F I L T R O S DO A M O R
E A CIENCIA
Os Filtros do Amor e a Ciencia
O im pèrio misterioso da beleza
Maravilhas do corpo humano
S im patia e antipatia — Raios N e antropoflux
Como se consegue urna personalidade superior
POR
M a rtin s O liv e ir a
Membro titular da Sociedade Astronómica de Franga
Sòcio honorário do Instituto Cosmobiológico de Viena
Sòcio correspondente da Sociedade
Astrodinámica da Bélgica
Com a colaborado, em Medicina Estética, do
Dr. Francis Morineau
Sòcio perpètuo da Sociedade de Investigares
Científicas de Berlim
Volume
19
2a EDigAO
6.“ Milhar
19 3 6
Psychology Corporation o f London
Delegagao em P o rtu g a l:
Rua Duque de Saldanha,' 625
PORTO
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reservados para todos os países
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d ’adaptation réservés pour tous pays
Copyriht 1936 by
0 primeiro passo nas trern
flene-se ao primeiro biùsofo
q u c sentili a anciedade de
penetrar os mistérios ila
emometria pura
Um passo ñas trevas
O prim eiro passo, trémulo, indeciso,
dado ás apalpadelas no caminho tene­
broso das hipóteses, deve-se ao prim eiro
biósofo que sentiu a anciedade de pene­
trar os mistérios da egometria pura.
M B O R A a psico-fisiologia
seja urna ciencia recente,
assim como a psico-análise,
que tem apenas um escago
meio século de vida, é inegável que os modernos
pensadores, fundando-senos rigorosos princi­
pios de observagao que aquelas ciencias
oferecem á biosofia pura, há muito que
puzeram de parte as velhas teorías da emogáo
que nao podem satisfazer as anciedades dos
investigadores de hoje.
Todos os períodos da Historia, a comegar
U M
P A S S O
Ñ A S
T R E V A S
pelo clássico grego, possuíram grandes teo­
rías emocionáis. Todas elas, porém, gravitavam mais no campo abstracto do que no
terreno concreto da observagáo e da estatística. As concepgóes filosóficas de entao, filhas
do empirismo da época, falhas de teorías
científicas e de exigencias experimentáis, só
servem, hoje, para avaliarmos do valor, em
determinados casos, da introspecgao inteli­
gente — de certos intelectuais de eleigao.
Agora, á fórga da física nos metralhar a
cabega com o magestoso axioma dos efeitos
e das causas, o hom em tornou-se infinita­
mente mais exigente e nao se contenta com
a observagao dos efeitos. Rem ontar as orígens, explicá-las e, se for possível, modificá-las a seu modo e segundo a sua vontade
— eis a ambigao moderna, o desejp supremo
dos investigadores contemporánios.
A ciencia de hoje é bem diferente da
ciencia de o n t e m ! A’ filosofía abstracta dos
nossos avós, sucedeu a filosofía científica e
experimental dos nossos días. Agora exigem-se factos, provas, d e m o n s t r a r e s exemplificativas e claras.
A exigencia irreverente, por vezes até
grosseira, funda-se na verdade, recentemente demonstrada, de que a lógica, a parte
—
8
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÈNCIA
m ais im portante da filosofia clàssica, nem
sempre està de posse da razào e muito menos
das realidades objectivas dos fenómenos que
pretende explicar.
O método experimental
na investigaQáo científica
Desviando a questao da generalidade
filosófica e estudando apenas a parte que
nos interessa, »Os Filtros do Amor e a
Ciencia», somos forgados, também por exi­
gencias experimentáis, a por de lado todas
as concepgòes antigas, que nao correspondem
à moderna ància de saber e muito menos aos
seus métodos de investigagao da Verdade.
Assim, o dr. Amos, com urna sinceridade
que nos faz vergar em respeito, afirma no
último capítulo do seu livro sobre o amor,
«O segrèdo da fascinagào pessoal» (*) :
« E ’ inegável que algumas pessoas exercem
sobre outras um extraordinàrio poder de
sedugao, que nao pode explicar-se pelo que
expozemos nos anteriores capítulos desta
(!) Traduzimos livremente, para maior clareza
do texto.
—
9
—
O
M É T O D O
E X P E R I M E N T A L
obra. Deve haver, de facto, quaisquer forças
ocultas que actuem e que eu desconheço
inteiramente. Mas nao me falem em superstiçôes, porque nao conseguem tirar-me de
dúvidas».
E, mais adeante, o grande psicólogo
alemao, prossegue:
«Deve, pois, existir urna causa secreta
désse influxo maravilhoso, cujos efeitos sao
demasiado eloqüentes para se poderem atri­
buir ao acaso ou a dotes pessoais constatados
pelo sentido da visaos.
Amós, partindo do principio verdadeiro
de que o facto de nós ignorarmos determi­
nadas causas, nao implica a sua nao exis­
tencia e muito menos se os efeitos, obser­
vados com método e com rigor, se mostram
satisfatórios, apresenta-nos a sua admirável
confissáo de ignoráncia — bem digna de um
sábio de tam elevada categoria.
Amós conclue por fazer urna exposiçâo
documentadíssima dos seus estudos, quanto
aos efeitos, que reputa inexplicáveis sem a
intervençâo de um fluido extranho, e por
confessar que ainda nao conseguiu penetrar
as causas, embora comece a fazer délas urna
ideia um pouco vaga, que se clarifica, contudo,.
de momento para momento.
-
10 -
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CtÈNGIV
O dr. Regnault, o conhecido professor
de anatomia e medicina da Escola de Toulon,
popular pelo seu hum or e pelos seus escritos
cheios de sal, afirma em «Arte de fazer-se
amar», que a atracgào individuai se deve
ao magnetismo de cada pessoa — desenvol­
vido por qualquer processo ou naturalmente
forte de nascimento.
E ’ notável o tom sèrio e convincente que
èie dà a esta sua opiniào, quando é certo
que quási tódas as páginas do livro estào
cheias de picadelas de alfinete e de ironias
salpicadas de pimenta. «Venus Mágica»,
depois de dissertar sòbre a dulcissima «Arte
de Amar», de Ovidio, e de nos apresentar
algumas teorías clàssicas sòbre os filtros do
amor e as suas fórmulas empíricas de sedugào
e de encanto, conclue também por atribuir
a atracgào excelsa a um «nào sei què» da
m u lh e r— mas sem nos explicar o m eca­
nismo da exteriorisagào nem expor as bases
da hipotese que diz aceitável e racional.
E assim se passam em revista um sem
número de obras, cujos títulos inspiram in ­
terèsse na especialidade que nos ocupa, m as
que, afinal, nào adiantam mais do que as já
citadas.
Sanders, na «Conquista do Amor», urna
—
(
11
—
O
M É T O D O
E X P E R I M E N T A L
obra documentadíssima e cheia de conhecimentos de psicología experimental, afirma :
«Contra tudo o que parece á maioria das
gentes, as grandes conquistas amorosas nao
se devem a urna sedugao exclusivamente
física, mas sim a urna atracgáo que se pode
classificar, á falta de expressao mais exacta,
de características moráis».
Mas nem todos os psicólogos modernos
se estatelaram contra a barreira diamantina
das causas transcendentes do Amor. Alguns
há que conseguiram ultrapassá-la um tudon a d a ; e é precisamente ésse pequenino
avango que constitue um passo ñas trevas...
Teoría do magnetismo sexual
Os seres que possuem magne­
tismo sexual náo encontram, se­
gundo Ridley, obstáculos que
possam opdr-se á realizando dos
seus desejos.
Ridley, por exemplo, na sua «Ciencia do
Amor» mostra-se um investigador profundo.
O ilustre catedrático, depois de passar em
revista os enigmas que a Historia narra sobre
fenómenos de sedugáo irresistível e de com—
12
-
>
OS
FILTROS
DO AMOR
E
A
CIÉNCIA
pulsar todas as teorías antigas e modernas
que pretendém explicar os {actos expostos
apenas pelas atracgóes puramente físicas^
acaba por se inclinar para a exteriorisagáo
da moiricidade, embora nao nos explique o
seu «modus operandi».
O professor Ridley, baseando-se nos fe­
nóm enos de magnetismo sexual, que observou
cuidadosamente durante grande número de
anos, realisou longas e pacientíssimas expe­
riencias científicas e aproximou, com os seus
esforgos, a neo-psicologia experimental, mais
um passo da verdade.
Os seus estudos sérios, rigorosos, devem-se
quási exclusivamente á observagao dos fa d o s.
Até ai, é muito possível que visse com despreso as autoridades contemporánias que
dedicam tóda a sua vida á in v e s tig a d o das
leis biosóficas, que Encausse, maravilhado,
chegou a classificar de auténtica m agia m o ­
derna. E tam bém possivel que as palavras d e
Le Bon, de quem éle se confessa grande
admirador, tivessem pesado no seu cérebro e
o vergassem ao estudo experimental dos fenó­
menos. De facto, Gustavo Le Bon, com a responsabilidade de todo o seu saber e o peso de
tóda a sua autoridade, exprime-se néstes
term os: « E m q u a n to q u e a magia antiga nao
—
13
—
TEORIA
DO
MAGNETISMO
SEXUAL
contava, como defensores, senao meia dúzia
de iluminados, a magia actual conta entre os
seus investigadores e adeptos, físicos célebres,
fisiologistas ilustres, eminentes filósofos e ver­
d a d e ro s sábios em ciencias naturais».
Realmente, em semelhante companhia,
Ridley tinha motivos de sobra para se rir das
ironías dos p a rv o s — que se supóem no
direito de poder discutir tudo, embora, por
via de regra, nao conhegam profundamente
coisa alguma
Despresando, pois, a opiniao dos superficiais, que quer ataquem, quer defendam,
nao tem o menor valor científico. Ridley
iniciou corajosamente as suas experiencias,
partindo da o b se rv a d o dos factos.
E c ita :
«No decorrer da nossa existencia todos
tivemos ocasiáo de conhecer várias pessoas
que tenham exercido sobre outras urna acgao
extraordinária de dominio, verdadeiramente
avassaladora: Homens que exercem urna
auténtica fascinagao sobre a maioria das
mulheres que estáo em contacto com éles e
mulheres, dotadas de qualidades semelhantes,
que fazem render a seus pés todos os
homens que se lhes aproximem».
E, logo a seguir, co n tin u a :
—
14
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÉ
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
«Estes séres, dotados de qualidades cuja
natureza tem escapado à nossa investigaçâo,
mas cujos efeitos foram sempre de urna
eloquéncia incontroversa, inspiram, muitas
vezes até sem querer, as mais violentas
paixóes.
«De que força misteriosa, prossegue Ridley, dispóem estas pessoas para seduzirem os seus sem elhantes? Que qualidades
possuem?
«O facto nâo pode atribuir-se à sua
beleza, porque raríssimas vezes os triunfa­
dores sao émulos de Adonis ou de Venus.
Também nao pode atribuir-se à frescura da
juventude, visto que tanto hom ens como
mulheres conservam o seu poder de atracçâo
até à idade madura.
«Nâo podem os igualmente atribuir o
fenómeno à riqueza, porque grande número
de hom ens e mulheres que exercem tal influéncia, sao, por vezes, pobres e humildes,
que poderosos invejam e adoram».
E depois, como num gesto decisivo, de
urna convicçâo inabalável:
«E’ preciso atribuir o facto à sua verdadeira causa — ao magnetismo sexual».
Mais adiante, Ridley afirma claramente,
sem rodeios, indo direito ao fim :
-
17
—
2
TEORIA
DO
MAGNETISMO
S-EXUAL
«O homem ou a mulher que possua
d e t e r m i n a d a quantidade de magnetismo
sexual, quer êle seja natural, quer tenha sido
adquirido, nâo encontra obstáculos capazes
de se oporem à realisaçâo dos seus desejos!».
E foram os trabalhos déste cientista,
aliados aos esforços de Swingle, que derramaram um pouco de luz na escuridâo imensa
que separava os enigmáticos efeitos das
causas.
O professor Walde Swingle, que sintetisou
recentemente as suas investigaçôes em «M a­
gnetismo e Amor», chegou precisamente às
mesmas conclusôes a que chegára o seu co­
lega de alem-mar.
Para Swingle, tal quai como para Ridley,
os triunfos da seduçâo, tanto do homem
como da mulher, devem-se ao magnetismo
sexual.
Teoria bacilar
Um sèr, atacado pelo *mi­
cròbio do amor>, sofre, segundo
Fleury, os mais torturantes hor­
rores.
Por outro lado, os investigadores que
tudo atribuem à matèria dos très primeiros
estados, continuam vigilantes e prosseguem
— 18 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
GtÈNGIA
afanosam ente nos seus trabalhos, embora,
até hoje, nào tenham chegado a acórdo.
Como, porém, se trata de hom ens de
ciencia propriamente dignos deste nom e,
seria deslealdade nào citar as suas teses —
de resto apresentadas com a maior bóa-fé e
desejos de atingir a Verdade.
O que é para lamentar é que os doutos
investigadores se ocupem apenas com a
creagào de hipóteses especulativas, sem se
preocuparem com o critèrio experimental,
em bora saibam que é precisamente nèsse
critèrio que assenta tóda a autoridade das
ciencias modernas.
Assim, o Professor M. Fleury, em «Patolo­
gia das emogòes», atribue o amor a um mi­
cròbio — ainda desconhecido da c ièn c ia. . .
Faure diz que o am or produz efeitos semelhantes aos de certos venenos, muito
conhecidos dos antigos, m as nào nos explica
que venenos sao ésses nem nos relata qualquer experiencia que justifique a hipótese
apresentada !
Stendhal, no «Amor», e Doudet, em
«Safo», defendem a teoria de que o am or
se deve a qualquer doenga dos sentidos.
Admitem, portanto, a possibilidade da
—
19
—
T
E
O
R
I
A
B
A
C
I
L
A
R
existencia de um micro-organismo que pro­
voque a «enfermidade».
As hipóteses ap ro x im a m -se.. . E apesar
de nào terem qualquer base experimental,
nào deixam, p o r èsse facto, de terem algum
fundo de verdade.
O am or pode, realmente, em determ i­
nadas circunstancias, apresentar-se-nos com
efeitos curiosos — capazes de salvar ou de
matar, com o a m orfina ou o opio !
A verdade, porém , é que o «veneno»,
em tudo semelhante, de facto, a um pode­
roso estupefaciente, comega p o r causar perturbagoes complicadíssimas e até, p o r vezes,
grande mal estar geral — tanto m oral e in­
telectual, com o puramente físico. Mas o
«enfermo» — di-lo a o b s e r v a g á o — acaba
sem pre p o r habituar se ao «veneno» e, o
que é peor, p o r nào poder viver sem ele!
C ontudo, na realidade, as causas do
fenómeno sao outras. E, o que é mais
curioso, é que urna investigagao conscienciosa e metódica, feita sem peías nem
convencionalismos, coloca-as no quarto es­
tado da matèria, no radiante, com as suas
leis irresistíveis, as suas determ inantes de
absorgào, de subjugagao, de neutralisagáo
e . . . até de «contàgio».
—
20
—
OS
FILTROS
DO
—
AMOR
21
—
B A G I É N C IA
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
CIÉ N CIA
Urna m ulher que, p o r exetnplo, íenha
grande n ú m e r o de adm iradores, v e o s
aum entar constantem ente, e m b o ra nada faga
consciente o u inconscientemente, para o ri­
ginar o fenóm eno «contagioso»
O contrario, que se deve exactamente as
mesmas leis, tam bém é observável dia a
dia. Se urna m ulher, com grande n ú m ero
de adm iradores, com egaa perder alguns, de
um m om ento para o o u tro fica sem u m
único que aplauda a sua o b ra o u elogie a
sua estética — o u tró ra verdadeiram ente seduto ra!
A «vida» e a «morte» das estrélas d o
cinema, para falar só de gente universalm en­
te conhecida, prestam-se á observag&o dos
leigos, que nao disponham , p o r qualqu er
m otivo, de o u tro s meios de investigagao da
verdade.
Teoría da refracgao cósmica
Segando certos autores, o
poder de sedufSo deve-se ás
ondas cosmo-vitais, individuaUsadas pelos seres.
N a o q uerem o s concluir éste capítulo,
sem — ainda p o r lesldade — apresentar outra
—
23
—
TEO RIA
DA
REFRACgÁO
CÓSMICA
teoria moderna, que corita no nú m ero dos
seus, adeptos homens de indiscutível saber.
É a da refracgào, feita consciente ou
inconscientemente pelos seres, das ondas
cósmicas que assimilam ! . . .
Após os trabalhos de Millikan, sintetisados no «Electron», e das experiencias de
Georges Lakhovsky, tornadas públicas no
«Segrédo da Vida» e no «Universo-ion», a
nova hipótese n a s c e u . . . e teve logo co m o
padrinhos hom ens respeitabilíssimos, de
cuja autoridade e boa fé nào é possível
duvidar.
Nós nào duvidam os. Tem os, pelo c o n ­
tràrio, dem onstrado já, p o r mais de urna
vez, o imenso respeito que votam os aos
seus trabalhos e a admiragáo muito sincear
que nos tnerecem os seus esforgos e as
investigagóes constantes a que procedem .
Mas continuam os a lastimar a falta de
método experimental que se nota nos seus
estudos.
Interpretando mal a nossa form a de
julgar a questüo, supondo-nos agressivos e
talvez mal intencionados, afirmaram-nos
recentemente que os seus trabalhos de
investigagào científica vSo, afinal, inveredar
pelo caminho da análise. P ara isso — dizem
—
24
-
OS
FILTROS
DO
AMOR
B
A
CIENCIA
— só esperam os resultados de urnas experiências de captaçâo de fluido cósmico —
a g o ra iniciadas co m éxito.
E, para ilucidarem a exposiçâo, acrescentam :
«Em Palerm o, um estudante napolitano,
M. Natella, conseguiu, p o r meio de um
aparelho de sua invençâo, captar as ondas
cósmicas e tran sform ar a sua energia em
luz, calor e força m otriz.
«Afeiçoado desde tenra idade ao estudo
de pro blem as científicos e m uito especial­
m ente aos que se relacionam com a electricidade (e a po n to da pró p ria familia o c o n ­
siderar meio doido!), Natella gastara o
m elho r déstes últim os qu atro anos, p e n ­
sand o qual seria a maneira fácil d ea p ro v e ita r
as forças cósmicas. E assim lo g ro u construir
um a p a r e l h o , t e n d o com éle, há pouco,
alcançado um éxito positivo, nas experiéncias
que fez em P ositano — terra de urna regiáo,
o nde está cabalm ente d e m o n strad o náo exis­
tir instalaçâo electrica algum a.
« 0 adolescente in v entor,co adjuv ado p o r
um g ru p o de escolhidos colaboradores,
depois de colocar o seu recep to r-tran sfo r­
m a d o r num q uarto , e as antenas respectivas
n o terraço do H otel M argarita, ás nove da
—
25
—
TEO RIA
DA
R E F R A C g iQ
CÓSMICA
noite, conseguili acender duas lam padas
eléctricas vulgares, postas p o r sua vez no
varandim central do edificio.
«Pela primeira vez brilhou, nessa ocasiao,
a luz electrica em Positano. E essa luz era
mais viva e mais clara do que a p roduzida
p o r urna corrente gerada em condigóes
normáis. A multidáo que se apinhava em
frente do hotel, ansiosa de verificar os resul­
tados daquelas experiencias, irro m p eu em
vivas e palmas delirantes, enquanto os sinos
da povoagao repicavam alegremente.
«M. Natella, num dado m om ento, com o
Franklin ao com p ro v a r o seu pára-raios,
foi atingido p o r urna potentissima descarga
electrica. T o m b o u — desmaiado. E só duas
horas depois, e gragas a um médico e aos
seus grandes cuidados, voltou a si.
«Felicitado e n t á o calorosam ente pelas
várias personalidades centíficas, p ro p o s ita mente idas a Positano, para presenciarem as
experiéncias, Natella afirmou que o seu
captor tem as mais práticas, úteis e e c o n ó ­
micas aplicagóes, visto que se p o de, com
ele, obter correntes eléctricas, sem ou tro s
gastos mais do que os indispensáveis para
a manu'.ensao dos aparelhos. A firm ou ainda
que a sua i n v e n g á o p o d e ser utilisada
—
26
-
OS
FILTROS
DB
AMOR
E
A C IÊ N C ÏA
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
tarcbém co m o um seguro meio de locomogao, em com bóios, barcos, automoveis^.
aeroplanos, etc., fazendo-os peco rre r quaisq u e r d i s t a n c i a s , sem precisao da m e n o r
parcela de combustível»
C o m o se vé, m esm o que as experiencias
déem o resultado que se espera, nao será
fácil tra n sp o r o abism o que separa as ondas
físicas ou para-físicas, das ondas psico-fisiológicas e m uito m enos das egométricas.
Mas é preciso que M. Natella, jovem
cientista que lastimam os nao ter a h o n ra de
con hecer pessoalmente, nao seja vitima de
qu alq uer g ra nd e em issor hertziano, que trabalhe, em alta freqüencia, ñas proxim idades
de P o s i t a n o . . . De contrario, o facto das
suas lámpadas se acenderem sem contacto
notável pelos sentidos hum anos, nao signi­
fica gran de coisa nem carece de explicagáo
m uito difícil.
E se assiin suceder, é pena, p o r que
desejavamos ver coberto de gloria um jóvém
inteligente, culto e trab a lh ad o r.
—
29
-
fliaraviinas ila
natura
As leis da Natureza säo iguais
para tuío e para todos, portine
näo existe distincào essenciaí
entre os objectos, as ooisas e
os seres.
Maravilhas da Natura
i4s leis da Natureza süo iguais
para tuao e para todos, porque nüo
existe distingüo essencial entre uní
homem e um sol, um sot e um planeta,
um planeta e um átomo.
5 leis da N atureza s a o
iguais para tudo e para
t o d o s , po rq u e , c o m o
verem os, nao existe diferenga essencial entre um h o ­
m em e um s o l , um sol e um
planeta, um p l a n e t a e u m
átom o.
A p e sa rda aridés transcendente da matéria,
vam os p ro c u ra r ser claros e precisos, para
—
33
—
3
M A R A V I L H A S
DA
N A T U R A
que, sem grandes esforgos intelectuais, possa
nascer no espirito do leitor urna concepgao
exacta da Unidade Universal. Náo serem os
massadores nem recorrerem os a expressóes
matemáticas para interpretar o nosso p e n ­
samento, em b o ra r e c o n h e g a m o s , com
Einsten, que essa seria a form a mais
eloqüente e ao m esm o tem po a mais sinté­
tica de traduzir um traballio semelhante.
C om o, p orém , entendem os q u e é no sso d e ­
v e r — p o rq u e é dever de to d o o vulgarisad o r — descer até as mentalidades mais
rudim entares da cultura geral, vamos empre g ar urna linguagem cha e, p o r vezes,
ilustrá-la, a-pesar-disso, com equiparagóes
metafóricas, a-fim de aum entarm os, ainda
mais, os coeficientes de com preensáo. Mas
serem os breves ñas divagagoes, p ro p o sitad a
mente superficiais, das teorias científicas
que expozerm os e muito mais ligeiros
ainda, quando nos referirmos a conhecim entos básicos, que o p o v o de cultura
mèdia tem obrigagüo de conhecer.
*
E se c o n s e g u ir n o s atingir o s nossos
—
34
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A CIENCIA
objectivos — ser tào eloqíientes ou tao sim ­
ples que todo o m u ndo nos com p re en d a
— dar-m os-em os p o r satisfeitos.
Nao am bicionam os mais nem tem os
o utras preocupagóes.
A dialética dos superficiais ou o parecer
dos ignorantes, q u ed e tudo percebem e so b re
tu d o se manifestam cora prosápias de g ra n ­
des talentos, nao nos interessam nem nos
assustam, p o rq u e as consideram os vas,
extéreis e inúteis. P o d em dizer bem o u mal,
atacar ou defender que, para nos, tem o
m esm o valor — nenhum .
A opiniao dos mtelectuais, dos pen sa­
dores, dos Mestres p rop ria m e n te dignos
déste nom e, ouvi-la-emos, pelo contràrio ,
com o mais p ro fu n d o respeito, p o rq u e
sabem os que é da sua crítica inteligente­
m ente baseada — seja eia trovejante co m o
urna noite de inverno ou tenha a suavidade
encantadora de urna tardinha de sol — que
resulta o m elhoram ento de urna o b ra o u a
iluminagao de um espirito.
O macrocosmus e as suas leis
Reconheceu-se, após longos anos de
estudo e de observagáo demoradíssima,
—
35
—
O
MACROCOSMUS
E
AS
SUAS
L E IS
que o movimento próprio das nebulosas e,
por conseqüéncia, o dos milhares de milhoes
de sois que sulcam os océanos estelares,
provem, etn parte, de um movimento de
translagao dos sistemas solares, que parece
terem um dos focos da sua incalculávef
eclipse de gravitagáo, muito próximo da
constelagáo da Lira. Como, porém, é impossivel, pelo menos na actualidade, o cálculo
de movimentos absolutos, é dificílimo deter­
minar com exactidao, nao só o centro do
infinito (i), mas principalmente os dois focos
da gigantesca elipse de gravitagáo das
estrélas. Contudo, devido aos trabalhos de
Lewis Boss e de W. Campbell, que nos
apresentam express5es matemáticas de grande
aproximagáo entre si, nao pode haver lugar
para dúvidas — pelo menos, nos cérebros dos
astrónomos que tenham seguido a questao.
E o Sol, o nosso astro central, que é
igualmente uma estréla, embora das mais
modestas de céu, nao pode, por obedecer as
mesmas leis que regem as nebulosas, deixar
de se dirigir para o A p e x — um dos focos da.
infinita elipse universal.
(i)
Einsten.
-
36
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
Parece, pois, indiscutível que o Sol, arrastan do o seu cortejo de planetas e respectivos
satélites, se dirige, com urna velocidade que
oscila entre dezasseis e vinte e quatro quiló­
metros por segundo, para um ponto situado
entre a constelagao da Lira e a de Hércules.
Nésse ponto, dificílimo de determinar
com rigor, deve situar-se, portanto, um dos
focos da elipse do seu movimento de trans­
í a l o . Insistimos sóbre a localisagao de um
dos focos da elipse universal, porque nao
querem os que o leitor se esq ueja das leis
que regem o movimento das estrélas, a fim
de, mais tarde, poderem estabelecer co m p a­
r a r e s e aproximar-se da chocante verdade
q ue nós pretendem os demonstrar.
Fica, pois, assente que é indiscutível,
por se achar demonstrado pelas ciencias
astronómicas, que o Sol se desloca, na
áirecQáo de um dos focos da sua elipse, com
a velocidade média de 20 quilómetros por
por segundo. (x). Trabalhos idénticos, igual(!) E preciso nao esquecer que nos referimos a
cálculos recentes, devidos a astrónomos modernos da
categoría de Monck, par exemp'to, que é um dos
sabios que últimamente mais se tém ocupado do
assunto. Os outros, os que primeiro estudaram o
mesmo movimento, atribuiram-lhe uma velocidade
média de 7.624 quilómetros — em igual unidade de
tempo.
—
37
—
O
MACHOCOSMUS
E
AS
SU AS
LEIS*
mente dignos de fé, porque igualmente sao
devidos a autoridades supremas do cálculo,,
dào-nos, em movimento semelhante, as
seguintes velocidades — relativamente a outros mundos :
Alpha (Centauro), 23 quilómetros ; Régulus, 27 ; Sírius, 35 ; Bételgeuse, 35 ; Bèta
(Ursa Maior), 3 8 ; Castor, 4 0; Capela
(Cabra), 47 ; Alpha (Andrómeda). 56; Alpha
(Coróa), 5 8 ; Procyon, 64; 61.a (Cisne), 64;
Pollux, 79; Arcturus, 83; Vega, 85; Alpha
(Ursa Maior), 90; G am m a (Leao), 102; E
(Eridano), 103; Omicron (Eridano), 111... C).
Ficamos por aqui, porque já conseguimos
dar urna ideia, embora pálida, forzosamente
incompleta, necessàriamente superficial, das
leis que regem os sois.
Vejamos agora, também sinteticamente,
i1) Seria conveniente, para bem se compreender
o que pretendemos demonstrar,compulsar as principáis
leis de mecánica celeste ou, pelo menos, recordar as
de Kepler e as de Newton.
—
38
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
como prometemos a principio, as leis que
regem os planetas:
Os planetas, tal qual como os sois, tém
tam bém de percorrer as suas elipses e de
obedecer, pelo menos como a Terra (i), as
leis impostas por um dos focos e ditadas,
como é natural, pela estréla que o ocupa.
O nosso globo, por exemplo, percorre a
sua elipse, em torno do nosso Sol, que ocupa
um dos dois focos, com urna velocidade de
cerca de trinta quilómetros por segundo
(29,616). O que sucede com a Terra, sucede
com os outros planetas, embora em proporgáo
as suas massas e aos eixos das elipses que
tém de percorrer.
Nao fazem excepgáo as leis da natureza
nem mesmo os vagabundos do espago. O
cometa de Halley, para citar só um, percorre
a sua elipse em torno do astro-rei, que igual­
mente ocupa um dos respectivos focos, com
a magestosa velocidade, no periélio, de 393
quilómetros por s e g u n d o !
*
*
*
ll) Há sistemas com vários sois.
—
39
-
O
MACROCOSMUS
E
AS
SUAS
LEXS
Já vimos como os sois, obrigados por
urna força incognoscivel,infinita, relativamente
as nossas possibilidades de «controle», percorrem u r n a elipse indeterminada, c o m
velocidades proporcionáis às suas massas e
às distâncias que os separam do poderoso
foco de atracçâo (i). Vimos igualmente como
o Sol, até aqui encarado como escravo do
Apex, se transforma era poderoso senhor,
obrigando o seu cortejo de escravos a obe­
decer às suas imposiçôes de gigante.
Vejamos agora como o nosso planeta,
relativamente à Lúa, sobe também à catego­
ría de grande centro de atracçâo.
A Terra, à semelhança do Apex, exacta­
m ente como o Sol, também obriga o seu
satélite a percorrer urna elipse, na qual ocupa
um dos focos. A Lúa, tal qual como a Terra
em volta do Sol e o Sol em torno do Apex,
tam bém rebola no espaço, relativamente a
nós, com velocidade respeitável. O seu movimento médio, na elipse que a Terra a
obriga a percorrer, é de cerca de um quiló­
metro por segando ou, mais precisamente,
(i) Em principio, atribuiu-se o facto à fôrça da
matéria, fazendc-o proporcional à massa.
-
40
-
OS
PILTROS
DO
AMOR
iü
CIENCIA
d e 970 metros no apogeu e de 1.080 no
p e r ig e u — quando está mais perto de nós.
E se a Lúa tivesse tam bém um satélite,
um planeta inferior à sua m assa, que girasse
em tòm o do seu centro de g r a v i t a l o , subiría
por sua vez a imperatriz e obrigaria o sub-satélite da Terra a percorrer urna elipse
idèntica à que eia pròpria percorre em volta
do nosso glòbo.
Somos, pois, forjados a concluir, maravilhados, que as leis, no imenso campo macrocòsmico, obedecem à mesma harmonía e
manifestam-se, em todas as direcgòes, com
urna regularidade matemàtica, com urna precisào absoluta — que nos obriga a pasm ar!
Passemos agora a outro cam po e veja­
mos o que sucede no mundo infinitamente
pequeño — no m undo ultra-microscópico.
O microcosmus e as suas leis
Preocupados com o nosso critèrio de ser
breves, de aligeirar a linguagem científica
e até de lhe emprestar urna certa beleza e
suavidade de expressao, nao temos, eremos
nós, massado o leitor com pesadas teorías
nem com longas exposigoes dos esforgos da
ciéncia. Os detalhes técnicos e demorados,
—
41
—
O
MACROCOSMUS
E
AS
SUAS
L E IS
assim como as expressoes rigorosas, por
vezes rebarbativas, dos conhecimentos q u e
apresentamos, nao interessam á nossa tese
— e m u ito menos ao Ieitor, q u e pode, se
quizer, beber em íonte mais própria para se
documentar.
Pensando assim, ao ocuparm o-nos dos
mistérios admiráveis do mundo infinitamente
pequeño, somos forjados a por de parte o
rigor técnico dos Mestres, visto que Millikan,
Stormer, Boutaric, Lespiau, Perrin, W estgren,
Bohr e todos os outros grandes sábios, páis
maravilhosos da nao menos maravilhosa
física moderna, gravitam em táo elevado
cam po do saber humano, que, se quizessemos seguir o seu exemplo, seríamos classificados de agrestes, de rudes e até de incom preensíveis!
Preferimos, portanto, a nossa linguagem
cha e continuamos a abandonar os desnecessários detalhes.
Assim, vamos tratar do m undo ultra-mi­
croscópico, encarando-o sob um aspecto ligeiro — mas d efo rm a a salientar com clareza
a sua grandiosidade infinita.
Em busca do nada
Para principiar, tomemos ao acaso um
corpo sólido qualquer, um p e d a lo de gra­
nito, por exemplo, e partàmo-lo, depois, em
milhares e milhares de bocadinhos.
Repetindo a o p e r a i o diversas vezes,
obteremos, primeiro, pequeníssimos fragmen­
tos, depois, urna areia finissima, quàsi impalpável e, em seguida, urna poeira de gràos
microscópicos — pràticamente inseparàveis.
Cada um dèsses gràos infinitamente pequeños
nào contem, nSo poderà conter mais do que
um unico dos minerais constitutivos do
granito: Feldspath, quartzo ou mica.
Se nós quizéssemos, agora, dividir éstes
pequeníssimos gràos em partículas ainda
mais ténues, os seus com ponentes minerológicos seriam por seu turno dissociados e nào
nos deixariarn, após a delicada operagào,
mais do que compostos químicos elementares,
como moléculas de silicio, de aluminio, de
potàssio, de óxido, de ferro, de m anganez etc.
Mas o resultado seria sempre urna subdivisào, seria sempre alguma coisa e nunca o
nada, que nào existe, que nào pode existir
na natureza. N a d a é apenas um símbolo —
exactamente igual ao tddo\
—
43
—
D E S T R U Í Q Á O
DA
M O L É C U L A
Destru'ígao da molécula
A molécula é o extremo limite da divisao
química. Isto quer dizer que se quebrarmos
urna molécula, nao obteremos, como resul­
tado, senao corpos simples indecomponíveis,
como o maganez, o ferro, o potássio, o alu­
minio, o silicio, o oxigénio, o hidrogénio etc.
Urna molécula é, pois, segundo se deduz
do exposto, um agrupam ento de átomos de
corpos simples: Urna molécula de silicio
contém, por exemplo, um átomo de silicio
e dois de oxigénio.
E achamo-nos, percorrendo a estrada do
n a d a, nura mundo vertiginoso — num mundo
infinitamente pequeño, onde existe, aom esm o
tempo, um mundo infinitamente grande.
De facto, o número de moléculas de um
simples grao de poeira desafia, com a certeza
absoluta de vencer, a i m a g i n a d o hu m ana!
O núm ero de moléculas contidas num
único centímetro cúbico de gaz, matéria
muitíssimo mais rarefeita do que o pó, exprime-se por um 3 seguido de nada menos 19
zeros!
—
44
-
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
CIENCIA
A grandiosidade do infinitamente
pequeño
Para fazermos ideia de tal grandiosidade,
basta dizer que se dividíssemos todas aquelas moléculas em grupos de um milhar cada
um, necessitariamos mil anos, em pregando
noite e dia, para contar éstes grupos, gas­
tando apenas um único segundo para fixar
cada um d é l e s !
E se quizéssemos contar, urna a urna,
todas as moléculas dos grupos, gastaríamos,
á mesma velocidade de um segundo para
cada urna délas, nada menos de um milhao
de anos, trabalhando de noite e de dia!
Após o que acabamos de dizer, basta-nos
acrescentar que há moléculas que contém
oitenta átomos e mais.
Pode calcular-se, agora, a grandiosidade
déste mundo infinitamente pequeño, que é,
quer queiramos, quer nao, um m undo infini­
tam ente g r a n d e !
Após a divisao minerológica do nosso
pedazo de granito, depois da divisao química
dos minerais, em seguida á dissociagáo
extrema dos corpos químicos, vé-se que o
átomo, embora químicamente simples, é,
contudo, físicamente dissociável.
-4 5
-
NAO
SE
TRATA
DE
ÜMA
FANTASIA
Contràriamente à sua etimologia (àtomo
quer dizer indivisivel), èsse infinitamente
pequeño é um composto de partes, um agrupam ento de elementos, urna organisaçâo de
principios, um verdadeiro sistema de fôrças.
De facto, um átomo é constituido por um
«nùcleo» carregado de electricidade positiva,
em torno do qual, em ultra-microscópicas
elipses (i), giram «electròes» — carregados
de electricidade negativa. O sistema completo
é electricamente neutro : A energia positiva
do «nucleo* é equilibrada pela força n e g a ­
tiva dos «electròes* que gravitam à sua volta.
É precisamente esta harmonía, extraordinàriamente maravilhosa, que assegura e assegurarà sempre a estabilidade do «tòdo».
Nao se trata de urna fantasia
O que acabam os de expor nao é o fruto
de urna hipótese; é, pelo contràrio, o resulsultado concreto e indiscutivel de profundissimos estudos.
(!) Note-se a harmonía existente entre as leis que
regem o infinitamente grande e as que se impôem
no infinitamente pequeño.
-
46
—
Nós já nao estamos nos tempos do átomo
teórico dos antigos filósofos, dos químico-feiticeiros dos primitivos sáculos das trevas.
Hoje reina a Luz e é a essa Luz que se «ve»,
que se «apalpa», éssse infinitamente pequeño
— que se constata a realidade incontroversa
do electrao.
E é táo real, táo concreta a sua existencia
qu e os físicos modernos chegam a fotog r a f á - l o .. . !
O electráo deixou, pois, de ser um invisível, um im ponderável elem ento da natureza constitutiva das coisas. É tao real como
o H om em , que o descobriu, e tao grandioso
com o a Natureza, que lhe deu orígem.
A física nao nos explica como nasceu a
primeira coisa, com o se gerou a primeira
célula. Diz-nos apenas que nada há eterno
— que tudo se transforma.
Mas a tra n s f o rm a d o é impossível se nao
houver nada para transformar. Em principio,
temos, pois, de admitir urna matéria-Una,
que se desdobre — que se transforme sob
diversos aspectos, com mais ou menos áto­
mos por molécula, com mais ou menos electróes por átomo.
Essa matéria-Una, ésse im enso Corpo-
-4 7
—
NAO
SE
TRATA
DE
UMA
FANTASIA
-Causal, tem forzosamente de ser eterno —
sem principio nem fim.
É um Absoluto Incognoscivel, a múl­
tiplas dimensoes, para o qual nao existem
nem o tempo nem o espado. N ao está em
parte alguma, embora, p o risso mesmo, esteja
em toda a parte ao mesmo tempo.
M as ésse Incognoscivel é o Deus da teo­
logía, o Eter dos filósofos, a Natura, a imensa
Batería de ondas cósmicas dos físicos?
Cham em -lhe o que quizerem . . . mas nao
tentem definir um absoluto, cuja forma, para
nós, é científicamente incognoscivel.
De facto, podemos nós, habituados a julgar tudo por e q u ip a r a d o , fazer urna ideia,
por pálida que seja, de um Absoluto — do
único absoluto que existe, por que todos os
outros elementos que conhecemos e igno ­
ramos sao relativos do «Todo», do «Eterno»?
Todas as nossas c o m p a r a r e s tém por
base um padrao creado por nós. O «grande»
nao passa de um relativo do «pequeño». O
«pequeño» nao é mais do que um relativo
do «grande»,
E isto, por que, para álém do <grande»
encontrado h o je por nós, aparece am anhá
outro m aior; para álém do «pequeño» de
ontem encontramos um «mais pequeño* hoje.
—
48
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
É tudo relativo, pois. Só um elemento
há absoluto e ésse é eterno — sem principio
nem fim, superior ao tempo e ao espago.
Transmuta<?áo dos metáis
As investigagoes científicas m odernas provam eloqüentemente a veracidade do que
acabamos de expór.
De facto, em pregando os electrSes livres
e os corpúsculos de hélio projectados pelos
corpos radioactivos, isto é, em vias de evanescéncia, pode-se «bombardear» os átomos estáveis esubtraír-lhes ou inutilizar-lhes um ou
mais electroes e até partir-lhes o núcleo,
fragmentando-o em vários nucloides. Para
realizar estas experiéncias, os físicos teem-se
valido quási exclusivamente do rádio, que tem
a propriedade singular de emitir constante­
mente projecteis animados de uma velocidade
vinte mil vezes superior á das balas mais
rápidas da artilharia moderna.
~
Todos os núcleos dos átomos, centros
atractivos (*), estáo mais ou menos carrega(!) É curiosa e digna de atençâo a exacta semiIhança que existe entre os núcleos electrónicos e os
centros de força dos vários sistemas macrocósmiccs.
—
4
49
—
TUA X S M Ü T A Q Á O
DOS
M E T A I S
dos de electricidade positiva. Éles retèm, na
sua esfera de atracgào, um electrào por unidade de carga. Num dado corpo simples,
todos os núcleos atómicos encerram um
mesmo número de unidades de carga. Por
conseqüéncia, èles retèm um núm ero invariável de electróes e é precisamente éste facto
que serve de base fundamental à distingào
dos corpos simples.
Assim, um átomo de hidrogénio nao
possue mais do que um electrào ; um átomo
de hélio, tem dois; um de litio, trés ; um de
aluminio, treze ; um de cobre, vinte e nove ;
um de oiro, setenta e nove ; um de mercùrio,
oitenta, etc.
Por «bom bardeam ento»,os físicos podem,
como já dissemos, subtraír ao cortejo de um
núcleo atómico um ou mais electróes, embora
o átomo incompleto, o «iáo», se complete
logo que recupere o núm ero de electróes
subtraídos.
Isso, porém, nao quer dizer que o homem
nào possa, de momento, converter o m er­
cùrio em oiro, subtraindo um electrào ao
cortejo atómico daquele metal líquido. O
que quer dizer, quando muito, é que o homem
ainda nào sabe, ainda nào conhece bem a
—
50
-
m ecánica electrónica e, por isso, nao pode
conservar, nao lhe é possível tornar estável,
enquanto nao adquirir mais profundos conhecimentos do infinitamente pequeño, o trabalho realisado.
A moderna pedra filosofal
Os primeiros investigadores do átomo
foram os árabes. Éles partiam, para os seus
estudos, de um raciocinio filosófico que hoje
faz pasmar os mais brilhantes ornamentos
das ciencias contemporánias. Já naquéles
tempos primitivos, os investigadores da N a ­
tura acreditavam, embora o nao pudessem
demonstrar, que no Universo só existe — só
é eterna urna «Matéria» única.
O resto, a diversidade imensa de corpos
q u e conhecemos e ignoramos, já nao era,
para éles, mais do que urna diversidade
imensa de aspectos.
Raciocinando de forma semilhante, é
fácil de supór que éles pensassem constan­
temente no deslumbrante problema da trans­
m u t a d o da matéria.
Os principáis herméticos foram Gaber e
Rhozés, árabes. Mais tarde, com a c r e a d o
d e «escolas», surgiram Rogério Bacon, Alberto
—
51
—
A
MODERNA
PEDRA
FILOSOFA L-
o «Grande», Raimundo Lulle, Basilio Valentim, Paracelso e outros. O auge dos alqui­
mistas foi no século XVIII. A <•escola - tinha
entào milhares e milhares de adeptos.
Naqueles tempos ninguém podia passar
por sàbio, sem prèviamente ter dem onstrado
que estudou a «Grande Obra».
Geralmente, supunha-se que a transm u­
t a d o dos metáis só se poderia operar p or
meio de urna substáncia especifica, que os
sábios de entào denom inavam pedra «filo­
sofai» ou simplesmente «pó de projecgào»’
E era precisamente èste pó maravilhoso
que, misturado a qualquer metal em fusào,
o converteria rapidam ente no mais puro e
fino oiro.
Porém, surgiu sempre, corno é naturai,,
a dificuldade de fabricar èste «pó».
Os alquimistas que afirmaram ter descoberto o «modus» de fabricar a misteriosa
substáncia, acrescentando que nào revelariam
o «segrèdo», sào hoje tidos corno charlatàes.
O primeiro passo rigorosamente científico,
dado em busca da extraordinària matèria,
deve-se aos esposos Curie. Até à gloriosa
descoberta do r à d i o . . . só reinava a hipótese
— a treva.
Hoje, em pieno século das ciencias, n ada
—
52
—
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
CIENCIA
há impossível. É tudo questáo de tem po e
d e estudo.
Segundo a teoria actual dos átomos, nós
sabemos que todos os corpos sao compostos
de partículas idénticas, nao diferindo, entre
si, senao por cargas eléctricas, como já
vimos.
As partículas carregadas de electricidade
negativa denominam-se, como já dissemos,
«electroes» e as carregadas de electricidade
positiva— «protóes». Num dado átomo os
«protóes», juntos a um certo número de
«elecíroes», aglomeram-se e íormam um
«núcleo» positivo, em voltas do qual gravitam os «electroes» — como os planetas gravi1am em torno do Sol.
Ora se ao nosso « S i s t e m a S o l a r »
subtraíssemos um planeta, essa subtracgáo
daría forzosamente orígem a p e r t u r b a r e s
no movimento dos planetas restantes e
teríamos de proceder, como se se tratasse de
um sistem a novo para nós, para calcular as
efemérides astronómicas.
Isto é intitu'ítivo — é lógico e compreensível, mesmo para aqueles que nao estáo
íamiliarisados com a mecánica celeste Basta
recordar o que sucedía com as efemérides de
Urano, antes de Le Verrier ter descoberto a
53
-
A
MODERNA
PEDRA
F IL O S O F A L
existencia de Neptuno, para se concluir logo
a exactidào daquela grande verdade.
Pois bem. O que sucede no infinitamente
grande, no macrocosmus, sucede no infinita­
mente pequeño, no microcosmus. A mecánica
celeste nào difere da mecánica atòmica.
Se, por tanto, como já vimos, subtraissemos um electrào a um determinado átomo,
èie, como sucedería ao nosso sistema plane­
tàrio, converter-se-ia num outro corpúsculo
de constitui'gào fisica diversa.
Se o átomo que submetessemos à expe­
riencia tivesse 80 electròes, como o de m er­
cùrio, ficariamos coni um àtomo de 79 elec­
tròes, como o do oiro.
Nào é, pois, urna quimera a produgào
artificial déste metal precioso.
Vem em auxilio do que afirmamos o pe­
dido de patente para o processo de transm utafào do m ercurio em oiro, feito, hà pouco
tempo, pela conhecida empreza alemà «Sie­
mens und Halske Aktiengesellschaft».
Essa patente de invengáo, que se acha
registada sob o n.° 599.762, é expressa nèstes
tèrmos :
«A transmutagào do mercùrio em oiro,,
submetendo o primeiro metal a diferentes
acgòes eléctricas, obtem-se de diversas form asi
—
54
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
1.“ — O mercùrio é submetido a urna
descarga eléctrica, descarga que atravessa
um dieléctrico líquido, por exemplo o óleo
de parafina, ou líquidos nào susceptíveis de
emulsionar-se, como o éter; devem, porém,
preferir-se os halogenados do carbono, como
o tetracloreto de carbono.
2.° — A descarga eléctrica do mercùrio é
ainda exercida provocando urna descarga
discontinua entre um eléctrodo de mercurio
ou contendo mercùrio e um segundo eléc­
trodo. Obtem-se assim, quantidades de oiro
muito mais consideráveis do que com um
arco luminoso uniforme, principalmente se
se dispuzer uma self-indugao no circuito de
descarga e se se em pregar uma freqüéncia
elevada.
3.° — A superficie do mercùrio líquido ou
sólido é submetida a uma corrente de electróes gerada por um cátodo incandescente ;
airradiacào electrónica é feita num espago
de ar rarefeito. Um vàcuo muito elevado é
mantido entre a superficie do mercùrio e o
cátodo, ao passo que uma tensáo elevada é
ligada ao mercùrio e ao cátodo.
4.° — Forma-se igualmente oiro no m er­
cùrio, conduzindo atravez deste urna cor­
rente de intensidade suficiente, por meio de
—
55
—
A
MODERNA
PEDRA
FILOSOFAL
eléctrodos constituidos por corpos passivos
relativamente ao mercùrio. Um a vez sepa­
rado o oiro, o mercurio é submetido a novo
tratamento.
5.° — Provoca-se, finalmente, um a des­
carga eléctrica sem eléctrodos num recipiente
contendo mercùrio.
0 sistema atòmico é semelhante a
um sistema planetàrio
Cada sistema atòmico é a imagem, no
infinitamente pequeño, do que é um sistema
solar - no infinitamente g ra n d e.
O seu nùcleo é um sol, em torno do
qual gravitam os electròes — seus planetas.
O sol hidrogénio nào tem mais do que um
planeta. Há-os, porérn, que teem muitos
mais do que o pròprio astro centrai do nosso
sistema planetàrio. O sol m e r c ù r i o , por
exemplo, tem nada menos de oitenta planetas
em torno de si !
Registamos semelhangas; mas, com o se
deduz fácilmente, entre ambos os sistemas há
tambem suas diferengas.
De facto, a atracgào new toniana que faz
girar os planetas em torno do Sol nào é pre­
cisamente a atracgao electrica que faz girar
-5 6 -
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
os electroes negativos em volta do seu núcleo
positivo. As órbitas dos electroes, contráriamente as dos planetas, entrecortam-se
constantem ente. E ’ outra diferenga— que,
a-pesar-de tudo, nao destroi a lei geral.
Em suma, na Natureza nao existe o grande
nem o pequeño. O que íaz com que os
objectos ou seres nos paregam pequeños ou
grande é apenas o fruto de urna análise por
comparagáo, visto que só por comparagao podem os julgar as coisas que nos cercam.
Tudo sao proporgóes.
Supunham os que o tam anho do único
electrao do hidrogénio é idéntico a um óvo
de p a ta .
Admitindo esta hipótese, a sua distáncia
ao núcleo, amplificada ñas mesmas por porgoes, seria de 1.100 quilómetros!
Se nós fizessemos a órbita déste electrao
igual á que a Terra descreve em torno do
Sol, seria preciso dar á órbita do electrao
um diámetro de mais de 10.000 quilómetros,
comparável com a da Terra, que nao vai além
de 13 mil.
A velocidade de traslagao dos electroes
em volta do seu núcleo é também urna enormidade... astronómica. O electrao único do
hidrogénio faz t a n t a s revolugóes, nutn
— 57 —
C O N C L U S Á O
P A S M O S A
segundo, err. torno do seu núcleo, como faria
urna hélice de aéroplano em cerca de quatro
milhoes de anos!
Enquanto a Terra, na sua revolugao
anual em torno do Sol, percorre cerca de
20 quilómetros por segundo, éste electrao
de hidrogénio percorre quási 3 .0 0 0 no
mesmo espago de tempo!
E éste electrao náo é dos mais rápidos..
Um electrao de uránio, por exemplo, está
anim ado de urna velocidade, na sua ultra-microscópica elipse, de uns 201.164 quiló­
metros por segundo!
O infinitamente pequeño é igual
ao infinitamente grande
Assim, um grao de poeira que nós possamos obter, despedazando um bocado de
granito, é, em realidade, um enorme e ver­
tiginoso universo — contendo milhares e
milhares de «sois», separados por distáncias
comparativamente fantásticas e em volta
dos quais gravitani «planetas» anim ados de
velocidades que desafiam a mais robusta
imaginacáo h um ana.
O que nós cham am os pequenés é imensidade; o que nos parece iinovel é movi-
— 58 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
mento — o que nós supomos vazio, nào encerra o tremendo horror do vàcuo.
Conclusaci pasmosa
E o nosso pròprio corpo, que se compòe
de orgàos, constituidos por células, cons­
tando de glóbulos coloidais, dissolvendo
cristaloides, resume-se, "finalmente, em áto­
m os—im ensam ente mais numerosos que as
gotas de água encerradas por todos os
océanos!
E cada um désses átomos infinitamente
pequeños, é um astro grandioso, circundado
por um cortejo incalculável de m undos —
que percorrem, vergados pela mesma lei»
elipses imensamente pequeninas!
*
*
*
Analisemos agora o homem e o animal
inferior, as plantas adoráveis e os minerais
mais grosseiros, os mil objectos que possuímos e os milhóes de coisas que nào tem o s.
É preciso que saibamos que tudo vibra,
tudo vive urna vida vertiginosa e palpitante
A morte nao existe, porque a morte é o nada
-5 9 —
O O N C L U S A O
P A S M O S A
é o caos, é o vácuo, e a Natureza, nao reconhece, nao pode reconhecer, nem o vácuo,
nem o caos, nem o nada!
Tudo o que conhecemos e ignoramos tem
vida semelhante — na esséncia,
Os próprios cadáveres das plantas e dos
seres apresentam-se-nos com urna vida táo
vertiginosa, como a que possuíam antes da
tra n s f o rm a d o . Há só urna diferenga: A
actividade mudou de «meio» e age de acórdo
com ele. Mas a vida prossegue, prossegue
sempre, embora sob o aspecto diverso que
a tra n s fo rm a d o realisou. A c o n c e p d o do
inanim ado, do repouso absoluto, é pura­
mente simbólica, porque a morte, no sentido
rigoroso do termo, nao existe no Universo.
A rapariga mais formosa, mais requinta­
damente sedutora, pondo de parte as com ­
plexidades orgánicas e a luminosa e v o l u d o
do seu espirito, nao difere, em esséncia, do
humilde verme que tombou na Terra nem
do magestoso sol que gravita, poderoso e
chamejante, nos incomensuráveis esp a to s do
C éu!
— 60 —
seflucao e Encanto
Os centripetos sao amados
cegamente — fazem escra\o s ; os centrífugos, amam
com extremos de loucura —
fazem scnhores absolutos.
Sedugáo e Encanto
Os centrípetos sao amados cegamente
—fazem escravos, verdaderam ente idóla­
tras; os centrífugos, amam com extremos
de loucura — fazem senhores absolutos,
que adoram como deuses.
S centríptos,com oadiante
veremos, sao amados ce­
gam ente -- fazem escrav o s , verdadeiramente
idólatras; os centrífugos,
amam com extremos de
lo u c u ra — fazem sen h o ­
res absolutos, que adoram como deuses.
Esta afirmagao, onde o significado de
am ar se funde com o de urna atracgao ver­
dadeiramente irresistivel, c a r e c e de ser
demonstrada.
Demonstrá-la-emos, n ao só á luz da
— 63 -
O
LIVRE
ARBÍTRIO
E
A
FATA LÍD ADB
observaçâo e da estatística, como convém,
mas ainda à do estudo experimental, como
se torna necessário.
Antes, porém, e para maior clareza da
nossa tése, é preciso analisar até que ponto
o homem é prisioneiro ou livre — se a fatalidade universal o faz vergar às suas leis ou
se êle dispôe do livre arbitrio e pode praticar
como quizer tôdas as suas acçôes.
O livre arbitrio e a fatalidade
Robert Salzmann, ao iniciar o seu livro
sôbre a «Sorte», começa por preguntar aos
seus leitores:
— O que é a «sorte»?
E, logo a seguir, explica-nos:
«Sorte, para osantigos, era urna disposiçâo
do «fado fatal», urna imposiçâo do destino
para a realisaçâo do inevitável. Esta injusti­
ficada crença deu orígem a um sistema
filosófico — o Fatalismo — , que nunca chegou a demonstrar as suas bases de concepçâo».
Salzmann, com a mordaz ironia que póe
em tôdas as suas expressóes sôbre a «irresistível» poténcia do acaso, dá-nos depois várias
noçôes supersticiosas, rebuscadas com p a -
— 64 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
ClílNCIA
cientíssima in v e stig ad o no «folk-lore» dos
primitivos povos da Terra.
Claro que o lado empírico da questao
nao pode, no actual momento, inspirar-nos
qualquer interésse.
Outro tanto, porém, já nao sucede com
o «acaso» de Pascal — o pai da ciencia das
probabilidades, cujo cálculo nos é indispensável íocar, embora em duas linhas apenas.
Mas é preciso assentarmos já, antes mesmo
de esbogarmos o mais ligeiro estudo, que
um milháo de probabilidades nao constitue,
por eloqüentes que sejam, senáo urna apro­
x i m a d o de certeza — que a realidade pode
destruir, mesmo quando nao conhegamos as
causas e nos seja impossível explicar os
imprevistos efeitos. Recordem-se as palavras,
que Napoleáo proferiu momentos antes de
iniciar-se a histórica batalha de «Waterloo:
«De cem probabilidades de triunfo, tenho
ñas minhas maos noventa e nove*.
Contudo, todos souberam depois, todos
o sabem agora, que a única probabilidade
que lhe faltava continha a mais formidável
derrota que os tem pos registaram.
Deduz-se, pois, com que prazer Napoleáo
trocaria as suas noventa e nove probabili­
— 65 —
6
O
LLVRE
ARBITRIO
E
A
FA TA LID ADE
dades pela probabilidade única que ele atri­
buía a Wellington.
Apesar disso, as Ieis de Pascal ficam de
pé — com sólida base científica. O que se
pretende é apenas evitar confusóes com re­
lativos compreensíveis e incompreensíveis
absolutos.
É inegável que se jogarmos ao mesmo
tempo dois dados, é mais difícil, precisamente
por ser menos provável, obtermos o valor de
dois ou de doze, do que qualquer um dos
compreendidos na série.
Para se compreender o exposto, basta veri­
ficar que para se obterem aqueles valores
é indispensável que ambos marquem azes,
no primeiro caso, ou únicamente senas, no
segundo.
1
2
3
4
5
+
+
+
+
+
5 =
4 =
3 =
2 =
1 =
6
6
6
6
6
Ora, para obtermos seis pontos, por
exemplo, dispomos de cinco formas distintas,
- 6 6
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
pois basta que os dados marquem 1 e 5,
2 e 4, 3 e 3, 4 e 2 ou 5 e I, para ganharmos a p a r t i d a . . .
A probabiiidade relativa de um acontecim en to é o cociente que se obtem, dividindo a probabiiidade absoluta do acontecimento pela sòma das probabilidades abso­
lutas dos acontecimentos que se comparam.
Um exem plo: O que é mais provável,
quando se jogam dois dados, obter a som a
de 4 pontos ou a de 7 ?
O número de casos possíveis, quando se
jogam dois dados, é de 36. A sòma de 4
pode resultar de 1 e 3, 2 e 2, 3 e 1 ou sejam tres
formas distintas. A de 7 obtem-se com 1 e 6,
2 e 5, 3 e 4, 4 e 3, 5 e 2, 6 e 1, o que nos
dá seis possibilidades de ganhar.
Respondendo agora à pregunta, é fácil
garantir que é mais provável obter-se a
sòma de 7, visto que há a probabiiidade de
-|- de se obter esta sòma antes que a de 4
coincida:
_6 _
36
2
M as nem tudo, por deficiencia dos nossos
— 67 —
O
LIVRE
ARBITRIO
E
A
FATALIDAD®
sentidos de observaçâo, se pode meter dentro
das fórmulas rígidas do cálculo, pelo menos*,
para que possamos dispór de grandes coefi­
cientes de certeza. Analisemos os movimentos de um dado lançado sôbre urna mesar
Como é natural, o pequenino cubo de marfim, ao chocar com a madeira, move-se, em
virtude da colisao, durante um certo espaço
de tempo. Depois, a seguir ao esgotamento
da força viva que o anima, pára — e fica:
assente num a das suas faces,
Qual?
Supondo o dado perfeitamente hom o génio, éle pode-nos dar, num determinado m o­
mento, partindo do repouso, qualquer dos
números marcados nos seis lados de que o
cubosito se compóe. Qualquer dos casos, par­
tindo do repouso, sao, para nós, igualmente
possíveis, visto ignorarmos as condiçôes di­
versas, de extrema complexidade, de q u e
ésses casos dependem. De facto, quem é
capaz de averiguar com exactidâo a forma
precisa e a elasticidade do dado, o respec­
tivo ponto de aplicaçâo das leis da enércia,
a direcçâo tomada e o ángulo do desvio pro­
veniente do choque, a intensidade da força
que o lançou, a resistência que o ar lhe opóe
e a que o atrito ocasiona?
— 68 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÈNCIA
Se o dado nào partir do repouso, isto é,
-se já se estiver jogando, o caso varia — e
pode oferecer-nos grandes probabilidades, se
o impulso inicial, a resistencia, o atrito e o
choque nào ultrapassar certos limites.
De contràrio, com um só dado, nào hà
cálculo que nos dè probabilidades de ganho
— fora do terreno puramente estatistico, que
fica anulado, como se sabe, se partirmos do
repouso.
Mas bá casos ainda mais vulgares, que
to d o s os dias se apresentam à análise do
observador.
A moeda que cai ao cháo, rola e fica de
p é ; a ponta de cigarro que se atira fora e fica
suspensa em pequeña base ou esbarra com a
cabega de um prego; a bolita branca da roleta,
que depois de varias rotagòes vai precisamente
caír no mesmo número em que anteriormente
caira, sáo exemplos eloqüentes das leis do
acaso, que o homem nao pode cálcular.
Em que posigáo se devem por os dedos
da mào, para que a moeda càia, role e fique
de pé? Que impulso é preciso dar à ponta
d e cigarro, para que eia, desafiando as leis
>da gravidade, se vá equilibrar nuns milímetros
¡de tábua? Poderá repetir-se, à vontade, a
- 69 —
O
L1V11B
ARBÍT1U0
B
A
FATALIDAD®:
queda da bola no mesmo número as vezes
seguidas que nos aprouver?
Nao. Mas só por isto: Porque a complexidade de movimentos é tam anha que o
homem nao pode sintetisa-la para a pór em
equagáo. Se pudesse e fosse possível, obedecendo a fórmulas, realizar os mesmos movi­
mentos, feriamos forzosamente em campo as
mesmas causas e assistiriamos, com absoluta
certeza, ao desenrolar dos mesmos efeitos.
Admitamos, porém, que o poder de obser­
v a d o do homem é divino e que o seu p oder
de análise e de síntese é, por conseqüéncia,
infinito.
Neste caso, o número da «sorte grande»
da lotería seria determinado, pelo cálculo,,
com absoluto rigor.
A probabilidade de u m acontecim ento é
a rela?áo de um n ú m ero de casos favoráveis
para a dos possíveis. Se subdividirm os
os casos favoráveis em vários g ru p o s, a
probabilidade do acontecim ento será equi­
valente á som a das probabilidades totais,
relativamente a cada um désses grupos.
C o m o já vimos na página 67, adicionam-se efectivamente as fracgóes com o
m esm o d enom inador, sum and o o s num e­
radores.
-7 0 —
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
GIÈNGIA
A escolha dos g rupo s é arbitrària, com
a c o n d i l o , é claro, de éles cor.terem tod o s
os casos p o s s i v e i s — mas seni repetir
nenh utn .
Mas a destrinca désses g ru pos, no cál­
culo da lotería, m esm o que dispozessem os
dos sentidos de análise e de síntese que nos
íaltam, é impossível, p o rq u e sáo quási infi­
nitos!
De facto, um acontecim ento co m posto
(as probabilidades dividem-se em simples,
totais e com postas) depende de m últiplos
acontecim entos simples que o acaso deve
p ro d u z ir sucessiva ou simultaneamente.
E a lotería é um «acontecimento» dos
mais com po stos que se conhecem . P ortan to ,
fora do terreno da estatística e da o b s e r­
v a d o , é tolice, p o rq u e é anticientífico, p r o ­
c u rar resolver o problema. M esm o no
cam po estatistico, empírico, apenas defendido
pela experiència, o cálculo das probabilida­
des so causaria desilusoes, p o rq u e para se
determ inar a frequència de n em táo ele­
vado núm ero, seria preciso urna vida!!!
Registamos, portanto, um pequeña incoriveniente: É que o hotnem precisaría de resol­
ver urna equa^ào de tào elevado grau e com
tal número de incógnitas que, se nào fòsse
-
71 -
O
LÌVRE
AKBÍTfUO
E
A
FATA LIDADE
eterno, nào chegaria, sequer, a assimilar o
problema! Se fosse, é possível que a loteria
acabasse e que tóda a gera^ào hum ana tivesse
deixado de existir, quando èie, no firn, se
puzesse a discutir o enunciado !
O facto, embora impossivel, mostra-nos,
contudo, que a sua irrealisa^ào se deve
apenas à deficiencia dos sentidos hum anos
e às condigòes de «meio» em que o homem
existe; nào à fatalidade dos clássicos nem ao
acaso da supersti^ào.
Isto, sob o aspecto físico-matemático puro.
Debaixo do ponto de vista psico-fisico
ou, mais rigorosamente, biosófico, analisemos
outro fenòmeno curioso, que muitos atribuem
ao incognoscivel.
No alto de urna obra trabalham vários
pedreiros. Urna senhora, depois de ter entrado
em cem estabelecimentos, ter feito deitar
abaixo mil prateleiras e comprado metro e
meio de setim, passa sob a mesma casa
onde os pedreiros trabalham. N o mesmo
instante, um homem cai do alto da obra e
mata-a, ficando apenas, pela a t e n u a d o do
choque, ligeiramente ferido.
Seria necessàrio, para basear condigna­
mente o fenòmeno da conjun^ào, determinar
primeiro se a senhora passou qu an d o o
— 72 -
OS F I L T R O S
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
hom em caiu ou se o homem caiu precisamente quando a senhora passou. Mas isso é
longo — e ultrapassa os limites déste livro.
Limitemo-nos, como nos propuzemos, a
separar o livre arbitrio da fatalidade e a
demonstrar que um e outro sào fructos da
nossa imaginagào — imensamente creadora,
extraordinariamente fértil em concepgóes
desta natureza.
*
*
Em primeiro lugar, notemos que o homem
é escravo do «Tempo» e do «Meio». Essa
escravidào dà origem à luta e é precisamente
essa luta que causa as m a n if e s ta r e s da vida.
Mas o homem nao está absolutamente
prèso nem absolutamente livre.
A d e m o n s tra d o do exposto està no facto
de èie ter nascido para caminhar a duas
dimensòes e, após urna luta gigantesca, poder
mover-se agora a très. Claro que as leis da
Natureza continuarli a impor-se e assim,
urna vez ou outra, o homem sobe voluntàriamente e depois de voluntàriamente atravessar, orgulhoso, o espago em tódas as
direczòes> faz uma aterrissagem forgada, su-
— 73 —
O
LIVRE
ARBÌTRIO
E
A
FATALTDADE
perior à sua vontade, e vem estatelar-se
cà em b a i x o . . .
Conclue-se do exposto, que a natureza
consente ao homem um livre arbitrio relativo
— dentro do seu dominio absoluto. Ora, se
o livre arbitrio é relativo, a fatalidade é forçada a ser relativa tam bém ; e um e outra
deixam de existir — no significado abso­
luto, que a filosofia clàssica lhes atribue.
Analisando melhor a questào, chtga-se a
compreender que a desgraça que nos per­
segue ou a dita que nos acalenta dependem
exclusivamente de nós e sâo funçào dos
nossos estados de alma e da nossa fórma de
pensar, de sentir e de agir.
Sob o ponto de vista biosófico, a fatali­
dade, a ventura, o acaso e a sorte, sâo palavras vas, ôcas de sentido, como o fado, o
destino e a desgraça — que nao teem, como
vemos, o significado errado que os povos
lhes atribuein.
«Na Natureza, diz Flammarion, tudo se
pode explicar. Só é preciso... saber».
De facto, as ciencias abstractas ensinam-nos e as concretas demonstram-nos que
nao há efeito sem causa. Por conseqiiéncia,.
está nas nossas máos estudar a fórma de pro­
— 74 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÊNCIA
vocar Unicamente causas, cujos efeitos, m ani­
festados mais tarde, encham a nossa alma de
sol.
U m h o m e m inteligente, que seja ao
mesmo tem po um grande atleta da vontade,
p o d e , com exercícios próprios, chegar a
dom inar o «meio» e a fazer-se um superior.
Zaidisky, em «Neohipnotismo», d epo isd e nos
dizer que «a sociedade exige que o homem
m oderno estude a ciencia da superioridade
e conhega as leis do triunfo», acrescenta:
«Estudando com atengao e cuidado, chega-se fácilmente a compreender a razáo por
que uns sao joguetes da natureza, das mil
influencias que os cercam, enquanto outros,
os atletas da vontade (*), sao os orientadores
dos mundos. A pessoa que sabe triunfar,
triunfa. A que nao aprendeu a triunfar e se en­
trega áquilo que ela julga os caprichos da
«sorte» e do «acaso», vegeta na existencia,
como a planta sem seiva — agoitada pelo
vendaval que passa^.
A seguir, o grande mestre, depois de dissertar sobre as leis que regem os fenómenos
egométricos, afirma-nos categórico:
(!)
Vidé «Pode dominar-se o acaso!».
— 75 —
O
LIVRK
ARBITRIO
E
A
FA TA LID ADE
«Para os homens que dominam o acaso,
o pensamento é lei, o desejo urna ordem , o
gesto uma vitória!»
Laplace, que já em 1780 conhecia pro ­
fundamente o que hoje ainda muitos ignoram, diz:
«O acaso é a soma de todas as nossas
ign oránc ias».
José Agostinho, por detraz do pseudó­
nimo de Víctor de Moigénie, grita-nos, no
seu «Homem em Portugal* :
• O tem que ser é crenga absoluta de
quem nao é capaz de ser alguem!».
Albert d ’Angers, na «Casualidade e suas
relagóes com a mentalidade do homem»,
depois de demonstrar a falta de sentido da
concepgao clássica, acaba por afirmar:
«O «acaso», a «sorte» e a «fatalidade»,
sao palavras cuja significagao só pode satisfazer os ignorantes, que nao querem por
p r e g u i g a o u n á o podem por estupidez
remontar á origem dos factos».
*
*
*
O nosso objectivo, ao iniciar éste curto
estudo das leis de causa e efeito, foi apenas
— 76 —
08
FILTROS
DO
AMOS
E A
CIENCIA
Sedugao e Encanto
Os centros de verdadeira beleza
assemelham-se nos grandes sois do
espado, que impoem o seu im perio
invencivel a todos os planetas que
os circundam.
— 77 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E A CIENCIA
o de fazer com que nao constitúa urna nova
teoria do amor, a juntar as tres que já expozemos, a do «magnetismo sexual», a «bacilare a da «refracgao cósmica» — o acaso ou a
sorte.
E estamos certos de que as pessoas que
seguiram com atengao o ligeiro esbógo que
fizemos sobre a in te rp re ta d o científica do
acaso, nao podem atribuir á «sorte» os seus
triunfos nem á fatalidade as suas derrotas.
Ninguém casa com um principe por ser
afortunado ou com um bandido por ser
infeliz. Há outras razóes mais eloqüentes e
mais exactas, que determinam a uniao dos
seres e das coisas, segundo ambiéncias
criadas pelas próprias coisas ou seres.
Moderna Atracpao Universal
Como lei universal da vida, parece poder
estabelecer-se dos factos, da o b s e r v a d o e da
experiencia, das teorias expostas e dos trabalhos de laboratorio que exporemos a
seguir, que tudo quanto existe, desde o m i­
neral m ais grosseiro ao ser m ais evoluído,
utrai-se, entre si, na razáo directa da sua
beleza egom étrica e na inversa das dificuldades a vencer.
— 79 _
MODERN A
A T R A C g lQ
UNIVERSAL.
O mais belo (*) — que pode nào ser o
mais formoso — atrai tào poderosamente o
menos belo que, se a sòma das dificuldades
nào ultrapassar o coeficiente de atracgào, a
conjungào entre os seres ou coisas torna-se
absolutamente certa.
Quando os coeficientes de subjuga^ào e
de atritos se equilibram, surge entào, se se
trata de animais superiores, o desiquilibrio
nèurico, originando grandes quedas de p o ten ­
cial, do induzido, na direc^ào de um dos
focos da elipse, ocupado pelo indutor; e
como este se acha em repouso, relativamente
àquèle, o induzido raras vezes pode suportar
as exteriorisafòes de energia e, por via de
regra, endoidece. O facto é tanto mais provàvel, quanto menor for a distància entre o
induzido e o indutor, porque, nèste caso, a
queda atinge enormes proporgòes e quàsi a
violencia do jacto!
Se, pelo contràrio, a sòma dos atritos a
vencer ultrapassar muito o coeficiente de se­
d u c o , este enfraquece na razào directa do
tempo e o induzido, vergado por outro indu­
tor que o subjugue, descreve urna nova elipse,
(!) Egosoficamente, percebe-se.
— 80 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
modificando, de acórdo cotn o novo «meio»,
a sua antiga forma de existir (1).
Como procuraremos demonstrar oportu-
(!) Em principio, a nova Atragáo Universal, que
domina os sères e as coisas, desde o infinitamente
pequeño ao incomensuravelmente grande, vai crear
lutas nos espirites snperficiais, refractários à expe­
riencia e ao estudo — precisamente por apontar as
leis de gravitagao da Vida Humana.
Mas o facto nao nos surpreende, porque conilecemos bem a orientado das ciencias contemporáneas
e o pouco que elas se teem dedicado, pelo menos ofi­
cialmente, ao complexo problema da existencia do
homem.
Nenhum investigador da Natura ignora esta grande
verdade. Alexis Carrel, por exemplo, no seu livro
♦L’Homme, cet inconnu», exprime-se nèstes termos,
ao referir-se à o rie n ta lo científica dos físicos no nosso
tempo :
«As ciencias da matèria fizeram extraordinarios
progressos, ao passo que as dos seres vivos perma­
necen!, oficialmente, num estado rudimentar lamenta­
bilissimo. O atraso da biologia é atribuido ás condigSes de existencia dos nossos antepassados, à
complexidade dos fenómenos da vida e à pròpria natureza do nosso espirito, que se compraz ñas construyes
mecánicas e ñas abstracgóes matemáticas.
«As aplicagóes das descobertas científicas moder­
nas transformaram por completo o nosso mundo ma­
terial e mental. Essas transform ares teem sóbre nós
profunda influencia. O seu efeito nefasto provem
— 81 —
6-A
MODERNA.
ATRACQÁO
UNIV ERSA L
namente, parece que a lei que impera no
infinitamente grande, em tudo idéntica á que
se faz sentir no infinitamente pequeño, é a
délas terem sido feitas sem considerado alguma para
cotn o problema do sèr e do destino. Foi a ignorancia
de nós mesmos que deu à mecánica, à física e à quí­
mica o poder de modificar, ao acaso, as antigas formas
da vida.
«O homem deveria ser a medida-padrao de tudo
quanto existe.
«Mas èie, pelo contràrio, é um completo estranho
no mundo que enriqueceu. Nào soube organisar èsse
mundo para si, porque nào conhecia a sua pròpria
natureza. O homem ignora-se. Apenas conhece o
que o cerca!*
A enorme dianteira tomada pelas ciencias das
coisas inanimadas sóbre as dos seres vivos e especial­
mente sobre o homem, é um dos acontecímentos mais
trágicos da historia da humanidade. O «meio» construi­
do pela nossa inteligencia e pelas nossas invengSes nào
se ajustou nem à nossa estatura nem à nossa fórma.
Náo nos serve. Torna-nos desgranados. Néle dege­
neramos moral e mentalmente. Sao precisamente os
grupos e as nagSes em que a civilizado industrial
atingiu o apogeu que nos enfraquecem mais. Sào
aqueles em que o retorno à barbarie é mais rápido ;
porque permanecem indefesos em frente do «meio»
dverso que a ciencia oficial lhes criou. Em semelhante civilizado, que ignora a vida, torna-se impossível a e«istencia humana !
— 82 —
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
mesma que se manifesta na vida consciente
dos sêres e na existencia inconsciente das
coisas.
E notavel a semelhança, quási absoluta,
dos campos: Nao há nenhum sêr, objecto ou
coisa que seja exclusivamente atraído, num a
única direcçâo, por urna única coisa, um
único objecto ou sêr: As atracçôes sâo sempre
múltiplas, embora de intensidades diversas.
O sêr que nos domina, ocupa, enquanto
persistir o seu império sobre nós, um dos
focos da elipse, ao mesmo tempo que todos
o s outros centros de atracçâo se reünem no
outro foco. Déste último pode, em dado m o ­
mento, partir urna força que neutralise ou
faça mesmo desaparecer totalmente a pri meira. Néste caso, as forças menores saltarao
para o foco neutralisado, ficando no diam e­
tralmente oposto apenas o potencial que conseguiu su'ojugar-nos.
O fenómeno tem origem no facto do
induzido se mover constantemente no perí­
metro da elipse.
— 83 —
C
A
U
S
A
Sf-
Causas
nos objectos e nas coisas
Muito antes de se ter destronado o á to m o
e creado, em substituiçâo da sua m agestade,
a teoria electrónica, já os nossos avós conheciam, por experiência própria, a energia que
constantemente irradiam os objectos e as
coisas. O seu conhecimento do quarto estado
da matéria era tâo profundo, que êles chegaram a construir poderosos acum uladores
dessa força, fazendo centralisar potenciali­
dades diversas, tâo fortes como a electricidade e tâo duradoiras como o rádium, em
pequenissimos objectos — destinados às tre­
m endas cerimónias absolutamente esotéricas
de Magia Superior.
Leadbeater, no seu livro «O lado oculto
das coisas», trata magestralmente do assunto,
demonstrando-nos pela observaçâo e pela
experiencia que todos os objectos ou coisas
criam em torno de si campos repulsivos ou
de atracçâo, que podem modificar o «pro­
cessus» de vida nao só de outros objectos o a
coisas, mas até dos próprios séres. O sábio
teósofo conclue por afirmar que certos
— 84 —
so S
FILTROS
DO A M O R
E
A
CIENCIA
acumuladores dessas energías, hoje tâo raros
c o m o as mais raras pedras preciosas, chegam
a afectar o próprio espirito humano, até ao
ponto de criarem ambientes ao homem capazes de lhe proporcionarem os maiores
triunfos ou as quedas mais desastrosas!
Atkinson, ocupando-se do mesmo assunto
em vários livros da sua gigantesca obra (mais
de quarenta volumes!), faz a mesma comparaçâo entre a física clássica e a moderna e
acaba com éste comentário:
«E os antigos conheciam isto!»
É, de facto, surpreendente para quem
estuda, hoje, descobrir que os sábios de um
ontem muito remoto possuiam conhecimentos
q u e as ciéncias contem poráneas aínda nao
dom inam com precisao!
Agora, realmente, ninguém ignora que a
coisa mais simples, um pequenino grao de
areia, por exemplo, é um gigantesco mundo
de vida. Mas o que aínda poucos sabem é
como utilisar essa extraordinária força intra­
atómica e muito menos dirigi-la em deter­
m inada direcçâo! (1).
(!) Afora algumas reservas sóbre o alcance da teoría
de Borh, pode dizer-ss que os slementos p rinordiais
admitidos para a explicado do mundo nao biológico,
— 85 -
C
A
U
S
A
S-
Os antigos chamavam ao que nos desi­
gnam os hoje «acumuladores de energía intra-atómica», poéticamente talismans. Pouca
gente há que, em nossos dias, ligue im por­
tancia a ésses objectos, precisamente por que
éles — os verdadeiros — sao raríssimos e o s
falsos, os veras, em número incalculavel. Crémos até que é quási impossivel a um simples
mortal, seja qual for o pre^o que ofere?a,
obter na época que passa um autentico talism am positivo, por que os únicos objectos^
eram o núcleo positivo do hidrogénio, ou «protáo», e
o «electráo» negativo. A isto se acrescenlou o «quanta»
de luz, ou de energia radiante, que, de acórdo cora as
concepgóes de Planck e de Einstein, deve ser conside­
rada ’ indivisivel. A esta última partícula energética
se dá o nome de «fotáo». Esta hipótese, comprovada
por factos experimentáis, poderia, até certo ponto,,
autoriza-nos a afirmar que a matéria se divide em tres
constituintes prim ordiais:—protáo, electráo negativo
e fotáo. Deu-se, porém, novo passo á frente, com a
aplicagáo da teoria da relatividade, e admitiu-se que
o quanta de rad iad o possúi também uma massa ma­
terial.
Luiz de Broglie adoptou realmente tal ponto de
vista, fm 1924. Cheg‘Ui él« a uma relagáo que expressa
o valor do comprimento de uma cnda «associada» í
uma massa, qu« é dotada de velocidade, cf m aceitagáo
da constante universal de Planck. De acórdo cent
fssa fórmula, o comprimento de uma onda, associada.
— 86 -
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÈNCIA
désse género, que nao se conservam rigoro­
samente ocultos, sao de influencia negativa.
Citaremos um, o de Oscar W ild e, que
todo o mundo culto conhece. Para isso,
dam os a palavra ao ilustre Azorin:
«W ilde era magnífico e explendido; dis­
cípulo de Ruskin, seguía as suas pisadas de
com odidade e de luxo. A sua casa era ao
mesmo tempo, um eden e um museu. Londres
adorava-o. Tinha urna mulher encantadora e
um filh inh oq ueestre m e cia—era o q u e o p o v o
classifica de verdadeiramente ditoso.
a urna massa material, deminúe com o aumento desta e
da sua v locidade. A concepgáo de Broglie nao cor­
responde a nenbum quadro cmipreensivo do ponto
de vista físico, e deve ser aceite apenas pelo que pede
ser expresso por meio de urna simpl-s relagáo mate­
mática. Das ondas associadas de Broglie, Schroedinger
partiu para criar a nova «mecánica ondulatoria», que
fundande-se na analogia entre es factos mecánicos e
os óticos, dà um quadro que inclúe o duplo ponto de
vista corpuscular-ondulatório. A teorio de Schroe­
dinger chega quási aos mesmos resultados formáis da
de Broglie, prescindindo, até ctrto ponto, da teoria
da relatividade de Einstein.
Outros autores, seguindo as pisadas de Millikan
e de Borh, quizeram já dominar a torga intra-atómica
e dirigir, cm determinado sentido, a sua extraordi­
nària potencia ; mas, até hoje, nada de concreto existe
sobre o assunto.
- 87 —
C
A
U
S
A
S
«Paris, tào avaro dos seus e tao cerim o­
nioso na recepgào de estranhos, recebia-o
com franca admiragào e nào dissimulado
prazer.
«Tudo e todos, como se vè, sorriam ao
grande artista saxao.
«Wilde, corno é do dominio público, usava
um anel misterioso, que cham ava a atengào
de todos os seus amigos. Era urna magnifica
joia de oiro corado, onde se via urna formo­
sissima pedra verde.
«Quando um amigo lhe preguntou onde
tinha obtido semelhante maravilha, eie explicou muito triste:
<— «Isto», é o anel da desgrana. Um rajá
da India, a quem os meus compatriotas despojaram e enforcaram, foi o seu primeiro dóno.
Eu herdei-o de um filho déste principe,
assassinado em Londres, que me explicou
na d i s p o s i l o testamentària a meu favor, as
«virtudes» tremendas desta joia.
«E o poeta tirou o anel do dedo e mostrou-o ao seu amigo. A pedra tinha gravado,
de um lado, um carangueijo e, do outro, o
retrato tío rajá.
« — A pessoa que possua éste anel, acrescentou W ilde, há-de ser toda a sua vida
desgranada; e se, corno eu, for ditoso q uando
— 88 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÉNCIA
a receber, há-de, quer queira, quer nao, ser
vítima, depois, das mais crueis fatalidades!
«Para que a tremenda influencia nos ab a n ­
done, nao basta deitar fora o anel ou oferta-lo, em quanto vivemos, a um amigo.
«Também nao nos livramos da desgrana,
se vendermos o anel. O comprador pode partilhar da fatalidade, é certo, mas nós conti­
nuam os a ser alvos do mesmo crudelíssimo
poder! Para que cesse tao fantástica influen­
cia, é indispensável que a joia se «vá e m ­
b ota por si m esm a»— perdendo-a, por exemplo, mas sem nada contribuir para o fad o» .
Ninguem ignora o que depois sucedeu a
Wilde, porque o seu doloroso e trágico des­
tino é tao conhecido com o a sua obra admirável. Alguns anos depois desta singular
entrevista, o poeta voltou a Paris, mas vestindo pobremente, com um fato velho e roto,
e sem uns magros vintens com que pudesse
mitigar a fome que o minava e o frió que
lhe fazia estalar os ossos! O anel do rajá
comegara a sua obra de d e s tr u id o e de
crime!
N ao queremos alongar-nos; mas, como
se pode atribuir ó fenómeno á «coincidéncia»
ou ao «acaso», forzoso se torna destruir essas
hipóteses.
— 89 —
C
A
U
S
A
S
Para isso, bastará demonstrar que, a
a d m i t i r tal opiniao, teremos de admitir
também que o «acaso» e a «coincidéncia»
teem urna elasticidade e urna razáo de existir
bem com parada com facto que a inteligencia
pretende repudiar.
E a demonstragáo, baseada ainda na obser­
v a d o e na estatística, é simples; só carece
de um pouco de análise na investigagao de
factos semelhantes, que se podem contar ás
centenas.
Na « G ioconda», de D ’Annunzio, por
exemplo, também figura um anel terrivelm e n t e m a l é f i c o : « — Piccolo come urna
gem m a, grande como um destino!», afirma
um personagem, ao referir-se á misteriosa
pedra do anel.
Outro anel, nao menos fatal, pertenceu
ao conde Zaborowsky, morto trágicam ente
num desastre de automovel. E a misteriosa
joia, como demonstra a sua historia, causou
fins desastrosos a todos os herdeiros de Zaborowsky — que a foram possuindo á m edida
que os seus maiores iam morrendo!
Haverá alguem que nao tenha lido ou
ouvido falar do trágico diamante, conhecido
universalmente pelo nom e Hope, e que fi­
gura de um modo táo particular na morte de
— 90 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
Vicent Mac Lean, o «menino dos cem milhóes
de dolares», despedaçado pelas rodas de um
automovel?!
Cremos que nao, visto que ele tem já ori­
ginado as mais vivas discussóes, nao já
sobre a sua tremenda influéncia, mas pelo
facto, demonstrado, de ele conservar a mesma
energía maléfica, o seu potencial negativo, há
muitas centenas de anos.
Os jom áis tém-se ocupado largamente
do assunto, em bora sob o aspecto ligeiro,
superficial, que convém aos grandes coti­
dianos.
A verdade, porém, é que éstes acum uladores, que se descarregam com a lentidao
com que o radium se desintegra, chegam a
m anter a sua força destruidora durante um
período de tempo que varia entre oito e dez
mil anos!
Hope, que veio do Oriente para a Europa
em principios do século XVII e já existia
antes da era crista, ainda nao perdeu abso­
lutamente nada da sua tremendíssima acçâo.
Acusam o misterioso diamante de ter cau­
sado à mai do próprio Mac Lean, a sua horrível desgraça, o que nao póde causar-nos
espanto, visto nao haver um único dos seus
possuidores que tivesse acabado bem.
— 91 —
C
A
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S
A
S
Maria Antonieta, urna das suas possuidoras, morreu no cadafalso.
Urna formosa atriz francesa, que o levou
emprestado, um único dia, a urna festa, mor­
reu pouco d e p o is — assassinada!
A favorita de Abdul-Hamid morreu à
punhalada e o pròprio Abdul-Hamid perdeu
o trono pouco depois de ter adquirido a
misteriosa joia, acabando, como todos os
outros, por ter um firn tremendo e desastroso.
Q uanto ao pai de Mac Lean, que comprou
o grande diamante por cincoenta e duas mil
libras esterlinas, pondo como condigào só
pagar a importància, passados seis mèses, a
ver se durante èsse periodo de tempo lhe
sucedia, de facto, «alguma coisa de notável»,
toda a gente sabe o que se passou...
Um outro caso, o último que citaremos,
porque näo podemos dispör de espago, é
o do célebre colar de Luis XVI.
Em 1906, um rico negociante de S. Petersburgo, M. Andreef, adquiriu, num leiläo, um
formoso colar, que depois se identificou e
veio a averiguar-se ser o mesmo que o infor­
tunado monarca havia m andado fazer.
Andreef, ao conhecer a iden tificado , estremeceu, mas jà era t a r d e . . .
Os sobreviventes da familia real, com a
— 92 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E A CIENCIA
R e v o l u t o Francesa, f o r a r a disseminados
pouco e pouco. Um dèles, fugindo à perse­
g u i l o dos terroristas, refugiou-se em Bruxelas e ali, sentindo necessidades imperiosas,,
desfez-se do colar, morrendo desastrosamente
logo a seguir à transacgào!
Os vários donos que depois teve o mis­
terioso colar, sofreram todos a sua tremendis­
sima iniluència malèfica. Um principe russo,
que se havia apaixonado loucamente por
Trukky, adquiriu a maldita joia e ofereceu-a
à deliciosa bailarina.
Pouco tem po volvido, o principe foi
trucidado por um combóio. Q uanto à gentil
Trukky, a sua fama foi tào grande, que a sua
biografia é conhecidíssima. Desde que se fez
dona do colar pouco mais brilhou, acabando,
dentro de meia duzia de mèses, com urna
doenga horrivel -- e coberta de misèria!
O colar foi entào adquirido pelo conhecido antiquàrio e coleccionador de objectos
históricos, W. Linievitch, que pouco durou
também, pois faleceu repentinamente, em
piena rua, mèses depois de ter feito a compra
da joia! Dos seus herdeiros, as noticias que
chegaram até nós, nào sào mais alentadoras^
visto que todos morreram na maior desgraga
— 93 —
C
A
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S
A
S
e depois de terem provado o tremendo fel
da miséria!
Se nao nos faltasse o espaço, poderíamos
apontar fad o s extraordinários, nao só de
acumuladores negativos, como os que expozemos, mas de centros positivos de energía,
que proporcionan] a quem os possue verda­
d e r a s ambiéncias de ventura.
Há acumuladores que atraem o amôr e a
felicidade, como os há que só atraem o odio,
a desgraça e a miséria!
Estes podem vender-se; aqueles é impossível, porque os conservam rigorosamente
ocultos e os seus possuidores nao os cedem
nem inesmo por quantias fabulosas — d e q u e
afinal nao precisara — por que sao indivi­
duáis ou fazem parte de heranças esotéricas,
que é criminoso revelar.
*
O que pretendemos, ao fazer esta pequeníssima digressáo histórica, nâo foi entrar na
técnica intrínseca déstes invulgares acum ula­
dores de forças, mas simplesmente dem ons­
trar, como já fizemos ao tratar do infinita­
mente pequeño, que na Natureza tudo vibra
— 94 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CtBSC I A
segundo a mesma lei cosmo-vital, desde a
mais gigantesca nebulosa ao mais humilde
^ r â o de areia. E, se êsse grâo de areia for
acumulado com outras energías, positivas ou
negativas, obteremos, como se deduz fácil­
mente, um creador de ambiéncias extraordinárias, que tanto facilita (segundo a influencia
acum ulada) o sol como a treva; o mau,
abjecto e vil como o Belo, o Bom e o
Excelso.
Mas estas mesmas energías (nao esque­
j a m o s isto!) manifestam-se, embora em quantidades infinitesimais, em tudo quanto existe
na Natura — porque tudo o que vive, vibra e
tudo o que vibra, influe.
Os acumuladores s a o a p e n a s centros
dessas várias forças infinitesimais que vogam
irrantes no «meio». Se nâo canalisassem para
éles essas energías, ésses focos divinos ou
tremendos, nâo poderiam existir.
Causas
nos séres humanos
Com o fim exclusivo de nos fazermos
perceber e nâo com quaisquer intuitos de
aparentar erudiçâo — expediente de que n âo
— 95 —
C
A
U
S
A
S
.
carecemos e processo que sinceramente detes­
t a m o s — vamos divagar um penco sobre as
mais modernas teorias da concepçâo do tem po
e do espaço:
Comecemos por notar que, rigorosamente,
as dimensôes nâo sâo a com paraçâo do
espaço com determinadas linhas ou ángulos,
mas sim o resultado da apreciaçâo hum ana
e das formas de medir o espaço — distintas
urnas das outras.
Assim, tudo quanto se medir de forma
diversa da primeira, tem forçosamente que
gerar um ángulo recto entre a primeira e a
segunda. Ora se o tempo possúe extensao»
somos levados a concluir, com o creador da
relatividade restrita (!), que éle nos fornece
uma quarta dimensao, visto que podem os
medir o tempo sem nos movermos em
n enhum a das très dimensôes já conhecidas
— o que equivale a dizer que os habitantes
de um espaço a quatro dimensôes podem
observar, em dado momento, o nosso m undo,
a très, gravitar em torno do seu foco em
determinada elipse, mais ou menos alongada*
(!)
«Teorias de Campo», de Einslen.
— 96 —
OS
FILTROS
DO AMO K
E
A
CIENCIA
Para tais habitantes, capazes de perceber
a extensao do tempo e do espaço, nâo haveria passado nem futuro, porque anaiisariam
tudo sintetisado no presente, visto que obser­
vando as partículas do nosso mundo tridi-
A quarta dimensáo
Os habitantes de um mundo a
quatro dimensóes conhecem o pas­
sado, o presente e o futuro do nosso
mundo tridim ensional.. .
mensional, como um todo seccionado, concluiriam que o único campo que se move no
espaço é o de très dimensóes e portanto,
para éles, o m om ento presente!
Esta concepçâo das teorías de campo,
levou Hiton a afirmar que o passado e o
-9 7 -
7
C
A
U
S
A
S
futuro coexistem e que, se nos é possível
experimentar a m udanza ou tra n s i d o , o
facto é apenas devido a um movimento rela­
tivo entre a extensao do tem po e o pequeníssimo espago de um só instante, incalculavel, quási sem dimensSo, que é o presente (>).
Dar urna idea exacta do espago a quatro
dimensóes, de forma que ela possa ser assimilada com clareza e precisao pelos habi­
tantes de um m undo tridimensional, é tarefa
dificílima, quási impossível — fora do cam po
rebarbativo das matemáticas puras.
Apesar disso, vamos tentar... valendo-nos
de urna linguagem nova e de urna c o n c e p t o
inédita.
N inguem ignora que a geometría c h a­
m ada de Euclides se baseia nos axiomas
déste grande geómetra sobre as linhas p a ra ­
lelas. Tam bém ninguém desconhece que
Gauss pretendeu crear urna geometría nova,
admitindo um espago de mais dimensóes do
que as tres já conhecidas... mas a linha recta,
naquéles tempos, era urna concepgao indiscu(i) A extensao do presente é inversamente p ro ­
porcional a evoluQlo do ser que o observa, isto é,
tanto menor quanto maior for a evolugáo do obser­
vador.
— 98 —
•OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
íivel. Nos tem pos de Gauss ninguem ousaria
afirmar, sem ser coberto de ridículo, que um
íá i o de luz é urna curva, porque a atracgáo
universal, de Newton, admitia grandes excepgoes no seu mundo tridimensional! Contudo, Riemann em 1854 e Helmoltz em 1856,
interpretando as teorías revolucionárias de
Bolyai e de Lobatschewsky, dois m atem áti­
cos de invulgaríssimo talento, mostraram-se
corajosos e afirmaram pela vez primeira que
a linha recta é um m i to !
Em meados do século findo, ignorando-se
como se ignoravam as modernas teorías da
luz, a afirmagáo dos dois geómetras, destruindo a nogao clássica do infinito, causou,
como era natural, um auténtico escandalo!
Mas nao se julgue que os matemáticos
«m udeceram e que as honras das teorías de
c a m p o se devem exclusivamente á tese formidavel de Einsten.
Spotiswood, muito antes do eminente
cientista alemao, manteve a existencia, nao
só do espago a quatro dimensóes, mas de n
d i m e n s ó e s , como pretendeu demonstrar.
Hugo, seu contemporáneo, foi muito mais
lon ge... e concebau o espago de dimensóes
fraccionadas!
Stallo afirma a éste respeito, em «Maté-
- 99 —
C
A
U
S
A
S
?
riae Física M oderna» (!884), o s e g u i n t e í 1) :
«O nosso espaço ordinario, o euclideo, a
très dimensôes nâo é mais nem m enos do
que urna forma possivel de espaço, cuja preeminência sôbre as outras formas nao pode
sustentar-se senáo por motivos empíricos; e,
segundo os dogm as lógicos e psicológicos
da escola sensualista, é devido apenas a uma
associaçâo acidental de noçôes, que poderiam ser dissociadas. A julgar pelos trabalhos
de geómetras ilustres, tem até de admitir-se
que a dissociaçâo já se efectuou, posto que se
descobriram novas dim ensôes do espaço,
baseadas num a consequéncia necessària d e
certos factos postos em relevo pela experiência e que nos é impossível explicar de
outra maneira».
E Stallo, para salientar bem as dificuldades com que se luta para dar uma idea,por pálida que seja, das dimensôes que nâo
estamos habituados a perceber, conclue:
«Como havemos de compreender a quarta
dimensâo, se mal concebemos a terceira?l
(!) Como é nosso hábito (já prevenimos o leitor),
fazemos traducá o livre dos textos, procurando tornar
as teses mais compreensíveis e substitiundo por ter­
minología cha as expressOes matemáticas.
— 100 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A CIENCIA
Esta dimensâo do espaço nâo a percebemos
directam ente; inferímo-la apenas dos tactos
familiares da experiéncia visual e tactil. Para
a explicaçâo dêstes fenómenos, a terceira
dimensâo torna-se, como se deduz fácilmente,
urna hipótese absolutamente indispensável».
Mais adiante Stallo, que escreve, como
já dissemos, era 1884, inostra-se v e r d a d e r a ­
mente extraordinário:
«O espaço verdadeiro tem, p o r conseqüéncia, nâo très dimensóes, mas quatro,
cinco ou ainda muitas mais.
«O espaço em que nos movemos pode
ser nâo só homoloide ou plano, mas inhom oloide: curvo, esférico ou pseudo esférico,
de onde se concilie que toda a linha consi­
derada até aqui como urna recta, pode,
suficientemente prolongada, constituir urna
curva. Assim, o universo, embora ilimitado,
poderia ser (e certamente é), nâo infinito,
com o se supunha, mas finito, como parece
deduzir-se das dimensóes por ora mal defi­
nidas do espaço. Realmente, se se admite o
caracter pseudo esférico do espaço, pode
traçar-se, pelo mesmo ponto, um feixe de
linhas «7 m ais curtas possivel, rigorosamente
paralelas, pelo menos na aparência, a um
outro feixe de linhas, também o m ais cartas
— 101 —
C
A
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S
A
S
possivel, no sentido euclídio do termo —
que nao se encontrem nunca, seja qual for a
distáncia do seu prolongamento.
« O grau da curvatura do espago, assirn
como o número das suas dimensoes, podenr
ser (e sao provavelmente), diferentes ñas
várias regióes do mesmo. É de crér que a
nossa experiencia do espago tridimensional;
que habitamos, nao nos permita inferir n ad a
legítimamente quanto á curvatura e ás dim en­
soes de outras regioes do espago — incom ensuravelmente grande ou incomensuravelmente
pequeño.
«Mais pode deduzir-se: Que num a regiao
qualquer, a curvatura do espago e o núm ero
das suas dimensSes podem estar (estao, certamente) era vias de sofrer urna evolugáogradual».
Stallo, néste último período, ultrapassa
a invulgaridade que sinceramente lhe atri­
buimos, p a r a se tornar v e rd a d e ra m e n te
assombroso!
É possivel que o grande geómetra, depois
de 1er Kant, Schopenhauer e Helmoltz, ten ha
querido averiguar se, de facto, a aplicagáodas leis de causalidade, como fungao d o
entendim ento, é feita pelo hom em á p r io r i^
Néste caso, é forgoso admitir que o seu
- 102 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÉNCIA
raciocinio matemático o libertou por com ­
pleto do « m eio » !
Realmente, se pensarmos um pouco, chegam os a concluir coisas fantásticas — bem
distantes da nossa época. Os sentidos transmitem ao cérebro todas as impressoes que
recebem e que depois constituem, para nós,
um a verdade incontroversa, ernbora a sua
esfera de acgao esteja limitada a duas dimensóes, visto que éles actuam, nao dentro de
nós, mas na superficie do corpo.
Possuimos a nogáo de um mundo tri­
dimensional, mas n3o podemos esquecer-nos
de que essa nogáo nos é dada em conseqüéncia de um «processus» intelectual.
Com o foi que a inteligencia se apoderou
désse conhecim ento?
Joh ann Zollner, em «Física Transcen­
dente», apresenta-nos um raciocinio curioso:
«Se uma creanga contempla uma das suas
máos, adquire, de uma forma dupla, a consciéncia de que existe: pela sua tangibilidade
e pela impressao da sua retina. Tacteando e
apalpando, a créanla chega a conhecer, por
experiéncia, que a sua m3o conserva a mesma
forma e a mesma extensao ñas diferentes
posigóes em que a observe, em bora a forma
e extensao retiniana varié constantemente,
— 103 —
G
A
U
S
A
S
segundo as diferentes posigoes e distancias
da mao, relativamente ao ólho observador».
Como explicar o facto, aparentemente
contraditório, da invariabilidade do objecto
e da variabilidade do seu aspecto?
C om o? Admitindo a hipótese do espago
a tres dimensóes, no qual, em virtude das
mudangas de perspectiva, estas variagóes de
projecgáo podem nao ser incompatíveis com
a conservagao íntegra da forma.
É preciso nao esquecer que as figuras
planas podem, em determinadas circunstáncias, dar-nos, intelectualmente, a terceira di­
mensao. O clássico esteoroscópio e o m oderno
anaglife sao exemplos eloqüentes de que a
terceira dim ensao nasce curiosamente no
cérebro, q uando os olhos fixam, ao mesmo
tem po, dois quadros exactamente iguais,
em bora de ángulos ligeiramente diversos (i).
Néste caso, só o sentido táctil nos pode
tirar de dúvidas.
Conclúe-se, pois, que as nogoes que possuimos da terceira dimensao, se lhes tirarmos
a experiencia do «meio>, ficam reduzidas a
urna necessidade intelectual — que as leis de
(i) Vidé «Ótica Fisiológica», primeiro volume da
«O Mundo Científico».
— 104-
c a u s a l i d a d e impóem indiscutivelmente á
nossa crítica dos tactos!
Ora, para termos experiencia da quarta
dimensao, carecemos de um outro sentido,
que nos permita analisar o «meio» sob um
aspecto diferente. Se, porém, nos conten­
íanno s com a nogao intelectual, como suce­
dería com a terceira, se nao conhecessemos
o tacto, podemos elevar a nossa concepgao
do espago até ao ponto de concebermos, com
relativa facilidade, a existencia da quarta.
Tentemos...
Urna corda, A B ( i \ g . 1), se estiverbem esticada, dá-nos a nogao do espago a urna única
dimensao. S e a dobrarmos sóbre si mesma
B
Fis. x
(fig. 2), de forma que, durante a acçâo, as
suas partes se conservam no mesmo piano,
obteremos um desenvolvimento de espaço a
duas dimensôes.
C
A
U
u
S
A
S!
N
Fie. 2
Admitindo que a nossa corda é infinita­
m ente delgada, o que até agora praticamossó nos indentifícou com as duas primeiras
dimensóes. Procuremos, de novo, pór a corda
n a m esma posigáo anterior (fig. 1), de forma
que ela volte a ocupar urna única dimensao.
P ara c o n s e g u im o s isso, teremos, como se vS
— 106 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
B
A
CIENCIA
na fig. 2, de fazer descrever ao extrèmo A,
percorrendo A', um ángulo de trezentos e
sessenta graus. Só assim, conseguiremos des-
N
Fig. 3
fazer N — solvo se conhecertnos m ais de duas
dimensòes, como demonstraremos a seguir.
De facto, se num mundo a duas dim ensòes
— 107 —
C
A
U
S
A
S
houvesse um habitante capaz de executar,
nesta corda, operaçôes unicamente possiveis
nura espaço a très dimensôes, èsse ènte in-
N
---------
■
^8
N
Fig. 4
vulgar poderia desfazer N, dando apenas
meia volta ao anel aspirai do centro (fig. 3).
Praticando a mesma o p e r a d o , mas de
m odo inverso, o mesmo sér, que os habi­
— 108 —
08
FILTROS
DO
AMOR
E A CIENCIA
tantes de um mundo a duas dimensoes
classificariam de sobrenatural, poderia voltar
a fazer N, sem tocar para nada nos extremos
A e B.
Aplicando agora, por analogía, a mesma
c o n s id e r a d o a um nó tridimensional (fig.4),
constataremos que fazer e desfazer N depende
de operagóes, durante as quais, as partes da
corda descrevam urna linha de dupla curva­
tura.
Nós, seres com p'ercepgóes tridimensionais, só podemos atar ou desatar um nó a
tres dimensoes, fazendo mover urna das extre­
midades da corda, atravez de trezentos e
sessenta graus, num plano que se ache incli­
nado para aquéle que contem a parte das
duas dimensoes de N.
Ora, se no nosso «meio» tridimensional
existissem seres capazes de produzir nesta
corda movimentos a quatro dimensoes, ésses
seres, que nós classificariamos de sobrehu­
manos, poderiam fazer e desfazer o nó, sem
tocarem ñas extremidades da corda.
O facto nao deve surpreender-nos. Lembremo-nos de que os habitantes de um m undo
bidimensional nos podem cham ar sobrenaturais!
O que é difícil é que as circunstáncias de
— 109 -
C
A
U
S
A
S
«meio» nos favoreçam até ao ponto de nos
iornecerem essa noçào. Difícil; nâo impossivel. Muitos sao já os sábios que alcançaram essa vitória no campo experimental.
Zöllner, que estudou profundamente o
assunto, exprime-se nêstes termos:
«Todo o ser inteligente que saiba produzir num a corda movimentos a quatro di­
mensöes, é capaz, sem tocar ñas extremidades,
que podem estar lacradas ou ligadas entre
si, de fazer ou desfazer nos da terceira dimensao«.
E, logo a seguir, afirma :
«Esta experiéncia nao é impossível: Eu
próprio a levei acabo, com o auxilio de
Slade».
A quarta dimensâo converte-se assim, para
nós, num a realidade objectiva.
E que pode concluir-se de tudo isto? Que
a lei universal continúa invariável — que um
m undo a très dimensöes gravita era torno de
um de quatro, que um de quatro gira em
volta de um de cinco, que a elipse percorrida por um de cinco tem num dos focos um
m undo de seis dimensöes. E assim ... até ao
clássico oito atravessado!
Compreende-se tam bém que um mundo
superior conhece toda a historia, passada,
—
110
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
presente e futura de todos os outros mundos
que Ihe sejam inferiores, precisamente por
que todos éles se movem em torno do seu
foco de atracgao — relativamente a éles, estacionárío no espago.
E após esta conclusáo de harmonía com
a moderna Atracgao Universal — o que buscávam os — podemos proseguir.
Antes, porém, vejamos o que é a vida
hum ana e toquem os ligeiramente no seu maravilhoso segrédo de ser.
O que é a vida humana
A semelhanga que existe entre o anim ado
e o inanim ado é, como se constata, flagrantíssima. Contudo, nao devemos surpreender-nos com esta extraordinária analogia,
porque o corpo hum ano nao passa de urna
m áquina — de urna maravilhosa m áquina,
sujeita, como todas as outras, á acgáo do
tem po e do meio.
Ora o «tempo» e o «meio» sao os eternos,
quási absolutos e indistrutíveis agentes que
hao de subjugar constantemente e aniquilar,
por fim, todos os mecanismos, incluindo os
mais poderosos e complexos — incluindo o
próprio homem.
— 111 —
O
QUE
É
A
VI DA
H U M A N A
A vida é, pois, a conseqiiència naturai de
urna luta constante do organism o contra as
causas interiores e exteriores da morte,
A fisiologia nào é ainda muito clara na
e x p lic a d o de tal fenòmeno. O que nos diz
com absoluta seguranza, com indiscutível
fundam ento científico é que o dirigente dessa
luta titànica, o com andante em chefe dèsses
guerreiros extraordináriamente maravilhosos,
é o nosso sistema nervoso que, por meio d o s
seus diversos centros, orienta o combate per­
m anente contra os invasores da existencia.
Q uando o nosso sistema nervoso, no con­
junto dos seus elementos, atúa mal sobre
algum ou alguns dos seus diferentes centros,
os ((invasores» triunfam nessa parte do cam po
em luta e nós sofremos as conseqüencias d a
invasao, por que eia pode originar urna tre­
mendissima enfermidade. Se o nosso sistema
nervoso perde o seu impèrio, nao sóbre
algum ou alguns, mas sóbre todos os seus
centros, a «invasao» é simultánea e, em con­
seqiiència dela, surge ¡mediatamente a morte.
O sistema nervoso tem, pois, a seu car­
go a defesa da integridade orgànica e do
equilibrio funcional de todo o nosso org a­
n ism o.
Se tal equilibrio deixa de existir e
— 112 —
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
CIÈNCJA
sobrevertí a enfermidade é porque o sistema
nervoso fraquejou — perdeu o seu impèrio em
algum campo em luta.
Éste conhecsmento psico-fisiològico era
já muito discutido pelos nossos avós, embora
um pouco empiricamente, o que originava
falsas i n t e r p r e t a r e s e, portanto, constantes
desinteligèncias entre os sábios da épocá.
A cham ada bruxaria científica dos povos
primitivos, assim como o ocultismo dos
egipcios, dos indús, dos ragi-yoghi, etc., fundavam-se no sistema nervoso, porque os seus
cultivadores conheciam, embora muito imperfeitamente, o seu extraordinàrio impèrio
sobre todo o organismo humano.
Estes conhecimentos empíricos foram,
nao obstante a sua enorme antiguidade,
sempre conservados secretos pelos seus
iniciados — que até conheciam as fungóes do
bago e a «modus» como èie fabrica glóbulos
brancos e dissolve os hemátitas envelhecidos
e inúteis ! (J).
Ai pelos fins do século XVIII foi quando
se tornaram públicos, pela vez primeira, certos conhecimentos, que se atribuem, cotn
(i) «Mundo Científico», 2.° voi., pág. 67 e seguintes.
— 113 —
8
O
QUE
É
A
VI DA
H U M A N A
verdade ou com mentira, a urna imperdoável
indescrigáo de um dos discípulos de Paracelso.
Valendo-se dessa revelagáo maravilhosa,
um médico a l e m a o , Frederico Antonio
Mesmer (1733-1815), inaugurou, em París,
urna terapéutica nova, a que deu o nom e de
»magnetismo animal» — hoje conhecida por
«mesmerismo» e largamente estudada, em
inicio, pelo grande filósofo francés Ernesto
Bérsot (1816-1880) no seu interessantíssimo
livro «Mesmer e o seu M agnetismo Animal».
A sala de experiencias de Mesmer, d en o­
m inada «sala das convulsoes», estava sempre
cheia de enfermos dos mais ilustres da Franga,
o que originou um grande ruido em todos
os povos civilisados do mundo.
C om o nao se falava em outra coisa, os
sábios da época viram-se forgados a intervir
no assunto e, em 1784, a Academia de
Ciencias de Paris, que já tinha nom eado urna
comissáo de m é d i c o s para analisar d e
perto o discutidíssimo sistema terapéutico,
publicou informes contrários as afirmagóes
do arrojado clínico alemao.
Em 1793, Berna, um discípulo de Mesmer,
conseguiu que uma segunda comissáo de
académicos analisasse de novo os fenó­
— 114 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
m enos do Magnetismo, o que fez com que
a discussào se tornasse tào viva e o interèsse
aumentasse de tal forma de ano para ano,
que a Academia se viu forjada em 1840, a
ts m a r urna nova resolugào e fazer afirmagòes
definitivas sóbre o caso. Fez portanto, pubicar a sua douta opiniào, dizendo que o
Magnetismo Animal nào existia, que era um
mito, um fruto de charlatanice. Quando, p o ­
térci, algum médico mais hum ano interrogava
alguns dos péritos sóbre certos fenómenos
inexplicáveis que presenceara, èie, por ùnica
resposta, encolhia os ombros com profundissimo desprèso, sem notar, sequer, que tal
gesto nào é explicagào digna de um aca­
démico.
A i g n o r à n c i a lealmente confessada,
tolera-se, respeita-se até, mas a encoberta com
pedantism os i m p ro p rio s .. .
Mesmer nào tinha razào em tódas as suas
afirmagóes. Algumas, porém, careciam de
estudo e nào era um irritante encolher de
ombros que derramaría luz sóbre o assunto.
Assim o entendeu a maioria dos sàbios
conscienciosos, que continuou a estudar os
fenómenos provocados, até que urna razào
lògica — v e r d a d e i r a m e n t e científica, os
pudesse explicar. Coube essa honra a um
— 115 —
O
Q U E
É
A
V I D A
H U M A N A
distinto médico inglés, Braid, profundo espe­
cialista em doengas nervosas. Foi em 1841
que o grande cientista londrino demonstrou
de uma forma rigorosa — indiscutível — que
era impossível que um ser magnetisado
pudesse levantar as pálpebras. Investigando
as causas desta paralisia parcial e o m ani­
festo desiquilíbrio que o fenómeno provocava
em todo o sistema nervoso, chegou-se ao
m oderno hipnotismo, depois brilhantemente
consagrado como ciéncia experimental p o r
Charcot, Liébault e Berrheim.
Após a admissào do hipnotismo como
ciéncia experimental e concreta, forzoso foi
admitir tam bem a efectividade da sugestao,.
pelo menos nos individuos mergulhados em
sóno hipnótico. Mais tarde, a sugestao foi
admitida mesmo no estado de vigilia e, por
firn, para de novo se estabelecer a confusao,
misturou-se tud o... Hipnotismo, Magnetismo
e Sugestao, em bora os cientistas, pròpria­
mente dignos déste honroso qualificativo,,
saibam, por experiéncia pròpria, que se trata
de assuntos absolutamente diferentes, tanto
ñas causas como nos efeitos. M. de Berco
demonstrou esta diferenga bem eloqüentem ente no seu precioso livro «Para distinguir
— 116 —
OS
PILTROS
DO
AMOR
E A CIENCIA
o Magnetismo do Hipnotismo — suas analogias e diferengas».
O que outrora se denom inava intrujice,
charlatanismo ou lenda tinha, pois, o seu
fundo de verdade, que era indispensável
estudar.
Hoje a sugestáo colectiva é admitida
co m o um facto científico real e concreto.
Contudo, há urnas dezenas de anos, os d e n ­
tistas que nao sabiam explicar o fenómeno,
cham avam -lhe «fantasía», como se fantasía
nao fósse urna ilusao filha do estado suges­
tivo em que se achava mergulhado todo o
sistem a nervoso do «sujet».
Recordemos, a propósito, a velha historia
medieval do «Velho das M ontanhas», consi­
derada como urna fantasía dos cruzados —
tida como inverosímil ainda nao há muito e
hoje perfeitamente explicável á luz dos mais
rigorosos principios da ciencia.
Assan Ben-Sabbah, a quem os historiado­
res das cruzadas chamavam o <Velho das
M ontanhas», de tal forma cegava e mantinha
obedientes á sua hercúlea vontade sessenta
mil subditos, que, urna vez, aquando da vi­
sita de um embaixador estrangeiro, ordenou
a um dos seus hom ens que se atirasse do
cim o de urna torre e, a outro, que espetasse
-
117 —
O
Q U E
É
A
V Í D A
H U M A N A .
um punhal no peito, sendo obedecido ¡me­
diatam ente e sem a mais pequenina hesitagáo!
T odos os cientistas da época atribuiam
tal influéncia sugestiva á tendéncia que o
povo tem de amplificar as intrujices, afir­
m ando que, em inicio, se tratava de urna
historieta, aum entada a seguir por alguérn
que quería dar-se a importancia de ter assistido ao fenómeno.
A e x p lic a d o era cómoda. Nao carecía de
in v e s t i g a r e s científicas nem de esfórgo inte­
lectual.
Era tudo mentira, tudo!
Era a «ciencia» quem fazia tal afir­
m a d o ! . . . Portanto, duvidar... equivaleria a
urna autoclassificagao de ignorante...
Mas, com o rodar dos tempos, surgiu um
hom em — um cientista dos auténticos, dos
raros, dos que costumam estudar a lundo os
enunciados e, quási sempre, resolver os pro ­
blemas Ésse homem, ésse espirito superior,
que vivera até ai ignorado, como é costume
viverem os grandes génios, tornou-se popu laríssimo e foi violentamente atacado pelos
seus colegas em voga — táo conhecidos, tao
reclamisados, como ignorantes, estúpidos e
pretenciosos.
— 118 —
OS FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIRNCIA
Mas o defensor da verdade, que a historia
nos legou com o nom e de Silvestre de Sacy,
venceu por fim a luta, esmagando os seus
adversários e enchendo de luz um assunto
que parecía condenado a ficar eternamente
ñas trevas.
Sacy, após aturado estudo, conseguiu
demonstrar que o vocábulo «haschischin»
nao significava «assassino*, como se denom inavam, por ignoráncia, os subditos do
Velho das Montanhas. H aschischin é o plural
de haschischi, originariamente o nom e de
uma erva, semelhante ao cánhamo, de propriedades enervantíssimas. H aschischi era,
pois, o nom e de um forte hipnótico vegetal,
como depois se demonstrou.
Ora os escravos de Hassan, segundo
éles mesmo confessavam, eram gulosos por
um «chá» especial, que só o seu chefe sabia
preparar. Era uma infusao do tal hipnótico
poderoso — que fazia dos sessenta mil beb e­
dores sessenta mil autómatos — á mercé da
sugestao.
E eis explicado mais um dos mistérios
do nosso sistema nervoso.
Modernamente, a complexidade nervosa
tem sido alvo de estudos aturadissimos e
désse campo maravilhoso tém surgido conhe-
— 119 —
O
Q U E
É
A
V I D A
H U M A N A
cimentos científicos do mais extraordinário
valor.
Aos estudos do ilustre espanhol Ram ón
y Cajal deve-se a transformagáo quási abso­
luta do antigo e simplicíssimo conceito dos
ñervos como condutores continuos da corrente nervosa.
O seu demorado estudo microscópico
dem onstrou claramente que o sistema ner­
voso se acha ligado, entre si, por urna
enormíssima série de contactos im perfettos.
Achamo-nos, pois, dentro de um campo
prático adm irável: A semelhanga do sistema
nervoso do homem com os modernos aparelhos emissores e receptores de ondas
eléctricas, cuja base é, como se sabe, também
os contactos im perfeitos de um condutor de
corrente.
E aqui temos nós a lám pada de vários
eléctrodos. É maravilhoso!
Admitindo, como já está admitido por
semelhanga com as outras ondas vibratorias,
a possibil dade, nos neurones, de emitir e
receber vibragóes nervosas, a explicagáo
rigorosa do estado sugestivo é tao simples,
táo natural, como o natural funcionam ento
de um aparelho de telefonía sem fios.
Como assumimos a responsabilidade de
- 120 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
GIÉNGIa
nos fazermos perceber, analisemos ainda o
aparelho receptor de Branly:
O aparelho receptor de Branly nao é mais
do que um pequenino tubo de vidro, dentro
do qual se acha, presa entre os dois polos,
urna determinada porgao de simples limalha
de ferro.
A corrente eléctrica só pode atravessar de
um polo para o outro quando a limalha (con­
tacto im perfeito), era virtude da onda vibra­
toria, se orientar no sentido dos polos, o que
realmente sucede sempre que urna corrente
eléctrica atinge o tubosinho receptor.
Eis, porém, o mais curioso:
Como todos sabem, nos primeiros recep­
tores, por ter ficado a limalha, após a recepgao de urna onda vibratoria, orientada num
mesmo sentido, nao se podia repetir o fe n ó ­
m eno senao desconectando esta por meio de
urna pancadinha dada no tubo, com o fim de
sacudir o pó metálico e de o por de novo
em condigoes de receber urna outra vibragáo.
E cá estamos! Era onde queríamos chegar!
Agora é fácil de perceber o resto...
Certas ambiéncias externas influem, por
vezes, táo poderosamente no sistema néurico
dos séres que orientam as ligagóes, num
único sentido, dos contactos imperfeitos dos
— 121 -
A S
L
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I
S
D O
A M O R
ñervos, dando origem a recepgoes e transtnissóes inconscientes de antropoflux benéfico
ou terrível!
Alguns seres, que nao sofrem sedugoes
senao unilaterais, neurastenisam-se e, em
muitos casos, acabam por endoidecer. Salva-os, como já dissemos ao iniciar o estudo
da nossa Atracgao Universal, um outro
foco de atracgao, que os emocione e repre­
sente, para si, o que representa a «pancadinha» no clássico tubo de Branly.
Note-se, mais uma vez, a maravilhosa
harmonía da lei, cuja acgao se faz sentir,
avassaladora, em todas as manifestagoes d a
Vida.
As leis do Am or
As leis do Amor, ás vezes aparentem ente
semelhantes ás do desejo da posse, podem
agora ser compreendidas, embora a sua complexidade seja enorme e a sua exposigao d ificílima.
De facto, sem uma grande preparagáo,
com parando e deduzindo, e sem um esforgo
invulgar, analisando e reduzindo a sínteses,
seria quási impossível com preender o enun­
ciado da m oderna lei de Atracgao Universal:.
— 122 -
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CÍENCIA
Tudo quanto existe, desde o m inerai mais
grosseiro ao sèr m ais evoluido, atrái-se, entre
si, na razáo directa da sua beleza egom élrica
e na inversa das dijiculdades a vencer.
O m ais belo (x) — que pode nao ser o
m ais form oso — a trá i táo poderosam ente o
menos belo que, se a sòma das dificuldades
a vencer nào ultrapassar o coeficiente de
atracgào, a conjungáo entre os seres ou coisas
torna-se absolutamente certa.
Quando os coeficientes de subjugagáo e
de atritos se equilibram, surge entáo, se se
trata de anim ais superiores, o desiquilíbrio
nèurico, originando grandes quedas de po­
tencial, do induzido, na direcgáo de um dos
focos da elipse, ocupado pelo in d u to r; e como
éste se acha em repouso, relativamente àquèle,
o induzido raras vezes pode suportar as
exteriorisagòes de energia e, por via de regra,
endoidece. O fa cto é tanto mais provavel,
quanto menor fo r a distancia entre o indu­
zid o e o indutor, porque, nèste caso, a queda
a tinge enormes proporgòes e quási a violencia
do jacto.
(!)
Egometricamente, percebs-se.
— 123 —
A S
L
E
I
S
D O
A
M
O
R
Se, p lo contràrio, a sòma dos atritos a
vencer ul trapassar m ulto o coeficiente de
seduçâo, éste enfraquece na razâo directa
do tempo e o induzido, vergado por outro
indutor que o subjugue, descreve urna nova
elipse, m odificando, de acor do com o novo
«m eio», a sua antiga fo rm a de existir.
N a o há nenhum ser, objecto ou coisa que
seja exclusivamente atraído, numa única direcçâo, po r urna única coisa, objecto ou sér :
A s atracçâes sao sempre m últiplas, embora
de intensidades diversas.
O sér que impera (*) ocupa, enquanto
p ersistir o seu dominio, um dos focos da
elipse, ao mesmo tempo que todos os outros
centros de atracçâo se reunem no outro Joco.
D éste últim o pode, em dado momento, p a rtir
urna força que neutralise ou fa ça mesmo de­
saparecer totalm ente a prim eira. N éste caso,
as fo rça s menores s altarâo para o foco neutralisado, fica ndo no diam etralm ente oposto
apenas o potencial que conseguiu um m aior
coeficiente de seduçâo.
(i) Tratando-se exclusivamente do homem ou
da mulher.
— 124 —
a
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A CIENCIA
Agora já nao é difícil de explicar a
influencia que urna m u l h e r e até, em
determinadas ocasióes, um simples objecto
ou coisa, exercem no cérebro do homem.
As grandes paixóes hum anas que a Vida
aponta e a Historia regista, já nao nos parecem, agora, factos inexplicáveis — sedugoes
misteriosas sem causa, fenómenos de loucura
sem motivo ou doengas bacilares de micro-organismos que se ignoram.
Portanto, sob o ponto de vista teórico,
supom os ter chegado ao fim.
Só nos falta encarar o problema sob o
seu aspecto prático, para termos atingido
inteiramente os nossos objectivos - e cor­
responder ás anciedades dos leitores.
Realmente, o facto de sabermos que é
possível crear em torno de nós ambiéncias
de triunfo, «meios» próprios á materialisagao
dos nossos desejos, á objectivagao das nossas
vontades - nao basta. É preciso quesaib am o s
práticamente como ésses «meios» se criam
e como essas ambiéncias actuam. M ais... é
indispensável que nós próprios realisemos a
experiencia de sedugao, que nós mesmos
possamos, no campo absolutamente prático
e experimental, converter-nos em irresistíveis
focos de atracgáo.
— 125 —
E
G
O
S
O
F
I
A
Para isso, nào b a s t a saber que as
influencias actuam ; é preciso saber como
actuam e, em conclusáo, actuar.
Preparemo-nos, pois; e subamos, após a
p r e p a r a l o índispensável, os degraus, até ao
firn, das escadas gloriosas do triunfo!
Egosofia
A s irradlagdes dos sères e o seu impèrio
N ào vamos fazer urna exposigáo da
ciencia de Richet, a metapsíquica; vamos
sim plesmente ocupar-nos do poderoso fluido
de Müller, o antropoflux.
Para nào sermos longos, nào focaremos
as primeiras in v e s t i g a r e s sérias, realisadas,
nos fins do século passado, para se descobrirem, no cam po experimental do labora­
torio, as emissoes que irradiam do corpo
h u m a n o — e as que se notam em volta dos
animais inferiores e dos objectos ou coisas
que nos cercam.
N ào talaremos, pois, nem dos trabalhos
de Baraduc e das propriedades do seu biómetro, nem dos esforgos em pregados por
Thundell, com o seu curioso psicómetro, para
descobrir os raios N — mais tarde confirmados
—
126 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
G IENCIA
e demonstrados por outros cientistas de valor.
Ocupar-nos-emos apenas de experièncias re­
centes, levadas a cabo por homens de ciencia
contemporànios e verificadas por nós próprios.
Descreveremos a seguir as nossas próprias
investigagòes e as conclusòes experimentáis
a que èsses trabalhos nos conduziram.
Comegaremos por citar um facto curio­
sissimo, recente, que, embora foque os
esforgos do passado e se refira indirectamente
aos trabalhos de Thundell, Baraduc e Rochas
tem um valor extraordinàrio.
Transcreveremos o mais interessante (1):
«Um célebre médico parisiense, o dr. M.
Mongan, fez, ha já alguns anos, a afirmagao
de que o corpo hum ano é um perfeitíssimo
aparelho ràdiotelegràfico, que recebe e trans­
mite ondas electromagnéticas, cujo compri­
m ente varia de 22 a 45 milímetros.
«Como, porém, nem todos os psico-fisiologistas possuem os conhecimentos científicos
de um atkinson, de um d ’Arsonval ou de¡um
Lakhovsky, houve, nessa época, um cientista,
M. Drioux, que estabeleceu com o Dr. Mongan
urna controvèrsia inferior — em termos im ­
proprios de um sábio.
(1)
«O Mundo Científico», pág. 5 9 -volum e 3.°
— 127 —
E
G
O
S
O
F
I
A
«Ora, assim como um grande fisiologista pode nào perceber de medicina, assim
um grande médico pode nào perceber ou
perceber pouco de psicofisiologia. O dr.
Drioux parece ter reconhecido a sua inferioridade no assunto e, como sábio distintis­
simo que era, quiz estudar, primeiro, para
atacar — depois.
Estudou.
«Porém, os anos passaram sem que o
grande dentista desse o mais pequeño sinai
de si.
«Há dias, um médico novo, saido hà
pouco da Escola Médica, apresentou urna
tése extraordinària.
«Afirma o jóvem médico que cada um
de nós, consciente ou inconscientemente,
conforme o grau de educagào da pròpria
vontade, emite e recebe um fluido electro­
m agnético em tudo semelhante ao das ondas
hertzianas
«E acrescenta :
« — As i r r a d i a r e s do corpo hum ano,
quer conscientes quer inconscientes, sào
proporcionáis aos pensamentos que lhes dào
origem. Os pensamentos abjectos, inferiores,
causam ondas negativas; os pensamentos
nobres, superiores, transmitem-se por ondas
— 128 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
positivas. Esías ondas dào orígem à felicid a d e ; aquelas, causam a fraqueza, o receio,
a inveja, o ciume, a doenga e a morte.
«A tése é longa e versa um assunto,
como se ve, tào interessante como compli­
cado e difícil de assimilar por quem nao
esteja preparado.
«É, como lhe chama um crítico científico
de «La Nature», urna tése fo rm id á vel!
«Somos inteiramente da mesma opiniao.
A tése é formidável. Mas, para nós, mais for­
midável é ainda o facto de eia estar assinada
por um jóvem médico cham ado Maurice
Drioux, porque Maurice Drioux é filho do
dr. M. Drioux.
«Isto, sim, é formidável!
«O pai encontrara a verdade e quizera
iluminar o cérebro do pròprio filho!»
O autor da mesma tese, recentissima,
como se ve, refere-se, no fím do seu trabalho,
aos estudos de um médico inglés, cujo nom e
nao quer citar, afirmando que a èie deve urna
outra in v e s tig a d o curiosa de egometria pura
— a d e te r m in a d o exacta do potencial hipnomagnético dos olhos.
*
*
*
Todas as pessoas que nos léem, pelo
— 129 —
9
E
G
O
S
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P
I
A
menos as versadas em física moderna, sabem o que é e para que serve a radiogonio­
metria.
Pouca gente ignora certamente que a re­
centissima invençâo do engenheiro Guy de
Bozas, como a sua pròpria designaçâo in ­
dica, destina-se a calcular os ángulos sob os
quais as ondas hertzianas chegam aos rece­
ptores. Para medir êsses ángulos e descobrir os emissores clandestinos, substituem-se
os vulgares aparelhos de T. S. F. por radio­
goniómetros pesados e ligeiros.
Os pesados, como os très que existem
em Paris desde 1927, determinam a zona;
os portáteis, em automóveis, cslculam depois o ponto exacto— a pròpria c a s a ! — onde
o emissor clandestino se oculta.
A grande invençâo de Bozas, que tornou
possível a construçâo de farois hertzianos e,
portante, a navegaçâo nocturna sem cálcu­
los; que fez com que um aviador saiba onde
está, mesmo de olhos fechados ou circun­
dado por denso nevoeiro, veio dar origem a
aparelhos curiosos, muito mais complexos,
mas assentes na mesma base, para medir os
ángulos e determinar as direcçôes das influ­
encias estranhas (egométricas) que perturbam
o nosso ser.
— 130 -
«OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
C1ÊNC1A
O mecanismo de tais instrumentos é complicadissimo e gastaría muito espaço a expli­
car. Mas os estudiosos, se quizerem, podem
docum entar (1). A nós o que nos interessa,
de momento, é a demonstraçâo da força, em
si, e das suas particularidades de actuaçâo.
O funcionamento dos aparelhos que servem
para medir a sua intensidade, calcular a sua
direcçâo, aum entar ou diminuir os seus efeitos,
é assunto longo — que deverà ser tratado
noutra obra, quando nos ocuparmos exclu­
sivamente do antropoflux.
Por agora, tratemos de verificar até que
ponto é verdadeira a existéncia das ^ondulaçôes vibratorias do pensamento consciente,
embora as inconscientes sejam, por vezes,
mais poderosas e em certos casos mais prejudiciais para a saúde e até para a vida dos
hom ens (2).
(!) «Mundo Cientifico», n.os 14, 15 e 16 —
volume II.
O Porte du Trait des Ages, no seu livro «Encanto expérimental », apresenta-nos fenomenos curiosissimos da influência da vontade à distâneia, apontando individuos que adoeceram gravemente sô
porque certos inimigos, constituindo egrégoras nega-
— 131 -
E X P E R I E N C I A S
C O N C R E T A S
Experiencias concretas
Em 1912, tinham os uns escalos 17 anos,
o nosso já entáo grande amor pelas ciencias
e nao m enor anciedade po rc o n h ece r o s s e u s
progressos, levou-nos a solicitar uns raios de
luz a um dos maiores Zoistas da época, o
grande médico, físico e matemático, dr. Scherm ann Zaidisky, que chegára havia poucos
meses de Berlim e tinha tixado residencia na
calle de San Andrés, na Corunha, onde
exercia clínica.
Em principio, o grande cientísta ligou-nos
pouca im portáncia... Depois, quando mudou
o seu consultorio para a calle Ju ana de Vega,,
onde reunía, ás noites, alguns dos mais dis­
tintos ornamentos do Instituto, admitiu-nos
na sua intimidade — acabando por nos de­
dicar a mais terna das afeigoes. É a ele e a
tivas, pensavam constantemente em destruir-lhe o
equilibrio vital!
O dr. O. Encausse, na sua obra prefaciada por
Cesar Lombroso, «Feiti?aria científica», apresenta-nos
fenómenos semelhantes e até casos fatais, »tribuidos,
tanto por ele, como pelo grande psicólogo e crimina­
lista italiano, ás v ib ra re s de vontades longínquast
— 132 —
• OS
FILTROS
DO
AMOR
E A CIENCIA
D. Diego Gimenez, espirito cultíssimo e
outro Zoista notavel, que devemos os nossos
primeiros passos ñas ciencias egosóficas.
Depois dessa cuidadosa «iniciagáo», comegamos, especialmente desde 1925 para cá, a
realisar in v e s t i g a r e s por conta própria — no
cam po experimental.
E foi assim que a experiencia nos ditou
que, para se transmitir ou receber o pensamento, nao é preciso, nem da parte de quem
a receba conscientemente, nem de quem o
transmite por sua própria vontade, o em prego
do menor esforgo. A fé ou a crenga no éxito
dos trabalhos também nao representa coisa
alguma. Só se nacessita consciencia do saber,
calm a absoluta para actuar e urna paciencia
sem limites, para nao perturbar o «meio»
com excitagóes inúteis.
Em principio, o fenómeno consciente da
Encausse chega mesrao a demonstrar-nos a objectividade de certos pensamentos e a sua materialisagáo—
no momento de agirem !
Georges Lakhovsky, na introduQáo do seu> Segredo da Vida», arfirma: «A doenga é proveniente do
desiquilibrio oscilatorio das células, motivado por uma
causa exterior»
— 133 —
E X P E R I E N C I A S
C O N C R E T A S
transmissao e recepgao entre duas pessoas
distantes é dificílimo, precisamente pelos
esforgos que urna faz em transmitir e outra
em receber. A excitagáo é tal de parte a parte,
qu e apenas se permutam emogoes de receio,
de dúvida e de insucesso.
O facto exaspera-os, o pulso acelera-se e
a experiéncia tem de ficar por ali — para recomegar em outro dia.
O que é curioso e até inesperado para os
q ue comegam, é que alguns dos assistentes,
aborrecidos pela monotomia dos trabalhos e,
portanto, m ergulhados em automatismo sen­
sorial, chegam a receber a imagem transmi­
t i d a — com urna clareza e nitidez que os faz
pasm ar a éles próprios!
A razao do facto aparentem ente inexplicável é, contudo, de urna singeleza bem compreensivel.
Urna vez um dos assistentes, que nunca
tinha feito exercícíos práticos e conhecia a p e ­
nas ligeiramente as teorías do fenómeno,
virou-se de repente para nós e exclamou
a d m ira d o :
—
la jurar que o que estao a transmitir
néste m om ento é a imagem de urna garrafal
A excitagáo na sala era enorme. A pessoa
que falava, certamente um bom receptor con-
— 134 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
génito, era um jovem estudante que passava,
a nossos olhos, por um rapaz destraídíssimo
e até um pouco misántropo.
Era raro ouvir-se-lhe a voz. Estava sempre
tao metido em si, tao alheado de tudo, que
nós nem notavamos a sua presenta.
Daquela vez, porém, levantou-se de um
salto e exprimiu em voz muito alta (coisa
invulgar, por que éle íalava pouco e baixinho) a idea que lhe tinha atravessado o cérebro.
N enhum de nós, para evitar aumento de
potencial, conhecia a imagem mental que
deveria ser transmitida nessa noite. E spe­
ramos, pois, que ela nos fosse comunicada
pelo próprio «sujet» que a escolhera e que
se encontrava a uns bons dez metros de dis­
tancia - fechado num aposento á parte.
Ali existiam vários desenhos. O «sujet»
poderia escolher qualquer déles, mas (é claro)
dos destinados secretamente áquela noite.
De forma que havia só urna pessóa na sala,
o director dos trabalhos, que conhecia os
«desenhos do dia», uns vinte ou trinta dife­
rentes, e uma só pessóa que sabia qual era
a imagem transm itid a—o «sujet» que a havia
escolhido depois de estar fechado no gabinete.
Por isso, deram-se por findos os trabalhos
— 135 —
E X P E R I E N C I A S
C O N C R E T A S
naquela noite e mandou-se buscar a imagem
que tinha sido escolhida para a transmissao.
Tratava-se, de facto, do desenho de urna
garrafa!
O nosso estudante olhou a e disse simplesmente, como se se tratasse da coisa mais
natural déste m undo:
— É isso m esm o...
Depois, dando meia volta e dirigindo-se
para a sua cadeira, m onologou:
— Nao sei como diabo me veio «aquilo»
àcabeça!
Este mesmo rapaz, depois de preparado
com exercícios convenientes, mostrou-se, uns
seis meses mais tarde, um centrípeto assombroso, chegando a receber mensagens inteiras
a muitos quilómetros de distáncia!
Num a dessas experiéncias, realisada a 14
de Agosto de 1927, um domingo, o novo
«sujet» mostrou-se um auténtico prodigio!
Eis urna síntese ligeira do relatório da
memoravel experiéncia:
Um dos nossos Atletas da Vontade, um
centrípeto consciente que já tinha dado as
melhores provas da sua técnica, encontrava-se
em París, onde havia ido concluir certos
estudos profissionais.
Antes de partir, pedimos-lhe que esperasse
— 136 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
instrugòes nossas sóbre urna transmissào que
queríamos estudar a grandes distancias.
Sem acrescentarmos i n f o r m a l o alguma
ou, para ser mais exactos, sem pronunciar
urna unica palavra mais sobre o assunto,
deixamo-lo partir.
No dia 10 de Agosto desse mesmo ano,
à tardinha, expedimos o seguinte telegrama:
«Livraria Felix Alean. «Sensation et m o ­
vimenta, compre e transmita urna pàgina.
C om unique dia e hora».
No dia 13, de m anhà, recebia-mos o tele­
gram a seguinte:
«Comprado. Transmito dia 14, meia noite
Greenwich».
Ainda nào eram 10 horas, já estavamos
todos reunidos. Apesar do nosso habitual
sangue frio, da nossa calma tantas vezes
posta a duríssimas provas, era-nos impossivel
ocultar a anciedade que nos devorava. O
sangue fervia-nos nas veias e a cabega, atravessada por mil sensagòes, parecia ter sido
invadida por urna torrente de lava. O calor
asfixiava-nos. A Lua, cheia, na sua maior
beleza, aproximava se do meridiano. Eram
onze e meia. A excitagáo subia ao máximo.
A fronte escaldava, as pernas pareciam vergar
sob o péso do corpo e o coragao, metralhado
— 137 —
E X P E R I E N C I A S
C O N C R E T A S
por urna anciedade nunca até entao sentida,
ameagava saltar do peito.
Entramos no pequeño gabinete destinado
ás recepgoes e, depois de dispormos conve­
nientemente a mesa de trabalho, a calma
voltou-nos — como por encanto. O «sujet»
tom ou o seu lugar e... esperamos.
A meia noite em ponto o «sujet», de
olhos vendados para se nao distraír, comegou
a escrever. A meio do trabalho desenhou um
gráfico e, logo a seguir, escreveu urna cha­
m ada á página 44 do mesmo livro, solici­
tando a atengao do leitor para uns esclarecimentos que se prendiam com o assunto em
questáo... e continuou a escrever — até con­
cluir por meter éntre parentisis o número da
página transm itida: (146).
Meia hora depois, a experiéncia cessou.
O «sujet», enlevado, como que extranho a
tudo, baixou como um autómato a cabega
e pronunciou m aquinalm ente, num sópro de
voz:
— Está bem ; boa noite.
O que sentirá? Adorm ecerá?
Nao. Estivera apenas como que em bebe­
cido na im ágem mental que recebera. A sua
cabega conservou-se leve e o seu coragáo
absolutam ente calmo.
— 138 —
OS FILTROS
*
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
Abrimos a estante e retiramos o célebre
livro de Ch. Féré. O texto estava completo,
a chamada era fidelissima e o gráfico de
urna semelhanga pasm osa!
Havíamos realisado o maior trabalho
experimental dos nossos primeiros trinta
anos de existencia!
Desde entáo para cá, éles multiplicaram-se, sempre com exigéncias novas de
«controle» e com inéditas modalidades de
estudo
Alguns e x p e r i m e n t a d o r e s modernos,,
dignos da nossa admiragao pelos seus esforgos e do nosso respeito pelo seu muito saber,
queixam-se de que nao obteem resultados
práticos suficientemente eloqüentes para os
anim ar a prosseguir, embora se concentrem
tanto e p ro d u za m tam anho esjórgo mental
que, no Jim, a cabega Ihes pesa como o
chumbo.
Achamos natural. Em tais circunstáncias
é absolutamente impossível a exteriorisagáo
da motricidade e muito menos possível a
recepgáo de qualquer figura mental.
Éis as condigóes para se comegar com
probabilidades de obter, logo de inicio^,
pequeños fenómenos an im a d o re s:
1.° — Siléncio absoluto.
— 139 —
I
E X P E R I E N C I A S
C O N C R E T A S
2.° — O »sujet» - receptor, sentado à
mesa, de làpis na mào, deve estar calmo,
passivo — indiferente a tudo que o cerca.
M as nào deve procurar a im ágem nem fazer
qualquer esfórgo para ir ao encontro do p en ­
samento que se propòe interpretar. Dizemos
interpretar, porque a vontade nào transmite
palavras, mas ùnicamente ideas — retratos
mentáis. Se, por exemplo, um alemào nos
transmitir stuhl, um inglés chair, um francés
chaise ou um espanhol silla, nós, mesmo que
nào saibamos espanhol, francés, inglés ou ale­
mào, traduziremos cadeira, porque é a im á­
gem dum a cadeira que se fixa no nosso cérebro
e nào as letras que constituem a palavra que
designa o objecto transmitido.
3.° — Nunca deve ter receio de falhar.
Falhando, recomegarà em outro dia os exercicios. É preciso que se capacite de que
falhar é naturai e nào tem importancia abso­
lutamente nenhum a. Se estiver preocupado
com a realisagào positiva do trabalho, se
sentir palpitar dentro de si a ància obecedante de brilhar, nada conseguirá, porque
farà surgir a p e r t u r b a l o . Ponha-se à von"tade. Quem estuda nào pode, sob pena de
nào progredir um passo, dividir a sua atengào.
Deve, pelo contràrio, alhear-se de tudo o
— 140 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÈNCIA
que o cerca e admitir exclusivamente a ideia
que persegue. No nosso caso, é conveniente
fixar o papel branco que está em cima da
mésa e pensar só néle, mas sem o minimo
esfórgo— sem a menor excitagào. O espirito
deve estar tranqüilo e sem receio. A calma
é indispensàvel.
4 . 0— E, repetimos, calmo, sem esfórgo, receios ou fé, espera que atransm issào chegue;
se for possivel, de músculos relaxados e os
olhos bem abertos — fixando o papel.
5.o — A primeira imágem que acorrer ao
seu cérebfo deve ser logo anotado no papel,
mas indiferentemente, sem a menor preocupagào de acertar. Se passados dez ou quinze
minutos nada conseguir, deve dar os tra­
balhos por concluidos nessa noite e só os
repetir na notte seguinte. Se escrever qualquer imágem, quer eia corresponda ou nào
à verdadeira, deve igualmente suspender os
trabalhos até ao dia seguinte !
É preciso frisar bem isto, que é im por­
tantissimo para um principiante : Exercicio
que nào deu resultado nào é trabalho per­
dido ; é, pelo contràrio, mais um treino para
as faculdades de receptividade — mais urna
pequenina funQàc que tende a fazer o órgào.
6.° — O trabalho do *sujet»-transmissor
— 141 —
E X P E R I E N C I A S
C O N C R E T A S
nao é mais complicado nem inais difícil. O
que exige é o afastamento puro e simples de
qualquer imágem estranha ao desenho a
emitir. Isto, porém, é mais fácil do que
parece. Basta pregar os olhos, bem abertos,
no papel que tem o desenho e mergulhar
todo o ser na sua c o n te m p la d o .
7.° — Nao é preciso qualquer esfórgo
mental. Olha-se calmamente para o desenho,
possivelmente de músculos relaxados, e nada
mais. Se os olhos abrangerem outras figuras
ou objectos, é conveniente olhar atravez de
um cilindro de cartáo, que nao deixe ver
mais nada além da im ágem a transmitir.
Nos laboratorios de in v e s tig a d o científica
usa-se, para o mesmo fim, o «telepascópío», que é semelhante a um paralelipípedo óco, de madeira, pintado interiormente
de negro. Na base, que pode aum entar ou
dim inuir o campo de visáo, acham-se quatro
pequeñas pernas, que sustentam o aparelho
de forma conveniente em cima da mesa. A
luz, coando-se pelos dispositivos transpa­
rentes que se acham éntre elas, vai iluminar
a im ágem , totalmente oculta no fundo do
instrumento. O «telepascópio» tem na parte
superior urna abertura, forrada de veludo
preto, onde a testa se apoia, ficando os olhos
— 142 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
G IENCIA
e parte do nascimento do nariz absolutamente
ocultos pelo aparelho. Desta forma é impossível ver outra coisa além da imagem a
emitir.
É desnecessário, já o dissemos, qualquer
esfôrço na transmissâo. Se, para se transmitir
a imágem de urna garrafa, nos puzermos a
pensar nela com a violéncia dos impulsivos
ou, por exemplo, a dizer mentalmente g ar­
rafa, garrafa, g a r r a f a ... nada conseguiríamos.
A própria atençâo nâo é aconselhável
aos principiantes, por que se converte sempre, no comêço, em esfôrço excitante e
prejudicial para os trabalhos.
8.° — A distáncia entre os «sujets» só
se pode aum entar pouco e pouco, assim
como a complexidade das emissoes.
9.° — Das imágens passa-se a números
ou pequeños objectos e, dêstes, a coisas um
tudo-nada mais complicadas, como palavras
escritas e até, mais tarde, frases ou menságens completas. Mas isto, repetimos, muito
lentamente e sem desejos de triunfo. A vontade de brilhar prejudica muito as experiéncias, tanto que se um «sujet* quizer, por
força, mostrar que «pode», que «sabe», que
é «capaz» — nunca obterá coisa alguma. Os
estudantes, se quizerem obter alguns fenóm e­
- 143 —
E X P E R I E N C I A S
C O N C R E T A S
nos a principio, deverao comegar logo por
se mostrarem a si mesmos indiferentes aos
loiros da victoria ou ao desánimo da derrota.
O estudante deve ficar tao calmo quando a
experiència é coroada de exito como quando
eia falhar.
*
*
*
Depois, com o treino, veem as transmissòes e recepgòes sem «écran»,, mas a
curta dístáncia.
O transmissor pensa, por exemplo, num
núm ero de um a sete. O receptor procura no
seu cérebro um dèsses sete algarismos. Se
durante tres ou quatro segundos nao encon­
trar algarismo nenhum, escusa de prosseguir,
porque nasce, passados cinco segundos, a
perplexidade no cérebro. Encontrando, a ex­
periència pode entao subir em importancia,
aum entando a sèrie para de um a dez, d e
um a vinte, de um a cincoenta ou mesmo
de um a cem, mas nao no mesmo dia nem
m esm o na m esma semana.
*
*
*
— 144 —
OS
PILTROS
DO
AMOR
E A CIENCIA
Só após urna preparaçâo de muitos
mezes, treinando-se todos os dias e sob a
direcçâo de bons mestres, que aumentem
progressivamente as dificuldades, é que os
dois «sujets» p o d e r â o obter fenómenos
complexos sem limite de distáncia.
Passados anos, os estudantes podem
entáo modificar os trabalhos numa direcçâo
mais curiosa e transcendente: recebendo ou
impondo o seu pensamento a cerebros náo
educados. Mas isto sem jactáncias, sem basófias, mas até, pelo contrário, de m odo que
náo dé ñas vistas.
M andar levantar urna pessoa sentada à
mesa de um café ou dizer a uma outra que
se sénte em determinado ponto, sáo exercícios simplicíssimos que os nossos estudantes,
já treinados, podem obter à primeira ordem
mental e sem esforço absolutamente nenhum .
E os trabalhos podem, depois, subir em
complexidade e em distáncia — com o tem po
e com o treino. Mas, repetimos, sempre sem
vaidade, sempre sem gabarolices e, sobretudo,
sem nunca prejudicar ninguém.
O sigilo, propriedade quási exclusiva dos
centrípetos, desenvolve muito o poder mental.
E m e g o s o f i a é q u á s i axiomático que
urna pessoa que se gaba de realisar isto ou
-
145 —
10
E X P E R I E N C I A S
C O N C R E T A S
aquilo, nao obtem, por via de regra, o mais
ligeiro f e n ó m e n o de imposigao mental.
M ais... se um atleta da vontade comegar a
exibir-se por jactancia ou vaidade, nada c o n ­
seguirá, porque as nogóes de responsabilidade
e o amor próprio q u e p ó e nos trabalhos, desoiientatam-no, excitam-no e conduzem-no á
perturbagáo.
Nao é aconselhável que um rapaz dé
ordens mentáis a urna rapariga, mesmo que
a imposigao seja, por honesta e simples,
absolutamente digna de um sábio. Só se podem realisar experiencias com pessoas do
mesmo sexo, em laboratorios científicos, onde
o respeito pela ciéncia póe um freio ás
tentagóes.
Ai, mesmo que os trabalhos sejam com ­
plicados e difíceis, nada há a recear, operando-se — é claro — sob a direcgáo de inves­
tigadores experimentados.
De resto, as experiéncias de laboratorio
sao sempre indispensáveis a quem quizer
progredir e aperfeigoar-se constantemente no
cam po experimental. Mas isto, sem desdenharm os as teorias, que devemos estudar
com atengao e cuidado, e sem deixarmos
de ouvir os mestres, que dia a dia nos apre-
— 146 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
sentam novas modalidades de «controle» —
que podem os experimentar.
As teses defendidas, em Agosto do ano
findo, no Congresso Internacional de Psico­
logia de Oslo, urna, sobre a antropoflux, pelo
engenheiro A. Givellt, e outra, sobre a projecgào da vontade e a fotografia do p ensa­
mento, pelo dr. Zerdinaud Cazzamali, pro­
fessor de psiquiatría e neurologia da Universidade de Roma, sao particularmente curiosas
e demonstram, segundo trabalhos experi­
mentáis rigorosíssimos, a existencia do fluido
h um ano e a veracidade da sua exteriorisagào.
Para dar urna idea dessas experiencias,
que nào conhecemos em todos os seus
detalhes, vamos transcrever parte da tése,
igualm ente curiosa, que o dr. T. Fukurai,
professor da Universidade de K ohyasan e pre­
sidente do Instituto de Psicologia de Toquio,
apresentou ao Congresso Internacional de
Psicologia de Londres.
Placas fotográficas impressionadas pelo pensamento
Fukurai, depois de se referir largamente
à p e n e t r a l o do pensamento e a múltiplos
— 147 —
F O T O G R A F I A
DO
P S N SA MENTO»'
fenómenos curiosíssimos de egosofia cons­
ciente, continua (i) :
«As duas placas que eu tinha recebido
de Kikuchi, das quais, urna, tinha as letras
«C», «D» e <E» e, a outra, um «A», foram
reveladas no quarto escuro de urna fotogra­
fía, existente perto de m inha casa, no dia
15 de Dezembro.
«C om grande surpreza minha, as duas
chapas tinham sido mais impressionadas
que as outras da mesma série. A chapa que
continha a letra «A» tornou-se táo negra
que foi difícil ler-lhe a letra. Sóbre a outra chapa era difícil 1er os caracteres. Comparando-a com outra que nao tinha tom ado
parte na experiencia, verifiquei que tam bém
tinha sido im p ressio nad a; havia nisto alguma coisa de notável.
« Bem que seja corrente que urna placa
é impressionada pela luz vinda de fora, n a ­
da permite supór, no nosso caso, que um
raio de luz pudesse atravessar o papel e a
(i) A «Sociedade Portuense de Investig ares
Psíquicas», traduziu, era volume, as principáis teses
do congresso. Quera quizer, pode portanto docu—
mentar-se, mesmo que náo conhe?a o inglés.
— 148 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
caixa que protegiam as placas. A única solugào era que a chapa tivesse sido impressionada pelo pensamento do «su jet., M.me
N agao.
«Form ulei, pois, esta hipótese, donde deduzi as conclusòes seguintes :
«1.° — No mom ento em que o «sujet»
concentrava o seu pensamento exclusiva­
mente, sóbre a chapa do meio, isto é, sóbre
a que fícava entre as outras, em bora tódas
très estivessem à mesma distància déle, esta
tin ha sido impressionada pela sua actividade
psíquica. Se o facto se devesse a qualquer
raio material, proveniente do corpo do «su­
jet» (i), nào sòmente a chapa do meio mas
as duas outras deveriam tam bém sofrer a
m esm a a l t e r a l o , porque um raio de emissào tern a mesma influència em tòdas as
direcgòes. Supondo agora que o fenòmeno
é o resultado dum poder psíquico, nào será
(1) Fukurai, pelo facto de a acgào do pensa­
mento se subtrair às leis conhecidas da matèria mais
subtil (magnetismo, luz, elcctricidade, etc.) supóe que
a matèria, nos seus mais elevados estados de subtilidade, è espirito e, portanto, ¡material. Seráassim ?
(N. do T).
- 149 —
F O T O G R A F I A
DO
P E N S A M E N T O
com efeito senáo a chapa do meio a impres­
sionada, visto que a acgao do «sujet» só nela
foi exercida.
«2.° — Se se aceitar a suposigáo que só~
m ente a chapa do meio foi impressionada
por se ter exercido ai o poder psíquico do
«sujet», é-se levado a admitir que, se esta
acgáo se encontra sómente sobre urna parte
da chapa, só esta parte será impressionada,
sem que as outras sejam alteradas.
«3.° — Admitamos que a «impressao lo*
calisada» seja possível; suponham os agora
que a actividade psíquica se exerce exclusi­
vam ente sóbre urna porgao de chapa, limi­
tada, por exemplo, por um círculo ou por
um rectángulo; obter-se-á sóbre a prova um
círculo ou um rectángulo. Tal o principio
da psico-grafia que eu queria fazer conhecer
ao público déste congresso.
« Bem que a conclusáo a que cheguei,.
tivesse qualquer coisa de extraordinário para
a ciéncia de hoje, quiz prosseguir as minhas
experiencias, segundo esta hipótese, depois
de ter tom ado estas precaugóes.
« P elas 15 horas de 16 de Dezembro,
n u m dos meus laboratorios de psicología da
Universidade de Toquio, embrulhei separa­
dam ente chapas rectangulares em papel ne~
— 150 —
OS FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
gro. Depois colei sobre o envolucro duma
das placas urna folha de papel vermelho so­
bre a qual a figura «O» estava desenhada, e
sobre o outro envelope urna outra folha vermelha onde escrevi a palavra japoneza X
« c o n c e n tra d o de espirito ». Estas duas ch a­
pas foram colocadas num a caixa de cartáo e
expedidas para Kikuchi. Escrevi-lhe urna
carta pedindo para em pregar estas duas p la­
cas num a experiencia que desejava fósse
conduzida da maneira s e g u in te :
« 1.° - A placa que continha a figura «O»
deveria ser guardada em casa de M. Kiku­
chi e nao ser transportada para casa de M.me
N agao.
" ( N . B . — A m inha i n t e n s o era com
efeito conservar esta placa como testemunho
para ver quais as diferengas que se podiam
notar entre elas.)
«2.° — A segunda chapa tendo a palavra
X devia ser levada a casa de M.me Nagao e
servir para a experiencia.
« 3 . o - A chapa em pregada devia ser
apresentada ao «sujet» na caixa de cartáo,
para que ai se imprimisse, segundo a sua
vontade, a palavra X.
«4.° — A chapa devia ser conservada em
— 151 —
F O T O G R A F I A
DO
P E N S A M E N T O
casa de M. Kikuchi, até à minha chegadà a
M arugam a, onde eu pensava ir perto de 25
de Dezembro.
«Com o anunciei, cheguei a M arugam a,
em 25 de Dezembro e dirigi-me ¡m ediata­
mente a casa de M. Kikuchi, afim de saber
o que se tinha passado
« Soube que contràriamente às minhas
instrugòes, a chapa tinha ficado em casa de
M .me N agao depois da experiencia. Desculpou-se dizendo que tinha dado a chapa a
M. Nagao e que éste lhe tinha proposto ficar com eia para a apresentar a sua mulher
— o «sujet* — quando esta estivesse em
disposigòes favoràveis. Fui entào a casa dos
Nagaos, onde me deram a placa e onde o
«sujet» me fez a seguinte narrativa:
«Um sàbio da Universidade de Kyoto,
tendo lido os jom áis em que eram relatadas
as minhas experièncias, tinha ido a M aru ­
gam a para controlar os tactos em pessoa.
«Tinha apresentado urna p la c a a o «sujet»;
q uando éste tinha procurado concentrar a
sua actividade psíquica sòbre esta chapa,
apercebeu por clarividencia que havia urna
outra sóbre urna étagère colocada na sala, e
pensou, erradamente, que teria sido levada
pelo mesmo sábio; procurou concentrar igual-
— 152 —
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
C1ÈNC1A
m ente o seu pensam ento sóbre eia. Na rea­
lidade esta segunda placa era que M. Nagao
tinha recebido de M. Kikuchi e que tinha
secretam ente colocado sobre a étagère.
«Por conseqiiéncia a experiència que eu
tinha querido fazer ficou sem efeito; entre­
tanto, para m inha instrugào pessoal, desembrulhei a chapa que nào tinha servido, assim
com o a que se encontrava a èsse tem po em
casa de M.me Nagao.
«A primeira tinha sido impressionada a
ponto de estar negra como o asfalto; quanto
à outra nào tinha vestigios alguns.
«Como por falta dum a precaugào, a expe­
riència tinha perdido toda a s ig n i f i c a l o ,
resolvi fazer segunda no mesmo gènero.
«A 26 de Dezembro, às 11 h o r a s d a
m anhà, comprei urna duzia de placas rectan­
gulares em casa dum fotògrafo e, pegando
num a délas, envolvi-a num papel negro e
coloqueia-a num a caixa de cartào.
«Às 14 horas fui a casa de M.me Nagao
e num a sala (que para mais com odidade n o ­
mearei daqui para o futuro por «A>) coloquei a caixa num a outra de bolos que me
veio à mào.
«Como terei muitas vezes de falar destas
d uas caixas ñas linhas que se seguem, desi-
— 153 —
•4
F O T O G R A F I A
DO
P E N S A M E N T O
gnarei por «a» a primeira e «b» a se­
gunda.
«Assim a chapa encontrava-se num a dupla
caixa sendo a interior «a» e a exterior «b»..
«Depois, sobre um bocado de papel que
colei sóbre a tam pa da caixa «b» escrevi a
palavra X.
«Disse entao ao «sujet» : — Hoje escrevi
sómente a letra X, pego-lhe para concentrar
o seu pensamento atim de imprimir a letra
sóbre a chapa.
«Alguns minutos antes da experiencia,
tres visitantes vieram para a sala A» e estive
conversando com éles de diferentes coisas,
q uando passados alguns instantes M. N agao
cham ou-m e para urna sala visinha (a que
por com odidade darei o nom e de D), em que
me pediu para fazer ai e oculto a experiencia
im ediatam ente, pois o «sujet» encontrava-se
em excelentes disposi?óes para concentrar o
seu pensamento.
«Tomei entáo a chapa que estava na sala
«A» e comecei a experiencia.
«Estava sentado em face do «sujet», tendo
a caixa sóbre os meus joelhos, com o lado
onde a letra estava escrita voltado para M.mfc
N agao, enquanto que M. Nagao se colocava*
como testem unha, a meu lado.
— 154 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
«O «sujet* começou por olhar fixamente
durante perto dum minuto a letra X, depois
fechou os olhos e juntou as mâos à altura da
fronte.
«Abriu depois os olhos e disse: — Bem
que náo saiba porqué, estou certa de ter im ­
primido qualquer coisa sóbre a placa por a
força do meu pensamento.
«Fui para o hotel, levando a caixa e naquela mesma noite desembrulhei a chapa.
«Encontrei o resultado s e g u in te :— A letra
X nao aparecía, mas urna inipressâo locali­
zada via-se nítidamente.
Éste resultado marcava o primeiro passo
na psico-grafia.
Psicografia
«As experiéncias, acrescenta Fukurai, foram entáo prosseguindo na ordem seguinte:
ta)
Perto das 8 horas da noite, de 27
de Dezembro, preparei duas chapas dentro
dum a caixa de cartâo e as 9 horas fui visitar
M.me Nagao.
«Deixei a caixa num a sala contigua à da
entrada (a que chamarei sala «E») e entrei
na sala «A» para saudar M. e M.me N ag ao í
— 155 —
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durante perto de 4 minutos a caixa foi deixada sem vigilancia na sala «E».
«Q uando voltei a esta sala, coloquei urna
das duas placas na dupla caixa composta de
• a» e «b» que deviam servir para a experiència.
«A outra placa foi envolvida num a tela e
deixada na sala B, sendo escondida de forma
a nao poder ser vista por fora.
«As portas de deslizar entre as salas A e
B estavam abertas.
•
De sorte que sentado na sala A podia
vèr o objêcto colocado na sala B.
eDesenhei entâo um círculo preto sôbre
uma fôlha de papel que coloqui sôbre a
tam pa da caixa *b», colocando esta sôbre
uma mésa que se encontrava em «A» e pedi
ao «sujet» para procurar pelo seu poder psí­
quico imprimir o desenho sôbre a chapa.
«O «sujet» aceitou e sentou-se diante da
sala, enquanto o snr. N agao e eu observávamos.
«No m om ento em que M.me N agao p ro ­
curava concentrar o seu pensam ento, um dos
seus filhos abriu uma porta de deslizar, e por
detraz dela olhou sorrindo para a sala A.
«Isto fez tornar difícil a concentraçâo do
pensam ento e o «sujet» pediu que se fizesse
— 156 —
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CÍÉNC1A
urna outra tentativa no quarto «D» que lhe
parecía mais próprio para o bom efeito da
mesma.
«Consentí e preparei urna outra expe­
riencia.
«Tirei a chapa, para fora da dupla caixa
e escondia-a no quarto «B» c o m e a n d o entáo com a experiencia. O «sujet» sentou-se
na sala «D. e eu tomei assento em frente
déla com a caixa nos meus joelhos e apresentando-lhe o lado onde estava a f ig u r a .
« O «sujet» fez uso do seu poder psíquico
segundo a maneira descrita mais acima e
por fim disse: — «Hoje estou certa de ter
impresso a figura sóbre a p la c a » .
«Quando a experiencia acabou, fui ao
quarto escuro do fotógrafo Ishikawa e desembrulhei as duas placas. Encontrei como
resultado, sóbre a chapa em pregada em se­
gundo lugar, o desenho dum a figura red on­
da, bastante mal definida, e nao encontrei
nenhum trago de impressao sóbre a placa
em pregada em primeiro lugar, na experien­
cia interrompida.
«Nesta experiencia o que é digno de
nota, é que nao foi com certeza durante o
tem po que estava sem vigia na sala «E-> que
a placa foi im pressionada; porque bem que
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tivesse ficado sem guarda durante perto de
4 minutos, só depois désse instante me d e ­
cidí a desenhar sobre u ¡ a folha de papel o
círculo preto que puz sob a acgao do «sujet» .
« Quería explicar-vos porque tinha deixado alguns m omentos antes da experiencia
a chapa no quarto « E • .
«M uitos objectarao, com efeito, que d u ­
rante éste tem po urna fraude podia ter sido
cometida. Declaro que isto nao era senao
um hábito ao qual as condigóes seguintes
obrigavam : Q uando nós faziamos outrora
experiéncia sobre a clarividéncia, entravamos
na sala «A» com todos os objectos e tomavamos entre éles aquéles que eram necessários a cada experiéncia; nestas circunstáncias, sucedia que vários objectos se apresentavam ao mesmo tem po e se confundiam no
espirito do «sujet>, de sorte que era difícil
decidir qual o que nós desejavamos que éle
nomeasse. Era esta a razáo porque ñas experiéncias seguintes entravamos na sala «A»
depois de ter deixado todos os objectos na
sala «E», onde nós íamos buscar no prin­
cipio de cada experiéncia aquilo de que
tinham os necessidade. Foi assim que éste
quarto se tornou um lugar onde nós tinha-
— 158 —
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
mos o hábito de depor os objectos e éste
hábito tornou-se uma condiçâo favorável à
co ncentraçâodo pensamento do «sujet». Como
se ve nao era senao um simples costume que
êle seguia para o seu trabalho psíquico e nao
maneira de tentar uma experiéncia fraudu­
lenta.
«ó) Ás 14 horas de 27 de Dezembro,
coloquei um a nova placa na caixa ta» e fui
a casa de M.me Nagao. C hegando, retirei a
placa escondida no meu bolso e deixei a
caixa no quarto «E» antes de entrar no quarto
«A«. Toda a gente acreditou que eu tinha
deixado igualmente a placa no quarto «E».
Entâo, sôbre um bocado de papel, desenhei
um rectángulo negro, coloquei sôbre a tam pa
da caixa «b* e pedi a M.me N agao que o
considérasse como o modelo que desejava
ver impresso sôbre uma placa fotográfica.
E n quanto concentrava o seu espirito no quarto
«D i, entrei no quarto «E», coloquei na caixa
«a» a placa que tinha guardado no meu
bolso, voltei para «A» e puz a caixa «a» na
caixa «b». Depois, com a dupla caixa, entrei
na sala «D» acom panhado de M .me Nagao.
Sentei-me em face do «sujet» como para as
experiéncias precedentes. Depois de ter con­
centrado o seu pensam ento e exercido o seu
— 159 —
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poder psíquico, disse: «Com certeza já im ­
primi».
«Fui im ediatam ente a casa do fotógrafo
e encontrei, desembrulhando a placa, o trago
muito nitido dum rectángulo negro!
«No decurso desta experiencia, tinha con­
tinuam ente guardado comigo a placa em p re­
gada, de maneira que posso afirmar que
nenhum a fraude tinha sido tentada com eia.
*c) Ás 16 horas menos 12 minutos voltei a casa de M.me Nagao com a caixa « a»
contendo urna nova placa e entrei no quarto
«A» depois de ter deixado a placa no qu ar­
to «E». Com o se passasse um certo tem po
antes que o «sujet» aparecesse, voltei à sala
«E» retirei a placa da caixa, pu-la no meu
bolso e voltei para a sala «A» ; eram 16 h o ­
ras m enos 6 minutos no meu relógio. A
placa nao tinha deixado de ser vigiada senao seis minutos. Quando o «sujet» chegou enfim à sala «A desénhei urna cruz
sobre um a folha de papel que coloquei só­
bre a tam pa da caixa «b» e informei M.m&
N agao de que era èsse o modèlo a reproduzir sóbre a placa. Q u an do ia para a sala
«D» disse-me eia — O senhor sabe que a
placa deve ser colocada na sala da entrada!
Bem que estas palavras tivessem sido pro— 160 —
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
GIÈNCIA
nunciadas sem que eia tivesse qualquer in­
t e n d o , fiquei um pouco surpreendido, ten­
do receio que eia nào visse, por clarividen­
cia, que a placa estava no meu bolso. Respo ndi-lh e: Està aqui no meu bolso, mas
vou pó-la na sala. Fui im ediatam ente à sala
«E» onde puz a placa na caixa «a», lugar
habitual. Eram entào 16 horas e 11 m inu­
tos. Q uan do voltei para a sala «A» o <sujet» trabalhava jà na sala «D». De novo fui
ao quarto «E» e trouxe comigo a caixa con­
tendo a placa que coloquei na sala «A» às
16 horas e 14 m inutos e 30 segundos.
Deste modo a placa tinha ficado 3 m i­
nutos e meio sem vigilància. Coloquei em
seguida a caixa «a» na caixa <b» e a expe­
riencia continuou, segundo o processo hab i­
tual. Q uando depois da experiència revelei
a chapa no quarto escuro, achei a marca leve
de urna cruz.
«No decurso desta experiència a placa
tinha sido deixada na sala «E», sem ser gu ar­
dada, durante 3 minutos e meio, a partir do
m om ento em que tinha feito o desenho da
cruz e que a tinha mostrado ao «sujet».
Mas as duas experièncias precedentes tinham
dem onstrado a autenticidade da psico-grafia
De sorte que nào se tratava, na terceira expe— 161 —
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rie n d a , senáo de demonstrar uma coisa já
evidente.
«A psico-grafia de que tinha p r i m e r a ­
mente emitido a hipótese, acabava néstes
dois dias e por estas experiencias, de me
aparecer como uma realidade.
«Tinham uma importáncia táo funda­
mental que nao quiz que nenhum outro, álém
de mim, se ocupasse da sua preparagáo, carregasse as placas, apresentasse o modelo ao
«sujet», ou revelasse as provas. Pensei que
seria preciso seguir éste método, se se quizesse ap an har a verdade dos factos e afastar
toda a suspeita. A psico-grafia, pelo menos
para mim, tornava-se por estas experiencias,
um facto definitivo. As experiéncias feitas
em seguida, nao tiveram por fim senao m e­
dir as condigoes e as variagoes do fenómeno
e n2o reconhecer a possibilidade ou impossibilidade do facto.
«Já nao tinha que vigiar eu mesmo todos
os pormenores, e foi com a ajuda de outras
pessoas que conduzi as experiéncias que
seguem.
«d) No decorrer dos trabalhos, obtivemos psíco-grafias semelhantes. O m étodo
seguido foi o que tinham os em pregado antes;
— 162 —
OS
FILTROS
DO
AMORE
A
CIENCIA
portanto n3o farei nova d e s c r i v o néste breve
telato.
«Numa outra experiencia feita pelo Dr.
Imanura, professor da Universidade Imperiai
de Kyato, quando eu estava ausente e retido
po r negocios em Kobe, procedeu-se déste
m odo.
Pelas 10 horas de 4 do 1 de 1911, o
Dr. Imanura foi ver M.me Nagao. Foi acom^ a n h a d o por M. Minamoto, M. Fujiwara e
p o r outros ainda. Com urna dupla caixa con­
ten d o 3 placas sobrepostas, entrou na sala
«E», o nde deixou a caixa e as placas e depois
n a sala «A», onde explicou ao «sujet* q u e a s
très placas estavam um as sóbre as outras e
q ue se tratava de inscrever a letra que lhe
agradasse sóbre a do meio. M.me N agao co n­
s e n t a e proproz a letra X. Segundo a expli­
c a d o dela, tinha escolhido esta letra porque
o seu desenho se ligava com a forma das
tres placas sobrepostas.
«Foi para o quarto «D» e comegou con­
centrando o pensamento. O Dr. foi buscar a
caixa cotendo as placas ao quarto «E», e,
acom panhado por M. Fujiwara e M. N agao,
entrou no quarto «D>, onde se sentou em
frente do «sujet», tendo a caixa sóbre os
joelhos. M. Fujiwara e M. N a g ao sentaram-se
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ao lado do Dr., corno observadores. A acgao
psíquica comegou às 10 e 30 e terminou
dai a 41 segundos. O «sujet» disse e n t à o : —
Vi as très placas urna ao lado da outra, no
sentido de espessura, e actuei sóbre a do
centro.
«M. Imanura, M inam ato e Jujiwara, levaram as 3 placas para a cámara escura, reve-laram nas juntas e acharam na do centro o
trago muito nitido da letra X, enquanto que
nada se via ñas placas laterais. A experiència
demonstrava déste modo que o poder psí­
quico era capaz de actuar directamente sòbre
a placa central, sem influenciar as outras duas.
A propósito do Dr. Imanura, quería contar
aquí urna anedocta sóbre a psico-grafia, que
aconteceu, contudo, muito mais tarde. A
maior parte dos jornalistas científicos vindos
de Toquio e Ozoka a M arugatna, para fazer
o relatório das nossas experiéncias sóbre éstes fenómenos extraordinários, continuavano
a duvidar da realidade da psico-grafia.
«Foi por isso que, penetrando no hotel
onde se tinha hospedado Imanura, alguem
lhe falou desta maneira :
«Corre que a psico-grafia, descoberta pelo
Dr. Fukurai, é urna fraude...
«A pesar de pensarm os que nào é n e — 164 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
cessário seguir a opiniao pública, ficariamos
contentes, se pudessem mostrar um facto
dig n o de afastar as suspeitas. Além disso,
esperando ficar convencidos pela evidencia,
ficamos embarazados, dada a nossa ignoráncia do problema e as poucas coisas que
podem os relatar ao público. O que vam os
pedir, é que nos demonstre a verdade das
experiéncias da psico-grafia, feitas com M.me
N a g ao e por isso para nos mostrar uma placa
q ue obtiverdes na ausencia do Dr. F u ku raí;
porque se a experiencia tiver lugar sem éle
lá estar, podem os crér o seu resultado como
verdadeiro. Pedimos, pois, para fazer uma
d e m o n s t r a d o com uma placa que a p o s e n ­
tareis vos mesmo.
«O Dr. Imanura fez a experiencia para
os satisfazer, escolhendo um m om ento em
que me encontrava ausente e obteve o resul­
tad o habitual.
*e) Durante os 5 ou 6 anos que seguiram a morte de M.me Nagao, vimos aparecer
seis «sujets» de valor, embora nao possuíssem precisamente as suas qualidades. Falarei sómente de dois déles, a propósito dos re ­
sultados obtidos com I. W a ta n a b le e K. Mita.
•
No espago de um ano, Fevereiro de
1918 a Janeiro de 1919, fizemos 5 experién-
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A
d a s com W a ta n a b le e obtivemos sete psico-grafias. Estas experiéncias foram feitas com
o concurso de professores da escola elem en­
tar de Nischikatsura, no departam ento de
Yamanashi. O m étodo foi muito rigoroso e
merece que se fale déle, embora sucintamente,
pelo m enos sóbre um ponto.
«Ás 15 horas do dia 22 de Abril de 1918
os professores, em núm ero de nove, reüniram -se num a sala da aula para fazer urna experiéncia de psico-grafia, tendo W atanable
com o «sujet».
« Comegou-se ás 15 h. 1/ 2, da maneira seg u in te : M. Koma, o director da Escola, c o locou urna caixa de seis placas, com pleta­
m ente fechada, s ó b r e u r n a m e s a p o s t a
nu m estrado. O «sujet» entrou na sala, p a ­
rando á distancia da mesa, cerca de l , m5CL
« Com a adesáo das pessoas presentes,
escolheram-se tres assuntos para serem rep ro d u z id o s :
« 1.° — As tres letras « A. B. C.». Foram
escritas pela máo de M. Serizawa, director
da escola, sóbre urna folha de papel regrado.
«2.° — A letra «D» que estava escrita só­
bre um quadro, no meio da sala.
« 3 .° — As letras « Z. Z . », que significavam o no m e do « s u je t» .
— 166 —
OS FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
« Os assistentes pediram ao «sujet» que
o primeiro assunto fòsse reproduzido sôbre
a segunda das seis placas, o segundo sôbre
a quinta e o terceiro sôbre a sexta.
« O «sujet» consentiu e começou a c o n ­
centrar o seu pensamento. O tem po que
levou o traballio psíquico para a segunda e
quinta placas foi de cinco minutos para cada
u m a; foram precisos 7 minutos para a últi­
ma. Q uando tudo acabou, M. Yoneyama e
très outras pessoas levaram as placas para a
cámara escura da escola e, desem brulhando-as, descobriram o seguinte:
« As très placas, a segunda, a quinta e a
sexta foram colocadas no banho no mesmo
momento. Depois de oito minutos, as le­
tras apareceram sôbre a segunda placa; dez
minutos mais tarde a letra apareceu egu a l­
m ente sôbre a quinta placa.
«Sôbre a sexta placa nâo apareceu nada,
nem mesmo ao fim de 18 minutos.
t f ) Quereria, em último lugar, expór
os resultados psico-gráficos obtidos com o
«sujet» Mita. Obtive com èie cinco psico-grafias.
« N a m anha de 11 de Agosto de 1917,
no curso superior feminino da cidade de
Amagasaki, no departam ento de Hyogo, fo-
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ram feitas na sala de conferèncias, experien­
cias de psico-grafia. Contando estudantes
da escola e curiosos, havia urna assistència
de peito de 300 pessoas. Depois que M. O.
abriu a secgào por urna conferencia notável,
decidiu-se, por unanimidade, a ordem do
dia seguinte :
« 1.° — Urna mesa seria colocada no fundo
da sala para ai depór as placas e películas
fotográficas.
«2.° — As placas e as películas ficariam
sob a vigilància de M. C. Sakurai, Presidente
da Cám ara de Amagasaki,
« 3 .° — As psico-grafias deviam ser registadas sóbre filmes nào abertos. Havia dois
déstes filmes, tendo um M. Harada, colabo­
rador do jornal «Taigo Nippo», e o outro M.
C hiuma. A sorte decidiu que seria o de M.
C hium a que seria empregado.
«4.° — A revelagáo do filme seria c o n ­
fiada a M. I. Sakai, fotógrafo de Amagasaki.
*5.” — M. Sakurai, Ohtenka, um especta­
dor e o Dr. Fukurai estariam presentes à revelagáo.
«6.° — Para a escolha dos assunto* a reproduzir, os assistentes proporiam 2, as palavras Amagasaki e do hospital Chiuma.
«. Mita disse entào : Se o assunto é tirado
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OS
PILTROS
DO
AMOR
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CTÉNGIA
à sorte, pego para ajuntar àspalavras jà propostas as letras que estào escritas no quadro
pendurado da parede desta sala».
«Os assistentes aceitaram a proposta e o
acaso quiz que fòssem designados entre os
très assuntos, as letras escritas no quadro.
« Acabados os preparativos, comegou a
experiéncia. Mita subiu a um estrado, sentou-se numa cadeira cérca de 22.m da mesa
onde se encontravam as películas. Concentrou o seu pensamento durante quatro m i­
nutos, a-fim-de ver por clarividéncia o inte­
rior do filme e conhecer os seus detalhes.
Depois dum a nova c o n c e n tra d o do pensa­
mento, que durou um minuto e quarenta se­
gundos, realisou-se a psico-grafia sóbre a
película enrolada.
« Sakurai levou ¡mediatamente o filme
para a cámara escura do fotógrafo S akai.
Ohtsuka e eu seguimo-lo e vigiamos atenta­
mente a re v e la d o . As letras apareceram
distintamente. Sakurai voltou à sala para
anunciar o resultado ao público, que se retirou satisfeito.
« g ) Na tarde de 10 de Fevereiro de
1917, pediu-se a Mita para se prestar a urna
experiéncia pública de psico-grafia, na g ra n ­
d e sala de r e c e p d o da prefeitura de Na-
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goya, sob os auspicios do jornal de Nagoya,
intitulado «Maimich Shimbum». Havia perto
de 3.000 pessoas e a sessáo foi coroada de
sucesso. Tam bém estive presente, misturado
com a multidáo, e segui com interésse o d e ­
senrolar dos trabalhos.
«M. Iwata, que dirigía o «sujet», pediu a
um fotógrafo da cidade para lhe levar 12
placas rectangulares, ainda fechadas na sua
caixa e colocou-as deante de M. K. Kauzu,.
oficial do estado maior da 3.a divisáo, que
assistia como espectador. Pediram-lhe para
vigiar as placas. O público propoz entao 3
assuntos, afim de serem reproduzidos pela
psico-grafia: um retrato do governador Matsui; um retrato dum soldado a cavalo; e um
retrato do principe Katsura, datando da época
em que éle era primeiro ministro. Depois,
por maioria de votos, decidiu-se deixar a M.
Kauzu a possibilidade de escolher, de entre os
tres assuntos, aquéle que quizesse para a
experiéncia. Decidiu. O retrato do príncipe
Katsura seria reproduzido sobre a sexta placa.
«Mita sentou-se sobre um a cadeira no
meio do estrado, fechando os olhos para
concentrar o seu pensamento, afim de reproduzir o retrato sobre a placa colocado na
mesa diante de Kauzu. A distáncia que s e p a -
— 170 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
B A
CIENCIA
rava Mita de Kausu era pouco mais ou menos
de 6 metros. Ao fim de dois minutos Mita
abriu os olhos e disse:
«Certamente está já reproduzido sóbre a
sexta placa».
«Entao Kausu colocou o embrulho de
placas no seu bolso, entrando na cámara
escura do fotógrafo de Iwaka, aco m panhado
por 3 testemunhas, desembrulhando as placas
sob os seus olhos. Quarenta minutos mais
tarde, Kausu voltava e fazia a narrativa seguinte á assembleia:
«Comegamos por desembrulhar a sexta
placa, sóbre a qual apareceu o retrato dum
hom em vestido de sobrecasaca, com condecoragoes no peito. Mas a fisionomía está tao
indistinta que nao nos é possível afirmar ser
o principe.
«Desembrulhamos por curiosidade as p la­
cas 5 e 7 que rodeavam a sexta, e, com
grande surpreza nossa, vimos aparecer qualquer coisa no ángulo de cada urna délas.
Nao reconhecendo logo o que fósse, a p ro ­
xim am os as duas placas, vendo entáo desenhar-se a letras A e B.
«A assembleia ficou muito intrigada com
éste acontecim ento e a sessüo foi levantada
no meio de um vivo sucesso.
— 171 —
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«Sao precisas algumas e x p l i c a r e s para
com preender esta experiéncia. Primeiro, os
tragos fisionómicos do príncipe Katsura nao
se lhe assemelhavam e estava-se em frente
do retrato de outro hom em . Na m inha opiniao, o «sujet» tinha tido a intengao de reproduzir por psico-grafia o retrato do prín­
cipe, mas a idea subconsciente do retrato
de outro homem lhe tinha vindo, tendo-se
reproduzido sóbre a placa, de que ela tinha
excluido o retrato do príncipe. Nao foi só
esta a única vez que pude observar éste fe­
nóm eno no curso das m inhas experiencias
de psico-grafia.
«Em segundo lugar, a psico-grafia das
letras A e B creio ser devida igualmente a
um a idea subconsciente, porque, segundo o
qu e o «sujet» me disse, a sua intengáo nao
tinha sido reproduzi-las. Mas como explicar
agora que os caracteres tenham sido repar­
tidos pelas duas placas? Para isso é preciso
fazer urna pequeña digressáo. Encontrei pela
primeira vez o «sujet» em casa dum dos
meus amigos, M. Tsuboi, a 8 de Fevereiro
de 1917. Nesta época, o «sujet» tentou reproduzir as letras A B sóbre urna placa que
lhe apresentei, mas nao o conseguiu. Depois
da experiéncia, conversando com éle sóbre
— 172 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
o problema psíquico, insisti, particularmente
sôbre este ponto.
«A energia psíquica age no espaço de
uma maneira transcendental, desafiando as
leis da matèria. Sem alterar duas ou très pla­
cas sobrepostas, posso reproduzir um a figura
sám ente sôbre a do meio e isto è um a acçâo transcendental. Este poder que tem o
pensam ento de realisar um tal fenómeno é o
que o caractérisa melhor, diferenciando-o
radicalmente da matèria. Partindo desta natureza inerente ao Espirito, pode-se concluir
que o «sujet> é capaz de nâo supór como
um a distancia, o espaço que separa duas
placas fotográficas e que as pode considerar
como nâo sendo mais que uma. Ora se chega a pensar que duas placas nâo sâo senào
uma, e se procura reproduzir ai um objecto
por psico-grafia, só se terà a reproduçâo
completa déste objecto juntando as duas pla­
cas depois da experiència. Ainda nâo conduzi experiència alguma, segundo esta hipó*
tese, mas tenho a convicçâo de que se reali­
zará logo que seja tentada ».
O «sujet» estava completamente de acórdo sôbre éste assunto e quando dois dias
mais tarde, a 10 de Fevereiro, se fez em
N ago ya a experiència pública de que acabo
— 173 —
E S P I R I T O ,
M A T E R I A
E
V I D A
de íalar, as letras A e B apareceram quando
se juntaram as duas placas. Pode-se portan­
te concluir déstes tactos que a idèa sub­
consciente das letras A B que já tinham si­
do objecto de um trabalho psíquico no dia 8
de Fevereiro, tinham tido, segundo a m inha
teoría, urna influencia inconsciente ñas ex­
periencias de 10 de Fevereiro de 1917. O facto
das letras terem sido reproduzidas sóbre urna
placa rodeada de outras sem que estas últi­
mas fóssem iníluenciadas, provava com ple­
tam ente a hipótese que eu tinha emitido re­
lativamente à transcendencia do espirito em
r e l a j o ao espago.
Espirito, M atèria e Vida
« O problema das relagóes entre o Espi­
rito, a Matèria e a Vida è o mais àrduo para
a ciéncia e filosofia. Desde a antiguidade,
muitas idèas foram emitidas sóbre èste as­
sunto por filósofos e sábios do oriente e
ocidente. Por meu lado, baseando-m e sóbre
as experièncias que acabo de relatar, declaro
conformes à verdade, os preceitos seguintes :
«1.° — No universo existe um poder no-
— 174 —
- OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÈNCÌA
tável, diferente, por sua pròpria natureza, do
po der físico e a que cham o Espirito.
«2.0 — A acçâo do espirito nâo está sub*
metida às leis da matèria. Se com um raio
material qualquer, por exemplo, com um
raio solar, se quizer impressionar urna placa
fotográfica colocada entre outras duas, será
preciso primeiro agir sôbre a primeira para
atingir em seguida a do centro. O Espirito,
pelo contràrio, pode agir directamente sobre
a placa do meio sem influenciar as duas
outras. P ortanto o Espirito é transcendente
em relaçâo às leis da matèria. E isto é p ro ­
vado ainda pelo facto do Espirito poder im ­
pressionar urna película no meio de um filme
n áo desenrolado.
«3.° —Qual o poder que leva o espirito
a libertar-se assim das leis da m atèria? O
poder da vontade: Tomemos, por exemplo,
uma dúzia de placas empilhadas. Se o E s­
pirito quer agir sôbre a terceira, pode agir
sóm ente nessa, sem influenciar as outras 11,
das quais duas estáo colocadas antes e 9
depois. Tomemos também um rólo de p e ­
lículas nao desenroladas: se o Espirito o
quer, pode imprimir letras sôbre um a d as
películas sem alterar as outras. Portanto o
Espirito pode agir inteiramente segundo a
E S P t R I TO,
M A T E R I A
E
VI DA
sua pròpria vontade. É um poder determi­
n ado por si pròprio.
«4.°— Para querer, o Espirito deve ser
consciente; porque a funçâo da consciéncia
é de escolher a direcçâo da acçâo, o que é,
pròpriamente, querer. Portanto ser concien­
te significa tam bém agir na direcçâo escolhida. Mas se várias im agens aparecem ao
m esmo tem po na consciéncia «os quereres»
opôem-se e anulam-se sem produziar acçâo.
Assim, para agir com força num a direcçâo
única, é preciso que nào haja mais do que urna
im agem na consciéncia, no momento de
acçâo ou entâo é preciso que as diferentes
im agens se reünam no mesmo feixe. A
acçâo psicológica, graças à qual urna única
im agem aparece ao mesmo tem po na cons­
ciéncia, ou se há várias e elas se ligam num a
mesm a unidade, chama-se, em japonés, Seishin-Toitsu. Seishin significa espirito e Toitsu
significa concentraçâo ou unificaçâo. O «su­
jet» tem o poder de concentrar o seu espi­
rito a um tal ponto sôbre um tal objecto,
por exemplo, sôbre um a letra a reproduzir»
que tôda a outra im agem é afastada da sua
consciéncia.
•Por isso Seineshi-Toitsu, a vontade de
— 176 —
OS
FILTROS
DO
AMORE
A
CIENCIA
reproduzir a letra sóbre a placa fotogràfica,
realiza-se e obtem-se a psico-grafia.
«Todas as preposigòes aqui mencionadas
nao sào simples hipóteses criadas pela im a­
g i n a d o . Sào um facto da actividade psíqui­
ca demonstrado pela experiéncia. Éste facto
nào é talvez senào um facto supremo que
explica os outros fenómenos da vida, mas
nao pode ser explicado por éles.
«Tomemos, para exemplo, as relagóes
entre o espirito e a matèria.
«Como é que o espirito pode actuar sobre
a m atér a? N áo o posso explicar, tudo o
que posso dizer, é que me acho em presen­
t a dum facto: o Espirito actúa sóbre a m atè­
ria. Isto è da pròpria natureza do E spirito:
nao o posso explicar; é um facto.
5 .° — O que é a vida? O fisiologista res­
ponde que é a c irc u la d o do sangue, a res­
p i r a d o dos pulmóes, a digestao dos alimen­
tos e assim por diante.
«E o que è bem certo é que sem estas
fungòes a vida nao existiría. Mas isto è sómente um aspecto da vida, aspecto super­
ficial e nao toda a vida. Esta exposigao
puram ente fisiológica, nao toca na pròpria
essència da vida, na teleologia. As células do
nosso organism o contam-se por milhòes e
— 177 —
12
E S P I R I T O ,
MA T É R I A
E
V I D A
sao outros tantos milhoes de individuos. Nenhum é exactamente semelhante ao outro,
cada uma dessas células possue uma consti­
t u i d o que lhe é própria e que a caracteriza.
«Mas constituem, pela sua reuniáo, um
corpo completo, como os músicos constituem
um a orquestra, grabas á vontade comum de
criar a sinfonía. Assim um músico pode tocar
a sua partitura sem abandonar a sua personalidade. Do mesmo modo cada célula par­
ticipa dum a vida maior e contribuí para a
c o n s titu id o dum corpo organizado, sem
perder a sua individualidade. Sem diferenga
entre os individuos nao há o r g a n iz a d o possivel. N ao há o r g a n iz a d o tam bém sem
um a vontade comum de atingir o mesmo
fim. Para constituir um conjunto organi­
zado é preciso, com a pluralidade dos indi­
viduos, um a vontade ú n i c a ; os dois devem
misturar-se sem se confundirem. Na seita
búdica de Shingan, chama-se a isto Ichita-Sosuku e Ichi, quer dizer um todo numeroso
e Sosuku que se penetram uns nos outros.
Os individuos sao num erosos e a vontade é
una. Estes individuos e esta vontade penetram-se m utuam ente para formar um todo
organizado. Tal é o Ichita-Sosuku. S egun ­
do éste principio os milhoe. de células tor-
— 178 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
B A
CIENCIA
nam-se um sêr organizado que é o sêr vivo.
A vida nào é pois urna simples respiraçâo
dos pulmôes, uma simples digestâo dos alialimentos. Cada parte do sêr vivo, trabalha
para realizar a vontade comum, g uardando,
contudo, a sua personalidade e, assim, se constitui o sêr organizado. Dizendo de outra
maneira : — a vida é uma acçào teleologica.
Mas graças a que acçào ideolò gica é a vida
possível? Respondo: graças ao Espirito. O
Espirito, que por um lado divide a materia
em numerosos individuos, os reúne, por
outro lado, num todo. A diferenciaçâo e a
Unificaçào sào as duas funçôes irmàs do
Espirito.
«6 ° — O Espirito actúa pela vontade s o ­
bre a matèria, segundo o principio de Ichita-Sosuku, e assim nasce a vida. É o que na
filosofia Shingan se chama o Butsuskin-Sosuku, Butsu — m a t è r i a kin — espirito
sosuku — que se penetra um ao outro.
«C onsiderando assim, a Vida é um fenó­
m eno semelhante ao da telegrafía sem fios.
O uvim os os sons saír do aparelho receptor,
mas éste aparelho nào pode funcionar sósinho. A verdadeira cantora é a onda eléctrica
que se propaga no ar. Mas esta onda, tam ,bém, nao pode produzir um som sem o con-
— 179 —
E S P I R I T O ,
M A T E R I A
E
VIDA.
curso do aparelho. Deve actuar sobre o re­
ceptor para se fazer ouvir. A onda é a
cantora e o aparelho é o «sujet», pelo qual
eia se faz ouvir. Do mesmo modo o Espi­
rito é o creador da Vida, mas a matèria é o
«sujet* que Ihe permite viver. As ondas
existem em tòda a atmosfera e em qualquer
lugar onde se encontre o aparelho e a can­
tora é ouvida. O espirito está por tóda a
parte no Universo e por tóda a parte onde
há matèria o espirito vive. A vida assemelha-se, pois, à telegrafia sem fios. Há, contudo, urna grande diferenga entre os dois
fenóm enos: n o primeiro, é preciso que seja
o homem e nào a onda quem construa o
aparelho. A on d a nào pode tornar-se canto,
senào num aparelho preparado. Na vidar
pelo contràrio, o Espirito constrói o apareiho, tirando-o da matèria que èie espiritualisa. F az saír o «sujet» da matèria. Além
disso, o espirito procura viver uma vida sem ­
pre maior, quer dizer, espiritualizar cada
vez mais a matèria que organizou, a-fim-de
a tornar um «sujet» mais perfeito e dai vem
o desenvolvimento de todos os séres vivos.
De todos èstes séres, o homem è para o Espi­
rito o melhor «sujet», mas nào o è completo*O Espirito quer torná-lo melhor e o hom em
-
180
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
esforça-se por o conseguir, avançando sem ­
pre mais adiante sôbre este cam inho como
um peregrino, esperando atingir a Terra
Divina, sem conceber no seu pensamento o
q ue eia seja, mas im aginando por intuïçâo o
q ue possa ser. A inteligência de tôdas as
coisas nâo se adquire senâo chegando a
essa Terra e enquanto ai nâo chega, o homem caminha sabendo sômente que o fim a
atingir se encontra là.
«S eg u n d o a filosofia «Shingon», tôdas as
co isas do Universo sâo o »sujet» de Deus.
Cada grâo de areia, cada gota de água, cada
ervinha, cada sôpro de vento, tudo fala a
linguagem de Deus. Dai o nom e de « S h in ­
gon > « Shi,' » — verd.ad.eiro « gon » — palavra. O Shingc-i, é pois, a verdadeira Palavra
de Deus. Mas Palavra nâo é tom ada aqui
no seu sentido corrente, é uma palavra es­
condida nas coisas e é por isso que o S hin­
gon se chama, às vezes, «M itugo» querendo
«Mitsu» dizer segrédo e « go » — palavra.
Déste modo o Shingon nâo pode ser compreendido pela inteligência, mas pela intuïçâo.
A intuïçâo é a faculdade sagrada da alma
hum ana, graças à qual o homem se pode
penetrar do Espirito. Com o disse M. Berg.son, o homem nâo pode com preender o seu
—
181 —
E S P I R I T O ,
M A T E R I A
E
V I D A
«eu» íntimo senao pela intu'ígáo e nao é se*
nao pela intuidlo que ele pode conhecer a
Realidade. Há algum a coisa na filosofía
Shingon que se aproxima do Bergsonismo.
É o que é expresso na bela palavra «Nyojitsu-Chi-Jishin, em que «Nyojitsu» — como é
na realidade; « C h i» conhecer e «Jishin» a
m inha própria alma. O conjunto da palavra
significa p o i s : « conhecer a m inha alma em
tóda a sua verdade» .
« N a filosofía Shingon, a alma hum ana é
urna parte do Espirito, do mesmo modo que
a água do mar que im pregna urna esponja,
é urna parte da água do océano.
* A alma hum ana procede da mesma es*
séncia que o espirito. De sorte que co nhe cendo a sua própria alma, o homem pode
conhecer a realidade do Espirito. Tal é a
única maneira de conhecer o Espirito na sua
verdade. Mas um tal conhecimento nao p ode
ser intelectual, porque a inteligencia nao conhece senáo o m undo das coisas d e te rm in a d a
pelas leis da matéria, enquanto que o Espi­
rito está liberto destas leis e nao tem nada,
como eu já disse, dos atributos da matéria.,
N ao pode pois ser conhecido, ou antes atin­
gido, senáo pela i n t u i d o e nunca pela inte­
ligencia raciocinada. E ’ esta a razao p o rq u e
—
182 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
B
A
CIÊNCIA
tôdas as filosofías da India, consideram a
intüiçâo como a faculdade mais elevada e a
mais sagrada da alma, sendo o primeiro dever dos sacerdotes o cultivá-la.
«Procurem os im aginar um tem po em que
a matèria nào tivesse ainda sido espiritualisada. Estaría entào num estado sein formas
definidas— num caos. Procuremos im aginar o
m om ento em que o Espirito tivesse com eçado a actuar sobre a matèria. Teria entào
tom ado um a forma, ter se-ia unificado e or­
ganizado, legando-se as diferentes partes
urnas às outras, sôbre a lei do *Ichita Sosuk u . . Assim, o Espirito teria feito sair do caos
o Cosmos. O caos, posto que sem formas,
sem unidade nem organizaçào, está mergulhado no fluido espiritual e tem a possibilidade de tornar um a matèria organisada e
unificada. E ’ esta a possibilidade que a fi­
losofia Shingon, cham a a razào; o caos è o
m undo da razào; a-fim-de fazer sair o Cos­
mos do caos, a razào deve espiritualisar a
matèria e para fazer isto deve escolher a direcçào da acçào. N a filosofia »Shingon» o
despertar da razào chama-se Sabedoria. O
Universo iluminado pela Sabedoria è c h a­
m ado o «Mundo da Sabedoria». Assim,
graças à espiritualizaçào da matèria, o U ni­
— 183 —
E S P I R I T O ,
M A T È R I A
E
V I D A
verso caminha desde o m undo caotico da
razào para aquèle ordenado pela Sabedoria.
O poder da razào é infinito, mas o seu des­
pertar é gradual, de maneira que a espiritua­
l i z a d o da materia nao pode fazer-se de urna
vez sòmente e estagnar. E ’ um progresso
sempre em movimento, para urna organiza­
d o sempre mais perfeita que a matèria.
Assim, no trabalho de construgào de um cos­
m os absoluto, tódas as partes da matèria
concorrem como obreiros da grande emprésa
do Universo.
«7.° — Mas pode preguntar-se: «P o rqu e
o m a l? » Porque esta guerra entre o bem e
o m al? Se todas as coisas, no Universo,
trabalham juntas para o mesmo firn e sáo
operários, cooperando no mesmo trabalho,
devem trabalhar de harmonía, fraternalmente,
e assim nào devia haver nem mal nem des­
t r u i d o , nem p e r tu r b a r e s . Mas o tacto de­
monstra que há um mal e que a guerra é
sem fim entre os dois principios do mal e
do bem. P orqué? E ’ o que vou tentar ex­
plicar aqui.
«A esp iritu alizad o da matèria nao pode
fazer-se segundo um progresso uniforme.
Vai uniformemente durante algum tempo;
depois procede por s a l t o s bruscos. Um
— 184 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
corpo vivo que acaba de ser espiritualizado,
fica sòbre o mesmo patam ar durante longo
tem po, transmitindo as suas faculdades à sua
descendencia, até que urna nova espirituali­
z a d o e um novo salto se produz. Conti­
nu and o na nova via que lhe está aberta o
sèr vivo limita-se a fazer viver e a transmitir
a faculdade que ele venceu, mas dando-lhe
urna vida mais estável, mais sólida; um dia
chega em que o ser vivo é capaz de fazer
automáticamente, como urna m áquina, cer­
tas acgóes, sem ter necessidade da consciéncia délas. Dai os reflexos fisiológicos e os
instintos inactos, que podem ser classificados
no autom atism o puro. Mesmo muitos fenó­
m enos da matèria, que sào mecánicos, tém na
m inha opiniáo o Espirito por origem. Ficam
assim tem pos incalculáveis, esperando ser
d e novo despertados por um a segunda espi­
ritualizado» que os conduzirá a um novo
patamar, mais elevado da vida, fazendo evo­
lucionar a matèria orgànica.
«E ’ necessàrio ao ser vivo, para facilitar
a sua vida, que um a nova f u n d o adquirida
pela esp iritualizado, se consolide, a ponto
de se tornar, por a re p e tid o , um mecanismo
automático. Q uando tal se dà, esta f u n d o
perde o seu interèsse espiritual e a vida pa-
—185 —
B I
X )
S
O
F
I
A
.
rece tornar-se um simples processo material,,
sem Espirito, sem valer a pena ser vivido.
Este estado nâo é tolerável para um sêr vivo
possuíndo um a alma que procura elevar-se
como a do homem».
E a tese, curiosissima, continua — num
crescendo de fervor científico, aliado a um
grande fervor religioso, que nâo temos o
direito de censurar, porque nào possuímos
— nem nunca possuiremos talvez — uma
noçâo absoluta da Verdade.
Biosofia
Como a d u a m os centrípetos e centrífugos
congénitos
Os centrífugos, como já dissemos, irradiam em tôdas as direcçôes e essa irradiaçâo
polidireccional esgota-os, deblita-os, até ao
ponto de ficarem irresistivelmente présos,
sem forças para esboçarem, sequer, o mais
leve vestigio de luta, quando, movidos p o r
um grande centro de energia, sâo forçados a
irradiar num a única direcçâo.
Infelizmente para a hum anidade, a esmagadora maioria dos habitantes do nosso glòbo
— 186 -
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
Torturados pela ddr que os do­
mina, os centrífugos ajoelham, desfeitos em pranto, aos pés dos cen­
trípetos que os avassalam.
— 187 —
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
C1ÈNC1A
é constituida por centrífugos congénitos; e,
excepgSo feita para a minoría que estuda o
autodominio (i) ou usa acumuladores de
energia, como o «Kiss» e o «Maykiss»
hipno-magnéticos, essa quási totalidade dos
sères, uns noventa e seis ou noventa e sete
por cento, continua a gravitar, inconsciente­
mente, até à morte, em torno de ilusòes que
se desfazem como o fumo ou de quiméricas
fantasías que nunca se transformam em rea­
lidades concretas.
Os centrífugos congénitos lutam aínda
contra a impossibilidade, i m p o s t a pela
heranga dos seus maiores, de acumularem a
m enor parcela de potencial subtil. O mais
consciencioso cálculo egométrico nào con­
segue descobrír e m .to rn o déles uma única
partícula da fórga excelsa que sabe dom inar
e impór. À medida que criam potencial,
esbanjam -no em todas as direcgSes e, se há
um foco poderoso que os «sugue», uma
sedugao gigantesta que os avassale, principiam por adoecer e acabam, inconscientes,
nos bragos de um psiquiatra ou ñas garras
assustadoras da morte. Assemelham-se aos
(!)
V^idé» Pode dominar-se o acaso !»
— 189 —
B
I
O
S
O
F
I
A
grandes faladores prosapiosos e gabarolas
que, à força de comunicarem tudo quanto
sabem, sentem ou pensam, acabam por nâo
representa rem mais do que o v àcu o!...
Apesar disso, em circunstâncias extrêmas,
chegam a causar fenómenos tremendos —
pelo menos de perturbaçâo.
Eis um exemplo trágico daquilo que um
centrífugo «in-extremis» é capaz de fazer e
— coisa cu rio sa !— de originar em volta de
si, quando o foco de atracçâo, ap an had o de
de supreza, nâo pode resistir ao choque de
retorno da sua própria energia — outrora
exteriorizada. Trata-se da «Baia Hum ana»,
da desastrosa morte do artista universalmente
conhecido pelo nom e de Ralph Cawder.
O facto, rarissimo, que teve lugar em
Paris, em 1927, e nèsse mesmo ano foi registado por nós ñas páginas de «O M undo
Científico» (2.° vol.), é o seguinte, que transcrevemos textualmente :
«Sâo onze horas e meia da noite. Um
cartaz luminoso anuncia o núm ero d o z e — o
último da sessao.
«A orquestra executa um «paso-doble»
cheio de vida, enquanto no palco, ocultos
por um vistoso pano alegórico, os maqui-
— 190 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
nistas desm ontam os trapézios do »nùmero*
anterior e arrastam para o centro um enorme
can hào de ferro.
«Na plateia imensa, onde nào é possivel
encontrar um único logar vazio, ondula urna
atmosfera de assombro.
«Ñas galerías ouvem-se gritos de dór. É
a gente humilde que se aperta, que se esmaga
para conseguir um logar um tudo-nada mais
perto do palco. Nos camarotes, semi nuas e
deslumbrantes de pedraria, as mulheres trav am os sorrisos e, num silencio quási abso­
luto, pensam na grandiosidade da prova que
es tá prestes a realisar-se.
«De repente, a mùsica cessa, o pano sobe
e Ralph Cawder, gentil, estilisado, aparece
no palco.
«Estrugem as palmas em unisono. Ralph
curva se, elevando ambas as màos ao cora?ào
e a mùsica continúa de novo, enquanto os
très ajudantes do arrojado acrobata montam
o niquelado trapèzio e carregam o canhào.
«— O exercício, com enta um engenheiro
na plateia, è dos mais arriscados que se tèm
visto.
«O aparelho, semelhante a um canhào
gigantesco, possue urna grossa mola em espi­
rai, cuja potencia está sábiam ente calculada
— 191 —
B
I
O
S
O
F
I
A
para projectar o acróbata a determinada al­
tura. Essa mola, mom entos antes do paño
subir, é comprimida até ao máximo por um
sistema de engrenagens adaptado a urna m a­
nivela de longo brago. Ao ouvir-se a deto­
n a d o , que só serve para dar mais efeito á
prova, a mola arrasta até á boca um prato
metálico e, com éle, o arrojado projectil
h um ano que, em virtudeda velocidade adqui­
rida, é arremessado á altura do trapézio.
Tudo isto está muito bem calculado, é certo;
mas, se um dia Ralph, por qualquer circunstáncia, n ao se agarra a tem po ao seu luxuoso
trapézio, a morte é certa, porque ele, contra
o hábito de todos os seus colegas, nao usa
nem o colcháo metálico nem a protectora
réde dos saltadores.
«O engenheiro tem razáo. Basta, de fado*
um segundo de h e s i t a d o ou de descuido»,
para Ralph se despedazar.
« Enquanto os seus ajudantes nao concluem os preparativos para o extraordinário
vóo, Ralph oculta-se entre bastidores. Está
triste, pensativo. A voz treme-lhe.
«Terá m edo? Mas medo de qué?
« N ao executa éle o mesmo exercício há
quatro ou cinco anos e sem pre com o m es­
m o sucesso?
— 192 —
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
«Nao! Ralph nao tem medo! Nunca o
teve, nem mesmo no com eto, q uando se
despediu da vida!
«D epo is... cinco anos nao sao cinco
días. Ralph habituara-se a brincar com a
morte e nada poderia temer, por que proce­
día quasi maquinalm ente, já sem raciocinio,
sem inteligencia e, portanto, sem receio.
«C om o se explica entao a sua tristeza?
Porque é que Ralph, quási um autómato,
um escravo do hábito, da mesma fungáo mil
vezes repetida, está preocupadíssimo ?
«Porque é ? P orque está em Paris, na
linda cidade que o viu nascer e onde havia
jurado nao mais voltar.
«Ralph Cawder nao passa de um pseu­
dónim o de cartaz, que oculta a sua verdadeíra personalidade. Éle nao é inglés nem
americano. É francés, nasceu em Paris,
ali em Batignolles, e chama-se Fernando
Fouchet.
«Paris ! Está em Paris! Acha-se, por fim,
na térra c. ide amou pela vez primeira, onde
ela m o rav i e onde aínda morará talvez. O h!
Com que saudade éle recorda as lágrimas
que verterá por aquela que, num m om ento
de loucu/a, havia esquecido a fé j u r a d a !
«Clotilde sabia que era linda e gostava
— 193 —
1 3
B
I
O
S
O
F
I
A
de exibir a sua beleza. Um dia pedirá a
F ernando para a levar a um baile. Eie negara-se, protestando contra a imoralidade
dos bailes e tentando fazer-lhe ver os péssimos resultados que èles d à o ; mas Clotilde,
nova e linda, depressa arranjou quem a le­
vasse contra a vontade do noivo. Eie soube-o, exagerou as conseqiièncias e, rebentando de ciume, partiu — jurando nào mais
voltar.
« As lágrimas que entào verterà deveriam
tè-la rehabilitado. Mas Fernando, o seu
querido noivo, nào podia medir a intensidade da sua dór, porque se achava distante,
fora de Paris, fora de Franga, talvez.
« — E tudo isto, pensava, por urna infantilidade, por uns curtos instantes de aparente
ventura !
« Sòbre esta céna d o l o r o s a passaram
cinco anos. Clotilde nào esquecera, porque
nào pudera esquecer. Resignara-se apenas.
« E o expatriado nem esquecera nem se
resignara. Sofria, sofria sempre, mas sem
um queixume, sem exteriorisar urna ùnica
parcela da grande dór que o avassalava.
« Agora mesmo, cinco anos volvidos, èie
lembrava-se dela e via passar deante de si
— 194 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÊNCIA
todos os risonhos m om entos de ventura que
usufruirà outrora.
« A voz carinhosa de urna rapariga que
o acom panha e que èie trata como irmâ,
veio tirá-lo do torpôr doloroso em que se
m ergulhara.
« — J á está tudo pronto, Ralph. O lha que
o público impacienta-se!
« — Tens razâo. Vou já...
«A música cessa de novo e as palmas
estrugem pela segunda vez.
«Ralph sobe a escada e, antes de pen e­
trar na gigantesca boca do canhào, olha em
torno de si, com o habitualmente. Num ca m a­
rote, sentada junto de urna senhora idosa e
de um cavalheiro desconhecido, vé Clotilde,
aquela por quem sofrera, por quem se tinha
expatriado e feito artista de circo.
«O golpe fóra tremendo. Ao chocarem-se os
olhares, dois gritos ferem o espaço. Clotilde,
apesar do disfarce de coiro da Russia, reconhecera-o também.
« fe m a n d o parece petrificado, estático,
com c o visionàrio que desperta de um sonho
sorridïnte e se ve ñas turvas sombras do
mais intenso infortunio.
«Um ajudante veiu tirá-lo do seu alheam ento doloroso. E Ralph, inconsciente, como
—195 —
B
I
O
S
O
F
X A
um autómato, desapareceu, por fim, d o s
olhos dos espectadores. Havia penetrado p o r
completo na alma do grande canhao.
«Aínda nao tinham decorrido trinta se­
gundos, q u a n d o se ouviu urna detonagáo
horrísona e se viu projectado no espago o
corpo inanim ado de Fernando.
«O acróbata, como de costume, tocara o
trapézio, m as... nao se agarrara a éle.
«Um grito horrível sai de todos os peitos
ao m esm o tempo, enquanto Ralph, o mártif
do amor, se despedaza no solo.
«Clotilde, semi-louca, pálida como a cera
virgem, abeira-se do cadáver do amante.
«Pretendem afastá-la; mas ela, desfeita
em pranto, cai inanim ada a seus pés.
«Momentos depois, dois carros, a toda a
velocidade, atravessavam as rúas de Paris.
Um conduzia urna d o id a; o outro, um
cadáver».
É interessante notar como um centrífugo,
vasio, sem nada lá dentro, consegue, n u m
derradeiro esfórgo inconsciente, arrastar n a
perturbagao um indutor poderoso.
Os centrípetos congénitos t a m b é m ,n u m a
grande percentágem, irradiam em t'.das as.
— 196
C e n tríp e to s
Os centrípetos, conscientes da sua
Jdrga, esperam tranquilamente que
o que èles desejam caia sob o im­
pèrio irresistivel do seu campo de
g ra v ita d o .
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
direcçôes, mas sem esfôrço, maquinalmente,
como autómatos e, mesmo assim, energia
que lhes é supèrflua — que nao lhes faz falta.
Portanto, nâo sentem necessidade déla, nao
se fatigam, porque nunca dáo, pelo menos
sem um motivo imperioso, aquilo de que
precisam. Q u an do querem, irradiam entáo
conscientemente, em pregando toda a sua
força, mas num a única direcçâo e de forma
a atingirem infalivelmente o alvo que pre­
tenderà visar.
De resto, corno ao contràrio do que
sucede com os centrífugos, os centrípetos
sâo grandes acumuladores de energia, é
lógico esperar que, mesmo após as mais
gigantescas lutas de seduçâo, fiquem sempre
com urnas reservas — que lhes permitam fazer face a urna necessidade urgente.
Entre um centrípeto e um centrífugo há,
com o se vé, um auténtico abismo.
Q uando um centrípeto deseja urna coisa,
quere que eia corra vertiginosamente para
si. Q uando no cérebro de um centrífugo
nasce urna idea semelhante, é éle que corre
para o sér am bicionado e se dilacera a seus
pés. Os centrípetos, fócos poderosíssimos de
gravidade, esperatn que o que éles desejam
caia na sua direcçâo. Os centrífugos, à mercé
— 199 —
S
I
L
E
N
C
I
O
de todas as atracgoes, quando sentem a ambigáo da posse, correm na direcgao do foco obecedante e, logo que o atingem, ajoelham
como passivos inúteis e extéreis — incapazes
de gerar. Limitam-se a saír de si próprios e
a viver em sincronismo inconsciente a vida
do ser am ado.
*
*
*
E nao há, preguntarao os que nos léem,
processo de converter um centrífugo inútil
num poderoso centrípeto?
Há ; e á falta de um, dois, como já dissemos no primeiro volume, ao tratar do antropoflux e das formas simples de triunfar.
Ocupar-nos-emos, a seguir, detalhadam ente d o assunto, visto que ele para os leitores e para as leitoras de «Os Filtros do
Am or e a Ciencia» tem urna importancia
capital.
S ilencio! . . .
Urna das condigoes im postas aos in i­
ciados do Alto Saber, diz-nos o dr. Gerard
Encausse, é o segredo absoluto sobre tudo
— 200 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÉNGIA
quanto se estuda, tudo quanto se sabe e
tudo quanto se ve.
Os Zoistas modernos sào ainda mais exi­
gentes, embora, para isso, apresentem aos
seus discípulos razòes científicas de péso,
que os faz vergar a um sigilio muito mais
profundo e a urna disciplina muito mais
severa.
De facto, nào há nada que mais prejudique um centrífugo que pretende converter-se
em centrípeto, do que o entusiasmar se com
as primeiras subjugagòes obtidas, vibrar de
contentamento com os primeiros triunfos
alcanzados, sentir-se ¡mensamente ditoso com
as primeiras Vitorias ganhas. Mas, peor ainda
do que os estragos causados pela febre que
se apodera dos estudantes ao constatarem as
primeiras realisagòes da sua vontade-fórga, é
o que sucede ao infeliz que, levado pela
vaidade, conta o que lhe vai na alma e faz
ensaios de dominio para demonstrar o seu
poder. Após a exteriorisagáo vaidosa, o ini­
ciado sente-se mal, indisposto, neurasténico
— sem mesmo saber porqué. Dir-se-ia que a
intuigào o avisa de qualquer perigo tremendo
que èie nào sabe interpretar. Mergulha o p e n ­
sam ento em mil suposigóes, arquitecta mil
fantasías e acaba por ficar ainda mais indis-
— 201 —
COMO
SE
CRIAM
AMBIENCIAS
DE
T R IU N F O
posto consigo mesmo — sem n enhum a razao
sèria em que possa alicergar as suas negras
hipóteses.
A verdade, porém, limita-se apenas a isto,
que èie pressente sem querer: Os Mestres
nunca mais lhe ensinam coisa alguma e èie,
passados uns meses, um ou dois anos, o
máximo, volta, por falta de apoio dos outros
e de progresso de si pròprio, à mesma nulidade congènita que e ra—um centrífugo extéril.
Se, pelo contràrio, «estuda, sabe e cala»,,
o seu progresso atinge tais limites que èie
pode entao realisar, so com urna ordem do
seu pensamento, tudo quanto desejar—dentro
do campo do Bom e do Belo.
C o m o se criam embiéncias de triunfo
Toda a ciència Zoista gira em torno da
e d u c a d o científica da vontade e n3o há nada
que mais prejudique as faculdades de querer
do que representar o papel de tolo, dizendo
tudo quanto se sabe, ou encarnar o papel do
parvo, cedendo as t e n t a r e s de fazer figura...
A c o n c e n tra d o è incompativel com a dis­
persilo. Quem quizer saber tem de acum ular
ciència — náo esbanja-la sem motivo sèrio-
- 202 —
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
C1ÊNGIA
Emblema dos Mestres
do Silèncio
E is, da esquerda para a direita
e de cima para baixo, a interpretaçâo secreta do sim bolo dos Mestres
do Silencio:
«E m 1912 nasceu na Europa
urna ciencia nova, o Zoism o, que
corneçou por estudar, com o rigor da
tècnica e o m utism o da esfinge, os
Misterios do Oriente, m as os seus
iniciados so depois de terem dado
provas de que sabem ver, ouvir r
calar, è que aprendem a traduzir os
hierciglifos da N atura».
— 203 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
que se imponha. Quem quizer avolumar as
suas faculdades de querer, tem forzosamente
de praticar exercícios psíquicos, tào apropriados para desenvolver a Vontade, corno
os físicos, metódicos e racionais, sào para
desenvolver o corpo.
Nào nos é possivel ocuparm o-nos mais
do que ligeiramente do assunto, porque,
além de outras razòes que nào vem ao caso
citar, ultrapassaríamos os limites déste livro.
Mas o que ficou exposto é mais do que su­
ficiente para concluirmos que devemos falar
pouco e, sobretudo, de nós.
Basta seguir éste critèrio e resistirmos
constantemente às tentagòes, para — garantimo-lo em absoluto e com inteiro conhecimento de causa — avolum armos a Vontade
e crearmos em torno de nós ambièncias de
sedugào e de triunfo.
Resistir às tentagòes da vaidade é um
belo exercicio para desenvolver as faculdades
nobres latentes no homem e para converter
o estudante, com o esforgo em pregado, por
mais centrifugo que èie seja, no centripeto
mais poderoso.
Sabem os que essa resistència é dificilima,
especialmente quando se é novo e culto ou,
entào, quando se é velho e parvo.
— 205 —
COMO
SE
CRIAM
AMBIBNCIAS
DE
T R IU N F O
Mas é precisamente essa enorme dificuld ade que origina, com a resistencia estabelecida, o robustecimente da Vontade.
E creiam que vale a pena o sacrificio.
Nietzsche, que conhecia bem o valor da
luta com as nossas faculdades vis, poz na
boca de Zaratustra a seguinte expressao: «A
felicidade do hom em cham a-se: E u q u e r o h .
Eliphas Lévi afirma: «Quereis dominar-vos
e dom inar os outros? Aprendei a querer».
Gasparin vai ainda mais longe e declara
que «a vontade é táo poderosa que chega a
fazer-se obedecer até pela matèria inerte» ; e
La Rochefoucauld, depois de nos dizer que
nao há nada impossível, acrescenta: «Existem meios para se conseguir tudo quanto se
desejar. Se possuirmos urna vontade sufici­
entem ente desenvolvida, nada nos poderá
resistir».
Van Helmont, que conhece melhor do
que muita gente a potencia do pensamento,
exprime-se assim : «A vontade é o primeiro
de todos os poderes».
Vale, pois, a pena, como dissemos, resis­
tir a todas as tentagòes e fazermo-nos supe­
riores.
De resto, quando aconselhamos a m odes­
t i a e im pom os a luta contra a vaidade, nao
— 206 —
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
queremos que se traduza nessas palavras o
desleixo por nós próprios.
Um homem pode ser modesto e ser
limpo e asseado. Pode nao ser vaidoso e
vestir com elegáncia. Pode nao ser pedante
e demonstrar a superioridade, quando vier a
propósito, da sua inteligencia e saber.
O que é indispensável é nao termos a
febre da vaidade, porque eia pode fazer-nos
ver, por delirio, que somos, em todos os
ramos da actividade hum ana, superiores aos
hom ens e ao mundo!
Como se triunfa no amor
Já conhecem os um processo pràtico, embora muito simples e elementar para desenvolvermos a Vontade. Vejamos agora o que
podem os íazer, depois de atingirmos urna
certa potencia de atracgao. Como exemplo
concreto exporemos em primeiro lugar uma
experiencia clàssica, devida a um grande
poeta alemao, universalmente conhecido.
«Goethe, o sublime cantor dos amores de
M argarida — explica-nos o eminente Jules
Bois, no seu primoroso livro «O milagre m o ­
derno*— afirmava um dia ao seu amigo Eckerm ann, um físico de valor, que já tinha obtido
— 207 —
COMO
SE
T R I U N F A
NO
AMOR
alguns fenómenos curiosos, que a telebulia
era um facto, do qual era impossível duvidar. Éle próprio a havia experimentado,
«Eckermann interessou-se pela e x p lic a d o
e Goethe narrou o facto.
«Em rapaz, continuou o poeta, conheci
alguns grandes homens, que se interessaram
por mim e me iniciaram ñas maravilhosas
ciencias da Vontade. Nunca o disse a ning u ém ; e se hoje falo no caso é por dois
motivos — porque vem a proposito e porque
já sou suficientemente conhecedor da m inha
ignorancia, para sentir vaidade pelo fenó­
m eno que vou narrar-lhe.
«Ainda eu nao tinha vinte anos, apaixonei-m e perdidamente por urna rapariga que
correspondía com igual ternura ao meu
amor. Urna tarde, passeando, dirigi-me quási
m aquinalm ente a casa déla e constatei, ao
chegar á porta, que havia lá dentro festa
animadíssima. Concluí im ediatam ente que a
m inha adorada nao viria á janela, por que
havia de estar muito entertida.
«A julgar pelo barulho dos músicos e
pelo ruido dos passos de dansa, aquilo
devia ser festa até alta m adrugada! Nao
oculto que fiquei aborrecido, mas resolví
retroceder. la vagarosam énte, pensando nela
— 208 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
e cham ando-a com o pensamento. Concentrei tanto a minha vontade, que perdi a
n o fà o de mim pròprio. Só pensava nela ; só
a cham ava para junto de m im ; só ambicionava vè-la.
«E contudo, corno um autòmato, caminhava sempre, sempre, aum entando assim
sem querer, inconscientemente, a distancia
entre ambos.
«Só quando cheguei à esquina da rúa é
que me pareceu ter despertado. Entào olhei
para traz, para dar um derradeiro adeus á
janela da m inha adorada, e fiquei surpreendido. Eia, a correr, aproxim ava-se de mim,
exclamando aflita: «O que é ? O que é ? Já
estou aqui! Meu Deus, o que sucedeu?!
N un ca chamaste por mim assim» !
«Claro, continua Goethe, que foi a m inha
primeira experiencia. Desde entào para cà, a
repetigào de exercicios semelhantes, mas praticados conscientemente, fizeram de mim um
hom em que nào pode, sem negar os factos,
sem se negar a si pròprio, duvidar da
telebulia»,
-
209 —
14
I M P O S I Q Á O
D A
V O N T A D E
Trabalhos práticos interessantes
sobre a ¡mposigao da vontade
As experiencias que seguem e que descrevemos sum ariam ente com o único fim de
orientarmos o leitor e a leitora no seu desenvolvimento psíquico, foram dirigidas por nós
e controladas por alguns dos Zoistas mais
notáveis que residem em Portugal.
U m a senhora cujo nom e nao podem os
revelar (nem ele importa para o caso) resolveu com um estudante mais adiantado do
que ela, fazer urnas experiencias de projecgao
da vontade. Segundo as nossas i n s t r u y e s e
sob os nossos «controle» permanente, obteve
éxitos brilhantíssimos, embora a sua exteriorisagao fósse pouco forte e vacilantemente
directiva. Mas, como tinha apenas dezassete
ou dezoito meses de exercícios práticos, era
impossível exigir mais. O bom éxito, com o
fácilmente se compreende, foi exclusivamente
devido ao «sujet» receptor, que executava
sem esfórgo as ordens mentáis recebidas,
porque sem esfórgo interpretava rápidam ente
os desejos da sua colega — ainda dem asiado
centrifuga e, portanto, de fraca emissáo unidi­
reccional consciente.
— 210 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
O «sujet» receptor, um rapagâo de vinte
e nove anos, com mais de sete de bem orien­
tada pràtica no cam po experimental, facilitava
tanto os trabalhos da jovem investigadora,
q u e eia, entusiasmada pelas facilidades registadas, resolveu ir mais a lé m . . .
E assim, com um entusiasmo v e r d a d e r a ­
m ente prejudicial para quem deseja evoluir,
solicitou-nos licença para realisar experiencias
mais serias — fora do cam po laboratorial.
Nao consentimos.
O tem po passou...
Uns très meses volvidos, eia voltou a
insistir e nós, que a queríamos vergar ao
estudo, friamente, sem entusiasmos nem
loucuras, consentimos e demos-lhe a escolher
a prova.
Preferiu a citada por Bois, relativamente
a Goethe. Eia, com os últimos très meses de
trabalhos práticos, ficara em ótima fórma e
nós tinham os a certeza — a absoluta certeza
— de que se faria obedecer. Era preciso, por
conseqüéncia, evitar èsse novo sucesso. De
contràrio, eia invaidecer-se-ia, por falta de
preparaçâo conveniente, e voltaria ao estado
centrífugo, de onde a haviamos arrancado,
a p ó s cerca de dois anos de estudo.
— 211 —
t
I M P O S I ?
i o
D A
V O y T A D E
Resolvemos, portanto, inutilisar-lhe secre­
tam ente a emissào.
Eia, desconhecendo as nossas intemjòes,.
mostrava-se animadíssima, antevendo já um
sucesso em tudo sem elhante aos precedentes;
e, com grande entusiasmo, escolheu o dia
10 de Agosto (estavamos em 1930) para a
r e a liz a d o da experiencia. Nèsse dia, pouco
antes das onze horas, fez-se acom panhar de
sua màe, que n ada sabia, e foi passar à
porta do noivo, que tudo ignorava. Com o
ele, ao domingo, só saia depois do alméno»
tudo levava a crer que estivesse ainda em
casa. Apesar dessa quási certeza, pediu-nos
para lhe telefonar — nào fòsse èie ter saldo
contra o seu costume habitual.
Pois bem. Apesar de nào haver fe sta em
casa do rapaz e, por conseqiiència, do fenò­
m eno ser de mais fácil re a liz a d o , o insucesso
foi tremendo, visto que èie nem s e q u e r
sentiu, com o se averiguou no dia seguinte,
a m enor persistència da im agem da sua
am ada !
Um pequeño emissor Lakhovsky, osci­
lando a elevadissima freqiiéncia e, portanto,
em itindo ondas ultra-curtas, inutilisou-lhe
— 212 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
po r completo a im agem mental que ela pre­
ten día impór (x).
Com o desconhecia a p e r tu r b a d o secreta
qu e lhe fizemos, a jovem desanimou com o
inesperado insucesso, e resolveu entáo prosseguir no seu desenvolvimento, sem voltar
a preocupar-se com a realizagáo de grandes
trabalhos.
Só uns cinco meses volvidos, depois déla
te r avangado muito e aprendido a carregar-se
(!) Georges Lackhovsky, em «Segredo da vida»,
apresenta aos estudiosos que se queiram documentar,
uma experiencia detalhadíssima sobre um fenómeno
semelhante: A desorientagáo provocada nos pombos
correios.
Chadfield, o sábio assistente do Colégio Tecno­
lógico de Leicester, realisou em fins de Fevereiro do
ano corrente curiosíssimas experiencias de p erturbado ,
levadas a cabo com um emissor de ultra-curtas, de
uma potencia superior a cincoenta kilowattes de
antena. As suas investigagóes levaram-no a um campo
estranho, que é indispensável conhecer, porque se
mostra cheio de perigos para os experimentadores
pouco versados nos misterios imprevistos das elevadas
freqüéncias.
O distinto cientista inglés avisa-nos de que as
ondas ultra-curtas, quando emitidas por e s ta f e s po­
derosas, podem causar a morte do homem á distancia
— 213 —
R
E
S
P
I
R
A
Q
Á
O
I Ó N I C A
de energía, é que lhe revelamos a causa d a
seu trem endo fiasco.
Respiragao iónica
J á explicamos aos leitores como poderao
desenvolver a sua vontade e converter-se
em centrípetos. O processo nao tem o rigor,
ñas causas, nem a rapidez, nos efeitos, que
o leitor ambicionaría, porque a técnica a
seguir, com método, sistematisando os exerde vários quilómetros, se a freqüéncia da emissáo
corresponder exactamente á oscilado humana !
Chadfield, depois de afirmar que todo o object»
vivo e inanimado é um centro colossal de irradiadles
micrométricas, que emite ondas de elevadíssima fre­
qüéncia, conclue por garantir que já matou, em experiéncia, vários animais inferiores e que nao chegou a
matar homens, porque, felizmente, cessou a tempo os
seus trabalhos.
É curioso notar que algumas pessoas, vendo
nestas experiencias a possibilidaae da invengáo dos
hipotéticos ralos da morte, tém já oferecido ao ilustre
sábio de Leicester avultadas fortunas pelo seu gigan­
tesco emissor! Ignoram estes destruidores da vid'humana que á ciencia é fácil perturbar uma emissáu e
até responder com outra mais poderosa — em igual
comprimento de o n d a!
— 214 —
OS
FILTROS
DO
AMORE
A
CIENCIA
cícios conforme as necessidades que surgirem,
é demasiado complexa e nao pode, por
ultrapassar os limites desta obra, ser desen­
volvida aqui (*).
Contudo, o processo que já indicamos,
em bora lento e de efeitos um tudo-nada longínquos, mostra-se admirável (porque é tao
moroso como seguro) ao cabo de alguns
anos de trabalho. (pag. 126 e seguintes).
Se, ao mesmo tem po que praticarmos as
resistencias apontadas, fizermos a re s p ir a d o
iónica, ritmada e profunda, os exercícios serao
mais proveitosos e os efeitos muito mais
rápidos.
Sem olharmos a latitude, como nos labo­
ratorios de ensaio, devemos, contudo, seguir
as instrugóes de Héctor Durville sobre a polaridade do corpo h um ano (2) e orientarmo-nos, para fazer a r e s p ir a d o iónica, no sen­
tido dos polos da Terra.
Se nao tomassemos esta o r ie n ta d o , poderíamos absorver grande quantidade de ióes
positivos, que viriam, por ser todos do
mesmo polo, estabelecer grande desiquilibrio
no nosso sistema néurico.
(i)
(a)
Vidé «Pode dominar-se o acaso !»
«Física Magnética».
— 215 —
H E S P I R
A g Á O
I Ó N I C A
Os dentistas sabem há muito que cada
i n s p i r a d o contém no ar que conduz aos
pulmóes numerosas partículas electrisadas,
cargas de ides positivos e negativos, que
m antém a estabilidade da existencia do ser.
As pessoas que nao andam descaigas e
que, portanto, nao podem fazer descargas
para a térra, sofrem muitas vezes, especial­
m ente se usam calgado de borracha, verdadeiros horrores nervosos.
De facto, há dias em que nos sentimos
bem dispostos, otimistas, capazes de tudo
tentar e de tudo conseguir; mas há outros
em que, sem mesmo sabermos porqué, nos
sentim os desanimados, sem acgáo e com a
cabega pesada como o chumbo. Há ocasióes
q u e nos sentimos fortes, cheios de vida e
até com desejos de gloria. Outras, porem,
sentimo-nos fatigados, indiferentes a tudo e
com vontade de morrer...
A que se deve o fenómeno biológico,
q u e transforma totalmente o ser e ameaga
perturbar-lhe o destino?
Na esm agadora maioria dos casos, só ao
desiquilíbrio iónico — á respiragáo carregada
de num erosos ióes do mesmo polo.
A ciéncia tem últimamente estudado a
fundo a influencia iónica na manifestagao
— 216 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIÉNCÍA
d e várias enfermidades, como o reumatismo,
as dores de cabega, a anciedade e a opressáo,
qu e muitos atribuem ao tem po e as pressoes da atmosfera. Tem igualm ente dedicado
grande a t e n e o as relagoes existentes entre
o estado iónico do ar e as manifesíagoes de
síncopes cardíacas, p e r t u r b a r e s gástricas,
congestóes inexplicáveis e até relativamente
ao aum ento e diminuígáo da febre nos
enfermos.
As conclusóes sao curiosas. O que nos
surpreende — a nós, que estudamos o assunto
desde 1924 — é que só agora se tenha rep a­
rado ñas estatísticas e que só há meia dúzia
d e méses se tenh a verificado que morrem
mais séres q uan do o Sol está debaixo do
horizonte do que q uando é día c l a r o !
Mas a questáo, encarada exclusivamente
sob éste aspecto, nao nos interessa, porque
só diz respeito aos médicos. Aponíam os o
facto sómeníe para mosírar a conveniéncia
da orieniagao, já nao dizemos rigorosa,
porque o rigor só exisíe nos laborafórios de
estudo, mas o mais aproximada possível —
seg u n d o o eixo do nosso globo.
P or conseqüéncia, deitados, a determi­
n ada hora do dia (sempre a mesma), devemos,
c o m a cabega para o Norte e os pés para o
— 217 —
R E S P
I R
A g Á O
I Ó N I C A
Sul, inspirar com lentidao até os pulm óes
ficarem totalmente cheios de ar. Depois, con­
servando durante um segundo ou dois o peito
sob ítensáo, come?ar a expirar, tam bém
lentamente, até a última partícula o ar que
se conserva nos pulmóes (!).
Com o ar, saturado de ióes de ambas as
polaridades, e com o ritmo constante da
r e s p ir a d o (movimento consciente que poe a
Vontade a cima das próprias fungóes da vi­
da), carregamos a nossa batería nervosa e
desenvolvemos, ao mesmo tempo, o poder
da nossa energía, visto que ela se impóe»
pelo ritmo que determinamos, as ordens do
ultra-consciente.
E eis o que podem os co n se g u ir— com
um pouco de estudo e de trabalho.
Os que nao sáo centrípetos congénitos
(e só o sao uns trés ou quatro por c e n t o l ) ,
sao forjados, para triunfar na Vida e n o
Amor, a modificar totalmente as suas faculdades de sér e de sentir.
Devem, pois, submeter-se ao estudo com
prazer e agarrar-se ao trabalho com vontade.
(!) No sentido metafórico, porque os pulmóes
nunca se podem esvasiar totalmente.
— 218 —
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
CIÉ N CIA
« K iss» e «M aykiss» hipnomagnéticos
Se nao estiverem dispostos a vergar-se
ao trabalho e ao estudo e quizerem obter
éxitos brilhantíssimos em curto espado de
tempo, teem entáo de usar «acumuladores
de energía» individuáis, como o «Kiss» e o
«Maykiss» hipnom agnéticos, que proporcio­
nan!, logo após uns dias de utilisados nos
olhos e no corpo, auténticas Vitorias de sedud o e de encanto.
O seu poder de direcgao é tam anho e a
sua energía concentrada tao avassaladora,
que a vontade do hom em ou da mulher que
os em pregue nao reconhece obstáculos na
re a l i z a d o dos seus desejos!
O que é preciso é que sejam rigorosa­
mente individuáis, preparados pela própria
pessoa que déles deve tirar o maravilhoso
proveito. Se assim fór, o desejo exteriori­
zado, mesmo pelo centrífugo mais inferior,
materialisar-se á, a curta ou longa distáncia,
e dará origem a ambiéncias, v erd ad eram en te
irresistíveis, de sedugao e de encanto.
A p r e p a r a d o científica, rigorosamente
individual dos excelsos fluidos, cujo perfume,.
— 219 —
«K ISS»
B
«M A Y K IS S»
HIPNOMAGNBTIGOS
suavíssimo e penetrante, nao reconhece dis­
tancias nem obstáculos, é de urna facilidade
e singeleza, que chocam os investigadores do
Misterio! Q ualquer pessoa, em sua própria
casa e em absoluto segrédo, os poderá pre­
parar, logo que conhega a fórmula — espe­
cialm ente estudada para o seu caso.
A teoria do fenómeno, a e x p lic a d o cien­
tífica do « m odus operandi > dos fluidos na
creagao de ambiéncias irresistíveis, já foi ex­
plicada, desenvolvidamente, ñas várias pági*
ñas déste livro.
Quanto á prática no campo das realiza­
r e s experimentáis, só diremos qué as pessoas que usam os preciosos frutos desta maravilhosa descoberta da Psychology C orpo­
ration of L o n d o n , o «Kiss» e o «Maykiss *, nunca mais t e r a o m o t i v o s para
desánimos, por que as suas ambigoes nunca
mais deixaráo de corresponder aos seus desejos.
E eis, á luz da ciencia e da razao, o verdadeiro Filtro d e Amor, expurgados d a s
créndices supersticiosas da m agia antiga e
dos empirismos inocentes dos nossos inge­
nuos avós.
P ena é que nao possamos, por absoluta­
m ente impossível, publicar urna fórmula para
— 220 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
Kiss-Maykiss
Os fluidos hipnomagnéticos indi­
viduáis, supremos acumuladores de
energía positiva, encerram os séres
em ambiéncias de harmonía irresistivel, fazendo com que o induzido seja fo rja d o a vibrar em rigo­
roso sincronismo com a freqüéncia
do indutor.
— 221 —
O S
PILTROS
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
cada habitante do nosso glóbo — em fungáo
das suas características pessoais O).
(!) A «Psychology Corporation of London, co­
mo afirma a páginas 225 — e seguintes, fornece gentil­
mente as fórmulas individuáis a todos os leitores e
leitoras que as queiram possuir.
— 223 —
!
le c h a r . . >
...O S Icftores que falem...
a
A necessidade é a alavano impe­
riosa ilo progresso. £' eia q »
purifica o scr, aperfeicóa a concepcao e turila a obra
ajéià£Z
1 5
A
fechar...
. . .O s leitores que fa le m .. .
A necessidade é a alavanco, im­
periosa do progresso. E ' ela que
purifica o sér, aperfeigóa a coiicepfdo e burila a obra .
(N ota da P. C. O. L.)
Com preendem os que a necessidade é a
alavanca imperiosa do progresso e sabem os
q ue é ela — só e l a ! — que purifica o sér,
aperfei$óa a c o n c e p t o e burila a obra.
Por isso, ouvindo as necessidades dos
leitores da primeira edi?áo, m elhoramos a
segunda.
Queríam os agora ouvir as dos leitores da
segunda para m elhorarmos a terceira — que
deve aparecer ainda éste ano ou, o mais
tardar, nos principios do ano próximo, com
muito mais páginas e correspondendo ás
anciedades dos nossos leitores e leitoras.
— 227 —
F O R M U L À R I O
I N D I V I D U A L .
Formulàrio individual
Para serinos agradáveis aos nossos leitores, enviaremos a tódas as pessoas que se
nos dirijam a solicitar fórmulas individuáis,
como, por exemplo, as do «Kiss» e do «Maykiss» hipnomagnéticos, um extenso questio­
nàrio a que deverao responder, a fim d o s
nossos cientistas se documentarem e redigirem, a seguir, a fórmula a empregar.
Os leitores do estrangeiro podem dirigir-se às nossas delegagóes (i), onde lhes
será fornecido, na respectiva lingua, o ques­
tionàrio a que nos referimos.
As fórmulas, que serao traduzidas n a
m esm a delegacáo, serao enviadas aos leito­
res no idioma da sua nacionalidade, podendo, p o r isso, ser transcritas, depois, para as
páginas em branco que, com esse fim, m a n ­
dam os intercalar no fim do livro.
E esperamos, assim, completar pelo único
m eio posstvel esta obra formidável, que ta n to
(!) A delega?ao, era Portugal, da Psychology
Corporation of London, é na rúa Duque de Saldanha,
625 — Pórto, para onde deve ser enderezada tóda a
correspondencia era portugués.
— 228 —
OS
FILTROS
DO
AMORE
A
CIENCIA
ruido tem causado, pela beleza e ciencia que
encerra, ñas altas esferas da cultura e no
seio do povo inteligente — ancioso de Verdade.
Psychology C orporation
o f London
Formulas individuáis
Qiianto mais se vibra o r a l­
mente, menos se pode vibrar
profundamente
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
Fórmulas individuáis
« K iss H ipno m agnéticoindividual
T: ............
F :...........
Fórmula:
_ V id £ £ á g ^ 2 8
—
233 —
CIENCIA
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U Á I S
«K¿ss H ipnom agnético
individual
(C o n tin u a d o )
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
<K iss H ip no magnético*
individual
(Continuaçâo)
Vidé pág. 228
-
235 —
CIENCIA
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
■K iss H ipnom agnético»
individual
(C o n tin u a d o )
Vidé pág. 228
-
236 -
OS F I L T R O S DO A M O R E A C I E N C I A
A Princesa de Condé fez-se am ar doidamente por
Henrique li, de Fiança (pág. 17 — 1.° vol.)
OS
FILTROS
DO
AM OH
K
A
'K is s H ipnam agnêtico »
in d iv id u e l
(Continuaçâo)
Vidé pag. 228
— 239 —
CIÊNCIA
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
<Kiss H ipno magnético»
individual
(Continuaçâo)
Vidé pág. 228
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
«K iss H lp n o m a g n itico»
individual
(Continuagao)
Vide pag. 228
— 241 —
CIENCIA
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
«K iss Hipnornagnético
individual
(Continuagao)
Vidé pág. 228
— 242 —
OS
Fl LTROS
DO
AMOR
E
A
CTÊNGIA
Ccesonia Jez vergar a seas pés o grande
Caligula (pag. IS— 1.° vol.)
- 243 —
■OS F I L T R O S
DO
AMOR
E
A
CIENCIA
f M a y kiss H ipnom agnêtico*
individual
T:________
F:________
Form ula
Vidé pág. 228
— 245 —
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
«M o g k iss H ipnom agnctico»
individual
(C ontinuado)
— 246 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
CI&NCIA
» M aykiss H ipnom agnetico»
individual
(Continuagao)
V id e j3 a g ^ !2 8
— 247 —
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
<iM a ykiss ffip n o m a g n ético»
individual
(Continua?ao)
Vidé pág. 228
— 248 —
OS
FILTROS
DO A M O R E
A
CIENCIA
M a ykiss H ipnom agnétlco>
individual
(Continuagao)
Vidé pág. 228
—
249 —
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
«M ay kiss H ipnom agnético >
individual
(C o n tin u a d o )
Vidé pág. 228
—
250
—
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
C IE N CI A
« M ay kiss H ip n o m a g n itico •
individual
(Continua^ao)
Vide pdg. 228
—
251
—
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
«M a ykiss H lpnom agnéticot
individual
(C o n tin u a d o )
Vidé pág. 228
—
252
—
Montespan conseguili enlouquecer de amor o
rei Luis X IV (pág. 37—1.° vol.}
OS
FILTROS
DO A M O R
E
A
O utras fó rm u la s especiáis
Vidé pág. 228
-
255 —
CIENCIA
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
Outras fórmulas especiáis
(Continuaçâo)
/
Vidé pág. 228
-256 —
OS
FILTROS
DO
A MOR
E
A
O utras fó rm u la s especiáis
(Continuaçâo)
V id é jja g ^ J & S
— 257 —
C I E NCI A
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
O utras fó rm u la s especiáis
(Continuaçâo)
Vidé nág. 228
-
258
-
OS
PILTROS
DO AMOR E
A
CIENCIA
O utras fó rm u la s especiáis
(Continuaçâo)
Vidé pág. 228
— 259 —
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
O utras fo rm u la s especiáis
(Continuaçâo)
Vidé pág. 228
—
2 6 0
—
OS
PILTROS
DO
AMOR
E
A
O utras fó rm u la s especiáis
(Continuaçâo)
V i d é j) Í £ ^ 2 2 8
— 261 —
CIÊNCIA
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
O utras fó rm u la s especiáis
(Continuaçâo)
Vidé pág. 228
— 262 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
O utras fórm ulas especiáis
(Continuaçâo)
Vidé pág. 228
—
263
—
CIÊNCIA
F Ó R M U L A S
I N D I V I D U A I S
Outras fórmulas especiáis
(Continuaçâo)
Vidé pág. 228
— 264 —
OS
FILTROS
DO
AMOR
E
A
O u tras fó rm u la s especiáis
(Continuaçâo)
Vidé p ágj^ 28
— 265 —
CIÊNCIA
Errata:
A nota que se acha a pág. 238 (1.° vcl.) e parece
esclarecer a fig. 2, que acorapanha, diz respeito á;
fig. 3 (pág. 239), que o desenhador, embora de
grande talento, nao conseguiu realizar. E' possível
que a culpa fñsse do orientador.. .
6 r a I h a s:
Sao ta n ta s .. . que, para as corregir, seria precisoaumentar a obra com ura terceiro volume !
O leitor inteligente, máta-as; o culto, desculpa-asp
o inteligente e culto, nem as vé, porque as ilumina,
com o seu espirito de elei?áo.
Com método e orientalo
atingem-se mais fàcilmente
os ambicionados obiectim
INDICE GERAL
PÁQ.
Um passo ñas trevas — O primeiro passo,
trémulo, indeciso, dado as apalpadelas no
caminho tenebroso das hipósteses, deve-se
ao primeiro biósofo que sentiu a anciedade de penetrar os mistérios da egometria p u r a ................................................. ......
Método experimental na investigado cientí­
fica....................................................................
Teoría do magnetismo s e x u a l .........................
Teoria b a c ila .......................................................
Teoria da refrscgáo c ó s m i c a .........................
M aravilhas da N atura — As leis da Natureza sáo iguais para tudo e para todos,
porque nao existe distin g o essencial entre
um hornera e um sol, um sol e um planeta»
um planeta e um átomo...............................
O macrocosmus e as snas le is .........................
O microcosmus e as saas l e i s .........................
Em busca do n a d a ...........................................
D estruido da m olécula.....................................
A grandiosidade do infinitamente pequeño .
— 269 —
6
9
12
18
23
33
35
41
43
44
45
I
N
D
I
C
E
Nào se irata de urna f a n t a s i a .........................
Tudo que existe parte de urna matèria «una»
T ransm utado dos m e t á i s ...............................
A moderna pedra filosofai . . . . . .
A mecánica celeste nào difere da mecánica
a t ò m i c a ..................................... ......
O sistema atómico é semelhante a um sistema
pìanetàrio.......................................................
Conclusào p s s m o s a ...........................................
Sedu(So e encanto — Os centrípetos s3o
amados cegamente — fazem escravos, ver­
daderam ente idólatras ; os centrífugos,
amara com extremos de loucura — fazem
senbores absolutos, que adoram como
d e u s e s .............................................................
O livre arbitrio e a f a ta lid a d e .........................
Moderna AtracQáo U n iv e r s a l.........................
Causas — nos objectos e ñas coisas . . .
C ausas— nos seres h u m a n o s .........................
A quarta d im e n sà o ...........................................
O que é a vida hum ana.....................................
Como surgiu o hipnotism o...............................
O velho das m ontanhas.....................................
Contactos im p e r f e ito s .....................................
Leis do Am or.......................................................
Egosofia — As irra d ia re s dos sères e o seu
i m p è r i o .......................................................
Experiencias c o n c r e ta s .....................................
Placas fotográficas impressionadas pelo pen­
samento ........................................................
P s i c o g r a f i a .......................................................
Espirito, Matèria e V ida.....................................
Biosofia — como actuam os centrípetos e cen­
trífugos c o n g é n ito s.....................................
Silencio... como se criam ambiéncias de
—
270
-
46
47
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54
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64
79
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120
122
126
132
147
155
174
186
■ios F I L T R O S
DO
AMOR
E A CIENCIA
triunfo..............................................................
Como se triunfa no a m o r ...............................
Trabalhos práticos interessantes sóbre a imposigao da v o n ta d e .....................................
Respiragao i ó n i c a ...........................................
«Kiss» e «Maykiss» hipnom agnéticos. . .
A fe ch a r. .. os leitores que falem .. . — A necessidade é a alavanca imperiosa do pro­
gresso. E’ eia que purifica o ser, aperfeigoa a concepgáo e burila a obra . . .
Formulàrio in d iv id u a l.....................................
Fórm ulas individuáis — Quanto mais se vibre
geralmente, menos se pode vibrar profun­
damente ........................................................
E r r a t a ..............................................................
200
207
210
214¡
219
225
228
231
266
B r a u u r a s de
De se nhos de
Heitor U i d a i
Staio 6uimaries
Acabou de imprimir-se :
A 1.“ edigào em 7 de Janeiro
de 1932.
A 2.a edigào, em 8 de A bril
de 1936.
19
3 6
Com posto e Im presso na
— Tip. Diàrio do Pòrto —
PORTO
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Os filtros do amor e a ciência