Ética e Educação em Ciência : Dos rumos da investigação às apropriações pelo
currículo e manuais
Ethique et Education en Sciences : des orientations de la recherche aux
appropriations par le curriculum et les manuels
Ana Paula Oliveira (Universidade de Aveiro)
Fátima Paixão (Universidade de Aveiro)
Resumo
A conceptualização e a explicitação de uma filosofia da relação entre ética e educação podem
promover a progressiva formação dos alunos e dos docentes, numa perspectiva responsável e
interventiva do desenvolvimento das sociedades, à luz dos valores e dos direitos universais que as
devem reger. A questão que nos ocupa inscreve-se no âmbito da Ética e Educação em Ciência e
pretende-se aprofundar a reflexão ligada a este domínio, percebida pelos investigadores como
ambiências (conceptuais, organizacionais e funcionais) potencialmente propiciadoras e geradoras de
mudanças qualitativas.
Num tempo de alargamento considerável da comunidade que investiga em educação em ciência,
revelado pelo crescimento acentuado do número de revistas científicas e de artigos publicados, o
domínio de investigação desta comunidade deveria abranger a ética, enquanto área disciplinar de
referência ou como linha de investigação, dado o seu papel preponderante na educação para a
cidadania activa, que lhe é reconhecido.
O estudo que se apresenta pretende, assim, evidenciar o estado da arte da investigação sobre “Ética
na Educação em Ciência”, através da análise de artigos publicados num período de 12 anos (1998 a
2009) em Revistas de investigação em educação em ciências, de grande divulgação.
No que se refere à pesquisa documental, permite tomar conhecimento dos estudos efectuados no
campo de investigação em educação em ciência, no domínio da ética, em particular, dos seus quadros
teóricos, das suas questões de investigação, dos contextos em que se desenvolvem e das conclusões,
recomendações e implicações, nomeadamente, sobre políticas educativas. Estes resultados vertem-se
sobre uma análise, sustentada por uma metodologia de cariz interpretativo, de como tem vindo a ser
feita a sua apropriação pelos decisores do currículo e pelos autores de manuais escolares de ciências.
Palavras-chave: ética, cidadania, educação em ciência, investigação em educação em ciência,
currículo, manuais
Résumé
La conceptualisation et l’explicitation d’une philosophie de la relation entre l’éthique et l’éducation
peuvent promouvoir la progressive formation des élèves et des enseignants, dans une perspective
responsable et intervenante du développement des sociétés, à la lumière des valeurs et des droits
universels qui doivent les régir. La question dont nous nous occupons s’inscrit dans le contexte de
l’Ethique et de l’Education en Sciences et vise à approfondir la réflexion associée à ce domaine,
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entendu par les chercheurs comme des environnements (conceptuels, organisationnels et
fonctionnels) potentiellement propitiateurs et générateurs de changements qualitatifs.
Dans un temps d’élargissement considérable de la communauté qui fait de la recherche dans le
domaine de l’éducation en sciences, révélée par l’augmentation du nombre de Revues scientifiques et
d’articles publiés, le domaine de recherche de cette communauté devrait comprendre l’éthique, en
tant que secteur disciplinaire de référence ou comme ligne de recherche, face à son important rôle
dans l’éducation pour la citoyenneté active, qui lui est reconnu.
Notre étude vise, dans ce cadre, à mettre en évidence l’état de l’art de la recherche sur «Ethique et
Education en Science», à travers l’analyse d’articles publiés dans une période de 12 ans (1998 à 2009)
dans des Revues de recherche en éducation en science, les plus divulguées.
En ce qui concerne la recherche sur les documents, elle permet de prendre connaissance des études
conduites dans le domaine de recherche en éducation en science, dans le domaine de l’éthique, en
particulier, de leurs cadres théoriques, de leurs questions de recherche, des contextes où ces études
se développent, de leurs conclusions, recommandations et implications sur les politiques éducatives.
Ces résultats se fondent sur une analyse soutenue par une méthodologie à caractère interprétatif des
curriculums et sur la manière dont a été faite l’appropriation de ces aspects par les décideurs du
curriculum et par les auteurs de manuels de science.
Mots-clés: éthique, éducation en science; citoyenneté, recherche en éducation en science,
curriculum, manuels
Introdução - Razões de uma escolha
A palavra ética surge, frequentemente, em discursos associados a vários domínios e integra o
vocabulário de indivíduos com formação diferente. O campo da ética e da educação em ciência
carece de investigação cuidada, devido às exigências e aos desafios com que a sociedade se
confronta. Domínios complexos e abrangentes a requererem uma reflexão sobre o estado actual que
será o ponto de partida para um futuro imprevisível, em mudança constante e ambíguo, mas, por isso,
desafiador.
As razões subjacentes ao estudo, cujo projecto se apresenta, ou seja, a importância que atribuímos a
investigar a problemática da “investigação em ética e educação em ciência”, apresentam-se de uma
forma sucinta:
Em primeiro lugar, a importância que a educação em ciência deve assumir na formação de jovens, o
papel fundamental na melhoria da sociedade, campo profissional onde nos encontramos e que requer
um trabalho de autoformação, não só ao nível dos conhecimentos científicos mas também no sentido
de compreender as alterações contínuas que ocorrem no âmbito da sociedade para as poder
compreender e actuar em conformidade com as mudanças.
Em segundo lugar, o gosto pelo tema da ética associado a uma necessidade de melhorar a sua
compreensão, no tempo em que estamos perante um aumento da comunidade que investiga e publica
os artigos científicos de divulgação dessa investigação conduzida e que, necessariamente, tem o
dever de deixar implicações e recomendações com repercussão na qualidade da educação em ciência.
Em terceiro lugar, mas não menos relevante que as anteriores razões, a consciência de que todos nós,
seres humanos, vivemos e habitamos um único planeta comum, o qual temos que partilhar em
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harmonia, contribuir para a sua sobrevivência e melhoria do seu rumo e pelo qual somos, eticamente,
responsáveis.
Podemos, também, referir que as razões deste estudo são, simultaneamente, de ordem teórica e
prática. Prática, por estarem ligados à actividade profissional marcada por contextos imprevistos e
onde se trabalham as relações entre seres humanos; teórico, por abranger o domínio da filosofia,
onde se procuram encontrar fundamentos e evidências para possíveis e vários horizontes, susceptíveis
de opção.
Contextualização do Estudo
As condições de complexidade e de incerteza que, desde sempre, caracterizaram as sociedades
humanas, mas que se vêm acentuando extraordinariamente a partir da segunda metade do século XX,
instauraram dinâmicas de aceleração na produção de informação e no acesso à mesma, tornando-as
altamente instáveis e em contínua reconfiguração, dificultando a sustentação de qualquer ideia de
certeza, de continuidade, de permanência e de previsibilidade (Cachapuz, Sá-Chaves e Paixão, 2004,
p. 15).
A Educação é um dos mais poderosos instrumentos de mudança. À Educação cabe fornecer, dalgum
modo, a cartografia dum mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola
que permita navegar através dele (Delors, 1996, p. 77). A educação é o melhor passaporte para novas
oportunidades de vida. Numa sociedade culturalmente diversa, a educação e a forma como é
encarada e praticada tenderá sempre a favorecer alguns grupos e interesses relativamente a outros
(Hargreaves, Earl e Ryan, 2001, p. 199).
As profundas e actuais mudanças de carácter científico, tecnológico, demográfico e cultural
pressionam e desafiam a Escola, nomeadamente quanto aos papéis e desempenho dos professores, o
que implica a necessidade de repensar a sua formação para que possam responder aos desafios
emergentes. Estes têm, particularmente, a ver com os novos saberes que essas mesmas condições
exigem aos cidadãos, na perspectiva de uma convivência social e humana mais pacífica e solidária. É
neste cenário de complexidade, imprevisibilidade, incerteza e mudança, referidos por autores tais
como Morin (1991, 2002), Delors (1996), Carneiro (2004), que se propõe o repensar das aprendizagens
consideradas fundamentais aos cidadãos no século XXI, isto é, aquelas que são incontornáveis para
todos como padrão mínimo de vivência pessoal e social. Entre nós, e conforme Cachapuz, Sá-Chaves e
Paixão (2004), trata-se de caracterizar um novo conjunto de saberes básicos, que acompanhem a
aceleração científico-tecnológica, sendo estes encarados como competências fundacionais que se
deseja que todos os cidadãos desenvolvam, harmoniosamente articuladas, para aprender ao longo da
vida. É nesse sentido que encontram eco na definição de competência proposta por Perrenoud (2001),
sendo considerados como capacitação para agir de forma reflectida, consciente, informada e regulada
por valores, que suportem a dignidade do humano, presente na sua diversidade individual, pessoal,
social, cultural e civilizacional.
Tal mudança pressupõe a (re)centração dos processos de ensino/aprendizagem no desenvolvimento
das capacidades de pensar, de aprender a aprender, de comunicar e de resolver problemas através de
um agir informado pelos valores de bem e que se traduz na reconfiguração do saber ser.
A partir da segunda metade do século XX e prolongando-se até ao presente, a ciência está a passar
por um amplo debate sobre os seus fundamentos e princípios básicos. Segundo Morin (2002),
“[n]avega na consciência da destruição dos princípios de certeza, sem fundamentos”. É neste âmbito
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que as perspectivas racionalista, determinista e mecanicista têm vindo a ser questionadas, face à
emergência dessa ideia de incerteza que atravessa todos os campos de conhecimento, incluindo o da
própria ciência. “A ideia de certeza dominou a ciência durante séculos” (Morin e Prigogine, 1998, p.
236). Para os mesmos autores (Op. Cit., p. 239) “[a] grande descoberta do século é que a ciência não
é o reino da Certeza”, do mesmo modo que “[o] conhecimento pertinente é aquele que é capaz de
contextualizar, ou seja, de reunir, de globalizar” (Op. Cit., p. 253).
A mudança, a complexidade e o efeito da desordem tornam-se aspectos determinantes na
compreensão da natureza e das sociedades dos nossos dias e, consequentemente, também nos modos
de “fazer ciência” e de “construir conhecimento”. Por isso, devemos estar continuamente preparados
para o imprevisível, através dos efeitos das dinâmicas de mudança que caracterizam todos os
contextos.
A educação em ciência tem, nesta orientação actual, no ambiente social impregnado de ciência e
tecnologia, um lugar de grande responsabilidade no domínio do desenvolvimento dos valores da
convivência e da actuação democrática. Mas, contudo, não sabemos a dimensão quantitativa nem
qualitativa do contributo da investigação em educação em ciência no que diz respeito ao domínio da
ética.
Aliás, este tema levanta questões estimulantes e úteis para construir um percurso de investigação.
Algumas das razões que lhe estão subjacentes podem ser evidenciadas no seguinte: estamos em plena
Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), necessitamos de analisar os
contextos e os valores que promovam o desenvolvimento da própria humanidade do Homem em
simbiose com o ambiente (Praia, Gil-Pérez, Vilches, 2007). Esta é uma das grandes finalidades da
Educação em regime democrático, em particular da educação em ciência (Bursztyn, 2002).
As respostas da educação em ciência aos problemas actuais necessitam de uma mudança na postura
ética, quer nos currículos quer no ensino e nas aprendizagens que com ele se pretendem, quer ainda
nos recursos educativos, particularmente nos manuais escolares. As questões da educação em ciência
não podem ter fronteiras, o que significa que os actos educativos deixam de se reflectir só em nós,
para se reflectirem sobre todos os seres humanos, de modo que, quando nos propomos avaliar as
consequências dos nossos actos devemos incidir na questão inter-relacional.
Face à leitura das relações que hoje se reconhecem nas sociedades, para que uma nova compreensão
se estabeleça, torna-se imprescindível uma profunda mudança de pensamento, quer quanto às
questões mais vinculadas ao conhecimento quer aos valores que estruturam as formas de
relacionamento e de convivialidade, isto é, de cidadania.
Esta mudança de visão pressupõe o aprofundamento da consciência reflexiva de Si numa perspectiva
solidária do mundo, que se fundamenta no exercício vivencial regulado pela ética e na regulação dos
direitos/deveres do cidadão.
A abundância de informação, uma sociedade em mudança, um futuro incerto, com problemas
abrangentes e que implicam não só uma reflexão, mas uma procura da sua compreensão que possa
tornar a vida de cada um de nós, ou seja, de todos que vivemos neste ínfimo lugar, de um vasto e
alargado universo, o melhor possível. Trata-se de viver, de sobreviver e sobretudo permitir viver.
Contudo, torna-se necessário o recurso constante a um quadro teórico de referência que nos que
permita fundamentar a nossa prática, de forma a mantermo-nos em constante actualização.
Questões de Investigação e Objectivos de Estudo
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Do que antes dissemos, a nossa convicção é que, num tempo de alargamento considerável da
comunidade que investiga em educação em ciência, revelado pelo crescimento acentuado do número
de revistas científicas e de artigos publicados, o domínio de investigação desta comunidade deveria
abranger a ética, enquanto área disciplinar de referência ou como linha de investigação, dado o seu
papel preponderante na educação para a cidadania activa, que lhe é reconhecido.
Trata-se de “investigar a investigação” sobre ética e educação em ciência e em que medida tem
influência em níveis de tomadas de decisão. Com o estudo pretende-se, então, dar resposta às
seguintes questões de investigação:
1. A “ética e educação em ciência” tem sido objecto de investigação (publicada) pela
comunidade de investigadores em educação em ciência? Ou seja, como têm evoluído, em
termos quantitativos e qualitativos, os estudos publicados nas Revistas de investigação em
Educação em Ciência?
2. Haverá diferenças entre a investigação (publicada) nas Revistas internacionais de maior
circulação e nas Revistas de origem ibero-americana? Quais são essas diferenças?
3. Como se traduzem e concretizam, nas políticas educativas, nomeadamente através dos
currículos, dos programas e também dos manuais escolares, as questões da ética e educação
em ciência?
Objectivos do estudo
1. Evidenciar o estado da arte da investigação sobre “ética e educação em ciência” e obter
uma visão evolutiva desta problemática, através da caracterização da investigação publicada.
2. Compreender o modo como têm vindo a ser utilizadas as recomendações e as implicações
emergentes da investigação produzida e publicada para as políticas educativas (currículos e
programas) e como tem vindo a ser feita a sua apropriação pelos autores de manuais escolares
de ciências da natureza.
3. Apontar propostas para a definição de um possível cenário de aplicação na educação em
ciência regulado por novos princípios de integração da ética.
Subjacente a estes objectivos, considera-se como objectivo mais geral a conceptualização e
explicitação de uma “filosofia” da relação entre ética e educação em ciência, que possa promover a
progressiva formação integral e individual dos alunos e dos docentes, numa perspectiva responsável e
interventiva no desenvolvimento das sociedades, à luz dos valores e dos direitos universais que as
devem reger.
Quadro Metodológico
As metodologias de investigação para o estudo inserem-se num paradigma de investigação qualitativo,
de índole meta-interpretativa. Pretende-se descrever, compreender e interpretar o fenómeno da
evolução e nível de conceptualização em que se encontra a investigação sobre ética e educação em
ciência enquanto realidade concretizada nas publicações, procurando-se aprofundar as suas condições
actuais e prospectivar possibilidades futuras.
Antevemos a possibilidade de utilização de técnicas diferenciadas, mas inscritas numa racionalidade
que as legitima, no próprio estudo.
Procedimentos
1158
No que se refere ao enquadramento teórico do estudo, torna-se indispensável uma pesquisa centrada
numa rigorosa revisão da literatura focalizada na(s) problemática(s) associada(s) aos estudos
efectuados no campo de investigação em educação em ciência e da incidência no domínio da ética. A
este propósito refere-se: 1. Ética, Educação e Cidadania; 2. Natureza da Ciência e Educação em
Ciência; 3. Ética e Educação em Ciência. É com essa base que se constrói um instrumento de análise
dos artigos que constituem o corpus analítico.
Pretende-se efectuar uma análise da investigação produzida e publicada num período de 12 anos
(1998 a 2009) em Revistas de investigação em educação em ciências, de grande divulgação, seja na
comunidade internacional seja na comunidade ibero-americana, na qual nos inserimos de modo mais
próximo à qual nos prendem traços identitários.
O período considerado possibilita-nos recuar suficientemente no tempo para nos apercebermos da
evolução da investigação sobre o domínio considerado.
O principal critério para a selecção das revistas foi a sua relevância científica na comunidade
internacional ou na comunidade ibero-americana, pela expressividade da sua divulgação e aceitação
na comunidade que investiga em educação em ciência (Paixão, Lopes, Praia, Guerra e Cachapuz,
2008). Assim, consideram-se as seguintes revistas:
◘ Science Education;
◘ Journal of Research in Science Teaching;
◘ International Journal of Science Education;
◘ Enseñanza de las Ciencias;
◘ Journal of Science Education
◘ Ciência & Educação
A amostra é formada pela totalidade dos artigos de investigação em educação em ciência incidentes
na ética, utilizando uma pesquisa por todos os artigos disponíveis nas revistas consideradas, através
de palavras – chave.
Localizam-se os textos, e inteiramo-nos se o conteúdo se reveste ou não de interesse, no âmbito do
nosso estudo, pela leitura das palavras-chave e do resumo (abstract). A recolha das informações será
feita através um instrumento (grelha de análise), no qual se clarificam os dados bibliométricos da
referência de cada artigo. Pretende-se, ainda, nesta análise, identificar e caracterizar os quadros
teóricos, as questões de investigação, os contextos em que se desenvolvem os estudos publicados e as
conclusões, recomendações e implicações, nomeadamente, sobre políticas educativas.
Os resultados obtidos na primeira fase fundamentam uma análise documental, sustentada por uma
metodologia de cariz interpretativo, de como tem vindo a ser feita a apropriação da investigação
produzida e publicada no campo da ética e educação em ciência, pelos decisores do currículo e pelos
autores de manuais escolares de ciências. Propomo-nos, nesta segunda fase do estudo, concretizar
uma análise do Currículo Nacional do Ensino Básico saído do Decreto-Lei 6/2001, dos Programas de
Ciências da Natureza do 2º Ciclo do Ensino Básico e dos manuais escolares adoptados em oito
Agrupamentos de Escolas do Concelho de Viseu.
Para efeitos de validação do estudo a recolha da informação será feita por recurso a fontes e técnicas
diversas. Os instrumentos de análise e as categorizações propostas serão validados por recurso a um
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painel de juízes; quanto à análise da investigação produzida, submeter-se-á uma amostra piloto ao
cruzamento de análise por diferentes investigadores.
Nota Final
O campo da “ética e educação em ciência” estará ou não extensamente investigado e estará ou não
amadurecido, ou seja, suficientemente problematizado, pelo menos a nível da comunicação
académica - para que possamos ter uma visão conjuntural, apoiados em documentos produzidos e
publicados em revistas de referência. Esta é uma questão que nos vai ocupar, enquanto o tempo vai
passando e novas possibilidades se abrem durante o período de investigação, ao qual procuraremos
estar sempre atentos.
Espera-se, assim, que, através da concretização dos objectivos propostos, este estudo constitua um
passo:
* Na sistematização do conhecimento produzido e que possa legitimar e desenvolver
orientações tendentes a valorizar a dimensão ética na educação em ciência, na perspectiva do
desenvolvimento integral do ser humano.
* Na sistematização dos resultados da investigação/ recomendações a nível dos decisores das
políticas educativas, através dos documentos currículo nacional do ensino básico e programas
e, também, autores de manuais.
De facto, a conceptualização e a explicitação de uma filosofia da relação entre ética e educação pode
promover a progressiva formação dos alunos e dos docentes, numa perspectiva responsável e
interventiva do desenvolvimento das sociedades, à luz dos valores e dos direitos universais que as
devem reger. A questão que nos ocupa inscreve-se no âmbito da ética e educação em ciência e
pretende-se aprofundar a reflexão ligada a este domínio, percebida pelos investigadores como
ambiências (conceptuais, organizacionais e funcionais) potencialmente propiciadoras e geradoras de
efectivas mudanças qualitativas.
Bibliografia
Bursztyn, M. (org.), (2002). Ciência, Ética e Sustentabilidade – Desafios ao novo século. 3ª ed., São
Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO.
Cachapuz, A., Sá-Chaves, I. e Paixão, F., (2004). “Relatório do Estudo Saberes Básicos de Todos os
Cidadãos do Século XXI.” In Saberes Básicos de Todos os Cidadãos do Século XXI. Conselho Nacional de
Educação - Relatórios e Estudos, Lisboa, pp. 15-96
Carneiro, R. (2004). Fundamentos da Educação e da Aprendizagem: 21 ensaios para o século 21. Vila
Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão
Delors. J. (1996). Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO. Comissão Internacional
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Hargreaves, A., Earl, L. e Ryan, J. (2001). Educação para a mudança – Reinventar a escola para os
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Morin, E. (1991). Introdução ao Pensamento Complexo. Lisboa: Instituto Piaget.
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Morin, E. (2002). Os sete saberes para a educação do futuro. Lisboa: Edição Piaget.
Morin, E., Prigogine, I. (1998) – A sociedade em busca de valores. Para fugir à alternativa entre o
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Paixão, F.; Lopes, J.B; Praia, J., Guerra, C., Cachapuz, A. (2008). Where are we? A contribution to a
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Praia, J., Gil-Pérez, D., Vilches, A. (2007). O papel da Natureza da Ciência na Educação para a
Cidadania. Ciência & Educação, 13, 2: 141-156.
LEGISLAÇÃO
Lei nº 46/86, de 14 de Outubro – LEI DE BASES DO SISTEMA EDUCATIVO (LBSE)
Decreto-Lei nº 6/2001, de 18 de Janeiro – REORGANIZAÇÃO DO ENSINO BÁSICO
Circular nº 3/2002, de 15 de Julho – Alterações ao Decreto-Lei nº 6/2001.
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