RICARDO BARROS MARIUTTI Expressão, purificação e caracterização de proteínas dos fitovírus SBMV e RSPaV São José do Rio Preto 2014 RICARDO BARROS MARIUTTI Expressão, purificação e caracterização de proteínas dos fitovírus SBMV e RSPaV Tese apresentada para obtençãodo título de Doutor em Bioquímica e Microbiologia,área Biologia Molecular de de Microrganismos, junto aoPrograma de Pósgraduação emMicrobiologia do Instituto deBiociências, Letras e Ciências Exatasda Universidade Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus deSão José do Rio Preto. Orientador: Prof. Dr. Raghuvir Krishnaswamy Arni São José do Rio Preto 2014 RICARDO BARROS MARIUTTI Expressão, purificação e caracterização de proteínas dos fitovírus SBMV e RSPaV Tese apresentada para obtençãodo título de Doutor em Microbiologia,área de Bioquímica e Biologia Molecular de Microrganismos, junto aoPrograma de Pós-graduação emMicrobiologia do Instituto deBiociências, Letras e Ciências Exatasda Universidade Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus deSão José do Rio Preto. Comissão Examinadora Prof. Dr. Raghuvir Krishnaswamy Arni UNESP-São José do Rio Preto Orientador Prof. Dr. Anwar Ullah UNESP-São José do Rio Preto Profa. Dr. Fátima Pereira de Souza UNESP-São José do Rio Preto Profa. Dra. Priscila Belintani Centro Universitário do Norte Paulista- UNORP Prof. Dr. Patrick Jack Spencer IPEN/CNEN, do BUTANTAN São José do Rio Preto 2014 AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Dr. R. K. Arni, que nunca poupou esforços para me ajudar durante esses anos de pesquisa, sempre me motivou e acreditou no meu potencial, mais do que eu mesmo acreditei. Sempre serei grato pela orientação impecável que recebi, nenhum livro poderia me ensinar tudo que ele me ensinou sobre proteínas. A minha namorada, pelo incentivo, companheirismo e pela compreensão da minha escolha em fazer do laboratório a minha casa. Ela me faz sentir uma pessoa de sorte. “Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim, dividir um planeta e uma época com a Luana”. Aos meus pais que são as pessoas mais importantes da minha vida. Ao Dr. Vinícius pela amizade de muitos anos, ensinamentos e paciência. Ao Dr. Anwar pela disposição em me ajudar nos experimentos, tanto tarde da noite como nos feriados. Aos meus amigos do laboratório, Rehana, Eliana, Hévila, Carol Wilson. Ao professor Dr. Betzel que me recebeu em seu laboratório com total atenção. A toda banca examinadora pela disposição, em especial à Dra. Priscila, que durante minha iniciação científica me ensinou conceitos que uso diariamente em meus experimentos. Ao Dr. Osmar que me orientou no mestrado. À FAPESP pelo apoio financeiro Ao PPG em Microbiologia. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS RESUMO 1) INTRODUÇÃO 8 14 16 16 1.1) Os Vírus 1.1.2) Vírus vegetais .................................................................................................................... 16 1.2) A videira 17 1.2.1) Viroses da videira .............................................................................................................. 18 1.3) O Feijão 22 1.4) Sobemovirus 23 1.4.1) Organização do genoma .................................................................................................... 23 1.5) Produtos gênicos e suas possíveis funções 24 1.5.1) ORF1 ................................................................................................................................. 25 1.5.1.1) Proteína do Movimento 26 1.5.2 ) ORF 2 ............................................................................................................................... 29 1.5.2.1) VPg 29 1.5.2.2) Serino protease 30 2) REPLICAÇÃO VIRAL 33 3) EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS HETERÓLOGAS EM BACTÉRIA 33 4) JUSTIFICATIVA 35 5) MATERIAIS E MÉTODOS 36 5.1) Análise da sequência de aminoácidos da proteína recombinate da capa proteica do RSPaV usando o pacote de ferramentas EXPASY 36 5.2) Linhagem de bactéria utilizada para expressão 36 5.3) Plasmídeo Utilizado 37 5.4) Tranformação bacteriana 37 5.5) Testes de expressão da proteína da capa proteica do RSPaV recombinante sob diferentes condições. 38 5.6 ) Análise em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) 38 5.7 ) Western blot 39 5.8) Expressão da proteína capsidial do RSPaV a 37 °C 39 5.9) Purificação por cromatografia de afinidade (Ni-NTA) 40 5.9.1) Sob condições desnaturantes ............................................................................................. 40 5.9.2) Sob condições nativas........................................................................................................ 40 5.10 ) Expressão da proteína capsidial do RSPaV a 25 °C 5.11 ) Expressão da proteína capsidial do RSPaV a 17 ºC 5.12) Teste de expressão em meio auto-indutivo 5.13) Expressão utilizando estresse osmótico e choque térmico 5.14) Expressão a 13 ºC utilizando cepas de Arctic Express 5.15) Purificação e reenovelamento da proteína recombinante expressa a 37 ºC 5.16) Refolding 5.17) Concentração das amostras purificadas 5.18) Determinação da concentração das proteínas 5.19) Dicroísmo Circular 41 42 43 43 44 44 45 46 46 46 5.20) Espalhamento de Luz Dinâmico (DLS) 5.21) Ensaios de cristalização 47 49 5.21.1) Microseeding e Streak seeding ........................................................................................ 49 5.21.2) Counter-diffusion ............................................................................................................ 50 5.21.3) Hanging drop ................................................................................................................... 51 5.21.4) Microbacth....................................................................................................................... 51 5.22) Inserção de sítio de clivagem nos plasmídeos recombinantes 52 5.22.1) Construção de oligonucleotídeos com adição de sítio de clivagem. ............................... 53 5.22.2) Amplificação dos genes das proteínas utilizando primers com sítio para TEV protease 54 5.23) Clonagem do vetor com sítio para TEV protease em vetor pET28a. 54 5.23.1) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão pET28a ............................. 56 5.23.2) Ligação do DNA em vetor de expressão (pET28a) ......................................................... 56 5.23.3) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão (pMAL) ............................ 56 5.24) Transformação em célula competente (TOP 10) 57 5.25) Purificação do plasmídeo recombinante 57 5.26). Transformação em célula competente (E. coli linhagem DH5) 58 5.27) Sequenciamento dos vetores contendo as sequências dos genes CP do RSPaV, após inserção do sítio de clivagem para TEV protease 58 5.28) Expressão e Purificação da Proteína Capisidial com Sítio de Clivagem para Tev Protease 58 5.28.1) Expressão da CP utilizando pET28a ............................................................................... 58 5.28.2) Purificação da CP utilizando pET28a .............................................................................. 59 5.29) Digestão Enzimática utilizando TEV Protease. 5.30) Expressão e Purificação da CP utilizando pMAL 59 59 5.30.1) Expressão da CP recombinante utilizando pMAL........................................................... 60 5.30.2) Purificação da CP recombinante utilizando pMAL através de resina à base de amilose 60 5.31) Purificação da proteína digerida utilizando TEV protease 60 5.32) Ensaios de cristalização após digestão utilizando TEV protease. 61 6) VIRAL PROTEIN GENOME-LINKED (VPg) 61 6.1) Análise da sequência de aminoácidos da proteína VPg recombinate do SBMV usando o pacote de ferramentas expasy 61 6.2) Testes de expressão da VPg 61 6.3) Purificação da proteína VPg e Espalhamento Dinâmico de Luz 61 6.4). Ensaios de cristalização VPg 62 6.5) Inserção do sítio de clivagem para TEV protease 62 6.5.1) Amplificação dos genes das proteínas VPg utilizando primers com sítio para TEV protease ........................................................................................................................................ 63 6.5.2)Purificação das partículas virais ......................................................................................... 63 6.5.3) Obtenção de RNA viral ..................................................................................................... 64 6.5.4) Produção de cDNA ............................................................................................................ 64 6.6) Clonagem do vetor com sítio para TEV protease em vetor pET28a 65 6.6.1) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão pET28a ............................... 65 6.6.2) Ligação do DNA em vetor de expressão pET28a ............................................................. 65 6.6.3) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão pMAL ................................ 65 6.6.4) Ligação do DNA em vetor de expressão pMAL ............................................................... 65 6.7) Transformação em célula competente (TOP 10) 6.8) Purificação do plasmídeo recombinante 6.9). Transformação em célula competente (E. coli linhagem DH5) 65 66 66 6.10) Sequenciamento dos vetores contendo a sequência codificadora da VPg do SBMV após inserção do sítio de clivagem para TEV protease 66 6.11) Expressão e purificação da VPg clonada em pMAL-c2x 66 6.11.1) Expressão da proteína VPg recombinante utilizando pMAL-c2x ................................... 66 6.11.2) Purificação da VPg clonada em pMAL-c2x .................................................................... 67 6.12) Digestão enzimática utilizando TEV protease 6.13) Purificação da proteína após digestão pela TEV protease 6.14) Expressão e purificação da proteína VPg clonada em pET28a 67 67 67 6.14.1) Expressão da VPg clonada em pET28a ........................................................................... 67 6.14.2) Purificação da VPg clonada em pET28a ......................................................................... 68 6.15) Efeito do TFE e dATP no raio hidrodinâmico das amostras proteicas 68 6.16) Verificação do efeito do TFE na estrutura secundária da VPg através de dicroísmo circular 69 6.17) Ligação da sonda de sulfonato de naftaleno-1-8-anilina (ANS) 69 6.18) Análise da interação entre VPg e possíveis ligantes 70 7) SERINO PROTEASE DOSBMV 70 7.1) Amplificação da sequência codificadora da serino protease do SBMV para posterior clonagem em pET28a 70 7.2) Clonagem da sequencia codificadora da Serino protease com sítio para TEV protease em vetor pET28a 71 7.2.1) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão pET28a ............................... 71 7.2.2) Ligação do DNA em vetor de expressão pET28a ............................................................. 71 7.3) Transformação em célula competente (TOP 10) 7.4) Purificação do plasmídeo recombinante 7.5). Transformação em célula competente (E. coli linhagem DH5) 7.6) Sequenciamento dos vetores contendo a sequência codificadora da Serino protease do SBMV após inserção do sítio de clivagem para TEV protease 7.7) Expressão e purificação da Serino protease do SBMV utilizando pET28a 71 71 72 72 72 7.7.1) Expressão da Serino protease utilizando pET28a.............................................................. 72 7.8) Amplificação da sequencia codificadora da serino protease do SBMV utilizando primer Serine_NoTransmembrane 73 7.9) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão pET28a 73 7.10) Ligação do DNA em vetor de expressão pET28a 73 7.11) Transformação em célula competente (TOP 10) 73 7.12) Purificação do plasmídeo recombinante 74 7.13) Transformação em célula competente (E. coli linhagem DH5) 74 7.14) Testes de expressão e purificação 74 8. PROTEÍNA DO MOVIMENTO DO SBMV 74 8.1) Expressão e purificação sob condições desnaturantes utilizando pET28a 75 8.2) Análise em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) 15 % 75 8.3) Reenovelamento proteína do movimento do SBMV 75 8.4) Concentração das amostras purificadas 76 8.5) Dicroísmo Circular 76 9) RESULTADOS: CAPA PROTEICA DO RSPaV 76 9.1) Análise da sequência de aminoácidos da proteína recombinate da capa proteica do RSPaV usando o pacote de ferramentas EXPASY 76 9.2) Expressão da proteína a 37 ºC 79 9.3) Western blot 79 9.4) Expressão a 17 ºC e 25 ºC 81 9.5) Expressão utilizando extresse osmótico e choque térmico e expressão utilizando o meio auto-indutivo 83 9.6) Arctic Express 84 9.7) Purificação e reenovelamento da proteína recombinante expressa a 37 ºC 86 9.8) Dicroísmo Circular 88 9.9) Ensaios de Cristalização 89 9.10) Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS) 90 9.10.1) . Resultados DLS CP RSPaV. ......................................................................................... 92 9.11) Amplificaçao usando primers com sítio para TEV protease 94 9.12) Clonagem do fragmento da cp em vetor pMAL. 94 9.13) Sequenciamento do gene da capa preteica do RSPaV, confirmando sucesso na inserção do sítio de clivagem para TEV protease 95 9.14) Purificação da TEV protease 97 9.15) Digestão enzimática das proteínas expressas clonadas em vetor pET28a (his-tag) e vetor pMAL (MBP) utilizando TEV protease 97 9.16) purificação da proteína digerida utilizando TEV protease. 98 9.17) Ensaios de cristalização após digestão utilizando TEV protease 100 10) RESULTADOS E DISCUSSÃO: VPg DO SBMV 100 10.1) Análise da sequência de aminoácidos da proteína recombinante VPg do SBMV usando o pacote de ferramentas EXPASY 100 10.2) Expressão, purificação e concentração das proteínas VPg 101 10.3) Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS) 102 10.3.1) Resultados DLS VPg ..................................................................................................... 102 10.4) Amplificação da sequência codificador da VPg usando primers com sítio para TEV protease 10.5) Purificação das partículas virais 10.6) Extração do RNA viral do SBMV 10.7) Amplificação da sequ6encia codificadora da VPg a partir do cDNA 10.8) Sequenciamentro e alinhamento VPg 106 107 108 109 111 10.8.1) Refinamento do alinhamento utilizando BioEdit .......................................................... 112 10.9) Expressão e purificação da proteína do movimento 113 10.9.1) Expressão e purificação da VPg utilizando pMAL-c2x ................................................ 113 10.9.2) Expressão, purificação e concentração da VPg utilizando pET28a .............................. 115 10.10) Ensaios de cristalização 117 10.11) Efeito do TFE na estrutura secundária da VPg do SBMV monitorado atravé de dicroísmo circular 118 10.12) Interação da sonda ANS 119 10.13) Efeito do dATP e TFE no raio hidrodinâmico da VPg 120 10.14) NMR 122 11) RESULTADOS: SERINO PROTEASE 124 11.1) Sequenciamento da região codificadora da serino protease do SBMV 124 11.2) Teste de solubilidade da Serino protease do SBMV 125 11.3) Predição da porção N-terminal da serinon protease do SBMV 126 11.4) Amplificação da sequência codificadora da serino protease utilizando primer a fim de reduzir a proteína em 64 aminoácidos 126 11.5) Sequenciamento da região codificadora da serino protease após remoção da porção Nterminal 127 11.6) Teste solubilidade da Serino protease do SBMV após remoção da porção N-terminal 128 11.7) Expressão e purificação serino (-64) 129 12) RESULTADOS: PROTEÍNA DO MOVIMENTO 130 12.1) Expressão da provável MP em vetor pET28a 130 12.2) Dicroísmo circular após reenovelamento 131 12.3) Avaliação da interação entre MP do SBMV reenovelada e outras proteínas virais. 132 12.4) Dot blot utilizando proteínas que não interagiram com a MP 133 12.5) Amplificação usando primers com sítio para TEV protease 134 12.6) Amplificação dos gene da MP utilizando primes com sítio para TEV protease 134 12.7) Sequenciamento e alinhamento MP 136 13) CONCLUSÕES 137 14) EXPERIMENTOS REALIZADOS PARALELAMENTE AOS EXPERIMENTOS VINCULADOS AO PROJETO DE PESQUISA 138 15) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 141 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Organização do genoma do RSPaV. ORF1: .................................................................. 21 Figura 2. Organização genômica dos sobemovírus. ...................................................................... 24 Figura 3. Movimento célula a célula do Tobacco mosaic virus (TMV)........................................ 27 Figura 4. Movimento viral célula a célula. .................................................................................... 28 Figura 5. Sítio ativo da protease de SeMV. ................................................................................... 32 Figura 6. (1) Capilar. (2) Solução contendo agente precipitante. .................................................. 50 Figura 7. Método hanging drop: .................................................................................................... 51 Figura 8. Modelo representativo da técnica de microbatch: .......................................................... 52 Figura 9. Mapa do vetor pET-28a-c(+) ......................................................................................... 53 Figura 10. Modelo esquemático de oligonucleotídeoutilizado para clonagem visando remoção da cauda de histidina após purificação. .............................................................................................. 54 Figura 11. Região polylinker do vetor pMAL-c2x destacando os sítios de restrição ................... 57 Figura 12. Sequência de aminoácidos da proteína da capa proteica recombinante do RSPaV clonada emvetor pET28a. .............................................................................................................. 77 Figura 13. Quantidade e porcentagem de cada aminoácido presente na CP do RSPaV. .............. 77 Figura 14. Predição da estrutura secundária a partir da sequência de aminoácidos da capa proteica do RSPaV utilizando o programa PSIPRED. ................................................................................ 78 Figura 15. SDS-PAGE 10% evidenciando expressão em E. coli e purificação da proteína capsidial do RSPaV usando resina à base de Níquel.. ................................................................. 79 9 Figura 16. "Western blot" utilizando evidenciando reação imunológica com anti-soro monoclonal anti – histidina ............................................................................................................................... 80 Figura 17. SDS-PAGE 12 % evidenciando expressão em E. coli e purificação da proteína capsidial doRSPaV a 37 ºC. .......................................................................................................... 81 Figura 18. SDS-PAGE 12 % evidenciando os ensaios de solubilizaçãoda proteína capsidial doRSPaV expressa a 17 ºC ............................................................................................................ 83 Figura 19. SDS-PAGE 12 % evidenciando os ensaios de solubilizaçãoda proteína capsidial doRSPaV expressa a 25 ºC ............................................................................................................ 83 Figura 20. SDS-PAGE 12% evidenciando resultados referentes às estratégias de solubilização. 84 Figura 21. SDS-PAGE 12% evidenciando resultados referentes às estratégias de solubilização . 86 Figura 22. SDS-PAGE 12 % etapas da eluiçãoda CP-RSPaV recombinante ............................... 87 Figura 23. SDS-PAGE 12 % evidenciando sobrenadante dos testes de reenovelamento 88 Figura 24. Espectro do dicroísmo circular da capa proteica do RSPaV. ....................................... 89 Figura 25. SDS-PAGE 12% evidenciando a proteína CP-RSPaV purificada. 90 Figura 26. Serie de Hofmeister ...................................................................................................... 91 Figura 27. Ilustração das medidas de DLS da proteína da capa proteica do RSPaV. ................... 92 Figura 28. Plotagem de 10 aquisições de 10 segundos cada referentes à proteína da Capa Proteica do RSPaV. ..................................................................................................................................... 93 Figura 29. Gel de agarose 1% evidenciando a amplificação da sequência relativa a CP do RSPaV. 94 Figura 30. Gel de agarose 1,5% evidenciando a liberação do fragmento de aproximadamente referente à sequência codificadora da CP do RSPaV clonada em vetor de expressão pMAL. ..... 95 Figura 31. Alinhamento das sequências referentes ao gene da capa proteica do RSPaV. ............ 96 10 Figura 32. SDS-PAGE 10 % evidenciando amostrasda TEV purificada utilizando resina à base de Níquel. ........................................................................................................................................... 97 Figura 33. SDS-PAGE 10 % evidenciando amostras proteicas após purificação e e digestão com TEV protease. ................................................................................................................................ 98 Figura 34. SDS-PAGE 10 % evidenciando amostras proteicas após purificação,e digestão com TEV protease e posterior isolamento do fragmento de interesse .................................................. 99 Figura 35. Sequência de aminoácidos da proteína VPg clonada emvetor pET28a. .................... 100 Figura 36. SDS-PAGE 15% corado com comassie evidenciando pureza da VPg do SBMV. 101 Figura 37. Ilustração das medidas de DLS da proteína VPg em tampão Tris 10 mM e 150 mM KCl. ............................................................................................................................................. 102 Figura 38. Ilustração das medidas de DLS da proteína VPg em tampão Tris 10 mM e 150 mM NaCl. ............................................................................................................................................ 102 Figura 39. Plotagem de 20 aquisições de 20 segundos cada, referentes à proteína daVPg do SBMV. ......................................................................................................................................... 103 Figura 40. Algumas condições em que a proteína VPg apresentou cristais. ............................... 104 Figura 41.Cristais de VPg fluorescendo quando iluminados por UV ......................................... 105 Figura 42.Cristal de VPg ............................................................................................................. 105 Figura 43. Gel nativo de agarose 1 %.evidenciando reações de PCR do gene da VPg .............. 107 Figura 44. SDS-PAGE 12% evidenciando a proteína capsidial das partículas virais purificadas. ..................................................................................................................................................... 108 Figura 45. Análise do RNA viral extraído de partículas purificadas de SBMV em gel de agarose ..................................................................................................................................................... 109 11 Figura 46. Gel de agarose 1%evidenciandodiferentes reações de PCR utilizando cDNA como template. ...................................................................................................................................... 110 Figura 47. Gel nativo de agarose 1 % evidenciando digestão enzimática dosvetores recombinates pET28a e pMAL-c2x. .................................................................................................................. 111 Figura 48. Alinhamento de uma única sequência obtida utilizando primer reverse comparada com a sequência original do gene da VPg. .......................................................................................... 112 Figura 49. Alinhamento das sequências referentes ao gene da proteína VPg do SBMV. 113 Figura 50. SDS-PAGE 15 % evidenciando amostrasda VPg-MBPpurificada utilizando resina à base de Amilose. .......................................................................................................................... 114 Figura 51. SDS-PAGE 15 % . amostras digeridas pela TEV protease evidenciando bandas referentes à MBP ......................................................................................................................... 115 Figura 52. SDS-PAGE 15 % VPg-his6 digerida com TEV protease. 116 Figura 53. SDS-PAGE 15 % comparando o precipitado de amostras contendo Histag e amostras com a Histag removida. ............................................................................................................... 117 Figura 54. Espectros de UV-CD da VPg na ausência (linha preta), presença de TFE 10 % (linha vermelha), 20 % (linha laranja) e 30 % (linha amarela). ............................................................. 119 Figura 55. Espectro da emissão da fluorescência da sonda ANS ligada à VPg 120 Figura 56. Ilustração das medidas de DLS da proteína da VPg do SBMV na presença de tampão contendo 1 mM dATP e 30 % TFE. ............................................................................................ 121 Figura 57. Ilustração das medidas de DLS da proteína da VPg do SBMV na presença de tampão contendo 10 % de TFE. ............................................................................................................... 121 Figura 58.Ilustração das medidas de DLS da proteína da VPg do SBMV na presença de tampão contendo 1 mM d ATP. ............................................................................................................... 121 12 Figura 59. Ilustração das medidas de DLS da proteína da VPg do SBMV na presença de tampão contendo 30 % de TFE. ............................................................................................................... 121 Figura 60. Espectro de RMN de 1H mapeando locais de interação entre VPg e os ligantes: (a) dATP; (b) dCTP; (c) dGTP; (d) dTTP. ....................................................................................... 123 Figura 61. Espectro de RMN de 1H mapeando locais de interação entre VPg e adenina. .......... 123 Figura 62. Alinhameto das sequências codificadoras da serino protease do SBMV. ................. 124 Figura 63. Sequenciameto mostrandosucesso na inserção do sítio de clivagem para TEV protease. ..................................................................................................................................................... 125 Figura 64. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de western blot após expressão proteica seguida de lise celular. ................................................................................................... 125 Figura 65. Predição da estrutura secundária da serino protease do SBMV. ................................ 126 Figura 66. Gel de agarose 1 % evidenciando a amplificação da sequencia codificadora da serino protease do SBMV ...................................................................................................................... 127 Figura 67. Gel de agarose 1% evidenciando a amplificação da sequência codificadora da serino protease utilizando colônias bacterianas transformadas como fonte de DNA 127 Figura 68. Resultado do sequenciamento da serino protease indicando sucesso nas etapas de clonagem. ..................................................................................................................................... 128 Figura 69. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de western blot após expressão proteicaseguida de lise celular. .................................................................................................... 129 Figura 70. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de western blot após expressão proteica seguida de lise celular.: .................................................................................................. 129 Figura 71 Células de E. coli após centrifugação do meio de cultura após indução por 10 horas.130 13 Figura 72. Gel de poliacrilamida 12% mostrando a expressão da proteína de aproximadamente 22 kDa (MP-His). (17 kDa referente à MP + 5 kDA referente à cauda de histidina e região polilinker). ................................................................................................................................... 131 Figura 73. Espectro do dicroísmo circular da MP reenovelada. .................................................. 132 Figura 74. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de western blot. 133 Figura 75. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de dot blot. 134 Figura 76. Gel nativo de agarose 1 % evidenciando o fragmento de 500 pares de bases amplificado por PCR. .................................................................................................................. 135 Figura 77. Gel nativo de agarose 1 % evidenciando digestão enzimática dos vetores recombinates pET28a e pMAL-c2x. .................................................................................................................. 136 Figura 78. Alinhamento das sequências referentes ao gene da proteína do movimento (MP) do SBMV. ......................................................................................................................................... 137 Figura 79. SDS-PAGE 12 % evidenciando purificações parciais de 3 proteínas envolvidas neste projeto. (MM) Marcador molecular; (PknG): Proteína quinase PknG; (M1) Proteína DNA glicosilase mutM1. (M2) Proteína DNA glicosilase mutM2. ...................................................... 139 Figura 80. SDS-PAGE 12 % evidenciando purificações da PLD e PknG. (M) Marcador molecular; (1): PLD. (2, 3, 4 e 5): Proteína quinase PknG.......................................................... 139 Figura 81. Cristais iniciais de PknG, PLD e mutM2 de C. pseudotuberculosis.......................... 140 14 RESUMO A videira é a frutífera economicamente mais importante no mundo e é cultivada para que seus frutos produzam uvas de mesa, suco, e uvas passas. As bagas da videira são também a base para o alto valor agregado dos vinhos e outras bebidas alcoólicas. O Rupestris stem pitting associated virus – RSPaV foi identificado como o agente causador da doença do lenho estriado ou cascudo (“Rupestris stem pitting” - RSP), um dos componentes do complexo do lenho rugoso da videira (“Rugose wood” - RW). Esta doença é transmitida por enxertia e constitui uma das viroses de videira mais disseminadas no mundo, sendo descrita no Brasil no final dos anos 60. Devido à dificuldade de purificação das partículas virais a partir da videira infectada, a expressão em larga escala da proteína capisidial do RSPaV em bactérias é uma estratégia promissora para o entendimento de suas propriedades. A cultura do feijão também tem produtividade grandemente afetada pela ocorrência de doenças que diminuem a produção e, conseqüentemente, reduzem a sua oferta, provocando um aumento nos preços de mercado. No Brasil, foram descritas mais de dez viroses em feijoeiro, citando-se aquela causada pelo Southern bean mosaic virus (SBMV) do gênero Sobemovirus. Este vírus tem uma restrita gama de hospedeiras, confinada quase exclusivamente a espécies da família das leguminosas, sendo algumas de interesse econômico como o feijoeiro comum e a soja. As proteínas do movimento (MP), serino protease e VPg, são produzidas em baixas concentrações, impossibilitando a purificação em larga escala a partir de plantas infectadas. A expressão e purificação em larga escala das proteínas VPg, serino protease e proteína do movimento do SBMV e proteína capisidial do RSPaV, foram realizadas utlizando os vetores pET28a e pMAL. Análises das proteínas, através de espalhamento dinâmico de luz mostraram que foi possível obter soluções proteicas monomodais. Através de dicroísmo circular foi possível observar que as proteínas estavam estruturadas e a investigação de interações proteínaligante foi realizada utilizando técinicas de ressonância magnética nuclear. Estes resultados contribuiram para o aumento do conhecimento das propriedades bioquímicas dessas proteínas e podem auxiliar no entendimento do mecanismo de replicação viral. Palavras-chave: Expressão, purificação, fitovírus, SBMV, RSPaV. 15 ABSTRACT The grapevine culture is the most economically important fruit plant in the world. The grapevine is the basic source of high valued wines and other alcoholic beverages. The Rupestris stem pitting associated virus-RSPaV was identified as the causative agent of the "rupestris stem pitting" (RSP) disease, a component ofthe the rugose wood (RW) complex, one of the major disease complexes affecting grapevines. This disease is transmitted by grafting and is one of the most widespread viruses of grapevine in the world. In brazil this disease was reported for the first time in late 1960s. As it is difficult to seperate the viral particles from the infected plant, the expression of large-scale of coat protein of RSPaV in bacteria is a promising strategy for understanding their properties. The bean crop productivity has also greatly affected by the occurrence of diseases that reduce the production and consequently reduce their supply, causing an increasein the prices. This virus has a narrow host range, confined almost exclusively to species of leguminous species, some of the species has a very high economical value such as the common bean and soybean. The movement protein (MP), serine protease and VPg, are produced in low concentrations, making impossible the large-scale purification from infected plants. In Brazil, more than ten virus were reported in beans, among them, Southern bean mosaic virus (SBMV) from the genus Sobemovirus. The large scale expression and purification of proteins VPg, serine protease and movement protein of SBMV and capisidial protein of RSPaV were performed using pMAL pET28a vectors. Analysis of the proteins by dynamic light scattering showed that was possible to obtain monomodal protein solutions. By circular dichroism was observed that the proteins were structured and the investigation of protein-ligand interactions was performed using nuclear magnetic resonance. These results contributed to increase the knowledge of biochemical properties of this proteins and may help in understanding the mechanism of viral replication. Keywords: Expression, purification, phytovirus, SBMV, RSPaV. 16 1) INTRODUÇÃO 1.1) Os Vírus Os vírus infectam praticamente todas as formas de vida celular, desde procariotos (bactérias e archaea) até eucariotos (animais vertebrados e invertebrados, plantas e fungos). A presença de vírus pode ser nitidamente visível em organismos hospedeiros, mostrando sintomas da doença, no entanto, muitos organismos saudáveis podem ser hospedeiros de vírus não patogênicos, sejam eles ativos ou inertes. Os vírus mais simples são compostos por um pequeno ácido nucleico protegido por uma camada de proteína. Todos os vírus são parasitas obrigatórios que dependem da maquinaria celular do hospedeiro para se reproduzir. Os vírus não são ativos fora de seus hospedeiros, e isso sugere que eles não são seres vivos. A maioria dos vírus infecta um único tipo de hospedeiro. 1.1.2) Vírus vegetais Apesar das paredes celulares das plantas serem extremamente espessas e resistentes, existem diversos vírus capazes de infectar plantas, e disseminam-se a partir da célula infectada, atingindo células vizinhas. A maioria dos vírus de plantas conhecidos corresponde a vírus de RNA de fita positiva, foi postulado que estes pequenos genomas facilitam a transferência entre as células da planta. Os vírus causam muitas doenças em plantas importantes e são responsáveis por perdas na qualidade e produtividade de diferentes culturas vegetais em todas as partes do mundo. Vírus de plantas têm sido estudados há mais de 100 anos, mas a maior parte da pesquisa foi restrita àqueles que causam doenças em plantas cultivadas. Provavelmente, esta restrição não favorece uma visão precisa da verdadeira natureza dos vírus de plantas (WREN et al., 2006). 17 O advento de novas tecnologias embiologia molecular esta nos dando uma visão muito diferente do mundo da virologia vegetal. Os estudos até agora são preliminares, mas prometem nos mostrar uma nova imagem da diversidade dos vírus de plantas que é muito além de nossa compreensão atual. Este novos conhecimentos abrangem uma série de questões importantes na agricultura, incluindo a fonte de infecções por vírus emergentes, o papel dos vírus em ecologia vegetal, incluindo potenciais efeitos benéficos (ROOSSINCK et al., 2010), o papel da biodiversidade, a função dos hospedeiros na emergência de doenças (KEESING et al., 2011) e, finalmente, a proposta de estratégias para combater a infecção viral. 1.2) A videira A videira é uma planta pertencente à família Vitaceae, cujas principais cultivares são do gênero Vitis (CRONQUIST, 1981). Estima-se existirem cerca de 6000 variedades de V. Vinifera L. (ALLEWELDT; DETTWEILER, 1994), das quais menos de 400 são de importância comercial. Atualmente, a maioria dos recursos genéticos de Vitis vinifera L. é mantida em coleções de germoplasma (GALET, 2000). Sua importância econômica é devido ao fato de a uva ser uma das frutas mais consumidas no mundo, tanto in natura como em suco, possuindo também um extenso mercado na indústria de vinhos e outros fermentos alcoólicos (CHOUDHURY et al., 2001), ocupando mundialmente nove milhões de hectares plantados, o que faz com que a uva só perca em importância em área para citrus e banana (POMMER, 2002). A Vitivinícola mundial apresenta grande concentração. A União Européia se destaca, representando cerca de: 45 % da superfície vitícola mundial; 65 % da produção mundial de uvas; 60 % do consumo mundial e cerca de 70 % das exportações mundiais. O Brasil, no cenário internacional, é o 21° país em área cultivada, 14° em produção de uvas, 24° em exportação de uva (MELLO, 2006). A viticultura é uma atividade econômica recente no Brasil, quando comparada aos tradicionais países produtores da Europa. A videira foi introduzida no Brasil em 1532 adquirindo importância comercial, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo (SOUSA; MARTINS, 2002). A área de uvas no Brasil em 2002, segundo IBGE, foi de 65.381 ha. O Rio Grande do Sul figura 18 como o principal produtor com área de 36.668 há, ou seja, 56,08 % da área total do país, seguido pelo Estado de São Paulo com 12.152 há (MELLO, 2006). 1.2.1) Viroses da videira A cultura da videira está sujeita a um grande número de doenças que pode causar perdas significativas na produção de uva. As doenças causadas por vírus representam um dos mais importantes problemas fitossanitários da viticultura mundial, ocorrendo em praticamente todas as regiões onde a videira é cultivada (AMORIM; KUNIYUKI, 1997). Doenças causadas por vírus na cultura da videira têm sido mencionadas nos países de tradição vitícola há mais de um século, porém o estudo desses patógenos evoluiu nos últimos 40 anos. Até 1960, eram mencionadas na literatura, apenas oito anomalias consideradas de origem viral. Dentre essas, estavam as doenças denominadas de ‘Pierce's disease’ e ‘Flavescence dorée’, as quais, sabe-se hoje, são causadas por uma bactéria e um fitoplasma, respectivamente. Dois fatos marcaram decisivamente o avanço na pesquisa das viroses da videira, inicialmente a descoberta de que o vírus responsável pela degenerescência da videira (fanleaf ou court-noué) era transmitido através do solo pelo nematóide Xiphinema index e, posteriormente a transmissão mecânica de diversos vírus da videira para plantas herbáceas. Atualmente, com o aperfeiçoamento das técnicas utilizadas em virologia vegetal para a transmissão, purificação, caracterização e diagnose de vírus, são conhecidas na videira cerca de cinquenta doenças (55 vírus distribuídos em 20 gêneros) consideradas de origem viral (MARTELLI, 2003; KUHN; FAJARDO, 2006). Muitas destas doenças estão bem identificadas e caracterizadas. Outras, embora consideradas viroses, não têm ainda uma definição exata da natureza do patógeno, se vírus, fitoplasma, viróide, etc., sabe-se apenas que são perpetuadas pelo material vegetativo e por enxertia, condição mínima para que uma doença seja incluída no grupo das viroses. Muitos vírus conhecidos na videira não apresentam importância econômica. Outros, embora causem prejuízos com reflexos econômicos importantes, estão restritos a determinadas regiões ou países, possivelmente condicionados a certas tendências regionais, como o plantio de cultivares sensíveis ou devido às condições climáticas regionais que favoreçam a ocorrência de vetores. Entretanto, 19 existe um grupo dessas doenças de grande relevância econômica para a viticultura, razão pela qual é objeto de constante atenção nos programas de seleção sanitária dos diversos países vitícolas. Dessas viroses já foram identificadas no Brasil quatro das mais importantes "enrolamento da folha" (leafroll), "intumescimento dos ramos" (corky bark), "caneluras do tronco" (stem grooving, stem pitting) e "degenerescência da videira" (fanleaf). Outras duas possuem menor relevância econômica e ocorrem de forma latente na maioria das cultivares comerciais, a "necrose das nervuras" (vein necrosis) e "manchas das nervuras" (fleck) (KUHN; FAJARDO, 2006). No Brasil, o primeiro relato de virose em videira foi em 1972 no Estado de São Paulo (KUNIYUKI, 1972a) e, atualmente, as principais doenças descritas em outros países já foram constatadas no território nacional. A disseminação desses patógenos pode ser potencializada quando se considera que a videira é, comercialmente, multiplicada por propagação vegetativa, o que propicia a possibilidade da ocorrência de infecção latente, na qual plantas infectadas não apresentam sintomas aparentes. Outros fatores que contribuem para o agravamento do problema são: presença de diferentes espécies de vírus infectando uma mesma planta; suscetibilidade de cultivares a estes agentes; combinação copa/porta-enxerto e presença de vetores desses vírus na área do parreiral, entre outros. Lenho estriado ou cascudo (“Rupestris stem pitting” - RSP) O lenho estriado é uma doença transmitida por enxertia que se caracteriza por induzir na indicadora Vitis rupestris ‘St. George’ (‘Rupestris du Lot’) faixa ou banda de pequenas caneluras no lenho, que se desenvolve a partir do ponto de enxertia para a base da planta. Os sintomas característicos do cascudo ou lenho estriado são apresentados pelas variedades Itália, Rubi e Benitaka. As folhas apresentam-se menores, ligeiramente assimétricas e com mosaico difuso. A casca do tronco torna-se espessa, quebradiça e fendilhada e não se destaca com facilidade do lenho (AMORIN; KUNIYUKI, 1997). A etiologia do RSP não é totalmente conhecida, um vírus denominado Rupestris stem pitting associated virus – RSPaV foi identificado como o agente causador da doença do lenho estriado (MENG et al., 1997; MENG et al., 1998; MENG et al., 1999a), sendo classificado como membro do gênero Foveavirus (MARTELLI; JELKMANN, 1998), família Flexiviridae(ADAMS et al., 2004). O RSPaV sozinho geralmente não produz sintomas e não tem grande impacto sobre 20 crescimento e produtividade da videira (BONFIGLIOLI et al., 1998; REYNOLDS et al., 1997). A presença de um outro vírus, como Grapevinevirus A (GVA), Grapevine fleck virus, ou Grapevine leafroll associated virus-1, associado ao RSPaV, é requerida para sintomas de Rugose wood-typeocorrerem (BONFIGLIOLI et al., 1998). Estes vírus podem ser transmitidos através de enxertia de videiras infectadas pelo RSPaV (BONFIGLIOLI et al., 1998; MARTELLI, 1993) ou no caso do GVA por cochonilha Planococcus ficus (ENGELBRECHT; KASDORF, 1990; MINAFRA; HADIDI, 1994). Cultivares de videiras sem sintomas, mas infectados pelo RSPaV são um risco para o desenvolvimento do RSP, portanto é importante saber se uma videira contém o RSPaV. A presença do RSPaV pode ser determinada por RT-PCR usando oligonucleotídeo baseado na sua sequência genômica (MENG et al., 1999; ZHANG et al., 1998) com aparentemente maior confiabilidade do que indexação biológica em St. George (MENG et al., 1999). O vírus foi reportado em pólen (ROWHANI et al., 2000) e sementes (STEWART; NASSUTH, 2001), mas essas fontes não originam mudas infectadas (MENG et al., 2003). O desenvolvimento de técnicas moleculares para a detecção do RSPaV mostrou que este vírus encontra-se distribuído mundialmente (MINAFRA; BOSCIA, 2003). No entanto, a detecção de infecções causadas pelo RSPaV ainda é problemática. Anticorpos produzidos para a detecção da proteína capsidial (MENG et al., 2003; MINAFRA et al., 2000) ainda não foram comercializados para o uso em testes de larga escala, como o ELISA. O genoma completo deste vírus apresenta 8.726 nucleotídeos com extremidade 3’ poliadenilada (MENG et al., 1998; ZHANG et al., 1998) e similaridade com o Apple stem pitting virus – ASPV) (MENG et al., 1998; ZHANG et al., 1998). O genoma do RSPaV apresenta cinco cadeias abertas de leitura (“Open reading frame” - ORFs) que codificam proteínas envolvidas na replicação (ORF1), movimento (ORF2-4) e formação do capsídeo viral (ORF5) (MARTELLI; JELKMANN, 1998; MENG; GONSALVES, 2003). Uma outra cadeia aberta de leitura (ORF 6), parcialmente sobreposta a ORF5, que codifica uma possível proteína com função ainda desconhecida foi identificada (ZHANG et al.1998). 21 Figura 1. Organização do genoma do RSPaV. ORF1: gene da replicase que inclui os motivos metil transferase, cisteíno protease, helicase e RNA polimerase. ORF 2, 3 e 4: bloco triplo de genes, codificadores de proteínas envolvidas no movimento célula a célula. OFR5:gene daproteína capsidial. ORF6: gene de proteína com função desconhecida. Extremidade 3` poliadenilada (A)n. Adaptado de MENG et al., 2006. A presença de uma ORF adicional sobrepondo o gene da proteína capsidial também foi encontrada em outra espécie do gênero Foveavirus, o Apricot latent virus - APLV (GENTIT et al., 2001). A existência desta ORF tem sido proposta baseando-se na ocorrência ‘in frame’ de códon de iniciação e finalização. O códon de iniciação da ORF6 está localizado na região central (nt 458) do gene da capa proteica (ZHANG et al.,1998) que mostra-se conservada entre as variantes analisadas por Nolasco et al. (2006). Entretanto, estes autores não localizaram este códon de iniciação em um dos grupos de variantes do RSPaV por eles analisado. Para este grupo (grupo 3), o códon de iniciação mais próximo foi localizado 72 nt após o códon de iniciação citado por ZHANG et al. (1998), ou seja, no nucleotídeo 530 da ORF5, o que codificaria uma proteína de menor massa molecular (10.7 kDa). Foi observado que o RSPaV encontrado no Estado de São Paulo (Acesso GenBank: DQ443732) apresenta o códon ‘in frame’ de iniciação somente na posição 530 da ORF5. Além disso, o alinhamento de sequências de nucleotídeos do RSPaV mostrou que algumas sequências variantes possuem o códon de iniciação nas duas posições, ou seja, no nucleotídeo 458 e 530 (PEREIRA; GASPAR. Dados não publicados). Estas variações levam ao questionamento quanto à existência da ORF6 no genoma do RSPaV, uma vez que evidências diretas da existência desta ORF ainda não foram apresentadas. Além disso, estudos que visam o melhor entendimento das características moleculares do RSPaV poderão ser realizados. Nos últimos anos, vários trabalhos que descrevem a variabilidade genômica do RSPaV 22 têm sido publicados (MENG et al., 1999b; ROWHANI et al., 1999; ROWHANI et al., 2000; SOARES et al., 2000; SANTOS et al., 2003; CASATI et al., 2003; TERLIZZI et al., 2003; LIMA et al., 2003; MENG et al., 2005; NOLASCO et al., 2006). 1.3) O Feijão O feijão (Phaseolus vulgaris L.), leguminosa comum da família das Fabáceas (Leguminoseae) (CRONQUIST, 1981), constitui uma das culturas mais importantes existentes, sendo consumida por todo o mundo, devido principalmente ao seu valor nutritivo. A cultura do feijão no Brasil assume um grande valor social, pois constitui a base da alimentação da população, sendo fonte de proteína vegetal de baixo custo. A dupla feijão com arroz é o prato principal na alimentação da maioria da população brasileira (CULTURA, 2000). Dados das safras (2008) mostram que o Brasil produziu cerca de 3,52 milhões de toneladas de feijão, sendo a região sudeste a maior produtora (CONAB, 2009). A produtividade da cultura é grandemente afetada pela ocorrência de doenças que diminuem sensivelmente a produção e, conseqüentemente, reduzem a sua oferta, provocando um aumento nos preços de mercado (CULTURA, 2000). Estas doenças têm exercido um papel relevante na baixa produtividade de feijoeiros no Brasil e outros países latino-americanos (JAYASINGHE, 1982; COSTA; COSTA, 1983). As mais numerosas são ocasionadas por fungos seguindo-se as de etiologia viral, várias com expressiva importância econômica (GAMEZ, 1977). No Brasil, foram descritas mais de dez viroses em feijoeiro (COSTA et al.,1972; BIANCHINI et al.,1997), citando-se aquela causada pelo Southern bean mosaic virus (SBMV), do gênero Sobemovirus (HULL; FARGETTE, 2005). Este vírus tem uma restrita gama de hospedeiras, confinada quase exclusivamente a espécies da família das leguminosas, sendo algumas de interesse econômico como o feijoeiro comum e a soja. Embora o SBMV não seja no momento um problema fitossanitário, observações de campo no Estado do Paraná têm indicado a sua presença em infecções mistas principalmente com o Bean golden mosaic virus (Gênero Begomovirus, Família Geminiviridae), levando à possibilidade de problemas futuros para a cultura do feijoeiro (Bianchini, A. Comunicação pessoal). 23 1.4) Sobemovirus O nome Sobemovirus é originado das iniciais da espécie tipo do gênero Southern bean mosaic virus e o gênero compreende 13 espécies definitivas. A maioria das espécies dos sobemovírus apresenta distribuição geográfica limitada, mas algumas espécies são encontradas em várias partes do mundo (HULL, 1988). Os sobemovírus infectam plantas tanto mono como dicotiledôneas, mas a gama de hospedeiras de cada espécie é relativamente restrita. Os sintomas induzidos são, principalmente, mosaico e mosqueado e, em geral, causam infecção sistêmica invadindo quase todos os diferentes tipos de tecidos das plantas hospedeiras (HULL, 1988). São transmitidos mecanicamente, por vetores e por sementes. Para a maioria das espécies (CoMV, RYMV, SNMoV, SBMV, SCPMV, TRoV) a transmissão é feita por besouros coleópteros enquanto o BSSV é transmitido por afídeos, o VTMoV por mirídios e o SoMV por dípteros, homópteros e hemípteros (HULL, 1988; TAMM; TRUVE, 2000). 1.4.1) Organização do genoma Os sobemovírus possuem partículas virais isométricas com cerca de 30 nm de diâmetro, com uma única camada proteica formada por 180 subunidades com massamolecular igual a 2634 kDa. O RNA genômico é uma molécula de fita única e polaridade positiva com tamanho de aproximadamente 4 a 4,5 kb. A região 5’ terminal do RNA possui uma proteína ligada ao genoma (VPg) e na região 3’ terminal falta uma cauda poliadenilada. O genoma dos sobemovírus possui quatro cadeias abertas de leitura (“Open reading frame”, ORF) (Figura 1). Todos os sobemovírus sequenciados contêm uma pequena ORF1 na extremidade 5’-terminal do genoma, que codifica a possível proteína do movimento célula a célula, e uma ORF4 na extremidade 3’terminal que codifica a proteína capsidial. Com base nas diferenças de organização na parte central do genoma (que codifica uma poliproteína), os sobemovírus podem ser divididos em dois 24 grupos: aqueles semelhantes ao SCPMV e aqueles semelhantes ao CoMV. A poliproteína do SCPMV é codificada por uma longa e contínua ORF2, contendo também uma região codificadora interna, ORF3. Organização semelhante do genoma já foi descrita para o isolado Arkansas do SBMV (SBMV-Ark) (LEE; ANDERSON, 1998), isolado “Ivory Coast” do Rice yellow mottle virus- RYMV-CI (YASSIet al., 1994) e Lucerne transient streak virus - LTSV (FEFFRIES et al., 1995). Por outro lado, na organização genômica do CoMV falta a ORF2 contínua e uma região codificadora similar à ORF3 do SCPMV. Em vez disso, CoMV possui duas ORFs sobrepostas, ORF2a e ORF2b, e a poliproteína é expressa através de um mecanismo de mudança de fase (“frameshift”) ribossomal -1 (MÄKINENet al., 1995a; RYABOVet al., 1996). Figura 2. Organização genômica dos sobemovírus Southern cowpea mosaic virus (SCPMV) e Cocksfoot mottle virus (CoMV). Figura obtida de Hull; Fargette (2005). 1.5) Produtos gênicos e suas possíveis funções Os RNA de vários sobemovírus já foram traduzidos in vitro em sistemas de “lisado de reticulócitos de coelho” e de “extrato de germe de trigo”. Os RNA do SBMV e SCPMV codificam a tradução de 4 proteínas nesses sistemas: 105 kDa, 75 kDa, 29 kDa e 14 kDa para o SBMV e 100 kDa, 70 kDa, 30 kDa e 20 kDa para o SCPMV (MANG et al., 1982; SALERNORIFE et al., 1980). Quatro polipeptídeos foram também traduzidos a partir dos RNA do CoMV 25 (MÄKINEN et al., 1995), LTSV (MORRIS-KRSINICK; FORSTER, 1983), SNMoV (KIBERSTIS; ZIMMERN, 1984) e TRoV (MORRIS-KRSINICK; HULL, 1981), apresentando somente ligeiras diferenças na massa molecular. Estudos têm demonstrado que as proteínas de 100 e 70 kDa do SCPMV são relacionadas e traduzidas a partir do RNA genômico enquanto a proteína de 20 kDa é presumivelmente codificada pela ORF1 (MANG et al., 1982; WU et al., 1987). Já a poliproteína codificada pela ORF2 do SCPMV é processada por clivagem proteolítica para originar o produto de tradução de 70 kDa (WU et al., 1987). A proteína de 30 kDa (proteína capsidial) é traduzida a partir de um pequeno RNA subgenômico (sgRNA) que já foi encontrado em tecidos infectados por sobemovírus bem como em partículas virais (RUTGERS et al., 1980; WEBER; SEHGAL, 1982; RYABOV et al., 1996; TAMM et al., 1999). Estudos com o CoMV, utilizando a síntese de proteínas in vitro e imunoprecipitação com anticorpos específicos, mostraram que as proteínas de 12 kDa, 71 kDa e 100 kDa são sintetizadas a partir do RNA genômico do vírus. A proteína 12 kDa é produzida a partir da ORF1, a proteína 71 kDa a partir da ORF2a e a 100 kDa é a poliproteína produzida a partir das ORFs 2a e 2b. A proteína de 34 kDa (proteína capsidial) é produzida a partir de um sgRNA. 1.5.1) ORF1 Todos os sobemovírus caracterizados codificam uma pequena proteína a partir da ORF1, mas estas apresentam sequências e massas moleculares diferentes (11,7 a 24,3 kDa) e não são relacionadas com qualquer outra proteína conhecida. Análises de mutantes incapazes de produzir P1 ou mutantes produtores de proteínas truncadas indicaram que as proteínas P1 do RYMV ou do SCPMV não são necessárias para a replicação viral, porém são necessárias para o movimento célula a célula e movimento sistêmico (BONNEAU et al., 1998; SIVAKUMARANet al., 1998). Proteína P1 recombinante do CoMV foi capaz de interagir com RNA de fita única (ssRNA) numa maneira independente da seqüência mas não com dsDNA (TAMM; TRUVE, 2000). Assim, levando-se em conta que nenhum outro produto gênico dos sobemovírus estaria relacionado com o movimento célula a célula ou movimento sistêmico do vírus, é proposto que a proteína P1 representa a proteína do movimento dos sobemovírus. Entretanto, a localização da proteína P1 in 26 vivo ainda não foi possível para nenhum sobemovírus. Foi também descrito que a proteína P1 do RYMV funciona como supressora do mecanismo de silenciamento gênico (“posttranscriptional gene silencing”, PTGS) (VOINNET et al., 1999). 1.5.1.1) Proteína do Movimento Para realizar uma infecção sistêmica na planta hospedeira, os fitovírus precisam superar diversas barreiras. Eles devem entrar na célula através de um ferimento ou inoculação por vetores, iniciar a multiplicação, translocar para as células vizinhas (movimento célula a célula) e finalmente para as outras partes da planta (movimento a longa distância). Os fitovírus empregam comunicações intercelulares para se movimentarem pela planta. No movimento célula a célula os vírus utilizam os plasmodesmos para atravessar a parede celular. Os plasmodesmos são canais estreitos revestidos pela membrana plasmática e atravessados por um túbulo de retículo endoplasmático modificado, conhecido como desmotúbulo. Esses canais permitem a continuidade do citoplasma e do sistema de endomembranas entre as células (RAVEN et al., 2001). Em células vegetais sadias, apenas moléculas com massa molecular inferior a 1 kDa são capazes de atravessar passivamente esses canais, que possuem limite de exclusão muito inferior à massa molecular dos menores fitovírus, ou mesmo de seus RNAs ou DNAs genômicos (WOLF et al., 1987). Para suprir essa restrição física, os fitovírus codificam proteínas especializadas, denominadas Proteínas do Movimento (MPs), capazes de dilatar os plasmodesmos permitindo a passagem de complexos formados por proteínas mais ácidos nucléicos virais ou mesmo de vírions inteiros (DEOM et al., 1992). 27 Figura 3. Movimento célula a célula do Tobacco mosaic virus (TMV). Neste modelo a proteína do movimento (MP) se liga ao RNA viral.[1] Proteínas da hospedeira podem se ligar ao complexo MP.[2] O complexo MP atravessando o plasmodesmo.[3,4 e 5] As proteínas se desligam do RNA viral permitindo que as replicases iniciem a replicação. Para o transporte a longa distância, além dos plasmodesmos, foi proposta a utilização do sistema vascular da planta (floema) (CARRINGTON et al., 1996). Durante todo esse processo de transporte, uma ou mais proteínas virais exercem papel fundamental. A maior parte dos vírus de plantas estudados parece expressar uma proteína especificamente relacionada com o movimento, denominada “Proteína do Movimento” (“Movement Protein”- MP), que está envolvida no transporte dos vírus através dos plasmodesmos (LAZAROWITZ; BEACHY, 1999). O papel da MP no movimento a longa distância ainda é mal compreendido, no entanto, alguns autores sugerem que a MP realize funções específicas no espalhamento dos vírus sistemicamente (HILF; DAWSON, 1993). Os fitovírus são classificados em três grupos principais com base na necessidade ou não da proteína capsidial (CP) para atravessarem os plasmodesmos. O grupo I compreende os vírus que não necessitam da CP para realizarem o movimento. Nos vírus do grupo II a CP age auxiliando a MP no movimento e protegendo o genoma viral. Os vírus do grupo III também requerem a CP, porém, são transportados como partículas inteiras (SCHOLTHOF, 2005). O movimento envolvendo CP pode ocorrer através de túbulos (movimento “túbuloguiado”) e é utilizado por uma grande variedade de vírus de planta, dentre eles: tospovírus, comovírus, caulimovírus, bromovírus, alfamovírus (LAZAROWITZ E BEACHY, 1999; 28 CARRINGTON et al., 1996). Nesses casos, os plasmodesmos das células infectadas são drasticamente modificados, os desmotúbulos são removidos e um túbulo formado por MP é inserido no poro plasmodesmal (Figura 3). É por esse túbulo que as partículas virais são transportadas, sendo que neste tipo de transporte a proteína capsidial é também requerida (LAZAROWITZ E BEACHY, 1999; CARVALHO et al., 2004). Figura 4. Movimento viral célula a célula. Na parte inferior da figura, movimento é denominado túbulo guiado. As MPs virais podem ser agrupadas em quatro superfamílias: I) MPs codificadas pelo bloco triplo de genes dos potexvírus e vírus relacionados; II) MPs dos tymovírus; III) uma série de pequenos polipeptídeos menores que 10 kDa, codificados pelos carmovírus e alguns geminivírus; IV) a superfamília ‘30 K’, relacionada com a MP de 30 kDa do TMV. Para a superfamíla ‘30 K’ foram propostos dois modelos de movimento, o primeiro é exemplificado pelo Tobacco mosaic virus (TMV) e está relacionado com o aumento do limite de exclusão dos plasmodesmos e o segundo, típico dos comovírus, ocorre através de túbulos (Figura 4). 29 MELCHER (2000) após alinhar a seqüência de aminoácidos das MPs de 30 kDa de vários gêneros de fitovírus mostrou que os agrupamentos formados estão relacionados com o tipo de movimento realizado pelo vírus. Um grupo reúne os vírus formadores de túbulos e outro, aqueles vírus que não se movimentam por túbulos. 1.5.2) ORF 2 A ORF 2 codifica uma poliproteína que por clivagem origina três produtos funcionais: uma serino protease; uma proteína ligadora do genoma viral (VPg) e uma polimerase com atividade relacionada à replicação do RNA viral, a RNA polimerase RNA-dependente. (GORBALENYA et al., 1988; LEE; ANDERSON, 1998; MÄKINEN et al., 1995; OTHMAN; HULL, 1995; RYABOV et al., 1996; WU et al., 1987; YASSI et al., 1994). Não é ainda conhecido se estas são as únicas funções da poliproteína. Dentro da ORF 2 encontra-se a ORF 3; que codifica uma proteína de função desconhecida. Os sobemovírus caracterizados codificam uma proteína com massa molecular de cerca de 100 kDa.A tradução da poliproteína dos sobemovírus não é iniciada a partir de RNA subgenômico (nunca detectado em tecidos infectados), mas sim a partir do próprio RNA genômico. Assim, as ORFs 1 e 2 são traduzidas apartir de seus respectivos códons de iniciação AUG. Produtos de tamanho esperado de ambas as ORFs foram observados após tradução dos RNAs genômicos do SCPMV (SIVAKUMARAN et al., 1998) e do CoMV (TAMM et al., 1999). 1.5.2.1) VPg A VPg encontra-se ligada covalentemente à extremidade5' terminaldo RNA de uma variedade de vírus vegetais e animais. Estudos bioquímicos mostraram que a VPg não é apenas ligada ao RNA viral de fita simples e polaridade positiva, mas também em RNA de fita negativa e fitas nascentes do estágio replicativo. Com base nestes estudos foi sugerido que a VPg pode 30 estar envolvida na replicação genômica, possivelmente na iniciação da síntese do RNA. Foi sugerido ainda que a clivagem da ligação entre a VPg e o RNA pode ter um uma função regulatória; é possível que apenas RNAs ligados à VPg sejam encapsidados, enquanto RNA sem a proteína sirva como mRNA ou como templates (LEE et al. 1977; NOMOTO et al. 1977). Trabalhos atuais indicam uma versatilidade da VPg, tendo participação nos processos de replicação do RNA, movimentação viral célula a célula e longa distância, tradução, supressão de silenciamento gênico, além de outras funções (BORGSTROM et al., 2001; KELLER et al., 1998; LELLIS et al., 2002; RAJAMAKI et al., 2002; SCHAAD et al., 1996; SCHAAD et al., 1997). Algumas proteínas VPg podem ainda ser encontradas associadas à membrana de plantas infectadas (HAFREN; MAKINEN, 2008) e possuir a capacidade de ligar-se anionicamente a fosfolipídios in vitro, evidenciando alterações estruturais associadas à ligação (RANTALAINEN et al., 2009). Estudos recentes têm sugerido que uma flexibilidade estrutural permite essa variedade functional das proteínas VPg (GRZELA et al., 2008; HEBRARD et al., 2009; RANTALAINEN et al., 2008; SATHESHKUMAR, 2005), no entanto nenhuma estrutura foi obtida através da difração de raio-X para que pudesse permitir avanços nessa linha de pesquisa. Várias proteínas VPg de vírus vegetais podem ser classificadas como proteínas intrinsecamente desordenadas (IDPs), incluindo VPgs do rice yellow mottle virus (RYMV), lettuce mosaic virus (LMV), potato virus A (PVA), potato virus Y (PVY) e sesbania mosaic virus (SeMV) (GRZELA et al., 2008; HEBRARD et al., 2009; RANTALAINEN et al., 2008; SATHESHKUMAR et al., 2005). IDPs em seu estado nativo não tem estruturas fixas, necessitando de uma associassociação com um ligante para permanecerem com suas estruturas estáveis. Esta é a característica mais vantajosa de proteínas multifuncionais, permitindo assim uma adaptação estrutural (KIMMO et al., 2009). 1.5.2.2) Serino protease O processamento de poliproteínas é uma das principais estratégias utilizadas por vírus de animais e de plantas para gerar mais do que uma proteína funcional a partir da mesma cadeia de polipeptídeo (WELLINK E VANKAMMEN, 1988) e é realizado por uma serino protease, 31 semelhante às proteases celulares, como tripsina e quimotripsina (GORBALENYA et al., 1988). Esta protease é similar às cisteínas proteases encontradas nos picornavírus (Família Picornaviridae) e é característica de todos os sobemovírus, polerovírus (Família Luteoviridae), Pea enation mosaic virus (PEMV, Gênero Enamovirus) e Mushroom bacilliform virus (MBV, Gênero Barnavirus). O motivo serino protease está localizado no terço N-terminal da poliproteína codificada pela ORF2 do SBMV, SBMV-Ark, SCPMV, RYMV e LTSV e é codificada pela ORF2a no caso do CoMV (GORBALENYA et al., 1988). O sítio catalítico H-DS (Histidina, posição 181-Ácido Aspártico, posição 216-Serina, posição 284) encontrado no SCPMV é também conservado no SeMV e outros sobemovírus (LOKESH et al., 2001). Em SeMV, esta protease, cliva a poliproteína codificada pela ORF2 em três posições diferentes, em E325-T326, T403-E402 eE498-S499, para liberar três domínios de proteases diferentes, sendo elas VPg, p10 e RDRP (RNA polimerase dependente de RNA) (SATHESHKUMAR et al., 2004). Na maioria dos outros vírus que têm VPg na extremidade 5' do seu genoma, o arranjo de domínio é VPg-protease, ao passo que, em sobemovírus, é protease VPg. O resíduo H181 do sítio ativo forma ligações de hidrogênio com ambos S284 e D216, os outros dois resíduos da tríade catalítica. O sítio ativo e as ligações de hidrogênio envolvidas estão mostradas na figura 5. 32 Figura 5. Sítio ativo da protease de SeMV.Glicerol =GOL. As ligações de hidrogênio estão representadas por linhas pontilhadas. Foi demonstrado que a serino protease do SeMV possui atividade proteolítica atuando em cis e trans, além de possuir possíveis hélices que estariam associadas à ligação com membranas (SATHESHKUMAR et al., 2004). Com exceção do LTSV, todos os produtos da ORF2 dos sobemovírus mostraram a presença de tais hélices sugerindo uma possível função de ligação às membranas. Em muitos vírus de RNA de polaridade positiva, foi observado que a replicação e montagem das partículas virais ocorrem em associação com membranas (CARETTE et al., 2002; DEN BOON et al., 2001). 33 2) REPLICAÇÃO VIRAL Muitas proteínas codificadas pelos RNAs virais, sejam elas capsidiais ou proteínas não estruturais, acumulam-se na célula como "corpos de inclusão" ou “viroplasmas” tanto no citoplasma como no núcleo. A agregação desses produtos gênicos virais pode constituir um método de remoção de proteínas que, em grandes quantidades, poderiam ter influência no funcionamento da célula. Entretanto, os corpos de inclusão poderiam estar também associados com a replicação e/ou montagem das partículas virais (MATTHEWS, 2001). Na maioria dos casos, entretanto, a síntese das proteínas virais não estruturais ocorre de maneira transitória de modo que a quantidade produzida é extremamente baixa. Quando as proteínas virais acumulam nas células como corpos de inclusão, há a possibilidade de as mesmas serem purificadas por métodos bioquímicos, a partir de extratos das folhas das plantas infectadas como ocorre, por exemplo, com os potyvírus (URCUQUIINCHIMA et al., 2001). Por outro lado, quando as proteínas não estruturais (e mesmo as partículas virais) são sintetizadas em tecidos específicos da hospedeira (floema, por exemplo) e em baixas concentrações, tais métodos mostram-se ineficientes e alternativas devem ser buscadas. Uma estratégia alternativa que vem sendo utilizada ultimamente para estes casos é a expressão de tais proteínas, sejam estruturais ou não, em Escherichia coli. 3) EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS HETERÓLOGAS EM BACTÉRIA Devido à dificuldade de purificação das partículas virais a partir da videira infectada, no caso da CP do RSPaV a expressão em larga escala de proteínas virais em bactérias, purificação e subsequente renovelamento, podem auxiliar no entendimento da estrutura e função destas no ciclo de replicação viral. A estrutura dessas proteínas pode ser determinada através de duas etapas principais: a cristalização da proteína e depois o recolhimento de dados de difração de raios X pelos cristais. No caso de proteínas não estruturais, como VPg, serino protease e MP do SBMV, a expressào em larga escala também é requerida, pois estas proteínas são encontradas em 34 baixa concentração nas hospedeiras. A expressão de proteínas heterólogas em bactéria muitas vezes leva à formação de agregados insolúveis ou corpos de inclusão (IBs). Estes agregados consistem basicamente de proteínas recombinantes e podem ser facilmente isoladas dos demais componentes bacterianos por centrifugação após o rompimento celular, proporcionando assim um meio simples de recuperar a proteína de interesse. No entanto, solubilização dos corpos de inclusão e subsequente renovelamento da proteína, a fim de obter corretamente a reforma das pontes dissulfeto ainda é uma questão central no campo da biotecnologia com importantes implicações teóricas e práticas. Durante a última década, vários estudos têm revelado uma caracterísca peculiar dos IBs, que é a existência de estruturas secundárias residuais das proteínas recombinantes (OBERG et al., 1994; PRZYBYCIEN et al., 1994; FINK, 1998; UMETSU et al., 2004; AMI et al., 2005; UMETSU et al., 2005). Para obter a proteína nativa, os IBs primeiro devem ser liberados, solubilizados e posteriormente renovelados para recuperar sua atividade biológica. Eles são sujeitos a repetidas lavagens por centrifugação e posteriormente solubilizados. Algumas proteínas podem ser solubilizadas com agente não desnaturante (por exemplo, L-arginina, N-Lauril Sarcosina, Sulfobetaína, Tampão Tris pH 12,5 com ou sem uréia 2M). No entanto, os corpos de inclusão são em geral solubilizados pelo uso de altas concentrações de agentes desnaturantes tais como uréia e cloridrato de guanidina, juntos com um agente redutor como β-mercaptoetanol (CLARCK, 1998; LILIE et al., 1998). As proteínas solubilizadas dessa forma podem ser renaturadas pela lenta remoção do agente desnaturante na presença de agentes oxidantes (FISCHER et al., 1993) através de diferentes métodos conhecidos. Muitos procedimentos cromatográficos têm sido descritos no passado e revisados recentemente (JUNGBAUERet al., 2004). No entanto, a maneira mais simples de iniciar o refolding é diluir a proteína desnaturada em tampão de ‘refolding’. Tanto as concentrações do agente caotrópico como de proteínas, são reduzidos em uma única etapa, permitindo interações intramoleculares, porém evitando interações intermoleculares. Uma concentração final de proteína entre 10-100µg/ml é geralmente aplicada em rápidos processos de diluição (JUNGBAUER; KAAR, 2007). 35 4) JUSTIFICATIVA Devido à importância econômica mundial, a videira ocupa nove milhões de hectares plantados, o que faz com que a uva só perca em importância em área para citrus e banana (POMMER, 2002). Ocultivo da videira representa uma parcela econômica e social importante na fruticultura brasileira, movimentando cerca de R$ 2,5 bilhões/ano e gerando 5 empregos/ha, um dos maiores índices do setor (EMBRAPA, 2008). O melhor conhecimento a respeito dos vírus que infectam videiras poderiam evitar perdas significativas na produção de uva. Devido à dificuldade de purificação dos vírus a partir de videiras infectadas, pouca informação é conhecida a respeito das proteínas do RSPaV. A cultura do feijão também temprodutividade grandemente afetada pela ocorrência de doenças que diminuem a produção e, conseqüentemente, reduzem a sua oferta, provocando um aumento nos preços de mercado. As proteínas do movimento(MP), serino proteasee VPg, são produzidas em baixas concentrações, impossibilitando a purificação em larga escala partir de plantas infectadas.Sobre a proteína do movimento, não há nenhuma evidência direta sobre sua possível função ou localização na planta. Informações sobre a estrutura tridimensional de proteínas virais, podem auxiliar no entendimento de sua função no ciclo de multiplicação viral e na sua interação com biomoléculas do hospedeiro. Com relação à VPg, estudos recentes têm sugerido uma variedade funtional dessasproteínas, no entanto nenhuma estrutura foi obtida através da difração de raios X para que pudesse permitir avanços nessa linha de pesquisa. O conhecimento sobre a estrutura das proteínas VPg pode fornecer informações para a elaboração de inibidores para que ela não exerça suas funções durante a infecção viral, como por exemplo processos de replicação do RNA, movimentação viral célula a célulae longa distância, tradução, supressão de silenciamento gênico, além de outras funções. Particularmente, nos casos onde ela atua como primer, se sua função for inibida, nenhuma outra proteína viral poderá ser codificada, impedindo assim, a replicação viral já nos primeiros estágios da infeção, diferentemente de outras estratégias onde o combate visa à inibição da infecção quando a maquinaria celular do hospedeiro já codificou todas as proteínas virais. Informações sobre a estrutura tridimensional das proteínas virais deste projeto, podem auxiliar no entendimento de sua função no ciclo de multiplicação viral e na sua interação com biomoléculas do hospedeiro. Além disso, estudos de cristalização e análise por raios X, que fornecem dados sobre a estrutura das 36 partículas virais, são escassos. 5) MATERIAIS E MÉTODOS 5.1) Análise da sequência de aminoácidos da proteína recombinate da capa proteica do RSPaV usando o pacote de ferramentas EXPASY O ExPASy (Expert Protein Analysis System, http://ca.expasy.org/) é um servidor de biologia molecular que possui “links” para o acesso a “sites” dedicados às análises de identificação e caracterização da proteína, predição de estrutura primária, secundária, topologia, etc. A sequência de aminoácidos foi traduzida a partir da sequencia de nucleotídeos obtidos pelo sequenciamento do cDNA e analisada in silico no através do pacote ExPASy. Estrutura primária no programa ProtParam, que é uma ferramenta que permite a análise computacional de vários parâmetros físicos e químicos para uma dada proteína depositada no Swiss-Prot ou TrEMBL ou para uma sequência de aminoácidos enviada ao ProtParam. Disponível em http://expasy.org/tools/protparam.html. Estrutura secundária foi analisada no programa PSIPRED, que é um método de predição de estrutura secundária baseado em rede neural e em análises obtidas de PSI-BLAST (Position Specific Iterated- BLAST) (McGUFFIN, BRYSON; JONES, 2000). A predição de estrutura secundária foi baseada na sequência primária de aminoácidos da proteína capsidial do RSPaV. Disponível em http://bioinf.cs.ucl.ac.uk/psipred/. 5.2) Linhagem de bactéria utilizada para expressão E. coli BL21-CodonPlus-RIL (Novagen), possui cópias extras de genes de tRNA de argU, ileY, leuW. Esses genes codificam tRNAs que reconhecem códons para arginina AGA e AGG, 37 isoleucina AUA e para leuceina CUA, respectivamente. Essa linhagem tem tRNAs que mais frequentemente restringem a tradução heteróloga de proteínas de organismos que possuem genomas ricos em AT, e permitem alto nível de expressão de proteínas que são fracamente expressas em linhagens convencionais de BL21. 5.3) Plasmídeo Utilizado Foi utilizado o plasmídeo pET28a (Novagen) contendo o gene da proteína capsidial do RSPaV cedido pelo Prof. Dr. José Osmar Gaspar, previamente sequenciado proveniente de estudos anteriores. 5.4) Tranformação bacteriana Plasmídeos recombinantes contendo as sequências de interesse foram transformados em linhagem BL21-RIL de E. coli competente. Utilizando-se 50 µL de células competentes e 1 µL de amostra de plasmídeo, essa mistura permaneceu no gelo durante 1 h e, então, foi submetida ao choque de temperatura a 42 ºC por 1 min e 2 min no gelo. Em seguida foram adicionados 250 µL de meio líquido SOC (meio SOB + 200 mM de glicose) e as bactérias foram submetidas à regeneração (1 h a 37 ºC com agitação a 250 rpm). Posteriormente, as bactérias foram plaqueadas em meio sólido seletivo (LB + kanamicina e cloranfenicol, 30 e 34 µg/mL rspectivamente). As colônias foram testadas por PCR, utilizando oligonucleotídeos específicos para cada uma das sequências das proteínas em questão, sendo que uma das colônias positivas foi utilizada para o pré-inóculo nos testes de expressão. 38 5.5) Testes de expressãoda proteína da capa proteica do RSPaV recombinante sob diferentes condições. Inicialmente 5mL do pré inóculo foram transferidos para um novo tubo contendo 100 mL de meio líquido seletivo (LB + kanamicina e cloranfenicol, 30 e 34 µg/mL rspectivamente). A amostra foi mantida sob agitação e aeração até atingir a densidade (OD550nm ) entre 0,4 e 0,6 para indução da expressão com IPTG. A leitura da amostrafoi feita em espectrofotômetro - Spectronic Genesys 2. A indução da expressão foi feita com IPTG em diferentes concentrações (0,1 mM; 0,2 mM; 0,3 mM e 0,4 mM) e sob diferentes temperaturas (17 °C, 25 °C,e 37 °C) a fim de obter proteínas na fração solúvel após a sonicação. Após 4 h e 16h de indução, amostras coletadas foram analisadas através de eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (SDS-PAGE) segundo Laemmli (1970). Após a constatação da expressão nos testes iniciais, a expressão foi realizada em maior escala visando à obtenção de proteínas para purificação. Inicialmente 5 mL de pré-inóculo foram transferidos para um novo tubo contendo 250 mL de meio líquido seletivo (LB + kanamicina e cloranfenicol, 30 e 34 µg/mL rspectivamente). A cultura foi mantida sob as mesmas condições citadas acima. A purificação foi feita utilizando resina de níquel (ProBond) conforme instruções do fabricante (Invitrogen). 5.6) Análise em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) As amostras coletadas durante o teste de expressão foram analisadas através de eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida (SDS-PAGE) segundo Laemmli (1970). As proteínas foram desnaturadas por fervura (3 minutos a 100 °C) em tampão de amostra (Tris-HCl 0,125 M, pH 6,8, contendo SDS 4 %, glicerol 20 %, 2-ME 10 % e azul de bromofenol 1,0 mM). As amostras foram centrifugadas por 5 min a 16.000 x g e 10 L do sobrenadante de cada amostra aplicado no gel. A eletroforese foi feita em aparelho Hoefer mini VE Amersham Biosciences GE. Os géis foram fixados e corados em mistura contendo metanol, água, ácido 39 acético (50:50:10) e Comassie Blue 0,25 % por 1 h e descorados com metanol e água (1:1) por 1 h. 5.7) Western blot Alíquotas contendo proteína recombinante foram misturadas com tampão de amostra (1:1) e aplicadas em gel SDS-PAGE. As proteínas foram transferidas para membrana de nitrocelulose em um eletrotransferidor (Mini Trans-Blot Electrophoretic Transfer Cell Bio-Rad) operando sob voltagem constante (100V) por 1 hora. O tampão de transferência utilizado foi o Tris-Glicina (Tris 0,025 M, Glicina 0,192 M) contendo metanol 20 %. A membrana foi incubada com antissoro monoclonal Anti-polihistidina (produzido em camundongo; Sigma) e antissoro anti-IgG de camundongo conjugado com fosfatase alcalina (Sigma) diluído 1:30.000 e a detecção da reação antígeno/anti-corpo foi feita com mistura de BCIP/NBT (“5-bromo-4chloro-3-indolyl-phosphate/nitro-blue tetrazolium”) até o aparecimento do resultado da reação (cor azul púrpura). 5.8) Expressão da proteína capsidial do RSPaV a 37°C Após a expressão da proteína recombinante a 37 ºC utilizando 500 mL de meio LB induzidos com 0,5 mM de IPTG, a cultura foi centrifugada por 20 min a 8.000 x g a 10 °C. O “pellet” foi ressuspendido em 30 mL de tampão de lise (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 1 % Triton X-100, 1 % Tween 20 pH 7,5). A solução foi submetida a pulsos de 15 s a 300 W em sonicador para lise celular. Esta amostra foi centrifugada por 30 min a 20.000 x g a 4 °C. O sobrenadante foi coletado e utilizado para a purificação da proteína de interesse sob condição nativa em coluna de afinidade utilizando resina de níquel (Ni Sepharose High Performance) conforme instruções do fabricante (GE Healthcare). O mesmo experimento também foi realizado utilizando tampão de lise (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- 40 mercaptoetanol, 10 % Glicerol pH 7,5) a fim de obter maior quantidade de proteína na fração solúvel. A fração insolúvel do experimento, o corpo de inclusão, foi lavado com o tampão de lise, deoxicolato de sódio 2 % e água. A cada lavagem, a amostra foi submetida a pulsos em sonicador e centrifugada a 10.000 x g por 20 min e, após a última centrifugação, a amostra foi então utilizada para a purificação da proteína de interesse sob condição desnaturante. 5.9) Purificação por cromatografia de afinidade (Ni-NTA) 5.9.1) Sob condições desnaturantes A purificação do corpo de inclusão foi feita em condições desnaturantes, em coluna de afinidade utilizando resina de matriz de níquel conforme instruções do fabricante (GE Healthcare). Após a lavagem, o corpo de inclusão foi ressuspendido em tampão desnaturante (100 mM NaH2PO4, 10 mM Tris.HCl e 6 M guanidina pH 8,0).A suspensão foi sonicada e centrifugada a 10.000 x g por 20 minutos. O sobrenadante foi filtrado e aplicado a coluna de afinidade. Após a ligação, a matriz foi lavada com tampões 100 mM NaCl, 10 mM Tris-HCl, 6 M guanidina e pH, respectivamente, 6,3 e 5,9. A eluição da proteína foi feita em tampão 100 mM NaCl, 10 mM Tris, 6 M guanidina, pH 4,5. 5.9.2) Sob condições nativas Primeiramente, a resina (Ni-NTA) foi equilibrada com o mesmo tampão utilizado para lisar as células. Logo em seguida, o sobrenadante do lisado celular foi passado através da coluna de purificação (coluna de gravidade, Bio-Rad) para que as proteínas (His-tag-RSPaV-CP) fossem adsorvidas. Após a adsorção, a resina foi lavada utilizando tampão de lavagem (20mM NaH2PO4, 41 500mM NaCl, 40 mM imidazol, 2 % glicerol e 1 mM PMFS, pH 7.4) para remover contaminantes adsorvidos inespecificamente na resína de níquel. Por fim, as proteínas foram eluídas utilizando tampão de eluição (20 mM fosfato de sódio dibásico, 300 mM NaCl, 500 mM imidazol e 1 mM PMFS, pH 7.4). As proteínas foram dialisadas após a eluição para a remoção do imidazol utilizando tampão (20 mM de fosfato de sódio dibásico, 300 mM de NaCl, pH 7.4). Foi realizada uma diálise gradual trocando o tampão de diálise e reduzindo de 100 em 100 mM de NaCl a cada duas horas até a concentração final de 100 mM de NaCl. 5.10) Expressão da proteína capsidial do RSPaVa 25 °C O experimento referente ao item 4.8 foi repetido diminuindo a temperaturas de indução a fim de diminuir a formação de agregados e obter a proteína de interesse na fração solúvel após a etapa de sonicação. Sob as mesmas condições de aeração e agitação o experimento foi realizado utilizando temperaturas de 25 ºC para a expressão. Para indução da expressão foi utilizado IPTG na concentração de 0,3 mM por 16h. Em seguida, o meio foi centrifugado por 20 min a 8.000 x g e 4 °C. O precipitado foi dividido em três tubos e três diferentes tampões de lise foram utilizados para sonicar cada amostra a fim de obter a proteína na fração solúvel após centrifugaçãopor 30 minitos a 20.000 x g a 10 ºC. Os tampões utilizados foram: Tampão A: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 1 % Triton X-100, 1 % Tween 20 pH 7,5) Tampão B: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 10 % Glicerol pH 7,5) Tampão C: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 1 mM PMSF, 0,2 %N-Lauril Sarcosina pH 7,5) 42 O sobrenadante de cada tubo foi utilizado para purificação da proteína sob condição nativa utilizando resina à base níquel (Ni Sepharose High Performance) conforme instruções do fabricante (GE Healthcare). 5.11) Expressão da proteína capsidial do RSPaV a 17 ºC O experimento referente ao item 5.8 foi repetido diminuindo as temperaturas de indução a fim de diminuir a formação de agregados e obter proteínas na fração solúvel após a etapa de sonicação. Sob as mesmas condições de aeração e agitação o experimento foi realizado utilizando a temperatura de 17 ºC para a expessão. Para indução da expressão foi utilizado IPTG na concentração de 0,3 mM por 16h. Em seguida, o meio foi centrifugado por 20 min a 8.000 x g e 4 °C. O precipitado foi dividido em três tubos e três diferentes tampões de lise foram utilizados para sonicar cada tubo a fim de obter a proteína na fração solúvel após centrifugação por 30 minitos a 20.000 g a 10 ºC. Os tampões utilizados foram: Tampão A: (10 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 1 % Triton X-100, 1 % Tween 20 pH 7,5) Tampão B: (10 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 10 % Glicerol pH 7,5) Tampão C: (10 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 1 mM PMSF, 0,2 %N-Lauril Sarcosina pH 7,5) O sobrenadante de cada tubo foi utilizado para purificação da proteína sob condição nativa utilizando resina de níquel (Ni Sepharose High Performance) conforme instruções do fabricante (GE Healthcare). 43 5.12) Teste de expressão em meio auto-indutivo Inicialmente 5 mL de pré inóculo foram transferidos para um novo tubo contendo 250 mL de meio auto-indutivo (ZYM-5052), que consiste de meio LB + canamicina e cloranfenicol 34g/mL + meio M (Na2HPO4 25 mM, KH2PO4 25 mM, NH4Cl 50 mM, Na2SO4 5 mM, MgSO4 2mM) + meio 5052 (0,5 % glicerol, 0,05 % glicose, 0,2 %α-lactose), contendo 50 µg/mL, de acordo com Studier, 2005. O tubo foi mantido sob agitação e aeração a 18 °C por 48 horas. Em seguida, o meio foi centrifugado por 30 min a 6.000 x g e 4°C. O “pellet” foi ressuspendido em 20 mL de tampão de lise (50 mM tampão fosfato, 200 mM NaCl, 1 mM PMSF, pH 8). A solução foi submetida a pulsos de 15 s a 300 W em sonicador para lise celular. Esta amostra foi centrifugada por 30 min a 20.000 x g a 10 °C. A fase aquosa foi coletada e utilizada para a purificação da proteína de interesse. A purificação foi feita utilizando resina à base de níquel (Ni Sepharose High Performance) conforme instruções do fabricante (GE Healthcare). 5.13) Expressão utilizando estresse osmótico e choque térmico Inicialmente 5 mL de pré-inóculo foram transferidos para um novo tubo contendo 250 mL de meio líquido seletivo (LB + canamicina e cloranfenicol 30 e 34g/mL respectivamente), contendo 0,5M NaCl e 1 mM betaína. O tubo foi mantido sob agitação e aeração a 37 °C até atingir a densidade ótica ideal. Para o choque térmico, o tubo foi submetido à temperatura de 47 o C por 20 minutos (contados a partir do momento em que o meio de cultura atingiu esta temperatura). Posteriormente, a cultura foi transferida para outro shaker, a 18 oC, e a indução da expressão foi feita com 0,4 mM IPTG “overnight”. Em seguida, o meio foi centrifugado por 30 min a 6.000 x g e 4 °C. O “pellet” foi ressuspendido em 20 ml de tampão de lise (50 mM tampão fosfato, 200 mM NaCl, 1 mM PMSF, pH 8). A solução foi submetida a pulsos de 15 s a 300 W em sonicador para lise celular. Esta amostra foi centrifugada por 30 min a 20.000 g a 10 °C. A 44 fase aquosa foi coletada e utilizada para a purificação da proteína de interesse utilizando resina de níquel (Ni Sepharose High Performance) conforme instruções do fabricante (GE Healthcare). 5.14) Expressão a 13 ºC utilizando cepas de Arctic Express O vetor recombinante também foi utilizado para a transformação por choque térmico de células competentes da cepa ArcticExpress. As células foram incubadas a temperatura de 30 °C, 200 rpm por 16 horas. Foram transferidos 5 mL do pré-inóculo para o erlenmeyer contendo 250mL de meio LB com 30g/mL de kanamicina 30°C, 250 rpm até atingir a densidade ótica ideal. Após baixar a temperatura para 13 ºC a indução foi feita com IPTG 0,5 mM e a cultura foi mantida sob mesma agitação e temperatura por 16h. O “pellet” foi ressuspendido em 20 ml de tampão de lise (50 mM tampão fosfato, 200 mM NaCl, 1 mM PMSF, pH 8). A solução foi submetida a pulsos de 15 s a 300 W em sonicador para lise celular. Esta amostra foi centrifugada por 30 min a 20.000 g a 10 °C. A fase aquosa foi coletada e utilizada para a purificação da proteína de interesse. A purificação foi feita em coluna de afinidade utilizando resina de níquel (Ni Sepharose High Performance) conforme instruções do fabricante (GE Healthcare). 5.15) Purificação e reenovelamento da proteína recombinante expressa a 37 ºC A fração insolúvel obtida a partir do experimento citado no item 4.8, o corpo de inclusão, foi lavado com o tampão de lise, deoxicolato de sódio 2% e água. A cada lavagem, a amostra foi submetida a pulsos em sonicador e centrifugada a 10.000 x g por 20 min e, após a última centrifugação, a amostra foi então utilizada para a purificação da proteína de interesse sob condição desnaturante conforme o item 4.9.1. Após a confirmação da presença da proteína em gel de poliacrilamida SDS-PAGE iniciaram-se os ensaios de reenovelamento utilizando protocolos de diluição simples e de gradiente decrescente de uréia em resina de afinidade contendo níquel. 45 5.16) Refolding Diferentes métodos de renovelamento foram utilizados, basicamente foram utilizados protocolos de diluição simples em tampão de renovelamento, no qual a solução com guanidina 6M contendo proteína de interesse (1 mg/mL) é diluída até a concentração 10–100 µg/ml. O renovelamento também foi testado utilizando gradiente decrescente de uréia em resina de afinidade contendo níquel. Neste método a resina é carregada com a proteína em tampão contendo 8M uréia, e através de um gradiente, a solução final torna-se livre de uréia. Nos dois casos a proteína renaturada foi purificada em condições nativas utilizando-se resina de níquel conforme protocolo do fabricante (Qiagen) e sua concentração foi determinada. Baseando-se no ponto isoelétrico teórico (9.04) Vários tampões de renovelamento foram testados, entre eles: Tampão R1:50 mMTris-HClpH 7,5 contendo 200 m M NaCl, 1 mM DTT e 500 mM larginina. Tampão R2: 50 mM Tris-HCl pH 7.5, 100 mM NaCl, 1 mM Glutationa Reduzida, 1 mMEDTA, 500 mM l-arginina, 20 % glicerol. Tampão R3:50 mMTris-HClpH 7,5 contendo 200 mM NaCl, 1 mM DTT e 1 M NDSB201 [3(1-pyridinio)-1-propane sulfonate]. Tampão R4: 30 mM NaH2PO4 pH 7.5, 200 mM NaCl e 20% glicerol. Tampão R5: 30mM Citrato de Sódio pH 6.2, 200mM NaCl, 1mM DTT. Tampão R6: 30mM Citrato de SódiopH 6.2, 200mM NaCl, 500 mM l-arginina. Tampão R7: 30mM Citrato de Sódio, 200mM NaCl, 1 M NDSB201 [3(1-pyridinio)-1propane sulfonate], pH 6.2 Tampão R8: 30 mM acetato de sódio pH 5.5,30 mMNaCl e 1% glicerol. Após verificar o tampão mais eficiente a proteína foi dialisada contra tampão fosfato de sódio pH 6.4 contendo 0,2 M NaCl, concentrada até 2 mg/mL por centrifugação utilizando-se colunas Centricon-30 (Millipore), e utilizada para os ensaios de Dicroísmo Circular. 46 5.17) Concentração das amostras purificadas Após a diálise as amostras contendo a proteína purificada foram concentradas em dispositivos de ultrafiltração AMICON (3.000 Da) conforme instruções do fabricante (Millipore) a uma rotação de 4.000 x g a 10 °C. 5.18) Determinação da concentração das proteínas A quantificação das proteínas foi feita através de medidas de absorbância. Os espectros de absorbância foram obtidos em espectrofotômetro – Espectronic Genesys 2, com varredura de comprimento de onda de 340-200 nm. A concentração foi determinada a partir dos valores dos coeficientes de extinção molar (ε) obtidos através do programa ProtParam (http://ca.expasy.org) e dos valores de absorbância a 280 nm. A quantificação também foi feita através de leitura em equipamento Quant-iTTM Assays, conforme instruções do fabricante (Invitrogen). 5.19) Dicroísmo Circular O Dicroísmo circular (CD) foi obtido à temperatura ambiente no espectro polarímetro Jasco710 para estimar a estrutura secundária e a qualidade da proteína. Os espectros de CD foram medidos em um concentração de proteínas de aproximadamente 2 mg/ml em 20 mM de fosfato de sódio, 100 mM de NaCl, pH6.4, usando uma cubeta com caminho ótico de um milímetro de comprimento. Cada espectro representa uma média de 5 acumulações coletadas de 190 a 260nm, com um passo de tamanho de 0,2 nm, a uma taxa de 20 nm/ min, e largura de banda de 1,0 nm. O tempo de resposta foi de 0,5s. A linha de base foi corrigida subtraindo-se o espectro do tampão de diálise, pois possui condições idênticas à amostra. Os resultados foram convertidos para 47 unidade de absorção molar per-resíduo, [θ] (Deg cm2 dg-1), e a estrutura secundária foi analisada com o software CDPro. SELCON3, CDSSTR e CONTINL produziram resultados similares. 5.20) Espalhamento de Luz Dinâmico (DLS) O espalhamento dinâmico de luz é uma técnica capaz de analisar biomoléulas em solução. Na prática as biomoléculas encontram-se hidratadas e o raio calculado a partir do coeficiente de difusão oferece uma estimativa do tamanho aparente da partícula com sua camada de solvatação, denominado assim raio hidrodinâmico, RH, a patir do qual também é possível estimar sua massa molecular. O princípio da técnica se baseia na incidência de luz monocromática em solução de partículas e monitoramento das flutuações da intensidade. Para cada proteína foram testadas 125 condições (Tabela 1) variando concentração proteica, valores de pH, concentração salina e concentração de aditivos a fim de obter informação sobre a polidispersividade e a presença de agregados nas amostras das proteínas que forampreviamente centrifugadas por 60 minutos a 16000 x g a 4°C. Em todas as análises foram realizadas 20 aquisições de 20 segundos a 20°C. Somente as frações consideradas monomodais (1 população) foram utilizadas nos ensaios de cristalização, pois há relatos na literatura mostrando que amostras monodispersas têm maior chance de cristalização. 48 Agentes que podem alterar solubilidade e estado de CONCENTRAÇÃO agregação de proteínas SAIS AMINOÁCIDOS MATERIAL GENÉTICO AÇÚCARES E ÁLCOOIS DETERGENTES AGENTES REDUTORES NaCl 0 – 1M KCl 0 – 1M NaF 0 – 500 mM NaCl + KCl 0 – 500 mM CaCl2 0 – 200 mM MgCl2 0 – 200 mM MgSO4 0 – 400 mM Uréia 0 – 500 mM Glicina 0,5 – 2 % L-Arginina 0 – 0,5 M Solução de Primers 0,1 – 100 μM Nucleotídeos (dNTPs) 0 –0,5 mM β-Ciclodextrina 0 – 100 mM Sucrose 0–1M Glucose 0–1M Sorbitol 0 – 40 % Glicerol 5 – 40 % Etanol 0-5% Triton X-100 0 – 0,02% Tween 20 0 – 0,1% CHAPS 0 – 0,5% NP-40 0 – 0,2% DTT 0 – 20 mM β-Mercaptoetanol 0 – 10 mM Sulfobetaina(NDSB 195) 0 – 500 mM TENSOATIVO NÃOTabela 1. Condições testadas a fim de desagragar as proteínas de interesse. 49 5.21) Ensaios de cristalização Os “screenings” iniciais das condições de cristalização foramrealizados pelo método de difusão de vapor por gota sentada utilizando o robô Honeybee 961 (Genomic Solutions Ltd). A temperatura de incubação foi 20 C. Os kits utilizados foram JSCG+ (Qiagen), Pact Suite 2 (Qiagen), Morpheus (Molecular Dimensions) e para cada uma das 96 condições de cada Kit foram aplicadas solução de proteínas concentradas e soluções de precipitante na proporção 1:1 e 1,5: 1, totalizando 192 condições por Kit. Para cada Kit foram utilizadas proteínas concentradas nas seguintes condições: a)CP a 5mg/mL em tampão Tris 10 mM 300 mM NaCl pH 7,0. b) CP a 5mg/mL em tampão Tris 10 mM 150 mM NaF pH 7,0. Totalizando 1152 condições As melhores condições encontradas foram utilizadas como referência para o refinamento do crescimento dos cristais fazendo pequenas alterações no pH, concentração da proteína, concentração de sal e concentração do precipitante. Em algumas condições foram encontrados pequenos cristais (menores que 100 micrômetros), os quais foram recolhidos e utilizados em experimentos de Streak seeding e microseeding. 5.21.1) Microseeding e Streak seeding O método seeding consiste na preparação de uma solução estoque (seed stock) que contém cristais macerados e estas “sementes” são transferidas para soluções contendo tampão, concentração de proteína e concentração de precipitante desejado. Para preparação da solução estoque (seed stock), que contém os núcleos dos cristais, foram utlizados tubos de 1,5 mL 50 contendo esfera de vidro que sob vigorosa agitação permitiu a maceração dosmicro cristais. A solução estoque foi também utilizada para fazer diluições. Para a técnica de streack seeding, uma haste é utilizada para transferir as “sementes” da solução estoque escolhida para gotas contendo diferentes concentrações de proteína e diferentes concentrações do agente precipitante. Esta haste percorreu unidirecionalmente através de cada gota. 5.21.2) Counter-diffusion: Algumas condições foram testadasutilizandoo kit Granada Crystallization Box ®, que permite a cristalização de proteínas no interior de capilares, que são primeiramente preenchidos com a solução contendo proteína concentrada, e posteriormente mergulhados em tampão escolhido contendo agente precipitante como mostrado na figura 6. Os capilares foram estocados a 5, 10, 15, 20 e 25 ºC. Figura 6. (1) Capilar. (2) Solução contendo agente precipitante. (3) camada de agarose. As condições de otimização do crescimento dos cristais foram também testadas utilizando o método de difusão de vapor de gota pendente (hanging drop) e microbatch. 51 5.21.3) Hanging drop Consiste em uma gota contendo a macromolécula biológica a ser cristalizada em tampão com o agente de cristalização. A gota é equilibrada contra um reservatório contendo a solução do agente de cristalização em uma concentração mais alta que na gota, como exemplificado na figura 7 abaixo. Figura 7. Método hanging drop: (A) gota contendo solução proteica misturada com tampão contendo agente precipitante. (B) Lâmínula siliconizada. (C) Silicone utilizado como material de vedação. (D) Solução contendo o agente de cristalização. 5.21.4) Microbacth Este método foi utilizado misturando 1µL de solução contendo a proteína concentrada com 1µL de solução contendo agente precipitante. A gota fica armazenada em um reservatório que é coberto por óleo de parafina como mostrado na figura 8 abaixo: 52 Figura 8. Modelo representativo da técnica de microbatch: (A) placa contendo gotas submersas em óleo (B) reservatório onde a gota contendo a proteína concentrada é misturada com a gota contendo agente precipitante. 5.22) Inserção de sítio de clivagem nos plasmídeos recombinantes Devido ao fato de não obtermos amostras contendo raio hidrodinâmico menor que 10 nm, quando analisadas por DLS, mesmo utilizando diversas condições e aditivos, uma alternativa que foi realizada a fim de evitar agregação, foi a remoção da cauda de histidina juntamente com a sequência de aminoácidos codificada pelo pET28a (M G S S H H H H H H S S G L V P R G S H M A S M T G G Q Q M G R G S), as quais não pertencem à estrutura da proteína de interesse. O processo de remoção dessa sequência composta por 34 aminoácidos tem a finalidadede investigar se esta porção da proteína recombinante é responsável pela agregação. 53 Figura 9. Mapa do vetor pET-28a-c(+) mostrando os sítios de restrição e seus aminoácidos correspondentes. Embora o vetor pET28a tenha sítio de clivagem para trombina entre a proteína de interesse e a His-tag (figura 8), um outro sítio de clivagem para a TEV (Tobacco etch virus) protease foi adicionado por alguns motivos: (1) pelo fato de a trombina apresentar pouca especificidade quando comparada à TEV protease, (2) a trombina é uma protease cara, enquanto a TEV protease pode ser produzida em nosso laboratório uma vez que o professor Christian Betzel doou plasmídeos recombinantes contendo sua sequência codificadora, (3) algumas proteínas do nosso grupo de pesquisa possui o sítio da trombina em sua sequência codificadora, como por exemplo a VPG do SBMV. 5.22.1) Construção de oligonucleotídeos com adição de sítio de clivagem Os oligonucleotídeos senso para os genes das proteínas estudadas neste projeto foram desenhados baseados nos primers utilizados anteriormente nos experimentos já citados. Cada oligonucleotídeo senso contém o sítio de restrição para enzima Bam HI e foi também introduzido um sítio de clivagem para a TEV protease (figura 10) para posterior remoção da His-tag 54 juntamente com a sequência codificada pelo pET28a que não faz parte da estrutura da proteína de interesse . Figura 10. Modelo esquemático de oligonucleotídeoutilizado para clonagem visando remoção da cauda de histidina após purificação. 5.22.2) Amplificação dos genes das proteínas utilizando primers com sítio para TEV protease O volume da reação de PCR foi de 25 µL consistindo de tampão (20 mM Tris-HCl pH 9,5; 50 mM KCl); 5 mM de MgCl2; 0,2 mM cada dCTP, dGTP, dATP e dTTP; 10 µg/mL de cada oligonucleotídeo (senso e antissenso); 1µL de cDNA e 3 unidades de Taq DNA-polimerase (Invitrogen). O programa de PCR, realizado em um termociclador MJ Research, envolveu uma desnaturação inicial de 94 °C por 4 minutos e 30 ciclos de 1 minuto de desnaturação a 94 ºC, 1 minuto de anelamento a 50 ºC e 1 minuto de extensão a 72 ºC, seguidos de extensão final por 10 minutos a 72 ºC. Os fragmentos de DNA amplificados foram submetidos à eletroforese em gel nativo de agarose 1% em tampão TAE (40 mM Tris-HCl; 20 mM de acetato de sódio e 1 mM de EDTA, pH 8,3) a uma voltagem de 80V, corado com brometo de etídio (0,05 µg/mL) (SAMBROOKet al., 1989) e visualizados sob luz ultravioleta. 5.23) Clonagem do vetor com sítio para TEV protease em vetor pET28a Após verificação dos fragmentos de interesse amplificados por PCR em Gel de agarose, iniciaram-se expermentos de digestão enzimática deste amplificado e posterior ligação em vetor pET28a previamente digerido com as mesmas enzimas e defosforilado utilizando CIAP. 55 56 5.23.1) Digestãoenzimática e defosforilação do vetor de expressão pET28a O vetor de expressão pET28a foi digerido a 37 °C por 2h utilizando as enzimas Bam HI e Xho I. Em seguida, o vetor digerido foi defosforilado utilizando-se a enzima CIAP (Fosfatase alcalina de intestino de bezerro) (Invitrogen) utilizando 5 unidades de enzima para cada 1g de DNA. A mistura foi submetida a 37 °C por 30 min. e a 75 °C por 10 min. 5.23.2) Ligação do DNA em vetor de expressão (pET28a) Para esta reação de ligação foram utilizados 50 ng de vetor pET28a previamente digerido e defosforilado, 50 ng de DNA, 3 unidades de T4 DNA ligase (Promega) e tampão de ligação (Promega). A mistura foi submetida a 18°C por 16h. 5.23.3) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão (pMAL) O gene que codifica a proteína da capa proteica do RSPaV foi também clonado em vetor pMAL inserindo o gene da capa proteica amplificado utilizando primers contendo sítios para Bam HI (primer senso), Hind III (primer antisenso da CP) e Xho I (primer antisenso da VPg). O vetor de expressão pMAL-2c do “pMAL Protein Fusion and Purification System” (Bio Labs) foidigerido a 37 °C por 2h utilizando as enzimas Bam HI e Hind III. Em seguida, o vetor digerido foi defosforilado de acordo com o item 5.23.1. 57 Figura 11. Região polylinker do vetor pMAL-c2x destacando os sítios de restrição 5.24) Transformação em célula competente (TOP 10) Após a reação de ligação em pet28a e pMAL-c2x, os vetores recombinante foram transformado em E. coli linhagem TOP 10, utilizando-se 50 L de solução contendo células competentes e 5 L da reação de ligação. Essa mistura permaneceu no gelo durante 30 minutos, e então, submetida ao choque de temperatura a 42 ºC por 1 minuto e 2 minutos no gelo. Em seguida foram adicionados 450 L de meio líquido SOC e as bactérias foram submetidas a regeneração (1 hora a 37 ºC com agitação a 250 rpm). Posteriormente, as bactérias foram plaqueadas em meio sólido seletivo LB + ampicilina, 100 g/mL, quando transformada com pMAL, e LB + Kanamicina, 34 g/mL, quando transformada com pET28a. As colônias obtidas foram testadas para comprovar a existência do inserto através de PCR. As colônias que apresentaram o inserto foram inoculadas em tubos individuais de 7 mL de meio líquido seletivo sob agitação e aeração constantes a 37 ºC por 16 horas para posterior extração do DNA plasmidial. 5.25) Purificação do plasmídeo recombinante O DNA plasmidial foi purificado utilizando-se o “Pure Link Quick Plasmid Miniprep Kit”, seguindo as orientações do fabricante (Invitrogen). O DNA plasmidial foi eluído em 50 l de tampão TE (Tris 10mM, EDTA 1mM, pH 8,0). 58 5.26) Transformação em célula competente (E. coli linhagem DH5 ) A transformação do vetor recombinante pMAL em E. coli linhagem DH5 foi feita utilizando o método de heat-shock. 5.27) Sequenciamento dos vetores contendo as sequências dos genes CP do RSPaV, após inserção do sítio de clivagem para TEV protease O DNA plasmidial foi purificado a partir de E. coli linhagem TOP 10 (item 5.25) e sequenciado pela técnica de reação de terminação em cadeia (SANGER et al., 1977), utilizandose o sequenciador automático “ABI 377 DNA Sequencer” (UNESP Jaboticabal-SP) e o “ABI PRISM BigDye Terminator Cycle Sequencing Ready Reaction Kit” (Applied Biosystems), seguindo-se as instruções do fabricante. O sequenciamento foi realizado nos dois sentidos de leitura (sense e antissense) com 3 repetições e o alinhamento das sequências consenso utilizandose o Multalin (http://prodes.toulouse.inra.fr/multalin/multalin.html). Um refinamento das sequências obtidas com baixa qualidade foi realizado utilizando o BioEdit Sequence Alignment Editor. 5.28) Expressão e Purificação da Proteína Capisidial com Sítio de Clivagem para Tev Protease. 5.28.1) Expressão da CP utilizando pET28a A expressão foi realizada de acordo com o item 5.11. 59 5.28.2) Purificaçãoda CP utilizando pET28a A purificação foi realizada utilizando tampao de lise celular consistindo de 50 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 1 mM PMSF, 0,2% N-Lauril Sarcosina pH 7,5. A remoção de contaminantes foi realizada utilizando tampão de lavagem contendo 50 mM NaH2PO4, 500 mM NaCl, 1 mM PMSF, 0,2% N-Lauril Sarcosina, 40 mM de imidazol pH 7,5. A eluição foi realizada utilizando tampao 50 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 1 mM PMSF, 0,2% N-Lauril Sarcosina, 200 mM de Imidazol pH 7,5. Dez mL de solução contendo a proteína eluída foi dialisada contra tampão de diálise contendo 50 mM NaH2PO4,200 mM NaCl por 16 h e posteriormente adicionou-se EDTA e DTT alcançando as concentraçõesde 1mM e 0,5 mM respectivamente. A proteína foi concentrada utilizando-se colunas Centricon-30 (Millipore) e posteriormente submetida à digetão enzimática utilizando TEV protease recombinante produzida neste laboratório. 5.29) Digestão Enzimática utilizando TEV Protease. A TEV protease recombinante contendo his-tag foi expressa e purificada neste laboratório utilizando coluna de afinidade contendo Níquel de acordo com TROPEA et al., 2009 e posteriormente,utilizada para experimentos de digestão enzimática na proporção de 1 mg de enzima para cada 10 mg de proteína alvo a 4° C por 16 h. 5.30) Expressão e Purificação da CP utilizando pMAL 60 5.30.1) Expressão da CP recombinante utilizando pMAL A expressão da proteína foi utilizando vetor pMAL foi realizada de acordo com o item 5.10. 5.30.2) Purificação da CP recombinante utilizando pMAL através de resina à base de amilose A proteína CP expressa foi purificada por cromatografia de afinidade em colunas com resina a base de amilose (BioLabs), conforme o protocolo do “pMAL Protein Fusion and Purification System” (Bio Labs). Nesse sistema, a proteína expressa é fusionada à MaltoseBinding Protein de 43 kDa.A eluição foi feita em tampão fosfato 20 mM pH 7,2, NaCl 200mM, contendo Maltose 100 mM. A amostra proteica foi dialisada duas vezes contra tampão de diálise de acordo com o item 5.28. e submetida a digestão enzimática pela TEV protease de acordo com o item 5.29. 5.31) Purificação da proteína digerida utilizando TEV protease A fim de realizar estudos estruturais, após a digestão enzimática, a proteína deve ser isolada da enzima TEV e também do fragmento contendo a his-tag. Para isso, a solução passou novamente através da resina de Níquel, a qual retém a TEV protease recombinante contendo histag, e, posteriromente, através da resina de amilose, a qual retém a proteína de fusão maltosebinding protein, codififaca pelo pMAL. 61 5.32) Ensaios de cristalização após digestão utilizando TEV protease Após remoção da sequência de aminoácidos codificados pelo pET28a a amostra proteica foi concentrada até 6mg/mL e utlizada em testes de cristalização utilizando o método “hangingdrop”. 6) VIRAL PROTEIN GENOME-LINKED(VPg) 6.1) Análise da sequência de aminoácidos da proteína VPg recombinate do SBMV usando o pacote de ferramentas expasy. As análises foram feitas de acordo com o item 5.1. 6.2) Testes de expressãoda VPg A expressão da proteína VPg foi realizada utlizando BL21-RIL de E. coli transformadas com o vetor pET28a contendo a sequência que codifica a VPg do SBMV. A indução das céluas crescidas em meio líquido seletivo (LB + canamicina e cloranfenicol 30 g/mL) foi realizada utlizando IPTG 0,3 mM e a 18º C, como já mencionado 5.11. 6.3) Purificação da proteína VPg e Espalhamento Dinâmico de Luz 62 Para a realização dessa etapa, foi feito uso de FPLC (Fast Protein Liquid Chromatography) pelos métodos tradicionais de afinidade utilizando resina à base de níquel e cromatografia por exclusão molecular utilizando AKTA purifier. Os experimentos envolvendo espalhamento de luz foram também conduzidos de acordo com o item 5.20. 6.4) Ensaios de cristalização VPg Os “screenings” iniciais das condições de cristalização foramrealizados pelo método de difusão de vapor por gota sentada utilizando o robô Honeybee 961 (Genomic Solutions Ltd). A temperatura de incubação foi 20 C. Os kits utilizados foram JSCG+ (Qiagen), Pact Suite 2 (Qiagen), Morpheus (Molecular Dimensions) e para cada uma das 96 condições de cada Kit foram aplicadas solução de proteínas concentradas e soluções de precipitante na proporção 1:1 e 1,5: 1, totalizando 192 condições por Kit. Para cada Kit foram utilizadas proteínas concentradas nas seguintes condições: a) VPg a 7 mg/mL em tampão Tris 10mM e 150 mM NaCl pH 7,0. b) VPg a 10 mg/mL em tampão Tris 10mM e 300 mM NaCl pH 7,0. c) VPg a 7 mg/mL em tampão Tris 10mM e 150 mM KCl pH 7,0. Totalizando 2592 condições. 6.5) Inserção do sítio de clivagem para TEV protease As etapas de clonagem envolvendo a inserção do sítio de clivagem para a TEV protease foram também realizadas para as proteína VPg do SBMV, de acordo com o item 5.20. No caso da VPg, particularmente, foi usado síto para Xho I no primer antisenso.Os primers utilizados estão mencionados abaixo, com sítios para TEV protease em negrito e sítios para Bam HI e XhoI grifados. 63 Primer Senso: GGATCCGGTGAAAATTTATATTTTCAAGGTATGAGCTATCGTTTCCTA Primer anti senso: TGGACTTCAGCTCAGGAATGACTCGAG 6.5.1) Amplificação dos genes das proteínasVPg utilizando primers com sítio para TEV protease Para amplificação do gene de interesse, foram realizados experimentos de acordo com o item 5.22. Particularmente, na reação de amplificação do gene da VPg utilizando o pET28a recombinante (pET28a contendo a sequência que codificara da VPg do SBMV) como template, o controle negativo da reação (pET28a sem inserto) apresentava amplificação defragmentos de tamanhos próximos à ORF codificadora da VPg (200 e 300 pb), impossibiltando a continuidade do experimento. Para superar este problema, parículas virais foram utilizadas como fonte de RNA. Utilizando primer reverse, foi feito novo cDNA, o qual foi utilizado como template da reação de PCR como descrito abaixo. 6.5.2)Purificação das partículas virais Folhas de Feijoeiro Phaseolus vulgaris (L) ‘Jalo’ infectadas pelo SBMV-SP foram trituradas em liquidificador com 2 volumes de tampão fosfato de sódio 0,1 M pH 7,2, contendo 0,5% 2-mercaptoetanol. A solução foi filtrada em gaze, clarificada com clorofórmio (0,5 ml/g de folha) e centrifugada 20 minutos a 16.000 g e 4°C. O vírus foi precipitado pela adição de polietilenoglicol (PEG 8000) a 10% e NaCl 1,0%, sob agitação por 2 h a 4°C, e então centrifugado por 10 min a 16000 g e 4°C. O sedimento foi ressuspendido em 1/10 do volume inicial de tampão fosfato 0,01 M pH 7,2 e submetido a um ciclo de baixa e alta rotação (16000 64 g/10 min e 100000g/90min). O “pellet” final foi ressuspendido em tampão fosfato e aplicado em gradiente de sacarose (10-50%) em tampão fosfato 0,01 M pH 7,2. por 1:30 h a 100000 g. A banda formada pelo vírus purificado foi coletada, diluída e ultracentrifugada por 1 h a 100000 g, dissolvendo-se o sedimento final em 1 ml de tampão fosfato0,01 M pH 7,0. O vírus purificado foi submetido à leitura em espectrofotômetro sob comprimento de onda de 260 e 280nm (luz ultravioleta) para determinação da concentração viral, utilizando o coeficiente de extinção do SBMV cujo valor é 6,0 em leitura a 260nm (SEHGAL, 1981). 6.5.3) Obtenção de RNA viral O RNA foi obtido a partir de partículas purificadas do SBMV. A extração do RNA viral foi feita utilizando-se o “RNeasy Plant Mini Kit” conforme especificações do fabricante (QIAGEN). O extrato foi eluído em água DEPC e estocado a -20°C. 6.5.4) Produção de cDNA Oligonucleotídeo antissenso baseado no modelo do item 4.2 e o RNA viral foram desnaturados por aquecimento a 94°C por 10 min, imediatamente resfriados em gelo, e, em seguida os demais componentes foram adicionados. A reação teve volume total de 20 µl, consistindo de: 50 mM Tris.HCl pH 8,3; 75 mM KCl; 10 mM DTT; 0,1 mM cada dCTP, dGTP, dATP, dTTP; 0,4 µM do oligonucleotídeo, 2 unidades de inibidor de RNAse; 1µg RNA viral e 40 unidades de Transcriptase Reversa “Superscript II” (Invitrogen). A reação permaneceu incubada por 2 h a 42°C. Este cDNA foi utilizado como template de acordo com o item 4.3. 65 6.6) Clonagem do vetor com sítio para TEV protease em vetor pET28a Idem itens 5.22.2 e 5.23. 6.6.1) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressãopET28a Idem item 5.23. 6.6.2) Ligação do DNA em vetor de expressãopET28a Idem item 5.23.2. 6.6.3) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão pMAL Idem item 5.23.3. 6.6.4) Ligação do DNA em vetor de expressãopMAL Idem item 5.23.2. 6.7) Transformação em célula competente (TOP 10) 66 Idem item 5.26. 6.8) Purificação do plasmídeo recombinante Idem item 5.25. 6.9). Transformação em célula competente (E. coli linhagem DH5 ) Idem item 5.26. 6.10) Sequenciamento dos vetores contendo a sequência codificadora da VPg do SBMV após inserção do sítio de clivagem para TEV protease Idem item 5.27. 6.11) Expressão e purificação da VPg clonadaem pMAL-c2x 6.11.1) Expressão da proteínaVPg recombinante utilizando pMAL-c2x 67 A expressão das proteínas foi realizada utlizando BL21-RIL de E. coli como já descrito no item 5.28.1. A indução das céluas crescidas em meio líquido seletivo foi realizada utlizando IPTG 0,25 mM e a 18 ºC. 6.11.2) Purificação da VPg clonadaem pMAL-c2x Idem item 5.30.2. 6.12) Digestão enzimática utilizando TEV protease Idem item 5.29. 6.13) Purificação da proteína após digestão pelaTEV protease Idem item 5.31. 6.14) Expressão e purificação daproteína VPg clonada em pET28a 6.14.1) Expressão da VPg clonada em pET28a A expressão da proteína foi realizada utilizando vetor pMAL de acordo com o item 6.1. 68 6.14.2) Purificação da VPg clonada em pET28a A purificação foi realizada utilizando tampão de lise celular consistindo de 30 mM NaH2PO4, 200 mM NaCl, 1 mM PMSF, e 100 mM de Arginina, pH 7,5. Após 30 minutos de rotação a 17.000 g, adicionou-se polietilenamina atingindo-se a concentração final de 0,1% e a amostra foi submetida novamente a 17.000 x g por 30 min e 4 ºC. A remoção de contaminantes foi realizada utilizando tampão de lavagem contendo 50 mM NaH2PO4, 500 mM KCl, 1 mM PMSF,40 mM de imidazolpH 7,5 e. A eluição foi realizada utilizando tampao 30 mM Tris, 200 mM KCl, 1 mM PMSF, 250 mM de Imidazol pH 7,5. Dez mL de solução, contendo a proteína eluída, foram dialisados contra tampão de diálise contendo 50 mM NaH2PO4, 200 mM NaCl por 16 h e posteriormente adicionou-se EDTA e DTT alcançando as concentraçõesde 1 mM e 0,5 mM respectivamente. A proteína foi concentrada utilizando-se Centricon-30 (Millipore) e posteriormente submetida à digetão enzimática utilizando TEV. Após remoção da sequência de aminoácidos codificados pelo pET28a a amostra proteica foi concentrada e diferentes concentrações foram utlizadas em testes de cristalização utilizando o método “hanging-drop”. 6.15) Efeito do TFE e dATP no raio hidrodinâmico das amostras proteicas. Amostras contendo 10 mg/mL de VPg purificada, em tampão 10 mM tris e 50 mM de NaCl foram analisadas após a adição de diferentes concentrações de dATP, e TFE (2,2,2trifluoroethanol). Foi realizado o cálculo do raio hidrodinâmico de amostras que ficaram 16 h na presença dos reagentes e também imediatamente após a adição dos reagentes. 69 6.16) Verificação do efeito do TFE na estrutura secundária da VPg através de dicroísmo circular. Espectros UV foram registrados a temperatura ambiente em equipamento Jasco J-710 (Jasco, Tóquio, Japão), equipado com célulasde quartzo com caminho óptico de 0,5 milímetros. Os espectros foram registrados na faixa de 190 a 260 nm, utilizando varredura de 50 nm/min, tempo de resposta de 1,0 segundo, largura de banda espectral de 1,0 nm e resolução espectral de 0,1 nm. Para cada espectro foram realizados 7 acumulações. A concentração de 30 uM de VPg foi mantida constante durante todo o experimento. A adição de 2,2,2-trifluoroetanol (TFE, Sigma) foi realizada na faixa 0 – 30%, com incrementos de 10% (vol: vol). Todos os espectros foram corrigidos subtraindo dos respectivos espectros de tampão. Porcentagens de estrutura secundária, para cada condição testada, foram calculados com o software do pacote CONTINLL CDPro, usando o conjunto de referências de proteínas SMP56 (SREERAMA; WOODY, 2000). 6.17) Ligação da sonda de sulfonato de naftaleno-1-8-anilina (ANS) As medidas de fluorescência de estado estacionário foram obtidas no espectrofluorímetro ISS PC1 (Champaign, IL, USA) equipado com cubeta de quartzo com caminho ótico de 10 mm.Ambas as larguras de banda, de excitação e de emissão, foram fixados em 8,0 nm. O comprimento de onda de excitação a 370 nm, foi escolhida uma vez que ela proporciona a excitação só de ANS. O espectro de emissão foi recolhido na faixa de 390-700 nm, com o incremento de 1 nm. Cada ponto no espectro de emissão é a média de 10 acumulações. A ligação da sonda ANS (250 uM) - VPg (100 uM) foi monitorada na ausência e na presença de 30 % de TFE (vol: vol). Como um espectro de referência, a emissão ANS também foi analisada em solução tampão na ausência e na presença de 30 % de TFE. 70 6.18) Análise da interação entre VPg e possíveis ligantes A técnica de RMN que analisa a diferença de transferência de saturação, STD (Saturation Transfer Difference) (MAYER; MEYER, 1999) é uma das mais sensíveis para caracterizar interações não covalentes entre ligante e proteína. À medida que o ligante interage com a proteína, recebe desta uma transferência de magnetização e torna-se cada vez mais saturado de acordo com o tempo de saturação usado. A saturação de cada ligante é medida antes e após a transferência de magnetização, resultando na diminuição do sinal dos ligantes. Pela diferença entre os espectros com e sem polarização, somente o ligante que interagir com a proteína mostrará sinal no espectro STD. Possíveis interações entre VPg e ligantes foram análisadas através da técnica de ressonância magnética nuclear de hidrogênio por diferença de transferência de saturação (STD-RMN) foi utilizado para este fim. Os experimentos foram realizados em espectrómetro Bruker de 600 MHz, equipado com uma crio-sonda. A amostra foi preparada em 50 mM de tampão de fosfato deuterado. A concentração de proteínas foi ajustada para 15 uM, e cada possível ligante foi utilizado na concentração de 300 uM. A fim de obter a melhor saturação de proteína, a sequência de pulsos stddiffesgp.3 foi utilizada com 4.096 escaneamentos, onressonância de 0,5 ppm, off- ressonância em 40 ppm, filtro spin lockde 30 ms, o tempo de saturação de 2 segundos e o nível de potência de pulso de 35 dB. O experimento foi repetido na presença de 30 % de TFE para verificar se as alterações conformacionais poderiam prejudicar a ligação. Além disso, o experimento foi realizado sem a proteína, a fim de verificar a existência de possíveis artefatos. 7) SERINO PROTEASE DOSBMV 7.1) Amplificação da sequência codificadora da serino protease do SBMV para posterior clonagem em pET28a 71 7.2) Clonagem da sequencia codificadora da Serino protease com sítio para TEV protease em vetor pET28a Idem itens 5.22.2 e 5.23. 7.2.1) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão pET28a Idem item 5.23. 7.2.2) Ligação do DNA em vetor de expressãopET28a Idem item 5.23.2. 7.3) Transformação em célula competente (TOP 10) Idem item 5.26. 7.4) Purificação do plasmídeo recombinante Idem item 5.25. 72 7.5). Transformação em célula competente (E. coli linhagem DH5 ) Idem item 5.26. 7.6) Sequenciamento dos vetores contendo a sequência codificadora da Serino protease do SBMV após inserção do sítio de clivagem para TEV protease Idem item 5.27. 7.7) Expressão e purificação daSerino protease do SBMVutilizando pET28a 7.7.1) Expressão da Serino protease utilizando pET28a Diversas estratégias foram utilizadas para obter a proteína nativa solúvel. Foram testadas expressão a baixa temperatura (18 °C) seguida de sonicação contendo glicerol 5 e 10 %, expressão utilizando estresse osmótico (utilizando betaína e sorbitol) e expressão utilizando meio autoindutivo assim como nos itens 5.5, 5.12, e 5.13. Devido à insolubilidade da proteína utilizando diferentes condições de expressão e diferentes tampões de sonicação, foi desenhado primer senso a fim de remover uma possível região transmembrânica. A região foi encontrada utilizando a ferramenta Serp Server (http://services.mbi.ucla.edu/SER) que faz a predição a partir da sequência primária de aminoácidos. Uma nova clonagem foi realizada utilizando o vetor pET28a contendo a sequência codificadora da serino protease como template e primer senso 73 (GGATCCGGTGAAAATTTATATTTTCAAGGTCTGCTGTGTTGGGAAGC) chamado de Serine_NoTransmembrane), desenhado com a finalidade de remover a sequência codificadora da região transmembrânica. Estão destacados o sítio para Bam HI grifado e o sítio para TEV protease em negrito. 7.8) Amplificação da sequencia codificadora da serino protease do SBMV utilizando primer Serine_NoTransmembrane. Idem item 5.22. 7.9) Digestão enzimática e defosforilação do vetor de expressão pET28a Idem item 5.23. 7.10) Ligação do DNA em vetor de expressão pET28a Idem item 5.23.2. 7.11) Transformação em célula competente (TOP 10) Idem item 5.26. 74 7.12) Purificação do plasmídeo recombinante Idem item 5.25. 7.13) Transformação em célula competente (E. coli linhagem DH5 ) Idem item 5.26. 7.14) Testes de expressão e purificação Idem item 5.28.1. 8) PROTEÍNA DO MOVIMENTO DO SBMV A partir do vetor pET28a contendo a ORF1 do SBMV, diversas estratégias de expressão da proteína nativa solúvel foram testadas: - a baixa temperatura (18 °C) seguida de sonicação contendo glicerol 5 e 10 % de glicerol. -estresse osmótico (utilizando betaína e sorbitol) - expressão utilizando meio autoindutivo. - utilizando screening de detergentes nos tampões de sonicação (triton X-100 0,5 %;tween 20 0,5 % e N-Lauril-sarcosina 0,2%). 75 8.1) Expressão e purificação sob condições desnaturantes utilizando pET28a Foram transferidos 5 mL de pré inóculo para um novo tubo contendo 250 mL de meio líquido seletivo (LB + canamicina e cloranfenicol 100 g/mL). O tubo foi mantido sob agitação e aeração a 37 °C por 2 h e em seguida foi feita uma leitura da amostra em espectrofotômetro. A indução de expressão foi feita com IPTG 0,5 mM por 4 h. Em seguida, o meio foi centrifugado a 3.000 x g por 20 min. O “pellet” foi ressuspendido em 20 mL tampão de lise (20 mM fosfato de potássio, 500 mM NaCl e 6 M Guanidina). A solução foi submetida a 6 pulsos de 15 s a 300 W em sonicador (Marconi - MA 103) para lise celular. A purificação foi feita em coluna de afinidade utilizando resina de níquel (ProBond) conforme instruções do fabricante (Invitrogen). 8.2) Análise em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) 15% Idem item 5.6. 8.3) Reenovelamento proteína do movimento do SBMV: Foram utilizados protocolos de diluição simples em tampão Tris.HClpH 7,5 contendo 0,2 M NaCl, 1 mM DTT e 1 M NDSB201 [3(1-pyridinio)-1-propane sulfonate], a 4 oC, no qual solução com guanidina 6 M contendo proteína de interesse (1 mg/mL) foi diluída até à concentração 10 – 100 µg/ml. Também foram feitos experimentos de diálise em membrana de celulose com exclusão de 3.000 Da (Fisherbrand). As amostras de proteínas eluídas em tampão contendo 8 M de uréia ou 6M de guanidina, foram dialisadas contra 1 L de tampão acetato pH 5,0 contendo 1% glicerol até que a concentração de equilíbrio chegasse a 0,01 M uréia ou guanidina. A diálise teve duração de 76 24 h com duas trocas de tampão. 8.4) Concentração das amostras purificadas Após a diálise, as amostras contendo a proteína purificada foram concentradas em dispositivos de ultrafiltração AMICON (3.000 Da) conforme instruções do fabricante (Millipore) a uma rotação de 4.000 x g a 10 °C. 8.5) Dicroísmo Circular Idem item 5.19. 9) RESULTADOS: CAPA PROTEICA DO RSPaV 9.1) Análise da sequência de aminoácidos da proteína recombinate da capa proteica do RSPaV usando o pacote de ferramentas EXPASY O resultado da análise da proteína capsidial recombinante do RSPaV utilizando o programa ProtParam, mostrou que ela é composta por 294 aminoácidos (com uma massa molecular de 29197.1 Da), possui um ponto isoelétrico predito de 8.4, um índice de instabilidade predito de 47.16, classificando-a como instável, um índice alifático de 69.25 epredomínio dos aminoácidos Alanina (10,2 %) e Glicina (8,9 %) como evidenciado nas figuras 12 e 13. 77 MGSSHHHHHHSSGLVPRGSHMASMTGGQQMGRGSM A S Q V G K L P S E S N E A YE A R LK A L E L A R A Q K A P E V S SQ P P T L G G I L A K R K R V I E N A LS K T V D M R E V L R H E S V V L S P NV M D E G A I D E L V R A F G E S G I AE N V Q F D V A I D I A R R C S D V G SS Q R S T L I G K S P F C E L N R S E IA G I I R E V T T L R RF C M Y Y A K I V W N I H L E T G I P P A N W A K K G FN E N E K F A A F D FF L G V T D E S A L E P K G G V K R A P T K A E M V A N IA S F E V K V L R Q T M A E G K R S S NL G E I S G G T A G A L I N N P F A N VT H E Figura 12. Sequência de aminoácidos da proteína da capa proteica recombinante do RSPaV clonada emvetor pET28a. Os aminoácidos em vermelho e grifados correspondem à sequência do vetor pET28a que contém a cauda de histidina; em pretocorrespondem à sequência de aminoácidos codificadas pela ORF5(capa proteica) do RSPaV. Figura 13. Quantidade e porcentagem de cada aminoácido presente na CP do RSPaV. A predição da estrutura secundária baseada na sequencia primária de aminoácidos da capa proteica do RSPaV pelo método de McGUFFIN, BRYSON; JONES (2000), utilizando o programa PSIPRED, mostrou uma estrutura secundária contendo predomínio de α-hélice em relação a β-folha e random coil como mostrado na figura 14. 78 Figura 14. Predição da estrutura secundária a partir da sequência de aminoácidos da capa proteica do RSPaV utilizando o programa PSIPRED. 79 9.2) Expressão da proteína a 37 ºC Em SDS-PAGE 10% (Figura 15) ficou evidenciada a expressão de uma proteína com cerca de 29 kDa (~26 kDa referentes à proteína da capa proteica do RSPaV + 3.7 kDa referentes à sequência que contém a cauda de histidina codificada pelo pET28a). A proteína capsidial do RSPaV purificada sob condições desnaturantes usando resina à basede Níquel também foi aplicada no mesmo gel. A partir de agora, a proteína recombinante de 29 kDa, será denominada CP-RSPaV. 9.3) Western blot Foram feitos dois SDS-PAGE idênticos, um foi corado com comassie (figura 13) e outro para realização de western blot (figura 16) utilizando anticorpo monoclonal anti-histidina, que reagiu especificamente com uma proteína de 29 kDa. Dessa forma, conclui-se que a proteína detectada é a de interesse. Figura 15. SDS-PAGE 10% evidenciando expressão em E. coli e purificação da proteína capsidial do RSPaV usando resina à base de Níquel. (M) Marcador molecular (Fermentas). Testes de Expressão: (1) Antes da indução com IPTG, (2) 3 horas após indução com IPTG 0,4 mM (3) Capa protéica recombinante do RSPaV purificada sob condições desnaturantes. 80 Figura 16. "Western blot" utilizando gel idêntico ao da figura 13 evidenciando reação imunológica com anti-soro monoclonal anti – histidina (M) Marcador molecular BenchMark pré-corado (Invitrogen) Testes de expressão: (1) Antes da indução com IPTG. (2) 4 horas após indução com IPTG 0,5 mM.(3) Capa proteica Recombinate do RSPaV purificada. Após confirmação da expressão da CP-RSPaV 37 ºC foram feitos experimentos a fim de obter a proteína na fração solúvel após a etapa de lise celular. Após nova expressão a 37 ºC, oextrato celular da foi dividido em dois tubos e cada tubo foi sonicado com um tampão de lise diferente: Tampão A: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 1 % Triton X-100, 1 % Tween 20 pH 7,5). Tampão B: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 10 % Glicerol pH 7,5) A fração solúvel de cadaexperimento foi utilizada no processo de purificação da proteína sob condição nativa (item 4.9.2) e antes da etapa de eluição com Imidazol 5µL da resina foram coletados e aplicados no gel. Como controle, a fração insolúvel foi utilizada no processo de purificação sob condição desnaturante. 81 Como evidenciado na figura 17, não foi possível obter a proteína de interesse na fração solúvel, e a fração insolúvel utilizada como controle confirmou a presença da expressão da CPRSPaV. Figura 17. SDS-PAGE 12 % evidenciando expressão em E. coli e purificação da proteína capsidial doRSPaV a 37 ºC. (M) Marcador molecular (Invitrogen). Testes de Expressão: (1) Antes da indução com IPTG, (2)3 horas após indução com IPTG 0,5 mM (3) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição desnaturante.(4) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise A. (5) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise B. 9.4) Expressão a 17 ºC e 25 ºC Muito tem sido feito no sentido de obter metodologias que possibilitem e otimizem a expressão de proteínas solúveis. Uma das estratégias mais conhecidas para produção de proteínas recombinantes solúveis é a expressão a baixas temperaturas (SCHEIN, 1989). Sabe-se que as interações hidrofóbicas que levam à formação dos agregados protéicos são altamente favorecidas pelas altas temperaturas (KIEFHABER et al, 1991). Além disso, baixas temperaturas inibem a produção de “heat shock” proteases e aumentam a produção de chaperonas (FERRER et al, 82 2004). Algumas proteínas podem ser solubilizadas com agente não desnaturante (por exemplo, Larginina, N-Lauril Sarcosina, Sulfobetaína, Tampão Tris pH 12,5 com ou sem uréia 2M). As figuras 18 e 19 mostram que mesmo utilizando baixas temperaturas a CP-RSPaV permaneceu em corpos de inclusão utilizandos os tampões de lise A e B e D. Tampão A: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 1 % Triton X-100, 1 % Tween 20 pH 7,5) Tampão B: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 10 % Glicerol pH 7,5) Tampão C: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 1 mM PMSF, 0,2 %N-Lauril Sarcosina pH 7,5) Tampão D: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 1 mM PMSF, 0.5 MSulfobetaína pH 7,5) No entanto, o tampão C contendo baixa concentração do detergente N-Lauril Sarcosina foi eficiente na solubilização da proteína de interesse. 83 Figura 18. SDS-PAGE 12 % evidenciando os ensaios de solubilizaçãoda proteína capsidial doRSPaV expressa a 17 ºC(M) Marcador molecular (Invitrogen).(1)5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição desnaturante utilizados como controle da expressão.(2) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise A. (3) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise B.(4) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise C.(5) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise D. Figura 19. SDS-PAGE 12 % evidenciando os ensaios de solubilizaçãoda proteína capsidial doRSPaV expressa a 25 ºC(M) Marcador molecular (Invitrogen) (1)5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição desnaturante utilizados como controle da expressão (2) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise A (3) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise B (4) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise C (5) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando tampao de lise D. 9.5) Expressão utilizando extresse osmótico e choque térmico e expressão utilizando omeio auto-indutivo A figura 20 evidencia que outras estratégias como o a expressão utilizando o meio auto- 84 indutivo proposto por STUDIER (2005) e a utlização dométodo do estresse osmótico e choque térmico proposto por OGANESYAN et al. (2006) não foram eficientes na obtenção da proteína de interesse na fração solúvel quando as células foram lisadas comtampão contendo 100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 10 % Glicerol pH 7.5. Figura 20. SDS-PAGE 12 %(1)pellet bacteriano a partir de 30µL de cultura contendo células não induzidas com IPTG. (2) pellet bacteriano a partir de 30µL de culturacrescida em meio auto-indutivo após 48h. (3) pellet bacteriano a partir de 30µL de cultura após 16h de indução com IPTG utilizando método do estresse osmótico e choque térmico. (4) pellet bacteriano a partir de 30µL de cultura após 3h de indução com IPTG 37ºCusado como controle. (M) Marcador molecular Invitrogen. (5) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando a fração solúvel do sonicado do extrato celular do meio auto-indutivo.(6) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição sob condição nativa utilizando a fração solúvel do sonicado do extrato celular utilizando o método do estresse osmótico e choque térmico. (7) 30µLde cultura após 3h de indução com IPTG a 37 ºC. 9.6) Arctic Express Embora baixa temperatura de cultivo seja uma estratégia para aumentar a expressão de proteína solúvel, as chaperoninas da E. coli, que facilitam oenovelamento adequado de proteínas, 85 perdem a atividade em temperaturas reduzidas. Alinhagem de céluas Arctic Express co-expressa Chaperoninas Cpn10 e Cpn60 adaptadas ao frio, a partir da bactéria psicrofílica, Oleispira antarctica. Estas chaperoninas têm alta atividade de enovelamentoa temperaturas 12 °C. Os testes de expressão a 12 °C utilizando esta linhagem celular não foram eficientes na obtenção de proteínas na fração solúvel após a sonicação do extrato celular como mostra a figura 21. O extrato celular induzido foi dividido em dois tubos e cada amostra foi sonicada com um tampão de lise diferente: Tampão A: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 1 % Triton X-100, 1 % Tween 20 pH 7,5). Tampão B: (100 mM NaH2PO4, 300 mM NaCl, 20 mM β- mercaptoetanol, 10 % Glicerol pH 7,5) A fração insolúvel foi utilizada no processo de purificação sob condição desnaturante como controle. 86 Figura 21. SDS-PAGE 12 %(M) Marcador molecular Invitrogen. (1) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição da purificação da fração insolúvel, o corpo de inclusão, sob condição desnaturante. (2) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição da purificação da fração solúvel utilizando o tampão A. (3) 5µL da resina coletados antes da etapa de eluição da purificação da fração solúvel utilizando o tampão B. 9.7) Purificação e reenovelamento da proteína recombinante expressa a 37 ºC Efetivamente, apenas 1 a 5 % das ORFs expressas em sistemas heterólogos tiveram suas estruturas resolvidas. Isso se deve, principalmente, à dificuldade de obtenção de proteínas solúveis (SHEN et al., 2005).Quando nenhuma das estratégias é eficiente e, as proteínas continuam presentes apenas nos corpos de inclusão, inevitavelmente, as metodologias envolvendo o uso de agentes desnaturantes passam a ser utilizadas. Os corpos de inclusão podem conter, além das proteínas, outros tipos de polipeptídeos, fosfolipídios e ácidos nucléicos, dependendo do sistema de expressão e condições de crescimento (VALAX; GEORGIOU, 1993). A presença desses contaminantes pode reduzir e prejudicar, significativamente, o processo de reenovelamento das proteínas de interesse (MAACHUPALLI-REDDYet al., 1997). Dessa forma, o corpo de inclusão foi lavado em etapas utilizando Triton X-100 a 1 %, deoxicolato a 2 % e 87 uréia 0,5 M. Esse procedimento adicional contribuiu significativamente para o sucesso nos experimentos de reenovelamento das proteínas. Após intensa lavagem do corpo de inclusão conforme mencionado no item 4.15 a pureza da proteína purificada conforme descrito no item 4.8 foi avaliada analisando gel de poliacrilamida 12 % (figura 22). Não existe um tampão universal para o reenovelamento, é necessário testar diferentes condições e limitar o que é mais eficiente para cada proteína (YASUDA et al., 1998). A melhor forma de reenovelamento, diálise ou diluição, não pode ser deduzida com base em propriedades moleculares das proteínas. O procedimento adequado deve ser determinado caso a caso (RUDOLPH; LILIE, 1996). Na maioria dos tampões utilizados nos experimentos de reenovelamento houve precipitação total das proteínas, no entanto os tampões R3 e R8 a maior parte das proteínas permaneceram solúveis após 20.000 g 18 ºC por 60 min (Figura 23). Figura 22. SDS-PAGE 12 % corado com nitrato de prata.(M) Marcador molecular (Invitrogen). (1) (2) (3) (4) e (5): etapas da eluiçãoda CP-RSPaV recombinante (6): Resina 88 Figura 23. SDS-PAGE 12 % evidenciando sobrenadante dos testes de reenovelamento após 20.000 x g por 60min. (M) Marcador molecular Invitrogen. 1,2,3,4,5,6,7 e 8 correspondem ao sobrenadante dos testes de reenovelamento com os tampões R1,R2,R3,R4,R5,R6,R7 e R8 respectivamente. 9.8) Dicroísmo Circular Os espectros do dicroísmo circular foram obtidos utilizando aparelho Jasco, de 190 a 260 nm, para estimar o conteúdo de estrutura secundária e a qualidade da proteína. Tendo em vista que os resultados fornecidos pelos métodos utilizados pelos programas SELCON3, CDSSTR, e CONTINL são similares, os valores apresentados relativos às frações de estrutura secundária da proteína refletem as médias dos resultados obtidos com os três programas. A deconvolução do espectro mostrou que a estrutura secundária continha (80 %) α-hélice, (3 %) folha-β, (10 %) voltas e (7 %) desordenado (Figura 24). 89 80 60 2 -1 deg cm decagrame ) 40 20 0 -20 -40 -60 -80 -100 -120 -140 200 210 220 230 240 250 260 (nm) Figura 24. Espectro do dicroísmo circular da capa proteica do RSPaV. A conformação da proteína consiste em (80 %) α-hélice, (3 %) folha-β, (10 %) voltas e (7 %) desordenado. 9.9) Ensaios de Cristalização As proteínas obtidas a partir da expressão a 17 ºC lisadas com tampão contendo N-Lauril Sarcosina (item 5.4) e as proteínas renoveladas utilizando o tampao R3 foram concentradas até 4 mg/ mL, aplicadas em gel de poliacrilamida SDS-PAGE (figura 25) para verificação da pureza e então iniciaram-se os ensaios de cristalização com os Kits Cristal Screen 1 e 2, testando 96 condições diferentes. As placas foram incubadas em sala refrigerada a temperatura constante de 18 °C e pôde-se perceber a presença de precipitados cristalinos, alguns precipitados escuros, e a presença de pequenos cristais em forma de agulha, no entanto nenhuma condição apresentou cristal difratável quando analisado no Laboratório Nacional de Luz Sincrontron. Essas placas estão sob intensa observação e algumas condições de refinamento estão em andamento com o objetivo de se conseguir cristais difratáveis para os futuros estudos estruturais. 90 Figura 25. SDS-PAGE 12 % evidenciando a proteína CP-RSPaV purificada. (M) Marcador molecular Invitrogen.(1) CP-RSPaV reenovelada. (2) CP-RSPaV purificada sob condição nativa utilizando tampào de lise com 0,2 % de N-Lauril Sarcosina. 9.10) Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS) É ideal que a amostra a ser cristalizada seja homogênea. DLS é uma técnica que permite estimar a distribuição de tamanho das populações de partículas que estão presentes na solução. Proteínas com distribuição monomodal têm maior probabilidade de produção de algum tipo de cristal. Se existir agregação entre moléculas isso é reconhecido pelo aumento do RH. A maioria das soluções proteicas, tanto amostras de VPg como de CP, mostraram agregados protéicos com raio hidrodinâmico maior que 100 nm. No caso da CP, agregados maiores que 500 nm eram formados quando a proteína concentrada (5 mg/mL) era estocada por aproximadamente 24h a 4ºC. Variando-se concentração proteica, valores de pH, concentração salina e concentração de aditivos foi possível reduzir o RH em até 10 vezes chegando próximo a 10 nm. Diferentes sais 91 foram utilizados nos tampoes das amostras de proteínas baseando-se na série de Hofmeister (Fig 24), que ordena os íons de acordo com suas propriedades cosmotrópicas/caotrópicas. Ânions cosmotrópicos e cátions caotrópicos estabilizam proteínas, enquanto ânions caotrópicos e cátions cosmotrópicos as desestabilizam (ZHAO, 2005; YANG 2009). Ânions e cátions cosmotrópicos são formadores da estrutura da água (“water structure-makers”), fortemente hidratados, possuem uma forte interação com as moléculas de água. Esses íons proporcionam uma camada de hidratação muito bem estruturada e coesa e levam ao efeito salting-out, ou seja, solubilizam proteínas. A posição de um íon na série de hofmeister é determinada essencialmente pelo seu grau de hidratação. Figura 26. Serie de Hofmeister, as espécies à esquerda do ânion Cl - são chamadas de cosmotrópicos, enquanto as especies à direita são chamadas caotrópicos. Ao contrário do cosmotrópico um ânion caotrópico como o SCN- possui baixa afinidade pela água e alta polarizabilidade, preferindo assim ligar-se à interface água-proteína, desestabilizando a estrutura proteíca (COLLINS; NEILSON; ENDERBY, 2007). Cátions possuem um efeito relativamente menos dominante que ânions com mesma densidade de carga, pois, os últimos são mais polarizáveis e mais fortemente hidratados (COMBARIZA; KESTNER; JORTNER, 1994, GROSSFIELD; REN; PONDER, 2003). 92 9.10.1) . Resultados DLS CP RSPaV. Utilizando tampões Tris 10 mM e 150 mM KCl 1 mM DTT pH 7.0,Tris 10 mM e 150 mM NaCl 1 mM DTT pH 7.0 ou Tris 10 mM e 150 mM NaF 1 mM DTT pH 7.0, foram obtidos resultados semelhantes com relação ao raio hidrodinâmico (Figuras 27 e 28). Figura 27. Ilustração das medidas de DLS da proteína da capa proteica do RSPaV. 93 Figura 28. Plotagem de 10 aquisições de 10 segundos cada referentes à proteína da Capa Proteica do RSPaV. Estes resultados mostram que mesmo conseguindo diminuir o raio hidrodinamico das amostras proteicas ainda não foi obtida total desagregação. A tendência de agregação de proteínas de capsídios já foi, muitas vezes, relatada na literatura tanto para vírus humanos como vírus vegetais. Existem dúvidas sobre o processo termodinâmico da montagem do capsídio a partir das proteínas da capa proteica. (BANCROFT, 1967; ZANDI et al., 2004). De fato, para muitos vírus, incluindo Hepatitis B virus da (HBV), Human Papilloma virus (HPV), Cowpea Chlorotic Mottle virus, BromeMosaic virus, Broad BeanMottle virus, Sindbis virus, and Tobacco Mosaic virus (TMV), proteínas da capa proteica formam espontaneamente capsídios em determinadas concentrações, salinidade, pH e temperatura (CERES and ZLOTNICK, 2002; ZANDI and REGUERA, 2005; WINGFIELD et al., 1995). Sabe-se que altas concentrações de determinados sais evitam o self-assembly de proteínas formadoras de capisídio (BANCROFT et al., 1967) assim como a remoção de Ca 2+ (SPEIR et al., 1995). No entanto mesmo associando-se às condições de alta força iônica (>500mM NaCl) a agentes quelantes (por ex: EDTA, o qual quela o cálcio em pH maior que 7) não foi possível obter amostras com RH menores que 10 nm. 94 9.11) Amplificaçao usando primers com sítio para TEV protease Os mesmos plasmídeos utilizados nestes experimentos de expressão e purificação foram incluídos nas reações de PCR utilizando os primers com sítio de clivagem para TEV protease. Inicialmente apresentaram-se alguns problemas relativos àdimerização dos primers que foram solucionados com adição de 5 % de DMSO na reação e possibilitando a amplificação de uma única banda como é evidenciado na figura 29. Figura 29. Gel de agarose 1% evidenciando amplificação da sequência relativa a CP do RSPaV. (M) Marcador Molecular Fermentas Middle Range. (A), (B) (C) e (D) produto amplificado. 9.12) Clonagem do fragmento da cp em vetor pMAL A sequência codificadora da Capa Proteica do RSPaV foi amplificada utilizando primers com sítios para Bam HI e Hind III e em seguida clonada em vetor pMAL. Após clonagem uma 95 digestão utilizando as mesmas enzimas foi realizada para de investigar a presença do inserto liberado para confirmação do sucesso do experimento (figura 30). Figura 30. Gel de agarose 1,5% evidenciando liberação do fragmento de aproximadamente 800 pb referente à sequência codificadora da CP do RSPaV clonada em vetor de expressão pMAL. (M) Marcador molecular Fermentas Middle Range. (C) Plasmídeo Controle digerido apenas com enzima Bam HI. (P) Plasmídeo digerido com enzimas Bam HI e Hind III. Para confirmar a inserção do sítio de clivagem para a TEV protease, as amostras foram sequenciadas e alinhadas utilizando o e o Multalin: (http://prodes.toulouse.inra.fr/multalin/multalin.html). Um refinamento das sequências obtidas com baixa qualidade foi realizado utilizando oBioEdit Sequence Alignment Editor. 9.13) Sequenciamento do gene da capa preteica do RSPaV, confirmando sucesso na inserção do sítio de clivagem para TEV protease 96 O gene daproteína capsidial do RSPaV que foi expressa, purificada e submetida a ensaios cristalográficos, foi sequenciado utilizando os mesmos primers usados na clonagem. O sequênciamento nos dois sentidos de leitura permitiu um alinhamento que confirmou a presença do sítio da TEV protease como mostrado na figura 31. Figura 31. Alinhamento das sequências referentes ao gene da capa proteica do RSPaV. A seta verde no topo da figura indica a sequência de nucleotídeos referentes ao sítio da TEV protease. 97 9.14) Purificaçãoda TEV protease Figura 32. SDS-PAGE 10 % evidenciando amostrasda TEV purificada utilizando resina à base de Níquel. (M) Marcador molecular; (1,2,3 e 4) Etapas da eluição da TEV protease. 9.15) Digestão enzimática das proteínas expressas clonadas em vetor pET28a (his-tag) e vetor pMAL (MBP) utilizando TEV protease Após inserção do sítio de clivagem para TEV protease, as proteínas foram expressas e purificadas como já descrito, e então utlizadas para testes de clivagem, que envolveu proteínas codificadas pelas sequências inseridas no vetor pET28a e em vetor pMAL. 98 Figura 33. SDS-PAGE 10 % evidenciando amostras proteicas após purificação e e digestão com TEV protease.(A1) Amostra controle contendo proteína CP do RSPaV de 28 kDa fusionada à Maltose binding protein de 43 kDa, totalizando uma massa molecular de aproximadamente 71 kDa.; (A2) Amostra contendo proteína CP do RSPaV fusionada à MBP misturada com TEV protease por 16h a 4 ºC; (A3) Amostra contendo proteína CP do RSPaV fusionada à MBP misturada com TEV protease por 16h a 22 ºC; (M) Marcador Molecular GE protein mixture.; (B1) Amostra controle contendo proteína CP do RSPaV fusionada à His-tag. (B2) Amostra contendo proteína CP do RSPaV misturada com TEV protease por 16h a 4 ºC; (A3) Amostra contendo proteína CP do RSPaV fusionada à His-tag misturada com TEV protease por 16h 22 ºC. Como observado na figura 34, a digestão foi eficiente apenasem experimentos envolvendo proteínas expressas utilizando vetor pMAL, a qual é fusionada à MBP. A digestão não foi eficiente nos experimentosenvolvendo a proteína contendo his-tag, provavelmentedevido à presença do detergente N-Lauril Sarcosina, o qual pode não ter sido totalmente removido durante as etapas de diálise, prejudicando a atividade da protease. 9.16) purificação da proteína digerida utilizando TEV protease. 99 Após digestão utilizando a TEV protease aproteína de interesse foi isolada utilizando resina à base de Níquel e posteriormente resina à base de amilose. Figura 34. SDS-PAGE 10 % evidenciando amostras proteicas após purificação,e digestão com TEV protease e posterior isolamento do fragmento de interesse (1) Maltose binding protein de 43 kDa; (M) Marcador Molecular GE protein mixture.; (2) Amostra contendo proteína CP do RSPaV fusionada à MBP antes da adição da TEV protease.; (3) Amostra contendo proteína CP do RSPaV fusionada à MBP 16 h após adição da TEV protease.;(4) Amostra contendo a Proteína CP do RSPaV isolada da Maltosee TEV protease. 100 9.17) Ensaios de cristalização após digestão utilizando TEV protease. Após isolamento do fragmento de interesse, correspondente à proteína capisidial do RSPaV, iniciou-se os ensaios de cristalização, as placas foram incubadas em sala refrigerada a uma temperatura constante de 18 °C e estão sob intensa observação, algumas condições de refinamento estão em andamento com o objetivo de se conseguir cristais difratáveis para os futuros estudos estruturais. 10) RESULTADOS E DISCUSSÃO: VPg DO SBMV 10.1) Análise da sequência de aminoácidos da proteína recombinante VPg do SBMV usando o pacote de ferramentas EXPASY O resultado da análise da proteína capsidial recombinante VPg utilizando o programa ProtParam (Figura 35), mostrou que ela é composta por 111 aminoácidos (com uma massa molecular de 12,295.6kDa), possui um ponto isoelétrico predito de 5.38 quando a cauda de histidina e a região polilinkerestão presentes. Após inserção do sítio de clivagem para TEV protease e remoção da cauda de histidina e região polilinker, ela apresenta 77 aminoácidos, massa molecular de 8,751.7kDa e ponto isoelétrico teórico de 4.29. MGSSHHHHHHSSGLVPRGSHMASMTGGQQMGRGST L P P D L S V I E I P FEDVETRSYEFIEVEIKGRGKAKLGKREFAWIPESG KYWADDDDDSLPPPPEVVDGKMVWTSAQE Figura 35. Sequência de aminoácidos da proteína VPg clonada emvetor pET28a. Os aminoácidos em vermelho e grifados correspondem à sequência do vetor pET28a que contém a cauda de histidina; em preto e negrito correspondem à sequência de aminoácidos da VPg do SBMV. 101 10.2) Expressão, purificação e concentração das proteínas VPg O rendimento a partir de 1 L de cultura de células, após o processo de purificação foi: 3 mL de VPg a 7 mg/mL, totalizando 21 mg de proteína pura por litro de cultura. A proteína VPg mostrou-se estável até à concentração de 11 mg/mL. A pureza das amostras foi verificada em SDS-PAGE 12 % e 15 % comomostra a figura 36. Figura 36. SDS-PAGE 15% corado com comassie evidenciando pureza da VPg do SBMV.(M) Marcador molecular Fermentas (VPg) Proteína concentrada. 102 10.3) Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS) 10.3.1) Resultados DLS VPg Os menores valores de raio hidrodinâmico (próximos de 10 nm) foram obtidos quando a VPg estava em tampão TrispH 7 e pH 8 e concentração de NaCl ou KCl maior ou igual a 150 mM (figuras 37 e 38). Figura 38. Ilustração das medidas de DLS da proteína VPg em tampão Tris 10 mM e 150 mM NaCl. Figura 37. Ilustração das medidas de DLS da proteína VPg em tampão Tris 10 mM e 150 mM KCl. 103 Figura 39. Plotagem de 20 aquisições de 20 segundos cada, referentes à proteína daVPg do SBMV. Em tampão tris com pH 9 ou maior e em pH 6 ou menor evidenciou-se aumento no valor do raio hidrodinâmico. O mesmo aconteceu com concentração de NaCl e KCl menor que 100 mM. Após encontrar a melhor condição utilizando a técnica de DLS (Tris 10 mM e 150 mM KCl) uma nova purificação foi feita utilizando este tampão desde a etapa de sonicação, na tentativa de evitar agregação antes, durante e depois da etapa de purificacão, pois algumas proteínas uma vez agregadas podem não mais desagregar em seu estado nativo. As causas mais frequentes de agregacao não específica de proteínas são condições sub-ótimas dos solventes e contaminação por outras proteínas. Desta forma muito tempo foi gasto nesta etapa do projeto, pois mesmo apresentando alto grau de pureza e uma populacão protéica monomodal a amostra ainda permanecia com um RH relativamente alto. Tentou-se reverter a formação de agregados incluindo cossolventes que desestabilizam as interações proteína-proteína. Foram usadas baixas concentrações de cossolventes carregados são usadas para evitar interações eletrostáticas que podem facilitar a agregação (SHARME, 2000; NEAGU, 2001; TIMASHEFF, 1998). Outra estratégia é a utilização de espécies caotrópicas que interagem com grupos peptídicos prevenindo interações intermoleculares que levam à agregação (LU, 2001; EDWIN, 2002; BALDWIN, 1996). A adição de açúcares e álcoois poli-hídricos que interagem com a proteína mais 104 fracamenteque com a água (TIMASHEFF, 1998), alguns aminoácidos, e agentes redutores como DTT e beta-mercaptoetanol, que inibem a formação de pontes dissulfeto não nativas, podem também prevenir a agregação de proteínas. As placas dos experimentos que utilizaram a VPg apresentaram cristais em 14 condições e algumas delas podem ser visualizadas na figura 40. Figura 40. Algumas condições em que a proteína VPg apresentou cristais. A proteínaVPg quando em tampão contendo 150 mM de KCl cristalizou em 4 dias, diferente de quando estava em 150 mM de NaCl que necessitou de 21 dias para cristalizar. 105 A utilização de luz UV para diferenciação de cristais de sais e proteínas confirmaram a natureza proteica dos cristais (Cristais de sal não fluorescem sob Luz UV, ao contrário de cristais proteicos que fluorescem devido ao triptofano) como pode ser vizualiadonas figuras 41e 42. Figura 41.Cristais de VPg fluorescendo quando iluminados por UV Figura 42.Cristal de VPg Mesmo conseguindo vários cristais de VPg e em diferentes condições, foram feitas otimizações tentando conseguir cristais maiores, uma vez que os maiores cristais tinham apenas 106 100 µm. Algumas placas otimizadas estão no Desy sob observação, assim como as placas dos experimentos de micro batch, micro seeding e streak seeding. Alguns cristais foram escolhidos pelo professor Christian Betzel e foram utilizados para testes de difração nas instalações do Petra III situado no Desy, onde há uma poderosa fonte de luzque possibilita a análise de cristais pequenos, pois gera raios X de altissíma intensidade. No entanto, não foi possível fazer um bom recolhimento de dados, desta forma iniciaram-se experimentos com a finalidade de remover os 34 aminoácidos codificados pelo pET28a, que incluem a his-tag. Mesmo conhecendo os inúmeros benefícios que as tags podem trazer à proteína, há relatos na literatura mostrando que a adição datag pode alterar a conformação proteica (CHANT et al., 2005), alterar a atividade biológica (FONDA et al,. 2002), e resultar em uma flexibilidade não desejada em estudos estruturais (SMYTH et al., 2003). 10.4)Amplificação da sequência codificador da VPg usando primers com sítio para TEV protease Experimentos iniciais mostraram que o pET28a, contendo a sequência codificadora da VPg, não poderia ser usado como template para nova clonagem, uma vezque reações contendo pET28a vazio (C-) amplifica bandas de aproximadamente 200 e 300 pares de bases (figura 43). 107 Figura 43. Gel nativo de agarose 1 %.M: Marcador molecular DNA Ladder 100 bp (Invitrogen);C+: reação controle utilizando como template o pET28a contendo sequência codificadora da VPg. C-: Reação controle onde o template é o pET28a (vazio) sem inserto. Para superar este problema, folhas de feijoeiro infectadas pelo SBMV foram utilizadas para purificação do vírus. Após a purificação, partículas virais foram utilizadas como fonte de RNA,um cDNA foi feito utilizando o primer antissensoe utilizado como template da reação de PCR. 10.5) Purificação das partículas virais Uma fração do vírus purificado foi observada em gel SDS-PAGE 12 % (Figura 44). Observou-se uma única banda de aproximadamente 30 kDa referente à proteína capsidial do vírus. A amostra não apresentou contaminante mostrando a eficiência do procedimento de purificação. A relação da leitura da absorbância à luz ultravioleta 260 nm/280 nm foi de 1,648. 108 Os dados de absorbância permitiram o cálculo da concentração viral que foi de aproximadamente 10 mg/ml. Figura 44. SDS-PAGE 12% evidenciando a proteína capsidial das partículas virais purificadas. (M) Marcador para proteínas Dalton Mark VII-L (Sigma), valores representados em kDa. (1) Proteína capsidial do SBMV. 10.6) Extração do RNA viral do SBMV A partir do vírus purificado, o RNA viral foi extraído, purificadoe analisado em gel de agarose 1 % evidenciando banda com massa molecular de aproximadamente 4,2 kb, 109 correspondente ao RNA genômico do SBMVe evidenciando também poucos sinais de degradação (Figura 45). Figura 45. Análise do RNA viral extraído de partículas purificadas de SBMV em gel de agarose 1 %. (M): Marcador de tamanho molecular em kb; (R): RNA com 4,2kb. 10.7) Amplificação da sequ6encia codificadora da VPg a partir do cDNA O RNA purificado foi utlizado na construção do cDNA e, então, utilizado como template em diferetes condições de PCR (figura 46). 110 Figura 46. Gel de agarose 1%evidenciandodiferentes reações de PCR utilizando cDNA como template. (M): Marcador de tamanho molecular em kb; (1, 2, 3 e 4) Fragmento de 300 pb amplificado em diferentes reações de PCR. Os fragmentos amplificados referentes ao gene da VPg (300 pb) foram clonados em vetores pET28a e pMAL-c2x. A confirmação da clonagem foi realizada utilizando plasmídios recombinantes digeridos durante 1 hora a 37 ºC com as enzimas Bam HI e Hind III. Como esperado, foi liberado um fragmento de DNA com mesmo tamanho do DNA amplificado (300 pb para VPg) como verificado na figura 47. 111 Figura 47. Gel nativo de agarose 1 % evidenciando digestão enzimática dosvetores recombinates pET28a e pMAL-c2x.. (M): Marcador molecular DNA Ladder 100 pb (Invitrogen). (1): Fragmento referente ao DNA plasmidial pMAL-c2x na parte superior do gel e fragmento liberado de aproximadamente 300 pb referente ao gene da VPg. (2): Fragmento referente ao DNA plasmidial pET28a na parte superior do gel e fragmento liberado de aproximadamente 300 pb referente ao gene da VPg. 10.8) Sequenciamentro e alinhamento VPg Diferentemente das sequências referentes aos genes da CP do RSPaV e MP do SBMV, as sequências referentes ao gene da VPg, obtidas através da reação de Big Dye, apresentaram alinhamento desordenado, principalmente pela baixa qualidade das sequências obtidas quando utilizado o primer senso (Figura 48). 112 Figura 48. Alinhamento de uma única sequência obtida utilizando primer reverse comparada com a sequência original do gene da VPg. 10.8.1) Refinamento do alinhamento utilizando BioEdit Utilizando apenas as sequências obtidas utilizando primer reverse, foi possível fazer o alinhamento através do BioEdit, mostrando o sucesso na inserção do sítio da TEV protease. Figura 49. 113 Figura 49. Alinhamento das sequências referentes ao gene da proteína VPg do SBMV. A seta verde indica a sequência de nucleotídeos referentes ao sítio da TEV protease. 10.9) Expressão e purificação da proteína do movimento Testes iniciais de expressão e purificação da proteína do movimento utilizando pMALc2x não mostraram resultados satisfatórios e o estabelecimento de um protocolo ideal está em andamento. 10.9.1) Expressão e purificação da VPg utilizando pMAL-c2x A proteína VPg fusionada à Maltose Binding Protein de 43 kDa foi expressa e purificada de acordo com os itens 6.1 e 6.2. Frações referentes às etapas de eluição foram aplicadas em 114 SDS-PAGE 12 % confirmando eficiência do processo de purificação como mostrado na figura 50. Figura 50. SDS-PAGE 15 %evidenciando amostrasda VPg-MBPpurificada utilizando resina à base de Amilose. (M) Marcador molecular; (1 a 7) Etapas da eluição utlizando tampão contendo 10 mM de maltose. Esta proteína VPg-MBP foi concentrada e uma fração foi utilizada para ensaios cristalográficos como descrito no item 11. Outra fração foi utilizada para testes de digestão enzimática adicionando TEV protease como já descrito e pôde ser confirmado através de SDSPAGE como mostrado na figura 51. 115 Figura 51. SDS-PAGE 15 % . (M) Marcador molecular; (1 e 2): amostras digeridas pela TEV protease evidenciando bandas referentes à MBP (seta preta) e VPg (seta vermelha) Após digestão enzimática, foi realizada uma nova purificação por troca iônica, utilizando colunas mono-Q acoplada ao AKTA purifier a fim de separar VPg, MBP e TEV protease. Esta etapa não foi eficiente, uma vez que a VPg se liga fortemente à coluna e sua eluição só é possível utilizando pH elevado a ponto de desnaturar a proteína. Para evitar a utilização da coluna monoQ, a purificação foi realizada com sucesso utilizando expressão a partir do vetor pET28a como pode ser observado nos resultados item 10.8.2. 10.9.2) Expressão, purificação e concentração da VPg utilizando pET28a A proteína VPg foi purificada primeiramente contendo a região polilynker e acauda de histidina. Posteriormente, a TEV protease foi utilizada para digestão proteica na proporção 1:50 e, em seguida, uma nova purificação foi realizada, removendo a protease e a tag. A pureza das amostras foi verificada em SDS-PAGE 15 % comomostra a figura 52. A digestão foi realizada na presença e na ausência de EDTA. 116 Figura 52. SDS-PAGE 15 % evidenciando digestão enzimática. (M) Marcador molecular; (A): VPg fusionada à his-tag purificada; (B) VPg-his6 digerida com TEV protease. (seta preta = TEV protease; seta verde = VPg; seta vermelha = polylinker+his6);(C): VPg-his6 digerida com TEV protease na presença de EDTA; (D e E): VPg isolada. Como observado na figura 52, a partir da proteína recombinante de 112 aminoácidos, foi possível remover os 34 aminoácidos codificados pelo pET28a (polilynker + 6His), permitindo a purificação de uma proteína VPg contendo 78 aminoácidos, com sequência idêntica à da proteína codificada pelo vírus na natureza. Esta remoção de aminoácidos alterou muito pouco o ponto isoelétrico da proteína, passando de 5.7 para 4.5, permitindo assim utilizar as mesmas condições de tamponamento já utilizadas em experimentos anteriores. O tamanho da proteína foi reduzido em aproximadamente 3,5 kDa, passando de 12,5 kDa para 9 kDa, aumentando significantemente sua solubilidade, conforme pôde ser verificado no seguinte experimento:500 µL de proteínas com e sem a tag foram concentradas até 20 mg/mL, centrifugadas por 15.000 x g por 30 minutos a 10 ºC e, em seguida, o precipitado ressuspendido em 10 µL de tampão de amostra para aplicação em SDS-PAGE 15 % (Figura 53). 117 Figura 53. SDS-PAGE 15 % comparando o precipitado de amostras contendo Histag e amostras com a Histag removida. (M): Marcador molecular; (VH6): VPg fusionada a Histag precipitada a partir de amostras centrifugadas;.(V): VPg com Histag removida precipitada após centrifugação. Utilizando comprimento de onda 260 nm e 280 nm, e gel de agarose corado com brometo de etídio, foi verificada total remoção de material genético da amostra. 10.10) Ensaios de cristalização Mesmo com grandes avanços nas últimas décadas no campo da cristalografia, a obtenção de cristais adequados para coleta de dados ainda representa o "bottleneck" na determinação de estruturas. Infelizmente, a cristalização de proteínas ainda é um método de tentativa e erro que pode consumir muito tempo, por isso foram iniciados os “screenings” a partir da obtenção de soluções de proteínas estáveis e apenas as melhores condições com relação à pureza e polidispersividade foram utilizadas. As placas contendo os “screenings” iniciais das condições de cristalização realizados pelo método de difusão de vapor por gota sentada utilizando o robô 118 Honeybee 961 (Genomic Solutions Ltd) são checadas semanalmente. Experimentos realizados com a capa proteica não apresentaram cristais. 10.11) Efeito do TFE na estrutura secundária da VPg do SBMVmonitorado atravé de dicroísmo circular As propriedades estruturais da VPg purificada na ausência e na presença de TFE foram investigadas por espectroscopia UV-CD. O espectro de CD da VPg na ausência de TFE apresentavam características estruturais de uma proteína intrinsecamente desordenada sendo seu mínimo próximo de 205 nm e uma elipicidade negativa em 190 nm (Figura 54). A Figura 51 mostra que a adição de TFE na solução tampão induziu a formação de α-hélice, baseada na elipicidade positiva a 190 nm, uma pequena mudança de 205 a 209 nm, e aumento na na elipicidade negativa a 222 nm. A tabela 2 representaas porcentagens de estruturas secundárias de VPg realizadas com o programa CONTINLL. Os cálculos de estrutura secundária são consistentes com a discussão feita anteriormente, indicando a propensão de formação de α-hélice com incremento de TFE, a partir de 8 a 15 %. Como resultado da formação de α-hélice, a porcentagem de estrutura aleatória diminuiu de 37 para 31%. Outras estruturas secundárias apresentaram ligeiras flutuações ou diminui com a adição de TFE, o que sugere que estas estruturas constituem um núcleo estável de VPg. Tabela 2 Porcentagens de estruturas secundárias da proteína VPg na ausência e presença de TFE TFE (%) 0 10 20 30 α-hélice (%) 8 8 9 15 Folha-β (%) 31 33 35 32 Voltas(%) 24 23 23 22 aleatórios (%) 37 36 33 31 119 Figura 54. Espectros de UV-CD da VPg na ausência (linha preta), presença de TFE 10 % (linha vermelha), 20 % (linha laranja) e 30 % (linha amarela). 10.12) Interação da sonda ANS A ligação da sonda ANS na proteína VPg foi monitorada utilizando espectroscopia de fluorescência no estado estacionário. A ANS é uma sonda que pode ser utilizada para investigar as mudanças estruturais em proteínas. Esta sonda apresenta uma elevada afinidade para ambientes hidrofóbicos em proteínas, dando origem a um aumento da fluorescência, significativamente com um deslocamento para o azul, característica da sua emissão máxima. O espectro de fluorescência da ANS em tampão fosfato de sódio aumentou na presença de VPg (Figura 55). Esta mudança na emissão de fluorescência para o azul é característico da ligação da ANS àsregiões em que a proteína está desestruturada. A presença de TFE em solução tampão provavelmente induziu a estabilização das estruturas secundárias da VPg, uma vez que o TFE compete por ligações de hidrogénio com moléculas de água, permitindo desse modo, que a proteína faça ligações de hidrogênio em sí mesma. 120 Figura 55. Espectro da emissão da fluorescência da sonda ANSligada à VPgna ausência (linha vermelha) epresença de TFE 30 % (linha amarela). Emissão de ANS em tampão fosfato na ausência (linha preta) e presença de TFE 30 % ( linha laranja) 10.13) Efeito do dATP e TFE no raio hidrodinâmico da VPg. Utilizando dATP 1mM, dATP 1mM combinado com TFE e TFE 30 % foi possível diminuir o raio hidrodinâmico da amostra de VPg purificada, obtendo valores muito similares no tamanho do complexo proteico, como pode ser observado nas figuras 56 a 57. Estes resultados indicam que dATP 1 mM e TFE 30%, podem, independentemente, reduzir o tamanho do complexo proteico. Mostra ainda, que a presença do TFE 10%, não diminui o raio hidrodinâmico do complexo proteico. 121 Figura 57. Ilustração das medidas de DLS da proteína da VPg do SBMV na presença de tampão contendo Figura 56. Ilustração das medidas de DLS da proteína da VPg do SBMV na presença de tampão contendo 1 mM dATP e 30 % TFE. Figura 58.Ilustração das medidas de DLS da proteína da VPg do SBMV na presença de tampão contendo 1 mM d ATP. Figura 59. Ilustração das medidas de DLS da proteína da VPg do SBMV na presença de tampão contendo 30 % de TFE. 122 10.14) NMR Ressonância magnética nuclear de hidrogênio por diferença de transferência de saturação (STD-RMN) foi utilizada para avaliar a interação entre VPg e dATP, dCTP, dGTP, dUTP e adenina. Quando o experimento foi repetido utilizando dATP na ausência de VPg nenhum sinal foi observado. O local de ligação para cada nucleotídeo esta mostrado com suas respectivas porcentagens de STD. Para dATP (Figura 60-a), o próton do H em C8 foi encontrado como o principal responsável pela ligação da VPg. Outros locais de ligação detectados são os prótons de H no C1 ', C2' e C3 'da ribose. Quando a adição de 30% de TFE, temos observado o mesmo padrão como na figura 58-a. Para dCTP (Figura 60-b), o próton do H em C5 da pirimidinae os prótons de H em C1 e C2 parecem ser igualmente importantes para o reconhecimento da VPg. Para dGTP (Figura 60-c), o próton do H em C8 parece ter pouca importância na ligação da VPg. Assim como no caso de dCTP, os prótons de H em C1 e C2 são os principais responsáveis pela interação observada entre dGTP e VPg.. Estes resultados indicam que tanto dCTP como dGTP utilizam a ribose como os principais epitopos de ligação. Já o dATP, usa o motivo purina como a principal ligação e os resultados sugerem um reconhecimento molecular mais específico para este nucleotídeo. 123 Figura 60. Espectro de RMN de 1H mapeando locais de interação entre VPg e os ligantes: (a) dATP; (b) dCTP; (c) dGTP; (d) dTTP. Figura 61. Espectro de RMN de 1H mapeando locais de interação entre VPg e adenina. 124 11) RESULTADOS: SERINO PROTEASE 11.1) Sequenciamento da região codificadora da serino protease do SBMV Após sequenciamento do fragmento do vetor pET28a, utilizando primers que flanqueiam o promotor T7, foi possível confirmar o sucesso nas etapas de clonagem envolvendo a inserção do sitio para TEV protease (Figura 62). Figura 62. Alinhameto das sequências codificadoras da serino protease do SBMV. Utilizando a sequência codificadora do sítio de clivagem para TEV protease, alinhada juntamente com as sequências obtidas no sequênciamento, foi possível confirmar sucesso na inserção da sequência do sítio de clivagem, a qual está contida no primer senso (Figura 63). 125 Figura 63. Sequenciameto mostrandosucesso nainserção do sítio de clivagem para TEV protease. As sequências referentes ao sítio para TEV protease estão delimitadas pela linha verde. 11.2) Teste de solubilidade da Serino protease do SBMV Após confirmação do sucesso nas etapas de clonagem, foram realizados diversos experimentos com objetivo de obter a proteína de interesse solúvel, após lise celular seguida de centrifugação (Figura 64). Figura 64. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de western blot após expressão proteicaseguida de lise celular. P: Precipitado da expressão 18° Cpor 16 h. M: marcadorde massamolecular pré corado, 1 e 2: sobrenadantes da expressão 18 °C utilizando tampao de sonicação 126 contendo 10 e 15 % de glicerol respectivamente.3 : Sobrenadante da expressão a 18°C utilizando tampão de sonicação contendo 0,2% de NLS 4:Sobrenadante da expressão utilizando estresse osmótico. 5: Sobrenadante da expressão utilizando meio auto indutivo. 11.3) Predição da porção N-terminal da serinon protease do SBMV A predição da proteína classificou a sequência de aminoácidos das posições 1 a 6 e 3 a 38 (Laranja) como possível peptídeo sinal e classificouas sequências de aminoácidos das posições 7 a 29 e 39 a 62 (Verde) como possível região transmembrânica (Figura 65). Figura 65. Predição da estrutura secundária da serino protease do SBMV. 11.4) Amplificação da sequência codificadora da serino protease utilizando primer a fim de reduzir a proteína em 64 aminoácidos O primer senso, nomeado Serine_NoTransmembrane, permitiu a amplificação de DNA que codifica a serino protease do SBMV, com exceção destes 64 aminoácidos supracitados, os 127 quais dificultavam a obtenção da proteína expressa solúvel. A proteína passou a ser chamada de serino (-64). Figura 66. Gel de agarose 1 % evidenciando a amplificação da sequencia codificadora da serino protease do SBMV, antes (Ser1) e depois (Ser2) da remoção dos nucleotídeos codificadores da região transmembrânica. Figura 67. Gel de agarose 1% evidenciando a amplificação da sequência codificadora da serino protease obtida utilizando colônias bacterianas transformadas como fonte de DNA para reação de PCR usando primer serino_Notransmembrane. 11.5) Sequenciamento da região codificadora da serino protease após remoção da porção N-terminal 128 Figura 68. Resultado do sequenciamento da serino protease indicando sucesso nas etapas de clonagem. 11.6) Teste solubilidade da Serino protease do SBMV após remoção da porção Nterminal Após remoção da região transmembrânica da serino protease (-64), novos testes de expressão e purificação foram realizados. Várias estratégias comprovaram amanutenção da solubilidade da proteína após lise celular. 129 Figura 69. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de western blot após expressão proteicaseguida de lise celular. M: marcador de massamolecular pré corado. De 1 a 7 correspondem aos sobrenadantes após lise celular seguida de centrifugação. 1 e 2: sobrenadantes da expressão 18°C utilizando tampao de sonicação sem glicerol e contendo 15% de glicerol respectivamente.3: Sobrenadante da expressão a 18° C utilizando tampao de sonicação contendo 0,2 % de NLS 4:Sobrenadante da expressão utilizando estresse osmótico. 5: Sobrenadante da expressão utilizando meio auto indutivo. 6: Sobrenadante da expressão utlizando linhagem pLysS. 7: Sobrenadante da expressão utlizando linhagem Star™ (DE3). 11.7) Expressão e purificação serino(-64) Após confirmação da expressão da serino (-64) e manutenção de sua solubilidade após lise celular seguida de centrifugação, foram iniciados testes de expresão e purificação em larga escala (Figura 70). Figura 70. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de western blot após expressão proteicaseguida de lise celular. P: precipitado obtido após lise celular. M: marcadorde massamolecular pré corado, SN: sobrenadante obtido após lise celular seguida de centrifugação. R: aliquota da resína a base de 130 níquel após passagem total do sobrenadante através da coluna. E: fraçao da etapa de eluição utilizando tampão contendo 300 mM de imidazol. C: BSA 50 mg/ mL utilizado como controle. A proteína expressa e purificada em larga escala foi analisada em SDS-PAGE 15 % (Figura 71). Figura 71. M: Marcador de massa molecular; T células de E. coliapós centrifugação do meio de cultura após indução por 10 horas. SN1: sobrenadante após lise celular seguida de centrifugação. SN2 sobrenadante após adição de polietilenemina seguida de centrifugação. Ser: Fração da eluição com tampão contendo imidazol. R: alíquota contendo a resina usada na purificação após eluição. Após confirmação da purificação da proteína, ela foi concentrada e utilizada em experimentos de interação descritos no item 8.6. 12) RESULTADOS: PROTEÍNA DO MOVIMENTO 12.1) Expressão da provável MP em vetor pET28a 131 Utilizando a linhagem E. coli linhagem BL21(DE3)-RIL transformada com pET28a contendo a sequência codificadora da ORF1 do SBMV, proteína do movimento recombinante expressa foi purificada em coluna contendo resina à base de níquel (Figura 72). Figura 72. Gel de poliacrilamida 12% mostrando a expressão da proteína de aproximadamente 22 kDa (MP-His). (M) Marcador para proteínas, Bench Mark Protein Ladder (Invitrogen); (A) Amostra-controle contendo pET28a sem inserto. (B) 1 h de indução de amostra contendo pET28a recombinante, (C) MP-His purificada (17 kDa referente à MP + 5 kDA referente à cauda de histidina). 12.2) Dicroísmo circular após reenovelamento Após expressão, purificação e reenovelamento, a proteína do movimento recombinante foi concetrada a 5 mg/mL e usada em experimentos de dicroísmo circular. Utilizando tampão 10 mM fosfato de sódio e 50 mM NaF, foi possível avaliar as porcentagens de estruturas secundárias. 132 Figura 73. Espectro do dicroísmo circular da MP reenovelada. 25 % Alfa hélice., 39 % Folha beta,18 % Turns,18 % Desordenado. 12.3) Avaliação da interação entre MP do SBMV reenovelada e outras proteínas virais Através de western blot foi possível propor que a MP do SBMV pode interagir com serino protease e proteína capsidial do SBMV. A membrana de nitrocelulose contendo as proteínas VPg, Serino protease, proteína capsidial, LAAO e BSA, foi incubada com MP reenovelada, a qual foi imobilizada nas regiões da membrana contendo serino protease e contendo a proteína capsidial. Diversas lavagens contendo tween 20 não desligaram a proteína que foi detectada utilizando anticorpo policlonal específico para a MP. Pode-se propor ainda, que a região transmembrânica da serino protease não é essencial para esta interação. Já a VPg, mesmo em altas concentrações, não mostrou interação através de western blot, no entanto mostrou interação quando aplicada diretamente na membrana de nitrocelulose e avaliada através de dot blot. As proteínas LAAO e BSA foram utilizadas como controle, mostrando que mesmo 20 vezes mais concentradas, não interagemcom a MP assim como não reage com anticorpos policlonais contra a MP. 133 Figura 74. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de western blot.LA: LAAO, BSA albumina de soro bovino. MP proteína do movimento recombinante. Se: serino protease sem a regiao transmembranica. CP: proteína capsidial obtida através da aplicação direta de vírus SBMV purificado no gel de poliacrilamida. VPg proteína VPg do SBMV purificada. M marcador de massa molecular pré corado. 12.4) Dot blot utilizando proteínas que não interagiram com a MP As proteínas aplicadas no gel e transferidas para membrana de nitrocelulose, que não interagiram com a MP (VPg, LAAO e BSA), foram aplicadas diretamente na membrana em experimento de dot blot. A membrana foi submetida às mesmas condições do experimento de western blot supracitado. 134 Figura 75. Membrana de nitrocelulose usada em experimento de dot blot. MP: proteína do movimento recombinante. VPgH6 proteína VPg do SBMV contendo cauda de histidina; VPg proteína VPg do SBMV após remoção da cauda de histidina; LAAOL-amino-acid oxidase de Bothrops ; BSA albumina de soro bovino. 12.5) Amplificação usando primers com sítio para TEV protease A partir de plasmídios contendo as sequências codificadoras da MP, usados como template, foram feitas reações de PCR visando a inserção do sítio da TEV protease e posterior clonagem nos plasmídio pET28a e pMAL-c2x. 12.6) Amplificação dos gene da MP utilizando primes com sítio para TEV protease O produto da reação de PCR, amplificado com os oligonucleotídeo senso contendo os sítios da Bam HI e da TEV protease, foi analisado em gel nativo de agarose 1%, apresentando única bandade aproximadamente 500 pb correspondente ao fragmento de tamanho esperado para o possível gene codificador daproteína do movimento (Figura 76). O fragmento amplificado foi purificado e ligado aos vetores pET28a e pMAL-c2x (Figura 77). 135 Figura 76. Gel nativo de agarose 1 % evidenciando o fragmento de 500 pares de bases amplificado por PCR. C+: reação controle utilizando como template o pET28a contendo sequência codificadora da MP onde o primer foward não tem sítio para TEV protease. A: reação utilizando como template o pET28a contendo sequência codificadora da MP onde o primer forward tem sítio para TEV proteaseM: Marcador molecular DNA Ladder 100bp (Invitrogen); C-: Reação controle onde o template é o pET28a sem inserto. É evidente a maior intensidade da banda referente ao controle C+, uma vez que o oligonucleotídeo senso possui elevado número de bases (48 bases), dificultando assim o anelamento ao template, mesmo em temperaturae concentração salina ideal. 136 Figura 77. Gel nativo de agarose 1 % evidenciando digestão enzimática dosvetores recombinates pET28a e pMAL-c2x. (M): Marcador molecular DNA Ladder 100 pb (Invitrogen); (3): Fragmento referente ao DNA plasmidial pMAL-c2x na parte superior do gel e fragmento liberado de aproximadamente 500 pb referente ao gene da MP; (4): Fragmento referente ao DNA plasmidial pET28a na parte superior do gel e fragmento liberado de aproximadamente 500 pb referente ao gene da MP. 12.7) Sequenciamento e alinhamento MP O gene da proteína do movimento do SBMV foi sequenciado utilizando os mesmos primers usados na clonagem. O sequênciamento nos dois sentidos de leitura permitiu um alinhamento que confirmou a presença do sítio da TEV protease como mostrado na figura 78. 137 Figura 78. Alinhamento das sequências referentes ao gene da proteína do movimento (MP) do SBMV. A seta verde no topo da figura indica a sequência de nucleotídeos referentes ao sítio da TEV protease. 13) CONCLUSÕES 1- Na primeira etapa deste projeto, foi possível testar diferentes construções dos vetores de expressão e selecionar os mais adequados aos ensaios de purificação, baseando-se na solubilidade, estabilidade e monodispersividade das soluções proteicas. 138 2- Os protocolos estabelecidos neste projeto de pesquisa permitem a expressão e obtenção de grandes quantidades de proteína recombinante com alto grau de pureza. 3- Os resultados obtidos através de dicroísmo circular mostram que as proteínas estão estruturadas e adequadas para realização de experimentos de interação com possíveis ligantes e ensaios de cristalização. 4- Os resultados obtidos através de DLS mostram que em determinadas concentrações proteicas, condições salinas e de pH, é possível obter amostras monomodais mesmo não obtendo a proteína na forma monomérica. 5- Os resultados desta tese lançam as bases para futuros testes de cristalização e posterior resolução das estruturas tridimensionais. 14) EXPERIMENTOS REALIZADOS PARALELAMENTE AOS EXPERIMENTOS VINCULADOS AO PROJETO DE PESQUISA Durante os últimosmeses, além dos experimentos envolvidos neste projeto de pesquisa, a expressão e purificação deproteínas de Corynebaterium pseudotuberculosis também têm sido realizadas, visando a obtenção de cristais para posterioir estudos estruturais. C. pseudotuberculosis é uma bactéria que causaelevados prejuízos à pecuária de caprinos e ovinos. Vetores pD444 contendo genes codificadores das proteínas formamidopyrimidine-DNA glycosylase (mutM1), formamidopyrimidine-DNA glycosylase (mutM2), proteína quinase PknG e Fosfolipase D de C. pseudotuberculosis, todas contendo His tag, foram expressas, purificadas utilizando resina à base de níquel. Posteriormente, foram ainda, purificadas através de troca iônica seguida de gel filtração. As proteínas foram submetidas a ensaios de cristalização e alguns cristais iniciais indicam que o estudo é promissor. O refinamento das condições está em andamento e sob intensa observação. 139 Figura 79. SDS-PAGE 12 % evidenciando purificações parciais de 3 proteínas envolvidas neste projeto. (MM) Marcador molecular; (PknG): Proteína quinase PknG; (M1) Proteína DNA glicosilase mutM1. (M2) Proteína DNA glicosilase mutM2. Figura 80. SDS-PAGE 12 % evidenciando purificações da PLD e PknG. (M) Marcador molecular; (1): PLD. (2, 3, 4 e 5): Proteína quinase PknG. 140 Figura 81. Cristais iniciais de PknG, PLD e mutM2 de C. pseudotuberculosis. 141 15) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, M. J., et al. The new plant virus family Flexiviridae and assessment of molecular criteria for species demarcation. Archives of Virology, v. 149, p. 1045-1060, 2004. ALLEWELDT, G.; DETTWEILER, E. The genetic resources of Vitis: world list of grapevine collection, 2 ed. BAZ IRZ Geilweilerhof, Siebeldingen, 1994. AMORIM, L.; KUNIYUKI, H. Doenças da videira. In: Kimati, H., Amorim, L., Bergamin, A., Camargo, L.E.A., Rezende; J.A.M. (Eds) Manual de Fitopatologia, v.2: Doenças de plantas cultivadas. São Paulo: Agronômica Ceres. p.736-757, 1997. AMI, D. et al. Structural analysis of protein inclusion bodies by Fourier transform infrared microspectroscopy. Biochim. Biophys, 2006. BALDWIN, R. L. On-pathway versus off-pathway folding intermediates. Fold. Des.1:R1–R8, 1996. BANCROFT, J. B., HILLS, G. 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