2 Preparação de amostras de óleo lubrificante e diesel para introdução no ICP OES 2.1 Técnicas de preparação de amostras de combustíveis e óleos derivados de petróleo Em geral, para se utilizar uma técnica espectrométrica de análise, é necessário que as amostras sejam submetidas a algum tipo de tratamento para que estas se tornem compatíveis com a técnica utilizada. A escolha desses procedimentos de preparação é crítica para o sucesso de uma metodologia, assim, vários fatores, tais como a simplicidade, custo, tempo de preparação, perigos de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA contaminação da amostra, fator de diluição etc, devem ser considerados. Em especial, as análises de petróleo e derivados são, geralmente, um desafio analítico devido à complexidade dessas matrizes, que possuem características tais como: alta volatilidade e /ou viscosidade e requerem procedimentos apropriados tanto de preparação quanto para a sua introdução no espectrômetro. Isto significa que uma manipulação prévia é fundamental para transformar essas amostras em formas fisicamente compatíveis com os dispositivos de introdução e também com os sistemas de atomização/vaporização e excitação. O tratamento da amostra deve também vislumbrar a minimização de prováveis interferências da matriz que afetam as características metrológicas do método analítico. Assim, principalmente no caso da espectrometria de emissão atômica com fonte de ICP, o tratamento deve minimizar a carga orgânica introduzida, pois esta diminui a estabilidade do plasma, reduz a energia disponível para ionização excitação do analito e aumenta o sinal de emissão de fundo, que por sua vez, são fatores que estão ligados à sensibilidade do método e relacionados com a viabilização do uso de procedimento de calibração que proporcionem exatidão e precisão dos resultados através de uma boa correlação entre os sinais dos padrões e da amostra. Muito embora os grandes avanços observados na introdução de amostras (vaporização eletrotérmica ou por ablação a laser, suspensões, etc), grande parte das técnicas espectrométricas requerem que as amostras estejam na forma líquida. Em especial, em ICP OES, as amostras precisam ser introduzidas por meio de um 38 sistema nebulizador/câmara de nebulização, para garantir a formação de um aerossol cujas gotículas sejam pequenas o suficiente para alcançar o interior do ICP e serem eficientemente vaporizadas60. Muitos procedimentos têm sido utilizados para tratar amostras de óleos combustíveis e lubrificantes, derivados do petróleo previamente a uma medida espectrométrica. A seguir discutiremos brevemente os principais métodos destacando suas vantagens e desvantagens do ponto de vista do procedimento analítico. 2.1.1 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA Dissolução ácida da amostra pirolisada O procedimento tradicional de preparação de amostras de petróleo e derivados é o de pirolisar amostra em cadinho aquecido em mufla a 250 0C (por 1 h) e a 600 0C (por 4 h), reduzindo o material a cinzas e destruindo grande parte da matéria orgânica. Esse material é então dissolvido com ácidos minerais fortes. Alternativamente, a amostra pode ser tratada com ácido sulfúrico à quente e depois todo esse material é aquecido até a evaporação e queima total. O resíduo é então dissolvido em ácido mineral inorgânico. Esse método se tornou padrão (ASTM – IPC) e algumas variações do mesmo podem ser encontradas57,61. Esses procedimentos, além de apresentarem desvantagens claras, pois são trabalhosos e demorados, acrescentam um alto risco de contaminação das amostras e a possibilidade da perda de analito durante o aquecimento na forma de material volátil (espécies organometálicas). 2.1.2 Diluição direta em solventes orgânicos Estes tipos de amostra também podem ser dissolvidos diretamente em um solvente orgânico apropriado. Nos procedimentos de diluição direta, a escolha do sistema de solvente orgânico é um fator importante, principalmente se considerar 39 a compatibilidade com o método de introdução de amostra empregado e com as possíveis alterações na estabilidade do plasma. A diluição da amostra com solventes orgânicos é um procedimento atrativo por ser simples e poder ser facilmente automatizado. Porém, a introdução de um excesso de solvente orgânico no plasma causa um profundo efeito sobre suas características de descarga, provocando sua instabilidade e até sua possível extinção. Processos de vaporização e dissociação do solvente absorvem energia do plasma, reduzindo as populações de estados de níveis excitados49. Boorn e Browner62 sugeriram que a presença de alta carga de vapor absorve energia de radiofreqüência no canal central do plasma, reduzindo sua temperatura de excitação e seu sinal analítico. Assim, a introdução de solvente orgânico requer um aumento de pelo menos, 500 W na potência do plasma para se alcançar condições de excitação similares àquelas existentes em introdução de amostras PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA aquosas. Mesmo com o aumento de potência, a sensibilidade das determinações ainda pode ser severamente degradada pois os aerossóis e vapores gerados destes solventes podem reduzir a temperatura axial no plasma e, conseqüentemente, suprimir a produção de íon excitado do analito. A sensibilidade pode ainda ser afetada pelo aumento de emissão de fundo do plasma produzido por moléculas emitentes tais como C2 e CN e o grafite (C). Um gás auxiliar (O2) geralmente é necessário para minimizar o sinal de fundo emitido por espécies de carbono assim como diminuir os depósitos de carbono na tocha. Conseqüentemente, a limitação da quantidade de carbono orgânico no plasma é benéfica49, 62, 63. O procedimento de diluição direta requer, necessariamente, o uso de padrões organometálicos para quantificação. Além de serem caros, esses padrões organometálicos são relativamente instáveis (deposição do metal nas paredes do recipiente de estoque) e voláteis, o que provoca mudança na concentração do analito nas soluções estoque e nas de calibração afetando a exatidão dos resultados analíticos. Diferenças na sensibilidade dos sinais também podem ser verificadas em padrões feitos com diferentes compostos organometálicos de um mesmo analito14,50,64. Em casos mais críticos, os padrões organometálicos utilizados para calibração não são necessariamente iguais às espécies do analito que se encontram na amostra. No caso dos óleos lubrificantes, partículas metálicas, decorrentes do desgaste físico, e espécies organometálicas, decorrente de corrosão química, 40 coexistem. Existe evidência experimental que tanto a eficiência de nebulização, quanto à fração do analito volatilizado e atomizado podem diferir significantemente para partículas suspensas e compostos organometálicos dissolvidos ou íons inorgânicos65. Tuell e colaboradores66 propuseram que, no caso dos óleos lubrificantes, padrões feitos com óleo base contendo uma massa de analito na forma de metal pulverizado seriam mais apropriados na análise de óleos lubrificantes usados. Eisentraut e colaboradores16 verificaram que as magnitudes dos sinais das amostras também dependem criticamente do tamanho da partícula. A volatilidade da espécie também é fator crítico, assim espécies organometálicas teriam emissão máxima em uma zona do plasma diferente da zona de emissão do mesmo analito presente na forma de particulado e mesmo na forma de íons inorgânicos. A necessidade de diminuir tamanho de partículas metálicas presentes nas amostras de óleo lubrificante foi citada por estes mesmos autores, uma vez PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA que, a distribuição do tamanho da partícula na amostra é usualmente desconhecida. Adição de ácidos minerais na amostra de óleo, seguida de rápida agitação em banho ultra-sônico, foi sugerida como uma metodologia que eliminaria o problema dos diferentes tamanhos de partículas. No entanto, devido à imiscibilidade do óleo com a solução de ácido, não existe garantia do completo contato entre esses dois componentes e da minimização do tamanho das partículas50,65,85. 2.1.3 Decomposição ácida da amostra Para eliminar os problemas relacionados com as diferenças do sinal analítico entre diferentes espécies de um mesmo analito e minimizar problemas relacionados com as matrizes complexas, a mineralização das amostras com coquetel de ácidos inorgânicos fortes tem sido uma alternativa bastante utilizada. Na decomposição ácida, todas as espécies químicas do analito são convertidas em íons inorgânicos, o que facilita o procedimento de calibração por possibilitar o uso de soluções padrão aquosas como referência, já que as propriedades físicas e químicas da amostra tratada neste meio são similares aos dos padrões aquosos. 41 Componentes da matriz também são decompostos em espécies mais simples, minimizando a possibilidade de interferências65. Na tentativa de simplificar o procedimento de decomposição ácida, surgiram as técnicas usando decomposição em forno de micro-ondas. A princípio realizada em recipientes abertos, o processo de decomposição em forno de micro-ondas tornou-se mais eficiente e rápido quando feito sob pressão estando as amostras contidas em vasilhames fechados denominados bombas de digestão. Nas bombas de digestão, temperaturas mais altas são alcançadas e os ácidos, acima de seus pontos normais de ebulição, tem maior potencial de oxidação. Nessas condições, produtos reativos intermediários, que não seriam observados sob condições normais de pressão, são formados ajudando a decomposição das amostras. Como é realizado em ambiente fechado, esse procedimento minimiza riscos de contaminação pela atmosfera e pelos reagentes utilizados para decomposição, pois PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA estes são requeridos em pequenas quantidades. A perda de componentes voláteis muito embora diminuída, não é completamente eliminada56, 67, 68. O tempo requerido para a realização de um processo de decomposição é um dos pontos negativos desse procedimento. O processo completo, incluindo digestão, resfriamento, e transferência quantitativa da amostra para o balão volumétrico dura, no mínimo, 90 minutos. Além disso, o número de amostras que pode ser digerida ao mesmo tempo é pequeno, limitando a freqüência de análise. Outro agravante, é a possibilidade de perda de analitos pela formação de precipitados insolúveis no tratamento com alguns tipos de ácido48,50,65. As bombas de decomposição ácida são artefatos caros. Com o tempo existe chance de adsorção do metal nas paredes do recipiente19, acarretando riscos de contaminação ou perda de analito no processo. Essas bombas, têm vida útil limitada pois com o tempo o material se deforma e o vaso perde sua capacidade de vedação. Isso ajuda a aumentar os custos do tratamento. 42 2.1.4 Emulsificação da amostra Emulsões são sistemas heterogêneos contendo uma fase líquida, dispersa na forma de microgotas, em uma segunda fase líquida. Os componentes das emulsões têm pouca ou nenhuma solubilidade mútua, resultando em sistemas de estabilidade limitada que são mantidos por meios mecânicos (agitação dos componentes) ou por um terceiro componente que pode ser um surfactante (agente tensoativo) ou solvente comum aos dois componentes imiscíveis. Alguns autores fazem uma distinção entre emulsões e microemulsões, baseada nas características físico-químicas e no tamanho das gotículas. Assim, microemulsões são sistemas formados pela dispersão de gotas microscópicas e por isso são opticamente transparentes e termodinamicamente mais estáveis16, 36 . Pellizetti e Pramauro18 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA definem as microemulsões e emulsões como agregados usualmente contendo água, um hidrocarboneto como solvente, e um surfactante e/ou co-solvente (tipicamente um álcool com um grupo alquil de C3 a C8). Pela definição de Pellizetti e Pramauro, adotada nesse trabalho, dividiremos as emulsões em dois grupos. As emulsões com detergente (contendo surfactante como estabilizante) e as sem detergente (contendo o co-solvente como estabilizante do sistema). As emulsões do tipo O/W (óleo em água) tem microgotas de óleo, estabilizadas por uma camada de moléculas anfifílicas (interfase) do surfactante ou do co-solvente, dispersas no meio contínuo, no caso, a água. O diâmetro das partículas na fase dispersa, em uma emulsão, está entre 0,01 e 0,10 µm e a tensão interfacial produzida pelas moléculas do surfactante é inferior a 10 mN/m.77. A maior parte de trabalhos já publicados em análise de óleo cru, lubrificantes e combustíveis fazem uso de emulsões O/W, pois estas oferecem condições para dispersão homogênea da amostra de óleo com a minimização de carga orgânica, em geral necessária para o uso das técnicas espectrométricas69. A preparação de amostras de óleo na forma de emulsão é um procedimento atrativo por ser extremamente simples e rápido. Assim, como na diluição direta em solvente orgânico, a emulsificação exige um mínimo de manipulação da amostra, com praticamente o mesmo fator de diluição e com a vantagem da diminuição em até 90 % da carga orgânica da amostra. Em ICP OES, em particular, essas características atenuam os problemas relacionados com a 43 introdução da amostra, com a instabilidade do plasma, e o mais importante, minimiza-se interferências da matriz no sinal dos analitos48-50. Nas emulsões, as gotículas de óleo contendo os analitos de interesse estão homogeneamente dispersas na fase aquosa se comportando muito similarmente às soluções aquosas. Este fato, associado à acidificação do meio emulsificado, viabiliza os procedimentos de calibração que utilizam curvas de calibração feitas com padrões analíticos inorgânicos. A acidificação converte espécies organometálicas do analito ou particulados metálicos em espécies iônicas em solução, uniformizando as espécies de analito presentes na amostra. Tem sido demonstrado, que com o uso de emulsões acidificadas, correlações diretas podem ser feitas entre os sinais dos analitos na amostra e com os sinais dos analitos dos padrões inorgânicos aquosos. Essa conversão também aumenta a estabilidade da amostra em termos de estocagem, diminuindo as chances de adsorção das espécies PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA organometálicas do analito nas paredes do recipiente ou da precipitação do analito19,33,48,70. 44 2.2 Sistemas de introdução de amostras A maioria das amostras, particularmente aquelas encontradas em indústria petroquímica, não ocorre na forma ideal para introdução direta em espectrometria atômica. A introdução de amostra no plasma exerce um importante papel na produção de íons do analito e espécies interferentes. Para a introdução de amostras sólidas, gasosas e líquidas no plasma, uma grande variedade de artifícios tem sido usada. A introdução de amostras na forma de soluções líquidas tem sido a forma mais comum devido à homogeneidade obtida, facilidade de manuseio e de preparação de padrões. Assim, após apropriadamente processadas, estas soluções devem ser introduzidas geralmente por meio de um sistema constituído por um nebulizador e uma câmara de nebulização. Os nebulizadores mais utilizados são PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA os que operam com o princípio pneumático ou ultra-sônico. O sistema pneumático é o mais usado por ser simples e conveniente para a maioria dos problemas analíticos e será o único sistema abordado, uma vez que foi o utilizado neste trabalho. Dentre os que aplicam este princípio estão o nebulizador do tipo Meinhard, Cross-Flow, MAK (Cross-Flow fixo), Babington e outros60,71. Nebulizadores executam a função de converter amostras líquidas em aerossol, isto é, gotículas finamente divididas que são carreadas por um fluxo de gás (gás carreador). Este aerossol, que idealmente é representativo da composição original da amostra, é transportado pelo tubo central da tocha onde será injetado no canal central do plasma para subseqüente vaporização, atomização e ionização. A vazão de gás carreador em uma tocha convencional é otimizada na faixa de 0,8 a 1,2 L min-¹, que produz um tempo de residência das espécies no plasma entre 2 a 3 ms. Como o diâmetro dos capilares dos nebulizadores é, em geral, pequeno, existe facilidade de entupimento. A eficiência dos sistemas de introdução de amostras, isto é, a proporção da amostra que realmente é transportada para o plasma, é tipicamente da ordem de 3 a 5 %. A nebulização é uma função complexa dependente de parâmetros físicos, tais como, tensão superficial, viscosidade e densidade do líquido. Estes parâmetros portanto, devem ser mantidos os mais próximos possíveis para amostras e padrões usados na calibração visando à exatidão dos resultados analíticos72. 45 O aerossol formado pelo processo de nebulização, cria uma população de gotículas, com uma distribuição de tamanhos, cujo diâmetro médio varia de 1 a 80 µm. Quanto mais uniforme o tamanho da gotícula, mais precisos serão os resultados das determinações analíticas. Gotículas maiores requerem maior energia para vaporizar e atomizar, resultando em instabilidade local no plasma. Técnicas são usadas para classificar as gotículas antes do aerossol ser transportado para o plasma. Isto resulta em uma seleção, sendo introduzidas no plasma, preferencialmente, gotículas com pequeno diâmetro médio. A forma mais efetiva de monitorar esta classificação é o uso de uma câmara de nebulização a qual, fornece uma câmara de expansão e uma rota circular para as gotículas direcionarem-se ao plasma. As gotículas maiores, que apresentam maior momento, colidem com as paredes da câmara de nebulização onde são condensadas. Apenas as partículas de menores diâmetros sobrevivem a este PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA processo e são transportadas através do sistema. A seguir, faremos uma breve descrição dos nebulizadores e câmaras de nebulização utilizadas nesse trabalho71,72. 2.2.1 Nebulizador tipo Cross-Flow Este tipo de nebulizador consiste de dois tubos capilares, usualmente feitos de vidro ou quartzo, cada qual posicionado a 90 0 um do outro, tal que o fluxo de gás através de um capilar cria um diferencial de pressão na extremidade, o qual, aspira naturalmente à solução de outro tubo capilar a cerca de 1 mL min-1. A eficiência e desempenho do processo de geração de aerossol são altamente dependentes do alinhamento dos dois tubos capilares. A energia concedida pelo fluxo de gás libera o líquido e resulta na geração de um aerossol na extremidade do capilar, conforme mostra a Figura 1. Usualmente, a distribuição do tamanho da gotícula é muito grande para aerossóis gerados por este tipo de nebulizador. Melhores repetitividades podem ser obtidas, impulsionando a solução da amostra ao nebulizador através de uma bomba peristáltica. O bombeamento de solução minimiza variações na taxa de 46 transferência da amostra devido à variabilidade da viscosidade da amostra e tensão superficial71,72. Uma vez que a amostra passa por um dos capilares do nebulizador, pode ocorrer obstrução parcial ou bloqueio do mesmo, devido à presença de material particulado em suspensão, ou a uma extensão menor, pela concentração de sólidos dissolvidos nas amostras que precipitam na extremidade como resultado da evaporação do solvente. Esta obstrução parcial pode resultar em um processo irreprodutível da formação do aerossol. Este decréscimo na taxa de produção de aerossol resulta em uma perda variável de sensibilidade, que pode passar PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA despercebida pelo analista. Figura 1. Nebulizador pneumático “Cross-Flow” 2.2.2 Nebulizador Concêntrico O nebulizador concêntrico, também chamado de Meinhard, é o tipo de nebulizador pneumático mais popular. Consistido de um tubo capilar envolvido concentricamente por um outro de paredes mais grossas, este sistema se afunila de forma que o gás carreador, ao passar através do tubo externo, produz um gradiente negativo de pressão (efeito Venturi) ocasionando a aspiração da amostra no tubo mais interno, conforme Figura 2. Atualmente, vários tipos são disponíveis, entre 47 eles estão os tipos A, B, C’, C e K3 variando, principalmente, de acordo com a pressão. As especificações variam, mas um nebulizador típico apresenta uma vazão de gás carreador de 1 L min-1, resultando em uma aspiração da amostra através do tubo capilar a uma taxa entre 0,5 a 1 mL min-¹ , com a formação do aerossol na extremidade. Conforme acontece com o nebulizador cross-flow, amostras com material em suspensão ou alta concentração de sólidos dissolvidos, podem resultar PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA em obstrução parcial do nebulizador, inibindo assim, a formação do aerossol71. Figura 2. Nebulizador pneumático concêntrico do tipo Meinhard 48 2.2.3 Câmara de nebulização Scott-Fassel Câmaras de nebulização deste tipo, apresentam dois compartimentos, um interno e outro externo “double pass”. O aerossol entra pelo compartimento interno e é forçado a mudar a direção em 180 0C, retornando através do compartimento externo e deixando a câmara em direção ao plasma. Existe um dreno externo na mesma, para a remoção do solvente condensado (Figura 3). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA Existem muitas variações deste tipo de câmara, para aplicações especiais71. Figura 3. Câmara de nebulização Scott-Fassel 2.2.4 Câmara de nebulização Ciclônica Um segundo tipo de câmara de nebulização, utiliza um desenho ciclônico. Diferentemente da Scott-Fassel, que faz uso de dois compartimentos, a câmara ciclônica utiliza um fluxo de rotação tangencial em um compartimento circular. A força centrífuga do aerossol, à medida que admite um caminho circular na câmara, 49 força as gotículas maiores a colidirem com a parede da câmara e serem rejeitadas (Figura 4). As gotículas de menor diâmetro, são levadas através da câmara ao plasma. Usualmente, o volume interno de uma câmara ciclônica é pequeno (20-40 mL), reduzindo o tempo de lavagem por um fator de 2-3. O uso deste tipo de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA câmara apresenta um desenho simples e é de fácil operação. Figura 4. Câmara de nebulização Ciclônica 50 2.3 Objetivos Neste trabalho visa-se desenvolver uma metodologia analítica multielementar seqüencial para a determinação de metais refratários (Mo, Cr, V, Ti e Ni) em amostras de óleo lubrificante usado e óleo diesel. Para tal, será utilizada a espectrometria de emissão atômica em fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP OES). Propõe-se uma metodologia de emulsificação da amostra orgânica para sua introdução contínua no plasma via nebulização pneumática e usando câmara de nebulização ciclônica. A escolha da emulsificação da amostra deve-se à facilidade e rapidez do procedimento que propicia a redução da viscosidade da solução e da carga orgânica da amostra no plasma. Isso deve favorecer um comportamento da amostra similar ao de soluções aquosas o que PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0114357/CA possibilitará o uso de padrões inorgânicos para calibração. Finalmente, a metodologia analítica desenvolvida será validada por meio da análise de materiais de referência certificados, NIST SRM 1084a, 1085a, 1085b e 1634b. Além disso, realizar-se-á um estudo comparativo, em termos de desempenho analítico, com metodologias já estabelecidas, baseadas na decomposição ácida da amostra em sistema de microondas ou diluição direta em solventes orgânicos.