila Real. y A conduta adutora que abastece o concelho de Vila Real tem uma extensão superior a 13Km, com diâmetros que chegam aos 500mm, existem quatro válvulas redutoras, localizando-se a primeira no nó de ligação aos novos reservatórios do Corisco (capazes de armazenar 5000m3), em Parada de Cunhos, e as restantes nos nós de ligação às redes existentes, permitindo nesses locais interligar o sistema do Sôrdo com o Sistema do Alvão. Em 1991, iniciaram-se as obras de construção da barragem no rio Sôrdo, entrando em funcionamento em 1999. 76 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Figura 5.8 - Barragem do Sôrdo Figura 5.9 - Torre de captação Figura 5.10 - Estação de Tratamento de Água do Sôrdo A articulação entre estes dois sistemas (Alvão e Sôrdo) foi projectada de forma a permitir, desde o início, abastecer todo o concelho de Vila Real, Santa Marta de Penaguião e, ainda, uma parte importante do Concelho do Peso da Régua. Actualmente, está previsto o seu alargamento de modo a abastecer no futuro algumas zonas do Concelho de Mesão Frio. 5.2.2 GESTÃO DO ABASTECIMENTO Entende-se por sistema público de distribuição de água ou sistema de abastecimento de água, o conjunto de instalações, que vai desde a captação até à rede de distribuição, incluindo os ramais de ligação, que permite o fornecimento de água aos consumidores e que funciona sob a responsabilidade de uma entidade gestora (Portaria nº. 762/2002, de 1 de Junho). Deste modo, e de acordo com a região em estudo, os sistemas de abastecimento de água, desde a sua origem até ao consumidor, subdividem-se em dois tipos: Sistema de abastecimento de água “em Alta” Os sistemas de abastecimento de água em alta são constituídos pelas infra-estruturas das duas empresas que as gerem: CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 77 • Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro (ATMAD) – garante o abastecimento de água aos concelhos da sua área de influência, nomeadamente, o Concelho de Vila Real e, compreende: a captação (barragem); uma estação de tratamento de água; algumas condutas de adução (condutas adutoras e estações elevatórias) e o armazenamento (reservatório da ETA e reservatório de entrega: Corisco), pertencentes ao sistema do Sôrdo, criado no âmbito do contrato de concessão. • Empresa Municipal de Água e Resíduos de Vila Real (EMARVR) – garante o abastecimento de água ao Concelho de Vila Real e compreende: a captação; uma estação de tratamento de água a adução (condutas adutoras e estações elevatórias) e o armazenamento, pertencentes ao sistema do Alvão, na esfera de responsabilidade municipal. Sistemas de abastecimento de água “em Baixa” A responsabilidade pela gestão e exploração dos Sistemas Públicos de Captação e Distribuição de Água “em Baixa”, constituídos por múltiplos sistemas autónomos formados por pequenas origens (minas, furos, nascentes) e pelas origens dos sistemas em alta atrás referidos, é da autarquia local, através da EMARVR, com competências para o planeamento, gestão de equipamentos e realização de investimentos no domínio dos sistemas municipais, concedidas pela lei 159/99. Os sistemas “em baixa” são constituídos pelas componentes da distribuição, incluindo os correspondentes ramais de ligação e pelos reservatórios de entrega que não fazem parte da “alta”. De referir, no entanto, que existe um sistema de abastecimento de água cuja gestão e exploração tem sido da responsabilidade da Junta de Freguesia: Sistema de Constantim, com as inerentes limitações técnicas, particularmente, no cumprimento das regras estabelecidas pelo Instituto Regulador de Água e Resíduos (IRAR). Existe ainda um número significativo de utilizadores que recorrem, quase exclusivamente, a sistemas privados de captação de água de origem subterrânea, construídos dentro das suas propriedades, com especial incidência nas zonas rurais. Plano Director do Abastecimento de Água “em Alta” ao Concelho de Vila Real Grandes Sistemas - Até 2009 O primeiro Plano Director do Abastecimento de Água “em Alta” no Concelho de Vila Real, foi proposto em 1998, pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento e 78 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL aprovado pela Câmara Municipal. A partir de então, este tem vindo a ser ajustado e, actualmente, ostenta o abastecimento “em alta” do Concelho a partir de sistemas distintos, incluindo ainda as futuras linhas de abastecimento a realizar em zonas ainda debilitadas, assim como os reservatórios e estações elevatórias já construídas ou a construir, como nos mostra a Figura 5.11. A empresa concessionária Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro (ATMAD), criada para a gestão de um sistema multimunicipal de abastecimento de água “em alta” aos 38 municípios da região, passou a deter, em regime de exclusividade, a captação e o abastecimento aos municípios ligados ao sistema. Assim, a EMARVR passou a adquirir parte da água aquela empresa, proveniente do sistema do Sôrdo, a uma tarifa fixada em contrato, procedendo posteriormente à sua distribuição “em baixa” pelos consumidores. Apesar da ATMAD ter sido criada como Empresa de Distribuição de Água “em Alta”, na realidade, esta empresa não cobre, quer em termos de produção quer em termos de adução, toda a alta do concelho. O Município continua a contar com o importante sistema “em Alta” do Alvão que se procurará desenvolver para a zona Norte/Nordeste do Concelho. Essenciais apresentam-se também outros sistemas, como o da Campeã, Rebordolongo, S. Tomé do Castelo, assim como toda uma série de outros pequenos sistemas. A interligação do sistema do Alvão com o sistema do Sôrdo é efectuada no lugar de Abambres, pertencente à freguesia de Mateus, através de uma instalação elevatória, cuja regulação de válvulas permite o reforço da área de abastecimento do Alvão e de toda a zona sudeste, alternado por um ou outro sistema, ou por ambos, sempre que se mostre necessário. Assim, desde a sua entrada em funcionamento, o sistema do Sôrdo permite, em conjunto com outros sistemas já existentes, que o Concelho disponha de água em quantidade e qualidade durante um período superior a 25 anos. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 79 Figura 5.11 - Plano Director de Abastecimento de Água "em Alta" Grandes Sistemas até 2009 (Adaptado de EMARVR, 2004) Plano Director de Abastecimento de Água “em Baixa” ao Concelho de Vila Real Até 2009 O abastecimento domiciliário “em baixa” continua a ser feito pela autarquia, através da empresa Municipal – EMARVR, de acordo com as áreas de abastecimento previstas no Plano Director (figura 5.12). Um dos objectivos globais desta gestão é diminuir, o mais possível, o número de origens locais, substituindo-as pelos grandes sistemas, de modo a conferir maior garantia na quantidade e qualidade da água distribuída. 80 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Figura 5.12 - Plano Director de Abastecimento de Água "em Baixa" até 2009 (Adaptado da EMARVR, 2007) CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 81 5.2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ENTIDADE GESTORA – EMARVR, EM Neste capítulo apresenta-se a entidade responsável pela gestão e exploração dos sistemas públicos de captação e distribuição de água para consumo público, incluindo o suporte legal para a sua criação e os domínios de actividade. 5.2.3.1 CRIAÇÃO DA EMPRESA – BASE LEGAL A partir dos anos 90, a actividade municipal tornou-se mais complexa, gerada, em grande parte, pelo aumento de competências das autarquias, pelos inúmeros trâmites burocráticos, sobretudo ao nível da contratação de bens e serviços, pela diversidade e complexidade jurídica existente e pela crescente exigência dos consumidores. Por estas razões, aliados à crescente necessidade de respostas céleres às solicitações dos clientes, enveredou a Câmara municipal pela transformação dos então Serviços Municipalizados de Água e Saneamento numa Empresa Municipal, ao abrigo da Lei n.º 58/98 de 18 de Agosto “Lei das Empresas Municipais, Intermunicipais e Regionais”, após dois anos de vários procedimentos burocráticos para a sua criação, nomeadamente, ao nível de estudos técnico económicos, tendo sido aprovada em reunião da Câmara a 20 de Agosto e em Assembleia Municipal a 19 de Setembro de 2003. Assiste-se, então, a uma proliferação de empresas públicas de âmbito municipal, fenómeno esse que configura a estas organizações relevo na vida económica e jurídica do País. O Município de Vila Real não foi excepção, constituindo recentemente quatro empresas municipais: EMARVR - Água e Resíduos de Vila Real, E.M.; CULTURVAL - Gestão de Equipamentos Culturais de Vila Real, E.M.; MERVAL - Gestão de Mercados e de Promoção de Projectos de Desenvolvimento Local, E.M.;VILA REAL SOCIAL - Habitação e Transportes, E.M. Tal como as restantes, a criação da EMARVR institui novos desafios à actividade municipal, pelo que se torna relevante estudar o seu desempenho na prestação do serviço público de abastecimento de água. 5.2.3.2 TRANSIÇÃO SMAS / EMARVR O ano de 2004 notabilizou-se como ano de transição dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) para a EMARVR. Fruto desta transição foram várias as 82 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL alterações efectuadas, nomeadamente, ao nível da gestão mais desburocratizada e agilização do serviço prestado, entre outros, tendo em conta maiores e novas exigências da actualidade. Nesse ano, a empresa passou a assumir também a actividade de recolha de resíduos urbanos, bem como a gestão do sistema de drenagem pluvial, que até então eram da competência da Câmara Municipal. Pioneira no interior norte do país, a Empresa em questão, é uma pessoa colectiva pública, constituída como empresa municipal dotada de personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e patrimonial, ficando sujeita à superintendência da Câmara Municipal de Vila Real. Tendo em conta que a nova Empresa é herdeira dos antigos SMAS, a sua gestão garante aos actuais e futuros clientes cada vez mais uma melhoria na prestação de serviço do saneamento básico, a custos mais reduzidos, incrementando a aproximação do público no sentido de prontamente atender as suas necessidades e reclamações; assegura a sua estabilidade económica e financeira e ao mesmo tempo assegura a manutenção dos postos de trabalho e regalias dos trabalhadores. É também política da Empresa, recorrer sempre que possível, à subcontratação de tarefas a empresas da especialidade, no sentido de não aumentar os custos fixos, reservando para os seus trabalhadores as funções de controlo, fiscalização e intervenção rápida. 5.2.3.3 DOMÍNIOS DE ACTIVIDADE Esta Empresa tem como missão a gestão e exploração dos sistemas públicos de captação e distribuição de água para consumo público, dos sistemas de drenagem de águas residuais domésticas e pluviais, assim como a recolha e deposição de resíduos sólidos urbanos e de higiene pública na área do Município. Na execução desta missão, visa a prestação de um serviço de qualidade com respeito pelos aspectos essenciais de ordem social e ambiental de forma a proporcionar aos munícipes de Vila Real uma contínua melhoria das suas condições de vida. Sucintamente, tem a seu cargo a prestação de serviços ambientais essenciais em áreas extremamente sensíveis, com reflexos profundos na qualidade de vida da população e na competitividade da região, tendo sempre como orientação básica o interesse público ao serviço do município. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 83 Sistemas de captação e distribuição de água Actualmente a água distribuída pela EMARVR a praticamente toda a população do concelho, com taxas na ordem dos 99,5%, provém, principalmente, de três grandes sistemas: um com origem na Barragem do Alvão, outro com origem no Aquífero da Campeã e um terceiro com origem na Barragem do Sôrdo. Os dois primeiros são da responsabilidade da Empresa Municipal e o terceiro da responsabilidade da ATMAD. O sistema do Sôrdo é o resultado da união de esforços das Câmaras Municipais de Vila Real e Santa Marta de Penaguião para solucionarem as carências sentidas na obtenção de água. Face à cobertura da rede de água, praticamente em todo o Concelho, o investimento efectuado nesta vertente destina-se essencialmente a obras de remodelação e reabilitação dos sistemas. Assim, com uma taxa de cobertura próxima dos 100%, superior à média nacional (92%), conclui-se que o concelho, em geral, cumpre as metas estipuladas no Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais - PEAASAR (95% de cobertura). Qualidade da água distribuída A esta empresa é-lhe incumbido o objectivo de garantir o fornecimento permanente de água, dentro dos padrões de qualidade exigidos na lei. Para tal, despende mensalmente uma verba considerável, destinada a análises de água, de forma a garantir as características necessárias ao consumo humano. Dos dados resultantes dessas análises, são elaborados relatórios, que se encontram disponíveis na página web desta empresa (http://www.emar.pt), para que os munícipes possam estar informados quanto à qualidade da água que consomem. 5.2.4 DADOS DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO Os sistemas de abastecimento de água constituem infra-estruturas de distribuição e produção, com diversos componentes parcelares. São eles, os sistemas de captação, elevação, tratamento, adução, armazenamento, distribuição pública e predial, dos quais, de seguida, se fará referência. Para o controlo de perdas de água num sistema público de distribuição é fundamental a recolha minuciosa de informação, no seio da entidade. Por exemplo, a existência de dados de 84 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL medição domiciliária para efeitos de facturação, dados de operação, manutenção (ocorrência de roturas), informação de cadastro, é crucial para o cálculo dos balanços hídricos. É neste sentido que neste capítulo serão apresentados e processados alguns dos dados recolhidos, de modo a obter parte dos componentes constituintes do balanço hídrico. 5.2.4.1 SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Os sistemas de maior dimensão têm como principal origem águas superficiais armazenadas em albufeiras, pelo facto de na Bacia Hidrográfica do Douro15, onde se insere Vila Real, predominarem as rochas compactas fissuradas. Estas condições hidrogeológicas não são, de todo, favoráveis à captação de caudais significativos de água subterrânea (PBH, 1999). Por esta razão, apenas os sistemas locais de menor dimensão recorrem a águas de origem subterrânea, através de furos, poços, minas e nascentes. Porém, em épocas de estiagem, os caudais disponíveis a partir destas origens sofrem uma redução notória, provocando situações de interrupção ou restrição nos fornecimentos de água, tal como sucedeu num ano de seca extrema como foi o de 2005. Nessa altura, os problemas que surgiram no abastecimento e na qualidade deste, foram resolvidos recorrendo unicamente aos reservatórios locais, obrigando ao seu reforço com água proveniente dos grandes sistemas, transportada em autotanques dos bombeiros. Vila Real demonstrou, por isso, estar preparada para dar resposta a todos os consumidores. Por outro lado, é de se referir que estes pequenos sistemas, que já eram fonte de abastecimento antes da construção das barragens, complementam as origens superficiais. Assim, a albufeira do Alvão é complementada com as minas do Alvão e a barragem do Sôrdo, classificados como grandes sistemas. Já as minas de Rebordolongo, o aquífero da Campeã e as minas de S. Tomé do Castelo, classificam-se como sistemas médios. No entanto, apenas o aquífero da Campeã possui um poço central e drenos que captam a água de lençóis freáticos inferiores. Deste poço, a água, através de uma elevatória com cerca de 950m de extensão e uma secção de 125mm, é bombeada para os reservatórios principais do Alto do Sarnado, que têm uma capacidade de 300m3. Aqui é submetida a um tratamento de desinfecção. Destes reservatórios partem ainda, duas redes de distribuição em alta com secções de 160mm em PVC. A primeira, destina-se a abastecer as freguesias da Campeã e Quintã, e a segunda abastece as freguesias de Torgueda e S. Miguel da Pena. Este sistema entrou em funcionamento em 1997, pondo termo a uma série de 15 Entende-se por bacia hidrográfica a área terrestre a partir da qual todas as águas fluem, através de uma sequência de ribeiros, rios e eventualmente lagos para o mar, desembocando numa única foz, estuário ou delta (Directiva 2000/60/CE, de 23 de Outubro); CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 85 pequenas captações artesanais que eram insuficientes ou deficientes. Por sua vez, os pequenos sistemas locais são constituídos por 47 minas, oito drenos, vinte furos e quatro poços. Alguns destes, não têm qualquer interesse em aderir aos grandes sistemas, quer pelo facto de disporem de água com excelente qualidade para consumo humano, quer por inviabilidade técnico-económica para assegurar o abastecimento a certas localidades, a partir dos principais sistemas de abastecimento. Através do novo Plano Director de Abastecimento de Água em Alta ao Concelho de Vila Real, acordado em 2003 e definido em 2005, em conjunto com a empresa multimunicipal Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro (ATMAD), algumas zonas de abastecimento, deverão ser integradas no sistema do Pinhão16, que pertencerá a esta mesma empresa, a partir de 2009. 5.2.4.2 CONSUMIDORES E CONSUMOS A leitura de contadores, a facturação e a cobrança desempenham um papel crucial na gestão de perdas de água. Foi feita uma recolha destes elementos junto da entidade em estudo e os dados obtidos foram trabalhados de modo a apresentarem, grosso modo, os resultados principais. A estrutura de consumidores/clientes desta Empresa tem-se vindo a manter sensivelmente constante durante os últimos anos e inclui consumidores domésticos, comércio e indústria, serviços do Estado, autarquias locais, instituições de beneficência e de carácter social e obras. Nos consumos domésticos inclui-se a utilização da água no interior e na periferia envolvente das habitações dos vila-realenses. Os consumos por parte do comércio e indústria referem-se à utilização de água associada a variadas actividades económicas, sobretudo aquelas que se inserem na malha urbana e loteamento industrial. Algumas destas actividades apresentam consumos similares aos consumos domésticos. Os consumos referentes a serviços do Estado e Autarquias Locais incluem os gastos de água associados às actividades municipais, tais como, a rega de alguns jardins e limpeza de arruamentos, consumos em escolas do primeiro ciclo e chafarizes, entre outros. Estes consumidores encontram-se categorizados no gráfico 5.3. 16 Constituído pela barragem do rio Pinhão, actualmente em construção, vai abastecer cerca de 75 mil habitantes dos concelhos de Sabrosa, Alijó, Vila Real, Peso da Régua, e Santa Marta de Penaguião uma vez que funcionará em colaboração com a barragem do Sôrdo, numa gestão integrada dos recursos hídricos. 86 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Gráfico 5.3 - Categorização de consumidores e respectivos consumos (m3) 2.500 3 Consumo (m ) 2.000 1.500 Doméstico 1.000 Estado Comércio/Indústria 500 Outros Autarquias 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Uma análise à evolução do consumo de água por tipo de consumidor permite concluir que o maior volume de água consumida se verifica na actividade doméstica, apresentando uma redução dos consumos nos últimos dois anos, comparativamente com o ano de 2004. Foi necessário recorrer a campanhas de sensibilização para a poupança deste bem tão precioso, promovidas junto da população pela própria empresa. Analisando a evolução do consumo de água por escalões, ilustrada nos gráficos 5.4 e 5.5, constata-se que o maior volume de água consumida ocorre no consumo doméstico, em especial no 2.º escalão. Nos últimos seis anos o consumo doméstico absorveu, em média, 72 % do consumo anual, seguindo-se o comércio e a indústria com 11 %, e os restantes 17 % repartem-se pelos consumos em actividades do estado, municipais e outros. Gráfico 5.4 - Consumos de água por tipo de clientes (média dos últimos seis anos) CO NSUMO S MÉDIO S Outros 2% Autarquias 6% Estado 9% Comércio/ Indústria 11% Doméstico (72%) 2.º Escalão 48% 1.º Escalão 12% 5.º Escalão 1% 4.º Escalão 12% 3.º Escalão 27% CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 87 O gráfico 5.4 vem confirmar os resultados anteriores, destacando uma notória evolução dos consumos correspondentes ao segundo escalão, consequência do aumento do número de clientes. Relativamente ao terceiro e quinto escalões, é ainda visível uma redução considerável dos consumos. Registe-se que os clientes com escalões mais elevados consomem grandes volumes, pelo que pagam tarifas mais elevadas, de forma a surtir um efeito dissuasor ao desperdício, penalizando aqueles que mais utilizam ou abusam deste bem de primeira necessidade. Gráfico 5.5 - Evolução do consumo doméstico por escalões 1.400.000 Consumo (m3) 1.200.000 1.000.000 600.000 1.º Escalão 2.º Escalão 400.000 3.º Escalão 200.000 4.º Escalão 0 5.º Escalão 800.000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Da leitura do gráfico 5.5 construído com base nos valores da tabela 5.1, resulta que o número de leituras de volumes consumidos tem aumentado progressivamente, o que também significa o aumento do número de habitantes ligados à rede geral de abastecimento de água (Gráfico 5.6). Tabela 5.1 - Evolução do número de leituras nos últimos seis anos TIPO DE CONSUMIDOR Doméstico 1.º Escalão 2.º Escalão 3.º Escalão 4.º Escalão 5.º Escalão Comércio/Indústria Estado Autarquias Outros TOTAL MÉDIA 88 2001 2002 2003 2004 2005 2006 126.009 59.961 32.509 27.031 4.960 1.548 130.920 62.475 47.111 17.224 3.804 306 134.208 62.996 55.103 12.709 3.400 137.997 63.466 57.760 13.299 3.472 140.367 67.128 58.732 11.666 2.841 142.869 69.819 59.826 10.722 2.502 10.680 642 1.641 1.588 11.240 627 1.747 1.715 11.693 553 1.621 1.753 12.165 614 1.752 1.626 12.501 600 1.852 1.675 12.440 604 1.922 2.032 140.560 146.249 149.828 154.154 156.995 159.867 23.427 24.375 24.971 25.692 26.166 26.645 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Gráfico 5.6 – Evolução do número de leituras nos últimos seis anos (Nº) 165.000 Leitiuras (N.º) 160.000 155.000 150.000 145.000 140.000 135.000 130.000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Referindo-se aos valores totais da tabela 5.1, o gráfico 5.6 expõe a evolução do número médio de leituras efectuadas, nas aldeias e na cidade. No final de 2006 registou-se uma média de 26.645 leituras, o que significa que em finais de 2006, existia uma média de 26.645 contadores (Tabela 5.1). Naturalmente, e devido à vasta densidade populacional que possui, é na cidade que se concentra o maior número de contadores, manifestando uma evolução praticamente gradual nos últimos seis anos, tal como sucede proporcionalmente nas aldeias. Salienta-se que o número de contadores instalados engloba o comércio, serviços, indústria, habitações e outros. Gráfico 5.7 - Evolução do número de clientes (aldeias e cidade) Clientes (N.º) 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 Clientes Aldeias 5.000 Clientes Cidades T ot al 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Recuando mais um pouco, cronologicamente, no gráfico 5.8, que traduz a evolução do número de consumidores desde 1970 a 2006, lê-se que na década de 70 o número de consumidores duplicou, sendo este aumento mais acentuado nas zonas rurais, consequência da implementação da rede pública para abastecimento domiciliário. O acréscimo próximo do triplo foi verificado na década de 80. Na década de 90, o número total de consumidores subiu de 15.203 para cerca de 23.000, quase duplicando nas áreas rurais. No início do século 20, notou-se um decréscimo parcial na zona urbana, devido à redefinição das áreas urbanas e CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 89 semi-urbanas (periurbanas), de que são exemplo as freguesias de Lordelo, Parada de Cunhos, Arroios, Mateus e Borbela. Gráfico 5.8 - Evolução do número de consumidores no Concelho (Período compreendido entre 1970 e 2006) 30.000 25.000 15.000 10.000 5.000 0 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Consumidores (N.º) 20.000 Consumidores Cidade Consumidores Aldeias De seguida, analisa-se separadamente a evolução anual dos consumos quer por aldeias e cidade, quer por contagem. Atendendo a que as leituras nas aldeias são feitas nos meses ímpares e na cidade nos meses pares, estas leituras irão obrigatoriamente reflectir-se na facturação do mês seguinte. De acordo com os gráficos 5.9 e 5.10, podemos verificar que a variação ao longo do ano não é grande. Atingem-se os pontos máximos nos mesmos meses e com valores muito próximos. Assim, nas aldeias os menores consumos acontecem nas primeiras contagens do ano reflectindo-se nas facturações de Fevereiro e Abril, com valores por volta dos 14 m3 por contagem (Gráfico 5.9). Os valores máximos são registados na facturação de Outubro, que corresponde logicamente aos consumos efectuados durante os meses de Agosto e Setembro. Gráfico 5.9 - Evolução do consumo total por contagem ao longo do ano – aldeias (m3) 25 20 (m3) Consumo por contagem 30 2001 2002 2003 2004 2005 2006 15 10 5 0 Fevereiro Abril Junho Agost o Out ubro Dezembro Período de facturação 90 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Na cidade, e de acordo com o gráfico 5.10, o consumo ao longo dos meses é mais homogéneo, ainda assim é possível assinalar um mínimo na facturação de Maio, que corresponde aos consumos efectuados nos meses de Março e Abril e um máximo na facturação de Setembro e Novembro, que corresponde aos consumos efectuados nos meses de Julho e Agosto, Setembro e Outubro, com valores inferiores a 22 m3 por contagem. Gráfico 5.10 - Evolução do consumo total por contagem ao longo do ano - cidade (m3) 25 20 (m3) Consumo por contagem 30 2001 2002 2003 2004 2005 2006 15 10 5 0 Janeiro Março Maio Julho Set embro Novembro Pe ríodo de facturação Em termos globais foram feitas, neste período, cerca de 908.000 contagens, a que correspondem consumos na ordem dos 17.000.000 m3 de água facturados. Este número poderá variar conforme os meses a que se referem as contagens, atingindo valores mais altos nos meses mais quentes. Atendendo ao desenvolvimento do consumo por contagem, exposto no gráfico 5.11, demonstra-se que o número total de metros cúbicos consumidos nas aldeias tem diminuído ao longo dos anos, ao contrário da cidade, onde aquela medida aumenta substancialmente. No período compreendido entre 2001 e 2002, os consumos por contagem apurados nas aldeias são ligeiramente superiores aos da cidade, pelo facto de, naquela época, haver um maior número de freguesias não urbanas e, consequentemente, mais consumidores nas aldeias. A partir de 2002, com a redefinição das freguesias, o cenário inverteu-se. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 91 Gráfico 5.11 - Evolução do consumo total, por contagem, no período compreendido entre 2001 e 2006 Consumo por contagem(m3) 140,00 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 Cidade 20,00 Aldeias 0,00 2001 2002 2003 2004 2005 2006 A média bimensal facturada nos últimos seis anos foi de mais de 193.000 m3 nas aldeias e de cerca de 273.000 na cidade. Relativamente ao número médio de leituras / contagens efectuadas por mês, este é de cerca 11.246 contagens nas aldeias e perto 14.000 na cidade, no mesmo horizonte temporal. 5.2.4.3 VOLUME PRODUZIDO / FACTURADO Concluída a apreciação geral da evolução dos consumidores e dos consumos nos últimos seis anos, pretende-se agora desenvolver uma análise do volume produzido/facturado correspondente ao período em análise, 2005 e 2006, tendo em vista a avaliação das perdas de água através do cálculo do balanço hídrico. Todavia, serão feitos comentários à evolução dos volumes referidos desde a época em que iniciou o seu registo. Consumo de água por habitante O consumo de água per capita corresponde à quantidade de água utilizada, em média, por cada habitante, expressa-se em litros por dia (l/hab/dia). Com base nos valores da população residente em cada freguesia e do seu consumo total de água, incluindo as perdas, registadas naquela fase pelos serviços de exploração da empresa gestora, estima-se que no período decorrido entre 2005 e 2006 cada habitante consumiu, em média, 160 litros de água por dia. Este valor é bastante próximo da média nacional, que é de 161 l/hab/dia (INSAAR, 2006). O consumo total referido engloba os demais consumos satisfeitos pelas redes (domésticos; administração pública; beneficência; comércio e serviços, entre outros), à 92 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL excepção do consumo industrial. Todavia, neste caso a variação da capitação é explicada com base no peso significativo do consumo doméstico, conforme comprovado nos valores gráficos anteriores. As diferenças significativas no consumo doméstico propriamente dito sucedem-se, entre outras razões, devido às desigualdades de hábitos sanitários, à frequência no uso de máquinas de lavar, à rega de jardins assim como pela possibilidade de em certas localidades recorrer-se a origens próprias complementares. Estes valores devem-se, sobretudo, à elevada taxa de cobertura da rede de abastecimento e, portanto, ao facto das pessoas que se encontram ligadas a esta rede terem adquirido hábitos de consumo que satisfaçam as suas necessidades básicas, assim como, os seus níveis de conforto mínimo. Apesar de não haver uma quantificação para os valores de referência desejados, relativos à capitação de água, pretendese que este valor seja o mais baixo possível, desde que respeite as necessidades básicas do cidadão. Os consumos associados à indústria têm um peso pouco expressivo em relação aos consumos totais na região em estudo. De acordo com os volumes de água produzida, apresentados no gráfico 5.12, obteve-se o valor médio da capitação da água produzida, entre 2005 e 2006 de, aproximadamente, 332 l/hab/dia, cujo resultado é inferior à média nacional, que ronda os 560 l/hab/dia. Gráfico 5.12 - Evolução do volume de água facturada e produzida 4.000.000 Volume (m3) 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 0 Água Produzida (m3) Água Facturada (m3) CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 93 Evolução do Volume de Água Produzido / Facturado Da interpretação do gráfico 5.12 conclui-se que apenas existem registos de água facturada desde 1976. Verifica-se um decréscimo nos três primeiros anos, um acréscimo a partir de 1979 e uma ligeira descida em 1981. Tais oscilações podem dever-se à existência de perdas não contabilizadas. Os consumos facturados voltaram a aumentar no espaço de tempo entre 1982 e 1987, tendo ocorrido posteriormente uma ligeira queda. Desde 1990 é visível um incremento da água facturada devido ao aumento do número de consumidores, à excepção do ano 2003, quando se constata uma pequena diminuição. Mas, de modo geral, a água efectivamente facturada apresenta um ligeiro padrão de estabilidade ao longo dos últimos anos com uma tendência de subida, tendo atingido um valor próximo de 2,9 milhões de m3 em 2006. Desde 1986, altura em que se começa a contabilizar a água, a produção desta para consumo humano tem-se mantido relativamente estável, com tendência de subida, atingindo em 2006, um valor próximo de 3,2 milhões (m3). É notória uma evolução crescente ano após ano, fruto da exploração ininterrupta de novos sistemas de captação, nos quais se encontram incluídos os sistemas do Alvão e do Sôrdo. Porém, é de realçar a queda na produção de água do ano 2005, por se tratar de uma área do território nacional com uma situação de seca meteorológica extrema (100 %), a mais grave dos últimos 60 anos. Até à data, os valores mais elevados registaram-se em 1945 com uma taxa de 77% (INAG, 2005). Em 2005, o volume produzido de àgua foi de 3.180.812 m3, o volume facturado foi de 2.895.621 m3, o que corresponde a uma percentagem de água não facturada de 9%. Do volume facturado, 72% era fornecido a consumidores domésticos, enquanto 13% era usufruído por consumidores industriais, 8% utilizado em actividades do estado, 6% em autarquias, e a parcela restante 1% corresponde a outros consumidores. Já em 2006, o volume produzido foi de 3.226.621 m3 e o volume facturado foi de 2.852.821 m3, o que corresponde a uma percentagem de água não facturada de 11%. Em 2006, o volume facturado foi distribuído pelos diferentes tipos de consumidores nas percentagens anunciadas no gráfico 5.13, seguinte. 94 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Gráfico 5.13 - Volume de água facturado em 2006 – Distribuição por tipo de consumidores CO NSUMO S 2006 Outros 1% Autarquias 6% Doméstico (71%) Estado 9% 1.º Escalão 13% Comércio/ Indústria 13% 2.º Escalão 57% 5.º Escalão 0% 4.º Escalão 10% 3.º Escalão 20% Perdas de água no sistema público de abastecimento Através dos valores apresentados no gráfico 5.14, é possível calcular-se a taxa de eficiência de um sistema de abastecimento público de água pela diferença entre o volume de água captada e o de água distribuída. Relativamente aos volumes de água captada mas não facturada, temos que ter em conta alguns factores, tais como: os consumos não medidos, tecnicamente designados por perdas comerciais (fugas e roturas de água na distribuição e adução, consumo municipal das bocas de rega e de incêndio, entre outros); o consumo não autorizado; os erros de medição e os volumes de água contabilizados mas não facturados. Do cálculo das perdas, baseado apenas nos volumes de água produzida e facturada (Gráfico 5.12), resultam os valores expostos no gráfico 5.14, no qual é visível o seu crescimento, motivado pela proliferação de espaços verdes regados com água da rede pública, pelo abastecimento de autotanques dos bombeiros através das bocas-de-incêndio, pelo uso fraudulento de hidrantes, pelas fugas e roturas da rede pública, ligações ilícitas, entre outros. Em 2000, o volume de água não facturada (considerado como perdas comerciais) representava cerca de 33% do volume de água entrado no sistema de distribuição, ainda que inferior à média nacional (35%). Este valor motivou a tomada de medidas imediatas, desenvolvendo-se trabalhos conducentes à redução das perdas de água, tais como, correcta gestão do parque de contadores e do serviço de leituras de consumos, instalação de contadores em grande parte das redes de rega e de certas bocas-de-incêndio, criteriosamente escolhidas CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 95 para uso exclusivo dos bombeiros, reabilitação e remodelação de redes de abastecimento e reservatórios, sensibilização de todos os colaboradores da Empresa para a necessidade de combater estas situações, entre outras medidas, das quais resultou uma redução significativa, com valores mínimos obtidos em 2005 e 2006. Os esforços são efectuados no sentido de reduzir a percentagem de perdas até ao limite possível, conduzindo a benefícios económicos, ambientais e de saúde pública, tanto para a entidade gestora como para os seus clientes. De acordo com o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR) assume-se como objectivo para o ano de 2015 que a percentagem de perdas do sistema de distribuição não ultrapasse os 20%, valor de referência nas melhores práticas a nível europeu. Salienta-se que a nível comunitário o volume de água perdido está estimado entre os 15 e 20%, destacando-se a Holanda com valores entre 4 e 5% (IA, 2006), o que implica um esforço continuado na reabilitação e/ou substituição dos órgãos mais antigos dos sistemas. De salientar que, na Bacia Hidrográfica do Douro, os valores mais elevados de perdas encontram-se nos concelhos de Chaves (40%), Porto (37%) e Vila Nova de Gaia (35%) (MAOT, 1999). Gráfico 5.14 - Evolução das perdas de água - volume de água não facturada 4.000.000 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 0 Água Produzida (m3) Água Facturada (m3) Perdas (m3) Tal como se verá justificado com o cálculo do balanço hídrico, o volume de água não facturada difere do volume das perdas por contabilizar a parcela dos fornecimentos gratuitos, que pode atingir na situação mais desfavorável, cerca de 5% do total (Marques et al, 2005). 96 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 5.2.4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS INFRA-ESTRUTURAS DO SISTEMA O presente estudo pretende analisar o sistema de distribuição pública de água, constituído pelas várias infra-estruturas, que vão desde as condutas até aos elementos especiais, passando pelos elementos acessórios e ramais de ligação que têm por finalidade assegurar a condução da água potável até aos consumidores. Contudo, a sua análise poder-seá estender ao sistema de adução, por ser assimilável ao primeiro. As condutas são infra-estruturas que têm por finalidade transportar a água em pressão, entre um ou mais pontos de alimentação e os diversos pontos de consumo. Os elementos especiais, por sua vez, são dispositivos que condicionam o escoamento nas condutas, tais como reservatórios, instalações elevatórias, instalações sobrepressoras, redutores de pressão, válvulas de retenção e válvulas de seccionamento. Os elementos acessórios dizem respeito a juntas de ligação de tubagens e válvulas de seccionamento e, por isso, não têm efeito significativo no comportamento hidráulico do sistema. Estas infra-estruturas, com o passar do tempo, vão-se deteriorando, de forma natural ou acelerada, originando um acréscimo nas perdas de água e um aumento nos custos de operação e conservação, suportados pela entidade e pelos consumidores. Por este motivo, um dos maiores objectivos da empresa gestora é, naturalmente, preservar e manter as suas redes nas melhores condições, prolongando a sua vida útil pelo maior período de tempo possível. No entanto, a experiência de outros países tem-nos mostrado que, em média, o limite de vida técnica dos sistemas de abastecimento, mesmo quando bem concebidos, construídos e explorados é de cem anos. Redes de Distribuição de Água Da informação existente sobre a rede de distribuição, foi possível apurar alguns dados sobre as suas características físicas. A idade, a extensão da rede e o estado de conservação, são exemplos de factores que explicam, em parte, alguns dos resultados obtidos nos capítulos posteriores e que atempadamente serão abordados. Pela sua natureza, a rede de distribuição de água é alvo de constantes aperfeiçoamentos, de forma a adaptar-se ao desenvolvimento urbanístico dos aglomerados urbanos. Por isso, é natural que um mesmo sistema tenha componentes que foram construídas em épocas distintas e que apresentem estados de conservação bastante diferenciados. Em termos gerais, dada a expansão, nos últimos anos, da rede no concelho, parte considerável das infra-estruturas CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 97 existentes são de épocas recentes ou com menos de vinte anos, encontrando-se portanto, em bom estado de conservação (Tabela5.2). Os materiais que constituem estas redes são o PVC, Hostalene e Polietileno de Alta Densidade (PEAD), com um período de vida útil de, aproximadamente, trinta anos. Outras das recentes redes foram executadas em Ferro Fundido Dúctil (FFD), podendo atingir a idade média de 30 a 50 anos. Contudo, ainda que em menor escala, algumas freguesias do concelho, possuem infraestruturas envelhecidas, construídas na sua maioria em Aço Manesman, com secção insuficiente para as actuais necessidades e em estado degenerativo, conduzindo a perdas elevadas. Tabela 5.2 - Redes de distribuição de água REDES IDADE (Anos) MATERIAIS SECÇÃO (mm) Condutas de distribuição ≤20 PVC; Hostalene; P.E.A.D. várias Condutas de distribuição 40 Aço Manesman várias Condutas de distribuição ≤20 Fibrocimento várias Condutas de distribuição ≤20 F.F.D. várias Conduta adutora de Rebordolongo 20 P.V.C. 90 e 110 Conduta adutora do Alvão 22 F.F.D. 350 e 300 O estado de conservação de uma rede depende muito do tipo e qualidade dos materiais utilizados. A escolha destes deve ser feita de acordo com as condições locais, atendendo aos factores agressivos em presença. (Baptista e Alegre, 2000; Moreira et al, 2000). Para estas situações, foram programadas obras de substituição de modo a prolongar a vida do sistema existente e melhorar o seu desempenho estrutural, hidráulico e de qualidade da água. O mesmo acontece com todas as redes existentes em fibrocimento e outros materiais, com redes de secção reduzida, menor ou igual a uma polegada e meia que, pelo seu estado e sua capacidade de transporte, implicam a sua substituição. Caso existam redes localizadas em aldeias que não tenham mais do que quinze a vinte anos e se encontrem ainda num estado operacional, é possível, de forma a aproveitar a intervenção em domínio público para construção de redes de drenagem de águas residuais domésticas, realizar-se nesses mesmos locais uma profunda reabilitação, que contempla a substituição, renovação e o reforço de 98 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL elementos do sistema, assim como uma expansão das redes de distribuição de água (Figura 5.13). Figura 5.13 - Exemplos de obras de substituição da rede de água em conjunto com a execução da rede pública de drenagem de esgotos domésticos Quanto ao seu funcionamento, verifica-se a existência de pressões elevadas em certos pontos da rede e insuficientes noutros, ainda que em número bastante diminuto, devido ao terreno acidentado, característico da região. Porém, na generalidade, as pressões são controladas dentro das flutuações regulamentares entre as horas de ponta e de menor consumo, pelo que o abastecimento de água tem sido regular e suficiente em termos de caudal e pressão para suprir as necessidades da população. As capacidades das condutas encontramse em níveis razoáveis. Relativamente às condutas do sistema adutor, que abastecem vários aglomerados, pode dizer-se que têm capacidade suficiente para garantir o transporte da totalidade dos caudais fornecidos e são relativamente recentes, à excepção da adutora com origem no sistema de Rebordolongo, que tem cerca de vinte anos. A rede de distribuição e adução do concelho tem uma extensão de, aproximadamente, 500 Km. Ramais Após um árduo trabalho de campo quer dentro como fora da entidade gestora, de forma a obter-se um levantamento exaustivo dos ramais de ligação existentes, estima-se, que, segundo um nível de aproximação credível, que existam cerca 17.000 ramais com mais de cinco anos e 3.000 ramais com menos de cinco anos, num total de 20.000 ramais, com uma CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 99 extensão média de três metros. Ainda que seja difícil avaliar com exactidão o número de ramais, o erro não parece longe da realidade, atendendo que existem 26.645 contadores. A diferença é justificada pela predominância de habitações do tipo unifamiliar nas aldeias, onde são instalados um contador e um ramal por habitação, podendo acontecer que duas habitações geminadas disponham de um único ramal. Pelo contrário, nas cidades, perante a existência de habitações do tipo multifamiliar (colectiva), são colocados tantos contadores quantas as fracções habitacionais e apenas um ramal por cada edifício habitável. A secção dos ramais varia entre meia polegada e duas polegadas e meia. No entanto, o número de ramais com três quartos de polegada e uma polegada, representam cerca de 78% da totalidade dos ramais (Tabela 5.3). O período de vida útil médio destes é de 30 anos. Tabela 5.3 - Ramais de água existentes RAMAIS QUANTIDADES Número Ramais com mais de 5 anos 17 000 Ramais com menos de 5 anos 3 000 Percentagem Ramais com secção de 3/4" e 1" 78% do total Ramais com secção de 1/2" e 2 1/2" 22% do total TOTAL GERAL 20 000 100% Atendendo que o período de vida útil médio destes ramais é de 30 anos, a entidade gestora procede à substituição e/ou renovação dos ramais de ligação, preferencialmente, em simultâneo com a intervenção nas obras de saneamento básico, de forma a minimizar o impacto no quotidiano provocado pelas obras (Figura 5.14). Figura 5.14 - Exemplo de um ramal antigo e mal concebido 100 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Reservatórios Os reservatórios encontram-se distribuídos pelo espaço geográfico de forma a possibilitar a cobertura total do concelho. Na totalidade do sistema de abastecimento foram inventariados 75 depósitos, dos quais cinco com uma capacidade compreendida entre 500m3 e 2 000m3 e setenta com uma capacidade inferior a 500m3 (treze deles com menos de 50m3). Constata-se que a capacidade destes, na sua maioria têm um grau de satisfação superior à metade do exigido pela regulamentação em vigor. No entanto, existe uma pequena percentagem de reservatórios antigos com capacidade de reserva inferior a metade da mínima decretada. Os maiores, com 2 000m3, encontram-se localizados em Parada de Cunhos e em Constantim e pertencem à ATMAD (Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro) e à junta de freguesia de Constantim, respectivamente. Merece também referência o reservatório de Vila Seca, com 1500 m3 (figura 5.15), entre outros mencionados e quantificados na tabela 1 do Anexo I. São ainda destacados, na mesma tabela, aqueles que pertencem ao sistema do Alvão – Sistema “em alta” da responsabilidade da entidade gestora. Na generalidade dos casos, estas infra-estruturas encontram-se apoiadas e/ou enterradas, Figura 5.15 - Reservatório de Vila Seca, 1500 m3 Em forma de síntese afigura-se um quadro resumo (tabela 2 do Anexo I) das principais infra-estruturas de abastecimento público de água, no domínio da gestão da EMARVR. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 101 Parque de contadores Para uma avaliação mais precisa dos componentes do balanço hídrico sublinhe-se a importância de uma correcta medição dos volumes de água entrados no sistema e distribuídos ao consumidor, possível apenas através da correcta gestão do parque de contadores e do serviço de leitura de consumos. A percentagem de leituras reais dos contadores, deverá ser realizada em maior número possível, pois esta aliada à fiabilidade da informação produzida pelo sistema de gestão de clientes17, são factores que nos levam a acreditar nos resultados do balanço. Mediante o exposto, uma das acções que a empresa gestora está a desenvolver no sentido de reduzir as perdas dos sistemas de produção, transporte e distribuição de água, prende-se com as perdas na medição (subcontagem), por ser uma das parcelas das perdas totais com algum interesse económico. As perdas de receita são mais acentuadas quanto maior for a subcontagem, esta aumenta com a idade dos contadores e com a menor classe de consumo. É certo que a inexactidão integra não só os erros de medição mas também as fugas nas redes domiciliárias dos clientes, que correspondem a um caudal inferior relativo ao mínimo do contador (limite inferior de exactidão). A título de exemplo pode referir-se que um contador DN 15 (doméstico), com um caudal de arranque na ordem dos 3 a 4 l/h e com um caudal mínimo de 15 l/h, numa situação de fuga sucedida num autoclismo, pode atingir em média entre 5 a 8 l/h, cujo registo de consumo tem grandes probabilidades de não ocorrer ou, na melhor das hipóteses, obter-se apenas um registo parcial. É de realçar que aquela fuga pode representar num ano, mais de 40 m3 por contador, ou seja, cerca de um terço do consumo normal de um cliente doméstico. Ciente que todo o trabalho efectuado para controlo e redução das perdas de água tem como base a rigorosa medição dos volumes de água consumidos, a entidade gestora tem vindo a fazer a renovação do parque de contadores em serviço. De acordo com os dados recolhidos, elaborou-se um quadro resumo com os contadores em serviço, instalados até final de 2006, (Tabela 3 do Anexo I) e outro com o movimento anual dos contadores (Tabela 4 do Anexo I). Até ao final de 2006, o parque de contadores existente no concelho em análise era composto por 26.645 unidades, com uma durabilidade média de doze a quinze anos18. Estes, têm vindo a ser renovados embora não de uma forma planeada, devido à inutilização desses 17 Este sistema tem a função de gerir a informação associada aos contratos estabelecidos com os diversos tipos de clientes. 18 O prazo de quinze anos é o máximo estipulado pelo Regulamento do Controlo Metrológico dos Contadores de Água Potável Fria para verificação periódica. 102 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL mesmos equipamentos. Sempre que são detectadas anomalias de funcionamento nos contadores, tais como a ausência de vedação ou paragem do registo, processa-se à sua substituição, sendo colocado no seu lugar outro contador novo ou reparado (Figura 5.16). Tais anomalias podem ser provocadas por factores ligados às condições hidráulicas do abastecimento, à qualidade da água na distribuição e à qualidade do próprio instrumento de medição. A entidade gestora faz apenas a substituição dos contadores, na sua maioria do tipo volumétrico e mecânico e a sua gestão administrativa, já que a reparação e verificação metrológica é feita pela fábrica fornecedora daqueles equipamentos, conforme sintetizado na tabela 5 do Anexo I. Figura 5.16 - Contador doméstico a substituir Cadastro A actualização do cadastro tem vindo a ser efectuada, ainda que de uma forma simples, contendo apenas a localização em planta das condutas e instalações complementares sobre carta topográfica, secções, profundidades e materiais. Salienta-se, no entanto, que a actividade da empresa gestora está a ser orientada no sentido de recorrer, em larga medida, a novas técnicas informatizadas de produção de cadastros e tratamento de informação georeferenciada, que facilitam a consulta e manuseamento dos dados que actualmente são armazenados em AUTOCAD19. A empresa está, portanto, sensibilizada para a importância da actualização dos cadastros, tendo o cuidado de os criar para as novas redes que vão sendo construídas. Se pensarmos em termos futuros, a posse de um cadastro representativo das redes de abastecimento em funcionamento com toda a informação a elas associada, tais como os dados de operação (caudais, pressões, posicionamento de válvulas, estado de conservação, registo de avarias e dados da qualidade da água), os dados relativos aos consumidores (número de clientes, tipo de clientes e clientes 19 Programa informático de desenho, actualmente utilizado para actualização do cadastro. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 103 especiais), bem como os dados associados aos consumos (valores facturados a clientes e consumos autorizados não facturados), será possível ter uma actuação mais rápida e eficiente no que ao controlo das perdas de água é referente. Para além da providência de um cadastro fidedigno e a sua inclusão num sistema de informação geográfica, já se iniciaram os primeiros estudos de implementação de modernas técnicas de apoio à gestão dos sistemas, designadamente a telegestão20, que permitirá uma análise do funcionamento dos mesmos e uma programação de intervenções adequadas com vista à resolução dos problemas detectados. Assim, a telegestão visa não só minorar faltas de água e custos energéticos, como também as perdas de água através da detecção precoce e localização de roturas e fugas de água. Contudo, por enquanto, dado tratar-se de uma tecnologia dispendiosa, aqueles estudos referem-se apenas aos principais sistemas “em alta”, ou seja, à instalação de equipamentos em locais estratégicos, como sejam reservatórios e instalações elevatórias, que permitam a monitorização à distância e em tempo real dos seguintes parâmetros: nível da água nos reservatórios, caudal fornecido, teor de cloro, ph, estado de funcionamento das bombas (ligado/desligado), de modo a automatizar o funcionamento destas instalações. Nesta fase pretende-se implementar um projecto de monitorização e controlo global, abarcando os restantes sistemas de abastecimento, após o processo de integração de um cadastro georeferenciado. 5.3 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DAS PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO 5.3.1 CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO E INDICADORES DE DESEMPENHO Entre a captação e a distribuição de água ao consumidor final poderão ocorrer inúmeras situações de perdas, por razões que vão desde as fugas nos diferentes elementos dos sistemas até à água que é efectivamente distribuída mas não facturada, podendo incluir outros motivos de diferente natureza, definidos no Plano da Bacia Hidrográfica do Douro, dos quais se podem destacar os seguintes: • Erros de macromedição por deficiência de funcionamento dos contadores gerais que medem os volumes de água introduzidos no sistema; 20 Entende-se por telegestão um sistema de gestão de informação e controlo à distância, em tempo real, dos sistemas de produção, tratamento e distribuição de água. 104 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL • Erros de micromedição por falta de aferição ou avaria dos contadores domiciliários; • Volumes consumidos na operação corrente dos órgãos do sistema, como sejam os resultantes de limpeza de reservatórios e canalizações, lavagens das canalizações, funcionamento de bombas, etc.; • Volumes perdidos através do funcionamento acidental dos órgãos de segurança do sistema, como sejam descarregadores de superfície, válvulas de segurança, etc; • Água distribuída gratuitamente para combate a incêndios, lavagem de pavimentos, consumos não registados ou isentos de pagamento, etc; • Água utilizada clandestinamente; • Perdas nas instalações prediais a jusante dos contadores, que só parcialmente são sujeitas a facturação por falta de sensibilidade dos contadores; No que diz respeito às perdas aparentes, na componente que quantifica o uso não autorizado de água, é fundamental adoptar uma abordagem que passe pela sensibilização de todos os colaboradores da Empresa, bem como dos seus clientes/utilizadores, para a necessidade de combater estas situações. É essencial que compreendam que as ligações ilícitas ao sistema, para além de poderem transmitir uma imagem de tratamento desigual por parte do prestador de serviço aos utentes cumpridores, origina despesas ou perdas de receita que se reflectem nos resultados operacionais que, por sua vez, se poderão espelhar na factura dos consumidores, assim como condicionar a melhoria do desempenho do sistema. Aos leitores, aos técnicos de operação e manutenção da rede e aos fiscais, no contacto diário com as instalações e demais infra-estruturas do sistema, cabe o papel importante de denunciar as situações ilícitas de abastecimento. A componente de perdas aparentes, que permite obter dados relativos aos erros de medição, deve ser ultrapassada através de uma criteriosa campanha de substituição de contadores. As figuras 5.17, 5.18 e 5.19 ilustram algumas ligações não autorizadas à rede pública, detectadas no concelho. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 105 Figura 5.17 - Ligação directa à rede pública sem contagem (clandestina) Figura 5.18 - Ligação ilícita à rede pública Figura 5.19 - Uso fraudulento de hidrantes Entre as várias técnicas existentes, o primeiro passo para um controlo eficaz de perdas de água consiste na realização de balanços hídricos anuais, ou seja, balanços reais e actualizados de volumes de água entrados e saídos no sistema, tais como o volume total produzido; o fornecido a cada sistema de distribuição; o adquirido ao exterior (importado); o vendido ao exterior (exportada e consumida internamente); a água facturada aos consumidores/clientes de cada rede, de forma a determinar com o maior rigor possível o nível de perdas. A figura que se segue, ilustra os principais pontos de controlo de caudal, onde, idealmente, a medição deveria ser fiável. Os pontos de entrada e saída de água, identificados a cor azul na figura 5.20, são os mais pertinentes para o caso de estudo. De acordo com o que foi anteriormente referido, e apesar de possuir captações próprias, a empresa gestora em questão compra grande parte da água ao fornecedor “em alta”, Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro, e fornece a água “em baixa”. 106 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Figura 5.20 - Identificação dos locais de medição do sistema Água fornecida à Distribuição Contadores instalados à saída dos reservatórios Água fornecida para distribuição directa Consumoo e perdas Consum Distribuiçção Distribui distribuiçção na distribui Aduçção Adu Consumo operacional e reservatóórios perdas nos reservat Consumoo e perdas Consum aduçção na adu Água fornecida à adução Água produzida: Alvão Armazenamento Água tratada importada: Sôrdo (**) Tratamento atamento Tr Consumoo de processo e Consum perdas no tratamento Água fornecida ao tratamento Consumoo operacional e Consum perdas de água bruta Condutas de água bruta Água bruta importada (*) Água bruta exportada (*) Água captada Contador instalado à Entrada da ETA do Alvão Captaçção Capta Água tratada exportada: Santa Marta de Penaguião (a cargo da ATMAD) (**) (Adaptado de Alegre et al, 2005) Água entregue aos consumidores (*) - podem localizar-se em qualquer ponto entre a captação e o tratamento (**) - podem localizar-se em qualquer ponto a jusante do tratamento O cálculo dos balanços hídricos anuais globais de 2005 e 2006 e dos indicadores de perdas atrás apresentados, baseiam-se na folha de cálculo da Microsoft Excel, desenvolvidos por Alegre (2005) no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, embora a exactidão do cálculo seja apenas aproximada, dada a dificuldade em avaliar todas as componentes com o rigor requerido. No presente capítulo descrevem-se os resultados mais relevantes, tratados em folhas de cálculo desenvolvidas pelo LNEC, cujo modelo se apresenta no Anexo II. Assim, nas tabelas 5.4 e 5.5 apresentam-se os resultados do balanço hídrico relativo aos anos de 2005 e 2006, bem como os indicadores de perdas reais e financeiras, recomendados pela IWA. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 107 Tabela 5.4 - Componentes do balanço hídrico de 2005 (Adaptado do LNEC, 2004) Gama de exactidão Componente do balanço hídrico: Água entrada no sistema (contabilização em termos operacionais) 3.180.812 (contabilização em termos económico-financeiros) m3/ano Consumo facturado medido 2.895.771 m3/ano Consumo facturado não medido 0 m3/ano Água facturada (contabilização em termos económico2.895.771 financeiros) Consumo autorizado facturado (contabilização em termos 2.895.771 operacionais) Água não facturada (contabilização em termos económico285.041 financeiros) 0-3 % 0-3 % 0-4 % m3/ano 0-5% m3/ano 0-4 % m3/ano 0-50 % Consumo não facturado medido 49.745 m3/ano 94-281 % Consumo não facturado não medido 4.500 m3/ano 5-19 % Consumo autorizado não facturado 54.245 m3/ano 87-258 % Consumo autorizado 2.950.016 m3/ano 1-6 % Perdas de água 230.796 3 20-88 % 3 m /ano Uso não autorizado 1.650 m /ano 71-213 % Erros de medição 206.636 m3/ano 20-49 % Perdas aparentes Perdas reais (1) 208.286 22.510 m3/ano m3/ano 20-49 % 279-1018 % Fugas nas condutas de adução e/ou distribuição 100.000 m3/ano 21-50 % Fugas e extravasamentos nos reservatórios de adução e/ou 5.000 distribuição m3/ano 51-100 % Fugas nos ramais (a montante do ponto de medição) m3/ano 51-100 % Perdas reais (2) 20.000 3 125.000 m /ano 18-43 % 1 N/A 12 N/A 7 N/A 3 0 9 10 7 % m3/km/dia m3/ramal/ano % % l/km/dia l/ramal/dia (-) % % % 279-1018 % N/A 20-90 % N/A 20-49 % N/A 279-1018 % 279-1019 % 0-50 % 25-75 % Indicadores de Desempenho: Ineficiência na utilização dos recursos hídricos (%) Perdas de água por comprimento de conduta (m3/km/dia) Perdas de água por ramal (m3/ramal/ano) Perdas aparentes por volume de água entrada no sistema (%) Perdas aparentes (%) Perdas reais por comprimento de conduta Perdas reais por ramal (l/ramal/dia com sistema em pressão) Índice infra-estrutural de fugas (-) Água não facturada em termos de volume (%) Água não facturada em termos de custo (%) Água não medida (%) 108 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Tabela 5.5 - Componentes do balanço hídrico em 2006 (Adaptado do LNEC, 2004) Gama de exactidão Componente do balanço hídrico: Água entrada no sistema (contabilização em termos operacionais) 3.226.621 (contabilização em termos económico-financeiros) m /ano Consumo facturado medido 2.381.628 m3/ano Consumo facturado não medido 0 m3/ano Água facturada (contabilização em termos económico2.381.628 financeiros) Consumo autorizado facturado (contabilização em termos 2.381.628 operacionais) Água não facturada (contabilização em termos económico844.993 financeiros) 0-3 % 3 0-3 % 0-4 % m3/ano 0-5% m3/ano 0-4 % m3/ano 0-14 % Consumo não facturado medido 6.795 m3/ano 82-246 % Consumo não facturado não medido 4.350 m3/ano 8-27 % Consumo autorizado não facturado 11.145 m3/ano 50-150 % Consumo autorizado 2.392.773 m3/ano 0-4 % Perdas de água 833.849 3 0-16 % 3 m /ano Uso não autorizado 7.580 m /ano 74-222 % Erros de medição 167.625 m3/ano 20-49 % 3 Perdas aparentes Perdas reais (1) 175.205 658.644 m /ano m3/ano 20-48 % 5-24 % Fugas nas condutas de adução e/ou distribuição 75.000 m3/ano 21-50 % Fugas e extravasamentos nos reservatórios de adução e/ou 1.500 distribuição m3/ano 51-100 % Fugas nos ramais (a montante do ponto de medição) m3/ano 51-100 % 5.000 3 81.500 m /ano 19-46 % Ineficiência na utilização dos recursos hídricos (%) Perdas de água por comprimento de conduta (m3/km/dia) Perdas de água por ramal (m3/ramal/ano) Perdas aparentes por volume de água entrada no sistema (%) Perdas aparentes (%) Perdas reais por comprimento de conduta Perdas reais por ramal (l/ramal/dia com sistema em pressão) 20 N/A 42 N/A 5 N/A 90 % m3/km/dia m3/ramal/ano % % l/km/dia l/ramal/dia 5-24 % N/A 6-26 % N/A 20-48 % N/A 7-31 % Índice infra-estrutural de fugas (-) Água não facturada em termos de volume (%) Água não facturada em termos de custo (%) 2 26 15 (-) % % 20-55 % 0-14 % 6-22 % Água não medida (%) 26 % Perdas reais (2) Indicadores de Desempenho: CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 109 Análise Económica do Controlo de Perdas O investimento em procedimentos para a redução e controlo de fugas assume-se como uma forma eficaz de responder aos crescentes consumos de água e à necessidade de um desenvolvimento sustentável. Todavia, as fugas têm diversos custos associados, tais como, custos de água perdida, de interrupção do abastecimento, de reparação das condutas e acessórios, da limpeza das zonas afectadas, bem como os correspondentes aos prejuízos causados aos moradores da zona, muitas vezes não quantificáveis. As fugas e as roturas numa rede de distribuição implicam custos elevados quando comparados com os custos associados à introdução e operação de um sistema eficiente de detecção, que não só controle a sua evolução mas que também evite o seu agravamento em termos de frequência e importância das ocorrências. Neste contexto, podemo-nos interrogar se será ou não rentável a implementação de um sistema de controlo de fugas numa determinada rede de distribuição. Esta análise de custo-benefício define o nível económico de perdas, a partir do qual deixa de ser rentável dar continuidade ao projecto. Entende-se por nível óptimo de perdas, quando o investimento no controlo de perdas iguala o custo efectivo dessas mesmas perdas de água. Qualquer outra combinação de custos resultará, certamente, em encargos mais elevados (Covas, 1998). Saliente-se que não existe um valor universal para o nível óptimo de perdas, este pode depender, entre muitos outros factores, da zona de abastecimento, do custo da mão-de-obra local, da pressão de funcionamento, do estado de conservação da rede e da localização das roturas (trechos principais ou ramais secundários). Todavia, dos resultados obtidos em 2005, o indicador de ineficiência de utilização dos recursos hídricos apresentou uma percentagem excelente, traduzindo uma eficácia do ponto de vista ambiental, uma vez que as perdas reais se revelam pouco significativas. Já em 2006, este indicador obteve valores superiores ao máximo recomendado pelo IRAR (15%). Tendo em conta o elevado grau de incerteza destes indicadores, a diferença entre ambos poderá ser justificada pela seca extrema que avassalou o país no ano de 2005. Como consequência, a entidade gestora viu-se obrigada a lançar uma séria campanha de sensibilização junto da população apelando à redução dos consumos e uso eficiente deste recurso. Para além disso, controlou-se de forma mais eficiente a rede de distribuição em termos de pressão, evitando valores excessivos desnecessários, que apenas contribuem para um maior consumo, quer ao nível da utilização doméstica quer pelas roturas existentes no sistema. Estas medidas tomadas pela empresa revelaram-se bastante positivas, uma vez que os indicadores operacionais como 110 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL as perdas aparentes, as perdas reais por ramal e ainda o indicador de água não facturada (indicador financeiro) também se demonstraram bastante reduzidos. Ao analisar estes indicadores em 2006, verifica-se uma diferença expressiva. Contudo, os resultados obtidos nesse ano são, de igual modo, gratificantes para a entidade gestora, obtendo uma percentagem de água não facturada a rondar os 26%. Um dos mais importantes indicadores, o de perdas reais por ramal, mostra que o sistema não apresenta graves problemas estruturais. Comparativamente, o indicador infraestrutural traduz a mesma mensagem que a comparação do indicador de perdas reais, pelo que não acrescenta dados significativos. Em suma, da análise efectuada torna-se evidente que a entidade gestora está a progredir num sentido adequado, embora ainda tenha de melhorar face ao controlo dos usos ilícitos e fraudulentos. Note-se que, alguns países como Israel e Suiça, conseguiram níveis de perdas na ordem dos 9%. 5.3.2 INTERVENÇÕES EFECTUADAS NA REDE NO PERÍODO 2005 e 2006 Perante a inexistência de registos estruturados de informação, referentes à operacionalização e manutenção dos sistemas, indispensáveis para uma boa gestão técnica, procedeu-se à recolha de dados de exploração dos sistemas de distribuição de água, patente nas fichas de actividade dos operários do sector de exploração21. Só desta forma foi possível determinar alguns indicadores, tais como o tipo de intervenções efectuadas na rede geral e nos ramais, a duração das intervenções, o número de roturas e o número de substituições no período compreendido entre 2005 e 2006. Os elementos recolhidos foram processados através de uma matriz de registo de dados e tratados estatisticamente através do software SPSS 14.0 (Pereira, 2003). Todos os elementos foram trabalhados separadamente para condutas e ramais. Ressalvase, no entanto, que todos os cálculos são aproximados, dada a dificuldade de preenchimento das fichas de actividade, com exactidão, pelos operários do sector de exploração, cujas equipas se apresentam na figura que se segue (Figura 5.21). Ao lado afigura-se alguns dos meios utilizados pelas equipas na exploração dos sistemas (Figura 5.22). 21 É da competência do sector de exploração a realização de todos os trabalhos de manutenção e operação dos vários sistemas de distribuição de água, incluindo a execução de ramais. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 111 Figura 5.21 - Equipa do sector da Figura 5.22 - Viaturas do Sector da exploração da EMARVR exploração da EMARVR Por detrás de um simples gesto como abrir uma torneira, existe um conjunto complexo de tarefas, realizadas por profissionais que actuam na gestão do ciclo da água, num esforço constante e com vigilância permanente. Os colaboradores desta empresa têm um verdadeiro cuidado com a limpeza das instalações e são sensibilizados para a obrigatoriedade do rigoroso cumprimento das normas de segurança. Deslocando-se pelo concelho, zelam pelo bem-estar das populações, realizando sem demora as tarefas, de modo a minimizar ao máximo o incómodo das pessoas. Desta forma, a EMARVR recorre, preferencialmente, aos seus funcionários para garantir a distribuição de água, num total de 51 funcionários afectos a este sector de actividade, invocando somente uma baixa percentagem ao serviço prestado por terceiros, reflectindo-se num baixo nível de “outsourcing”, cerca de 16,76%. Salienta-se, no entanto, que nem todos os funcionários da empresa estão ligados apenas a uma actividade. Em suma, a força da empresa e o seu crescimento, a sua modernidade e a qualidade do seu trabalho no município, depende em absoluto, da qualidade do trabalho conjunto das suas equipas e dos seus colaboradores. Fazer parte desta empresa significa colaborar no percurso deste bem tão precioso que é a água, desde a sua fonte até à sua distribuição ao consumidor, num esforço conjunto de várias equipas. Apresentam-se, em seguida, os resultados relativos ao tipo de intervenções efectuadas, em 2005 e 2006, nos ramais e na conduta geral (registo de ocorrência de roturas, substituições e outras intervenções). 112 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 5.3.2.1 RESULTADOS RELATIVOS A 2005 A - Intervenções efectuadas Relativamente às intervenções efectuadas em 2005, constatou-se que a maioria (61,5%) decorreu na conduta geral. A percentagem de intervenções ocorridas nos ramais foi de 38,5% (Tabela 1 do AnexoIV). B - Tipo de Intervenções efectuadas nos ramais e na conduta geral O gráfico 5.15 ilustra os diferentes tipos de intervenções efectuadas nos ramais, sendo que a reparação de rede (64,8%) foi a intervenção mais frequente. Gráfico 5.15 – Intervenções efectuadas nos Ramais (%) A maioria das intervenções efectuadas na conduta geral, verificaram-se ao nível das condutas de distribuição (95,7%), conforme evidencia o gráfico 5.16. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 113 Gráfico 5.16 – Intervenções efectuadas na conduta geral (%) C - Roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral Das intervenções efectuadas nos ramais, 85,6% foram realizadas devido à ocorrência de rotura nos ramais. Relativamente às intervenções efectuadas na conduta geral, verificou-se rotura de rede em 99,4% das intervenções. C1- Roturas nos Ramais e na Conduta Geral por Freguesia Apresenta-se, na Figura 5.23, o número de roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral, por freguesias do Concelho de Vila Real. 114 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Figura 5.23 – Número de roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral, nas diferentes freguesias do Concelho 10/55 5/4 16/68 45/103 31/69 24/26 22/119 41/148 20/0 15/0 37/100 14/25 217/157 10/5 58/46 23 / 37 7/104 39/90 59/33 34/19 59/60 2/43 14/75 Legenda: x / y , em que: x corresponde ao número de roturas ocorridas nos ramais; y corresponde ao número de roturas ocorridas na conduta geral. 22/ 97 1/7 5/36 39/80 0/5 Desta figura, lê-se que as freguesias com maior incidência de roturas nos ramais são as freguesias urbanas22, Arroios, Mondrões, Mateus, Adoufe, Mouçós, Abaças e Torgueda. Por sua vez, as roturas na conduta geral ocorreram com maior frequência nas freguesias da Cidade de Vila Real, Mouços, Borbela, Campeã, Adoufe e Lordelo. 22 S. Dinis, S. Pedro, Nª Sª Conceição CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 115 D - Substituição dos ramais e da conduta geral Do total das intervenções efectuadas nos ramais, cerca de 21% corresponde a trabalhos de substituição. Já a percentagem de substituições da conduta geral, na globalidade das intervenções nela sucedidas, não ultrapassa os 6,4%. D1 - Substituições dos Ramais e da Conduta Geral por Freguesia Apresenta-se na figura 5.24, o número de substituições de ramais que aconteceram em cada uma das freguesias do Concelho. Figura 5.24 – Número de substituições efectuadas nos ramais e na conduta geral, nas diferentes freguesias do Concelho 0/19 5/0 6/0 5/5 18/0 6/12 5/0 7/5 0/0 0/5 9/0 10/0 84/ 4 0/0 15/10 0/0 12/25 0/ 0 5/0 10/0 7/0 0/0 0/ 0 0/0 Legenda: z / t , em que: - z corresponde ao número de substituições efectuadas nos ramais; - t corresponde ao número de substituições efectuadas na conduta. 116 1/0 5/15 0/0 0/0 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Da leitura do mapa, resulta que as freguesias urbanas são aquelas onde se regista um maior número de substituição de ramais, seguida de Adoufe e Mondrões. Em termos de substituições de rede, Mouçós, Vilarinho da Samardã e Nogueira são as freguesias onde se regista maior número de substituições. E - Duração das Intervenções O estudo da variável quantitativa ‘Duração da Intervenção’23, inicia-se com o quadro de distribuição de frequências, apresentado na tabela 2 do Anexo III e com as representações gráficas (Gráfico 5.17), seguido das estatísticas necessárias ao tratamento dos dados (Tabela 5.17). Gráfico 5.17 – Distribuição de frequências da duração média das intervenções Observa-se que grande parte das intervenções (47,7%), demoraram entre três a seis horas a ser realizadas. De referir que, apenas, 10,4% das intervenções tiveram uma duração superior a doze horas. 23 Nº de Operários × Tempo de serviço de cada operário CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 117 Tabela 5.6 – Medidas de tendência central e de dispersão Duração da Intervenção Média Intervalo de Confiança a 95% Limite Inferior Limite Superior Média Aparada a 5% Mediana Variância Desvio Padrão Mínimo Máximo Amplitude Amplitude Interquartil Skewness Kurtosis Estatística 5,9148 5,7181 6,1114 5,2917 4,2000 24,748 4,97469 ,40 42,00 41,60 4,00 2,387 7,319 Erro Padrão ,10030 ,049 ,099 Do tratamento estatístico resulta que a duração média das intervenções é de, aproximadamente, 6 horas. O estudo da simetria e do achatamento permitem ver se a distribuição é respectivamente, simétrica e mesocúrtica, que são condições necessárias mas mão suficientes para a distribuição ser considerada normal. A medida de assimetria utilizada pelo SPSS é dada pelo quociente entre a ESTATÍSTICASKEWNESS e o seu ERRO24. Neste caso, a ESTATÍSTICASKEWNESS / ERRO = 2,387 / 0,049 > 1,96, pelo que a distribuição é assimétrica positiva ou enviesada à esquerda. Por sua vez, a ESTATÍSTICAKURTOSIS / ERRO = 7,319 / 0,099> 1,96, pelo que a distribuição diz-se leptocúrtica25. 5.3.2.2 RESULTADOS RELATIVOS A 2006 A - Intervenções efectuadas No respeitante às intervenções efectuadas em 2006, observa-se que a maioria (61,1%) aconteceu na conduta geral, em número de 615 operações. A percentagem de intervenções ocorridas nos ramais foi de 38,9%, a que correspondem 391 operações. De entre as intervenções efectuadas na rede geral, 89,6% (551) sucederam nas condutas de distribuição, sendo que apenas 10,4% verificaram-se em condutas adutoras. 24 Este quociente é usado para não rejeitar a simetria, o que acontece se o seu resultado for menor que 1,96 em valor absoluto 25 Distribuição menos achatada do que a Normal 118 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL B - Tipo de intervenções efectuadas nos ramais e na conduta geral Os diferentes tipos de intervenções efectuadas nos ramais neste período encontram-se descritos na tabela 3 do Anexo III. As operações mais efectuadas equivalem a trabalhos de reparação de rede (60,1%), de substituição de ramal (14,3%), de reparação de rede incluindo reposição de pavimento em tapete/ calçada à portuguesa/ betonilha esquartelada/ cubos/ paralelos (11,0%), e de reparação de Boca de Incêndio (B.I.) e/ou ramal de B.I. (9,0%). No tocante à natureza das intervenções realizadas na conduta geral, descritas na tabela 4 do Anexo III, o tipo de intervenções mais representado é a reparação de rede na conduta geral de distribuição (67,8%). Quanto às restantes intervenções, cabe ainda destacar, a reparação de condutas adutora/elevatória (9,9%) e a reparação de condutas de distribuição com reposição de pavimento (8,5%). C - Justificação das intervenções efectuadas nos ramais e na conduta geral Na larga maioria das situações (90,6%) não foi mostrada qualquer justificação para a realização das intervenções efectuadas nos ramais e na conduta geral. No entanto, apresentam-se no gráfico 5.18 algumas das explicações apontadas. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 119 Gráfico 5.18 – Justificação das intervenções efectuadas nos ramais em 2006 Da leitura deste gráfico constata-se que as justificações mais frequentes são: ramal rebentado/partido (21,2%), tubo partido (18,2%), tubo envelhecido (15,2%) e acessórios partidos (9,1%). De entre as 59 justificações apresentadas no âmbito das intervenções efectuadas na conduta geral, expostas na tabela 5 do Anexo III, o destaque vai para as intervenções motivadas por tubos partidos/ lascados/ rebentados (39,0%). 120 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL D - Reparações de rede, provocadas por Empresas Apresenta-se, no gráfico 5.19, a listagem das empresas responsáveis pelas intervenções efectuadas nos ramais. Gráfico 5.19 – Empresas que provocaram reparações de rede nos ramais Das 23 reparações em ramais provocadas por empresas, 87,0% foram causadas pela Pacosam - Pavimentos e Construção, Lda. Conforme evidencia o gráfico 5.20, também esta, foi a empresa que mais reparações provocou ao nível da conduta geral (29,4%). CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 121 Gráfico 5.20 – Empresas que provocaram reparações de rede na conduta geral E - Roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral Das 391 intervenções efectuadas nos ramais, 355 foram realizadas devido a situações de rotura nos ramais (90,8%). Em termos do número total de intervenções, cerca de 35,0% foram motivadas por situações de ocorrência de roturas nos ramais. Relativamente às intervenções efectuadas na conduta geral, verificou-se rotura de rede em 613 das situações (99,4%). 122 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL E1 - Roturas nos ramais e na conduta geral por freguesia Apresenta-se, na figura 5.25, o número de roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral, por cada uma das freguesias do Concelho de Vila Real. Figura 5.25 – Número de roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral, nas diferentes freguesias do Concelho 7 / 10 1/2 7 / 38 24 / 36 32 / 52 4 / 13 19 / 24 21 / 44 0/9 19 / 40 21 / 28 41 / 20 17 / 16 24 / 30 2/ 2 3 / 20 0/0 6 / 15 12 / 15 16 / 38 8 / 15 1/1 8 / 18 6/0 10 / 8 14 / 43 Legenda: x / y , em que: x corresponde ao número de roturas ocorridas nos ramais; y corresponde ao número de roturas ocorridas na conduta geral. 3 / 16 6 / 13 18 / 32 4/5 Da figura resulta que as freguesias com maior incidência de roturas nos ramais são Borbela, S. Dinis, S. Pedro, Vila Marim, Nossa Sr.ª Conceição, Mouços, Lordelo, Mateus, Nogueira, Adoufe, Abaças, Campeã e Andrães. Ao nível da conduta geral, as freguesias de Borbela, Mouçós, Andrães, Lordelo, Campeã, S. Tomé do Castelo, Vila Marim, Abaças e S. Pedro são as que exibem maior número de roturas. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 123 F - Substituição dos ramais e da conduta geral A percentagem de intervenções, em que ocorre a substituição dos ramais é de 16,8%, e a substituição da conduta geral é de, apenas, 3,9%. F1 - Substituições dos ramais e da conduta geral por Freguesia A figura 5.26 esclarece sobre o número de substituições de ramais e da conduta geral, efectuadas em cada uma das freguesias do Concelho. Figura 5.26 – Número de substituições efectuadas nos ramais e na conduta geral, nas diferentes freguesias do Concelho 1/0 0/1 6/1 12/1 3/0 8/0 3/3 4/4 0/0 0/0 1/0 2/0 5/0 1/2 2/0 4/1 0/0 7/3 2/2 0/0 3/0 0/1 0/0 0/0 1/1 0/3 1/0 Legenda: z / t , em que: - z corresponde ao número de substituições efectuadas nos ramais; - t corresponde ao número de substituições efectuadas na conduta. 124 1/1 0/0 0/0 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Assim, torna-se visível que as freguesias com maior número de substituições de ramais são Adoufe, Borbela e S. Dinis, e as freguesias com maior número de substituições de rede são Mouços, Vila Marim, S. Dinis, S. Pedro e Andrães. Os quadros sínteses relativos ao número de roturas e substituições ocorridas nos ramais e na conduta geral, nos anos de 2005 e 2006, em cada uma das freguesias, encontram-se identificados pelas tabelas 6 e 7 do Anexo III. G - Tipo de intervenções efectuadas nos ramais e na conduta geral aos fins-de-semana e feriados O gráfico 5.21 ilustra os diferentes tipos de intervenções efectuados nos ramais aos finsde-semana e feriados. Esta questão não foi analisada em 2005 por falta de informação relativa a estas variáveis. Gráfico 5.21 – Intervenções efectuadas nos ramais aos fins-de-semana e feriados Intervenções nos ramais 60,5% Reparação de rede incluindo reposição de Tapete/ Calçada à Portuguesa/ Betonilha Esquartelada/ Cubos/ Paralelos 23,3% 9,3% Outra (Avaria nas Bombas) 2,3% 2,3% Substituição de Ramal 2,3% Percentagem Num total de 116 dias não úteis26, registaram-se 93 intervenções (43 em ramais e 50 na conduta geral). De realçar, que as intervenções mais efectuadas dizem respeito a reparações de rede (60,5%). No que diz respeito às intervenções realizadas na conduta geral aos fins-desemana e feriados, anunciadas no gráfico 5.22, o tipo mais representado é a reparação de rede na conduta distribuidora (42,0%). 26 Fins-de-semana e feriados de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2006 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 125 Gráfico 5.22 – Intervenções efectuadas na conduta geral aos fins-de-semana e feriados Reparação de Rede na Conduta Distribuidora 42,0% Reparação de Rede na Conduta Distribuidora, incluindo reposição de 32,0% Intervenções na conduta geral tapete Reparação de Rede na Conduta Adutora/Elevatória 8,0% Reparação de rede na Conduta Distribuidora, incluindo reposição de 6,0% calçada/paralelos/betonilha Detecção de Fuga na Conduta Distribuidora 4,0% Detecção de Fuga na Conduta Adutora 4,0% Substituição de rede, incluindo reposição de tapete 2,0% Sinalização de rede 2,0% Percentagem H - Duração das intervenções A variável quantitativa duração da intervenção vai ser analisada neste ponto (Tabela 5.7). Tabela 5.7 – Medidas de tendência central e de dispersão Duração da Intervenção Média Intervalo de Confiança a 95% Limite Inferior Limite Superior Média Aparada a 5% Mediana Variância Desvio Padrão Mínimo Máximo Amplitude Amplitude Interquartil Skewness Kurtosis Estatística 12,2386 11,8230 12,6542 11,8397 10,3000 43,502 6,59562 ,40 50,20 49,80 6,00 1,218 2,754 Erro Padrão ,21177 ,079 ,157 A duração média das intervenções é de, aproximadamente, 12 horas. A mediana corresponde a uma duração de dez horas e 30 minutos. No respeitante ao estudo da simetria e do achatamento conclui-se que a distribuição é 126 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL simétrica e mesocúrtica. Neste caso, a ESTATÍSTICA SKEWNESS / ERRO = 1,218 / 0,079 = 15,417. Como este resultado é positivo e maior que 1,96, a distribuição é assimétrica positiva e leptocúrtica27, esta pela ESTATÍSTICA KURTOSIS. I - Meios humanos envolvidos O estudo da variável quantitativa Meios Humanos Envolvidos28, iniciar-se-á com o quadro de distribuição de frequências (tabela 5.8), seguido das estatísticas necessárias ao tratamento dos dados (Tabela 5.9). Tabela 5.8 – Distribuição de frequências dos meios humanos envolvidos nas intervenções de 2006 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) FREQUÊNCIA RELATIVA ACUMULADA (%) 1 2 3 4 5 6 7 8 45 133 462 316 41 10 1 1 4,4 13,1 45,5 31,1 4,0 1,0 0,1 0,1 4,5 13,2 45,8 31,3 4,1 1,0 0,1 0,1 4,5 17,6 63,4 94,7 98,8 99,8 99,9 100,0 TOTAL 1009 99,4 100,0 NS/NR (intervenções em que não há registo do nº de operários) 6 0,6 1015 100,0 Nº DE OPERÁRIOS AFECTOS TOTAL As frequências absolutas do quadro anterior indicam o número de vezes que cada valor da variável “meios envolvidos” se repete. Observa-se que a maioria das intervenções (462) contou com a participação de três operários (Moda). A frequência relativa acumulada dá para cada valor da variável “Meios envolvidos” a frequência de observações até esse valor. Realcese que, apenas, 1,2% das intervenções contou com a participação de mais de 5 operários. 27 28 Distribuição menos achatada do que a Normal Operários afectos às intervenções CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 127 Tabela 5.9 – Medidas de tendência central e de dispersão Meios envolvidos Média Intervalo de Confiança a 95% Limite Inferior Limite Superior Média Aparada a 5% Mediana Variância Desvio Padrão Mínimo Máximo Amplitude Amplitude Interquartil Skewness Kurtosis Estatística 3,21 3,15 3,27 3,21 3,00 ,872 ,934 1 8 7 1 ,050 1,249 Erro Padrão ,029 ,077 ,154 O número médio de operários afectos a cada intervenção é de 3 operários. A semelhança entre as duas medidas de tendência central (média e média aparada a 5%), mostra que o enviesamento da distribuição é muito pouco pronunciado. O número de operários afectos a cada intervenção varia entre 1 e 8 operários, sendo a amplitude do intervalo de variação de 7 operários. No respeitante ao estudo da simetria e do achatamento conclui-se que a distribuição é simétrica e mesocúrtica. Neste caso, a ESTATÍSTICA SKEWNESS / ERRO = 0,050 / 0,077 = 0,649. Como este resultado é positivo e menor que 1,96, a distribuição é simétrica positiva e leptocúrtica29, esta pela ESTATÍSTICA KURTOSIS.. J - Duração da suspensão de abastecimento A tabela de distribuição de frequências da variável “Duração da suspensão do abastecimento” encontra-se patente na tabela 8 do Anexo III. Da distribuição de frequências efectuada, verifica-se que na larga maioria das situações em que ocorreu suspensão de abastecimento, a duração da suspensão não ultrapassou as 3 horas (85,8%). Além disso, em 446 das 1015 intervenções realizadas em 2006, não chegou a ser efectuada a suspensão do abastecimento, sendo que em 32 das intervenções não foi feito qualquer registo relativo a este parâmetro. De seguida, apresenta-se o gráfico de barras da variável em análise (Gráfico 5.23). 29 Distribuição menos achatada do que a Normal 128 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Gráfico 5.23 – Distribuição das intervenções por duração da suspensão do abastecimento (%) Do gráfico 5.23 é visível que o escalão com maior expressão é aquele que compreende as situações em que a suspensão do abastecimento teve uma duração entre 1 a 2 horas (45,9%). Do cálculo efectuado, não apresentado por razões de saturação desta dissertação, resultou uma duração média de suspensão do abastecimento de, aproximadamente, 2 horas. 5.3.2.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS A – Pretende-se analisar se existem diferenças significativas, na duração média da intervenção, no ano de 2005, consoante o tipo de intervenção efectuada nos ramais e na conduta geral Os gráficos 5.24 e 5.25 foram preparados com o intuito de saber se as diferenças observadas na duração média dos vários tipos de intervenções efectuadas ao nível dos ramais e da conduta geral, são ou não estatisticamente significativas. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 129 Gráfico 5.24 – Gráfico de Perfil (ramais) O gráfico de perfil 5.24 sugere que a duração das operações de substituição de ramais é superior à duração das restantes intervenções. Gráfico 5.25 – Gráfico de Perfil (conduta geral) 130 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL O gráfico de perfil 5.25 sugere que a duração das intervenções de reparação de rede na conduta adutora é superior à duração das restantes intervenções. Efectuados os testes estatísticos One-Way ANOVA e post-hoc, cujos modelos de tabelas são apresentados nas tabelas 9 e 10 do Anexo III, permite-nos concluir que: a) As intervenções em que ocorre substituição de ramal demoram, aproximadamente, mais uma hora que as intervenções em que ocorrem reparações de ramal. Esta diferença é estatisticamente significativa, como se pode ver não só pelo nível de significância associado ao teste, como ainda pelo intervalo de confiança a 95% não conter o valor zero, o qual corresponde à igualdade das médias. b) As intervenções em que ocorre reparação de rede na conduta de adução demoram, aproximadamente, mais sete horas do que as reparações de rede na conduta de distribuição e mais cinco horas que as substituições de rede, sendo estas diferenças estatisticamente significativas. B – Pretende-se analisar se existem diferenças significativas no número médio de operários consoante a intervenção, em 2006, é efectuada nos ramais ou na conduta geral O gráfico de perfil 5.26 sugere que o número médio de operários afectos às intervenções em ramais é, ligeiramente, superior aos necessários nas intervenções ao nível da conduta geral. Gráfico 5.26 – Gráfico de Perfil A inferência da relação observada na amostra sobre as médias é feita através do teste t (Tabela 11 do Anexo III), enquanto que a inferência sobre as dispersões é feita através do teste de Levene para a igualdade das variâncias, cujas hipóteses são: CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 131 H0: A variância dos meios humanos envolvidos não difere consoante a intervenção é efectuada em ramais ou na conduta geral; H1: A variância dos meios humanos envolvidos difere consoante a intervenção é efectuada em ramais ou na conduta geral. O nível de significância do teste t, 0,544 (Tabela 11 do Anexo III), leva para p=0,05, à não rejeição da hipótese nula que diz que o número médio de meios humanos envolvidos não diferem consoante a intervenção é efectuada em ramais ou na conduta geral. Além da situação anteriormente analisada, pretende-se saber se as diferenças no número médio de operários afectos a cada um dos diferentes tipos de intervenções efectuadas nos ramais30 (3,50; 3,25; 3,25; 3,24), são ou não estatisticamente significativas. O facto das observações serem independentes umas das outras, juntamente com a verificação da simetria e da homocedasticidade permite prosseguir com o One-Way ANOVA. Como sig = 0,983 >0,05, não se rejeita a hipótese nula que diz que o número médio de operários envolvidos não difere consoante o tipo de intervenção efectuada nos ramais. O mesmo se conclui para o número médio de operários afectos a cada um dos diferentes tipos de intervenções efectuadas na conduta geral, através da análise do gráfico 5.27 e respectivos testes estatísticos (One-Way ANOVA), cujas tabelas modelo já foram apresentadas. Gráfico 5.27 – Gráfico de Perfil 30 Detecção de fuga, reparação de rede, substituição de ramal, reparação da boca-de-incêndio e/ou ramal da bocade-incêndio. 132 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL C – Pretende-se analisar se existem diferenças significativas na duração média da intervenção, correspondente ao ano 2006, consoante é efectuada nos ramais ou na conduta geral e por tipo de intervenção efectuada Começa-se por avaliar se a diferença entre a duração média das intervenções efectuadas nos ramais e na conduta geral, que com valores aproximados de 12h e 13h, respectivamente, é estatisticamente significativa. Do tratamento estatístico, resultou o nível de significância do teste t de 0,114 conduzindo, para um nível de significância de p=0,05, à não rejeição da hipótese nula. O que traduz que a duração média das intervenções não difere consoante a intervenção é efectuada em ramais ou na conduta geral. Deste modo, embora a duração média das intervenções nos ramais, em 2006, tenha sido inferior à duração média das intervenções na conduta geral, tal diferença não é estatisticamente significativa. Em seguida procura-se saber se, dentro dos diferentes tipos de intervenções efectuadas em ramais, as diferenças observadas na duração média de cada uma, são ou não estatisticamente significativas. Considerando o gráfico 5.28 e o teste One Way ANOVA, do qual resultou um nível de significância F 0,000 (≤0,05), que conduz à rejeição da hipótese nula, permitem concluir que existe pelo menos um tipo de intervenção, efectuada nos ramais, cuja duração seja diferente das restantes. Gráfico 5.28 – Gráfico de Perfil CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 133 Os resultados dos testes post-hoc permitem chegar à conclusão que as operações de substituição de ramal demoram, aproximadamente, mais sete horas do que as reparações de rede, e mais oito horas do que as reparações das bocas-de-incêndio e/ou respectivos ramais, pelo que estas diferenças são estatisticamente significativas. Adoptando o mesmo procedimento para os diferentes tipos de intervenções efectuadas na conduta geral, conclui-se que as operações de substituição de rede demoram, aproximadamente, mais sete horas do que as operações de reparação efectuadas na conduta geral. Assim, pelos níveis de significância associados aos testes, esta diferença é estatisticamente significativa. O teste de Bonferroni identifica, ainda, que a duração das reparações de rede na conduta de adução é significativamente superior à duração das reparações de rede na conduta de distribuição. D – Pretende-se analisar se existem diferenças significativas na duração média da suspensão de abastecimento, em 2006, consoante a intervenção é efectuada nos ramais ou na conduta geral e por tipo de intervenção Assim, em primeiro lugar, procura-se saber se as durações médias da suspensão de abastecimento consequente das intervenções realizadas nos ramais e na conduta geral, são ou não estatisticamente significativas. O nível de significância associado ao teste t, 0,048, leva para p=0,05, à rejeição da hipótese nula que diz que a duração média das suspensões de abastecimento não difere consoante a intervenção é efectuada em ramais ou na conduta geral. Por conseguinte, a duração média das suspensões de abastecimento nas intervenções efectuadas ao nível da conduta geral é, assim, significativamente superior à duração média das suspensões de abastecimento nas intervenções efectuadas em ramais. De igual modo, interessa conhecer se, dentro de cada um dos diferentes tipos de operações realizadas em ramais31, existem diferenças em termos de duração média das suspensões de abastecimento (2h; 1h; 2h). Do teste One-Way ANOVA resulta sig = 0,886 > 0,05, pelo que não se rejeita a hipótese nula. O que equivale dizer que a duração média da suspensão de abastecimento não difere consoante o tipo de intervenções efectuadas nos ramais, tal como logicamente esperado. 31 Reparação de rede do ramal, substituição de ramal, reparação da boca-de-incêndio e/ou ramal da boca-deincêndio. 134 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Seguindo este procedimento para os diversos tipos de intervenções efectuadas na conduta geral, chega-se à mesma conclusão, ou seja, a duração média da suspensão de abastecimento não difere consoante o tipo de intervenções efectuadas na conduta geral. E – Pretende-se analisar se existem diferenças significativas nas intervenções motivadas pelo aparecimento, ou não, de rotura nos ramais e na conduta geral, por ano No que diz respeito aos ramais, analisando o gráfico 5.29, constata-se que nos dois anos em análise, a larga maioria das intervenções são efectuadas por motivos de rotura do ramal. Gráfico 5.29 – Roturas de ramal por ano Consultando a tabela da distribuição do Qui-Quadrado (Tabela 12 do Anexo III), com um grau de liberdade e α = 0,05 , obtém-se a região crítica ou de rejeição da hipótese nula definida por: [3,84,+∞[ . Esta região contém o valor de teste 6,713, pelo que se rejeita a hipótese de independência das variáveis, o que sugere uma relação de dependência entre o ano em que as intervenções se realizam e o facto de ocorrer rotura do ramal ou não (p = 0,010 ≤ 0,05; rejeita-se H0). Relativamente à conduta geral, uma análise descritiva da tabela de contingência resultante do cruzamento das intervenções mencionadas no ponto E, indica que em 2005 e 2006, praticamente todas as intervenções ocorridas na conduta geral são efectuadas por motivos de rotura de rede. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 135 Do teste do Qui-Quadrado, resultou sig = 0,933 > 0,05, então não se rejeita a hipótese nula, que nos diz que as variáveis são independentes, o que sugere não existir qualquer tipo de relação entre o ano de intervenção e o facto de ocorrer rotura na conduta geral ou não. F – Pretende-se analisar se existem diferenças significativas nas intervenções em que ocorre substituição do ramal e da conduta geral, ou não, por ano No que se refere aos ramais, efectuada a análise diferencial destas variáveis nominais, concluiu-se que o número dos trabalhos de substituição de ramal varia entre um máximo de 210 substituições (2005) e um mínimo de 67 substituições (2006). Do teste do Qui-Quadrado, resultou sig = 0,084 > 0,05, logo não se rejeita a hipótese nula, que nos diz que as variáveis são independentes, o que sugere não existir qualquer tipo de relação entre o ano de intervenção e o facto de ocorrer substituição de ramal ou não. Quanto à conduta geral, a análise descritiva da tabela de contingência, tabela 5.10, indica que em praticamente todas as intervenções realizadas na conduta geral, nos dois anos em análise, não ocorre substituição de rede. Tabela 5.10 - Substituições de rede efectuadas por ano Ano 2005 2006 Total N % N % N % Substituição da conduta não sim 1517 104 93,6% 6,4% 593 24 96,1% 3,9% 2110 128 94,3% 5,7% Total 1621 100,0% 617 100,0% 2238 100,0% Do teste do Qui-Quadrado obteve-se sig = 0,021 ≤ 0,05, então rejeita-se a hipótese nula, que nos diz que as variáveis são independentes. É, assim, provável, que exista uma relação de dependência entre o ano em que as intervenções se realizam e o facto de ocorrer, ou não, substituição na conduta geral. 136 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Síntese dos Resultados Das intervenções efectuadas em 2005, 61,5% foram executadas na conduta geral e 38,5% nos ramais. A larga maioria das intervenções realizadas na conduta geral, em 2005, verificaram-se ao nível das condutas de distribuição (95,7%). Das intervenções efectuadas em 2006, 61,1% ocorreram ao nível da conduta geral. De entre as 615 intervenções efectuadas na Conduta geral, 551 (89,6%) verificaram-se ao nível das condutas de distribuição. Das intervenções efectuadas nos ramais em 2005, cerca de 85,6%, foram realizadas devido à ocorrência de rotura dos ramais (869 roturas). Relativamente às intervenções efectuadas na conduta geral em 2005, verificou-se rotura de rede em, aproximadamente, 99,4% das intervenções (1611 roturas). Das 391 intervenções efectuadas nos ramais em 2006, 355 foram realizadas devido a situações de rotura nos ramais (90,8%). Relativamente às intervenções efectuadas na conduta geral, verificou-se rotura de rede em 613 das situações (99,4%). As freguesias com maior incidência de roturas de ramais, em 2005, são as freguesias da Cidade de Vila Real, Arroios, Mondrões, Mateus, Adoufe, Mouçós, Abaças e Torgueda. No caso das roturas de rede, as freguesias da Cidade de Vila Real, Mouçós, Borbela, Campeã, Adoufe e Lordelo são as que apresentam maior número de roturas. As freguesias com maior incidência de roturas de ramais, em 2006, são as freguesias de S. Dinis, Borbela, S. Pedro, Vila Marim, Nossa Srª Conceição, Mouçós, Lordelo, Mateus, Nogueira, Adoufe, Abaças, Campeã e Andrães. No caso das roturas de rede o destaque vai para as freguesias de Borbela, Mouçós, Andrães, Lordelo, Campeã, S. Tomé do Castelo, Vila Marim, Abaças e S. Pedro. A percentagem de intervenções em que ocorre a substituição dos ramais em 2005 é de, aproximadamente, 21% (210 substituições). As freguesias onde ocorrem maior número de substituição de ramais foram as freguesias da Cidade de Vila Real, Adoufe e Mondrões. De referir, que a percentagem de substituições de rede ocorridas em 2005 não ultrapassa os 6,4% (104 substituições), sendo que as freguesias de Mouçós, Vilarinho da Samardã, Nogueira, Vila Marim e Mondrões foram aquelas em que ocorreram maior número de substituições de rede. A percentagem de intervenções em 2006, em que se verifica a substituição dos ramais é de 16,8% (67 substituições). As freguesias que apresentam maior número de substituições de ramais são as freguesias de Adoufe, Borbela e S. Dinis. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 137 A percentagem de substituições de rede ocorridas em 2006 é de, apenas, 3,9% (24 substituições), sendo que as freguesias com maior número de substituições de rede são as freguesias de Mouçós, Vila Marim, S. Dinis, S. Pedro e Andrães. O número médio de operários afectos a cada intervenção, em 2006, é de 3 operários, sendo que apenas 1,2% das intervenções contaram com a participação de mais de 5 operários. O número médio de operários afectos às intervenções em ramais, em 2006, é ligeiramente superior aos necessários nas intervenções ao nível da conduta geral, não sendo, no entanto, tal diferença estatisticamente significativa. Também, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas por tipo de intervenção efectuada nos ramais e na conduta geral. A duração média das intervenções, efectuadas em 2005, é de, aproximadamente, 6 horas. A duração das intervenções, em 2005, em que ocorre substituição de ramal é significativamente superior à duração das intervenções em que ocorrem reparações de ramal. A duração das intervenções em 2005, em que ocorre reparação de rede na conduta de adução é significativamente superior à duração das intervenções em que ocorre reparação de rede na conduta de distribuição. Também, a duração das reparações de rede na conduta de adução, em 2005, é significativamente superior à duração das reparações em que ocorre substituição de rede. A duração média das intervenções realizadas em 2006 é de, aproximadamente, 2 horas. Embora a duração média das intervenções nos ramais, em 2006, tenha sido inferior à duração média das intervenções na conduta geral, tal diferença não é estatisticamente significativa. A duração das intervenções em que ocorre substituição de ramal é significativamente superior à duração das intervenções em que ocorrem reparações de rede ou reparações da B.I. e/ou ramal da B.I.. A duração das intervenções em que ocorre substituição de rede é, significativamente superior, à duração das intervenções em que ocorre reparação de rede na conduta de distribuição. Também, a duração das reparações de rede na conduta de adução é significativamente superior à duração das reparações de rede na conduta de distribuição. Em 446 das 1015 intervenções executadas em 2006, não chegou a haver suspensão do abastecimento. De referir, que na larga maioria das situações em que houve suspensão de abastecimento, a duração da mesma não ultrapassou as 3 horas (85,8%). Registou-se uma duração média de suspensão do abastecimento de, aproximadamente, 2 horas. A duração média das suspensões de abastecimento nas intervenções efectuadas em 2006, ao nível da conduta geral é significativamente superior à duração média das suspensões 138 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL de abastecimento nas intervenções efectuadas em ramais. A duração média da suspensão de abastecimento não difere consoante o tipo de intervenções efectuadas nos ramais ou na conduta geral. Na larga maioria das situações (90,6%), não foi apresentada qualquer justificação para a realização das intervenções efectuadas nos ramais e na conduta geral em 2006. De entre as justificações apresentadas no âmbito das intervenções na conduta geral, o destaque vai para as intervenções motivadas por tubos partidos/ lascados/ rebentados (39,0%). Ramal rebentado/partido (21,2%), tubo partido (18,2%), tubo envelhecido (15,2%) e acessórios partidos (9,1%) são as justificações mais frequentes, no caso das intervenções realizadas em ramais. Das 23 reparações de rede em ramais provocadas por empresas, em 2006, 87,0% foram causadas pela Pacosam - Pavimentos e Construção, Lda. A empresa que provocou mais reparações de rede ao nível da conduta geral foi igualmente a Pacosam - Pavimentos e Construção, Lda (29,4%). 5.3.3 INDICADORES DA OCORRÊNCIA DE ROTURAS Atendendo que a taxa de roturas verificada nas condutas e ramais é um dos principais indicadores de diagnóstico de desempenho operacional dos sistemas de distribuição de água, procedeu-se à sua determinação com base no número médio de roturas ocorridas por ano e no comprimento total da rede (número/100 km tubagem). Este número, por sua vez, foi obtido através do tratamento estatístico dos dados do serviço de exploração (fichas de actividade), cujos resultados foram apresentados no título anterior. Neste sentido, expõem-se as tabelas resumo (tabelas 5.11 a 5.14) com os resultados essenciais do cálculo deste indicador, permitindo avaliar de forma segura o estado da rede. Tabela 5.11 - Roturas em ramais, ocorridas em 2005 Não ocorrência de rotura Ocorrência de rotura em ramais Total NA (intervenções não efectuadas nos ramais e/ou sem registo) Total FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) 146 5,9 14,4 869 34,8 85,6 1015 40,7 100,0 1479 59,3 2494 100,0 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 139 Tabela 5.12 - Roturas na conduta geral, ocorridas em 2005 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) 10 0,4 0,6 Ocorrência de rotura na rede 1611 64,6 99,4 Total 1621 65,0 100,0 NA (intervenções não efectuadas na conduta geral e/ou sem registo) 873 35,0 Total 2494 100,0 Não ocorrência rotura Tabela 5.13 - Roturas nos ramais, ocorridas em 2006 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) FREQUÊNCIA RELATIVA ACUMULADA (%) Não ocorrência rotura 36 3,5 9,2 9,2 Ocorrência de rotura em ramais Total 355 35,0 90,8 100,0 391 38,5 100,0 624 61,5 1015 100,0 NA (intervenções não efectuadas nos ramais e/ou sem registo) Total Tabela 5.14 - Roturas na conduta geral, ocorridas em 2006 Não ocorrência rotura Ocorrência de rotura na rede Total NA (intervenções não efectuadas na conduta geral e/ou sem registo) Total FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) 0,6 FREQUÊNCIA RELATIVA ACUMULADA (%) 0,6 60,4 99,4 100,0 617 60,8 100,0 398 39,2 1015 100,0 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) 4 0,4 613 Utilizando a mesma fonte de informação e os resultados do título anterior respeitantes à substituição de condutas, obtém-se a taxa de substituição de condutas, que também constitui 140 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL um bom indicador de ocorrência de roturas e da manutenção realizada nos sistemas (Tabelas de 5.15 a 5.18). Tabela 5.15 - Substituições de ramais, efectuadas em 2005 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) FREQUÊNCIA RELATIVA ACUMULADA (%) Não ocorre substituição de ramal Substituição de ramal 797 32,0 79,1 79,1 210 8,4 20,9 100,0 Total 1007 40,4 100,0 1487 59,6 2494 100,0 NA (intervenções não efectuadas nos ramais e/ou sem registo) Total Tabela 5.16 - Substituição da conduta geral, efectuada em 2005 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) Não ocorre substituição de rede 1517 60,8 93,6 Substituição de rede 104 4,2 Total 1621 65,0 6,4 100,0 873 35,0 2494 100,0 NA (intervenções não efectuadas na conduta geral) Total Tabela 5.17 - Substituições de ramais, efectuadas em 2006 Não ocorre substituição de ramal Substituição de ramal Total NA (intervenções não efectuadas nos ramais e/ou sem registo) Total FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) FREQUÊNCIA RELATIVA ACUMULADA (%) 332 32,7 83,2 83,2 67 399 6,6 39,3 16,8 100,0 100,0 616 60,7 1015 100,0 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 141 Tabela 5.18 - Substituição da conduta geral, efectuada em 2006 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) Não ocorre substituição de rede 593 58,4 96,1 Substituição de rede 24 2,4 Total 617 60,8 3,9 100,0 398 39,2 1015 100,0 NA (intervenções não efectuadas na conduta geral e/ou sem registo) Total Resultados Dos cálculos efectuados anteriormente resulta uma tabela resumo (Tabela 5.19) dos indicadores de ocorrência de roturas. Tabela 5.19 - Indicadores de ocorrência de roturas INDICADORES 2005 2006 Indicador de desempenho operacional da rede Conduta geral 1611 613 Ramais 869 355 Taxa de roturas = Número de roturas/100Km de conduta Conduta geral 99,4 99,4 instalada 85,6 90,8 Conduta geral 104 24 Ramais 210 67 Taxa de substituições = Número de roturas/100Km de Conduta geral 6,4 3,9 conduta instalada 20,9 16,8 Número de roturas Ramais Indicador da ocorrência de roturas e da manutenção Número de substituições Ramais Da interpretação da tabela conclui-se que as intervenções efectuadas na conduta geral e nos ramais são, maioritariamente, justificadas pela ocorrência de roturas. Estas, por sua vez, são reparadas de forma pontual, através de métodos idênticos aos utilizados na reparação de pequenas avarias, uma vez que o número de substituições obtido é consideravelmente inferior ao número de roturas. É igualmente evidente que o número de roturas ocorridas tanto na conduta geral como nos ramais, assim como o número de substituições diminuiu significativamente de 2005 para 2006. O mesmo se verifica relativamente às taxas de roturas e de substituições, à excepção da coincidência da taxa de roturas ocorridas em 2005 e 2006 na conduta geral, ser praticamente igual. Contudo, este acaso tem de ser interpretado em função 142 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL do número de roturas e do número de intervenções ocorridas isoladamente em 2005 e 2006, resultando em 2006 uma redução significativa de ambos os factores. Assim, obtiveram-se taxas de roturas em condutas na ordem dos 99 por cada cem quilómetros de rede e em ramais taxas ligeiramente inferiores que rondam os 85 – 90 por cada cem quilómetros. Estes valores encontram-se acima da média das taxas de roturas mencionadas no estudo realizado pelo LNEC para a AWWARF (American Water Works Association Research Foundation) (Alegre e Dória, 1998). No entanto, notabiliza-se que a região em estudo apresenta taxas de roturas inferiores a outros casos de entidades nacionais, como por exemplo entidades que chegam a ultrapassar a centena, 165, 175 e 250 roturas/100km, representadas na Figura 5.27, numa mancha de cor castanho. Nos Estados Unidos e no Canadá verifica-se que as taxas de roturas tendem a ser ligeiramente inferiores às que se registam na Europa. A figura que se segue evidencia esta diferença de comportamentos (Deb et al, 2000). Figura 5.27- Ocorrência de roturas - diferenças de comportamentos (Adaptado de LNEC, 2002) PORTUGAL 1998 E.U.A. e CANADÁ 1993 a 1997 EUROPA 1993 a 1997 300 Galeria técnica 275 Outras fontes N.º roturas / 100 km conduta 250 225 200 175 150 Inquérito 125 Casos portugueses Rede antiga, s/ manutenção, materiais de má qualidade 100 75 50 25 0 Redes muito jovens Redes estabilizadas De acordo com o inquérito realizado pelo LNEC às entidades gestoras portuguesas entre outras fontes, existem seis situações de redes estabilizadas em termos de idade e todas as restantes correspondem a redes jovens, onde prevalece o PVC. Porém, também estas apresentam taxas de roturas da mesma ordem de grandeza ou até um pouco superiores à média Europeia e Americana, o que se revela preocupante. Da leitura da figura 5.27, constata- CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 143 se ainda que as entidades gestoras da Europa e dos Estados Unidos da América têm taxas de roturas inferiores a 50/100 km de conduta. Saliente-se ainda que não foi possível fazer esta comparação para as taxas de roturas em ramais, pelo facto deste indicador não ter sido calculado no estudo da American Water Works Association Research Foundation -AWWARF (Alegre e Dória, 1998). As figuras que se seguem ilustram uma situação de rotura (fuga) numa das condutas principais da rede de distribuição de água da cidade de Vila Real. Figura 5.28 - Rotura de água Figura 5.29 - Reparação de rotura No caso em estudo, a redução do número de roturas de 2005 para 2006 é justificada pelas obras de renovação das redes de distribuição de água que a empresa tem vindo a fazer, em simultâneo com as obras de drenagem de águas residuais domésticas nos locais ainda não servidos por este sistema de drenagem. Para além do descrito, grande parte da rede de distribuição é relativamente recente ou estabilizada em termos de idade (o que significa, ter uma idade média de condutas igual a cerca de metade da vida útil dos materiais utilizados), pelo que se encontra em razoável estado de conservação, tal como já foi justificado aquando da caracterização das infra-estruturas do sistema. Pelo exposto, concluímos que neste caso, o estado de conservação não constitui o factor preponderante da ocorrência de roturas. O número de substituições e as respectivas taxas, também diminuíram consideravelmente neste período, pelos mesmos motivos. Contudo, ainda assim, a elevada taxa de roturas obtida merece algumas reflexões. É certo que nas últimas décadas, a Autarquia local através dos serviços municipalizados e agora através da empresa municipal, reuniu esforços na construção de novas infra-estruturas, com o objectivo de garantir a distribuição de água potável para consumo humano. Todavia, por vezes, após a realização das obras, não é dada a devida 144 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL importância ás questões ligadas com o planeamento das operações de manutenção dos sistemas, o que explica as deficiências actualmente encontradas. Além deste motivo preponderante, é muito frequente o aparecimento de roturas provocadas pela execução de outras infra-estruturas no solo, nomeadamente pelas redes de gás, cujas entidades responsáveis não têm total conhecimento quanto ao cadastro existente, nem avisam a entidade gestora (EMARVR) da sua intervenção, para o devido acompanhamento. Muitas vezes, também são provocadas por outras obras em curso, quer sejam particulares ou públicas, ou até mesmo por corrosão das tubagens, envelhecimento, pressão excessiva, deficiências na construção das redes, cargas à superfície, ou mesmo pela presença de raízes de árvores. Apesar de surgirem sempre acidentes imprevisíveis, estes apenas devem representar uma pequena parte da actividade da equipa de manutenção. Isto será somente possível se for efectuada uma manutenção preventiva dos sistemas, uma vez que a falta de programação detalhada das intervenções, a ausência de procedimentos escritos de forma a uniformizar as formas de actuação e o recurso ao improviso são os factores mais comuns deste tipo de acidentes. Conclui-se assim, que só com a adopção de técnicas de reabilitação e manutenção bastante rigorosas se poderá colmatar esta situação. Neste sentido, de forma a ter maior conhecimento da realidade em análise, procedeu-se à elaboração de um diagnóstico das operações de inspecção e manutenção efectuadas nos sistemas em estudo, apresentado nas tabelas 1 e 2 do Anexo IV. Plano de Acção para Controlo Preventivo de Perdas de Água Ainda que o número de roturas tenha diminuído de 2005 para 2006, com valores entre os 41% na conduta geral e 38% nos ramais, verifica-se um maior volume de perdas de água nas roturas ocorridas em 2006, consequência por exemplo do colapso da conduta. Os resultados obtidos esclarecem dúvidas e apontam caminhos para o futuro. Caberá agora à entidade gestora nos próximos anos, reforçar as suas competências em termos de gestão, de modo a melhorar progressivamente o seu desempenho. Para tal estabelece-se, na tabela seguinte, algumas das medidas correctivas para o caso concreto, no formato de Plano de redução de perdas de água. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 145 activo de perdas perdas apoio Ferramentas de Metodologia de controlo activo de Estratégia de controlo Tabela 5.20 - Plano de redução de perdas de água ª Rápida localização e imediata reparação (ou isolamento) das fugas declaradas ª Pesquisa de fugas não declaradas ª Renovação de condutas, reparação e/ou substituição de acessórios, substituição de contadores antigos, substituição de bocas-de-incêndio por marcos de água, etc ª Identificar os usos ilícitos de água, através da criação de brigadas de fiscalização ª Envolver toda a Empresa no projecto ª Atendimento permanente das participações de fugas ª Monitorização dos volumes horários aduzidos pelos reservatórios às redes de distribuição ª Comparação dos volumes horários com valores de referência ª Visualização gráfica dos caudais mínimos e dos volumes diários aduzidos pelos reservatórios às redes de distribuição ª Pesquisa (detecção e localização) acústica de fugas ª Definição e criação de zonas de medição e controlo (ZMC) ª Análise de caudais e pressões em ZMC ª Instalar caudalímetros (contadores em pontos estratégicos da rede de distribuição) ª Simulação hidráulica (EPANET) ª Simulação da qualidade da água (EPANET) ª Sistemas de Informação: sistemas de gestão de clientes; sistemas com referenciação geográfica; telemedição / telegestão; informação para apoio à manutenção; informação para apoio aos laboratórios, de forma interligada O objectivo destas acções é implantar uma solução definitiva e sustentável, sensibilizando os trabalhadores da empresa gestora para a importância da actuação individual e colectiva, de cada um e de todos, na resolução deste problema, bem como mobilizar os consumidores e usuários no sentido de os convidar a participar num movimento de construção e consolidação de cidadania nesta cidade. Além de resultar em economia e melhoria da produtividade, o sucesso de um projecto desta natureza, está intimamente ligado ao empenho de cada um dos departamentos da Empresa. Para além de todos os componentes técnicos que certamente engloba, um programa de redução de perdas de água e de eficiência energética passa, sobretudo, por uma mudança de comportamentos e de mentalidade te todos os elementos que compõem a empresa prestadora de serviços e da sociedade em geral. 146 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 5.3.4 AVALIAÇÃO E PERCEPÇÃO DOS MUNÍCIPES SOBRE AS PERDAS DE ÁGUA Foi realizado um estudo sociológico, fundamentado num inquérito (Anexo VI), para avaliar a dimensão social das perdas de água no concelho, de modo a obter uma ideia sobre a percepção que os cidadãos têm das perdas, o papel que desempenham e em que medida estariam dispostos a participar activamente no sistema de controlo de perdas. A caracterização da amostra inquirida encontra-se no Anexo V. No presente capítulo descrevem-se os resultados mais relevantes e tratam-se os quadros referentes aos testes efectuados, cujos diferentes tipos são apresentados no Anexo VII, para tornar as respostas mais claras e permitir tirar conclusões com maior facilidade. A - Enquadramento geral O processo de pesquisa por inquérito envolve diversas etapas: planeamento, desenho do questionário, recolha de dados, preparação dos dados, tratamento estatístico dos dados, elaboração do relatório e distribuição dos resultados. Na fase de planeamento começou-se por delinear o problema e especificar os objectivos (geral e específicos). Nesta fase, tornou-se fundamental identificar os elementos sobre quem incidiria o inquérito, ou seja, a definição da população-alvo. Em seguida, tendo em conta os objectivos e tempo disponíveis, procedeu-se à determinação da dimensão da amostra. A técnica de amostragem escolhida foi a probabilística32. O objectivo de qualquer processo de amostragem deve ser, antes de mais, a obtenção de uma amostra representativa da população. Posteriormente, escolheu-se o método de inquirição (inquéritos preenchidos pelo inquirido). Na fase de desenho/concepção do questionário, procurou-se assegurar que através das perguntas que nele constavam iria ser possível obter informação necessária que permitisse dar resposta aos objectivos do estudo. De modo a garantir a eficiência do questionário procurouse ter em consideração: ª O tipo de inquiridos (é importante ter em conta o contexto sócio-económico e cultural em que os indivíduos que irão ser contactados se inserem); 32 Só com a utilização de amostras aleatórias é possível conhecer o grau de confiança dos resultados. A amostra deve ser probabilística (deve permitir efectuar extrapolações), deve ser suficientemente grande (deve ter potência estatística suficiente para identificar efeitos ou diferenças) e deve ser não enviesada (evitar a sub ou a sobre representação de unidades da amostra). CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 147 ª A dimensão/ duração do questionário (deve-se procurar obter o equilíbrio entre a dimensão e a informação); ª O fim a que se destina o inquérito (deve ser verificado o correcto ajustamento entre os objectivos do projecto e o questionário); ª O formato das perguntas (é importante escolher os formatos de perguntas mais adequados) Depois de formuladas todas as questões, tornou-se necessário garantir que o questionário era de facto aplicável e que respondia efectivamente aos objectivos do estudo. O questionário foi, assim, objecto de um pré-teste33 afim de se confirmar a sua operacionalidade e efectividade práticas. Na fase de recolha de dados procurou-se obter a maior taxa de resposta possível, procurando minimizar as diferenças entre os respondentes e os não respondentes. Na fase de preparação dos dados procurou-se assegurar que os dados recolhidos estavam correctos e formatados de modo a facilitar o trabalho de análise de dados. Inicialmente averiguou-se se as respostas dadas eram legíveis, consistentes e se estavam completas. Desta inspecção resultou uma filtragem dos dados. Após a codificação das perguntas abertas e validação total do ficheiro informático, este ficou apto a ser tabulado e tratado com base em software concebido para o efeito34 (análise dos dados). O estudo percorreu três fases: Exploratória, Descritiva e Verificativa, cumprindo em cada fase, objectivos específicos. A fase exploratória, permitiu aumentar a compreensão do fenómeno em estudo. Na fase descritiva, procurou-se descrever a amostra, tentando evidenciar as características principais e na fase verificativa procuraram-se tirar conclusões para a população (Explicar/Prever). Procurou-se que a apresentação dos resultados constantes do relatório se centrassem na sua importância teórica, relevância gerencial e, não apenas, na apresentação de resultados estatísticos. 33 A realização do pré-teste permitiu avaliar a atitude dos inquiridos perante o questionário, a compreensão das perguntas, a coerência do questionário e a consistência das respostas. Procurou-se que a amostra a utilizar no estudo piloto fosse similar em características à população prevista para o inquérito. 34 SPSS 14.0 148 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL B – Resultados dos inquéritos A apresentação dos resultados não segue a ordem das questões do questionário. Apresenta-se, em seguida, uma breve caracterização sócio-demográfica da amostra considerada. B1 - Caracterização sócio-demográfica da Amostra Do total inquiridos, 63,6% são do sexo masculino e 36,4% do sexo feminino. Em termos de distribuição dos inquiridos por grupos etários, os escalões com maior expressão são os que compreende as idades entre os “35 e os 44 anos” (26,3%) e os “45 e os 54 anos” (24,9%) (Tabela 1 do Anexo VII). No que diz respeito ao perfil dos inquiridos, em termos de níveis de escolaridade, foi construído o gráfico 5.30, que evidencia o Ensino Secundário como o conjunto de maior expressão (29,7%) em termos de habilitações dos inquiridos. Em termos dos níveis de habilitações mais elevados, o peso dos indivíduos com instrução superior35 é de 16,2%. Gráfico 5.30 – Distribuição dos inquiridos por níveis de escolaridade (%) 35 Curso Superior; Mestrado/ Doutoramento CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 149 Relativamente à situação ocupacional, observa-se que a maioria dos respondentes pertence à categoria dos trabalhadores activos (58,9%). A percentagem de trabalhadores inactivos é de 41,1%. Relativamente aos trabalhadores não activos, verifica-se um predomínio de respondentes reformados (38,5%). Quanto às restantes categorias, cabe ainda destacar, a dos desempregados (30,8%), estudantes (15,4%) e domésticas (15,4%). Ainda no que se refere à caracterização dos inquiridos, e neste caso concreto, no que toca à natureza das profissões exercidas36, o grupo profissional mais representado na amostra recolhida é o do Pessoal dos Serviços e Vendedores (21,8%), seguido pelo grupo dos Administrativos (21,0%) e pelo grupo dos trabalhadores não qualificados (20,2%). (Tabela 2 do Anexo VII). B2 - Avaliação da percepção dos clientes da EMARVR, sobre as perdas de água no sistema público de distribuição Quando confrontados com a seguinte questão: “Avalie a situação actual da sua área de residência no que diz respeito à ocorrência de perdas de água no sistema de distribuição de água”, apenas 10,0% dos respondentes afirma não ocorrerem quaisquer perdas de água. A percentagem de respondentes que afirma que as situações de perdas de água são raras ronda os 24%. Cerca de 23,2% dos inquiridos respondeu que ocorrem poucas perdas de água, 30,0% afirmam que surgem algumas perdas de água, respondendo 12,6% que aparecem muitas perdas de água. Ainda dentro da mesma temática, foi colocada a seguinte questão: “Diria que o papel desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água tem sido muito fraco, fraco, bom ou muito bom?”. A maioria dos inquiridos (61,6%) afirma que a EMARVR tem tido um bom desempenho no controlo e redução de perdas de água, sendo que 16,3% referem que a EMARVR tem tido um desempenho mesmo muito bom. A percentagem de inquiridos que avalia negativamente o desempenho da EMARVR ao nível do controlo e redução de perdas de água é de 21,1%. Apresenta-se, no gráfico 5.31, o resultado da avaliação do desempenho da EMARVR ao nível controlo e redução das perdas de água, efectuada pela população residente em cada uma das freguesias do Concelho de Vila Real. 36 Classificação Internacional de Profissões 150 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Gráfico 5.31 – Avaliação do desempenho da EMARVR no controlo e redução perdas de água por freguesia Vilarinho da Samardã Vila Marim 75,0% 42,9% 14,3% 42,9% Vila Cova 100,0% Vale de Nogueiras Torgueda 20,0% 40,0% 14,3% S. Dinis 11,1% 33,3% 61,1% 85,7% 100,0% 50,0% Parada de Cunhos 50,0% 37,5% 62,5% 15,4% 46,2% Nogueira 11,1% 88,9% 100,0% Mateus 33,3% 66,7% 10,0% 40,0% Lamas de Olo 50,0% 100,0% Lamares 50,0% 50,0% Justes 100,0% Guiães 33,3% Folhadela 66,7% 22,2% Ermida 55,6% 33,3% 22,2% 66,7% Campeã Borbela 38,5% 100,0% Mondrões Lordelo 27,8% 14,3% S. Miguel de Pena Mouços 28,6% 66,7% Quintã Nossa Srª Conceição 40,0% 57,1% S. Tomé do Castelo S. Pedro 25,0% 87,5% 7,7% 69,2% Arroios Abaças 23,1% 66,7% Andrães Adoufe 12,5% 33,3% 85,7% 60,0% 50,0% 14,3% 40,0% 50,0% Legenda: CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 151 Outras das questões colocadas aos clientes da EMARVR, era que indicassem se tinham conhecimento de algum caso de ocorrência de perdas de água. A maioria dos respondentes (53,1%) afirma não ter conhecimento de situações de ocorrência de perdas de água nos Sistemas Públicos de Distribuição de Água. De entre os inquiridos que respondem ter conhecimento de casos de ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição, 40,8% afirma não ter comunicado tais situações à EMARVR. Dos inquiridos que responderam ter conhecimento de situações de ocorrências de perdas de água, 46,3% afirmam não ter comunicado tais situações por não existir uma linha de telefone gratuita. A percentagem de inquiridos que afirma não denunciar tais casos à EMRVR por não saber a quem se dirigir é de 14,6%. Uma pequena percentagem dos inquiridos (9,8%) afirma não dispor de meios para o fazer, como por exemplo, telefone. As outras razões referidas pelos inquiridos, foram as seguintes: a situação já tinha sido comunicada à EMARVR (50,0%); informar o Presidente da Junta para que este comunique à EMARVR (16,7%); não ter tempo/ disponibilidade (16,7%); não lhes diz respeito (8,3%); pagam o suficiente na factura para ainda terem essas preocupações (8,3%). Colaborar na detecção de fugas e roturas (54,8%) e colaborar na detecção de ligações clandestinas (38,1%) constituem o “núcleo” dos contributos que no entender dos inquiridos levariam a uma diminuição das perdas de água. Das outras sugestões apresentadas, salienta-se a criação de uma linha telefónica; a racionalização do consumo e o aumento da fiscalização aos contadores. C - Análise dos resultados C1 - Avaliação da actual situação das áreas de residência dos utentes da EMARVR, no que respeita à ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição, por género Enquanto o teste paramétrico compara as médias de duas amostras independentes, o teste de Mann-Withney37 compara o centro da localização das duas amostras, como forma de detectar diferenças entre as duas populações correspondentes. Para se aplicar o teste não 37 Este teste é de utilização preferível ao t quando há violação da normalidade ou, ainda, quando as variáveis são de nível pelo menos ordinal. Neste caso, estamos perante uma variável ordinal em que 1-ocorrência de muitas perdas de água; 2- ocorrência de algumas perdas de água; 3- ocorrência de poucas perdas de água; 4- ocorrência de raras perdas de água; 5- nenhuma ocorrência de perdas de água. 152 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL paramétrico de Mann-Withney, tem de se verificar a igualdade da forma das duas distribuições. O teste de Levene, com sig=0,656, mostra para um erro tipo I de 0,05, que as distribuições têm a mesma dispersão. As duas distribuições não diferem em tendência central, conforme teste de MannWithney com sig=0,747, apresentado na tabela 3 do Anexo VII. Este resultado já era de esperar dada a semelhança verificada nas medidas de tendência central das duas distribuições. Assim sendo, embora os utentes da EMARVR do sexo feminino tenham uma opinião mais favorável em relação à actual situação das suas áreas de residência, no que diz respeito à ocorrência de perdas de água, tal diferença não é estatisticamente significativa. C2 - Avaliação da actual situação das áreas de residência dos utentes da EMARVR, no que respeita à ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição, por nível de escolaridade O teste de Kruskal-Wallis é um teste não paramétrico aplicado a variáveis de nível, pelo menos ordinal, e é uma alternativa ao One-Way ANOVA quando não se encontram reunidos os pressupostos da normalidade e igualdade de variâncias. Este teste é utilizado para testar a hipótese de igualdade no que se refere à localização. Para se aplicar o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis ter-se-á de verificar se as distribuições têm igual forma. Verificando-se a igualdade da forma das distribuições38, vai utilizar-se o teste não paramétrico Kruskal-Wallis, cuja tabela tipo se encontra no Anexo VII (Tabela 4). Com o sig=0,885, então para um caso tipo I de 0,05, não se rejeita a hipótese nula de homogeneidade de avaliação da actual situação das áreas de residência dos utentes da EMARVR, no que diz respeito à ocorrência de perdas de água, por grau de escolaridade. 38 As dispersões são semelhantes (teste de Levene com sig= 0,240 > 0,05). CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 153 C3 - Avaliação da actual situação das áreas de residência dos utentes da EMARVR, no que respeita à ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição, consoante a situação perante o trabalho As duas distribuições não diferem em tendência central, conforme teste de MannWithney com sig=0,860. Deste modo, embora os trabalhadores não activos tenham uma opinião mais favorável em relação à actual situação das suas áreas de residência, no que diz respeito à ocorrência de perdas de água, do que os trabalhadores activos, tal diferença não é estatisticamente significativa. C4 - Avaliação da actual situação das áreas de residência dos utentes da EMARVR, no que respeita à ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição, consoante os utentes têm ou não conhecimento de algum caso de ocorrência de perdas As duas distribuições diferem em tendência central, conforme teste de Mann-Withney com sig=0,000. Concluiu-se, assim, que a opinião dos utentes da EMARVR que afirmam ter conhecimento de algum caso de ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição é significativamente menos favorável em relação à actual situação das suas áreas de residência em termos de ocorrência de perdas de água. C5 - Avaliação do papel39 desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água, por género, e situação perante o trabalho As hipóteses do teste de Mann-Withney são: H0: As duas populações são iguais em tendência central H1: As duas populações não são iguais em tendência central Para se aplicar o teste não paramétrico de Mann-Withney, tem de se verificar a igualdade da forma das duas distribuições. O teste de Levene, representado no quadro anterior, com sig=0,732, mostra para um erro tipo I de 0,05, que as distribuições têm a mesma dispersão. 39 Muito fraco, Fraco, Bom e Muito bom 154 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL As duas distribuições não diferem em tendência central, conforme teste de MannWithney com sig=0,870. Deste modo, embora na avaliação do papel desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água, se tenham observado valores mais elevados nas mulheres do que nos homens, tal diferença não é estatisticamente significativa. Também se regeita a hipótese da homogeneidade na avaliação do papel desempenhado pela EMARVR por situação perante o trabalho, conforme o teste não paramétrico de MannWithney, com sig= 0,299. Assim, embora a opinião dos trabalhadores não activos, em relação ao papel desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água, tenha sido mais favorável que a dos trabalhadores activos, tal diferença não é estatisticamente significativa C6 - Avaliação do papel desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água, por grupo etário e grau de escolaridade Não se rejeita a hipótese nula de homogeneidade na avaliação do papel desempenhado pela EMARVR por grupo etário, quer por nível de escolaridade, conforme testes de KruskalWallis, com sig´s =0.889 e 0.407, respectivamente. C7 - Avaliação do papel desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água consoante os utentes têm ou não conhecimento de algum caso de ocorrência de perdas nos sistemas públicos de distribuição A opinião dos utentes da EMARVR que afirmam ter conhecimento de algum caso de ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição é significativamente menos favorável em relação ao papel desempenhado pela EMARVR que a dos utentes que afirmam não ter conhecimento de nenhum caso de ocorrência de perdas de água, conforme teste de Mann-Withney, com sig= 0,000. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 155 C8 - Analisar se existem diferenças significativas entre os utentes que comunicam ou não à EMARVR os casos de aparecimento de perdas, por género, grupo etário e situação perante o trabalho Os cruzamentos da intenção de comunicar as situações de ocorrência de perdas de água pelas variáveis sócio-profissionais (género, grupo etário e situação perante o trabalho), revelam não existir diferenças estatisticamente significativas. Assim sendo, não existe qualquer tipo de relação entre o sexo do utente, o grupo etário, a situação perante o trabalho, e o facto de comunicar ou não à EMARVR, os casos de ocorrência de perdas de água de que afirma ter conhecimento. D - Síntese de resultados dos inquéritos A percentagem de respondentes que afirma que as situações de perdas de água são raras, ronda os 24%, sendo que 10,0% dos respondentes afirma não ocorrerem quaisquer perdas. Cerca de 23,2% respondem ocorrerem poucas perdas de água, 30,0% que ocorrem algumas perdas de água, respondendo 12,6% que ocorrem muitas perdas de água. Embora os clientes da EMARVR do sexo feminino tenham uma opinião mais favorável em relação à actual situação das suas áreas de residência, no que diz respeito à ocorrência de perdas de água, tal diferença não é estatisticamente significativa. Também, não se rejeita a hipótese de homogeneidade de avaliação por nível de escolaridade. Os trabalhadores não activos têm uma opinião mais favorável em relação à actual situação das suas áreas de residência, no que diz respeito à ocorrência de perdas de água, do que os trabalhadores activos. Contudo, tal diferença também não é estatisticamente significativa. De referir, ainda, que a opinião dos utilizadores que afirmam ter conhecimento de algum caso de ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição é significativamente menos favorável em relação à actual situação das suas áreas de residência, no que diz respeito à ocorrência de perdas de água, que a dos utentes que afirmam não ter conhecimento de nenhum caso de ocorrência de perdas de água. A maioria dos inquiridos (61,6%) afirma que a EMARVR tem tido um bom desempenho no controlo e redução de perdas de água, sendo que 16,3% referem que a EMARVR tem tido um desempenho mesmo muito bom. A percentagem de inquiridos que 156 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL avaliam negativamente o desempenho da EMARVR ao nível do controlo e redução de perdas de água é de 21,1%. Embora na avaliação do papel desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água, se tenham observado valores mais elevados nas mulheres do que nos homens, tal diferença não é estatisticamente significativa. Também, não se encontraram diferenças estatisticamente significativas de opinião por grupo etário, nem por nível de escolaridade. Ainda que a opinião dos trabalhadores não activos, em relação ao papel desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água, tenha sido mais favorável que a dos trabalhadores activos, tal diferença não é estatisticamente significativa. A opinião dos inquiridos que afirmam ter conhecimento de algum caso de ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição é significativamente menos favorável em relação ao papel desempenhado pela EMARVR que a dos utentes que afirmam não ter conhecimento de nenhum caso de ocorrência de perdas de água. A maioria dos respondentes (53,1%) afirma não ter conhecimento de situações de ocorrência de perdas de água nos sistemas públicos de distribuição. De entre os inquiridos que respondem ter conhecimento de casos de ocorrência de perdas de água nos Sistemas Públicos de Distribuição de Água, 40,8% afirma não ter comunicado tais situações à EMARVR. Em relação à análise efectuada, conclui-se que a maioria dos respondentes (53,1%) afirma não ter conhecimento de situações de ocorrência de perdas de água nos Sistemas Públicos de Distribuição. Ainda que de forma pouco significativa, as populações rurais apercebem-se mais facilmente deste tipo de situações do que os inquiridos residentes em meios urbanos. Esta diferença poderá encontrar justificação no facto das populações rurais em geral, serem mais atentas, preocupadas e interventivas, no que respeita os problemas existentes nas suas freguesias. Ainda falando em termos genéricos, a população urbana desliga-se facilmente deste tipo de questões, por ter actividades mais absorventes, e por consideram que não lhes diz respeito directamente. Relativamente às respostas obtidas, 54,8% dos inquiridos estão na disposição de colaborar na detecção de fugas e roturas, e 38,1% estão intencionados em cooperar na detecção de ligações clandestinas. Com base nestes valores, a disponibilidade, ou pelo menos a sua intenção, constituem os “comportamentos”, que no entender dos inquiridos levariam a CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 157 uma diminuição das perdas de água. A criação de uma linha gratuita, a intensificação da fiscalização dos contadores e a racionalização do consumo são outras das sugestões apresentadas pelos inquiridos. Desta forma, conclui-se que a predisposição dos utilizadores para apoio e participação profícuos, fica dentro do desejável, constatando-se o alheamento de apenas 5,2% da população. Os utilizadores desempenham um papel importante e o seu envolvimento deverá ser fomentado com base numa abordagem participativa. Para tal, é fundamental que se promovam campanhas de sensibilização da população, o que de certa forma aconteceu na realização deste inquérito. A sensibilização (educação) é uma componente vital para que os cidadãos possam compreender a importância da água e do desenvolvimento sustentável e fiquem em condições de colaborar activamente no controlo das perdas, como por exemplo, na detecção de ligações directas, roturas e fugas. 158 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL CONSIDERAÇÕES FINAIS No final deste estudo podem ser extraídas as seguintes conclusões: O controlo das perdas de água constitui um dever de todos, por ser a riqueza natural mais preciosa deste novo milénio. Temos de saber cuidar, gerir e preservar este bem escasso, utilizando-o dentro do estritamente necessário para a sobrevivência humana, no sentido de assegurar a sua disponibilidade para a sustentabilidade do planeta. Para a preservação deste bem económico de grande valor, os sistemas de abastecimento que representam infra-estruturas de produção e distribuição de água devem ser devidamente projectados e mantidos em boas condições, de modo a reduzir ao mínimo possível o nível das suas perdas. As perdas económicas traduzem-se ainda na factura dos clientes, já que os custos reais do sistema se reflectem na facturação, ao abrigo da nova legislação comunitária. Nesta perspectiva, o cidadão comum pode efectivamente desempenhar um papel activo no controlo das perdas de água, prestando um auxílio de grande valor na localização de fugas visíveis, e na racionalização doméstica mais eficaz deste recurso natural, evitando o desperdício, numa busca conjunta da melhoria da eficiência global do sistema. Contudo, é necessário criar os devidos canais de informação, tornando-o consciente e motivando-o a participar. Ao longo dos últimos anos, tem sido feito um grande investimento na expansão das redes públicas de abastecimento de água. No entanto, ainda é possível identificar algumas dificuldades na gestão e exploração dos sistemas da região em estudo, como por exemplo ao nível da medição dos consumos por diferentes sectores de actividade, exigindo o desenvolvimento e a aplicação de técnicas e instrumentos de medição cada vez mais sensíveis e precisos. Além disso, existem deficiências em termos de recolha, processamento e arquivamento de dados indispensáveis para uma boa gestão técnica dos sistemas de abastecimento de água. Na generalidade, não existem procedimentos por escrito para as operações de manutenção ou inspecção e não existem programas de controlo de perdas de água. Conforme foi demonstrado ao longo do trabalho, os níveis de perdas obtidos em alguns países, mostram que é possível reduzir esta percentagem de forma significativa, através de diversas medidas, como por exemplo: a boa manutenção e reabilitação de condutas, de ramais domiciliários e equipamentos, quando necessário; o controlo de pressões; o zonamento das redes; a medição de volumes; a vigilância e utilização de sistemas de detecção de fugas; a actuação imediata em caso de fugas; a exploração cuidadosa, quer “em alta” quer “em baixa”; CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 159 a formação de pessoal; a realização de balanços hídricos; o apoio aos utentes para a manutenção, reparação e eventual substituição de redes interiores. De uma forma global, demonstrou-se a forma ideal para contabilizar, a nível quantitativo e económico, as perdas de água, definindo-se o balanço hídrico como a ferramenta essencial de apoio à avaliação da dimensão do problema. Os objectivos propostos para este projecto foram alcançados, pelo que acredita-se que os resultados deste estudo poderão vir a contribuir decisivamente para uma abordagem mais correcta e tecnicamente sustentada do controlo de perdas de água no Concelho de Vila Real, melhorando significativamente o desempenho global do sistema. 160 CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS Concluída a primeira fase do presente projecto, é preciso assegurar a sustentabilidade de acções futuras. Desta forma, pretende-se produzir um cadastro fidedigno de infra-estruturas, capaz de reflectir a composição do sistema de abastecimento e o seu estado de conservação, de modo a proceder à criação de Zonas de Medição e Controlo (ZMCs), com vantagens directas no combate eficiente às perdas de água e na gestão da oferta deste recurso em situações de escassez. Para tal, será necessário instalar medidores de caudal em todos os nós de fronteira de cada zona, cujos registos serão enviadas para uma central de despacho, através de um sistema de telemetria40 ou telegestão que, simultaneamente, permitirá identificar as fugas e roturas, com a possibilidade de quantificar os volumes de água perdida, e aferir as informações sobre consumos (valores facturados a clientes e consumos autorizados, não facturados), actuando, portanto, mais rapidamente e aumentando a fiabilidade dos dados recolhidos. Passará a ser possível efectuar o controlo das variáveis de maior relevância para o controlo das perdas de água em tempo real, nomeadamente dos caudais que entram no sistema e das pressões em pontos estratégicos da rede de distribuição. O possível estudo a ser efectuado sobre a divisão da rede em Zonas de Medição e Controlo, deverá ser apoiado na simulação do comportamento hidráulico das novas condições da rede de distribuição, utilizando a modulação matemática como ferramenta de trabalho (programa informático EPANET). Este programa, numa sequência iterativa, irá permitir a procura e redução do impacto das alterações no seu funcionamento e maximização da eficácia do sistema de medição zonada. Este, eventualmente, auxiliado, por um sistema de informação geográfica e por novas plataformas de gestão informatizada, irá permitir a supervisão em tempo real do sistema, facilitando a intervenção imediata em caso de anomalia. 40 Telemetria é uma das tecnologias mais sofisticadas para a obtenção e processamento de dados à distância, a partir de uma rede de medidores instalada em lugares de difícil acesso, como o subsolo, e permite tanto a recolha fidedigna de informação (por exemplo, caudais e pressões) como a transmissão a uma estação central, para sustentar as decisões da entidade gestora ao nível das intervenções nas condutas e tubagens. CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 161 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE, AEA (2003). Os recursos hídricos da Europa: Uma avaliação baseada em indicadores – Síntese, AEA, Copenhaga. Disponível em http://reports.pt.eea.europa.eu. Acesso em 25/10/05, 22h15min. 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Acesso em 03/02/06, 21h30min. 169 ANEXOS ANEXO I - DADOS DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DA EMARVR ANEXO II - AUDITORIAS DE PERDAS NO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL – FOLHA DE CÁLCULO (Balanço hídrico) ANEXO III - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES EFECTUADAS NO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL ANEXO IV - PRÁTICAS DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DE VILA REAL ANEXO V - CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA INQUIRIDA ANEXO VI – INQUÉRITO ANEXO VII - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS MUNÍCIPES SOBRE AS PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL 171 ANEXO I DADOS DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DA EMARVR Tabela 1 - Reservatórios em serviço CAPACIDADE (M3) QUANTIDADES CAPACIDADE TOTAL (M3) PERTENCENTES SISTEMA ALVÃO 2000 1 2000 1 1500 2 3000 2 800 2 1600 2 300 2 600 1 150 6 900 5 100 9 900 6 75 8 600 1 50 32 1600 4 150 6 900 5 100 9 900 6 75 8 600 1 50 32 1600 4 Total Geral 75 11 510 23 Tabela 2 - Quadro resumo das infra-estruturas de abastecimento público de água, pertencentes à EMARVR INFRA-ESTRUTURAS EXISTENTES QUANTIDADE OBSERVAÇÕES 1 unidade Alvão - Origem superficial 79 unidades Locais - Origem subterrânea (SOB GESTÃO DA EMARVR) Captação Estação de tratamento de água 1 unidade Rede de distribuição de água ±500Km Ramais ±20 000 unidades Alvão - Com tratamento de floculação, decantação, filtração e desinfecção. Parte considerável com menos de vinte anos, em PVC, Hostalene e PEAD. Extensão média de 3 metros Apoiados e enterrados, com capacidade total Reservatórios 75 Estações elevatórias e 16 unidades Estações elevatórias hidropressoras 5 unidades Estações hidropressoras de 11.510 m³. 173 Tabela 3 - Contadores em serviço até ao final de 2006 DIÂMETRO NOMINAL (DN) QUANTIDADE TECNOLOGIA TOTAL UTILIZADA 13 ou 15 20 25 32 40 50 65 80 100 TOTAL 16.980 9.341 134 9 130 14 21 10 6 26.645 Volumétricos Mecânicos Tabela 4 - Movimento anual de contadores MOTIVO Adquiridos Colocados por novos contratos Retirados por rescisão do contrato Troca por motivos de rendimento Substituídos Reparados 2005 2006 518 341 1689 1662 1112 1173 0 2117 2071 0 925 788 Nota: alguns dos itens acima poderão ser cumulativos, isto é, o mesmo contador, pode figurar por exemplo como "substituído por avaria" e como "reparado". Tabela 5 - Gestão do parque de contadores em serviço GESTÃO DO PARQUE DE CONTADORES EM SERVIÇO Tempo médio dos contadores em serviço 12 a 15 anos Ficheiro informatizado do parque de contadores em serviço Sim Práticas de caracterização do consumidor Sim Análise do comportamento metrológico dos contadores instalados Análise das reclamações apresentadas pelos consumidores 174 OBSERVAÇÃO É feito pela fábrica fornecedora Sim ANEXO II AUDITORIAS DE PERDAS NO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL – FOLHA DE CÁLCULO (Balanço hídrico) Tabela 1 - Dados complementares do balanço hídrico Dados complementares do balanço hídrico necessários ao cálculo dos indicadores de perdas Valor Unidade Comprimento total da rede Número total de ramais Altura piezométrica média de serviço Fiabilidade Exactidão 430 km *** 0-5% 20.000 (n.º) ** 6-20% m c.a. * 21-50% 35 Água bruta exportada 0 m /ano *** 0-5% Comprimento médio dos ramais prediais (entre o limite de propriedade e o contador) 3 m ** 21-50% dias *** 0-5% *** 0-5% Duração do período a que se refere o balanço hídrico Tempo de pressurização do sistema 365 24 horas/dia 3.300.404 Custos correntes 3 Tarifa média para consumidores directos 0,86 Custo unitário assumido das perdas reais 0,53 *** 0-5% 3 *** 0-5% 3 *** 0-5% €/ano €/m €/m Tabela 2 - Indicadores de perdas recomendados pela IWA Sistema de abastecimento de água a Vila Real Período: 1 de Janeiro de 2006 - 31 de Dezembro de 2006 Exactidão Indicadores de recursos hídricos Ineficiência na utilização dos recursos hídricos 20 % 5-24 % WR1 = A19 / A3 x 100 A3 - Água entrada no sistema A19 - Perdas reais 3 3.226.621 m /ano 3 658.644 m /ano 0-3 % 5-24 % Indicadores operacionais Perdas de água por ramal 3 42 m /ramal/ano 6-26 % Op23 = (A15 x 365 / H1) / C24 (válido para sistemas de distribuição) A15 - Perdas de água C24 - Número de ramais H1 - Duração do período de referência Perdas de água por comprimento de conduta 3 833.849 m /ano 20.000 n.º 365 dias 3 N/A m /km/dia 0-16 % 6-20 % 0-5 % N/A Op24 = (A15 / 365) / C8 (válido para sistemas de produção e adução) A15 - Perdas de água C8 - Comprimento de condutas 3 833.849 m /ano 430 km 0-16 % 0-5 % 175 Perdas aparentes por volume de água entrada no sistema N/A % N/A Op26 = A18 / A3 x 100 (válido para sistemas de produção e adução) A3 - Água entrada no sistema A18 - Perdas aparentes Perdas aparentes 3 3.226.621 m /ano 3 175.205 m /ano 5 % 0-3 % 20-48 % 20-48 % Op25 = A18 / (A3-A5-A7) x 100 (válido para sistemas de distribuição ou completos) A3 - Água entrada no sistema A5 - Água bruta exportada A7 - Água tratada exportada A18 - Perdas aparentes Perdas reais por comprimento de conduta 3 3.226.621 m /ano 3 0 m /ano 3 5.573 m /ano 3 175.205 m /ano N/A l/km/dia 0-3 % 101-300 % 20-48 % N/A Op28 = A19 x 1000 / (C8 x H2 x 365 / 24) (válido para sistemas de produção e adução) A19 - Perdas reais C8 - Comprimento de condutas 3 658.644 m /ano 430 km 5-24 % 0-5 % H2 - Tempo de pressurização do sistema 24 horas/dia 0-5 % Perdas reais por ramal 90 l/ramal/dia 7-31 % Op27 = A19 x 1000 / (C24 x H2 / 24) (válido para sistemas de distribuição ou completos) A19 - Perdas reais C24 - Número de ramais 3 658.644 m /ano 20.000 n.º 5-24 % 6-20 % H2 - Tempo de pressurização do sistema 24 horas /dia Índice infra-estrutural de fugas (-) 2,0 (-) 20-55 % 90 l/ramal/dia 430 km 7-31 % 0-5 % Op29 = Op27 / (18 x C8 / C24 + 0,8 + 0,025 x C25) / (D34/10) Op27 - Perdas reais por ramal C8 - Comprimento de condutas C24 - Número de ramais C25 - Comprimento médio dos ramais prediais D34 - Pressão média de operação 20.000 n.º 3 m 0-5 % 6-20 % 21-50 % 350 kPa 21-50 % 26 % 0-14 % Indicadores financeiros Água não facturada em termos de volume (%) Fi46 = A21 / A3 x 100 A3 - Água entrada no sistema A21 - Água não facturada Água não facturada em termos de custo (%) 3 3.226.621 m /ano 3 844.993 m /ano 15 % 0-3 % 0-14 % 6-22 % Fi47 = ((A13 + A18) x G57 + A19 x G58) / G5 x 100 A13 - Consumo autorizado não facturado A18 - Perdas aparentes G57 -Tarifa média para consumidores directos A19 - Perdas reais G58 - Custo unitário assumido das perdas reais G5 - Custos correntes 3 11.145 m /ano 3 175.205 m /ano 3 0,86 €/m 3 658.644 m /ano 3 0,53 m /ano 3.300.404 €/ano 20-49 % 20-48 % 0-5 % 5-24 % 0-5 % 0-5 % Indicador de água não medida Indicador operacional Água não medida 26 % #DIV/0! Op39 = (A3 - A8 - A11) / A3 x 100 A3 - Água entrada no sistema A8 - Consumo facturado medido A11 - Consumo não facturado medido 176 3 3.226.621 m /ano 3 2.381.628 m /ano 0-3 % 0-4 % 3 6.795 m /ano CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Tabela 3 - Componentes do Balanço Hídrico (m3/ano) ÁGUA ENTRADA NO SISTEMA CONSUMO AUTORIZADO CONSUMO AUTORIZADO FACTURADO CONSUMO FACTURADO MEDIDO ÁGUA FACTURADA 3226621 m3/ano 2392773 m3/ano 2381628 m3/ano 2381628 m3/ano 2381628 m3/ano Erro relativo: 0-3 % Erro relativo: 0-4 % Erro relativo: 0-4 % Erro relativo: 0-4 % Consumo facturado não medido 0 m3/ano Erro relativo: 0-5% Consumo autorizado não facturado 11145 m3/ano Erro relativo: 50-150 % Perdas aparentes 175205 m3/ano Erro relativo: 20-48 % Perdas de água 833849 m3/ano Perdas reais 658644 m3/ano Erro relativo: 0-16 % Erro relativo: 5-24 % ou 81500 m3/ano Erro relativo: 19-46 % Erro relativo: Consumo não facturado medido 6795 m3/ano Erro relativo: 82-246 % Consumo não facturado não medido 4350 m3/ano Água não facturada 844993 m3/ano Erro relativo: 0-14 % Erro relativo: 8-27 % Uso não autorizado 7580 m3/ano Erro relativo: 74-222 % Erros de medição 167625 m3/ano Erro relativo: 20-49 % Fugas nas condutas de adução e/ou distribuição 75000 m3/ano Erro relativo: 21-50 % Fugas e extravasamentos nos reservatórios de adução e/ou distribuição 1500 m3/ano Erro relativo: 51-100 % Fugas nos ramais (a montante do ponto de medição) 5000 m3/ano Erro relativo: 51-100 % 177 Tabela 4 - Cálculo da água entrada no sistema Valor Água captada Água importada (tratada ou não tratada) facturada por terceiros (contab. em termos operac.) Água importada (tratada ou não tratada) não facturada por terceiros Água entrada no sistema (contabilização em termos operacionais) (contabilização em termos económico-financeiros) Fiabilidade Exactidão *** 0-5% m3/ano *** 0-5% m3/ano ** 0-5% 1.897.407 m3/ano 1.329.214 0-3 % 3.226.621 m3/ano 0-3 % Tabela 5 - Cálculo do consumo facturado CÁLCULO DO CONSUMO FACTURADO MEDIDO Distribuição directa: Consumo doméstico Consumo de comércio e de indústria Consumo público Consumo para limpeza urbana Outros consumos facturados medidos Água exportada: Água transferida para outros sistemas da mesma entidade (facturada) Água vendida a outras entidades gestoras Consumo facturado medido: CÁLCULO DO CONSUMO FACTURADO NÃO MEDIDO Volume facturado por estimativa relativo a: Consumo doméstico, comercial e de serviços de clientes sem contador Consumo para rega de espaços verdes Consumo para lavagem de ruas Consumo em marcos e bocas de incêndio Outros consumos facturados não medidos Consumo facturado não medido: Fiabilidade 2.381.628 1.685.742 312.213 354.231 150 29.292 3 m /ano m3/ano m3/ano m3/ano m3/ano m3/ano m3/ano m3/ano Exactidão 0-4 % *** *** ** *** ** * * 0-5% 0-5% 6-20% 0-5% 6-20% 101-300% 101-300% * * 101-300% 101-300% 0 m3/ano m3/ano m3/ano 2.381.628 m3/ano 0-4 % Fiabilidade 0 0 0 0 0 0 m3/ano m3/ano m3/ano m3/ano m3/ano m3/ano *** *** *** *** *** *** Exactidão 0-5% 0-5% 0-5% 0-5% 0-5% 0-5% 0 m3/ano CONSUMO FACTURADO (m3/ano) (contabilização em termos operacionais) (contabilização em termos económico-financeiros) 178 2.381.628 m3/ano 0-4 % 0-5% Tabela 6 - Cálculo do consumo facturado não autorizado CÁLCULO DO CONSUMO AUTORIZADO NÃO FACTURADO MEDIDO Distribuição directa (não facturada medida): Fiabilidade m3/ano Consumo próprio da entidade (medido e pago) Água exportada (não facturada medida): Água transferida para outros sistemas da mesma entidade Água transferida para outras entidades gestoras Consumo autorizado não facturado medido: Número de consumidores 2 Consumo de rega por m de área irrigada Área irrigada Número de enchimentos de autotanques por dia Capacidade média de cada autotanque Número de dias de utilização por ano Consumo para serviço de combate a incêndio (autorizado não facturado não medido) * 21-50% * 6-20% m3/ano * 6-20% m3/ano * 101-300% 101-300 % 5.573 m3/ano 5.573 m3/ano * 101-300% 0 m3/ano * 101-300% 82-246 % 6.795 m3/ano Fiabilidade Exactidão 0 (nº) * 101-300% 0 m3/ano * 101-300% 6-21 % 4.200 m3/ano 0 m3/mês * 6-20% 2 * 0-5% * 0-5% 4 meses/ano 174-519 % 150 m3/ano 1 n.º/dia ** 101-300% *** 101-300% ** 101-300% ** 6-20% m *** 0-5% dias/ano ** 6-20% 3 1 m 200 dias/ano 0 m3/ano Número de enchimentos de autotanques por dia ( é medido e pago) n.º/dia 3 Capacidade média de cada autotanque Número de dias de utilização por ano Consumo próprio da entidade (não medido) 0-5% m3/ano 5.000 m Número de meses de rega por ano Consumo para lavagem de ruas (autorizado não facturado não medido) * 1.222 m3/ano CÁLCULO DO CONSUMO AUTORIZADO NÃO FACTURADO NÃO MEDIDO Estimativa de consumo consumo doméstico, comercial e de serviços de clientes sem contador (autorizado não facturado não medido) 0 m3/ano Capitação média por consumidor Consumo para rega de espaços verdes (autorizado não facturado não medido) 6-20 % 1.222 m /ano Consumo público Combate a incêndio Exactidão 3 0 m3/ano Consumo de processo no tratamento (excluindo volume reutilizado) m3/ano * 0-5% Consumo para lavagem de condutas e reservatórios m3/mês *** 6-20% Consumo nas instalações e espaços verdes da entidade m3/ano *** 51-100% Total m3/ano * 101-300% m3/ano * 6-20% * 101-300% Outros consumos autorizados não facturados não medidos 3 0 m /ano m3/ano Consumo autorizado não facturado não medido: CONSUMO AUTORIZADO NÃO FACTURADO (m3/ano) 4.350 m3/ano 8-27 % 11.145 m3/ano 50-150 % Tabela 7 - Cálculo das perdas aparentes 179 Fiabilidade CÁLCULO DAS PERDAS APARENTES 7.580 m3/ano Uso não autorizado: Consumo relativo a utilização fraudulenta de marcos e bocas de incêndio e de rega Consumo relativo a ligações ilícitas Estimativa dos erros sistemáticos da água entrada no sistema Água captada (m3) Água importada (tratada ou não tratada) facturada por terceiros (m3) Água importada (tratada ou não tratada) não facturada por terceiros (m3) Estimativa dos erros sistemáticos do consumo autorizado Estimativa do erro sistemático da micro-medição (erro do contador, da leitura e do registo) Estimativa do erro sistemático da água autorizada não medida Exactidão 74-222 % 2.580 m3/ano 5.000 m3/ano * * 101-300% 101-300% 0 m3/ano 0 % 0 m3/ano * 101-300% 0 % 0 m3/ano * 101-300% 0 % 0 m3/ano * 101-300% 167.625 m3/ano 20-49 % 7 % 167.190 m3/ano * 21-50% 10 % 435 m3/ano * 101-300% PERDAS APARENTES (m3/ano) 175.205 m3/ano 20-48 % Tabela 8 - Cálculo das perdas reais Fiabilidade Fugas nas condutas de adução e/ou distribuição Fugas e extravasamentos nos reservatórios de adução e/ou distribuição Fugas nos ramais (a montante do ponto de medição) Perdas reais 180 Exactidão 75.000 m3/ano ** 21-50% 1.500 m3/ano * 51-100% 5.000 m3/ano * 51-100% 3 81.500 m /ano 19-46 % CONTROLO DE PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL ANEXO III CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES EFECTUADAS NO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Tabela 1 – Intervenções efectuadas em 2005 Respostas Intervenções Intervenção conduta geral Intervenção ramal Total N 1621 1015 2636 Percentagem 61,5% 38,5% 100,0% Percentagem de casos 65,0% 40,7% 105,7% Tabela 2 – Distribuição de frequências da Duração média das intervenções ocorridas em 2005 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) FREQUÊNCIA RELATIVA ACUMULADA (%) até 3 horas 624 25,0 25,4 25,4 3 a 6 horas 1173 47,0 47,7 73,0 6 a 9 horas 222 8,9 9,0 82,1 9 a 12 horas 184 7,4 7,5 89,6 12 a 15 horas 89 3,6 3,6 93,2 15 a 18 horas 67 2,7 2,7 95,9 mais de 18 horas 101 4,0 4,1 100,0 TOTAL 2460 98,6 100,0 34 1,4 2494 100,0 DURAÇÃO DA INTERVENÇÃO NS/NR TOTAL 181 Tabela 3 – Intervenções efectuadas nos Ramais em 2006 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) 2 0,2 0,5 235 23,2 60,1 43 4,3 11,0 56 5,5 14,3 11 1,1 2,9 35 3,4 9,0 2 0,2 0,5 Reparação de Boca de Rega partida 1 0,1 0,3 Reparação de rede na rede interna 2 0,2 0,5 Reparação de Contador Rebentado 1 0,1 0,3 Eliminação de ramal 2 0,2 0,5 1 0,1 0,3 391 38,6 100 10 1,0 614 60,5 1015 100,0 Detecção fuga – Sondagens Reparação de Rede Reparação de rede e Reposição de Tapete/ Calçada à Portuguesa/ Betonilha Esquartelada /Cubos/ Paralelos Substituição de Ramal Substituição de Ramal e Reposição tapete/Calçada/ Betonilha Esquartelada Reparação da B.I. e/ou ramal da B.I. Reparação de B.I. e/ou ramal da B.I. e Reposição Betonilha Esquartelada Outra (Bombas desligadas devido à Tempestade) TOTAL NR (intervenções sem registo) NA (intervenções não ocorridas em ramais) TOTAL 182 Tabela 4 – Intervenções efectuadas na Conduta Geral em 2006 Reparação de Rede na Conduta Distribuidora Detecção de Fuga na Conduta Adutora Reparação de Rede na Conduta Adutora/Elevatória Reparação de Fuga na rede da ETAR Reparação de Fuga na Rede Predial Substituição de rede Detecção de Fuga na Conduta Distribuidora Reposição de Terras Sinalização de rede Reparação de Rede na Conduta Distribuidora e Reposição de tapete Reparação de Rede na Conduta Distribuidora e Reposição de calçada/paralelos/betonilha Substituição de rede e Reposição de tapete Total NR (intervenções sem registo) NA (intervenções não ocorridas na conduta geral) Total FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) 416 2 41,0 0,2 67,8 0,3 61 2 1 15 17 1 1 6,0 0,2 0,1 1,5 1,7 0,1 0,1 9,9 0,3 0,2 2,4 2,8 0,2 0,2 52 5,1 8,5 37 9 614 10 391 1015 3,6 0,9 60,5 1,0 38,5 100,0 6,0 1,5 100,0 183 Tabela 5 – Justificação das Intervenções efectuadas na Conduta Geral em 2006 Abertura de alguns buracos, para detecção da fuga Alteração do nó antigo de acesso ao reservatório velho e montagem do novo nó Rotura que originou falta de pressão na parte alta da Localidade O empreiteiro não comunicou à EMAR Taco que fazia de junta cega saltou da união de aperto rápido Reparação adiada por motivos de hora tardia Avaria causada por obras da junta da Freguesia Conduta envelhecida Curva partida Tê partido Remoção de ar da conduta Tubo estalado, devido à passagem de um veículo pesado (máquina), sobre a conduta Tubo partido/ lascado/ rebentado Água que não chega à totalidade ao reservatório Reparação da rede interna Rede velha Rede obstruída Reparação da rotura, provocada pela terraplanagem Conduta rebentada Reparação de fuga na câmara de perda de carga Afluência de pouco caudal Falta de água na Localidade Disco da junta cega furado Reparação numa junta da conduta de distribuição Reposição de terras devido a abatimento Substituição de válvula de corte geral Total NA (intervenções não ocorridas na conduta geral e/ou sem justificação) Total 184 FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES VÁLIDA (%) 1 0,1 1,7 2 0,2 3,4 1 0,1 1,7 1 0,1 1,7 1 0,1 1,7 1 1 1 1 3 2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,3 0,2 1,7 1,7 1,7 1,7 5,1 3,4 3 0,3 5,1 23 1 1 2 2 2,3 0,1 0,1 0,2 0,2 39,0 1,7 1,7 3,4 3,4 1 0,1 1,7 3 1 1 1 1 0,3 0,1 0,1 0,1 0,1 5,1 1,7 1,7 1,7 1,7 1 0,1 1,7 1 2 59 0,1 0,2 5,8 1,7 3,4 100,0 956 94,2 1270 100,0 Tabela 6 – Síntese do número de roturas ocorridas nos ramais e na conduta geral, nos anos de 2005 e 2006 2005 Freguesia Abaças Adoufe Andrães Arroios Borbela Campeã Constantim Ermida Folhadela Freg. Cidade Guiães Justes Lamares Lamas de Olo Lordelo Mateus Mondrões Mouços Nogueira Parada de Cunhos Quintã S. Miguel de Pena S. Tomé do Castelo Torgueda Vale de Nogueiras Vila Cova Vila Marim Vilarinho da Samardã NÚMERO DE ROTURAS OCORRIDAS NOS RAMAIS 39 45 22 59 22 7 2 1 14 217 0 24 20 5 37 58 59 41 5 34 10 14 16 39 23 15 31 10 2006 NÚMERO DE ROTURAS DE REDE 80 103 97 60 119 104 43 7 75 157 5 26 0 4 100 46 33 148 36 19 5 25 68 90 37 0 69 55 NÚMERO DE ROTURAS OCORRIDAS NOS RAMAIS 18 19 14 12 32 16 6 3 10 86 4 4 1 1 19 17 3 21 18 8 0 2 7 8 6 0 24 7 NÚMERO DE ROTURAS DE REDE 32 24 43 15 52 38 0 16 8 78 5 13 1 2 40 16 20 44 13 18 0 2 38 15 15 9 36 10 185 Tabela 7 – Síntese do número de substituições efectuadas nos ramais e na conduta geral, nos anos de 2005 e 2006 2005 2006 Abaças NÚMERO DE SUBSTITUIÇÕES DE RAMAIS 0 NÚMERO DE SUBSTITUIÇÕES DE REDE 0 NÚMERO DE SUBSTITUIÇÕES DE RAMAIS 0 NÚMERO DE SUBSTITUIÇÕES DE REDE 0 Adoufe 18 0 12 1 Andrães 0 4 0 3 Arroios 0 0 0 1 Borbela 7 5 8 0 Campeã 0 0 4 1 Constantim 0 0 0 0 Ermida 1 0 1 0 Folhadela 7 0 1 1 Freg. Cidade 84 4 13 5 Guiães 0 0 0 0 Justes 5 5 3 0 Lamares 0 0 0 0 Lamas de Olo 5 0 0 1 Lordelo 0 5 1 0 Mateus 10 0 3 0 Mondrões 15 10 2 2 Mouços 12 25 4 4 Nogueira 5 15 1 1 Parada de Cunhos 5 0 2 0 Quintã 0 0 0 0 S. Miguel de Pena 9 0 2 0 S. Tomé do Castelo 6 0 6 1 Torgueda 10 0 0 0 Vale de Nogueiras 0 0 0 0 Vila Cova 5 0 3 0 Vila Marim 6 12 3 3 Vilarinho da Samardã 0 19 1 0 Freguesia 186 Tabela 8 – Distribuição das intervenções por duração da suspensão de abastecimento FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA SIMPLES (%) 83 261 144 36 22 7 5 1 1 2 3 4 569 32 446 8,2 25,7 14,2 3,5 2,2 0,7 0,5 0,1 0,1 0,2 0,3 0,4 56,1 3,2 43,9 1015 100,0 menos de 1 hora entre 1 a 2 horas entre a 2 a 3 horas entre 3 a 4 horas entre 4 a 5 horas entre 5 a 6 horas entre 6 a 7 horas entre 7 a 8 horas entre 8 a 9 horas entre 9 a 10 horas entre 10 a 11 horas mais de 11 horas Total NR (intervenções sem registo) NA (intervenções em que não ocorreu suspensão do abastecimento) Total FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA RELATIVA RELATIVA SIMPLES ACUMULADA VÁLIDA (%) (%) 14,6 45,9 25,3 6,3 3,9 1,2 0,9 0,2 0,2 0,4 0,5 0,7 100,0 14,6 60,5 85,8 92,1 96,0 97,2 98,1 98,2 98,4 98,8 99,3 100,0 Tabela 9 – One-Way ANOVA Duração da Intervenção Entre Grupos Dentro dos Grupos Total Soma dos Quadrados 209,814 23757,685 23967,499 gl 3 991 994 Média dos F quadrados 69,938 2,917 23,973 Sig. ,033 187 Tabela 10 – Testes post-hoc Intervalo de Confiança a 95% Limite Limite Inferior Superior -2,1961 -,1209 -1,6217 ,9079 -3,4271 2,5986 ,1209 2,1961 -,6672 2,2705 -2,3598 3,8483 -,9079 1,6217 -2,2705 ,6672 (I) Tipo de Intervençã Diferença ramal Média (I-J) (J) Tipo de Intervenção ramal Reparação de Rede Substituição de Rede -1,15851* Reparação da B.I. e/ou ramal da B.I. -,35689 Reparação de contadores e ramais rebentados com o -,41424 Substituição de Rede Reparação de Rede 1,15851* Reparação da B.I. e/ou ramal da B.I. ,80162 Reparação de contadores e ramais rebentados com o ,74427 Reparação da B.I. e/o Reparação de Rede ,35689 ramal da B.I. Substituição de Rede -,80162 Reparação de contadores e ramais rebentados com o -,05735 Erro Padrão ,39250 ,47843 1,13968 ,39250 ,55564 1,17418 ,47843 ,55564 Sig. ,019 1,000 1,000 ,019 ,897 1,000 1,000 ,897 1,20563 1,000 -3,2445 3,1298 Reparação de Reparação de Rede contadores e ramais Substituição de Rede rebentados com o gel Reparação da B.I. e/ou ramal da B.I. 1,13968 1,17418 1,20563 1,000 1,000 1,000 -2,5986 -3,8483 -3,1298 3,4271 2,3598 3,2445 ,41424 -,74427 ,05735 * Tabela 11 – Teste t para amostras independentes Teste de Levene F Sig. t Pressuposto de iguald Meios ,002 ,967 ,607 envolvido de variâncias assumido Pressuposto de iguald de variâncias não assu Teste t gl tervalo de Confianç a 95% para a Desvio iferença de Médias Sig. DiferençaQuadrático (bilateral) Média Médio Inferior Superior 1007 ,544 ,037 ,060 -,082 ,155 ,615 83,446 ,538 ,037 ,059 -,080 ,153 Tabela 12 – Teste do Qui-Quadrado Qui-quadrado de Pearson Correcção de Continuidade a Rácio Likelihood Teste de Fisher Associação Linear-por-Linear Nº casos válidos Valor 6,713b 6,262 7,126 gl 1 1 1 Assimp. Sig. (bilateral) ,010 ,012 ,008 1 ,010 ,010 6,709 1406 a. Calculada apenas para tabelas 2x2 b. 0 células (,0%) têm frequência esperada inferior a 5 unidades. 188 Exact Sig. (bilateral) Exact Sig. (unilateral) ,005 ANEXO IV PRÁTICAS DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DE VILA REAL Actividades de inspecção do sistema: - Inspecção periódica das redes; - Inspecção periódica dos equipamentos de medição; - Inspecção e operação regular de marcos de incêndio, bocas-de-incêndio, de rega e válvulas do sistema de distribuição; - Inspecção dos reservatórios de água e válvulas associadas; - Limpezas periódicas dos reservatórios; Realizado aquando das operações de leitura dos contadores Cumprido quando necessário Efectuado uma vez por ano, em simultâneo.41 - Revisão periódica das instalações elevatórias; Praticado pelo menos uma vez por ano, aquando da verificação do equipamento - Inspecções simples e expeditas das instalações elevatórias; Efectuado aleatoriamente pelos electricistas, numa visita à instalação - Verificações mais pormenorizadas das Instalações Elevatórias; 41 Não realizado Efectuado após sinal de avaria (manutenção reactiva) Não existem procedimentos escritos de inspecção dos sistemas! Tabela 1 – Práticas correntes de inspecção dos sistemas (EMARVR) Os reservatórios foram objecto de recentes acções de conservação. 189 É feita programação das operações de manutenção nos nós da rede e de substituição da rede Actividades de manutenção do sistema - Reparação de avarias - Reparações pontuais de redes; São efectuadas - Controlo de pressões Realizado para que estas não sejam mais elevadas do que o necessário - Manutenção do equipamento de elevação; Os equipamentos de elevação das grandes estações elevatórias mantêm-se próximos do ponto de funcionamento óptimo; já nas pequenas estações, os equipamentos estão ligeiramente afastados42 A empresa estabeleceu uma potência contratada, em função dos equipamentos instalados Maioritariamente gravítico Tipo de abastecimento 42 É registado o estado das ordens de trabalho respeitantes a cada tarefa de manutenção Elevatório nos lugares de Nogueira, Sabroso, Vila Seca; B.º S. Vicente de Paula; Abambres; Couto; Portela Não existem procedimentos escritos de manutenção dos sistemas Tabela 2 - Práticas correntes de manutenção dos sistemas (EMARVR) Nas pequenas estações elevatórias, essa preocupação não é peremptória. Por vezes é preferível que a curva se aproxime mais de outras variações, como por exemplo da altura manumétrica ou do caudal, do que da potência, uma vez que o consumo energético não se altera de forma tão tão significativa que justifique esse cuidado. 190 ANEXO V CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA INQUIRIDA Objectivo do Estudo Universo em estudo Instrumento de Medida Técnica de Amostragem Método Probabilístico Erros máximos Determinação da dimensão da amostra Questionário Técnica de Recolha da Informação Trabalho de Campo Taxa de Resposta45 Tratamento e Apresentação de Resultados Controlo de Qualidade Este estudo tem como principal objectivo aferir a percepção dos clientes da EMARVR, sobre as perdas de água em Sistemas Públicos de Distribuição de Água. Além de ser uma forma de avaliar a dimensão social desta problemática, pretende-se com este questionário sensibilizar e alertar a população do concelho de Vila Real, para a questão paradigmática das perdas de água. O Universo é constituído pelos indivíduos com 18 anos ou mais, utentes da EMARVR, residentes no concelho de Vila Real. Quantitativo Escolheu-se o método de amostragem probabilístico43. O método probabilístico de amostragem estratificada. A amostra foi estratificada por Freguesia44 – Abaças (2,2%), Adoufe (4,2%), Andrães (3,1%), Arroios (1,9%), Borbela (5,2%), Campeã (3,3%), Ermida (1,1%), Folhadela (3,9%), Guiães (1,2%), Justes (0,9%), Lamares (0,9%), Lamas de Olo (0,4%), Lordelo (5,9%), Mateus (5,2%), Mondrões (2,4%), Mouços (5,9%), Nogueira (1,4%), N. Sª Conceição (16,0%), Parada de Cunhos (3,8%), S. Miguel de Pena (1,1%), Quintã (0,3%), S. Dinis (7,9%), S. Pedro (9,0%), S. Tomé do Castelo (2,0%), Torgueda (3,2%), Vale de Nogueira (2,1%), Vila Cova (0,5%), Vila Marim (3,4%) e Vilarinho da Samardã (1,6%). O erro máximo da amostra é de 6,1% para um grau de confiança de 95%. O procedimento utilizado no cálculo da amostra encontra-se no separador 1. Para a construção do questionário, recorreu-se, para além duma consulta bibliográfica, à realização de um estudo piloto, tendo-se obtido as informações necessárias à selecção das principais variáveis a incluir no questionário. O texto integral das questões encontra-se no separador 2. Não documental (Observação indirecta - administração de um questionário) A recolha de informação decorreu entre os dias 7 e 26 de Fevereiro de 2007. Trata-se de um intervalo de resposta curto, que só foi possível através de um acompanhamento sistemático e permanente do estudo. Os questionários foram distribuídos pelos Presidentes de Junta de cada uma das freguesias. No sentido de obter uma taxa de resposta tão grande quanto possível, forma utilizadas técnicas de “follow-up”. De referir, que foram efectuados segundos e terceiros contactos para alguns Presidentes de Junta, no sentido de acelerar o processo de preenchimento dos questionários. A taxa de resposta foi de 81,4%. As recusas não provocaram enviesamento significativo. Foram efectuados diversos testes e análises estatísticas: Teste de independência do Qui-Quadrado, Teste não paramétrico de aderência à normal Kolmogorov-Smirnov (K-S), com a correcção de Lilliefors; Teste de Levene; Teste não paramétrico de Mann-Whitney e Teste de Kruskal-Wallis. Em relação ao desenho do questionário, foi verificado o correcto ajustamento entre os objectivos do projecto e o questionário, bem como identificadas as perguntas que respondiam a cada um dos objectivos. Foi igualmente feita uma revisão da consistência entre as perguntas e as categorias de resposta, da sequência lógica das respostas e dos filtros. O questionário foi objecto de um breve pré-teste afim de se confirmar a sua operacionalidade e efectividade práticas. Após a codificação das perguntas abertas e validação total do ficheiro informático, este ficou apto a ser tabulado e tratado com base em software concebido para o efeito46. 43 Só com a utilização de amostras aleatórias é possível conhecer o grau de confiança (grau de certeza que se tem a respeito da precisão da estimativa) dos resultados. 44 De acordo os Censos da População de 2001, do INE. Os Censos são valiosos instrumentos de diagnóstico, planeamento e intervenção, nos mais variados domínios: estudos de mercado e sondagens de opinião, investigações em Ciências Sociais. Em Portugal, os Censos são realizados de dez em dez anos o que permite uma actualização exaustiva, tanto do parque habitacional como das características da população residente. Naturalmente, com o decorrer do tempo, tais bases de dados vão ficando desactualizadas. A actualização das mesmas vai sendo assegurada através da realização de inquéritos por amostragem. 45 Nesta fase procurou-se obter a maior taxa de resposta possível e minimizar as diferenças entre os respondentes e os não respondentes. 46 Para o tratamento estatístico dos dados, utilizou-se o software SPSS 14.0 191 ANEXO VI INQUÉRITO CONTROLO DAS PERDAS DE ÁGUA EM SISTEMAS PÚBLICOS DE DISTRIBUIÇÃO _______________________________________________________________ O presente estudo tem como principal objectivo aferir a percepção dos clientes da EMARVR, sobre as perdas de água em Sistemas Públicos de Distribuição de Água. A sua colaboração é fundamental para a concretização do objectivo a que se propõe este estudo. As suas respostas serão tratadas de forma estritamente confidencial. Nota Técnica: na resposta a este questionário, deverá assinalar com uma cruz × , a resposta que melhor traduza a sua avaliação ou o seu ponto de vista. _______________________________________________________________ Q1 Avalie a situação actual da sua área de residência no que diz respeito à ocorrência de perdas de água nos Sistemas de Distribuição de Água. Muitas Perdas de Água Algumas Perdas de Água Poucas Perdas de Água Raras Perdas de Água Nenhumas Perdas Não Sei / Não Respondo Q2 Diria que o papel desempenhado pela EMARVR, no controlo e redução das perdas de água tem sido: Muito fraco Fraco Bom Muito bom Não Sei / Não Respondo Q3 Tem conhecimento de algum caso de ocorrência de perdas de água nos Sistemas Públicos de Distribuição de Água? Não Sim Se respondeu não, passe para a questão Q6. 193 Q4 Comunicou tal situação à EMAR? Não Sim Q5 Se Respondeu Não à questão Q4, diga porquê. Não sei a quem me dirigir Não me interessa Não disponho de meios para o fazer (Ex. Telefone) Não existe uma linha telefónica gratuita Outro Especifique: __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Q6 Qual poderá ser o seu contributo para a diminuição das perdas de água? Colaborar na detecção de ligações clandestinas Colaborar na detecção de fugas e roturas Colaborar em ambas as situações anteriores Outro Especifique: __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Apenas para efeitos de tratamento estatístico, indique-nos por favor: Q7 A sua idade: Menos de 24 anos 25 a 34 anos 35 a 44 anos 45 a 54 anos 55 a 64 anos Mais de 64 anos 194 Q8 Sexo: Masculino Feminino Q9 Grau de escolaridade: Ensino Básico (1º ciclo – 4º ano) Ensino Básico (2º ciclo – 5º/6º ano) Ensino Básico (3º ciclo – 7º-9º ano) Ensino Secundário Curso Superior Mestrado/Doutoramento Sem Escolaridade Q10 Exerce alguma actividade profissional? Não Sim Se sim, qual a sua profissão? _______________________________________ Q11 Freguesia onde reside: ___________________________________________ _______________________________________________________________ Muito obrigado pelo tempo que dispensou colaborando neste estudo. _______________________________________________________________ 195 ANEXO VII CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS MUNÍCIPES SOBRE AS PERDAS DE ÁGUA NO SISTEMA PÚBLICO DE DISTRIBUIÇÃO DO CONCELHO DE VILA REAL Tabela 1 – Distribuição dos Inquiridos por Grupo Etário FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA RELATIVA RELATIVA SIMPLES (%) ACUMULADA (%) menos de 24 anos 14 6,7 6,7 25 a 34 anos 38 18,2 24,9 35 a 44 anos 55 26,3 51,2 45 a 54 anos 52 24,9 76,1 55 a 64 anos 31 14,8 90,9 mais de 64 anos 19 9,1 100,0 209 100,0 Total Tabela 2 – Distribuição dos inquiridos por profissão exercida FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA RELATIVA RELATIVA SIMPLES ACUMULADA VÁLIDA (%) (%) 0,8 0,8 Especialistas das Profissões intelectuais e científicas 10,9 11,8 Técnicos e profissionais de nível intermédio 14,3 26,1 Pessoal administrativo e similares 21,0 47,1 Pessoal dos Serviços e Vendedores 21,8 68,9 7,6 76,5 1,7 78,2 1,7 79,8 20,2 100,0 Quadros superiores da Administração pública, dirigentes e quadros superiores de Empresas Agricultores e Trabalhadores qualificados da agricultura e pescas Operários, artífices e trabalhadores similares Operadores de instalações e máquinas e Trabalhadores montagem Trabalhadores não qualificados Total 100,0 197 Tabela 3 – TESTE DE MANN-WHITNEY Ocorrência de perdas de água nos Sistemas de Distribuição de Água sexo Masculino Feminino Total Mann-Whitney U Wilcoxon W Z Significância Bilateral N 123 67 190 Classificação Média 94,58 97,19 Soma das Classificações 11633,00 6512,00 Ocorrência de perdas de água nos Sistemas de Distribuição de Água 4007,000 11633,000 -,323 ,747 Tabela 4 – Teste de Kruskal-Wallis Ocorrência de perdas de água nos Sistemas de Distribuição de Água Grau de escolaridade: Ensino Básico ( 1º ciclo - 4º ano) Ensino Básico ( 2º ciclo - 5º/6º ano) Ensino Básico ( 3º ciclo - 7º-9º ano) Ensino Secundário Curso Superior Mestrado/Doutoramento Sem escolaridade Total Qui-quadrado gl Sig. 198 Ocorrência de perdas de água nos Sistemas de Distribuição de Água 2,351 6 ,885 N 45 27 31 51 28 3 5 190 Classificação Média 98,93 91,72 91,39 93,09 101,52 127,50 82,20