F I L T R O S DO A M O R E A CIENCIA Os Filtros do Amor e a Ciencia O im pèrio misterioso da beleza Maravilhas do corpo humano S im patia e antipatia — Raios N e antropoflux Como se consegue urna personalidade superior POR M a rtin s O liv e ir a Membro titular da Sociedade Astronómica de Franga Sòcio honorário do Instituto Cosmobiológico de Viena Sòcio correspondente da Sociedade Astrodinámica da Bélgica Com a colaborado, em Medicina Estética, do Dr. Francis Morineau Sòcio perpètuo da Sociedade de Investigares Científicas de Berlim Volume 19 2a EDigAO 6.“ Milhar 19 3 6 Psychology Corporation o f London Delegagao em P o rtu g a l: Rua Duque de Saldanha,' 625 PORTO Direitos de traduçâo ou adaptaçâo reservados para todos os países Derechos reservados. Es propiedad de la Psychology Corporation of London Tous droits de traduction, de reproduction et d ’adaptation réservés pour tous pays Copyriht 1936 by 0 primeiro passo nas trern flene-se ao primeiro biùsofo q u c sentili a anciedade de penetrar os mistérios ila emometria pura Um passo ñas trevas O prim eiro passo, trémulo, indeciso, dado ás apalpadelas no caminho tene broso das hipóteses, deve-se ao prim eiro biósofo que sentiu a anciedade de pene trar os mistérios da egometria pura. M B O R A a psico-fisiologia seja urna ciencia recente, assim como a psico-análise, que tem apenas um escago meio século de vida, é inegável que os modernos pensadores, fundando-senos rigorosos princi pios de observagao que aquelas ciencias oferecem á biosofia pura, há muito que puzeram de parte as velhas teorías da emogáo que nao podem satisfazer as anciedades dos investigadores de hoje. Todos os períodos da Historia, a comegar U M P A S S O Ñ A S T R E V A S pelo clássico grego, possuíram grandes teo rías emocionáis. Todas elas, porém, gravitavam mais no campo abstracto do que no terreno concreto da observagáo e da estatística. As concepgóes filosóficas de entao, filhas do empirismo da época, falhas de teorías científicas e de exigencias experimentáis, só servem, hoje, para avaliarmos do valor, em determinados casos, da introspecgao inteli gente — de certos intelectuais de eleigao. Agora, á fórga da física nos metralhar a cabega com o magestoso axioma dos efeitos e das causas, o hom em tornou-se infinita mente mais exigente e nao se contenta com a observagao dos efeitos. Rem ontar as orígens, explicá-las e, se for possível, modificá-las a seu modo e segundo a sua vontade — eis a ambigao moderna, o desejp supremo dos investigadores contemporánios. A ciencia de hoje é bem diferente da ciencia de o n t e m ! A’ filosofía abstracta dos nossos avós, sucedeu a filosofía científica e experimental dos nossos días. Agora exigem-se factos, provas, d e m o n s t r a r e s exemplificativas e claras. A exigencia irreverente, por vezes até grosseira, funda-se na verdade, recentemente demonstrada, de que a lógica, a parte — 8 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÈNCIA m ais im portante da filosofia clàssica, nem sempre està de posse da razào e muito menos das realidades objectivas dos fenómenos que pretende explicar. O método experimental na investigaQáo científica Desviando a questao da generalidade filosófica e estudando apenas a parte que nos interessa, »Os Filtros do Amor e a Ciencia», somos forgados, também por exi gencias experimentáis, a por de lado todas as concepgòes antigas, que nao correspondem à moderna ància de saber e muito menos aos seus métodos de investigagao da Verdade. Assim, o dr. Amos, com urna sinceridade que nos faz vergar em respeito, afirma no último capítulo do seu livro sobre o amor, «O segrèdo da fascinagào pessoal» (*) : « E ’ inegável que algumas pessoas exercem sobre outras um extraordinàrio poder de sedugao, que nao pode explicar-se pelo que expozemos nos anteriores capítulos desta (!) Traduzimos livremente, para maior clareza do texto. — 9 — O M É T O D O E X P E R I M E N T A L obra. Deve haver, de facto, quaisquer forças ocultas que actuem e que eu desconheço inteiramente. Mas nao me falem em superstiçôes, porque nao conseguem tirar-me de dúvidas». E, mais adeante, o grande psicólogo alemao, prossegue: «Deve, pois, existir urna causa secreta désse influxo maravilhoso, cujos efeitos sao demasiado eloqüentes para se poderem atri buir ao acaso ou a dotes pessoais constatados pelo sentido da visaos. Amós, partindo do principio verdadeiro de que o facto de nós ignorarmos determi nadas causas, nao implica a sua nao exis tencia e muito menos se os efeitos, obser vados com método e com rigor, se mostram satisfatórios, apresenta-nos a sua admirável confissáo de ignoráncia — bem digna de um sábio de tam elevada categoria. Amós conclue por fazer urna exposiçâo documentadíssima dos seus estudos, quanto aos efeitos, que reputa inexplicáveis sem a intervençâo de um fluido extranho, e por confessar que ainda nao conseguiu penetrar as causas, embora comece a fazer délas urna ideia um pouco vaga, que se clarifica, contudo,. de momento para momento. - 10 - OS FILTROS DO AMOR E A CtÈNGIV O dr. Regnault, o conhecido professor de anatomia e medicina da Escola de Toulon, popular pelo seu hum or e pelos seus escritos cheios de sal, afirma em «Arte de fazer-se amar», que a atracgào individuai se deve ao magnetismo de cada pessoa — desenvol vido por qualquer processo ou naturalmente forte de nascimento. E ’ notável o tom sèrio e convincente que èie dà a esta sua opiniào, quando é certo que quási tódas as páginas do livro estào cheias de picadelas de alfinete e de ironias salpicadas de pimenta. «Venus Mágica», depois de dissertar sòbre a dulcissima «Arte de Amar», de Ovidio, e de nos apresentar algumas teorías clàssicas sòbre os filtros do amor e as suas fórmulas empíricas de sedugào e de encanto, conclue também por atribuir a atracgào excelsa a um «nào sei què» da m u lh e r— mas sem nos explicar o m eca nismo da exteriorisagào nem expor as bases da hipotese que diz aceitável e racional. E assim se passam em revista um sem número de obras, cujos títulos inspiram in terèsse na especialidade que nos ocupa, m as que, afinal, nào adiantam mais do que as já citadas. Sanders, na «Conquista do Amor», urna — ( 11 — O M É T O D O E X P E R I M E N T A L obra documentadíssima e cheia de conhecimentos de psicología experimental, afirma : «Contra tudo o que parece á maioria das gentes, as grandes conquistas amorosas nao se devem a urna sedugao exclusivamente física, mas sim a urna atracgáo que se pode classificar, á falta de expressao mais exacta, de características moráis». Mas nem todos os psicólogos modernos se estatelaram contra a barreira diamantina das causas transcendentes do Amor. Alguns há que conseguiram ultrapassá-la um tudon a d a ; e é precisamente ésse pequenino avango que constitue um passo ñas trevas... Teoría do magnetismo sexual Os seres que possuem magne tismo sexual náo encontram, se gundo Ridley, obstáculos que possam opdr-se á realizando dos seus desejos. Ridley, por exemplo, na sua «Ciencia do Amor» mostra-se um investigador profundo. O ilustre catedrático, depois de passar em revista os enigmas que a Historia narra sobre fenómenos de sedugáo irresistível e de com— 12 - > OS FILTROS DO AMOR E A CIÉNCIA pulsar todas as teorías antigas e modernas que pretendém explicar os {actos expostos apenas pelas atracgóes puramente físicas^ acaba por se inclinar para a exteriorisagáo da moiricidade, embora nao nos explique o seu «modus operandi». O professor Ridley, baseando-se nos fe nóm enos de magnetismo sexual, que observou cuidadosamente durante grande número de anos, realisou longas e pacientíssimas expe riencias científicas e aproximou, com os seus esforgos, a neo-psicologia experimental, mais um passo da verdade. Os seus estudos sérios, rigorosos, devem-se quási exclusivamente á observagao dos fa d o s. Até ai, é muito possível que visse com despreso as autoridades contemporánias que dedicam tóda a sua vida á in v e s tig a d o das leis biosóficas, que Encausse, maravilhado, chegou a classificar de auténtica m agia m o derna. E tam bém possivel que as palavras d e Le Bon, de quem éle se confessa grande admirador, tivessem pesado no seu cérebro e o vergassem ao estudo experimental dos fenó menos. De facto, Gustavo Le Bon, com a responsabilidade de todo o seu saber e o peso de tóda a sua autoridade, exprime-se néstes term os: « E m q u a n to q u e a magia antiga nao — 13 — TEORIA DO MAGNETISMO SEXUAL contava, como defensores, senao meia dúzia de iluminados, a magia actual conta entre os seus investigadores e adeptos, físicos célebres, fisiologistas ilustres, eminentes filósofos e ver d a d e ro s sábios em ciencias naturais». Realmente, em semelhante companhia, Ridley tinha motivos de sobra para se rir das ironías dos p a rv o s — que se supóem no direito de poder discutir tudo, embora, por via de regra, nao conhegam profundamente coisa alguma Despresando, pois, a opiniao dos superficiais, que quer ataquem, quer defendam, nao tem o menor valor científico. Ridley iniciou corajosamente as suas experiencias, partindo da o b se rv a d o dos factos. E c ita : «No decorrer da nossa existencia todos tivemos ocasiáo de conhecer várias pessoas que tenham exercido sobre outras urna acgao extraordinária de dominio, verdadeiramente avassaladora: Homens que exercem urna auténtica fascinagao sobre a maioria das mulheres que estáo em contacto com éles e mulheres, dotadas de qualidades semelhantes, que fazem render a seus pés todos os homens que se lhes aproximem». E, logo a seguir, co n tin u a : — 14 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÉ OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA «Estes séres, dotados de qualidades cuja natureza tem escapado à nossa investigaçâo, mas cujos efeitos foram sempre de urna eloquéncia incontroversa, inspiram, muitas vezes até sem querer, as mais violentas paixóes. «De que força misteriosa, prossegue Ridley, dispóem estas pessoas para seduzirem os seus sem elhantes? Que qualidades possuem? «O facto nâo pode atribuir-se à sua beleza, porque raríssimas vezes os triunfa dores sao émulos de Adonis ou de Venus. Também nao pode atribuir-se à frescura da juventude, visto que tanto hom ens como mulheres conservam o seu poder de atracçâo até à idade madura. «Nâo podem os igualmente atribuir o fenómeno à riqueza, porque grande número de hom ens e mulheres que exercem tal influéncia, sao, por vezes, pobres e humildes, que poderosos invejam e adoram». E depois, como num gesto decisivo, de urna convicçâo inabalável: «E’ preciso atribuir o facto à sua verdadeira causa — ao magnetismo sexual». Mais adiante, Ridley afirma claramente, sem rodeios, indo direito ao fim : - 17 — 2 TEORIA DO MAGNETISMO S-EXUAL «O homem ou a mulher que possua d e t e r m i n a d a quantidade de magnetismo sexual, quer êle seja natural, quer tenha sido adquirido, nâo encontra obstáculos capazes de se oporem à realisaçâo dos seus desejos!». E foram os trabalhos déste cientista, aliados aos esforços de Swingle, que derramaram um pouco de luz na escuridâo imensa que separava os enigmáticos efeitos das causas. O professor Walde Swingle, que sintetisou recentemente as suas investigaçôes em «M a gnetismo e Amor», chegou precisamente às mesmas conclusôes a que chegára o seu co lega de alem-mar. Para Swingle, tal quai como para Ridley, os triunfos da seduçâo, tanto do homem como da mulher, devem-se ao magnetismo sexual. Teoria bacilar Um sèr, atacado pelo *mi cròbio do amor>, sofre, segundo Fleury, os mais torturantes hor rores. Por outro lado, os investigadores que tudo atribuem à matèria dos très primeiros estados, continuam vigilantes e prosseguem — 18 — OS FILTROS DO AMOR E A GtÈNGIA afanosam ente nos seus trabalhos, embora, até hoje, nào tenham chegado a acórdo. Como, porém, se trata de hom ens de ciencia propriamente dignos deste nom e, seria deslealdade nào citar as suas teses — de resto apresentadas com a maior bóa-fé e desejos de atingir a Verdade. O que é para lamentar é que os doutos investigadores se ocupem apenas com a creagào de hipóteses especulativas, sem se preocuparem com o critèrio experimental, em bora saibam que é precisamente nèsse critèrio que assenta tóda a autoridade das ciencias modernas. Assim, o Professor M. Fleury, em «Patolo gia das emogòes», atribue o amor a um mi cròbio — ainda desconhecido da c ièn c ia. . . Faure diz que o am or produz efeitos semelhantes aos de certos venenos, muito conhecidos dos antigos, m as nào nos explica que venenos sao ésses nem nos relata qualquer experiencia que justifique a hipótese apresentada ! Stendhal, no «Amor», e Doudet, em «Safo», defendem a teoria de que o am or se deve a qualquer doenga dos sentidos. Admitem, portanto, a possibilidade da — 19 — T E O R I A B A C I L A R existencia de um micro-organismo que pro voque a «enfermidade». As hipóteses ap ro x im a m -se.. . E apesar de nào terem qualquer base experimental, nào deixam, p o r èsse facto, de terem algum fundo de verdade. O am or pode, realmente, em determ i nadas circunstancias, apresentar-se-nos com efeitos curiosos — capazes de salvar ou de matar, com o a m orfina ou o opio ! A verdade, porém , é que o «veneno», em tudo semelhante, de facto, a um pode roso estupefaciente, comega p o r causar perturbagoes complicadíssimas e até, p o r vezes, grande mal estar geral — tanto m oral e in telectual, com o puramente físico. Mas o «enfermo» — di-lo a o b s e r v a g á o — acaba sem pre p o r habituar se ao «veneno» e, o que é peor, p o r nào poder viver sem ele! C ontudo, na realidade, as causas do fenómeno sao outras. E, o que é mais curioso, é que urna investigagao conscienciosa e metódica, feita sem peías nem convencionalismos, coloca-as no quarto es tado da matèria, no radiante, com as suas leis irresistíveis, as suas determ inantes de absorgào, de subjugagao, de neutralisagáo e . . . até de «contàgio». — 20 — OS FILTROS DO — AMOR 21 — B A G I É N C IA OS FILTROS DO A M O R E A CIÉ N CIA Urna m ulher que, p o r exetnplo, íenha grande n ú m e r o de adm iradores, v e o s aum entar constantem ente, e m b o ra nada faga consciente o u inconscientemente, para o ri ginar o fenóm eno «contagioso» O contrario, que se deve exactamente as mesmas leis, tam bém é observável dia a dia. Se urna m ulher, com grande n ú m ero de adm iradores, com egaa perder alguns, de um m om ento para o o u tro fica sem u m único que aplauda a sua o b ra o u elogie a sua estética — o u tró ra verdadeiram ente seduto ra! A «vida» e a «morte» das estrélas d o cinema, para falar só de gente universalm en te conhecida, prestam-se á observag&o dos leigos, que nao disponham , p o r qualqu er m otivo, de o u tro s meios de investigagao da verdade. Teoría da refracgao cósmica Segando certos autores, o poder de sedufSo deve-se ás ondas cosmo-vitais, individuaUsadas pelos seres. N a o q uerem o s concluir éste capítulo, sem — ainda p o r lesldade — apresentar outra — 23 — TEO RIA DA REFRACgÁO CÓSMICA teoria moderna, que corita no nú m ero dos seus, adeptos homens de indiscutível saber. É a da refracgào, feita consciente ou inconscientemente pelos seres, das ondas cósmicas que assimilam ! . . . Após os trabalhos de Millikan, sintetisados no «Electron», e das experiencias de Georges Lakhovsky, tornadas públicas no «Segrédo da Vida» e no «Universo-ion», a nova hipótese n a s c e u . . . e teve logo co m o padrinhos hom ens respeitabilíssimos, de cuja autoridade e boa fé nào é possível duvidar. Nós nào duvidam os. Tem os, pelo c o n tràrio, dem onstrado já, p o r mais de urna vez, o imenso respeito que votam os aos seus trabalhos e a admiragáo muito sincear que nos tnerecem os seus esforgos e as investigagóes constantes a que procedem . Mas continuam os a lastimar a falta de método experimental que se nota nos seus estudos. Interpretando mal a nossa form a de julgar a questüo, supondo-nos agressivos e talvez mal intencionados, afirmaram-nos recentemente que os seus trabalhos de investigagào científica vSo, afinal, inveredar pelo caminho da análise. P ara isso — dizem — 24 - OS FILTROS DO AMOR B A CIENCIA — só esperam os resultados de urnas experiências de captaçâo de fluido cósmico — a g o ra iniciadas co m éxito. E, para ilucidarem a exposiçâo, acrescentam : «Em Palerm o, um estudante napolitano, M. Natella, conseguiu, p o r meio de um aparelho de sua invençâo, captar as ondas cósmicas e tran sform ar a sua energia em luz, calor e força m otriz. «Afeiçoado desde tenra idade ao estudo de pro blem as científicos e m uito especial m ente aos que se relacionam com a electricidade (e a po n to da pró p ria familia o c o n siderar meio doido!), Natella gastara o m elho r déstes últim os qu atro anos, p e n sand o qual seria a maneira fácil d ea p ro v e ita r as forças cósmicas. E assim lo g ro u construir um a p a r e l h o , t e n d o com éle, há pouco, alcançado um éxito positivo, nas experiéncias que fez em P ositano — terra de urna regiáo, o nde está cabalm ente d e m o n strad o náo exis tir instalaçâo electrica algum a. « 0 adolescente in v entor,co adjuv ado p o r um g ru p o de escolhidos colaboradores, depois de colocar o seu recep to r-tran sfo r m a d o r num q uarto , e as antenas respectivas n o terraço do H otel M argarita, ás nove da — 25 — TEO RIA DA R E F R A C g iQ CÓSMICA noite, conseguili acender duas lam padas eléctricas vulgares, postas p o r sua vez no varandim central do edificio. «Pela primeira vez brilhou, nessa ocasiao, a luz electrica em Positano. E essa luz era mais viva e mais clara do que a p roduzida p o r urna corrente gerada em condigóes normáis. A multidáo que se apinhava em frente do hotel, ansiosa de verificar os resul tados daquelas experiencias, irro m p eu em vivas e palmas delirantes, enquanto os sinos da povoagao repicavam alegremente. «M. Natella, num dado m om ento, com o Franklin ao com p ro v a r o seu pára-raios, foi atingido p o r urna potentissima descarga electrica. T o m b o u — desmaiado. E só duas horas depois, e gragas a um médico e aos seus grandes cuidados, voltou a si. «Felicitado e n t á o calorosam ente pelas várias personalidades centíficas, p ro p o s ita mente idas a Positano, para presenciarem as experiéncias, Natella afirmou que o seu captor tem as mais práticas, úteis e e c o n ó micas aplicagóes, visto que se p o de, com ele, obter correntes eléctricas, sem ou tro s gastos mais do que os indispensáveis para a manu'.ensao dos aparelhos. A firm ou ainda que a sua i n v e n g á o p o d e ser utilisada — 26 - OS FILTROS DB AMOR E A C IÊ N C ÏA OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA tarcbém co m o um seguro meio de locomogao, em com bóios, barcos, automoveis^. aeroplanos, etc., fazendo-os peco rre r quaisq u e r d i s t a n c i a s , sem precisao da m e n o r parcela de combustível» C o m o se vé, m esm o que as experiencias déem o resultado que se espera, nao será fácil tra n sp o r o abism o que separa as ondas físicas ou para-físicas, das ondas psico-fisiológicas e m uito m enos das egométricas. Mas é preciso que M. Natella, jovem cientista que lastimam os nao ter a h o n ra de con hecer pessoalmente, nao seja vitima de qu alq uer g ra nd e em issor hertziano, que trabalhe, em alta freqüencia, ñas proxim idades de P o s i t a n o . . . De contrario, o facto das suas lámpadas se acenderem sem contacto notável pelos sentidos hum anos, nao signi fica gran de coisa nem carece de explicagáo m uito difícil. E se assiin suceder, é pena, p o r que desejavamos ver coberto de gloria um jóvém inteligente, culto e trab a lh ad o r. — 29 - fliaraviinas ila natura As leis da Natureza säo iguais para tuío e para todos, portine näo existe distincào essenciaí entre os objectos, as ooisas e os seres. Maravilhas da Natura i4s leis da Natureza süo iguais para tuao e para todos, porque nüo existe distingüo essencial entre uní homem e um sol, um sot e um planeta, um planeta e um átomo. 5 leis da N atureza s a o iguais para tudo e para t o d o s , po rq u e , c o m o verem os, nao existe diferenga essencial entre um h o m em e um s o l , um sol e um planeta, um p l a n e t a e u m átom o. A p e sa rda aridés transcendente da matéria, vam os p ro c u ra r ser claros e precisos, para — 33 — 3 M A R A V I L H A S DA N A T U R A que, sem grandes esforgos intelectuais, possa nascer no espirito do leitor urna concepgao exacta da Unidade Universal. Náo serem os massadores nem recorrerem os a expressóes matemáticas para interpretar o nosso p e n samento, em b o ra r e c o n h e g a m o s , com Einsten, que essa seria a form a mais eloqüente e ao m esm o tem po a mais sinté tica de traduzir um traballio semelhante. C om o, p orém , entendem os q u e é no sso d e v e r — p o rq u e é dever de to d o o vulgarisad o r — descer até as mentalidades mais rudim entares da cultura geral, vamos empre g ar urna linguagem cha e, p o r vezes, ilustrá-la, a-pesar-disso, com equiparagóes metafóricas, a-fim de aum entarm os, ainda mais, os coeficientes de com preensáo. Mas serem os breves ñas divagagoes, p ro p o sitad a mente superficiais, das teorias científicas que expozerm os e muito mais ligeiros ainda, quando nos referirmos a conhecim entos básicos, que o p o v o de cultura mèdia tem obrigagüo de conhecer. * E se c o n s e g u ir n o s atingir o s nossos — 34 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA objectivos — ser tào eloqíientes ou tao sim ples que todo o m u ndo nos com p re en d a — dar-m os-em os p o r satisfeitos. Nao am bicionam os mais nem tem os o utras preocupagóes. A dialética dos superficiais ou o parecer dos ignorantes, q u ed e tudo percebem e so b re tu d o se manifestam cora prosápias de g ra n des talentos, nao nos interessam nem nos assustam, p o rq u e as consideram os vas, extéreis e inúteis. P o d em dizer bem o u mal, atacar ou defender que, para nos, tem o m esm o valor — nenhum . A opiniao dos mtelectuais, dos pen sa dores, dos Mestres p rop ria m e n te dignos déste nom e, ouvi-la-emos, pelo contràrio , com o mais p ro fu n d o respeito, p o rq u e sabem os que é da sua crítica inteligente m ente baseada — seja eia trovejante co m o urna noite de inverno ou tenha a suavidade encantadora de urna tardinha de sol — que resulta o m elhoram ento de urna o b ra o u a iluminagao de um espirito. O macrocosmus e as suas leis Reconheceu-se, após longos anos de estudo e de observagáo demoradíssima, — 35 — O MACROCOSMUS E AS SUAS L E IS que o movimento próprio das nebulosas e, por conseqüéncia, o dos milhares de milhoes de sois que sulcam os océanos estelares, provem, etn parte, de um movimento de translagao dos sistemas solares, que parece terem um dos focos da sua incalculávef eclipse de gravitagáo, muito próximo da constelagáo da Lira. Como, porém, é impossivel, pelo menos na actualidade, o cálculo de movimentos absolutos, é dificílimo deter minar com exactidao, nao só o centro do infinito (i), mas principalmente os dois focos da gigantesca elipse de gravitagáo das estrélas. Contudo, devido aos trabalhos de Lewis Boss e de W. Campbell, que nos apresentam express5es matemáticas de grande aproximagáo entre si, nao pode haver lugar para dúvidas — pelo menos, nos cérebros dos astrónomos que tenham seguido a questao. E o Sol, o nosso astro central, que é igualmente uma estréla, embora das mais modestas de céu, nao pode, por obedecer as mesmas leis que regem as nebulosas, deixar de se dirigir para o A p e x — um dos focos da. infinita elipse universal. (i) Einsten. - 36 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA Parece, pois, indiscutível que o Sol, arrastan do o seu cortejo de planetas e respectivos satélites, se dirige, com urna velocidade que oscila entre dezasseis e vinte e quatro quiló metros por segundo, para um ponto situado entre a constelagao da Lira e a de Hércules. Nésse ponto, dificílimo de determinar com rigor, deve situar-se, portanto, um dos focos da elipse do seu movimento de trans í a l o . Insistimos sóbre a localisagao de um dos focos da elipse universal, porque nao querem os que o leitor se esq ueja das leis que regem o movimento das estrélas, a fim de, mais tarde, poderem estabelecer co m p a r a r e s e aproximar-se da chocante verdade q ue nós pretendem os demonstrar. Fica, pois, assente que é indiscutível, por se achar demonstrado pelas ciencias astronómicas, que o Sol se desloca, na áirecQáo de um dos focos da sua elipse, com a velocidade média de 20 quilómetros por por segundo. (x). Trabalhos idénticos, igual(!) E preciso nao esquecer que nos referimos a cálculos recentes, devidos a astrónomos modernos da categoría de Monck, par exemp'to, que é um dos sabios que últimamente mais se tém ocupado do assunto. Os outros, os que primeiro estudaram o mesmo movimento, atribuiram-lhe uma velocidade média de 7.624 quilómetros — em igual unidade de tempo. — 37 — O MACHOCOSMUS E AS SU AS LEIS* mente dignos de fé, porque igualmente sao devidos a autoridades supremas do cálculo,, dào-nos, em movimento semelhante, as seguintes velocidades — relativamente a outros mundos : Alpha (Centauro), 23 quilómetros ; Régulus, 27 ; Sírius, 35 ; Bételgeuse, 35 ; Bèta (Ursa Maior), 3 8 ; Castor, 4 0; Capela (Cabra), 47 ; Alpha (Andrómeda). 56; Alpha (Coróa), 5 8 ; Procyon, 64; 61.a (Cisne), 64; Pollux, 79; Arcturus, 83; Vega, 85; Alpha (Ursa Maior), 90; G am m a (Leao), 102; E (Eridano), 103; Omicron (Eridano), 111... C). Ficamos por aqui, porque já conseguimos dar urna ideia, embora pálida, forzosamente incompleta, necessàriamente superficial, das leis que regem os sois. Vejamos agora, também sinteticamente, i1) Seria conveniente, para bem se compreender o que pretendemos demonstrar,compulsar as principáis leis de mecánica celeste ou, pelo menos, recordar as de Kepler e as de Newton. — 38 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA como prometemos a principio, as leis que regem os planetas: Os planetas, tal qual como os sois, tém tam bém de percorrer as suas elipses e de obedecer, pelo menos como a Terra (i), as leis impostas por um dos focos e ditadas, como é natural, pela estréla que o ocupa. O nosso globo, por exemplo, percorre a sua elipse, em torno do nosso Sol, que ocupa um dos dois focos, com urna velocidade de cerca de trinta quilómetros por segundo (29,616). O que sucede com a Terra, sucede com os outros planetas, embora em proporgáo as suas massas e aos eixos das elipses que tém de percorrer. Nao fazem excepgáo as leis da natureza nem mesmo os vagabundos do espago. O cometa de Halley, para citar só um, percorre a sua elipse em torno do astro-rei, que igual mente ocupa um dos respectivos focos, com a magestosa velocidade, no periélio, de 393 quilómetros por s e g u n d o ! * * * ll) Há sistemas com vários sois. — 39 - O MACROCOSMUS E AS SUAS LEXS Já vimos como os sois, obrigados por urna força incognoscivel,infinita, relativamente as nossas possibilidades de «controle», percorrem u r n a elipse indeterminada, c o m velocidades proporcionáis às suas massas e às distâncias que os separam do poderoso foco de atracçâo (i). Vimos igualmente como o Sol, até aqui encarado como escravo do Apex, se transforma era poderoso senhor, obrigando o seu cortejo de escravos a obe decer às suas imposiçôes de gigante. Vejamos agora como o nosso planeta, relativamente à Lúa, sobe também à catego ría de grande centro de atracçâo. A Terra, à semelhança do Apex, exacta m ente como o Sol, também obriga o seu satélite a percorrer urna elipse, na qual ocupa um dos focos. A Lúa, tal qual como a Terra em volta do Sol e o Sol em torno do Apex, tam bém rebola no espaço, relativamente a nós, com velocidade respeitável. O seu movimento médio, na elipse que a Terra a obriga a percorrer, é de cerca de um quiló metro por segando ou, mais precisamente, (i) Em principio, atribuiu-se o facto à fôrça da matéria, fazendc-o proporcional à massa. - 40 - OS PILTROS DO AMOR iü CIENCIA d e 970 metros no apogeu e de 1.080 no p e r ig e u — quando está mais perto de nós. E se a Lúa tivesse tam bém um satélite, um planeta inferior à sua m assa, que girasse em tòm o do seu centro de g r a v i t a l o , subiría por sua vez a imperatriz e obrigaria o sub-satélite da Terra a percorrer urna elipse idèntica à que eia pròpria percorre em volta do nosso glòbo. Somos, pois, forjados a concluir, maravilhados, que as leis, no imenso campo macrocòsmico, obedecem à mesma harmonía e manifestam-se, em todas as direcgòes, com urna regularidade matemàtica, com urna precisào absoluta — que nos obriga a pasm ar! Passemos agora a outro cam po e veja mos o que sucede no mundo infinitamente pequeño — no m undo ultra-microscópico. O microcosmus e as suas leis Preocupados com o nosso critèrio de ser breves, de aligeirar a linguagem científica e até de lhe emprestar urna certa beleza e suavidade de expressao, nao temos, eremos nós, massado o leitor com pesadas teorías nem com longas exposigoes dos esforgos da ciéncia. Os detalhes técnicos e demorados, — 41 — O MACROCOSMUS E AS SUAS L E IS assim como as expressoes rigorosas, por vezes rebarbativas, dos conhecimentos q u e apresentamos, nao interessam á nossa tese — e m u ito menos ao Ieitor, q u e pode, se quizer, beber em íonte mais própria para se documentar. Pensando assim, ao ocuparm o-nos dos mistérios admiráveis do mundo infinitamente pequeño, somos forjados a por de parte o rigor técnico dos Mestres, visto que Millikan, Stormer, Boutaric, Lespiau, Perrin, W estgren, Bohr e todos os outros grandes sábios, páis maravilhosos da nao menos maravilhosa física moderna, gravitam em táo elevado cam po do saber humano, que, se quizessemos seguir o seu exemplo, seríamos classificados de agrestes, de rudes e até de incom preensíveis! Preferimos, portanto, a nossa linguagem cha e continuamos a abandonar os desnecessários detalhes. Assim, vamos tratar do m undo ultra-mi croscópico, encarando-o sob um aspecto ligeiro — mas d efo rm a a salientar com clareza a sua grandiosidade infinita. Em busca do nada Para principiar, tomemos ao acaso um corpo sólido qualquer, um p e d a lo de gra nito, por exemplo, e partàmo-lo, depois, em milhares e milhares de bocadinhos. Repetindo a o p e r a i o diversas vezes, obteremos, primeiro, pequeníssimos fragmen tos, depois, urna areia finissima, quàsi impalpável e, em seguida, urna poeira de gràos microscópicos — pràticamente inseparàveis. Cada um dèsses gràos infinitamente pequeños nào contem, nSo poderà conter mais do que um unico dos minerais constitutivos do granito: Feldspath, quartzo ou mica. Se nós quizéssemos, agora, dividir éstes pequeníssimos gràos em partículas ainda mais ténues, os seus com ponentes minerológicos seriam por seu turno dissociados e nào nos deixariarn, após a delicada operagào, mais do que compostos químicos elementares, como moléculas de silicio, de aluminio, de potàssio, de óxido, de ferro, de m anganez etc. Mas o resultado seria sempre urna subdivisào, seria sempre alguma coisa e nunca o nada, que nào existe, que nào pode existir na natureza. N a d a é apenas um símbolo — exactamente igual ao tddo\ — 43 — D E S T R U Í Q Á O DA M O L É C U L A Destru'ígao da molécula A molécula é o extremo limite da divisao química. Isto quer dizer que se quebrarmos urna molécula, nao obteremos, como resul tado, senao corpos simples indecomponíveis, como o maganez, o ferro, o potássio, o alu minio, o silicio, o oxigénio, o hidrogénio etc. Urna molécula é, pois, segundo se deduz do exposto, um agrupam ento de átomos de corpos simples: Urna molécula de silicio contém, por exemplo, um átomo de silicio e dois de oxigénio. E achamo-nos, percorrendo a estrada do n a d a, nura mundo vertiginoso — num mundo infinitamente pequeño, onde existe, aom esm o tempo, um mundo infinitamente grande. De facto, o número de moléculas de um simples grao de poeira desafia, com a certeza absoluta de vencer, a i m a g i n a d o hu m ana! O núm ero de moléculas contidas num único centímetro cúbico de gaz, matéria muitíssimo mais rarefeita do que o pó, exprime-se por um 3 seguido de nada menos 19 zeros! — 44 - OS FILTROS DO A M O R E A CIENCIA A grandiosidade do infinitamente pequeño Para fazermos ideia de tal grandiosidade, basta dizer que se dividíssemos todas aquelas moléculas em grupos de um milhar cada um, necessitariamos mil anos, em pregando noite e dia, para contar éstes grupos, gas tando apenas um único segundo para fixar cada um d é l e s ! E se quizéssemos contar, urna a urna, todas as moléculas dos grupos, gastaríamos, á mesma velocidade de um segundo para cada urna délas, nada menos de um milhao de anos, trabalhando de noite e de dia! Após o que acabamos de dizer, basta-nos acrescentar que há moléculas que contém oitenta átomos e mais. Pode calcular-se, agora, a grandiosidade déste mundo infinitamente pequeño, que é, quer queiramos, quer nao, um m undo infini tam ente g r a n d e ! Após a divisao minerológica do nosso pedazo de granito, depois da divisao química dos minerais, em seguida á dissociagáo extrema dos corpos químicos, vé-se que o átomo, embora químicamente simples, é, contudo, físicamente dissociável. -4 5 - NAO SE TRATA DE ÜMA FANTASIA Contràriamente à sua etimologia (àtomo quer dizer indivisivel), èsse infinitamente pequeño é um composto de partes, um agrupam ento de elementos, urna organisaçâo de principios, um verdadeiro sistema de fôrças. De facto, um átomo é constituido por um «nùcleo» carregado de electricidade positiva, em torno do qual, em ultra-microscópicas elipses (i), giram «electròes» — carregados de electricidade negativa. O sistema completo é electricamente neutro : A energia positiva do «nucleo* é equilibrada pela força n e g a tiva dos «electròes* que gravitam à sua volta. É precisamente esta harmonía, extraordinàriamente maravilhosa, que assegura e assegurarà sempre a estabilidade do «tòdo». Nao se trata de urna fantasia O que acabam os de expor nao é o fruto de urna hipótese; é, pelo contràrio, o resulsultado concreto e indiscutivel de profundissimos estudos. (!) Note-se a harmonía existente entre as leis que regem o infinitamente grande e as que se impôem no infinitamente pequeño. - 46 — Nós já nao estamos nos tempos do átomo teórico dos antigos filósofos, dos químico-feiticeiros dos primitivos sáculos das trevas. Hoje reina a Luz e é a essa Luz que se «ve», que se «apalpa», éssse infinitamente pequeño — que se constata a realidade incontroversa do electrao. E é táo real, táo concreta a sua existencia qu e os físicos modernos chegam a fotog r a f á - l o .. . ! O electráo deixou, pois, de ser um invisível, um im ponderável elem ento da natureza constitutiva das coisas. É tao real como o H om em , que o descobriu, e tao grandioso com o a Natureza, que lhe deu orígem. A física nao nos explica como nasceu a primeira coisa, com o se gerou a primeira célula. Diz-nos apenas que nada há eterno — que tudo se transforma. Mas a tra n s f o rm a d o é impossível se nao houver nada para transformar. Em principio, temos, pois, de admitir urna matéria-Una, que se desdobre — que se transforme sob diversos aspectos, com mais ou menos áto mos por molécula, com mais ou menos electróes por átomo. Essa matéria-Una, ésse im enso Corpo- -4 7 — NAO SE TRATA DE UMA FANTASIA -Causal, tem forzosamente de ser eterno — sem principio nem fim. É um Absoluto Incognoscivel, a múl tiplas dimensoes, para o qual nao existem nem o tempo nem o espado. N ao está em parte alguma, embora, p o risso mesmo, esteja em toda a parte ao mesmo tempo. M as ésse Incognoscivel é o Deus da teo logía, o Eter dos filósofos, a Natura, a imensa Batería de ondas cósmicas dos físicos? Cham em -lhe o que quizerem . . . mas nao tentem definir um absoluto, cuja forma, para nós, é científicamente incognoscivel. De facto, podemos nós, habituados a julgar tudo por e q u ip a r a d o , fazer urna ideia, por pálida que seja, de um Absoluto — do único absoluto que existe, por que todos os outros elementos que conhecemos e igno ramos sao relativos do «Todo», do «Eterno»? Todas as nossas c o m p a r a r e s tém por base um padrao creado por nós. O «grande» nao passa de um relativo do «pequeño». O «pequeño» nao é mais do que um relativo do «grande», E isto, por que, para álém do <grande» encontrado h o je por nós, aparece am anhá outro m aior; para álém do «pequeño» de ontem encontramos um «mais pequeño* hoje. — 48 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA É tudo relativo, pois. Só um elemento há absoluto e ésse é eterno — sem principio nem fim, superior ao tempo e ao espago. Transmuta<?áo dos metáis As investigagoes científicas m odernas provam eloqüentemente a veracidade do que acabamos de expór. De facto, em pregando os electrSes livres e os corpúsculos de hélio projectados pelos corpos radioactivos, isto é, em vias de evanescéncia, pode-se «bombardear» os átomos estáveis esubtraír-lhes ou inutilizar-lhes um ou mais electroes e até partir-lhes o núcleo, fragmentando-o em vários nucloides. Para realizar estas experiéncias, os físicos teem-se valido quási exclusivamente do rádio, que tem a propriedade singular de emitir constante mente projecteis animados de uma velocidade vinte mil vezes superior á das balas mais rápidas da artilharia moderna. ~ Todos os núcleos dos átomos, centros atractivos (*), estáo mais ou menos carrega(!) É curiosa e digna de atençâo a exacta semiIhança que existe entre os núcleos electrónicos e os centros de força dos vários sistemas macrocósmiccs. — 4 49 — TUA X S M Ü T A Q Á O DOS M E T A I S dos de electricidade positiva. Éles retèm, na sua esfera de atracgào, um electrào por unidade de carga. Num dado corpo simples, todos os núcleos atómicos encerram um mesmo número de unidades de carga. Por conseqüéncia, èles retèm um núm ero invariável de electróes e é precisamente éste facto que serve de base fundamental à distingào dos corpos simples. Assim, um átomo de hidrogénio nao possue mais do que um electrào ; um átomo de hélio, tem dois; um de litio, trés ; um de aluminio, treze ; um de cobre, vinte e nove ; um de oiro, setenta e nove ; um de mercùrio, oitenta, etc. Por «bom bardeam ento»,os físicos podem, como já dissemos, subtraír ao cortejo de um núcleo atómico um ou mais electróes, embora o átomo incompleto, o «iáo», se complete logo que recupere o núm ero de electróes subtraídos. Isso, porém, nao quer dizer que o homem nào possa, de momento, converter o m er cùrio em oiro, subtraindo um electrào ao cortejo atómico daquele metal líquido. O que quer dizer, quando muito, é que o homem ainda nào sabe, ainda nào conhece bem a — 50 - m ecánica electrónica e, por isso, nao pode conservar, nao lhe é possível tornar estável, enquanto nao adquirir mais profundos conhecimentos do infinitamente pequeño, o trabalho realisado. A moderna pedra filosofal Os primeiros investigadores do átomo foram os árabes. Éles partiam, para os seus estudos, de um raciocinio filosófico que hoje faz pasmar os mais brilhantes ornamentos das ciencias contemporánias. Já naquéles tempos primitivos, os investigadores da N a tura acreditavam, embora o nao pudessem demonstrar, que no Universo só existe — só é eterna urna «Matéria» única. O resto, a diversidade imensa de corpos q u e conhecemos e ignoramos, já nao era, para éles, mais do que urna diversidade imensa de aspectos. Raciocinando de forma semilhante, é fácil de supór que éles pensassem constan temente no deslumbrante problema da trans m u t a d o da matéria. Os principáis herméticos foram Gaber e Rhozés, árabes. Mais tarde, com a c r e a d o d e «escolas», surgiram Rogério Bacon, Alberto — 51 — A MODERNA PEDRA FILOSOFA L- o «Grande», Raimundo Lulle, Basilio Valentim, Paracelso e outros. O auge dos alqui mistas foi no século XVIII. A <•escola - tinha entào milhares e milhares de adeptos. Naqueles tempos ninguém podia passar por sàbio, sem prèviamente ter dem onstrado que estudou a «Grande Obra». Geralmente, supunha-se que a transm u t a d o dos metáis só se poderia operar p or meio de urna substáncia especifica, que os sábios de entào denom inavam pedra «filo sofai» ou simplesmente «pó de projecgào»’ E era precisamente èste pó maravilhoso que, misturado a qualquer metal em fusào, o converteria rapidam ente no mais puro e fino oiro. Porém, surgiu sempre, corno é naturai,, a dificuldade de fabricar èste «pó». Os alquimistas que afirmaram ter descoberto o «modus» de fabricar a misteriosa substáncia, acrescentando que nào revelariam o «segrèdo», sào hoje tidos corno charlatàes. O primeiro passo rigorosamente científico, dado em busca da extraordinària matèria, deve-se aos esposos Curie. Até à gloriosa descoberta do r à d i o . . . só reinava a hipótese — a treva. Hoje, em pieno século das ciencias, n ada — 52 — OS FILTROS DO A M O R E A CIENCIA há impossível. É tudo questáo de tem po e d e estudo. Segundo a teoria actual dos átomos, nós sabemos que todos os corpos sao compostos de partículas idénticas, nao diferindo, entre si, senao por cargas eléctricas, como já vimos. As partículas carregadas de electricidade negativa denominam-se, como já dissemos, «electroes» e as carregadas de electricidade positiva— «protóes». Num dado átomo os «protóes», juntos a um certo número de «elecíroes», aglomeram-se e íormam um «núcleo» positivo, em voltas do qual gravitam os «electroes» — como os planetas gravi1am em torno do Sol. Ora se ao nosso « S i s t e m a S o l a r » subtraíssemos um planeta, essa subtracgáo daría forzosamente orígem a p e r t u r b a r e s no movimento dos planetas restantes e teríamos de proceder, como se se tratasse de um sistem a novo para nós, para calcular as efemérides astronómicas. Isto é intitu'ítivo — é lógico e compreensível, mesmo para aqueles que nao estáo íamiliarisados com a mecánica celeste Basta recordar o que sucedía com as efemérides de Urano, antes de Le Verrier ter descoberto a 53 - A MODERNA PEDRA F IL O S O F A L existencia de Neptuno, para se concluir logo a exactidào daquela grande verdade. Pois bem. O que sucede no infinitamente grande, no macrocosmus, sucede no infinita mente pequeño, no microcosmus. A mecánica celeste nào difere da mecánica atòmica. Se, por tanto, como já vimos, subtraissemos um electrào a um determinado átomo, èie, como sucedería ao nosso sistema plane tàrio, converter-se-ia num outro corpúsculo de constitui'gào fisica diversa. Se o átomo que submetessemos à expe riencia tivesse 80 electròes, como o de m er cùrio, ficariamos coni um àtomo de 79 elec tròes, como o do oiro. Nào é, pois, urna quimera a produgào artificial déste metal precioso. Vem em auxilio do que afirmamos o pe dido de patente para o processo de transm utafào do m ercurio em oiro, feito, hà pouco tempo, pela conhecida empreza alemà «Sie mens und Halske Aktiengesellschaft». Essa patente de invengáo, que se acha registada sob o n.° 599.762, é expressa nèstes tèrmos : «A transmutagào do mercùrio em oiro,, submetendo o primeiro metal a diferentes acgòes eléctricas, obtem-se de diversas form asi — 54 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA 1.“ — O mercùrio é submetido a urna descarga eléctrica, descarga que atravessa um dieléctrico líquido, por exemplo o óleo de parafina, ou líquidos nào susceptíveis de emulsionar-se, como o éter; devem, porém, preferir-se os halogenados do carbono, como o tetracloreto de carbono. 2.° — A descarga eléctrica do mercùrio é ainda exercida provocando urna descarga discontinua entre um eléctrodo de mercurio ou contendo mercùrio e um segundo eléc trodo. Obtem-se assim, quantidades de oiro muito mais consideráveis do que com um arco luminoso uniforme, principalmente se se dispuzer uma self-indugao no circuito de descarga e se se em pregar uma freqüéncia elevada. 3.° — A superficie do mercùrio líquido ou sólido é submetida a uma corrente de electróes gerada por um cátodo incandescente ; airradiacào electrónica é feita num espago de ar rarefeito. Um vàcuo muito elevado é mantido entre a superficie do mercùrio e o cátodo, ao passo que uma tensáo elevada é ligada ao mercùrio e ao cátodo. 4.° — Forma-se igualmente oiro no m er cùrio, conduzindo atravez deste urna cor rente de intensidade suficiente, por meio de — 55 — A MODERNA PEDRA FILOSOFAL eléctrodos constituidos por corpos passivos relativamente ao mercùrio. Um a vez sepa rado o oiro, o mercurio é submetido a novo tratamento. 5.° — Provoca-se, finalmente, um a des carga eléctrica sem eléctrodos num recipiente contendo mercùrio. 0 sistema atòmico é semelhante a um sistema planetàrio Cada sistema atòmico é a imagem, no infinitamente pequeño, do que é um sistema solar - no infinitamente g ra n d e. O seu nùcleo é um sol, em torno do qual gravitam os electròes — seus planetas. O sol hidrogénio nào tem mais do que um planeta. Há-os, porérn, que teem muitos mais do que o pròprio astro centrai do nosso sistema planetàrio. O sol m e r c ù r i o , por exemplo, tem nada menos de oitenta planetas em torno de si ! Registamos semelhangas; mas, com o se deduz fácilmente, entre ambos os sistemas há tambem suas diferengas. De facto, a atracgào new toniana que faz girar os planetas em torno do Sol nào é pre cisamente a atracgao electrica que faz girar -5 6 - OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA os electroes negativos em volta do seu núcleo positivo. As órbitas dos electroes, contráriamente as dos planetas, entrecortam-se constantem ente. E ’ outra diferenga— que, a-pesar-de tudo, nao destroi a lei geral. Em suma, na Natureza nao existe o grande nem o pequeño. O que íaz com que os objectos ou seres nos paregam pequeños ou grande é apenas o fruto de urna análise por comparagáo, visto que só por comparagao podem os julgar as coisas que nos cercam. Tudo sao proporgóes. Supunham os que o tam anho do único electrao do hidrogénio é idéntico a um óvo de p a ta . Admitindo esta hipótese, a sua distáncia ao núcleo, amplificada ñas mesmas por porgoes, seria de 1.100 quilómetros! Se nós fizessemos a órbita déste electrao igual á que a Terra descreve em torno do Sol, seria preciso dar á órbita do electrao um diámetro de mais de 10.000 quilómetros, comparável com a da Terra, que nao vai além de 13 mil. A velocidade de traslagao dos electroes em volta do seu núcleo é também urna enormidade... astronómica. O electrao único do hidrogénio faz t a n t a s revolugóes, nutn — 57 — C O N C L U S Á O P A S M O S A segundo, err. torno do seu núcleo, como faria urna hélice de aéroplano em cerca de quatro milhoes de anos! Enquanto a Terra, na sua revolugao anual em torno do Sol, percorre cerca de 20 quilómetros por segundo, éste electrao de hidrogénio percorre quási 3 .0 0 0 no mesmo espago de tempo! E éste electrao náo é dos mais rápidos.. Um electrao de uránio, por exemplo, está anim ado de urna velocidade, na sua ultra-microscópica elipse, de uns 201.164 quiló metros por segundo! O infinitamente pequeño é igual ao infinitamente grande Assim, um grao de poeira que nós possamos obter, despedazando um bocado de granito, é, em realidade, um enorme e ver tiginoso universo — contendo milhares e milhares de «sois», separados por distáncias comparativamente fantásticas e em volta dos quais gravitani «planetas» anim ados de velocidades que desafiam a mais robusta imaginacáo h um ana. O que nós cham am os pequenés é imensidade; o que nos parece iinovel é movi- — 58 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA mento — o que nós supomos vazio, nào encerra o tremendo horror do vàcuo. Conclusaci pasmosa E o nosso pròprio corpo, que se compòe de orgàos, constituidos por células, cons tando de glóbulos coloidais, dissolvendo cristaloides, resume-se, "finalmente, em áto m os—im ensam ente mais numerosos que as gotas de água encerradas por todos os océanos! E cada um désses átomos infinitamente pequeños, é um astro grandioso, circundado por um cortejo incalculável de m undos — que percorrem, vergados pela mesma lei» elipses imensamente pequeninas! * * * Analisemos agora o homem e o animal inferior, as plantas adoráveis e os minerais mais grosseiros, os mil objectos que possuímos e os milhóes de coisas que nào tem o s. É preciso que saibamos que tudo vibra, tudo vive urna vida vertiginosa e palpitante A morte nao existe, porque a morte é o nada -5 9 — O O N C L U S A O P A S M O S A é o caos, é o vácuo, e a Natureza, nao reconhece, nao pode reconhecer, nem o vácuo, nem o caos, nem o nada! Tudo o que conhecemos e ignoramos tem vida semelhante — na esséncia, Os próprios cadáveres das plantas e dos seres apresentam-se-nos com urna vida táo vertiginosa, como a que possuíam antes da tra n s f o rm a d o . Há só urna diferenga: A actividade mudou de «meio» e age de acórdo com ele. Mas a vida prossegue, prossegue sempre, embora sob o aspecto diverso que a tra n s fo rm a d o realisou. A c o n c e p d o do inanim ado, do repouso absoluto, é pura mente simbólica, porque a morte, no sentido rigoroso do termo, nao existe no Universo. A rapariga mais formosa, mais requinta damente sedutora, pondo de parte as com plexidades orgánicas e a luminosa e v o l u d o do seu espirito, nao difere, em esséncia, do humilde verme que tombou na Terra nem do magestoso sol que gravita, poderoso e chamejante, nos incomensuráveis esp a to s do C éu! — 60 — seflucao e Encanto Os centripetos sao amados cegamente — fazem escra\o s ; os centrífugos, amam com extremos de loucura — fazem scnhores absolutos. Sedugáo e Encanto Os centrípetos sao amados cegamente —fazem escravos, verdaderam ente idóla tras; os centrífugos, amam com extremos de loucura — fazem senhores absolutos, que adoram como deuses. S centríptos,com oadiante veremos, sao amados ce gam ente -- fazem escrav o s , verdadeiramente idólatras; os centrífugos, amam com extremos de lo u c u ra — fazem sen h o res absolutos, que adoram como deuses. Esta afirmagao, onde o significado de am ar se funde com o de urna atracgao ver dadeiramente irresistivel, c a r e c e de ser demonstrada. Demonstrá-la-emos, n ao só á luz da — 63 - O LIVRE ARBÍTRIO E A FATA LÍD ADB observaçâo e da estatística, como convém, mas ainda à do estudo experimental, como se torna necessário. Antes, porém, e para maior clareza da nossa tése, é preciso analisar até que ponto o homem é prisioneiro ou livre — se a fatalidade universal o faz vergar às suas leis ou se êle dispôe do livre arbitrio e pode praticar como quizer tôdas as suas acçôes. O livre arbitrio e a fatalidade Robert Salzmann, ao iniciar o seu livro sôbre a «Sorte», começa por preguntar aos seus leitores: — O que é a «sorte»? E, logo a seguir, explica-nos: «Sorte, para osantigos, era urna disposiçâo do «fado fatal», urna imposiçâo do destino para a realisaçâo do inevitável. Esta injusti ficada crença deu orígem a um sistema filosófico — o Fatalismo — , que nunca chegou a demonstrar as suas bases de concepçâo». Salzmann, com a mordaz ironia que póe em tôdas as suas expressóes sôbre a «irresistível» poténcia do acaso, dá-nos depois várias noçôes supersticiosas, rebuscadas com p a - — 64 — OS FILTROS DO AMOR E A ClílNCIA cientíssima in v e stig ad o no «folk-lore» dos primitivos povos da Terra. Claro que o lado empírico da questao nao pode, no actual momento, inspirar-nos qualquer interésse. Outro tanto, porém, já nao sucede com o «acaso» de Pascal — o pai da ciencia das probabilidades, cujo cálculo nos é indispensável íocar, embora em duas linhas apenas. Mas é preciso assentarmos já, antes mesmo de esbogarmos o mais ligeiro estudo, que um milháo de probabilidades nao constitue, por eloqüentes que sejam, senáo urna apro x i m a d o de certeza — que a realidade pode destruir, mesmo quando nao conhegamos as causas e nos seja impossível explicar os imprevistos efeitos. Recordem-se as palavras, que Napoleáo proferiu momentos antes de iniciar-se a histórica batalha de «Waterloo: «De cem probabilidades de triunfo, tenho ñas minhas maos noventa e nove*. Contudo, todos souberam depois, todos o sabem agora, que a única probabilidade que lhe faltava continha a mais formidável derrota que os tem pos registaram. Deduz-se, pois, com que prazer Napoleáo trocaria as suas noventa e nove probabili — 65 — 6 O LLVRE ARBITRIO E A FA TA LID ADE dades pela probabilidade única que ele atri buía a Wellington. Apesar disso, as Ieis de Pascal ficam de pé — com sólida base científica. O que se pretende é apenas evitar confusóes com re lativos compreensíveis e incompreensíveis absolutos. É inegável que se jogarmos ao mesmo tempo dois dados, é mais difícil, precisamente por ser menos provável, obtermos o valor de dois ou de doze, do que qualquer um dos compreendidos na série. Para se compreender o exposto, basta veri ficar que para se obterem aqueles valores é indispensável que ambos marquem azes, no primeiro caso, ou únicamente senas, no segundo. 1 2 3 4 5 + + + + + 5 = 4 = 3 = 2 = 1 = 6 6 6 6 6 Ora, para obtermos seis pontos, por exemplo, dispomos de cinco formas distintas, - 6 6 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA pois basta que os dados marquem 1 e 5, 2 e 4, 3 e 3, 4 e 2 ou 5 e I, para ganharmos a p a r t i d a . . . A probabiiidade relativa de um acontecim en to é o cociente que se obtem, dividindo a probabiiidade absoluta do acontecimento pela sòma das probabilidades abso lutas dos acontecimentos que se comparam. Um exem plo: O que é mais provável, quando se jogam dois dados, obter a som a de 4 pontos ou a de 7 ? O número de casos possíveis, quando se jogam dois dados, é de 36. A sòma de 4 pode resultar de 1 e 3, 2 e 2, 3 e 1 ou sejam tres formas distintas. A de 7 obtem-se com 1 e 6, 2 e 5, 3 e 4, 4 e 3, 5 e 2, 6 e 1, o que nos dá seis possibilidades de ganhar. Respondendo agora à pregunta, é fácil garantir que é mais provável obter-se a sòma de 7, visto que há a probabiiidade de -|- de se obter esta sòma antes que a de 4 coincida: _6 _ 36 2 M as nem tudo, por deficiencia dos nossos — 67 — O LIVRE ARBITRIO E A FATALIDAD® sentidos de observaçâo, se pode meter dentro das fórmulas rígidas do cálculo, pelo menos*, para que possamos dispór de grandes coefi cientes de certeza. Analisemos os movimentos de um dado lançado sôbre urna mesar Como é natural, o pequenino cubo de marfim, ao chocar com a madeira, move-se, em virtude da colisao, durante um certo espaço de tempo. Depois, a seguir ao esgotamento da força viva que o anima, pára — e fica: assente num a das suas faces, Qual? Supondo o dado perfeitamente hom o génio, éle pode-nos dar, num determinado m o mento, partindo do repouso, qualquer dos números marcados nos seis lados de que o cubosito se compóe. Qualquer dos casos, par tindo do repouso, sao, para nós, igualmente possíveis, visto ignorarmos as condiçôes di versas, de extrema complexidade, de q u e ésses casos dependem. De facto, quem é capaz de averiguar com exactidâo a forma precisa e a elasticidade do dado, o respec tivo ponto de aplicaçâo das leis da enércia, a direcçâo tomada e o ángulo do desvio pro veniente do choque, a intensidade da força que o lançou, a resistência que o ar lhe opóe e a que o atrito ocasiona? — 68 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÈNCIA Se o dado nào partir do repouso, isto é, -se já se estiver jogando, o caso varia — e pode oferecer-nos grandes probabilidades, se o impulso inicial, a resistencia, o atrito e o choque nào ultrapassar certos limites. De contràrio, com um só dado, nào hà cálculo que nos dè probabilidades de ganho — fora do terreno puramente estatistico, que fica anulado, como se sabe, se partirmos do repouso. Mas bá casos ainda mais vulgares, que to d o s os dias se apresentam à análise do observador. A moeda que cai ao cháo, rola e fica de p é ; a ponta de cigarro que se atira fora e fica suspensa em pequeña base ou esbarra com a cabega de um prego; a bolita branca da roleta, que depois de varias rotagòes vai precisamente caír no mesmo número em que anteriormente caira, sáo exemplos eloqüentes das leis do acaso, que o homem nao pode cálcular. Em que posigáo se devem por os dedos da mào, para que a moeda càia, role e fique de pé? Que impulso é preciso dar à ponta d e cigarro, para que eia, desafiando as leis >da gravidade, se vá equilibrar nuns milímetros ¡de tábua? Poderá repetir-se, à vontade, a - 69 — O L1V11B ARBÍT1U0 B A FATALIDAD®: queda da bola no mesmo número as vezes seguidas que nos aprouver? Nao. Mas só por isto: Porque a complexidade de movimentos é tam anha que o homem nao pode sintetisa-la para a pór em equagáo. Se pudesse e fosse possível, obedecendo a fórmulas, realizar os mesmos movi mentos, feriamos forzosamente em campo as mesmas causas e assistiriamos, com absoluta certeza, ao desenrolar dos mesmos efeitos. Admitamos, porém, que o poder de obser v a d o do homem é divino e que o seu p oder de análise e de síntese é, por conseqüéncia, infinito. Neste caso, o número da «sorte grande» da lotería seria determinado, pelo cálculo,, com absoluto rigor. A probabilidade de u m acontecim ento é a rela?áo de um n ú m ero de casos favoráveis para a dos possíveis. Se subdividirm os os casos favoráveis em vários g ru p o s, a probabilidade do acontecim ento será equi valente á som a das probabilidades totais, relativamente a cada um désses grupos. C o m o já vimos na página 67, adicionam-se efectivamente as fracgóes com o m esm o d enom inador, sum and o o s num e radores. -7 0 — OS FILTROS DO A M O R E A GIÈNGIA A escolha dos g rupo s é arbitrària, com a c o n d i l o , é claro, de éles cor.terem tod o s os casos p o s s i v e i s — mas seni repetir nenh utn . Mas a destrinca désses g ru pos, no cál culo da lotería, m esm o que dispozessem os dos sentidos de análise e de síntese que nos íaltam, é impossível, p o rq u e sáo quási infi nitos! De facto, um acontecim ento co m posto (as probabilidades dividem-se em simples, totais e com postas) depende de m últiplos acontecim entos simples que o acaso deve p ro d u z ir sucessiva ou simultaneamente. E a lotería é um «acontecimento» dos mais com po stos que se conhecem . P ortan to , fora do terreno da estatística e da o b s e r v a d o , é tolice, p o rq u e é anticientífico, p r o c u rar resolver o problema. M esm o no cam po estatistico, empírico, apenas defendido pela experiència, o cálculo das probabilida des so causaria desilusoes, p o rq u e para se determ inar a frequència de n em táo ele vado núm ero, seria preciso urna vida!!! Registamos, portanto, um pequeña incoriveniente: É que o hotnem precisaría de resol ver urna equa^ào de tào elevado grau e com tal número de incógnitas que, se nào fòsse - 71 - O LÌVRE AKBÍTfUO E A FATA LIDADE eterno, nào chegaria, sequer, a assimilar o problema! Se fosse, é possível que a loteria acabasse e que tóda a gera^ào hum ana tivesse deixado de existir, quando èie, no firn, se puzesse a discutir o enunciado ! O facto, embora impossivel, mostra-nos, contudo, que a sua irrealisa^ào se deve apenas à deficiencia dos sentidos hum anos e às condigòes de «meio» em que o homem existe; nào à fatalidade dos clássicos nem ao acaso da supersti^ào. Isto, sob o aspecto físico-matemático puro. Debaixo do ponto de vista psico-fisico ou, mais rigorosamente, biosófico, analisemos outro fenòmeno curioso, que muitos atribuem ao incognoscivel. No alto de urna obra trabalham vários pedreiros. Urna senhora, depois de ter entrado em cem estabelecimentos, ter feito deitar abaixo mil prateleiras e comprado metro e meio de setim, passa sob a mesma casa onde os pedreiros trabalham. N o mesmo instante, um homem cai do alto da obra e mata-a, ficando apenas, pela a t e n u a d o do choque, ligeiramente ferido. Seria necessàrio, para basear condigna mente o fenòmeno da conjun^ào, determinar primeiro se a senhora passou qu an d o o — 72 - OS F I L T R O S DO AMOR E A CIENCIA hom em caiu ou se o homem caiu precisamente quando a senhora passou. Mas isso é longo — e ultrapassa os limites déste livro. Limitemo-nos, como nos propuzemos, a separar o livre arbitrio da fatalidade e a demonstrar que um e outro sào fructos da nossa imaginagào — imensamente creadora, extraordinariamente fértil em concepgóes desta natureza. * * Em primeiro lugar, notemos que o homem é escravo do «Tempo» e do «Meio». Essa escravidào dà origem à luta e é precisamente essa luta que causa as m a n if e s ta r e s da vida. Mas o homem nao está absolutamente prèso nem absolutamente livre. A d e m o n s tra d o do exposto està no facto de èie ter nascido para caminhar a duas dimensòes e, após urna luta gigantesca, poder mover-se agora a très. Claro que as leis da Natureza continuarli a impor-se e assim, urna vez ou outra, o homem sobe voluntàriamente e depois de voluntàriamente atravessar, orgulhoso, o espago em tódas as direczòes> faz uma aterrissagem forgada, su- — 73 — O LIVRE ARBÌTRIO E A FATALTDADE perior à sua vontade, e vem estatelar-se cà em b a i x o . . . Conclue-se do exposto, que a natureza consente ao homem um livre arbitrio relativo — dentro do seu dominio absoluto. Ora, se o livre arbitrio é relativo, a fatalidade é forçada a ser relativa tam bém ; e um e outra deixam de existir — no significado abso luto, que a filosofia clàssica lhes atribue. Analisando melhor a questào, chtga-se a compreender que a desgraça que nos per segue ou a dita que nos acalenta dependem exclusivamente de nós e sâo funçào dos nossos estados de alma e da nossa fórma de pensar, de sentir e de agir. Sob o ponto de vista biosófico, a fatali dade, a ventura, o acaso e a sorte, sâo palavras vas, ôcas de sentido, como o fado, o destino e a desgraça — que nao teem, como vemos, o significado errado que os povos lhes atribuein. «Na Natureza, diz Flammarion, tudo se pode explicar. Só é preciso... saber». De facto, as ciencias abstractas ensinam-nos e as concretas demonstram-nos que nao há efeito sem causa. Por conseqiiéncia,. está nas nossas máos estudar a fórma de pro — 74 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÊNCIA vocar Unicamente causas, cujos efeitos, m ani festados mais tarde, encham a nossa alma de sol. U m h o m e m inteligente, que seja ao mesmo tem po um grande atleta da vontade, p o d e , com exercícios próprios, chegar a dom inar o «meio» e a fazer-se um superior. Zaidisky, em «Neohipnotismo», d epo isd e nos dizer que «a sociedade exige que o homem m oderno estude a ciencia da superioridade e conhega as leis do triunfo», acrescenta: «Estudando com atengao e cuidado, chega-se fácilmente a compreender a razáo por que uns sao joguetes da natureza, das mil influencias que os cercam, enquanto outros, os atletas da vontade (*), sao os orientadores dos mundos. A pessoa que sabe triunfar, triunfa. A que nao aprendeu a triunfar e se en trega áquilo que ela julga os caprichos da «sorte» e do «acaso», vegeta na existencia, como a planta sem seiva — agoitada pelo vendaval que passa^. A seguir, o grande mestre, depois de dissertar sobre as leis que regem os fenómenos egométricos, afirma-nos categórico: (!) Vidé «Pode dominar-se o acaso!». — 75 — O LIVRK ARBITRIO E A FA TA LID ADE «Para os homens que dominam o acaso, o pensamento é lei, o desejo urna ordem , o gesto uma vitória!» Laplace, que já em 1780 conhecia pro fundamente o que hoje ainda muitos ignoram, diz: «O acaso é a soma de todas as nossas ign oránc ias». José Agostinho, por detraz do pseudó nimo de Víctor de Moigénie, grita-nos, no seu «Homem em Portugal* : • O tem que ser é crenga absoluta de quem nao é capaz de ser alguem!». Albert d ’Angers, na «Casualidade e suas relagóes com a mentalidade do homem», depois de demonstrar a falta de sentido da concepgao clássica, acaba por afirmar: «O «acaso», a «sorte» e a «fatalidade», sao palavras cuja significagao só pode satisfazer os ignorantes, que nao querem por p r e g u i g a o u n á o podem por estupidez remontar á origem dos factos». * * * O nosso objectivo, ao iniciar éste curto estudo das leis de causa e efeito, foi apenas — 76 — 08 FILTROS DO AMOS E A CIENCIA Sedugao e Encanto Os centros de verdadeira beleza assemelham-se nos grandes sois do espado, que impoem o seu im perio invencivel a todos os planetas que os circundam. — 77 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA o de fazer com que nao constitúa urna nova teoria do amor, a juntar as tres que já expozemos, a do «magnetismo sexual», a «bacilare a da «refracgao cósmica» — o acaso ou a sorte. E estamos certos de que as pessoas que seguiram com atengao o ligeiro esbógo que fizemos sobre a in te rp re ta d o científica do acaso, nao podem atribuir á «sorte» os seus triunfos nem á fatalidade as suas derrotas. Ninguém casa com um principe por ser afortunado ou com um bandido por ser infeliz. Há outras razóes mais eloqüentes e mais exactas, que determinam a uniao dos seres e das coisas, segundo ambiéncias criadas pelas próprias coisas ou seres. Moderna Atracpao Universal Como lei universal da vida, parece poder estabelecer-se dos factos, da o b s e r v a d o e da experiencia, das teorias expostas e dos trabalhos de laboratorio que exporemos a seguir, que tudo quanto existe, desde o m i neral m ais grosseiro ao ser m ais evoluído, utrai-se, entre si, na razáo directa da sua beleza egom étrica e na inversa das dificuldades a vencer. — 79 _ MODERN A A T R A C g lQ UNIVERSAL. O mais belo (*) — que pode nào ser o mais formoso — atrai tào poderosamente o menos belo que, se a sòma das dificuldades nào ultrapassar o coeficiente de atracgào, a conjungào entre os seres ou coisas torna-se absolutamente certa. Quando os coeficientes de subjuga^ào e de atritos se equilibram, surge entào, se se trata de animais superiores, o desiquilibrio nèurico, originando grandes quedas de p o ten cial, do induzido, na direc^ào de um dos focos da elipse, ocupado pelo indutor; e como este se acha em repouso, relativamente àquèle, o induzido raras vezes pode suportar as exteriorisafòes de energia e, por via de regra, endoidece. O facto é tanto mais provàvel, quanto menor for a distància entre o induzido e o indutor, porque, nèste caso, a queda atinge enormes proporgòes e quàsi a violencia do jacto! Se, pelo contràrio, a sòma dos atritos a vencer ultrapassar muito o coeficiente de se d u c o , este enfraquece na razào directa do tempo e o induzido, vergado por outro indu tor que o subjugue, descreve urna nova elipse, (!) Egosoficamente, percebe-se. — 80 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA modificando, de acórdo cotn o novo «meio», a sua antiga forma de existir (1). Como procuraremos demonstrar oportu- (!) Em principio, a nova Atragáo Universal, que domina os sères e as coisas, desde o infinitamente pequeño ao incomensuravelmente grande, vai crear lutas nos espirites snperficiais, refractários à expe riencia e ao estudo — precisamente por apontar as leis de gravitagao da Vida Humana. Mas o facto nao nos surpreende, porque conilecemos bem a orientado das ciencias contemporáneas e o pouco que elas se teem dedicado, pelo menos ofi cialmente, ao complexo problema da existencia do homem. Nenhum investigador da Natura ignora esta grande verdade. Alexis Carrel, por exemplo, no seu livro ♦L’Homme, cet inconnu», exprime-se nèstes termos, ao referir-se à o rie n ta lo científica dos físicos no nosso tempo : «As ciencias da matèria fizeram extraordinarios progressos, ao passo que as dos seres vivos perma necen!, oficialmente, num estado rudimentar lamenta bilissimo. O atraso da biologia é atribuido ás condigSes de existencia dos nossos antepassados, à complexidade dos fenómenos da vida e à pròpria natureza do nosso espirito, que se compraz ñas construyes mecánicas e ñas abstracgóes matemáticas. «As aplicagóes das descobertas científicas moder nas transformaram por completo o nosso mundo ma terial e mental. Essas transform ares teem sóbre nós profunda influencia. O seu efeito nefasto provem — 81 — 6-A MODERNA. ATRACQÁO UNIV ERSA L namente, parece que a lei que impera no infinitamente grande, em tudo idéntica á que se faz sentir no infinitamente pequeño, é a délas terem sido feitas sem considerado alguma para cotn o problema do sèr e do destino. Foi a ignorancia de nós mesmos que deu à mecánica, à física e à quí mica o poder de modificar, ao acaso, as antigas formas da vida. «O homem deveria ser a medida-padrao de tudo quanto existe. «Mas èie, pelo contràrio, é um completo estranho no mundo que enriqueceu. Nào soube organisar èsse mundo para si, porque nào conhecia a sua pròpria natureza. O homem ignora-se. Apenas conhece o que o cerca!* A enorme dianteira tomada pelas ciencias das coisas inanimadas sóbre as dos seres vivos e especial mente sobre o homem, é um dos acontecímentos mais trágicos da historia da humanidade. O «meio» construi do pela nossa inteligencia e pelas nossas invengSes nào se ajustou nem à nossa estatura nem à nossa fórma. Náo nos serve. Torna-nos desgranados. Néle dege neramos moral e mentalmente. Sao precisamente os grupos e as nagSes em que a civilizado industrial atingiu o apogeu que nos enfraquecem mais. Sào aqueles em que o retorno à barbarie é mais rápido ; porque permanecem indefesos em frente do «meio» dverso que a ciencia oficial lhes criou. Em semelhante civilizado, que ignora a vida, torna-se impossível a e«istencia humana ! — 82 — OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA mesma que se manifesta na vida consciente dos sêres e na existencia inconsciente das coisas. E notavel a semelhança, quási absoluta, dos campos: Nao há nenhum sêr, objecto ou coisa que seja exclusivamente atraído, num a única direcçâo, por urna única coisa, um único objecto ou sêr: As atracçôes sâo sempre múltiplas, embora de intensidades diversas. O sêr que nos domina, ocupa, enquanto persistir o seu império sobre nós, um dos focos da elipse, ao mesmo tempo que todos o s outros centros de atracçâo se reünem no outro foco. Déste último pode, em dado m o mento, partir urna força que neutralise ou faça mesmo desaparecer totalmente a pri meira. Néste caso, as forças menores saltarao para o foco neutralisado, ficando no diam e tralmente oposto apenas o potencial que conseguiu su'ojugar-nos. O fenómeno tem origem no facto do induzido se mover constantemente no perí metro da elipse. — 83 — C A U S A Sf- Causas nos objectos e nas coisas Muito antes de se ter destronado o á to m o e creado, em substituiçâo da sua m agestade, a teoria electrónica, já os nossos avós conheciam, por experiência própria, a energia que constantemente irradiam os objectos e as coisas. O seu conhecimento do quarto estado da matéria era tâo profundo, que êles chegaram a construir poderosos acum uladores dessa força, fazendo centralisar potenciali dades diversas, tâo fortes como a electricidade e tâo duradoiras como o rádium, em pequenissimos objectos — destinados às tre m endas cerimónias absolutamente esotéricas de Magia Superior. Leadbeater, no seu livro «O lado oculto das coisas», trata magestralmente do assunto, demonstrando-nos pela observaçâo e pela experiencia que todos os objectos ou coisas criam em torno de si campos repulsivos ou de atracçâo, que podem modificar o «pro cessus» de vida nao só de outros objectos o a coisas, mas até dos próprios séres. O sábio teósofo conclue por afirmar que certos — 84 — so S FILTROS DO A M O R E A CIENCIA acumuladores dessas energías, hoje tâo raros c o m o as mais raras pedras preciosas, chegam a afectar o próprio espirito humano, até ao ponto de criarem ambientes ao homem capazes de lhe proporcionarem os maiores triunfos ou as quedas mais desastrosas! Atkinson, ocupando-se do mesmo assunto em vários livros da sua gigantesca obra (mais de quarenta volumes!), faz a mesma comparaçâo entre a física clássica e a moderna e acaba com éste comentário: «E os antigos conheciam isto!» É, de facto, surpreendente para quem estuda, hoje, descobrir que os sábios de um ontem muito remoto possuiam conhecimentos q u e as ciéncias contem poráneas aínda nao dom inam com precisao! Agora, realmente, ninguém ignora que a coisa mais simples, um pequenino grao de areia, por exemplo, é um gigantesco mundo de vida. Mas o que aínda poucos sabem é como utilisar essa extraordinária força intra atómica e muito menos dirigi-la em deter m inada direcçâo! (1). (!) Afora algumas reservas sóbre o alcance da teoría de Borh, pode dizer-ss que os slementos p rinordiais admitidos para a explicado do mundo nao biológico, — 85 - C A U S A S- Os antigos chamavam ao que nos desi gnam os hoje «acumuladores de energía intra-atómica», poéticamente talismans. Pouca gente há que, em nossos dias, ligue im por tancia a ésses objectos, precisamente por que éles — os verdadeiros — sao raríssimos e o s falsos, os veras, em número incalculavel. Crémos até que é quási impossivel a um simples mortal, seja qual for o pre^o que ofere?a, obter na época que passa um autentico talism am positivo, por que os únicos objectos^ eram o núcleo positivo do hidrogénio, ou «protáo», e o «electráo» negativo. A isto se acrescenlou o «quanta» de luz, ou de energia radiante, que, de acórdo cora as concepgóes de Planck e de Einstein, deve ser conside rada ’ indivisivel. A esta última partícula energética se dá o nome de «fotáo». Esta hipótese, comprovada por factos experimentáis, poderia, até certo ponto,, autoriza-nos a afirmar que a matéria se divide em tres constituintes prim ordiais:—protáo, electráo negativo e fotáo. Deu-se, porém, novo passo á frente, com a aplicagáo da teoria da relatividade, e admitiu-se que o quanta de rad iad o possúi também uma massa ma terial. Luiz de Broglie adoptou realmente tal ponto de vista, fm 1924. Cheg‘Ui él« a uma relagáo que expressa o valor do comprimento de uma cnda «associada» í uma massa, qu« é dotada de velocidade, cf m aceitagáo da constante universal de Planck. De acórdo cent fssa fórmula, o comprimento de uma onda, associada. — 86 - OS FILTROS DO AMOR E A CIÈNCIA désse género, que nao se conservam rigoro samente ocultos, sao de influencia negativa. Citaremos um, o de Oscar W ild e, que todo o mundo culto conhece. Para isso, dam os a palavra ao ilustre Azorin: «W ilde era magnífico e explendido; dis cípulo de Ruskin, seguía as suas pisadas de com odidade e de luxo. A sua casa era ao mesmo tempo, um eden e um museu. Londres adorava-o. Tinha urna mulher encantadora e um filh inh oq ueestre m e cia—era o q u e o p o v o classifica de verdadeiramente ditoso. a urna massa material, deminúe com o aumento desta e da sua v locidade. A concepgáo de Broglie nao cor responde a nenbum quadro cmipreensivo do ponto de vista físico, e deve ser aceite apenas pelo que pede ser expresso por meio de urna simpl-s relagáo mate mática. Das ondas associadas de Broglie, Schroedinger partiu para criar a nova «mecánica ondulatoria», que fundande-se na analogia entre es factos mecánicos e os óticos, dà um quadro que inclúe o duplo ponto de vista corpuscular-ondulatório. A teorio de Schroe dinger chega quási aos mesmos resultados formáis da de Broglie, prescindindo, até ctrto ponto, da teoria da relatividade de Einstein. Outros autores, seguindo as pisadas de Millikan e de Borh, quizeram já dominar a torga intra-atómica e dirigir, cm determinado sentido, a sua extraordi nària potencia ; mas, até hoje, nada de concreto existe sobre o assunto. - 87 — C A U S A S «Paris, tào avaro dos seus e tao cerim o nioso na recepgào de estranhos, recebia-o com franca admiragào e nào dissimulado prazer. «Tudo e todos, como se vè, sorriam ao grande artista saxao. «Wilde, corno é do dominio público, usava um anel misterioso, que cham ava a atengào de todos os seus amigos. Era urna magnifica joia de oiro corado, onde se via urna formo sissima pedra verde. «Quando um amigo lhe preguntou onde tinha obtido semelhante maravilha, eie explicou muito triste: <— «Isto», é o anel da desgrana. Um rajá da India, a quem os meus compatriotas despojaram e enforcaram, foi o seu primeiro dóno. Eu herdei-o de um filho déste principe, assassinado em Londres, que me explicou na d i s p o s i l o testamentària a meu favor, as «virtudes» tremendas desta joia. «E o poeta tirou o anel do dedo e mostrou-o ao seu amigo. A pedra tinha gravado, de um lado, um carangueijo e, do outro, o retrato tío rajá. « — A pessoa que possua éste anel, acrescentou W ilde, há-de ser toda a sua vida desgranada; e se, corno eu, for ditoso q uando — 88 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÉNCIA a receber, há-de, quer queira, quer nao, ser vítima, depois, das mais crueis fatalidades! «Para que a tremenda influencia nos ab a n done, nao basta deitar fora o anel ou oferta-lo, em quanto vivemos, a um amigo. «Também nao nos livramos da desgrana, se vendermos o anel. O comprador pode partilhar da fatalidade, é certo, mas nós conti nuam os a ser alvos do mesmo crudelíssimo poder! Para que cesse tao fantástica influen cia, é indispensável que a joia se «vá e m b ota por si m esm a»— perdendo-a, por exemplo, mas sem nada contribuir para o fad o» . Ninguem ignora o que depois sucedeu a Wilde, porque o seu doloroso e trágico des tino é tao conhecido com o a sua obra admirável. Alguns anos depois desta singular entrevista, o poeta voltou a Paris, mas vestindo pobremente, com um fato velho e roto, e sem uns magros vintens com que pudesse mitigar a fome que o minava e o frió que lhe fazia estalar os ossos! O anel do rajá comegara a sua obra de d e s tr u id o e de crime! N ao queremos alongar-nos; mas, como se pode atribuir ó fenómeno á «coincidéncia» ou ao «acaso», forzoso se torna destruir essas hipóteses. — 89 — C A U S A S Para isso, bastará demonstrar que, a a d m i t i r tal opiniao, teremos de admitir também que o «acaso» e a «coincidéncia» teem urna elasticidade e urna razáo de existir bem com parada com facto que a inteligencia pretende repudiar. E a demonstragáo, baseada ainda na obser v a d o e na estatística, é simples; só carece de um pouco de análise na investigagao de factos semelhantes, que se podem contar ás centenas. Na « G ioconda», de D ’Annunzio, por exemplo, também figura um anel terrivelm e n t e m a l é f i c o : « — Piccolo come urna gem m a, grande como um destino!», afirma um personagem, ao referir-se á misteriosa pedra do anel. Outro anel, nao menos fatal, pertenceu ao conde Zaborowsky, morto trágicam ente num desastre de automovel. E a misteriosa joia, como demonstra a sua historia, causou fins desastrosos a todos os herdeiros de Zaborowsky — que a foram possuindo á m edida que os seus maiores iam morrendo! Haverá alguem que nao tenha lido ou ouvido falar do trágico diamante, conhecido universalmente pelo nom e Hope, e que fi gura de um modo táo particular na morte de — 90 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA Vicent Mac Lean, o «menino dos cem milhóes de dolares», despedaçado pelas rodas de um automovel?! Cremos que nao, visto que ele tem já ori ginado as mais vivas discussóes, nao já sobre a sua tremenda influéncia, mas pelo facto, demonstrado, de ele conservar a mesma energía maléfica, o seu potencial negativo, há muitas centenas de anos. Os jom áis tém-se ocupado largamente do assunto, em bora sob o aspecto ligeiro, superficial, que convém aos grandes coti dianos. A verdade, porém, é que éstes acum uladores, que se descarregam com a lentidao com que o radium se desintegra, chegam a m anter a sua força destruidora durante um período de tempo que varia entre oito e dez mil anos! Hope, que veio do Oriente para a Europa em principios do século XVII e já existia antes da era crista, ainda nao perdeu abso lutamente nada da sua tremendíssima acçâo. Acusam o misterioso diamante de ter cau sado à mai do próprio Mac Lean, a sua horrível desgraça, o que nao póde causar-nos espanto, visto nao haver um único dos seus possuidores que tivesse acabado bem. — 91 — C A U S A S Maria Antonieta, urna das suas possuidoras, morreu no cadafalso. Urna formosa atriz francesa, que o levou emprestado, um único dia, a urna festa, mor reu pouco d e p o is — assassinada! A favorita de Abdul-Hamid morreu à punhalada e o pròprio Abdul-Hamid perdeu o trono pouco depois de ter adquirido a misteriosa joia, acabando, como todos os outros, por ter um firn tremendo e desastroso. Q uanto ao pai de Mac Lean, que comprou o grande diamante por cincoenta e duas mil libras esterlinas, pondo como condigào só pagar a importància, passados seis mèses, a ver se durante èsse periodo de tempo lhe sucedia, de facto, «alguma coisa de notável», toda a gente sabe o que se passou... Um outro caso, o último que citaremos, porque näo podemos dispör de espago, é o do célebre colar de Luis XVI. Em 1906, um rico negociante de S. Petersburgo, M. Andreef, adquiriu, num leiläo, um formoso colar, que depois se identificou e veio a averiguar-se ser o mesmo que o infor tunado monarca havia m andado fazer. Andreef, ao conhecer a iden tificado , estremeceu, mas jà era t a r d e . . . Os sobreviventes da familia real, com a — 92 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA R e v o l u t o Francesa, f o r a r a disseminados pouco e pouco. Um dèles, fugindo à perse g u i l o dos terroristas, refugiou-se em Bruxelas e ali, sentindo necessidades imperiosas,, desfez-se do colar, morrendo desastrosamente logo a seguir à transacgào! Os vários donos que depois teve o mis terioso colar, sofreram todos a sua tremendis sima iniluència malèfica. Um principe russo, que se havia apaixonado loucamente por Trukky, adquiriu a maldita joia e ofereceu-a à deliciosa bailarina. Pouco tem po volvido, o principe foi trucidado por um combóio. Q uanto à gentil Trukky, a sua fama foi tào grande, que a sua biografia é conhecidíssima. Desde que se fez dona do colar pouco mais brilhou, acabando, dentro de meia duzia de mèses, com urna doenga horrivel -- e coberta de misèria! O colar foi entào adquirido pelo conhecido antiquàrio e coleccionador de objectos históricos, W. Linievitch, que pouco durou também, pois faleceu repentinamente, em piena rua, mèses depois de ter feito a compra da joia! Dos seus herdeiros, as noticias que chegaram até nós, nào sào mais alentadoras^ visto que todos morreram na maior desgraga — 93 — C A U S A S e depois de terem provado o tremendo fel da miséria! Se nao nos faltasse o espaço, poderíamos apontar fad o s extraordinários, nao só de acumuladores negativos, como os que expozemos, mas de centros positivos de energía, que proporcionan] a quem os possue verda d e r a s ambiéncias de ventura. Há acumuladores que atraem o amôr e a felicidade, como os há que só atraem o odio, a desgraça e a miséria! Estes podem vender-se; aqueles é impossível, porque os conservam rigorosamente ocultos e os seus possuidores nao os cedem nem inesmo por quantias fabulosas — d e q u e afinal nao precisara — por que sao indivi duáis ou fazem parte de heranças esotéricas, que é criminoso revelar. * O que pretendemos, ao fazer esta pequeníssima digressáo histórica, nâo foi entrar na técnica intrínseca déstes invulgares acum ula dores de forças, mas simplesmente dem ons trar, como já fizemos ao tratar do infinita mente pequeño, que na Natureza tudo vibra — 94 — OS FILTROS DO AMOR E A CtBSC I A segundo a mesma lei cosmo-vital, desde a mais gigantesca nebulosa ao mais humilde ^ r â o de areia. E, se êsse grâo de areia for acumulado com outras energías, positivas ou negativas, obteremos, como se deduz fácil mente, um creador de ambiéncias extraordinárias, que tanto facilita (segundo a influencia acum ulada) o sol como a treva; o mau, abjecto e vil como o Belo, o Bom e o Excelso. Mas estas mesmas energías (nao esque j a m o s isto!) manifestam-se, embora em quantidades infinitesimais, em tudo quanto existe na Natura — porque tudo o que vive, vibra e tudo o que vibra, influe. Os acumuladores s a o a p e n a s centros dessas várias forças infinitesimais que vogam irrantes no «meio». Se nâo canalisassem para éles essas energías, ésses focos divinos ou tremendos, nâo poderiam existir. Causas nos séres humanos Com o fim exclusivo de nos fazermos perceber e nâo com quaisquer intuitos de aparentar erudiçâo — expediente de que n âo — 95 — C A U S A S . carecemos e processo que sinceramente detes t a m o s — vamos divagar um penco sobre as mais modernas teorias da concepçâo do tem po e do espaço: Comecemos por notar que, rigorosamente, as dimensôes nâo sâo a com paraçâo do espaço com determinadas linhas ou ángulos, mas sim o resultado da apreciaçâo hum ana e das formas de medir o espaço — distintas urnas das outras. Assim, tudo quanto se medir de forma diversa da primeira, tem forçosamente que gerar um ángulo recto entre a primeira e a segunda. Ora se o tempo possúe extensao» somos levados a concluir, com o creador da relatividade restrita (!), que éle nos fornece uma quarta dimensao, visto que podem os medir o tempo sem nos movermos em n enhum a das très dimensôes já conhecidas — o que equivale a dizer que os habitantes de um espaço a quatro dimensôes podem observar, em dado momento, o nosso m undo, a très, gravitar em torno do seu foco em determinada elipse, mais ou menos alongada* (!) «Teorias de Campo», de Einslen. — 96 — OS FILTROS DO AMO K E A CIENCIA Para tais habitantes, capazes de perceber a extensao do tempo e do espaço, nâo haveria passado nem futuro, porque anaiisariam tudo sintetisado no presente, visto que obser vando as partículas do nosso mundo tridi- A quarta dimensáo Os habitantes de um mundo a quatro dimensóes conhecem o pas sado, o presente e o futuro do nosso mundo tridim ensional.. . mensional, como um todo seccionado, concluiriam que o único campo que se move no espaço é o de très dimensóes e portanto, para éles, o m om ento presente! Esta concepçâo das teorías de campo, levou Hiton a afirmar que o passado e o -9 7 - 7 C A U S A S futuro coexistem e que, se nos é possível experimentar a m udanza ou tra n s i d o , o facto é apenas devido a um movimento rela tivo entre a extensao do tem po e o pequeníssimo espago de um só instante, incalculavel, quási sem dimensSo, que é o presente (>). Dar urna idea exacta do espago a quatro dimensóes, de forma que ela possa ser assimilada com clareza e precisao pelos habi tantes de um m undo tridimensional, é tarefa dificílima, quási impossível — fora do cam po rebarbativo das matemáticas puras. Apesar disso, vamos tentar... valendo-nos de urna linguagem nova e de urna c o n c e p t o inédita. N inguem ignora que a geometría c h a m ada de Euclides se baseia nos axiomas déste grande geómetra sobre as linhas p a ra lelas. Tam bém ninguém desconhece que Gauss pretendeu crear urna geometría nova, admitindo um espago de mais dimensóes do que as tres já conhecidas... mas a linha recta, naquéles tempos, era urna concepgao indiscu(i) A extensao do presente é inversamente p ro porcional a evoluQlo do ser que o observa, isto é, tanto menor quanto maior for a evolugáo do obser vador. — 98 — •OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA íivel. Nos tem pos de Gauss ninguem ousaria afirmar, sem ser coberto de ridículo, que um íá i o de luz é urna curva, porque a atracgáo universal, de Newton, admitia grandes excepgoes no seu mundo tridimensional! Contudo, Riemann em 1854 e Helmoltz em 1856, interpretando as teorías revolucionárias de Bolyai e de Lobatschewsky, dois m atem áti cos de invulgaríssimo talento, mostraram-se corajosos e afirmaram pela vez primeira que a linha recta é um m i to ! Em meados do século findo, ignorando-se como se ignoravam as modernas teorías da luz, a afirmagáo dos dois geómetras, destruindo a nogao clássica do infinito, causou, como era natural, um auténtico escandalo! Mas nao se julgue que os matemáticos «m udeceram e que as honras das teorías de c a m p o se devem exclusivamente á tese formidavel de Einsten. Spotiswood, muito antes do eminente cientista alemao, manteve a existencia, nao só do espago a quatro dimensóes, mas de n d i m e n s ó e s , como pretendeu demonstrar. Hugo, seu contemporáneo, foi muito mais lon ge... e concebau o espago de dimensóes fraccionadas! Stallo afirma a éste respeito, em «Maté- - 99 — C A U S A S ? riae Física M oderna» (!884), o s e g u i n t e í 1) : «O nosso espaço ordinario, o euclideo, a très dimensôes nâo é mais nem m enos do que urna forma possivel de espaço, cuja preeminência sôbre as outras formas nao pode sustentar-se senáo por motivos empíricos; e, segundo os dogm as lógicos e psicológicos da escola sensualista, é devido apenas a uma associaçâo acidental de noçôes, que poderiam ser dissociadas. A julgar pelos trabalhos de geómetras ilustres, tem até de admitir-se que a dissociaçâo já se efectuou, posto que se descobriram novas dim ensôes do espaço, baseadas num a consequéncia necessària d e certos factos postos em relevo pela experiência e que nos é impossível explicar de outra maneira». E Stallo, para salientar bem as dificuldades com que se luta para dar uma idea,por pálida que seja, das dimensôes que nâo estamos habituados a perceber, conclue: «Como havemos de compreender a quarta dimensâo, se mal concebemos a terceira?l (!) Como é nosso hábito (já prevenimos o leitor), fazemos traducá o livre dos textos, procurando tornar as teses mais compreensíveis e substitiundo por ter minología cha as expressOes matemáticas. — 100 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA Esta dimensâo do espaço nâo a percebemos directam ente; inferímo-la apenas dos tactos familiares da experiéncia visual e tactil. Para a explicaçâo dêstes fenómenos, a terceira dimensâo torna-se, como se deduz fácilmente, urna hipótese absolutamente indispensável». Mais adiante Stallo, que escreve, como já dissemos, era 1884, inostra-se v e r d a d e r a mente extraordinário: «O espaço verdadeiro tem, p o r conseqüéncia, nâo très dimensóes, mas quatro, cinco ou ainda muitas mais. «O espaço em que nos movemos pode ser nâo só homoloide ou plano, mas inhom oloide: curvo, esférico ou pseudo esférico, de onde se concilie que toda a linha consi derada até aqui como urna recta, pode, suficientemente prolongada, constituir urna curva. Assim, o universo, embora ilimitado, poderia ser (e certamente é), nâo infinito, com o se supunha, mas finito, como parece deduzir-se das dimensóes por ora mal defi nidas do espaço. Realmente, se se admite o caracter pseudo esférico do espaço, pode traçar-se, pelo mesmo ponto, um feixe de linhas «7 m ais curtas possivel, rigorosamente paralelas, pelo menos na aparência, a um outro feixe de linhas, também o m ais cartas — 101 — C A U S A S possivel, no sentido euclídio do termo — que nao se encontrem nunca, seja qual for a distáncia do seu prolongamento. « O grau da curvatura do espago, assirn como o número das suas dimensoes, podenr ser (e sao provavelmente), diferentes ñas várias regióes do mesmo. É de crér que a nossa experiencia do espago tridimensional; que habitamos, nao nos permita inferir n ad a legítimamente quanto á curvatura e ás dim en soes de outras regioes do espago — incom ensuravelmente grande ou incomensuravelmente pequeño. «Mais pode deduzir-se: Que num a regiao qualquer, a curvatura do espago e o núm ero das suas dimensSes podem estar (estao, certamente) era vias de sofrer urna evolugáogradual». Stallo, néste último período, ultrapassa a invulgaridade que sinceramente lhe atri buimos, p a r a se tornar v e rd a d e ra m e n te assombroso! É possivel que o grande geómetra, depois de 1er Kant, Schopenhauer e Helmoltz, ten ha querido averiguar se, de facto, a aplicagáodas leis de causalidade, como fungao d o entendim ento, é feita pelo hom em á p r io r i^ Néste caso, é forgoso admitir que o seu - 102 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÉNCIA raciocinio matemático o libertou por com pleto do « m eio » ! Realmente, se pensarmos um pouco, chegam os a concluir coisas fantásticas — bem distantes da nossa época. Os sentidos transmitem ao cérebro todas as impressoes que recebem e que depois constituem, para nós, um a verdade incontroversa, ernbora a sua esfera de acgao esteja limitada a duas dimensóes, visto que éles actuam, nao dentro de nós, mas na superficie do corpo. Possuimos a nogáo de um mundo tri dimensional, mas n3o podemos esquecer-nos de que essa nogáo nos é dada em conseqüéncia de um «processus» intelectual. Com o foi que a inteligencia se apoderou désse conhecim ento? Joh ann Zollner, em «Física Transcen dente», apresenta-nos um raciocinio curioso: «Se uma creanga contempla uma das suas máos, adquire, de uma forma dupla, a consciéncia de que existe: pela sua tangibilidade e pela impressao da sua retina. Tacteando e apalpando, a créanla chega a conhecer, por experiéncia, que a sua m3o conserva a mesma forma e a mesma extensao ñas diferentes posigóes em que a observe, em bora a forma e extensao retiniana varié constantemente, — 103 — G A U S A S segundo as diferentes posigoes e distancias da mao, relativamente ao ólho observador». Como explicar o facto, aparentemente contraditório, da invariabilidade do objecto e da variabilidade do seu aspecto? C om o? Admitindo a hipótese do espago a tres dimensóes, no qual, em virtude das mudangas de perspectiva, estas variagóes de projecgáo podem nao ser incompatíveis com a conservagao íntegra da forma. É preciso nao esquecer que as figuras planas podem, em determinadas circunstáncias, dar-nos, intelectualmente, a terceira di mensao. O clássico esteoroscópio e o m oderno anaglife sao exemplos eloqüentes de que a terceira dim ensao nasce curiosamente no cérebro, q uando os olhos fixam, ao mesmo tem po, dois quadros exactamente iguais, em bora de ángulos ligeiramente diversos (i). Néste caso, só o sentido táctil nos pode tirar de dúvidas. Conclúe-se, pois, que as nogoes que possuimos da terceira dimensao, se lhes tirarmos a experiencia do «meio>, ficam reduzidas a urna necessidade intelectual — que as leis de (i) Vidé «Ótica Fisiológica», primeiro volume da «O Mundo Científico». — 104- c a u s a l i d a d e impóem indiscutivelmente á nossa crítica dos tactos! Ora, para termos experiencia da quarta dimensao, carecemos de um outro sentido, que nos permita analisar o «meio» sob um aspecto diferente. Se, porém, nos conten íanno s com a nogao intelectual, como suce dería com a terceira, se nao conhecessemos o tacto, podemos elevar a nossa concepgao do espago até ao ponto de concebermos, com relativa facilidade, a existencia da quarta. Tentemos... Urna corda, A B ( i \ g . 1), se estiverbem esticada, dá-nos a nogao do espago a urna única dimensao. S e a dobrarmos sóbre si mesma B Fis. x (fig. 2), de forma que, durante a acçâo, as suas partes se conservam no mesmo piano, obteremos um desenvolvimento de espaço a duas dimensôes. C A U u S A S! N Fie. 2 Admitindo que a nossa corda é infinita m ente delgada, o que até agora praticamossó nos indentifícou com as duas primeiras dimensóes. Procuremos, de novo, pór a corda n a m esma posigáo anterior (fig. 1), de forma que ela volte a ocupar urna única dimensao. P ara c o n s e g u im o s isso, teremos, como se vS — 106 — OS FILTROS DO AMOR B A CIENCIA na fig. 2, de fazer descrever ao extrèmo A, percorrendo A', um ángulo de trezentos e sessenta graus. Só assim, conseguiremos des- N Fig. 3 fazer N — solvo se conhecertnos m ais de duas dimensòes, como demonstraremos a seguir. De facto, se num mundo a duas dim ensòes — 107 — C A U S A S houvesse um habitante capaz de executar, nesta corda, operaçôes unicamente possiveis nura espaço a très dimensôes, èsse ènte in- N --------- ■ ^8 N Fig. 4 vulgar poderia desfazer N, dando apenas meia volta ao anel aspirai do centro (fig. 3). Praticando a mesma o p e r a d o , mas de m odo inverso, o mesmo sér, que os habi — 108 — 08 FILTROS DO AMOR E A CIENCIA tantes de um mundo a duas dimensoes classificariam de sobrenatural, poderia voltar a fazer N, sem tocar para nada nos extremos A e B. Aplicando agora, por analogía, a mesma c o n s id e r a d o a um nó tridimensional (fig.4), constataremos que fazer e desfazer N depende de operagóes, durante as quais, as partes da corda descrevam urna linha de dupla curva tura. Nós, seres com p'ercepgóes tridimensionais, só podemos atar ou desatar um nó a tres dimensoes, fazendo mover urna das extre midades da corda, atravez de trezentos e sessenta graus, num plano que se ache incli nado para aquéle que contem a parte das duas dimensoes de N. Ora, se no nosso «meio» tridimensional existissem seres capazes de produzir nesta corda movimentos a quatro dimensoes, ésses seres, que nós classificariamos de sobrehu manos, poderiam fazer e desfazer o nó, sem tocarem ñas extremidades da corda. O facto nao deve surpreender-nos. Lembremo-nos de que os habitantes de um m undo bidimensional nos podem cham ar sobrenaturais! O que é difícil é que as circunstáncias de — 109 - C A U S A S «meio» nos favoreçam até ao ponto de nos iornecerem essa noçào. Difícil; nâo impossivel. Muitos sao já os sábios que alcançaram essa vitória no campo experimental. Zöllner, que estudou profundamente o assunto, exprime-se nêstes termos: «Todo o ser inteligente que saiba produzir num a corda movimentos a quatro di mensöes, é capaz, sem tocar ñas extremidades, que podem estar lacradas ou ligadas entre si, de fazer ou desfazer nos da terceira dimensao«. E, logo a seguir, afirma : «Esta experiéncia nao é impossível: Eu próprio a levei acabo, com o auxilio de Slade». A quarta dimensâo converte-se assim, para nós, num a realidade objectiva. E que pode concluir-se de tudo isto? Que a lei universal continúa invariável — que um m undo a très dimensöes gravita era torno de um de quatro, que um de quatro gira em volta de um de cinco, que a elipse percorrida por um de cinco tem num dos focos um m undo de seis dimensöes. E assim ... até ao clássico oito atravessado! Compreende-se tam bém que um mundo superior conhece toda a historia, passada, — 110 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA presente e futura de todos os outros mundos que Ihe sejam inferiores, precisamente por que todos éles se movem em torno do seu foco de atracgao — relativamente a éles, estacionárío no espago. E após esta conclusáo de harmonía com a moderna Atracgao Universal — o que buscávam os — podemos proseguir. Antes, porém, vejamos o que é a vida hum ana e toquem os ligeiramente no seu maravilhoso segrédo de ser. O que é a vida humana A semelhanga que existe entre o anim ado e o inanim ado é, como se constata, flagrantíssima. Contudo, nao devemos surpreender-nos com esta extraordinária analogia, porque o corpo hum ano nao passa de urna m áquina — de urna maravilhosa m áquina, sujeita, como todas as outras, á acgáo do tem po e do meio. Ora o «tempo» e o «meio» sao os eternos, quási absolutos e indistrutíveis agentes que hao de subjugar constantemente e aniquilar, por fim, todos os mecanismos, incluindo os mais poderosos e complexos — incluindo o próprio homem. — 111 — O QUE É A VI DA H U M A N A A vida é, pois, a conseqiiència naturai de urna luta constante do organism o contra as causas interiores e exteriores da morte, A fisiologia nào é ainda muito clara na e x p lic a d o de tal fenòmeno. O que nos diz com absoluta seguranza, com indiscutível fundam ento científico é que o dirigente dessa luta titànica, o com andante em chefe dèsses guerreiros extraordináriamente maravilhosos, é o nosso sistema nervoso que, por meio d o s seus diversos centros, orienta o combate per m anente contra os invasores da existencia. Q uando o nosso sistema nervoso, no con junto dos seus elementos, atúa mal sobre algum ou alguns dos seus diferentes centros, os ((invasores» triunfam nessa parte do cam po em luta e nós sofremos as conseqüencias d a invasao, por que eia pode originar urna tre mendissima enfermidade. Se o nosso sistema nervoso perde o seu impèrio, nao sóbre algum ou alguns, mas sóbre todos os seus centros, a «invasao» é simultánea e, em con seqiiència dela, surge ¡mediatamente a morte. O sistema nervoso tem, pois, a seu car go a defesa da integridade orgànica e do equilibrio funcional de todo o nosso org a n ism o. Se tal equilibrio deixa de existir e — 112 — OS FILTROS DO A M O R E A CIÈNCJA sobrevertí a enfermidade é porque o sistema nervoso fraquejou — perdeu o seu impèrio em algum campo em luta. Éste conhecsmento psico-fisiològico era já muito discutido pelos nossos avós, embora um pouco empiricamente, o que originava falsas i n t e r p r e t a r e s e, portanto, constantes desinteligèncias entre os sábios da épocá. A cham ada bruxaria científica dos povos primitivos, assim como o ocultismo dos egipcios, dos indús, dos ragi-yoghi, etc., fundavam-se no sistema nervoso, porque os seus cultivadores conheciam, embora muito imperfeitamente, o seu extraordinàrio impèrio sobre todo o organismo humano. Estes conhecimentos empíricos foram, nao obstante a sua enorme antiguidade, sempre conservados secretos pelos seus iniciados — que até conheciam as fungóes do bago e a «modus» como èie fabrica glóbulos brancos e dissolve os hemátitas envelhecidos e inúteis ! (J). Ai pelos fins do século XVIII foi quando se tornaram públicos, pela vez primeira, certos conhecimentos, que se atribuem, cotn (i) «Mundo Científico», 2.° voi., pág. 67 e seguintes. — 113 — 8 O QUE É A VI DA H U M A N A verdade ou com mentira, a urna imperdoável indescrigáo de um dos discípulos de Paracelso. Valendo-se dessa revelagáo maravilhosa, um médico a l e m a o , Frederico Antonio Mesmer (1733-1815), inaugurou, em París, urna terapéutica nova, a que deu o nom e de »magnetismo animal» — hoje conhecida por «mesmerismo» e largamente estudada, em inicio, pelo grande filósofo francés Ernesto Bérsot (1816-1880) no seu interessantíssimo livro «Mesmer e o seu M agnetismo Animal». A sala de experiencias de Mesmer, d en o m inada «sala das convulsoes», estava sempre cheia de enfermos dos mais ilustres da Franga, o que originou um grande ruido em todos os povos civilisados do mundo. C om o nao se falava em outra coisa, os sábios da época viram-se forgados a intervir no assunto e, em 1784, a Academia de Ciencias de Paris, que já tinha nom eado urna comissáo de m é d i c o s para analisar d e perto o discutidíssimo sistema terapéutico, publicou informes contrários as afirmagóes do arrojado clínico alemao. Em 1793, Berna, um discípulo de Mesmer, conseguiu que uma segunda comissáo de académicos analisasse de novo os fenó — 114 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA m enos do Magnetismo, o que fez com que a discussào se tornasse tào viva e o interèsse aumentasse de tal forma de ano para ano, que a Academia se viu forjada em 1840, a ts m a r urna nova resolugào e fazer afirmagòes definitivas sóbre o caso. Fez portanto, pubicar a sua douta opiniào, dizendo que o Magnetismo Animal nào existia, que era um mito, um fruto de charlatanice. Quando, p o térci, algum médico mais hum ano interrogava alguns dos péritos sóbre certos fenómenos inexplicáveis que presenceara, èie, por ùnica resposta, encolhia os ombros com profundissimo desprèso, sem notar, sequer, que tal gesto nào é explicagào digna de um aca démico. A i g n o r à n c i a lealmente confessada, tolera-se, respeita-se até, mas a encoberta com pedantism os i m p ro p rio s .. . Mesmer nào tinha razào em tódas as suas afirmagóes. Algumas, porém, careciam de estudo e nào era um irritante encolher de ombros que derramaría luz sóbre o assunto. Assim o entendeu a maioria dos sàbios conscienciosos, que continuou a estudar os fenómenos provocados, até que urna razào lògica — v e r d a d e i r a m e n t e científica, os pudesse explicar. Coube essa honra a um — 115 — O Q U E É A V I D A H U M A N A distinto médico inglés, Braid, profundo espe cialista em doengas nervosas. Foi em 1841 que o grande cientista londrino demonstrou de uma forma rigorosa — indiscutível — que era impossível que um ser magnetisado pudesse levantar as pálpebras. Investigando as causas desta paralisia parcial e o m ani festo desiquilíbrio que o fenómeno provocava em todo o sistema nervoso, chegou-se ao m oderno hipnotismo, depois brilhantemente consagrado como ciéncia experimental p o r Charcot, Liébault e Berrheim. Após a admissào do hipnotismo como ciéncia experimental e concreta, forzoso foi admitir tam bem a efectividade da sugestao,. pelo menos nos individuos mergulhados em sóno hipnótico. Mais tarde, a sugestao foi admitida mesmo no estado de vigilia e, por firn, para de novo se estabelecer a confusao, misturou-se tud o... Hipnotismo, Magnetismo e Sugestao, em bora os cientistas, pròpria mente dignos déste honroso qualificativo,, saibam, por experiéncia pròpria, que se trata de assuntos absolutamente diferentes, tanto ñas causas como nos efeitos. M. de Berco demonstrou esta diferenga bem eloqüentem ente no seu precioso livro «Para distinguir — 116 — OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA o Magnetismo do Hipnotismo — suas analogias e diferengas». O que outrora se denom inava intrujice, charlatanismo ou lenda tinha, pois, o seu fundo de verdade, que era indispensável estudar. Hoje a sugestáo colectiva é admitida co m o um facto científico real e concreto. Contudo, há urnas dezenas de anos, os d e n tistas que nao sabiam explicar o fenómeno, cham avam -lhe «fantasía», como se fantasía nao fósse urna ilusao filha do estado suges tivo em que se achava mergulhado todo o sistem a nervoso do «sujet». Recordemos, a propósito, a velha historia medieval do «Velho das M ontanhas», consi derada como urna fantasía dos cruzados — tida como inverosímil ainda nao há muito e hoje perfeitamente explicável á luz dos mais rigorosos principios da ciencia. Assan Ben-Sabbah, a quem os historiado res das cruzadas chamavam o <Velho das M ontanhas», de tal forma cegava e mantinha obedientes á sua hercúlea vontade sessenta mil subditos, que, urna vez, aquando da vi sita de um embaixador estrangeiro, ordenou a um dos seus hom ens que se atirasse do cim o de urna torre e, a outro, que espetasse - 117 — O Q U E É A V Í D A H U M A N A . um punhal no peito, sendo obedecido ¡me diatam ente e sem a mais pequenina hesitagáo! T odos os cientistas da época atribuiam tal influéncia sugestiva á tendéncia que o povo tem de amplificar as intrujices, afir m ando que, em inicio, se tratava de urna historieta, aum entada a seguir por alguérn que quería dar-se a importancia de ter assistido ao fenómeno. A e x p lic a d o era cómoda. Nao carecía de in v e s t i g a r e s científicas nem de esfórgo inte lectual. Era tudo mentira, tudo! Era a «ciencia» quem fazia tal afir m a d o ! . . . Portanto, duvidar... equivaleria a urna autoclassificagao de ignorante... Mas, com o rodar dos tempos, surgiu um hom em — um cientista dos auténticos, dos raros, dos que costumam estudar a lundo os enunciados e, quási sempre, resolver os pro blemas Ésse homem, ésse espirito superior, que vivera até ai ignorado, como é costume viverem os grandes génios, tornou-se popu laríssimo e foi violentamente atacado pelos seus colegas em voga — táo conhecidos, tao reclamisados, como ignorantes, estúpidos e pretenciosos. — 118 — OS FILTROS DO AMOR E A CIRNCIA Mas o defensor da verdade, que a historia nos legou com o nom e de Silvestre de Sacy, venceu por fim a luta, esmagando os seus adversários e enchendo de luz um assunto que parecía condenado a ficar eternamente ñas trevas. Sacy, após aturado estudo, conseguiu demonstrar que o vocábulo «haschischin» nao significava «assassino*, como se denom inavam, por ignoráncia, os subditos do Velho das Montanhas. H aschischin é o plural de haschischi, originariamente o nom e de uma erva, semelhante ao cánhamo, de propriedades enervantíssimas. H aschischi era, pois, o nom e de um forte hipnótico vegetal, como depois se demonstrou. Ora os escravos de Hassan, segundo éles mesmo confessavam, eram gulosos por um «chá» especial, que só o seu chefe sabia preparar. Era uma infusao do tal hipnótico poderoso — que fazia dos sessenta mil beb e dores sessenta mil autómatos — á mercé da sugestao. E eis explicado mais um dos mistérios do nosso sistema nervoso. Modernamente, a complexidade nervosa tem sido alvo de estudos aturadissimos e désse campo maravilhoso tém surgido conhe- — 119 — O Q U E É A V I D A H U M A N A cimentos científicos do mais extraordinário valor. Aos estudos do ilustre espanhol Ram ón y Cajal deve-se a transformagáo quási abso luta do antigo e simplicíssimo conceito dos ñervos como condutores continuos da corrente nervosa. O seu demorado estudo microscópico dem onstrou claramente que o sistema ner voso se acha ligado, entre si, por urna enormíssima série de contactos im perfettos. Achamo-nos, pois, dentro de um campo prático adm irável: A semelhanga do sistema nervoso do homem com os modernos aparelhos emissores e receptores de ondas eléctricas, cuja base é, como se sabe, também os contactos im perfeitos de um condutor de corrente. E aqui temos nós a lám pada de vários eléctrodos. É maravilhoso! Admitindo, como já está admitido por semelhanga com as outras ondas vibratorias, a possibil dade, nos neurones, de emitir e receber vibragóes nervosas, a explicagáo rigorosa do estado sugestivo é tao simples, táo natural, como o natural funcionam ento de um aparelho de telefonía sem fios. Como assumimos a responsabilidade de - 120 — OS FILTROS DO AMOR E A GIÉNGIa nos fazermos perceber, analisemos ainda o aparelho receptor de Branly: O aparelho receptor de Branly nao é mais do que um pequenino tubo de vidro, dentro do qual se acha, presa entre os dois polos, urna determinada porgao de simples limalha de ferro. A corrente eléctrica só pode atravessar de um polo para o outro quando a limalha (con tacto im perfeito), era virtude da onda vibra toria, se orientar no sentido dos polos, o que realmente sucede sempre que urna corrente eléctrica atinge o tubosinho receptor. Eis, porém, o mais curioso: Como todos sabem, nos primeiros recep tores, por ter ficado a limalha, após a recepgao de urna onda vibratoria, orientada num mesmo sentido, nao se podia repetir o fe n ó m eno senao desconectando esta por meio de urna pancadinha dada no tubo, com o fim de sacudir o pó metálico e de o por de novo em condigoes de receber urna outra vibragáo. E cá estamos! Era onde queríamos chegar! Agora é fácil de perceber o resto... Certas ambiéncias externas influem, por vezes, táo poderosamente no sistema néurico dos séres que orientam as ligagóes, num único sentido, dos contactos imperfeitos dos — 121 - A S L E I S D O A M O R ñervos, dando origem a recepgoes e transtnissóes inconscientes de antropoflux benéfico ou terrível! Alguns seres, que nao sofrem sedugoes senao unilaterais, neurastenisam-se e, em muitos casos, acabam por endoidecer. Salva-os, como já dissemos ao iniciar o estudo da nossa Atracgao Universal, um outro foco de atracgao, que os emocione e repre sente, para si, o que representa a «pancadinha» no clássico tubo de Branly. Note-se, mais uma vez, a maravilhosa harmonía da lei, cuja acgao se faz sentir, avassaladora, em todas as manifestagoes d a Vida. As leis do Am or As leis do Amor, ás vezes aparentem ente semelhantes ás do desejo da posse, podem agora ser compreendidas, embora a sua complexidade seja enorme e a sua exposigao d ificílima. De facto, sem uma grande preparagáo, com parando e deduzindo, e sem um esforgo invulgar, analisando e reduzindo a sínteses, seria quási impossível com preender o enun ciado da m oderna lei de Atracgao Universal:. — 122 - OS PILTROS DO AMOR E A CÍENCIA Tudo quanto existe, desde o m inerai mais grosseiro ao sèr m ais evoluido, atrái-se, entre si, na razáo directa da sua beleza egom élrica e na inversa das dijiculdades a vencer. O m ais belo (x) — que pode nao ser o m ais form oso — a trá i táo poderosam ente o menos belo que, se a sòma das dificuldades a vencer nào ultrapassar o coeficiente de atracgào, a conjungáo entre os seres ou coisas torna-se absolutamente certa. Quando os coeficientes de subjugagáo e de atritos se equilibram, surge entáo, se se trata de anim ais superiores, o desiquilíbrio nèurico, originando grandes quedas de po tencial, do induzido, na direcgáo de um dos focos da elipse, ocupado pelo in d u to r; e como éste se acha em repouso, relativamente àquèle, o induzido raras vezes pode suportar as exteriorisagòes de energia e, por via de regra, endoidece. O fa cto é tanto mais provavel, quanto menor fo r a distancia entre o indu zid o e o indutor, porque, nèste caso, a queda a tinge enormes proporgòes e quási a violencia do jacto. (!) Egometricamente, percebs-se. — 123 — A S L E I S D O A M O R Se, p lo contràrio, a sòma dos atritos a vencer ul trapassar m ulto o coeficiente de seduçâo, éste enfraquece na razâo directa do tempo e o induzido, vergado por outro indutor que o subjugue, descreve urna nova elipse, m odificando, de acor do com o novo «m eio», a sua antiga fo rm a de existir. N a o há nenhum ser, objecto ou coisa que seja exclusivamente atraído, numa única direcçâo, po r urna única coisa, objecto ou sér : A s atracçâes sao sempre m últiplas, embora de intensidades diversas. O sér que impera (*) ocupa, enquanto p ersistir o seu dominio, um dos focos da elipse, ao mesmo tempo que todos os outros centros de atracçâo se reunem no outro Joco. D éste últim o pode, em dado momento, p a rtir urna força que neutralise ou fa ça mesmo de saparecer totalm ente a prim eira. N éste caso, as fo rça s menores s altarâo para o foco neutralisado, fica ndo no diam etralm ente oposto apenas o potencial que conseguiu um m aior coeficiente de seduçâo. (i) Tratando-se exclusivamente do homem ou da mulher. — 124 — a OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA Agora já nao é difícil de explicar a influencia que urna m u l h e r e até, em determinadas ocasióes, um simples objecto ou coisa, exercem no cérebro do homem. As grandes paixóes hum anas que a Vida aponta e a Historia regista, já nao nos parecem, agora, factos inexplicáveis — sedugoes misteriosas sem causa, fenómenos de loucura sem motivo ou doengas bacilares de micro-organismos que se ignoram. Portanto, sob o ponto de vista teórico, supom os ter chegado ao fim. Só nos falta encarar o problema sob o seu aspecto prático, para termos atingido inteiramente os nossos objectivos - e cor responder ás anciedades dos leitores. Realmente, o facto de sabermos que é possível crear em torno de nós ambiéncias de triunfo, «meios» próprios á materialisagao dos nossos desejos, á objectivagao das nossas vontades - nao basta. É preciso quesaib am o s práticamente como ésses «meios» se criam e como essas ambiéncias actuam. M ais... é indispensável que nós próprios realisemos a experiencia de sedugao, que nós mesmos possamos, no campo absolutamente prático e experimental, converter-nos em irresistíveis focos de atracgáo. — 125 — E G O S O F I A Para isso, nào b a s t a saber que as influencias actuam ; é preciso saber como actuam e, em conclusáo, actuar. Preparemo-nos, pois; e subamos, após a p r e p a r a l o índispensável, os degraus, até ao firn, das escadas gloriosas do triunfo! Egosofia A s irradlagdes dos sères e o seu impèrio N ào vamos fazer urna exposigáo da ciencia de Richet, a metapsíquica; vamos sim plesmente ocupar-nos do poderoso fluido de Müller, o antropoflux. Para nào sermos longos, nào focaremos as primeiras in v e s t i g a r e s sérias, realisadas, nos fins do século passado, para se descobrirem, no cam po experimental do labora torio, as emissoes que irradiam do corpo h u m a n o — e as que se notam em volta dos animais inferiores e dos objectos ou coisas que nos cercam. N ào talaremos, pois, nem dos trabalhos de Baraduc e das propriedades do seu biómetro, nem dos esforgos em pregados por Thundell, com o seu curioso psicómetro, para descobrir os raios N — mais tarde confirmados — 126 — OS FILTROS DO AMOR E A G IENCIA e demonstrados por outros cientistas de valor. Ocupar-nos-emos apenas de experièncias re centes, levadas a cabo por homens de ciencia contemporànios e verificadas por nós próprios. Descreveremos a seguir as nossas próprias investigagòes e as conclusòes experimentáis a que èsses trabalhos nos conduziram. Comegaremos por citar um facto curio sissimo, recente, que, embora foque os esforgos do passado e se refira indirectamente aos trabalhos de Thundell, Baraduc e Rochas tem um valor extraordinàrio. Transcreveremos o mais interessante (1): «Um célebre médico parisiense, o dr. M. Mongan, fez, ha já alguns anos, a afirmagao de que o corpo hum ano é um perfeitíssimo aparelho ràdiotelegràfico, que recebe e trans mite ondas electromagnéticas, cujo compri m ente varia de 22 a 45 milímetros. «Como, porém, nem todos os psico-fisiologistas possuem os conhecimentos científicos de um atkinson, de um d ’Arsonval ou de¡um Lakhovsky, houve, nessa época, um cientista, M. Drioux, que estabeleceu com o Dr. Mongan urna controvèrsia inferior — em termos im proprios de um sábio. (1) «O Mundo Científico», pág. 5 9 -volum e 3.° — 127 — E G O S O F I A «Ora, assim como um grande fisiologista pode nào perceber de medicina, assim um grande médico pode nào perceber ou perceber pouco de psicofisiologia. O dr. Drioux parece ter reconhecido a sua inferioridade no assunto e, como sábio distintis simo que era, quiz estudar, primeiro, para atacar — depois. Estudou. «Porém, os anos passaram sem que o grande dentista desse o mais pequeño sinai de si. «Há dias, um médico novo, saido hà pouco da Escola Médica, apresentou urna tése extraordinària. «Afirma o jóvem médico que cada um de nós, consciente ou inconscientemente, conforme o grau de educagào da pròpria vontade, emite e recebe um fluido electro m agnético em tudo semelhante ao das ondas hertzianas «E acrescenta : « — As i r r a d i a r e s do corpo hum ano, quer conscientes quer inconscientes, sào proporcionáis aos pensamentos que lhes dào origem. Os pensamentos abjectos, inferiores, causam ondas negativas; os pensamentos nobres, superiores, transmitem-se por ondas — 128 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA positivas. Esías ondas dào orígem à felicid a d e ; aquelas, causam a fraqueza, o receio, a inveja, o ciume, a doenga e a morte. «A tése é longa e versa um assunto, como se ve, tào interessante como compli cado e difícil de assimilar por quem nao esteja preparado. «É, como lhe chama um crítico científico de «La Nature», urna tése fo rm id á vel! «Somos inteiramente da mesma opiniao. A tése é formidável. Mas, para nós, mais for midável é ainda o facto de eia estar assinada por um jóvem médico cham ado Maurice Drioux, porque Maurice Drioux é filho do dr. M. Drioux. «Isto, sim, é formidável! «O pai encontrara a verdade e quizera iluminar o cérebro do pròprio filho!» O autor da mesma tese, recentissima, como se ve, refere-se, no fím do seu trabalho, aos estudos de um médico inglés, cujo nom e nao quer citar, afirmando que a èie deve urna outra in v e s tig a d o curiosa de egometria pura — a d e te r m in a d o exacta do potencial hipnomagnético dos olhos. * * * Todas as pessoas que nos léem, pelo — 129 — 9 E G O S 0 P I A menos as versadas em física moderna, sabem o que é e para que serve a radiogonio metria. Pouca gente ignora certamente que a re centissima invençâo do engenheiro Guy de Bozas, como a sua pròpria designaçâo in dica, destina-se a calcular os ángulos sob os quais as ondas hertzianas chegam aos rece ptores. Para medir êsses ángulos e descobrir os emissores clandestinos, substituem-se os vulgares aparelhos de T. S. F. por radio goniómetros pesados e ligeiros. Os pesados, como os très que existem em Paris desde 1927, determinam a zona; os portáteis, em automóveis, cslculam depois o ponto exacto— a pròpria c a s a ! — onde o emissor clandestino se oculta. A grande invençâo de Bozas, que tornou possível a construçâo de farois hertzianos e, portante, a navegaçâo nocturna sem cálcu los; que fez com que um aviador saiba onde está, mesmo de olhos fechados ou circun dado por denso nevoeiro, veio dar origem a aparelhos curiosos, muito mais complexos, mas assentes na mesma base, para medir os ángulos e determinar as direcçôes das influ encias estranhas (egométricas) que perturbam o nosso ser. — 130 - «OS FILTROS DO A M O R E A C1ÊNC1A O mecanismo de tais instrumentos é complicadissimo e gastaría muito espaço a expli car. Mas os estudiosos, se quizerem, podem docum entar (1). A nós o que nos interessa, de momento, é a demonstraçâo da força, em si, e das suas particularidades de actuaçâo. O funcionamento dos aparelhos que servem para medir a sua intensidade, calcular a sua direcçâo, aum entar ou diminuir os seus efeitos, é assunto longo — que deverà ser tratado noutra obra, quando nos ocuparmos exclu sivamente do antropoflux. Por agora, tratemos de verificar até que ponto é verdadeira a existéncia das ^ondulaçôes vibratorias do pensamento consciente, embora as inconscientes sejam, por vezes, mais poderosas e em certos casos mais prejudiciais para a saúde e até para a vida dos hom ens (2). (!) «Mundo Cientifico», n.os 14, 15 e 16 — volume II. O Porte du Trait des Ages, no seu livro «Encanto expérimental », apresenta-nos fenomenos curiosissimos da influência da vontade à distâneia, apontando individuos que adoeceram gravemente sô porque certos inimigos, constituindo egrégoras nega- — 131 - E X P E R I E N C I A S C O N C R E T A S Experiencias concretas Em 1912, tinham os uns escalos 17 anos, o nosso já entáo grande amor pelas ciencias e nao m enor anciedade po rc o n h ece r o s s e u s progressos, levou-nos a solicitar uns raios de luz a um dos maiores Zoistas da época, o grande médico, físico e matemático, dr. Scherm ann Zaidisky, que chegára havia poucos meses de Berlim e tinha tixado residencia na calle de San Andrés, na Corunha, onde exercia clínica. Em principio, o grande cientísta ligou-nos pouca im portáncia... Depois, quando mudou o seu consultorio para a calle Ju ana de Vega,, onde reunía, ás noites, alguns dos mais dis tintos ornamentos do Instituto, admitiu-nos na sua intimidade — acabando por nos de dicar a mais terna das afeigoes. É a ele e a tivas, pensavam constantemente em destruir-lhe o equilibrio vital! O dr. O. Encausse, na sua obra prefaciada por Cesar Lombroso, «Feiti?aria científica», apresenta-nos fenómenos semelhantes e até casos fatais, »tribuidos, tanto por ele, como pelo grande psicólogo e crimina lista italiano, ás v ib ra re s de vontades longínquast — 132 — • OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA D. Diego Gimenez, espirito cultíssimo e outro Zoista notavel, que devemos os nossos primeiros passos ñas ciencias egosóficas. Depois dessa cuidadosa «iniciagáo», comegamos, especialmente desde 1925 para cá, a realisar in v e s t i g a r e s por conta própria — no cam po experimental. E foi assim que a experiencia nos ditou que, para se transmitir ou receber o pensamento, nao é preciso, nem da parte de quem a receba conscientemente, nem de quem o transmite por sua própria vontade, o em prego do menor esforgo. A fé ou a crenga no éxito dos trabalhos também nao representa coisa alguma. Só se nacessita consciencia do saber, calm a absoluta para actuar e urna paciencia sem limites, para nao perturbar o «meio» com excitagóes inúteis. Em principio, o fenómeno consciente da Encausse chega mesrao a demonstrar-nos a objectividade de certos pensamentos e a sua materialisagáo— no momento de agirem ! Georges Lakhovsky, na introduQáo do seu> Segredo da Vida», arfirma: «A doenga é proveniente do desiquilibrio oscilatorio das células, motivado por uma causa exterior» — 133 — E X P E R I E N C I A S C O N C R E T A S transmissao e recepgao entre duas pessoas distantes é dificílimo, precisamente pelos esforgos que urna faz em transmitir e outra em receber. A excitagáo é tal de parte a parte, qu e apenas se permutam emogoes de receio, de dúvida e de insucesso. O facto exaspera-os, o pulso acelera-se e a experiéncia tem de ficar por ali — para recomegar em outro dia. O que é curioso e até inesperado para os q ue comegam, é que alguns dos assistentes, aborrecidos pela monotomia dos trabalhos e, portanto, m ergulhados em automatismo sen sorial, chegam a receber a imagem transmi t i d a — com urna clareza e nitidez que os faz pasm ar a éles próprios! A razao do facto aparentem ente inexplicável é, contudo, de urna singeleza bem compreensivel. Urna vez um dos assistentes, que nunca tinha feito exercícíos práticos e conhecia a p e nas ligeiramente as teorías do fenómeno, virou-se de repente para nós e exclamou a d m ira d o : — la jurar que o que estao a transmitir néste m om ento é a imagem de urna garrafal A excitagáo na sala era enorme. A pessoa que falava, certamente um bom receptor con- — 134 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA génito, era um jovem estudante que passava, a nossos olhos, por um rapaz destraídíssimo e até um pouco misántropo. Era raro ouvir-se-lhe a voz. Estava sempre tao metido em si, tao alheado de tudo, que nós nem notavamos a sua presenta. Daquela vez, porém, levantou-se de um salto e exprimiu em voz muito alta (coisa invulgar, por que éle íalava pouco e baixinho) a idea que lhe tinha atravessado o cérebro. N enhum de nós, para evitar aumento de potencial, conhecia a imagem mental que deveria ser transmitida nessa noite. E spe ramos, pois, que ela nos fosse comunicada pelo próprio «sujet» que a escolhera e que se encontrava a uns bons dez metros de dis tancia - fechado num aposento á parte. Ali existiam vários desenhos. O «sujet» poderia escolher qualquer déles, mas (é claro) dos destinados secretamente áquela noite. De forma que havia só urna pessóa na sala, o director dos trabalhos, que conhecia os «desenhos do dia», uns vinte ou trinta dife rentes, e uma só pessóa que sabia qual era a imagem transm itid a—o «sujet» que a havia escolhido depois de estar fechado no gabinete. Por isso, deram-se por findos os trabalhos — 135 — E X P E R I E N C I A S C O N C R E T A S naquela noite e mandou-se buscar a imagem que tinha sido escolhida para a transmissao. Tratava-se, de facto, do desenho de urna garrafa! O nosso estudante olhou a e disse simplesmente, como se se tratasse da coisa mais natural déste m undo: — É isso m esm o... Depois, dando meia volta e dirigindo-se para a sua cadeira, m onologou: — Nao sei como diabo me veio «aquilo» àcabeça! Este mesmo rapaz, depois de preparado com exercícios convenientes, mostrou-se, uns seis meses mais tarde, um centrípeto assombroso, chegando a receber mensagens inteiras a muitos quilómetros de distáncia! Num a dessas experiéncias, realisada a 14 de Agosto de 1927, um domingo, o novo «sujet» mostrou-se um auténtico prodigio! Eis urna síntese ligeira do relatório da memoravel experiéncia: Um dos nossos Atletas da Vontade, um centrípeto consciente que já tinha dado as melhores provas da sua técnica, encontrava-se em París, onde havia ido concluir certos estudos profissionais. Antes de partir, pedimos-lhe que esperasse — 136 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA instrugòes nossas sóbre urna transmissào que queríamos estudar a grandes distancias. Sem acrescentarmos i n f o r m a l o alguma ou, para ser mais exactos, sem pronunciar urna unica palavra mais sobre o assunto, deixamo-lo partir. No dia 10 de Agosto desse mesmo ano, à tardinha, expedimos o seguinte telegrama: «Livraria Felix Alean. «Sensation et m o vimenta, compre e transmita urna pàgina. C om unique dia e hora». No dia 13, de m anhà, recebia-mos o tele gram a seguinte: «Comprado. Transmito dia 14, meia noite Greenwich». Ainda nào eram 10 horas, já estavamos todos reunidos. Apesar do nosso habitual sangue frio, da nossa calma tantas vezes posta a duríssimas provas, era-nos impossivel ocultar a anciedade que nos devorava. O sangue fervia-nos nas veias e a cabega, atravessada por mil sensagòes, parecia ter sido invadida por urna torrente de lava. O calor asfixiava-nos. A Lua, cheia, na sua maior beleza, aproximava se do meridiano. Eram onze e meia. A excitagáo subia ao máximo. A fronte escaldava, as pernas pareciam vergar sob o péso do corpo e o coragao, metralhado — 137 — E X P E R I E N C I A S C O N C R E T A S por urna anciedade nunca até entao sentida, ameagava saltar do peito. Entramos no pequeño gabinete destinado ás recepgoes e, depois de dispormos conve nientemente a mesa de trabalho, a calma voltou-nos — como por encanto. O «sujet» tom ou o seu lugar e... esperamos. A meia noite em ponto o «sujet», de olhos vendados para se nao distraír, comegou a escrever. A meio do trabalho desenhou um gráfico e, logo a seguir, escreveu urna cha m ada á página 44 do mesmo livro, solici tando a atengao do leitor para uns esclarecimentos que se prendiam com o assunto em questáo... e continuou a escrever — até con cluir por meter éntre parentisis o número da página transm itida: (146). Meia hora depois, a experiéncia cessou. O «sujet», enlevado, como que extranho a tudo, baixou como um autómato a cabega e pronunciou m aquinalm ente, num sópro de voz: — Está bem ; boa noite. O que sentirá? Adorm ecerá? Nao. Estivera apenas como que em bebe cido na im ágem mental que recebera. A sua cabega conservou-se leve e o seu coragáo absolutam ente calmo. — 138 — OS FILTROS * DO AMOR E A CIENCIA Abrimos a estante e retiramos o célebre livro de Ch. Féré. O texto estava completo, a chamada era fidelissima e o gráfico de urna semelhanga pasm osa! Havíamos realisado o maior trabalho experimental dos nossos primeiros trinta anos de existencia! Desde entáo para cá, éles multiplicaram-se, sempre com exigéncias novas de «controle» e com inéditas modalidades de estudo Alguns e x p e r i m e n t a d o r e s modernos,, dignos da nossa admiragao pelos seus esforgos e do nosso respeito pelo seu muito saber, queixam-se de que nao obteem resultados práticos suficientemente eloqüentes para os anim ar a prosseguir, embora se concentrem tanto e p ro d u za m tam anho esjórgo mental que, no Jim, a cabega Ihes pesa como o chumbo. Achamos natural. Em tais circunstáncias é absolutamente impossível a exteriorisagáo da motricidade e muito menos possível a recepgáo de qualquer figura mental. Éis as condigóes para se comegar com probabilidades de obter, logo de inicio^, pequeños fenómenos an im a d o re s: 1.° — Siléncio absoluto. — 139 — I E X P E R I E N C I A S C O N C R E T A S 2.° — O »sujet» - receptor, sentado à mesa, de làpis na mào, deve estar calmo, passivo — indiferente a tudo que o cerca. M as nào deve procurar a im ágem nem fazer qualquer esfórgo para ir ao encontro do p en samento que se propòe interpretar. Dizemos interpretar, porque a vontade nào transmite palavras, mas ùnicamente ideas — retratos mentáis. Se, por exemplo, um alemào nos transmitir stuhl, um inglés chair, um francés chaise ou um espanhol silla, nós, mesmo que nào saibamos espanhol, francés, inglés ou ale mào, traduziremos cadeira, porque é a im á gem dum a cadeira que se fixa no nosso cérebro e nào as letras que constituem a palavra que designa o objecto transmitido. 3.° — Nunca deve ter receio de falhar. Falhando, recomegarà em outro dia os exercicios. É preciso que se capacite de que falhar é naturai e nào tem importancia abso lutamente nenhum a. Se estiver preocupado com a realisagào positiva do trabalho, se sentir palpitar dentro de si a ància obecedante de brilhar, nada conseguirá, porque farà surgir a p e r t u r b a l o . Ponha-se à von"tade. Quem estuda nào pode, sob pena de nào progredir um passo, dividir a sua atengào. Deve, pelo contràrio, alhear-se de tudo o — 140 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÈNCIA que o cerca e admitir exclusivamente a ideia que persegue. No nosso caso, é conveniente fixar o papel branco que está em cima da mésa e pensar só néle, mas sem o minimo esfórgo— sem a menor excitagào. O espirito deve estar tranqüilo e sem receio. A calma é indispensàvel. 4 . 0— E, repetimos, calmo, sem esfórgo, receios ou fé, espera que atransm issào chegue; se for possivel, de músculos relaxados e os olhos bem abertos — fixando o papel. 5.o — A primeira imágem que acorrer ao seu cérebfo deve ser logo anotado no papel, mas indiferentemente, sem a menor preocupagào de acertar. Se passados dez ou quinze minutos nada conseguir, deve dar os tra balhos por concluidos nessa noite e só os repetir na notte seguinte. Se escrever qualquer imágem, quer eia corresponda ou nào à verdadeira, deve igualmente suspender os trabalhos até ao dia seguinte ! É preciso frisar bem isto, que é im por tantissimo para um principiante : Exercicio que nào deu resultado nào é trabalho per dido ; é, pelo contràrio, mais um treino para as faculdades de receptividade — mais urna pequenina funQàc que tende a fazer o órgào. 6.° — O trabalho do *sujet»-transmissor — 141 — E X P E R I E N C I A S C O N C R E T A S nao é mais complicado nem inais difícil. O que exige é o afastamento puro e simples de qualquer imágem estranha ao desenho a emitir. Isto, porém, é mais fácil do que parece. Basta pregar os olhos, bem abertos, no papel que tem o desenho e mergulhar todo o ser na sua c o n te m p la d o . 7.° — Nao é preciso qualquer esfórgo mental. Olha-se calmamente para o desenho, possivelmente de músculos relaxados, e nada mais. Se os olhos abrangerem outras figuras ou objectos, é conveniente olhar atravez de um cilindro de cartáo, que nao deixe ver mais nada além da im ágem a transmitir. Nos laboratorios de in v e s tig a d o científica usa-se, para o mesmo fim, o «telepascópío», que é semelhante a um paralelipípedo óco, de madeira, pintado interiormente de negro. Na base, que pode aum entar ou dim inuir o campo de visáo, acham-se quatro pequeñas pernas, que sustentam o aparelho de forma conveniente em cima da mesa. A luz, coando-se pelos dispositivos transpa rentes que se acham éntre elas, vai iluminar a im ágem , totalmente oculta no fundo do instrumento. O «telepascópio» tem na parte superior urna abertura, forrada de veludo preto, onde a testa se apoia, ficando os olhos — 142 — OS FILTROS DO AMOR E A G IENCIA e parte do nascimento do nariz absolutamente ocultos pelo aparelho. Desta forma é impossível ver outra coisa além da imagem a emitir. É desnecessário, já o dissemos, qualquer esfôrço na transmissâo. Se, para se transmitir a imágem de urna garrafa, nos puzermos a pensar nela com a violéncia dos impulsivos ou, por exemplo, a dizer mentalmente g ar rafa, garrafa, g a r r a f a ... nada conseguiríamos. A própria atençâo nâo é aconselhável aos principiantes, por que se converte sempre, no comêço, em esfôrço excitante e prejudicial para os trabalhos. 8.° — A distáncia entre os «sujets» só se pode aum entar pouco e pouco, assim como a complexidade das emissoes. 9.° — Das imágens passa-se a números ou pequeños objectos e, dêstes, a coisas um tudo-nada mais complicadas, como palavras escritas e até, mais tarde, frases ou menságens completas. Mas isto, repetimos, muito lentamente e sem desejos de triunfo. A vontade de brilhar prejudica muito as experiéncias, tanto que se um «sujet* quizer, por força, mostrar que «pode», que «sabe», que é «capaz» — nunca obterá coisa alguma. Os estudantes, se quizerem obter alguns fenóm e - 143 — E X P E R I E N C I A S C O N C R E T A S nos a principio, deverao comegar logo por se mostrarem a si mesmos indiferentes aos loiros da victoria ou ao desánimo da derrota. O estudante deve ficar tao calmo quando a experiència é coroada de exito como quando eia falhar. * * * Depois, com o treino, veem as transmissòes e recepgòes sem «écran»,, mas a curta dístáncia. O transmissor pensa, por exemplo, num núm ero de um a sete. O receptor procura no seu cérebro um dèsses sete algarismos. Se durante tres ou quatro segundos nao encon trar algarismo nenhum, escusa de prosseguir, porque nasce, passados cinco segundos, a perplexidade no cérebro. Encontrando, a ex periència pode entao subir em importancia, aum entando a sèrie para de um a dez, d e um a vinte, de um a cincoenta ou mesmo de um a cem, mas nao no mesmo dia nem m esm o na m esma semana. * * * — 144 — OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA Só após urna preparaçâo de muitos mezes, treinando-se todos os dias e sob a direcçâo de bons mestres, que aumentem progressivamente as dificuldades, é que os dois «sujets» p o d e r â o obter fenómenos complexos sem limite de distáncia. Passados anos, os estudantes podem entáo modificar os trabalhos numa direcçâo mais curiosa e transcendente: recebendo ou impondo o seu pensamento a cerebros náo educados. Mas isto sem jactáncias, sem basófias, mas até, pelo contrário, de m odo que náo dé ñas vistas. M andar levantar urna pessoa sentada à mesa de um café ou dizer a uma outra que se sénte em determinado ponto, sáo exercícios simplicíssimos que os nossos estudantes, já treinados, podem obter à primeira ordem mental e sem esforço absolutamente nenhum . E os trabalhos podem, depois, subir em complexidade e em distáncia — com o tem po e com o treino. Mas, repetimos, sempre sem vaidade, sempre sem gabarolices e, sobretudo, sem nunca prejudicar ninguém. O sigilo, propriedade quási exclusiva dos centrípetos, desenvolve muito o poder mental. E m e g o s o f i a é q u á s i axiomático que urna pessoa que se gaba de realisar isto ou - 145 — 10 E X P E R I E N C I A S C O N C R E T A S aquilo, nao obtem, por via de regra, o mais ligeiro f e n ó m e n o de imposigao mental. M ais... se um atleta da vontade comegar a exibir-se por jactancia ou vaidade, nada c o n seguirá, porque as nogóes de responsabilidade e o amor próprio q u e p ó e nos trabalhos, desoiientatam-no, excitam-no e conduzem-no á perturbagáo. Nao é aconselhável que um rapaz dé ordens mentáis a urna rapariga, mesmo que a imposigao seja, por honesta e simples, absolutamente digna de um sábio. Só se podem realisar experiencias com pessoas do mesmo sexo, em laboratorios científicos, onde o respeito pela ciéncia póe um freio ás tentagóes. Ai, mesmo que os trabalhos sejam com plicados e difíceis, nada há a recear, operando-se — é claro — sob a direcgáo de inves tigadores experimentados. De resto, as experiéncias de laboratorio sao sempre indispensáveis a quem quizer progredir e aperfeigoar-se constantemente no cam po experimental. Mas isto, sem desdenharm os as teorias, que devemos estudar com atengao e cuidado, e sem deixarmos de ouvir os mestres, que dia a dia nos apre- — 146 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA sentam novas modalidades de «controle» — que podem os experimentar. As teses defendidas, em Agosto do ano findo, no Congresso Internacional de Psico logia de Oslo, urna, sobre a antropoflux, pelo engenheiro A. Givellt, e outra, sobre a projecgào da vontade e a fotografia do p ensa mento, pelo dr. Zerdinaud Cazzamali, pro fessor de psiquiatría e neurologia da Universidade de Roma, sao particularmente curiosas e demonstram, segundo trabalhos experi mentáis rigorosíssimos, a existencia do fluido h um ano e a veracidade da sua exteriorisagào. Para dar urna idea dessas experiencias, que nào conhecemos em todos os seus detalhes, vamos transcrever parte da tése, igualm ente curiosa, que o dr. T. Fukurai, professor da Universidade de K ohyasan e pre sidente do Instituto de Psicologia de Toquio, apresentou ao Congresso Internacional de Psicologia de Londres. Placas fotográficas impressionadas pelo pensamento Fukurai, depois de se referir largamente à p e n e t r a l o do pensamento e a múltiplos — 147 — F O T O G R A F I A DO P S N SA MENTO»' fenómenos curiosíssimos de egosofia cons ciente, continua (i) : «As duas placas que eu tinha recebido de Kikuchi, das quais, urna, tinha as letras «C», «D» e <E» e, a outra, um «A», foram reveladas no quarto escuro de urna fotogra fía, existente perto de m inha casa, no dia 15 de Dezembro. «C om grande surpreza minha, as duas chapas tinham sido mais impressionadas que as outras da mesma série. A chapa que continha a letra «A» tornou-se táo negra que foi difícil ler-lhe a letra. Sóbre a outra chapa era difícil 1er os caracteres. Comparando-a com outra que nao tinha tom ado parte na experiencia, verifiquei que tam bém tinha sido im p ressio nad a; havia nisto alguma coisa de notável. « Bem que seja corrente que urna placa é impressionada pela luz vinda de fora, n a da permite supór, no nosso caso, que um raio de luz pudesse atravessar o papel e a (i) A «Sociedade Portuense de Investig ares Psíquicas», traduziu, era volume, as principáis teses do congresso. Quera quizer, pode portanto docu— mentar-se, mesmo que náo conhe?a o inglés. — 148 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA caixa que protegiam as placas. A única solugào era que a chapa tivesse sido impressionada pelo pensamento do «su jet., M.me N agao. «Form ulei, pois, esta hipótese, donde deduzi as conclusòes seguintes : «1.° — No mom ento em que o «sujet» concentrava o seu pensamento exclusiva mente, sóbre a chapa do meio, isto é, sóbre a que fícava entre as outras, em bora tódas très estivessem à mesma distància déle, esta tin ha sido impressionada pela sua actividade psíquica. Se o facto se devesse a qualquer raio material, proveniente do corpo do «su jet» (i), nào sòmente a chapa do meio mas as duas outras deveriam tam bém sofrer a m esm a a l t e r a l o , porque um raio de emissào tern a mesma influència em tòdas as direcgòes. Supondo agora que o fenòmeno é o resultado dum poder psíquico, nào será (1) Fukurai, pelo facto de a acgào do pensa mento se subtrair às leis conhecidas da matèria mais subtil (magnetismo, luz, elcctricidade, etc.) supóe que a matèria, nos seus mais elevados estados de subtilidade, è espirito e, portanto, ¡material. Seráassim ? (N. do T). - 149 — F O T O G R A F I A DO P E N S A M E N T O com efeito senáo a chapa do meio a impres sionada, visto que a acgao do «sujet» só nela foi exercida. «2.° — Se se aceitar a suposigáo que só~ m ente a chapa do meio foi impressionada por se ter exercido ai o poder psíquico do «sujet», é-se levado a admitir que, se esta acgáo se encontra sómente sobre urna parte da chapa, só esta parte será impressionada, sem que as outras sejam alteradas. «3.° — Admitamos que a «impressao lo* calisada» seja possível; suponham os agora que a actividade psíquica se exerce exclusi vam ente sóbre urna porgao de chapa, limi tada, por exemplo, por um círculo ou por um rectángulo; obter-se-á sóbre a prova um círculo ou um rectángulo. Tal o principio da psico-grafia que eu queria fazer conhecer ao público déste congresso. « Bem que a conclusáo a que cheguei,. tivesse qualquer coisa de extraordinário para a ciéncia de hoje, quiz prosseguir as minhas experiencias, segundo esta hipótese, depois de ter tom ado estas precaugóes. « P elas 15 horas de 16 de Dezembro, n u m dos meus laboratorios de psicología da Universidade de Toquio, embrulhei separa dam ente chapas rectangulares em papel ne~ — 150 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA gro. Depois colei sobre o envolucro duma das placas urna folha de papel vermelho so bre a qual a figura «O» estava desenhada, e sobre o outro envelope urna outra folha vermelha onde escrevi a palavra japoneza X « c o n c e n tra d o de espirito ». Estas duas ch a pas foram colocadas num a caixa de cartáo e expedidas para Kikuchi. Escrevi-lhe urna carta pedindo para em pregar estas duas p la cas num a experiencia que desejava fósse conduzida da maneira s e g u in te : « 1.° - A placa que continha a figura «O» deveria ser guardada em casa de M. Kiku chi e nao ser transportada para casa de M.me N agao. " ( N . B . — A m inha i n t e n s o era com efeito conservar esta placa como testemunho para ver quais as diferengas que se podiam notar entre elas.) «2.° — A segunda chapa tendo a palavra X devia ser levada a casa de M.me Nagao e servir para a experiencia. « 3 . o - A chapa em pregada devia ser apresentada ao «sujet» na caixa de cartáo, para que ai se imprimisse, segundo a sua vontade, a palavra X. «4.° — A chapa devia ser conservada em — 151 — F O T O G R A F I A DO P E N S A M E N T O casa de M. Kikuchi, até à minha chegadà a M arugam a, onde eu pensava ir perto de 25 de Dezembro. «Com o anunciei, cheguei a M arugam a, em 25 de Dezembro e dirigi-me ¡m ediata mente a casa de M. Kikuchi, afim de saber o que se tinha passado « Soube que contràriamente às minhas instrugòes, a chapa tinha ficado em casa de M .me N agao depois da experiencia. Desculpou-se dizendo que tinha dado a chapa a M. Nagao e que éste lhe tinha proposto ficar com eia para a apresentar a sua mulher — o «sujet* — quando esta estivesse em disposigòes favoràveis. Fui entào a casa dos Nagaos, onde me deram a placa e onde o «sujet» me fez a seguinte narrativa: «Um sàbio da Universidade de Kyoto, tendo lido os jom áis em que eram relatadas as minhas experièncias, tinha ido a M aru gam a para controlar os tactos em pessoa. «Tinha apresentado urna p la c a a o «sujet»; q uando éste tinha procurado concentrar a sua actividade psíquica sòbre esta chapa, apercebeu por clarividencia que havia urna outra sóbre urna étagère colocada na sala, e pensou, erradamente, que teria sido levada pelo mesmo sábio; procurou concentrar igual- — 152 — OS FILTROS DO A M O R E A C1ÈNC1A m ente o seu pensam ento sóbre eia. Na rea lidade esta segunda placa era que M. Nagao tinha recebido de M. Kikuchi e que tinha secretam ente colocado sobre a étagère. «Por conseqiiéncia a experiència que eu tinha querido fazer ficou sem efeito; entre tanto, para m inha instrugào pessoal, desembrulhei a chapa que nào tinha servido, assim com o a que se encontrava a èsse tem po em casa de M.me Nagao. «A primeira tinha sido impressionada a ponto de estar negra como o asfalto; quanto à outra nào tinha vestigios alguns. «Como por falta dum a precaugào, a expe riència tinha perdido toda a s ig n i f i c a l o , resolvi fazer segunda no mesmo gènero. «A 26 de Dezembro, às 11 h o r a s d a m anhà, comprei urna duzia de placas rectan gulares em casa dum fotògrafo e, pegando num a délas, envolvi-a num papel negro e coloqueia-a num a caixa de cartào. «Às 14 horas fui a casa de M.me Nagao e num a sala (que para mais com odidade n o mearei daqui para o futuro por «A>) coloquei a caixa num a outra de bolos que me veio à mào. «Como terei muitas vezes de falar destas d uas caixas ñas linhas que se seguem, desi- — 153 — •4 F O T O G R A F I A DO P E N S A M E N T O gnarei por «a» a primeira e «b» a se gunda. «Assim a chapa encontrava-se num a dupla caixa sendo a interior «a» e a exterior «b».. «Depois, sobre um bocado de papel que colei sóbre a tam pa da caixa «b» escrevi a palavra X. «Disse entao ao «sujet» : — Hoje escrevi sómente a letra X, pego-lhe para concentrar o seu pensamento atim de imprimir a letra sóbre a chapa. «Alguns minutos antes da experiencia, tres visitantes vieram para a sala A» e estive conversando com éles de diferentes coisas, q uando passados alguns instantes M. N agao cham ou-m e para urna sala visinha (a que por com odidade darei o nom e de D), em que me pediu para fazer ai e oculto a experiencia im ediatam ente, pois o «sujet» encontrava-se em excelentes disposi?óes para concentrar o seu pensamento. «Tomei entáo a chapa que estava na sala «A» e comecei a experiencia. «Estava sentado em face do «sujet», tendo a caixa sóbre os meus joelhos, com o lado onde a letra estava escrita voltado para M.mfc N agao, enquanto que M. Nagao se colocava* como testem unha, a meu lado. — 154 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA «O «sujet* começou por olhar fixamente durante perto dum minuto a letra X, depois fechou os olhos e juntou as mâos à altura da fronte. «Abriu depois os olhos e disse: — Bem que náo saiba porqué, estou certa de ter im primido qualquer coisa sóbre a placa por a força do meu pensamento. «Fui para o hotel, levando a caixa e naquela mesma noite desembrulhei a chapa. «Encontrei o resultado s e g u in te :— A letra X nao aparecía, mas urna inipressâo locali zada via-se nítidamente. Éste resultado marcava o primeiro passo na psico-grafia. Psicografia «As experiéncias, acrescenta Fukurai, foram entáo prosseguindo na ordem seguinte: ta) Perto das 8 horas da noite, de 27 de Dezembro, preparei duas chapas dentro dum a caixa de cartâo e as 9 horas fui visitar M.me Nagao. «Deixei a caixa num a sala contigua à da entrada (a que chamarei sala «E») e entrei na sala «A» para saudar M. e M.me N ag ao í — 155 — P S I C O G R A F I A durante perto de 4 minutos a caixa foi deixada sem vigilancia na sala «E». «Q uando voltei a esta sala, coloquei urna das duas placas na dupla caixa composta de • a» e «b» que deviam servir para a experiència. «A outra placa foi envolvida num a tela e deixada na sala B, sendo escondida de forma a nao poder ser vista por fora. «As portas de deslizar entre as salas A e B estavam abertas. • De sorte que sentado na sala A podia vèr o objêcto colocado na sala B. eDesenhei entâo um círculo preto sôbre uma fôlha de papel que coloqui sôbre a tam pa da caixa *b», colocando esta sôbre uma mésa que se encontrava em «A» e pedi ao «sujet» para procurar pelo seu poder psí quico imprimir o desenho sôbre a chapa. «O «sujet» aceitou e sentou-se diante da sala, enquanto o snr. N agao e eu observávamos. «No m om ento em que M.me N agao p ro curava concentrar o seu pensam ento, um dos seus filhos abriu uma porta de deslizar, e por detraz dela olhou sorrindo para a sala A. «Isto fez tornar difícil a concentraçâo do pensam ento e o «sujet» pediu que se fizesse — 156 — OS PILTROS DO AMOR E A CÍÉNC1A urna outra tentativa no quarto «D» que lhe parecía mais próprio para o bom efeito da mesma. «Consentí e preparei urna outra expe riencia. «Tirei a chapa, para fora da dupla caixa e escondia-a no quarto «B» c o m e a n d o entáo com a experiencia. O «sujet» sentou-se na sala «D. e eu tomei assento em frente déla com a caixa nos meus joelhos e apresentando-lhe o lado onde estava a f ig u r a . « O «sujet» fez uso do seu poder psíquico segundo a maneira descrita mais acima e por fim disse: — «Hoje estou certa de ter impresso a figura sóbre a p la c a » . «Quando a experiencia acabou, fui ao quarto escuro do fotógrafo Ishikawa e desembrulhei as duas placas. Encontrei como resultado, sóbre a chapa em pregada em se gundo lugar, o desenho dum a figura red on da, bastante mal definida, e nao encontrei nenhum trago de impressao sóbre a placa em pregada em primeiro lugar, na experien cia interrompida. «Nesta experiencia o que é digno de nota, é que nao foi com certeza durante o tem po que estava sem vigia na sala «E-> que a placa foi im pressionada; porque bem que — 157 - P S I C O G R A F Í A tivesse ficado sem guarda durante perto de 4 minutos, só depois désse instante me d e cidí a desenhar sobre u ¡ a folha de papel o círculo preto que puz sob a acgao do «sujet» . « Quería explicar-vos porque tinha deixado alguns m omentos antes da experiencia a chapa no quarto « E • . «M uitos objectarao, com efeito, que d u rante éste tem po urna fraude podia ter sido cometida. Declaro que isto nao era senao um hábito ao qual as condigóes seguintes obrigavam : Q uando nós faziamos outrora experiéncia sobre a clarividéncia, entravamos na sala «A» com todos os objectos e tomavamos entre éles aquéles que eram necessários a cada experiéncia; nestas circunstáncias, sucedia que vários objectos se apresentavam ao mesmo tem po e se confundiam no espirito do «sujet>, de sorte que era difícil decidir qual o que nós desejavamos que éle nomeasse. Era esta a razáo porque ñas experiéncias seguintes entravamos na sala «A» depois de ter deixado todos os objectos na sala «E», onde nós íamos buscar no prin cipio de cada experiéncia aquilo de que tinham os necessidade. Foi assim que éste quarto se tornou um lugar onde nós tinha- — 158 — OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA mos o hábito de depor os objectos e éste hábito tornou-se uma condiçâo favorável à co ncentraçâodo pensamento do «sujet». Como se ve nao era senao um simples costume que êle seguia para o seu trabalho psíquico e nao maneira de tentar uma experiéncia fraudu lenta. «ó) Ás 14 horas de 27 de Dezembro, coloquei um a nova placa na caixa ta» e fui a casa de M.me Nagao. C hegando, retirei a placa escondida no meu bolso e deixei a caixa no quarto «E» antes de entrar no quarto «A«. Toda a gente acreditou que eu tinha deixado igualmente a placa no quarto «E». Entâo, sôbre um bocado de papel, desenhei um rectángulo negro, coloquei sôbre a tam pa da caixa «b* e pedi a M.me N agao que o considérasse como o modelo que desejava ver impresso sôbre uma placa fotográfica. E n quanto concentrava o seu espirito no quarto «D i, entrei no quarto «E», coloquei na caixa «a» a placa que tinha guardado no meu bolso, voltei para «A» e puz a caixa «a» na caixa «b». Depois, com a dupla caixa, entrei na sala «D» acom panhado de M .me Nagao. Sentei-me em face do «sujet» como para as experiéncias precedentes. Depois de ter con centrado o seu pensam ento e exercido o seu — 159 — P S I C O G R A F I A poder psíquico, disse: «Com certeza já im primi». «Fui im ediatam ente a casa do fotógrafo e encontrei, desembrulhando a placa, o trago muito nitido dum rectángulo negro! «No decurso desta experiencia, tinha con tinuam ente guardado comigo a placa em p re gada, de maneira que posso afirmar que nenhum a fraude tinha sido tentada com eia. *c) Ás 16 horas menos 12 minutos voltei a casa de M.me Nagao com a caixa « a» contendo urna nova placa e entrei no quarto «A» depois de ter deixado a placa no qu ar to «E». Com o se passasse um certo tem po antes que o «sujet» aparecesse, voltei à sala «E» retirei a placa da caixa, pu-la no meu bolso e voltei para a sala «A» ; eram 16 h o ras m enos 6 minutos no meu relógio. A placa nao tinha deixado de ser vigiada senao seis minutos. Quando o «sujet» chegou enfim à sala «A desénhei urna cruz sobre um a folha de papel que coloquei só bre a tam pa da caixa «b» e informei M.m& N agao de que era èsse o modèlo a reproduzir sóbre a placa. Q u an do ia para a sala «D» disse-me eia — O senhor sabe que a placa deve ser colocada na sala da entrada! Bem que estas palavras tivessem sido pro— 160 — OS FILTROS DO A M O R E A GIÈNCIA nunciadas sem que eia tivesse qualquer in t e n d o , fiquei um pouco surpreendido, ten do receio que eia nào visse, por clarividen cia, que a placa estava no meu bolso. Respo ndi-lh e: Està aqui no meu bolso, mas vou pó-la na sala. Fui im ediatam ente à sala «E» onde puz a placa na caixa «a», lugar habitual. Eram entào 16 horas e 11 m inu tos. Q uan do voltei para a sala «A» o <sujet» trabalhava jà na sala «D». De novo fui ao quarto «E» e trouxe comigo a caixa con tendo a placa que coloquei na sala «A» às 16 horas e 14 m inutos e 30 segundos. Deste modo a placa tinha ficado 3 m i nutos e meio sem vigilància. Coloquei em seguida a caixa «a» na caixa <b» e a expe riencia continuou, segundo o processo hab i tual. Q uando depois da experiència revelei a chapa no quarto escuro, achei a marca leve de urna cruz. «No decurso desta experiència a placa tinha sido deixada na sala «E», sem ser gu ar dada, durante 3 minutos e meio, a partir do m om ento em que tinha feito o desenho da cruz e que a tinha mostrado ao «sujet». Mas as duas experièncias precedentes tinham dem onstrado a autenticidade da psico-grafia De sorte que nào se tratava, na terceira expe— 161 — il P S I C O G R A F l A rie n d a , senáo de demonstrar uma coisa já evidente. «A psico-grafia de que tinha p r i m e r a mente emitido a hipótese, acabava néstes dois dias e por estas experiencias, de me aparecer como uma realidade. «Tinham uma importáncia táo funda mental que nao quiz que nenhum outro, álém de mim, se ocupasse da sua preparagáo, carregasse as placas, apresentasse o modelo ao «sujet», ou revelasse as provas. Pensei que seria preciso seguir éste método, se se quizesse ap an har a verdade dos factos e afastar toda a suspeita. A psico-grafia, pelo menos para mim, tornava-se por estas experiencias, um facto definitivo. As experiéncias feitas em seguida, nao tiveram por fim senao m e dir as condigoes e as variagoes do fenómeno e n2o reconhecer a possibilidade ou impossibilidade do facto. «Já nao tinha que vigiar eu mesmo todos os pormenores, e foi com a ajuda de outras pessoas que conduzi as experiéncias que seguem. «d) No decorrer dos trabalhos, obtivemos psíco-grafias semelhantes. O m étodo seguido foi o que tinham os em pregado antes; — 162 — OS FILTROS DO AMORE A CIENCIA portanto n3o farei nova d e s c r i v o néste breve telato. «Numa outra experiencia feita pelo Dr. Imanura, professor da Universidade Imperiai de Kyato, quando eu estava ausente e retido po r negocios em Kobe, procedeu-se déste m odo. Pelas 10 horas de 4 do 1 de 1911, o Dr. Imanura foi ver M.me Nagao. Foi acom^ a n h a d o por M. Minamoto, M. Fujiwara e p o r outros ainda. Com urna dupla caixa con ten d o 3 placas sobrepostas, entrou na sala «E», o nde deixou a caixa e as placas e depois n a sala «A», onde explicou ao «sujet* q u e a s très placas estavam um as sóbre as outras e q ue se tratava de inscrever a letra que lhe agradasse sóbre a do meio. M.me N agao co n s e n t a e proproz a letra X. Segundo a expli c a d o dela, tinha escolhido esta letra porque o seu desenho se ligava com a forma das tres placas sobrepostas. «Foi para o quarto «D» e comegou con centrando o pensamento. O Dr. foi buscar a caixa cotendo as placas ao quarto «E», e, acom panhado por M. Fujiwara e M. N agao, entrou no quarto «D>, onde se sentou em frente do «sujet», tendo a caixa sóbre os joelhos. M. Fujiwara e M. N a g ao sentaram-se — 163 — P S I G O G R A F I A ao lado do Dr., corno observadores. A acgao psíquica comegou às 10 e 30 e terminou dai a 41 segundos. O «sujet» disse e n t à o : — Vi as très placas urna ao lado da outra, no sentido de espessura, e actuei sóbre a do centro. «M. Imanura, M inam ato e Jujiwara, levaram as 3 placas para a cámara escura, reve-laram nas juntas e acharam na do centro o trago muito nitido da letra X, enquanto que nada se via ñas placas laterais. A experiència demonstrava déste modo que o poder psí quico era capaz de actuar directamente sòbre a placa central, sem influenciar as outras duas. A propósito do Dr. Imanura, quería contar aquí urna anedocta sóbre a psico-grafia, que aconteceu, contudo, muito mais tarde. A maior parte dos jornalistas científicos vindos de Toquio e Ozoka a M arugatna, para fazer o relatório das nossas experiéncias sóbre éstes fenómenos extraordinários, continuavano a duvidar da realidade da psico-grafia. «Foi por isso que, penetrando no hotel onde se tinha hospedado Imanura, alguem lhe falou desta maneira : «Corre que a psico-grafia, descoberta pelo Dr. Fukurai, é urna fraude... «A pesar de pensarm os que nào é n e — 164 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA cessário seguir a opiniao pública, ficariamos contentes, se pudessem mostrar um facto dig n o de afastar as suspeitas. Além disso, esperando ficar convencidos pela evidencia, ficamos embarazados, dada a nossa ignoráncia do problema e as poucas coisas que podem os relatar ao público. O que vam os pedir, é que nos demonstre a verdade das experiéncias da psico-grafia, feitas com M.me N a g ao e por isso para nos mostrar uma placa q ue obtiverdes na ausencia do Dr. F u ku raí; porque se a experiencia tiver lugar sem éle lá estar, podem os crér o seu resultado como verdadeiro. Pedimos, pois, para fazer uma d e m o n s t r a d o com uma placa que a p o s e n tareis vos mesmo. «O Dr. Imanura fez a experiencia para os satisfazer, escolhendo um m om ento em que me encontrava ausente e obteve o resul tad o habitual. *e) Durante os 5 ou 6 anos que seguiram a morte de M.me Nagao, vimos aparecer seis «sujets» de valor, embora nao possuíssem precisamente as suas qualidades. Falarei sómente de dois déles, a propósito dos re sultados obtidos com I. W a ta n a b le e K. Mita. • No espago de um ano, Fevereiro de 1918 a Janeiro de 1919, fizemos 5 experién- — 165 — P S I C O G R A F I A d a s com W a ta n a b le e obtivemos sete psico-grafias. Estas experiéncias foram feitas com o concurso de professores da escola elem en tar de Nischikatsura, no departam ento de Yamanashi. O m étodo foi muito rigoroso e merece que se fale déle, embora sucintamente, pelo m enos sóbre um ponto. «Ás 15 horas do dia 22 de Abril de 1918 os professores, em núm ero de nove, reüniram -se num a sala da aula para fazer urna experiéncia de psico-grafia, tendo W atanable com o «sujet». « Comegou-se ás 15 h. 1/ 2, da maneira seg u in te : M. Koma, o director da Escola, c o locou urna caixa de seis placas, com pleta m ente fechada, s ó b r e u r n a m e s a p o s t a nu m estrado. O «sujet» entrou na sala, p a rando á distancia da mesa, cerca de l , m5CL « Com a adesáo das pessoas presentes, escolheram-se tres assuntos para serem rep ro d u z id o s : « 1.° — As tres letras « A. B. C.». Foram escritas pela máo de M. Serizawa, director da escola, sóbre urna folha de papel regrado. «2.° — A letra «D» que estava escrita só bre um quadro, no meio da sala. « 3 .° — As letras « Z. Z . », que significavam o no m e do « s u je t» . — 166 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA « Os assistentes pediram ao «sujet» que o primeiro assunto fòsse reproduzido sôbre a segunda das seis placas, o segundo sôbre a quinta e o terceiro sôbre a sexta. « O «sujet» consentiu e começou a c o n centrar o seu pensamento. O tem po que levou o traballio psíquico para a segunda e quinta placas foi de cinco minutos para cada u m a; foram precisos 7 minutos para a últi ma. Q uando tudo acabou, M. Yoneyama e très outras pessoas levaram as placas para a cámara escura da escola e, desem brulhando-as, descobriram o seguinte: « As très placas, a segunda, a quinta e a sexta foram colocadas no banho no mesmo momento. Depois de oito minutos, as le tras apareceram sôbre a segunda placa; dez minutos mais tarde a letra apareceu egu a l m ente sôbre a quinta placa. «Sôbre a sexta placa nâo apareceu nada, nem mesmo ao fim de 18 minutos. t f ) Quereria, em último lugar, expór os resultados psico-gráficos obtidos com o «sujet» Mita. Obtive com èie cinco psico-grafias. « N a m anha de 11 de Agosto de 1917, no curso superior feminino da cidade de Amagasaki, no departam ento de Hyogo, fo- — 167 — P S I C O G R A F I A ram feitas na sala de conferèncias, experien cias de psico-grafia. Contando estudantes da escola e curiosos, havia urna assistència de peito de 300 pessoas. Depois que M. O. abriu a secgào por urna conferencia notável, decidiu-se, por unanimidade, a ordem do dia seguinte : « 1.° — Urna mesa seria colocada no fundo da sala para ai depór as placas e películas fotográficas. «2.° — As placas e as películas ficariam sob a vigilància de M. C. Sakurai, Presidente da Cám ara de Amagasaki, « 3 .° — As psico-grafias deviam ser registadas sóbre filmes nào abertos. Havia dois déstes filmes, tendo um M. Harada, colabo rador do jornal «Taigo Nippo», e o outro M. C hiuma. A sorte decidiu que seria o de M. C hium a que seria empregado. «4.° — A revelagáo do filme seria c o n fiada a M. I. Sakai, fotógrafo de Amagasaki. *5.” — M. Sakurai, Ohtenka, um especta dor e o Dr. Fukurai estariam presentes à revelagáo. «6.° — Para a escolha dos assunto* a reproduzir, os assistentes proporiam 2, as palavras Amagasaki e do hospital Chiuma. «. Mita disse entào : Se o assunto é tirado - 168 — OS PILTROS DO AMOR E A CTÉNGIA à sorte, pego para ajuntar àspalavras jà propostas as letras que estào escritas no quadro pendurado da parede desta sala». «Os assistentes aceitaram a proposta e o acaso quiz que fòssem designados entre os très assuntos, as letras escritas no quadro. « Acabados os preparativos, comegou a experiéncia. Mita subiu a um estrado, sentou-se numa cadeira cérca de 22.m da mesa onde se encontravam as películas. Concentrou o seu pensamento durante quatro m i nutos, a-fim-de ver por clarividéncia o inte rior do filme e conhecer os seus detalhes. Depois dum a nova c o n c e n tra d o do pensa mento, que durou um minuto e quarenta se gundos, realisou-se a psico-grafia sóbre a película enrolada. « Sakurai levou ¡mediatamente o filme para a cámara escura do fotógrafo S akai. Ohtsuka e eu seguimo-lo e vigiamos atenta mente a re v e la d o . As letras apareceram distintamente. Sakurai voltou à sala para anunciar o resultado ao público, que se retirou satisfeito. « g ) Na tarde de 10 de Fevereiro de 1917, pediu-se a Mita para se prestar a urna experiéncia pública de psico-grafia, na g ra n d e sala de r e c e p d o da prefeitura de Na- - 169 — P S I C O G R A F I A goya, sob os auspicios do jornal de Nagoya, intitulado «Maimich Shimbum». Havia perto de 3.000 pessoas e a sessáo foi coroada de sucesso. Tam bém estive presente, misturado com a multidáo, e segui com interésse o d e senrolar dos trabalhos. «M. Iwata, que dirigía o «sujet», pediu a um fotógrafo da cidade para lhe levar 12 placas rectangulares, ainda fechadas na sua caixa e colocou-as deante de M. K. Kauzu,. oficial do estado maior da 3.a divisáo, que assistia como espectador. Pediram-lhe para vigiar as placas. O público propoz entao 3 assuntos, afim de serem reproduzidos pela psico-grafia: um retrato do governador Matsui; um retrato dum soldado a cavalo; e um retrato do principe Katsura, datando da época em que éle era primeiro ministro. Depois, por maioria de votos, decidiu-se deixar a M. Kauzu a possibilidade de escolher, de entre os tres assuntos, aquéle que quizesse para a experiéncia. Decidiu. O retrato do príncipe Katsura seria reproduzido sobre a sexta placa. «Mita sentou-se sobre um a cadeira no meio do estrado, fechando os olhos para concentrar o seu pensamento, afim de reproduzir o retrato sobre a placa colocado na mesa diante de Kauzu. A distáncia que s e p a - — 170 — OS FILTROS DO AMOR B A CIENCIA rava Mita de Kausu era pouco mais ou menos de 6 metros. Ao fim de dois minutos Mita abriu os olhos e disse: «Certamente está já reproduzido sóbre a sexta placa». «Entao Kausu colocou o embrulho de placas no seu bolso, entrando na cámara escura do fotógrafo de Iwaka, aco m panhado por 3 testemunhas, desembrulhando as placas sob os seus olhos. Quarenta minutos mais tarde, Kausu voltava e fazia a narrativa seguinte á assembleia: «Comegamos por desembrulhar a sexta placa, sóbre a qual apareceu o retrato dum hom em vestido de sobrecasaca, com condecoragoes no peito. Mas a fisionomía está tao indistinta que nao nos é possível afirmar ser o principe. «Desembrulhamos por curiosidade as p la cas 5 e 7 que rodeavam a sexta, e, com grande surpreza nossa, vimos aparecer qualquer coisa no ángulo de cada urna délas. Nao reconhecendo logo o que fósse, a p ro xim am os as duas placas, vendo entáo desenhar-se a letras A e B. «A assembleia ficou muito intrigada com éste acontecim ento e a sessüo foi levantada no meio de um vivo sucesso. — 171 — P S I C O G R A F I A «Sao precisas algumas e x p l i c a r e s para com preender esta experiéncia. Primeiro, os tragos fisionómicos do príncipe Katsura nao se lhe assemelhavam e estava-se em frente do retrato de outro hom em . Na m inha opiniao, o «sujet» tinha tido a intengao de reproduzir por psico-grafia o retrato do prín cipe, mas a idea subconsciente do retrato de outro homem lhe tinha vindo, tendo-se reproduzido sóbre a placa, de que ela tinha excluido o retrato do príncipe. Nao foi só esta a única vez que pude observar éste fe nóm eno no curso das m inhas experiencias de psico-grafia. «Em segundo lugar, a psico-grafia das letras A e B creio ser devida igualmente a um a idea subconsciente, porque, segundo o qu e o «sujet» me disse, a sua intengáo nao tinha sido reproduzi-las. Mas como explicar agora que os caracteres tenham sido repar tidos pelas duas placas? Para isso é preciso fazer urna pequeña digressáo. Encontrei pela primeira vez o «sujet» em casa dum dos meus amigos, M. Tsuboi, a 8 de Fevereiro de 1917. Nesta época, o «sujet» tentou reproduzir as letras A B sóbre urna placa que lhe apresentei, mas nao o conseguiu. Depois da experiéncia, conversando com éle sóbre — 172 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA o problema psíquico, insisti, particularmente sôbre este ponto. «A energia psíquica age no espaço de uma maneira transcendental, desafiando as leis da matèria. Sem alterar duas ou très pla cas sobrepostas, posso reproduzir um a figura sám ente sôbre a do meio e isto è um a acçâo transcendental. Este poder que tem o pensam ento de realisar um tal fenómeno é o que o caractérisa melhor, diferenciando-o radicalmente da matèria. Partindo desta natureza inerente ao Espirito, pode-se concluir que o «sujet> é capaz de nâo supór como um a distancia, o espaço que separa duas placas fotográficas e que as pode considerar como nâo sendo mais que uma. Ora se chega a pensar que duas placas nâo sâo senào uma, e se procura reproduzir ai um objecto por psico-grafia, só se terà a reproduçâo completa déste objecto juntando as duas pla cas depois da experiència. Ainda nâo conduzi experiència alguma, segundo esta hipó* tese, mas tenho a convicçâo de que se reali zará logo que seja tentada ». O «sujet» estava completamente de acórdo sôbre éste assunto e quando dois dias mais tarde, a 10 de Fevereiro, se fez em N ago ya a experiència pública de que acabo — 173 — E S P I R I T O , M A T E R I A E V I D A de íalar, as letras A e B apareceram quando se juntaram as duas placas. Pode-se portan te concluir déstes tactos que a idèa sub consciente das letras A B que já tinham si do objecto de um trabalho psíquico no dia 8 de Fevereiro, tinham tido, segundo a m inha teoría, urna influencia inconsciente ñas ex periencias de 10 de Fevereiro de 1917. O facto das letras terem sido reproduzidas sóbre urna placa rodeada de outras sem que estas últi mas fóssem iníluenciadas, provava com ple tam ente a hipótese que eu tinha emitido re lativamente à transcendencia do espirito em r e l a j o ao espago. Espirito, M atèria e Vida « O problema das relagóes entre o Espi rito, a Matèria e a Vida è o mais àrduo para a ciéncia e filosofia. Desde a antiguidade, muitas idèas foram emitidas sóbre èste as sunto por filósofos e sábios do oriente e ocidente. Por meu lado, baseando-m e sóbre as experièncias que acabo de relatar, declaro conformes à verdade, os preceitos seguintes : «1.° — No universo existe um poder no- — 174 — - OS PILTROS DO AMOR E A CIÈNCÌA tável, diferente, por sua pròpria natureza, do po der físico e a que cham o Espirito. «2.0 — A acçâo do espirito nâo está sub* metida às leis da matèria. Se com um raio material qualquer, por exemplo, com um raio solar, se quizer impressionar urna placa fotográfica colocada entre outras duas, será preciso primeiro agir sôbre a primeira para atingir em seguida a do centro. O Espirito, pelo contràrio, pode agir directamente sobre a placa do meio sem influenciar as duas outras. P ortanto o Espirito é transcendente em relaçâo às leis da matèria. E isto é p ro vado ainda pelo facto do Espirito poder im pressionar urna película no meio de um filme n áo desenrolado. «3.° —Qual o poder que leva o espirito a libertar-se assim das leis da m atèria? O poder da vontade: Tomemos, por exemplo, uma dúzia de placas empilhadas. Se o E s pirito quer agir sôbre a terceira, pode agir sóm ente nessa, sem influenciar as outras 11, das quais duas estáo colocadas antes e 9 depois. Tomemos também um rólo de p e lículas nao desenroladas: se o Espirito o quer, pode imprimir letras sôbre um a d as películas sem alterar as outras. Portanto o Espirito pode agir inteiramente segundo a E S P t R I TO, M A T E R I A E VI DA sua pròpria vontade. É um poder determi n ado por si pròprio. «4.°— Para querer, o Espirito deve ser consciente; porque a funçâo da consciéncia é de escolher a direcçâo da acçâo, o que é, pròpriamente, querer. Portanto ser concien te significa tam bém agir na direcçâo escolhida. Mas se várias im agens aparecem ao m esmo tem po na consciéncia «os quereres» opôem-se e anulam-se sem produziar acçâo. Assim, para agir com força num a direcçâo única, é preciso que nào haja mais do que urna im agem na consciéncia, no momento de acçâo ou entâo é preciso que as diferentes im agens se reünam no mesmo feixe. A acçâo psicológica, graças à qual urna única im agem aparece ao mesmo tem po na cons ciéncia, ou se há várias e elas se ligam num a mesm a unidade, chama-se, em japonés, Seishin-Toitsu. Seishin significa espirito e Toitsu significa concentraçâo ou unificaçâo. O «su jet» tem o poder de concentrar o seu espi rito a um tal ponto sôbre um tal objecto, por exemplo, sôbre um a letra a reproduzir» que tôda a outra im agem é afastada da sua consciéncia. •Por isso Seineshi-Toitsu, a vontade de — 176 — OS FILTROS DO AMORE A CIENCIA reproduzir a letra sóbre a placa fotogràfica, realiza-se e obtem-se a psico-grafia. «Todas as preposigòes aqui mencionadas nao sào simples hipóteses criadas pela im a g i n a d o . Sào um facto da actividade psíqui ca demonstrado pela experiéncia. Éste facto nào é talvez senào um facto supremo que explica os outros fenómenos da vida, mas nao pode ser explicado por éles. «Tomemos, para exemplo, as relagóes entre o espirito e a matèria. «Como é que o espirito pode actuar sobre a m atér a? N áo o posso explicar, tudo o que posso dizer, é que me acho em presen t a dum facto: o Espirito actúa sóbre a m atè ria. Isto è da pròpria natureza do E spirito: nao o posso explicar; é um facto. 5 .° — O que é a vida? O fisiologista res ponde que é a c irc u la d o do sangue, a res p i r a d o dos pulmóes, a digestao dos alimen tos e assim por diante. «E o que è bem certo é que sem estas fungòes a vida nao existiría. Mas isto è sómente um aspecto da vida, aspecto super ficial e nao toda a vida. Esta exposigao puram ente fisiológica, nao toca na pròpria essència da vida, na teleologia. As células do nosso organism o contam-se por milhòes e — 177 — 12 E S P I R I T O , MA T É R I A E V I D A sao outros tantos milhoes de individuos. Nenhum é exactamente semelhante ao outro, cada uma dessas células possue uma consti t u i d o que lhe é própria e que a caracteriza. «Mas constituem, pela sua reuniáo, um corpo completo, como os músicos constituem um a orquestra, grabas á vontade comum de criar a sinfonía. Assim um músico pode tocar a sua partitura sem abandonar a sua personalidade. Do mesmo modo cada célula par ticipa dum a vida maior e contribuí para a c o n s titu id o dum corpo organizado, sem perder a sua individualidade. Sem diferenga entre os individuos nao há o r g a n iz a d o possivel. N ao há o r g a n iz a d o tam bém sem um a vontade comum de atingir o mesmo fim. Para constituir um conjunto organi zado é preciso, com a pluralidade dos indi viduos, um a vontade ú n i c a ; os dois devem misturar-se sem se confundirem. Na seita búdica de Shingan, chama-se a isto Ichita-Sosuku e Ichi, quer dizer um todo numeroso e Sosuku que se penetram uns nos outros. Os individuos sao num erosos e a vontade é una. Estes individuos e esta vontade penetram-se m utuam ente para formar um todo organizado. Tal é o Ichita-Sosuku. S egun do éste principio os milhoe. de células tor- — 178 — OS FILTROS DO AMOR B A CIENCIA nam-se um sêr organizado que é o sêr vivo. A vida nào é pois urna simples respiraçâo dos pulmôes, uma simples digestâo dos alialimentos. Cada parte do sêr vivo, trabalha para realizar a vontade comum, g uardando, contudo, a sua personalidade e, assim, se constitui o sêr organizado. Dizendo de outra maneira : — a vida é uma acçào teleologica. Mas graças a que acçào ideolò gica é a vida possível? Respondo: graças ao Espirito. O Espirito, que por um lado divide a materia em numerosos individuos, os reúne, por outro lado, num todo. A diferenciaçâo e a Unificaçào sào as duas funçôes irmàs do Espirito. «6 ° — O Espirito actúa pela vontade s o bre a matèria, segundo o principio de Ichita-Sosuku, e assim nasce a vida. É o que na filosofia Shingan se chama o Butsuskin-Sosuku, Butsu — m a t è r i a kin — espirito sosuku — que se penetra um ao outro. «C onsiderando assim, a Vida é um fenó m eno semelhante ao da telegrafía sem fios. O uvim os os sons saír do aparelho receptor, mas éste aparelho nào pode funcionar sósinho. A verdadeira cantora é a onda eléctrica que se propaga no ar. Mas esta onda, tam ,bém, nao pode produzir um som sem o con- — 179 — E S P I R I T O , M A T E R I A E VIDA. curso do aparelho. Deve actuar sobre o re ceptor para se fazer ouvir. A onda é a cantora e o aparelho é o «sujet», pelo qual eia se faz ouvir. Do mesmo modo o Espi rito é o creador da Vida, mas a matèria é o «sujet* que Ihe permite viver. As ondas existem em tòda a atmosfera e em qualquer lugar onde se encontre o aparelho e a can tora é ouvida. O espirito está por tóda a parte no Universo e por tóda a parte onde há matèria o espirito vive. A vida assemelha-se, pois, à telegrafia sem fios. Há, contudo, urna grande diferenga entre os dois fenóm enos: n o primeiro, é preciso que seja o homem e nào a onda quem construa o aparelho. A on d a nào pode tornar-se canto, senào num aparelho preparado. Na vidar pelo contràrio, o Espirito constrói o apareiho, tirando-o da matèria que èie espiritualisa. F az saír o «sujet» da matèria. Além disso, o espirito procura viver uma vida sem pre maior, quer dizer, espiritualizar cada vez mais a matèria que organizou, a-fim-de a tornar um «sujet» mais perfeito e dai vem o desenvolvimento de todos os séres vivos. De todos èstes séres, o homem è para o Espi rito o melhor «sujet», mas nào o è completo*O Espirito quer torná-lo melhor e o hom em - 180 OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA esforça-se por o conseguir, avançando sem pre mais adiante sôbre este cam inho como um peregrino, esperando atingir a Terra Divina, sem conceber no seu pensamento o q ue eia seja, mas im aginando por intuïçâo o q ue possa ser. A inteligência de tôdas as coisas nâo se adquire senâo chegando a essa Terra e enquanto ai nâo chega, o homem caminha sabendo sômente que o fim a atingir se encontra là. «S eg u n d o a filosofia «Shingon», tôdas as co isas do Universo sâo o »sujet» de Deus. Cada grâo de areia, cada gota de água, cada ervinha, cada sôpro de vento, tudo fala a linguagem de Deus. Dai o nom e de « S h in gon > « Shi,' » — verd.ad.eiro « gon » — palavra. O Shingc-i, é pois, a verdadeira Palavra de Deus. Mas Palavra nâo é tom ada aqui no seu sentido corrente, é uma palavra es condida nas coisas e é por isso que o S hin gon se chama, às vezes, «M itugo» querendo «Mitsu» dizer segrédo e « go » — palavra. Déste modo o Shingon nâo pode ser compreendido pela inteligência, mas pela intuïçâo. A intuïçâo é a faculdade sagrada da alma hum ana, graças à qual o homem se pode penetrar do Espirito. Com o disse M. Berg.son, o homem nâo pode com preender o seu — 181 — E S P I R I T O , M A T E R I A E V I D A «eu» íntimo senao pela intu'ígáo e nao é se* nao pela intuidlo que ele pode conhecer a Realidade. Há algum a coisa na filosofía Shingon que se aproxima do Bergsonismo. É o que é expresso na bela palavra «Nyojitsu-Chi-Jishin, em que «Nyojitsu» — como é na realidade; « C h i» conhecer e «Jishin» a m inha própria alma. O conjunto da palavra significa p o i s : « conhecer a m inha alma em tóda a sua verdade» . « N a filosofía Shingon, a alma hum ana é urna parte do Espirito, do mesmo modo que a água do mar que im pregna urna esponja, é urna parte da água do océano. * A alma hum ana procede da mesma es* séncia que o espirito. De sorte que co nhe cendo a sua própria alma, o homem pode conhecer a realidade do Espirito. Tal é a única maneira de conhecer o Espirito na sua verdade. Mas um tal conhecimento nao p ode ser intelectual, porque a inteligencia nao conhece senáo o m undo das coisas d e te rm in a d a pelas leis da matéria, enquanto que o Espi rito está liberto destas leis e nao tem nada, como eu já disse, dos atributos da matéria., N ao pode pois ser conhecido, ou antes atin gido, senáo pela i n t u i d o e nunca pela inte ligencia raciocinada. E ’ esta a razao p o rq u e — 182 — OS FILTROS DO AMOR B A CIÊNCIA tôdas as filosofías da India, consideram a intüiçâo como a faculdade mais elevada e a mais sagrada da alma, sendo o primeiro dever dos sacerdotes o cultivá-la. «Procurem os im aginar um tem po em que a matèria nào tivesse ainda sido espiritualisada. Estaría entào num estado sein formas definidas— num caos. Procuremos im aginar o m om ento em que o Espirito tivesse com eçado a actuar sobre a matèria. Teria entào tom ado um a forma, ter se-ia unificado e or ganizado, legando-se as diferentes partes urnas às outras, sôbre a lei do *Ichita Sosuk u . . Assim, o Espirito teria feito sair do caos o Cosmos. O caos, posto que sem formas, sem unidade nem organizaçào, está mergulhado no fluido espiritual e tem a possibilidade de tornar um a matèria organisada e unificada. E ’ esta a possibilidade que a fi losofia Shingon, cham a a razào; o caos è o m undo da razào; a-fim-de fazer sair o Cos mos do caos, a razào deve espiritualisar a matèria e para fazer isto deve escolher a direcçào da acçào. N a filosofia »Shingon» o despertar da razào chama-se Sabedoria. O Universo iluminado pela Sabedoria è c h a m ado o «Mundo da Sabedoria». Assim, graças à espiritualizaçào da matèria, o U ni — 183 — E S P I R I T O , M A T È R I A E V I D A verso caminha desde o m undo caotico da razào para aquèle ordenado pela Sabedoria. O poder da razào é infinito, mas o seu des pertar é gradual, de maneira que a espiritua l i z a d o da materia nao pode fazer-se de urna vez sòmente e estagnar. E ’ um progresso sempre em movimento, para urna organiza d o sempre mais perfeita que a matèria. Assim, no trabalho de construgào de um cos m os absoluto, tódas as partes da matèria concorrem como obreiros da grande emprésa do Universo. «7.° — Mas pode preguntar-se: «P o rqu e o m a l? » Porque esta guerra entre o bem e o m al? Se todas as coisas, no Universo, trabalham juntas para o mesmo firn e sáo operários, cooperando no mesmo trabalho, devem trabalhar de harmonía, fraternalmente, e assim nào devia haver nem mal nem des t r u i d o , nem p e r tu r b a r e s . Mas o tacto de monstra que há um mal e que a guerra é sem fim entre os dois principios do mal e do bem. P orqué? E ’ o que vou tentar ex plicar aqui. «A esp iritu alizad o da matèria nao pode fazer-se segundo um progresso uniforme. Vai uniformemente durante algum tempo; depois procede por s a l t o s bruscos. Um — 184 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA corpo vivo que acaba de ser espiritualizado, fica sòbre o mesmo patam ar durante longo tem po, transmitindo as suas faculdades à sua descendencia, até que urna nova espirituali z a d o e um novo salto se produz. Conti nu and o na nova via que lhe está aberta o sèr vivo limita-se a fazer viver e a transmitir a faculdade que ele venceu, mas dando-lhe urna vida mais estável, mais sólida; um dia chega em que o ser vivo é capaz de fazer automáticamente, como urna m áquina, cer tas acgóes, sem ter necessidade da consciéncia délas. Dai os reflexos fisiológicos e os instintos inactos, que podem ser classificados no autom atism o puro. Mesmo muitos fenó m enos da matèria, que sào mecánicos, tém na m inha opiniáo o Espirito por origem. Ficam assim tem pos incalculáveis, esperando ser d e novo despertados por um a segunda espi ritualizado» que os conduzirá a um novo patamar, mais elevado da vida, fazendo evo lucionar a matèria orgànica. «E ’ necessàrio ao ser vivo, para facilitar a sua vida, que um a nova f u n d o adquirida pela esp iritualizado, se consolide, a ponto de se tornar, por a re p e tid o , um mecanismo automático. Q uando tal se dà, esta f u n d o perde o seu interèsse espiritual e a vida pa- —185 — B I X ) S O F I A . rece tornar-se um simples processo material,, sem Espirito, sem valer a pena ser vivido. Este estado nâo é tolerável para um sêr vivo possuíndo um a alma que procura elevar-se como a do homem». E a tese, curiosissima, continua — num crescendo de fervor científico, aliado a um grande fervor religioso, que nâo temos o direito de censurar, porque nào possuímos — nem nunca possuiremos talvez — uma noçâo absoluta da Verdade. Biosofia Como a d u a m os centrípetos e centrífugos congénitos Os centrífugos, como já dissemos, irradiam em tôdas as direcçôes e essa irradiaçâo polidireccional esgota-os, deblita-os, até ao ponto de ficarem irresistivelmente présos, sem forças para esboçarem, sequer, o mais leve vestigio de luta, quando, movidos p o r um grande centro de energia, sâo forçados a irradiar num a única direcçâo. Infelizmente para a hum anidade, a esmagadora maioria dos habitantes do nosso glòbo — 186 - OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA Torturados pela ddr que os do mina, os centrífugos ajoelham, desfeitos em pranto, aos pés dos cen trípetos que os avassalam. — 187 — OS FILTROS DO A M O R E A C1ÈNC1A é constituida por centrífugos congénitos; e, excepgSo feita para a minoría que estuda o autodominio (i) ou usa acumuladores de energia, como o «Kiss» e o «Maykiss» hipno-magnéticos, essa quási totalidade dos sères, uns noventa e seis ou noventa e sete por cento, continua a gravitar, inconsciente mente, até à morte, em torno de ilusòes que se desfazem como o fumo ou de quiméricas fantasías que nunca se transformam em rea lidades concretas. Os centrífugos congénitos lutam aínda contra a impossibilidade, i m p o s t a pela heranga dos seus maiores, de acumularem a m enor parcela de potencial subtil. O mais consciencioso cálculo egométrico nào con segue descobrír e m .to rn o déles uma única partícula da fórga excelsa que sabe dom inar e impór. À medida que criam potencial, esbanjam -no em todas as direcgSes e, se há um foco poderoso que os «sugue», uma sedugao gigantesta que os avassale, principiam por adoecer e acabam, inconscientes, nos bragos de um psiquiatra ou ñas garras assustadoras da morte. Assemelham-se aos (!) V^idé» Pode dominar-se o acaso !» — 189 — B I O S O F I A grandes faladores prosapiosos e gabarolas que, à força de comunicarem tudo quanto sabem, sentem ou pensam, acabam por nâo representa rem mais do que o v àcu o!... Apesar disso, em circunstâncias extrêmas, chegam a causar fenómenos tremendos — pelo menos de perturbaçâo. Eis um exemplo trágico daquilo que um centrífugo «in-extremis» é capaz de fazer e — coisa cu rio sa !— de originar em volta de si, quando o foco de atracçâo, ap an had o de de supreza, nâo pode resistir ao choque de retorno da sua própria energia — outrora exteriorizada. Trata-se da «Baia Hum ana», da desastrosa morte do artista universalmente conhecido pelo nom e de Ralph Cawder. O facto, rarissimo, que teve lugar em Paris, em 1927, e nèsse mesmo ano foi registado por nós ñas páginas de «O M undo Científico» (2.° vol.), é o seguinte, que transcrevemos textualmente : «Sâo onze horas e meia da noite. Um cartaz luminoso anuncia o núm ero d o z e — o último da sessao. «A orquestra executa um «paso-doble» cheio de vida, enquanto no palco, ocultos por um vistoso pano alegórico, os maqui- — 190 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA nistas desm ontam os trapézios do »nùmero* anterior e arrastam para o centro um enorme can hào de ferro. «Na plateia imensa, onde nào é possivel encontrar um único logar vazio, ondula urna atmosfera de assombro. «Ñas galerías ouvem-se gritos de dór. É a gente humilde que se aperta, que se esmaga para conseguir um logar um tudo-nada mais perto do palco. Nos camarotes, semi nuas e deslumbrantes de pedraria, as mulheres trav am os sorrisos e, num silencio quási abso luto, pensam na grandiosidade da prova que es tá prestes a realisar-se. «De repente, a mùsica cessa, o pano sobe e Ralph Cawder, gentil, estilisado, aparece no palco. «Estrugem as palmas em unisono. Ralph curva se, elevando ambas as màos ao cora?ào e a mùsica continúa de novo, enquanto os très ajudantes do arrojado acrobata montam o niquelado trapèzio e carregam o canhào. «— O exercício, com enta um engenheiro na plateia, è dos mais arriscados que se tèm visto. «O aparelho, semelhante a um canhào gigantesco, possue urna grossa mola em espi rai, cuja potencia está sábiam ente calculada — 191 — B I O S O F I A para projectar o acróbata a determinada al tura. Essa mola, mom entos antes do paño subir, é comprimida até ao máximo por um sistema de engrenagens adaptado a urna m a nivela de longo brago. Ao ouvir-se a deto n a d o , que só serve para dar mais efeito á prova, a mola arrasta até á boca um prato metálico e, com éle, o arrojado projectil h um ano que, em virtudeda velocidade adqui rida, é arremessado á altura do trapézio. Tudo isto está muito bem calculado, é certo; mas, se um dia Ralph, por qualquer circunstáncia, n ao se agarra a tem po ao seu luxuoso trapézio, a morte é certa, porque ele, contra o hábito de todos os seus colegas, nao usa nem o colcháo metálico nem a protectora réde dos saltadores. «O engenheiro tem razáo. Basta, de fado* um segundo de h e s i t a d o ou de descuido», para Ralph se despedazar. « Enquanto os seus ajudantes nao concluem os preparativos para o extraordinário vóo, Ralph oculta-se entre bastidores. Está triste, pensativo. A voz treme-lhe. «Terá m edo? Mas medo de qué? « N ao executa éle o mesmo exercício há quatro ou cinco anos e sem pre com o m es m o sucesso? — 192 — OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA «Nao! Ralph nao tem medo! Nunca o teve, nem mesmo no com eto, q uando se despediu da vida! «D epo is... cinco anos nao sao cinco días. Ralph habituara-se a brincar com a morte e nada poderia temer, por que proce día quasi maquinalm ente, já sem raciocinio, sem inteligencia e, portanto, sem receio. «C om o se explica entao a sua tristeza? Porque é que Ralph, quási um autómato, um escravo do hábito, da mesma fungáo mil vezes repetida, está preocupadíssimo ? «Porque é ? P orque está em Paris, na linda cidade que o viu nascer e onde havia jurado nao mais voltar. «Ralph Cawder nao passa de um pseu dónim o de cartaz, que oculta a sua verdadeíra personalidade. Éle nao é inglés nem americano. É francés, nasceu em Paris, ali em Batignolles, e chama-se Fernando Fouchet. «Paris ! Está em Paris! Acha-se, por fim, na térra c. ide amou pela vez primeira, onde ela m o rav i e onde aínda morará talvez. O h! Com que saudade éle recorda as lágrimas que verterá por aquela que, num m om ento de loucu/a, havia esquecido a fé j u r a d a ! «Clotilde sabia que era linda e gostava — 193 — 1 3 B I O S O F I A de exibir a sua beleza. Um dia pedirá a F ernando para a levar a um baile. Eie negara-se, protestando contra a imoralidade dos bailes e tentando fazer-lhe ver os péssimos resultados que èles d à o ; mas Clotilde, nova e linda, depressa arranjou quem a le vasse contra a vontade do noivo. Eie soube-o, exagerou as conseqiièncias e, rebentando de ciume, partiu — jurando nào mais voltar. « As lágrimas que entào verterà deveriam tè-la rehabilitado. Mas Fernando, o seu querido noivo, nào podia medir a intensidade da sua dór, porque se achava distante, fora de Paris, fora de Franga, talvez. « — E tudo isto, pensava, por urna infantilidade, por uns curtos instantes de aparente ventura ! « Sòbre esta céna d o l o r o s a passaram cinco anos. Clotilde nào esquecera, porque nào pudera esquecer. Resignara-se apenas. « E o expatriado nem esquecera nem se resignara. Sofria, sofria sempre, mas sem um queixume, sem exteriorisar urna ùnica parcela da grande dór que o avassalava. « Agora mesmo, cinco anos volvidos, èie lembrava-se dela e via passar deante de si — 194 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÊNCIA todos os risonhos m om entos de ventura que usufruirà outrora. « A voz carinhosa de urna rapariga que o acom panha e que èie trata como irmâ, veio tirá-lo do torpôr doloroso em que se m ergulhara. « — J á está tudo pronto, Ralph. O lha que o público impacienta-se! « — Tens razâo. Vou já... «A música cessa de novo e as palmas estrugem pela segunda vez. «Ralph sobe a escada e, antes de pen e trar na gigantesca boca do canhào, olha em torno de si, com o habitualmente. Num ca m a rote, sentada junto de urna senhora idosa e de um cavalheiro desconhecido, vé Clotilde, aquela por quem sofrera, por quem se tinha expatriado e feito artista de circo. «O golpe fóra tremendo. Ao chocarem-se os olhares, dois gritos ferem o espaço. Clotilde, apesar do disfarce de coiro da Russia, reconhecera-o também. « fe m a n d o parece petrificado, estático, com c o visionàrio que desperta de um sonho sorridïnte e se ve ñas turvas sombras do mais intenso infortunio. «Um ajudante veiu tirá-lo do seu alheam ento doloroso. E Ralph, inconsciente, como —195 — B I O S O F X A um autómato, desapareceu, por fim, d o s olhos dos espectadores. Havia penetrado p o r completo na alma do grande canhao. «Aínda nao tinham decorrido trinta se gundos, q u a n d o se ouviu urna detonagáo horrísona e se viu projectado no espago o corpo inanim ado de Fernando. «O acróbata, como de costume, tocara o trapézio, m as... nao se agarrara a éle. «Um grito horrível sai de todos os peitos ao m esm o tempo, enquanto Ralph, o mártif do amor, se despedaza no solo. «Clotilde, semi-louca, pálida como a cera virgem, abeira-se do cadáver do amante. «Pretendem afastá-la; mas ela, desfeita em pranto, cai inanim ada a seus pés. «Momentos depois, dois carros, a toda a velocidade, atravessavam as rúas de Paris. Um conduzia urna d o id a; o outro, um cadáver». É interessante notar como um centrífugo, vasio, sem nada lá dentro, consegue, n u m derradeiro esfórgo inconsciente, arrastar n a perturbagao um indutor poderoso. Os centrípetos congénitos t a m b é m ,n u m a grande percentágem, irradiam em t'.das as. — 196 C e n tríp e to s Os centrípetos, conscientes da sua Jdrga, esperam tranquilamente que o que èles desejam caia sob o im pèrio irresistivel do seu campo de g ra v ita d o . OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA direcçôes, mas sem esfôrço, maquinalmente, como autómatos e, mesmo assim, energia que lhes é supèrflua — que nao lhes faz falta. Portanto, nâo sentem necessidade déla, nao se fatigam, porque nunca dáo, pelo menos sem um motivo imperioso, aquilo de que precisam. Q u an do querem, irradiam entáo conscientemente, em pregando toda a sua força, mas num a única direcçâo e de forma a atingirem infalivelmente o alvo que pre tenderà visar. De resto, corno ao contràrio do que sucede com os centrífugos, os centrípetos sâo grandes acumuladores de energia, é lógico esperar que, mesmo após as mais gigantescas lutas de seduçâo, fiquem sempre com urnas reservas — que lhes permitam fazer face a urna necessidade urgente. Entre um centrípeto e um centrífugo há, com o se vé, um auténtico abismo. Q uando um centrípeto deseja urna coisa, quere que eia corra vertiginosamente para si. Q uando no cérebro de um centrífugo nasce urna idea semelhante, é éle que corre para o sér am bicionado e se dilacera a seus pés. Os centrípetos, fócos poderosíssimos de gravidade, esperatn que o que éles desejam caia na sua direcçâo. Os centrífugos, à mercé — 199 — S I L E N C I O de todas as atracgoes, quando sentem a ambigáo da posse, correm na direcgao do foco obecedante e, logo que o atingem, ajoelham como passivos inúteis e extéreis — incapazes de gerar. Limitam-se a saír de si próprios e a viver em sincronismo inconsciente a vida do ser am ado. * * * E nao há, preguntarao os que nos léem, processo de converter um centrífugo inútil num poderoso centrípeto? Há ; e á falta de um, dois, como já dissemos no primeiro volume, ao tratar do antropoflux e das formas simples de triunfar. Ocupar-nos-emos, a seguir, detalhadam ente d o assunto, visto que ele para os leitores e para as leitoras de «Os Filtros do Am or e a Ciencia» tem urna importancia capital. S ilencio! . . . Urna das condigoes im postas aos in i ciados do Alto Saber, diz-nos o dr. Gerard Encausse, é o segredo absoluto sobre tudo — 200 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÉNGIA quanto se estuda, tudo quanto se sabe e tudo quanto se ve. Os Zoistas modernos sào ainda mais exi gentes, embora, para isso, apresentem aos seus discípulos razòes científicas de péso, que os faz vergar a um sigilio muito mais profundo e a urna disciplina muito mais severa. De facto, nào há nada que mais prejudique um centrífugo que pretende converter-se em centrípeto, do que o entusiasmar se com as primeiras subjugagòes obtidas, vibrar de contentamento com os primeiros triunfos alcanzados, sentir-se ¡mensamente ditoso com as primeiras Vitorias ganhas. Mas, peor ainda do que os estragos causados pela febre que se apodera dos estudantes ao constatarem as primeiras realisagòes da sua vontade-fórga, é o que sucede ao infeliz que, levado pela vaidade, conta o que lhe vai na alma e faz ensaios de dominio para demonstrar o seu poder. Após a exteriorisagáo vaidosa, o ini ciado sente-se mal, indisposto, neurasténico — sem mesmo saber porqué. Dir-se-ia que a intuigào o avisa de qualquer perigo tremendo que èie nào sabe interpretar. Mergulha o p e n sam ento em mil suposigóes, arquitecta mil fantasías e acaba por ficar ainda mais indis- — 201 — COMO SE CRIAM AMBIENCIAS DE T R IU N F O posto consigo mesmo — sem n enhum a razao sèria em que possa alicergar as suas negras hipóteses. A verdade, porém, limita-se apenas a isto, que èie pressente sem querer: Os Mestres nunca mais lhe ensinam coisa alguma e èie, passados uns meses, um ou dois anos, o máximo, volta, por falta de apoio dos outros e de progresso de si pròprio, à mesma nulidade congènita que e ra—um centrífugo extéril. Se, pelo contràrio, «estuda, sabe e cala»,, o seu progresso atinge tais limites que èie pode entao realisar, so com urna ordem do seu pensamento, tudo quanto desejar—dentro do campo do Bom e do Belo. C o m o se criam embiéncias de triunfo Toda a ciència Zoista gira em torno da e d u c a d o científica da vontade e n3o há nada que mais prejudique as faculdades de querer do que representar o papel de tolo, dizendo tudo quanto se sabe, ou encarnar o papel do parvo, cedendo as t e n t a r e s de fazer figura... A c o n c e n tra d o è incompativel com a dis persilo. Quem quizer saber tem de acum ular ciència — náo esbanja-la sem motivo sèrio- - 202 — OS FILTROS DO A M O R E A C1ÊNGIA Emblema dos Mestres do Silèncio E is, da esquerda para a direita e de cima para baixo, a interpretaçâo secreta do sim bolo dos Mestres do Silencio: «E m 1912 nasceu na Europa urna ciencia nova, o Zoism o, que corneçou por estudar, com o rigor da tècnica e o m utism o da esfinge, os Misterios do Oriente, m as os seus iniciados so depois de terem dado provas de que sabem ver, ouvir r calar, è que aprendem a traduzir os hierciglifos da N atura». — 203 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA que se imponha. Quem quizer avolumar as suas faculdades de querer, tem forzosamente de praticar exercícios psíquicos, tào apropriados para desenvolver a Vontade, corno os físicos, metódicos e racionais, sào para desenvolver o corpo. Nào nos é possivel ocuparm o-nos mais do que ligeiramente do assunto, porque, além de outras razòes que nào vem ao caso citar, ultrapassaríamos os limites déste livro. Mas o que ficou exposto é mais do que su ficiente para concluirmos que devemos falar pouco e, sobretudo, de nós. Basta seguir éste critèrio e resistirmos constantemente às tentagòes, para — garantimo-lo em absoluto e com inteiro conhecimento de causa — avolum armos a Vontade e crearmos em torno de nós ambièncias de sedugào e de triunfo. Resistir às tentagòes da vaidade é um belo exercicio para desenvolver as faculdades nobres latentes no homem e para converter o estudante, com o esforgo em pregado, por mais centrifugo que èie seja, no centripeto mais poderoso. Sabem os que essa resistència é dificilima, especialmente quando se é novo e culto ou, entào, quando se é velho e parvo. — 205 — COMO SE CRIAM AMBIBNCIAS DE T R IU N F O Mas é precisamente essa enorme dificuld ade que origina, com a resistencia estabelecida, o robustecimente da Vontade. E creiam que vale a pena o sacrificio. Nietzsche, que conhecia bem o valor da luta com as nossas faculdades vis, poz na boca de Zaratustra a seguinte expressao: «A felicidade do hom em cham a-se: E u q u e r o h . Eliphas Lévi afirma: «Quereis dominar-vos e dom inar os outros? Aprendei a querer». Gasparin vai ainda mais longe e declara que «a vontade é táo poderosa que chega a fazer-se obedecer até pela matèria inerte» ; e La Rochefoucauld, depois de nos dizer que nao há nada impossível, acrescenta: «Existem meios para se conseguir tudo quanto se desejar. Se possuirmos urna vontade sufici entem ente desenvolvida, nada nos poderá resistir». Van Helmont, que conhece melhor do que muita gente a potencia do pensamento, exprime-se assim : «A vontade é o primeiro de todos os poderes». Vale, pois, a pena, como dissemos, resis tir a todas as tentagòes e fazermo-nos supe riores. De resto, quando aconselhamos a m odes t i a e im pom os a luta contra a vaidade, nao — 206 — OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA queremos que se traduza nessas palavras o desleixo por nós próprios. Um homem pode ser modesto e ser limpo e asseado. Pode nao ser vaidoso e vestir com elegáncia. Pode nao ser pedante e demonstrar a superioridade, quando vier a propósito, da sua inteligencia e saber. O que é indispensável é nao termos a febre da vaidade, porque eia pode fazer-nos ver, por delirio, que somos, em todos os ramos da actividade hum ana, superiores aos hom ens e ao mundo! Como se triunfa no amor Já conhecem os um processo pràtico, embora muito simples e elementar para desenvolvermos a Vontade. Vejamos agora o que podem os íazer, depois de atingirmos urna certa potencia de atracgao. Como exemplo concreto exporemos em primeiro lugar uma experiencia clàssica, devida a um grande poeta alemao, universalmente conhecido. «Goethe, o sublime cantor dos amores de M argarida — explica-nos o eminente Jules Bois, no seu primoroso livro «O milagre m o derno*— afirmava um dia ao seu amigo Eckerm ann, um físico de valor, que já tinha obtido — 207 — COMO SE T R I U N F A NO AMOR alguns fenómenos curiosos, que a telebulia era um facto, do qual era impossível duvidar. Éle próprio a havia experimentado, «Eckermann interessou-se pela e x p lic a d o e Goethe narrou o facto. «Em rapaz, continuou o poeta, conheci alguns grandes homens, que se interessaram por mim e me iniciaram ñas maravilhosas ciencias da Vontade. Nunca o disse a ning u ém ; e se hoje falo no caso é por dois motivos — porque vem a proposito e porque já sou suficientemente conhecedor da m inha ignorancia, para sentir vaidade pelo fenó m eno que vou narrar-lhe. «Ainda eu nao tinha vinte anos, apaixonei-m e perdidamente por urna rapariga que correspondía com igual ternura ao meu amor. Urna tarde, passeando, dirigi-me quási m aquinalm ente a casa déla e constatei, ao chegar á porta, que havia lá dentro festa animadíssima. Concluí im ediatam ente que a m inha adorada nao viria á janela, por que havia de estar muito entertida. «A julgar pelo barulho dos músicos e pelo ruido dos passos de dansa, aquilo devia ser festa até alta m adrugada! Nao oculto que fiquei aborrecido, mas resolví retroceder. la vagarosam énte, pensando nela — 208 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA e cham ando-a com o pensamento. Concentrei tanto a minha vontade, que perdi a n o fà o de mim pròprio. Só pensava nela ; só a cham ava para junto de m im ; só ambicionava vè-la. «E contudo, corno um autòmato, caminhava sempre, sempre, aum entando assim sem querer, inconscientemente, a distancia entre ambos. «Só quando cheguei à esquina da rúa é que me pareceu ter despertado. Entào olhei para traz, para dar um derradeiro adeus á janela da m inha adorada, e fiquei surpreendido. Eia, a correr, aproxim ava-se de mim, exclamando aflita: «O que é ? O que é ? Já estou aqui! Meu Deus, o que sucedeu?! N un ca chamaste por mim assim» ! «Claro, continua Goethe, que foi a m inha primeira experiencia. Desde entào para cà, a repetigào de exercicios semelhantes, mas praticados conscientemente, fizeram de mim um hom em que nào pode, sem negar os factos, sem se negar a si pròprio, duvidar da telebulia», - 209 — 14 I M P O S I Q Á O D A V O N T A D E Trabalhos práticos interessantes sobre a ¡mposigao da vontade As experiencias que seguem e que descrevemos sum ariam ente com o único fim de orientarmos o leitor e a leitora no seu desenvolvimento psíquico, foram dirigidas por nós e controladas por alguns dos Zoistas mais notáveis que residem em Portugal. U m a senhora cujo nom e nao podem os revelar (nem ele importa para o caso) resolveu com um estudante mais adiantado do que ela, fazer urnas experiencias de projecgao da vontade. Segundo as nossas i n s t r u y e s e sob os nossos «controle» permanente, obteve éxitos brilhantíssimos, embora a sua exteriorisagao fósse pouco forte e vacilantemente directiva. Mas, como tinha apenas dezassete ou dezoito meses de exercícios práticos, era impossível exigir mais. O bom éxito, com o fácilmente se compreende, foi exclusivamente devido ao «sujet» receptor, que executava sem esfórgo as ordens mentáis recebidas, porque sem esfórgo interpretava rápidam ente os desejos da sua colega — ainda dem asiado centrifuga e, portanto, de fraca emissáo unidi reccional consciente. — 210 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA O «sujet» receptor, um rapagâo de vinte e nove anos, com mais de sete de bem orien tada pràtica no cam po experimental, facilitava tanto os trabalhos da jovem investigadora, q u e eia, entusiasmada pelas facilidades registadas, resolveu ir mais a lé m . . . E assim, com um entusiasmo v e r d a d e r a m ente prejudicial para quem deseja evoluir, solicitou-nos licença para realisar experiencias mais serias — fora do cam po laboratorial. Nao consentimos. O tem po passou... Uns très meses volvidos, eia voltou a insistir e nós, que a queríamos vergar ao estudo, friamente, sem entusiasmos nem loucuras, consentimos e demos-lhe a escolher a prova. Preferiu a citada por Bois, relativamente a Goethe. Eia, com os últimos très meses de trabalhos práticos, ficara em ótima fórma e nós tinham os a certeza — a absoluta certeza — de que se faria obedecer. Era preciso, por conseqüéncia, evitar èsse novo sucesso. De contràrio, eia invaidecer-se-ia, por falta de preparaçâo conveniente, e voltaria ao estado centrífugo, de onde a haviamos arrancado, a p ó s cerca de dois anos de estudo. — 211 — t I M P O S I ? i o D A V O y T A D E Resolvemos, portanto, inutilisar-lhe secre tam ente a emissào. Eia, desconhecendo as nossas intemjòes,. mostrava-se animadíssima, antevendo já um sucesso em tudo sem elhante aos precedentes; e, com grande entusiasmo, escolheu o dia 10 de Agosto (estavamos em 1930) para a r e a liz a d o da experiencia. Nèsse dia, pouco antes das onze horas, fez-se acom panhar de sua màe, que n ada sabia, e foi passar à porta do noivo, que tudo ignorava. Com o ele, ao domingo, só saia depois do alméno» tudo levava a crer que estivesse ainda em casa. Apesar dessa quási certeza, pediu-nos para lhe telefonar — nào fòsse èie ter saldo contra o seu costume habitual. Pois bem. Apesar de nào haver fe sta em casa do rapaz e, por conseqiiència, do fenò m eno ser de mais fácil re a liz a d o , o insucesso foi tremendo, visto que èie nem s e q u e r sentiu, com o se averiguou no dia seguinte, a m enor persistència da im agem da sua am ada ! Um pequeño emissor Lakhovsky, osci lando a elevadissima freqiiéncia e, portanto, em itindo ondas ultra-curtas, inutilisou-lhe — 212 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA po r completo a im agem mental que ela pre ten día impór (x). Com o desconhecia a p e r tu r b a d o secreta qu e lhe fizemos, a jovem desanimou com o inesperado insucesso, e resolveu entáo prosseguir no seu desenvolvimento, sem voltar a preocupar-se com a realizagáo de grandes trabalhos. Só uns cinco meses volvidos, depois déla te r avangado muito e aprendido a carregar-se (!) Georges Lackhovsky, em «Segredo da vida», apresenta aos estudiosos que se queiram documentar, uma experiencia detalhadíssima sobre um fenómeno semelhante: A desorientagáo provocada nos pombos correios. Chadfield, o sábio assistente do Colégio Tecno lógico de Leicester, realisou em fins de Fevereiro do ano corrente curiosíssimas experiencias de p erturbado , levadas a cabo com um emissor de ultra-curtas, de uma potencia superior a cincoenta kilowattes de antena. As suas investigagóes levaram-no a um campo estranho, que é indispensável conhecer, porque se mostra cheio de perigos para os experimentadores pouco versados nos misterios imprevistos das elevadas freqüéncias. O distinto cientista inglés avisa-nos de que as ondas ultra-curtas, quando emitidas por e s ta f e s po derosas, podem causar a morte do homem á distancia — 213 — R E S P I R A Q Á O I Ó N I C A de energía, é que lhe revelamos a causa d a seu trem endo fiasco. Respiragao iónica J á explicamos aos leitores como poderao desenvolver a sua vontade e converter-se em centrípetos. O processo nao tem o rigor, ñas causas, nem a rapidez, nos efeitos, que o leitor ambicionaría, porque a técnica a seguir, com método, sistematisando os exerde vários quilómetros, se a freqüéncia da emissáo corresponder exactamente á oscilado humana ! Chadfield, depois de afirmar que todo o object» vivo e inanimado é um centro colossal de irradiadles micrométricas, que emite ondas de elevadíssima fre qüéncia, conclue por garantir que já matou, em experiéncia, vários animais inferiores e que nao chegou a matar homens, porque, felizmente, cessou a tempo os seus trabalhos. É curioso notar que algumas pessoas, vendo nestas experiencias a possibilidaae da invengáo dos hipotéticos ralos da morte, tém já oferecido ao ilustre sábio de Leicester avultadas fortunas pelo seu gigan tesco emissor! Ignoram estes destruidores da vid'humana que á ciencia é fácil perturbar uma emissáu e até responder com outra mais poderosa — em igual comprimento de o n d a! — 214 — OS FILTROS DO AMORE A CIENCIA cícios conforme as necessidades que surgirem, é demasiado complexa e nao pode, por ultrapassar os limites desta obra, ser desen volvida aqui (*). Contudo, o processo que já indicamos, em bora lento e de efeitos um tudo-nada longínquos, mostra-se admirável (porque é tao moroso como seguro) ao cabo de alguns anos de trabalho. (pag. 126 e seguintes). Se, ao mesmo tem po que praticarmos as resistencias apontadas, fizermos a re s p ir a d o iónica, ritmada e profunda, os exercícios serao mais proveitosos e os efeitos muito mais rápidos. Sem olharmos a latitude, como nos labo ratorios de ensaio, devemos, contudo, seguir as instrugóes de Héctor Durville sobre a polaridade do corpo h um ano (2) e orientarmo-nos, para fazer a r e s p ir a d o iónica, no sen tido dos polos da Terra. Se nao tomassemos esta o r ie n ta d o , poderíamos absorver grande quantidade de ióes positivos, que viriam, por ser todos do mesmo polo, estabelecer grande desiquilibrio no nosso sistema néurico. (i) (a) Vidé «Pode dominar-se o acaso !» «Física Magnética». — 215 — H E S P I R A g Á O I Ó N I C A Os dentistas sabem há muito que cada i n s p i r a d o contém no ar que conduz aos pulmóes numerosas partículas electrisadas, cargas de ides positivos e negativos, que m antém a estabilidade da existencia do ser. As pessoas que nao andam descaigas e que, portanto, nao podem fazer descargas para a térra, sofrem muitas vezes, especial m ente se usam calgado de borracha, verdadeiros horrores nervosos. De facto, há dias em que nos sentimos bem dispostos, otimistas, capazes de tudo tentar e de tudo conseguir; mas há outros em que, sem mesmo sabermos porqué, nos sentim os desanimados, sem acgáo e com a cabega pesada como o chumbo. Há ocasióes q u e nos sentimos fortes, cheios de vida e até com desejos de gloria. Outras, porem, sentimo-nos fatigados, indiferentes a tudo e com vontade de morrer... A que se deve o fenómeno biológico, q u e transforma totalmente o ser e ameaga perturbar-lhe o destino? Na esm agadora maioria dos casos, só ao desiquilíbrio iónico — á respiragáo carregada de num erosos ióes do mesmo polo. A ciéncia tem últimamente estudado a fundo a influencia iónica na manifestagao — 216 — OS FILTROS DO AMOR E A CIÉNCÍA d e várias enfermidades, como o reumatismo, as dores de cabega, a anciedade e a opressáo, qu e muitos atribuem ao tem po e as pressoes da atmosfera. Tem igualm ente dedicado grande a t e n e o as relagoes existentes entre o estado iónico do ar e as manifesíagoes de síncopes cardíacas, p e r t u r b a r e s gástricas, congestóes inexplicáveis e até relativamente ao aum ento e diminuígáo da febre nos enfermos. As conclusóes sao curiosas. O que nos surpreende — a nós, que estudamos o assunto desde 1924 — é que só agora se tenha rep a rado ñas estatísticas e que só há meia dúzia d e méses se tenh a verificado que morrem mais séres q uan do o Sol está debaixo do horizonte do que q uando é día c l a r o ! Mas a questáo, encarada exclusivamente sob éste aspecto, nao nos interessa, porque só diz respeito aos médicos. Aponíam os o facto sómeníe para mosírar a conveniéncia da orieniagao, já nao dizemos rigorosa, porque o rigor só exisíe nos laborafórios de estudo, mas o mais aproximada possível — seg u n d o o eixo do nosso globo. P or conseqüéncia, deitados, a determi n ada hora do dia (sempre a mesma), devemos, c o m a cabega para o Norte e os pés para o — 217 — R E S P I R A g Á O I Ó N I C A Sul, inspirar com lentidao até os pulm óes ficarem totalmente cheios de ar. Depois, con servando durante um segundo ou dois o peito sob ítensáo, come?ar a expirar, tam bém lentamente, até a última partícula o ar que se conserva nos pulmóes (!). Com o ar, saturado de ióes de ambas as polaridades, e com o ritmo constante da r e s p ir a d o (movimento consciente que poe a Vontade a cima das próprias fungóes da vi da), carregamos a nossa batería nervosa e desenvolvemos, ao mesmo tempo, o poder da nossa energía, visto que ela se impóe» pelo ritmo que determinamos, as ordens do ultra-consciente. E eis o que podem os co n se g u ir— com um pouco de estudo e de trabalho. Os que nao sáo centrípetos congénitos (e só o sao uns trés ou quatro por c e n t o l ) , sao forjados, para triunfar na Vida e n o Amor, a modificar totalmente as suas faculdades de sér e de sentir. Devem, pois, submeter-se ao estudo com prazer e agarrar-se ao trabalho com vontade. (!) No sentido metafórico, porque os pulmóes nunca se podem esvasiar totalmente. — 218 — OS FILTROS DO A M O R E A CIÉ N CIA « K iss» e «M aykiss» hipnomagnéticos Se nao estiverem dispostos a vergar-se ao trabalho e ao estudo e quizerem obter éxitos brilhantíssimos em curto espado de tempo, teem entáo de usar «acumuladores de energía» individuáis, como o «Kiss» e o «Maykiss» hipnom agnéticos, que proporcio nan!, logo após uns dias de utilisados nos olhos e no corpo, auténticas Vitorias de sedud o e de encanto. O seu poder de direcgao é tam anho e a sua energía concentrada tao avassaladora, que a vontade do hom em ou da mulher que os em pregue nao reconhece obstáculos na re a l i z a d o dos seus desejos! O que é preciso é que sejam rigorosa mente individuáis, preparados pela própria pessoa que déles deve tirar o maravilhoso proveito. Se assim fór, o desejo exteriori zado, mesmo pelo centrífugo mais inferior, materialisar-se á, a curta ou longa distáncia, e dará origem a ambiéncias, v erd ad eram en te irresistíveis, de sedugao e de encanto. A p r e p a r a d o científica, rigorosamente individual dos excelsos fluidos, cujo perfume,. — 219 — «K ISS» B «M A Y K IS S» HIPNOMAGNBTIGOS suavíssimo e penetrante, nao reconhece dis tancias nem obstáculos, é de urna facilidade e singeleza, que chocam os investigadores do Misterio! Q ualquer pessoa, em sua própria casa e em absoluto segrédo, os poderá pre parar, logo que conhega a fórmula — espe cialm ente estudada para o seu caso. A teoria do fenómeno, a e x p lic a d o cien tífica do « m odus operandi > dos fluidos na creagao de ambiéncias irresistíveis, já foi ex plicada, desenvolvidamente, ñas várias pági* ñas déste livro. Quanto á prática no campo das realiza r e s experimentáis, só diremos qué as pessoas que usam os preciosos frutos desta maravilhosa descoberta da Psychology C orpo ration of L o n d o n , o «Kiss» e o «Maykiss *, nunca mais t e r a o m o t i v o s para desánimos, por que as suas ambigoes nunca mais deixaráo de corresponder aos seus desejos. E eis, á luz da ciencia e da razao, o verdadeiro Filtro d e Amor, expurgados d a s créndices supersticiosas da m agia antiga e dos empirismos inocentes dos nossos inge nuos avós. P ena é que nao possamos, por absoluta m ente impossível, publicar urna fórmula para — 220 — OS FILTROS DO AMOR E A CIENCIA Kiss-Maykiss Os fluidos hipnomagnéticos indi viduáis, supremos acumuladores de energía positiva, encerram os séres em ambiéncias de harmonía irresistivel, fazendo com que o induzido seja fo rja d o a vibrar em rigo roso sincronismo com a freqüéncia do indutor. — 221 — O S PILTROS DO AMOR E A CIENCIA cada habitante do nosso glóbo — em fungáo das suas características pessoais O). (!) A «Psychology Corporation of London, co mo afirma a páginas 225 — e seguintes, fornece gentil mente as fórmulas individuáis a todos os leitores e leitoras que as queiram possuir. — 223 — ! le c h a r . . > ...O S Icftores que falem... a A necessidade é a alavano impe riosa ilo progresso. £' eia q » purifica o scr, aperfeicóa a concepcao e turila a obra ajéià£Z 1 5 A fechar... . . .O s leitores que fa le m .. . A necessidade é a alavanco, im periosa do progresso. E ' ela que purifica o sér, aperfeigóa a coiicepfdo e burila a obra . (N ota da P. C. O. L.) Com preendem os que a necessidade é a alavanca imperiosa do progresso e sabem os q ue é ela — só e l a ! — que purifica o sér, aperfei$óa a c o n c e p t o e burila a obra. Por isso, ouvindo as necessidades dos leitores da primeira edi?áo, m elhoramos a segunda. Queríam os agora ouvir as dos leitores da segunda para m elhorarmos a terceira — que deve aparecer ainda éste ano ou, o mais tardar, nos principios do ano próximo, com muito mais páginas e correspondendo ás anciedades dos nossos leitores e leitoras. — 227 — F O R M U L À R I O I N D I V I D U A L . Formulàrio individual Para serinos agradáveis aos nossos leitores, enviaremos a tódas as pessoas que se nos dirijam a solicitar fórmulas individuáis, como, por exemplo, as do «Kiss» e do «Maykiss» hipnomagnéticos, um extenso questio nàrio a que deverao responder, a fim d o s nossos cientistas se documentarem e redigirem, a seguir, a fórmula a empregar. Os leitores do estrangeiro podem dirigir-se às nossas delegagóes (i), onde lhes será fornecido, na respectiva lingua, o ques tionàrio a que nos referimos. As fórmulas, que serao traduzidas n a m esm a delegacáo, serao enviadas aos leito res no idioma da sua nacionalidade, podendo, p o r isso, ser transcritas, depois, para as páginas em branco que, com esse fim, m a n dam os intercalar no fim do livro. E esperamos, assim, completar pelo único m eio posstvel esta obra formidável, que ta n to (!) A delega?ao, era Portugal, da Psychology Corporation of London, é na rúa Duque de Saldanha, 625 — Pórto, para onde deve ser enderezada tóda a correspondencia era portugués. — 228 — OS FILTROS DO AMORE A CIENCIA ruido tem causado, pela beleza e ciencia que encerra, ñas altas esferas da cultura e no seio do povo inteligente — ancioso de Verdade. Psychology C orporation o f London Formulas individuáis Qiianto mais se vibra o r a l mente, menos se pode vibrar profundamente OS FILTROS DO A M O R E A Fórmulas individuáis « K iss H ipno m agnéticoindividual T: ............ F :........... Fórmula: _ V id £ £ á g ^ 2 8 — 233 — CIENCIA F Ó R M U L A S I N D I V I D U Á I S «K¿ss H ipnom agnético individual (C o n tin u a d o ) OS FILTROS DO AMOR E A <K iss H ip no magnético* individual (Continuaçâo) Vidé pág. 228 - 235 — CIENCIA F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S ■K iss H ipnom agnético» individual (C o n tin u a d o ) Vidé pág. 228 - 236 - OS F I L T R O S DO A M O R E A C I E N C I A A Princesa de Condé fez-se am ar doidamente por Henrique li, de Fiança (pág. 17 — 1.° vol.) OS FILTROS DO AM OH K A 'K is s H ipnam agnêtico » in d iv id u e l (Continuaçâo) Vidé pag. 228 — 239 — CIÊNCIA F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S <Kiss H ipno magnético» individual (Continuaçâo) Vidé pág. 228 OS FILTROS DO AMOR E A «K iss H lp n o m a g n itico» individual (Continuagao) Vide pag. 228 — 241 — CIENCIA F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S «K iss Hipnornagnético individual (Continuagao) Vidé pág. 228 — 242 — OS Fl LTROS DO AMOR E A CTÊNGIA Ccesonia Jez vergar a seas pés o grande Caligula (pag. IS— 1.° vol.) - 243 — ■OS F I L T R O S DO AMOR E A CIENCIA f M a y kiss H ipnom agnêtico* individual T:________ F:________ Form ula Vidé pág. 228 — 245 — F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S «M o g k iss H ipnom agnctico» individual (C ontinuado) — 246 — OS FILTROS DO AMOR E A CI&NCIA » M aykiss H ipnom agnetico» individual (Continuagao) V id e j3 a g ^ !2 8 — 247 — F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S <iM a ykiss ffip n o m a g n ético» individual (Continua?ao) Vidé pág. 228 — 248 — OS FILTROS DO A M O R E A CIENCIA M a ykiss H ipnom agnétlco> individual (Continuagao) Vidé pág. 228 — 249 — F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S «M ay kiss H ipnom agnético > individual (C o n tin u a d o ) Vidé pág. 228 — 250 — OS FILTROS DO AMOR E A C IE N CI A « M ay kiss H ip n o m a g n itico • individual (Continua^ao) Vide pdg. 228 — 251 — F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S «M a ykiss H lpnom agnéticot individual (C o n tin u a d o ) Vidé pág. 228 — 252 — Montespan conseguili enlouquecer de amor o rei Luis X IV (pág. 37—1.° vol.} OS FILTROS DO A M O R E A O utras fó rm u la s especiáis Vidé pág. 228 - 255 — CIENCIA F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S Outras fórmulas especiáis (Continuaçâo) / Vidé pág. 228 -256 — OS FILTROS DO A MOR E A O utras fó rm u la s especiáis (Continuaçâo) V id é jja g ^ J & S — 257 — C I E NCI A F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S O utras fó rm u la s especiáis (Continuaçâo) Vidé nág. 228 - 258 - OS PILTROS DO AMOR E A CIENCIA O utras fó rm u la s especiáis (Continuaçâo) Vidé pág. 228 — 259 — F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S O utras fo rm u la s especiáis (Continuaçâo) Vidé pág. 228 — 2 6 0 — OS PILTROS DO AMOR E A O utras fó rm u la s especiáis (Continuaçâo) V i d é j) Í £ ^ 2 2 8 — 261 — CIÊNCIA F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S O utras fó rm u la s especiáis (Continuaçâo) Vidé pág. 228 — 262 — OS FILTROS DO AMOR E A O utras fórm ulas especiáis (Continuaçâo) Vidé pág. 228 — 263 — CIÊNCIA F Ó R M U L A S I N D I V I D U A I S Outras fórmulas especiáis (Continuaçâo) Vidé pág. 228 — 264 — OS FILTROS DO AMOR E A O u tras fó rm u la s especiáis (Continuaçâo) Vidé p ágj^ 28 — 265 — CIÊNCIA Errata: A nota que se acha a pág. 238 (1.° vcl.) e parece esclarecer a fig. 2, que acorapanha, diz respeito á; fig. 3 (pág. 239), que o desenhador, embora de grande talento, nao conseguiu realizar. E' possível que a culpa fñsse do orientador.. . 6 r a I h a s: Sao ta n ta s .. . que, para as corregir, seria precisoaumentar a obra com ura terceiro volume ! O leitor inteligente, máta-as; o culto, desculpa-asp o inteligente e culto, nem as vé, porque as ilumina, com o seu espirito de elei?áo. Com método e orientalo atingem-se mais fàcilmente os ambicionados obiectim INDICE GERAL PÁQ. Um passo ñas trevas — O primeiro passo, trémulo, indeciso, dado as apalpadelas no caminho tenebroso das hipósteses, deve-se ao primeiro biósofo que sentiu a anciedade de penetrar os mistérios da egometria p u r a ................................................. ...... Método experimental na investigado cientí fica.................................................................... Teoría do magnetismo s e x u a l ......................... Teoria b a c ila ....................................................... Teoria da refrscgáo c ó s m i c a ......................... M aravilhas da N atura — As leis da Natureza sáo iguais para tudo e para todos, porque nao existe distin g o essencial entre um hornera e um sol, um sol e um planeta» um planeta e um átomo............................... O macrocosmus e as snas le is ......................... O microcosmus e as saas l e i s ......................... Em busca do n a d a ........................................... D estruido da m olécula..................................... A grandiosidade do infinitamente pequeño . — 269 — 6 9 12 18 23 33 35 41 43 44 45 I N D I C E Nào se irata de urna f a n t a s i a ......................... Tudo que existe parte de urna matèria «una» T ransm utado dos m e t á i s ............................... A moderna pedra filosofai . . . . . . A mecánica celeste nào difere da mecánica a t ò m i c a ..................................... ...... O sistema atómico é semelhante a um sistema pìanetàrio....................................................... Conclusào p s s m o s a ........................................... Sedu(So e encanto — Os centrípetos s3o amados cegamente — fazem escravos, ver daderam ente idólatras ; os centrífugos, amara com extremos de loucura — fazem senbores absolutos, que adoram como d e u s e s ............................................................. O livre arbitrio e a f a ta lid a d e ......................... Moderna AtracQáo U n iv e r s a l......................... Causas — nos objectos e ñas coisas . . . C ausas— nos seres h u m a n o s ......................... A quarta d im e n sà o ........................................... O que é a vida hum ana..................................... Como surgiu o hipnotism o............................... O velho das m ontanhas..................................... Contactos im p e r f e ito s ..................................... Leis do Am or....................................................... Egosofia — As irra d ia re s dos sères e o seu i m p è r i o ....................................................... Experiencias c o n c r e ta s ..................................... Placas fotográficas impressionadas pelo pen samento ........................................................ P s i c o g r a f i a ....................................................... Espirito, Matèria e V ida..................................... Biosofia — como actuam os centrípetos e cen trífugos c o n g é n ito s..................................... Silencio... como se criam ambiéncias de — 270 - 46 47 49 51 54 56 59 61 64 79 84 95 100 111 114 117 120 122 126 132 147 155 174 186 ■ios F I L T R O S DO AMOR E A CIENCIA triunfo.............................................................. Como se triunfa no a m o r ............................... Trabalhos práticos interessantes sóbre a imposigao da v o n ta d e ..................................... Respiragao i ó n i c a ........................................... «Kiss» e «Maykiss» hipnom agnéticos. . . A fe ch a r. .. os leitores que falem .. . — A necessidade é a alavanca imperiosa do pro gresso. E’ eia que purifica o ser, aperfeigoa a concepgáo e burila a obra . . . Formulàrio in d iv id u a l..................................... Fórm ulas individuáis — Quanto mais se vibre geralmente, menos se pode vibrar profun damente ........................................................ E r r a t a .............................................................. 200 207 210 214¡ 219 225 228 231 266 B r a u u r a s de De se nhos de Heitor U i d a i Staio 6uimaries Acabou de imprimir-se : A 1.“ edigào em 7 de Janeiro de 1932. A 2.a edigào, em 8 de A bril de 1936. 19 3 6 Com posto e Im presso na — Tip. Diàrio do Pòrto — PORTO