VALE
Teleconferência e webcast
Resultados do 1o trimestre de 2014
30 de abril de 2014
Português: 14h (Horário do RJ)
Introdução
Operadora: Bom tarde senhoras e senhores. Sejam bem vindos à teleconferência da Vale,
onde serão discutidos os resultados do primeiro trimestre de 2014. No momento, todos os
participantes estão conectados apenas como ouvintes. Mais tarde será aberta a sessão de
perguntas e respostas, quando então serão dadas as instruções para participarem desta
sessão.
Caso seja necessária a ajuda de um operador durante a teleconferência, basta teclar asterisco
zero. Cabe lembrar que está teleconferência está sendo gravada e traduzida simultaneamente
para o idioma inglês. Perguntas podem ser feitas normalmente pelos participantes conectados
no exterior. A gravação estará disponível no website da Empresa no endereço, www.vale.com,
seção de investidores. O replay desta teleconferência estará disponível por meio do telefone
+55 11 3193-1012 ou 2820-4012, código de acesso: 2352816#.
Essa teleconferência está sendo transmitida simultaneamente pela internet, também com
acesso pelo site da empresa.
Antes de prosseguir, gostaria de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas
durante essa teleconferência, relativas às perspectivas e aos negócios da Companhia, bem
como projeções, constituem-se em previsões baseadas nas expectativas da administração em
relação ao futuro da Vale. Essas expectativas estão sujeitas às condições macroeconômicas,
riscos de mercado e outros fatores.
Conosco, hoje, estão:
•
Sr. Murilo Ferreira – Diretor Presidente;
•
Sr. Luciano Siani – Diretor Executivo de Finanças e Relações com Investidores;
•
Sr. José Carlos Martins - Diretor Executivo de Ferrosos e Estratégia;
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•
Sra. Vânia Somavilla – Diretora Executiva de Recursos Humanos, Saúde e Segurança,
Sustentabilidade e Energia;
•
Sr. Galib Chaim – Diretor Executivo Projetos de Capital;
•
Sr. Humberto Freitas – Diretor Executivo de Logística e Pesquisa Mineral;
•
Sr. Peter Poppinga – Diretor Executivo de Metais Básicos e Tecnologia da Informação;
e
•
Sr. Clovis Torres – Consultor Jurídico
Inicialmente o senhor Murilo Ferreira fará os comentários sobre o desempenho da Vale no
primeiro trimestre de 2014, logo após estará disponível para responder as questões que
eventualmente sejam formuladas.
Agora gostaria de passar a palavra ao Sr. Murilo Ferreira. Por favor, pode prosseguir Senhor
Murilo.
Murilo: Boa tarde a todos. Bem vindos ao nosso webcast conferência. E obrigado a todos por
participarem para discutir os nossos resultados do primeiro trimestre que nós anunciamos hoje.
Nós temos o prazer de informar que a Vale teve um sólido desempenho operacional no
primeiro trimestre de 2014. Como vocês puderam ver, nós tivemos o nosso melhor
desempenho para um primeiro trimestre desde 2008, com o minério de ferro. Mas nós também
obtivemos recorde de produção de carvão e níquel, em qualquer primeiro trimestre da nossa
história. Em resumo, esse trimestre apresentou uma evolução positiva em todos os segmentos
de negócios apesar dos efeitos sazonais habituais de início de ano e de um ambiente de
preços mais desafiador. Nós queremos compartilhar com vocês a noticia que nós tivemos da
Moody’s, em abril, de mudar a perspectiva de rating da Vale, de neutra para positiva. Podem
ter certeza que mais do que o elogio, mais do que as palavras que nós lemos no relatório, isso
nos traz mais motivação, mais confiança no caminho que nós adotamos, que nós estamos
trilhando. Nós continuamos os nossos esforços para tornar cada vez mais a Vale uma empresa
mais eficiente e capaz de criar valor significativo para os seus acionistas numa base
sustentável. Primeiramente gostaria de falar sobre nosso desempenho financeiro, em seguida
falarei sobre o segmento de negócios.
Em termos de resultados financeiros, o nosso EBITDA atingiu mais de US$ 4 bilhões, na
verdade US$ 4,058 bilhões para ser mais preciso. Nós gostaríamos de fazer uma menção para
a nossa divisão de metais básicos, que contribuiu com US$ 549 milhões para o nosso EBITDA,
e está melhorando a cada dia. Reduzimos os custos e despesas líquidos de depreciação neste
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primeiro trimestre por US$ 218 milhões em comparação com o primeiro trimestre do ano
passado. Vocês se lembram que no primeiro trimestre do ano passado todos vocês apontavam
já o grande esforço e os grandes resultados de redução de custos. Nós continuamos nos
esforçando e pudemos apresentar esses resultados ainda hoje. Ao olharmos as despesas sem
depreciação, vemos que o SG&A diminuiu 20%, as despesas de pesquisa e desenvolvimento
diminuíram 15% e as despesas pré-operacionais e aquelas de parada de manutenção
diminuíram 33% em relação ao primeiro trimestre de 2013. O CAPEX totalizou US$ 2,6 bi no
primeiro trimestre do ano e o investimento para a manutenção das operações foi cerca de US$
750 milhões, 24% menos do que o gasto de manutenção no primeiro trimestre de 2013. Sem
colocar em risco qualquer programa nosso de manutenção. A dívida líquida caiu US$ 1,3 bi no
trimestre para apenas um pouco mais de US$ 23 bilhões. Em 31 de março deste ano, nós
tínhamos ainda em caixa US$ 7,2 bi, ao final do trimestre, mesmo sem ter recebido o caixa da
venda da VLI, que dois acionistas integralizaram no dia 17 de abril. Nós tivemos um resultado
sólido em ferrosos apesar dos menores preços e dos respeitos sazonais.
A produção de minério de ferro alcançou 71,1 milhões de toneladas, a melhor performance
para um primeiro trimestre desde 2008. Favorecido pela melhor condição climática e pelo startup do Projeto Conceição Itabiritos. Apesar da forte produção no primeiro trimestre em quase
todos os nossos negócios, os volumes de venda de minério de ferro ficaram abaixo do seu
potencial, em torno de três milhões de toneladas, sobre o 71,1 que foram produzidos. Isso vai
nos dar, você vão acompanhar no decorrer do ano, maior flexibilidade, maior eficiência nas
nossas vendas nos próximos trimestres. Por outro lado, a média de preços de venda sofreram
com a queda benchmarking do minério de ferro do platts, em torno de US$ 14,2 por tonelada. E
também devido ao ajuste de preços provisionados para vendas que são precificados após a
entrega. O efeito dessas reversões representou uma redução no trimestre em tordo de US$ 9,5
por tonelada. Entretanto, mesmo com a acentuada queda do IODEX os prêmios de pelotas se
mantiveram firmes, contribuindo para dar suporte aos preços realizados de pelotas, em torno
de US$ 147. O custo do minério de ferro manteve-se no patamar que nós estávamos
programando, US$ 21,60 por tonelada, excluindo o minério de ferro que nós compramos de
terceiros. Nós estamos cada vez mais confiantes que esse nível de custo se reduzirá ainda
mais, conforme a produção for crescendo e for diluindo o custo fixo. E as nossas iniciativas de
redução de custo surtirem o efeito adicionais com a entrada do S11D com o custo bem menor.
O nosso centro de distribuição na Malásia já recebeu o primeiro Valemax e já iniciamos a
formação de estoque. E isso nos permitirá blendar minérios de diferentes qualidades e gerar
fluxo de caixa mais forte em um futuro próximo.
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Falando sobre a entrega de projetos, nós estamos operando com sucesso o ramp-up da planta
2 em Carajás e avançando o desenvolvimento da Serra Leste onde nós estamos
comissionando a planta de processamento.
Falando um pouco sobre o negócio de metais básicos, que nós já manifestamos a nossa
alegria pela contribuição pros nossos resultados, mostrando cada vez mais uma geração de
caixa consistente. O EBITDA ajustado atingiu US$ 549 milhões no primeiro trimestre, 14% do
EBITDA total e cerca de US$ 306 milhões melhor que o trimestre anterior. É importante vocês
perceberem, no entanto, que os preços médios de US$ 14 mil no primeiro trimestre está bem
abaixo do nível atual. Do final do do primeiro trimestre e do mês de abril. Muito importante
porque nós estamos em uma faixa de US$ 18 mil e estávamos em US$ 14 mil na media do
trimestre passado.
O ramp-up de diversos projetos estão indo bem. O Salobo já atingiu sua capacidade nominal
de 100 mil toneladas por ano. O Onça Puma, que nós vínhamos falando para vocês que estava
indo bem o ramp-up, já gerou US$ 15 milhões de EBITDA nesse trimestre, milhões de dólares.
A produção da Nova Caledônia 5.600 toneladas no primeiro trimestre, sendo que somente em
março já foi praticamente 50% disso, 2.700 toneladas. E a nossa Long Harper, no Canadá em
Newfoundland – Labrador, deve produzir primeiro níquel agora no segundo trimestre de 2014.
Nós continuamos confiantes que metais básicos está para atingir a nossa meta de pelo menos
US$ 4 bilhões de EBITDA em 2016.
O carvão, a produção de Moatize de 1,8 foi a melhor em um primeiro trimestre, apesar de
reportarmos um EBITDA negativo de US$ 162 milhões. Decorrente do preço baixo, como vocês
têm observado, o preço do carvão está em níveis historicamente baixos e da falta de
capacidade na ferrovia e no porto. Isso é um assunto que nós vamos progredir no decorrer
desse ano na logística de Moatize. O Corredor Nacala avançou em linha com nosso planos. E
o avanço físico é muito importante porque a gente pretende passar o primeiro vagão antes do
final desse ano de 2014.
O negócio de fertilizantes continua exigindo os nossos melhores esforços, começam a mostrar
resultados, com a redução de US$ 166 milhões, comparado com o quarto trimestre do último
ano. Nós continuamos as nossas discussões com parcerias, conforme nós falamos no Vale
Day. Isso vale tanto pro carvão, Corredor Nacala como para fertilizantes.
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Nós continuamos muito preocupados com os nossos colegas dentro da Vale, que pra nós são
o melhor ativo. Quero repetir que eu e os demais diretores executivos estamos absolutamente
comprometidos com o nosso maior valor que é a vida e o melhor padrão de saúde e segurança
em nossas operações. Continuamos trabalhando para termos uma empresa mais simples, para
investir apenas em ativos de classe mundial, gerar fluxo de caixa positivo em qualquer cenário
de preço. E trazer valor para o acionista. Antes da gente partir para a parte de perguntas e
respostas eu vou pedir pro Luciano Siani, o nosso CFO, para fazer informações adicionais para
que possa inclusive ajudar no raciocínio de vocês para algumas perguntas. Obrigado.
Luciano Siani: Bem, boa tarde a todos. Eu queria me concentrar especificamente na questão
do preço do minério de ferro, uma vez que a gente pode perceber que houve um descolamento
entre algumas estimativas que alguns investidores fizeram e o desempenho da companhia. A
forma de precificação por venda futura foi introduzida no terceiro ou quarto trimestre de 2012,
em resposta a demanda dos clientes em função dos preços decrescentes naquela ocasião. Se
vocês lembrarem já na apresentação dos resultados de 2012, quando a Vale teve um aumento
da sua dívida líquida, nós ressaltávamos que havia um valor muito expressivo, cerca de
US$ 600 milhões a serem recebidos ainda por conta dos ajustes de preço. E que esse valor
seria recebido ao longo do primeiro trimestre de 2013 e segundo trimestre de 2013. Como de
fato aconteceu. A parti daí, como o preço estabilizou em um patamar com poucas variações,
trimestre contra trimestre os efeitos de uma queda muito forte ou de uma alta muito forte dos
preços sobre essas vendas feitas a futuro, não foi pronunciado. No entanto, no trimestre
passado, nós fechamos o trimestre com aproximadamente 31%, conforme informa o release do
quarto trimestre de 2013. 31% das vendas feitas sob regime de preços futuros, contra, ou seja
na data da chegada do navio aos portos dos clientes. Então vou indicar uma conta só para
ilustrar o tipo de raciocínio que deve ser feito daqui pra diante pra gente tentar antecipar essas
variações de preço de realização. Se vocês pegarem os 31%, eu vou falar só de informações
públicas, para que vocês possam reproduzir o mesmo raciocínio. Se vocês pegarem os 31%,
que nós registramos como vendas a futuro no quarto trimestre de 2013, e aplicarem sobre os
74 milhões que vendemos na ocasião. Teríamos aí 23 milhões de toneladas a preços
provisórios. O preço do último dia do pregão do quarto trimestre de 2013 foi próximo a US$
135. E a média dos preços do primeiro trimestre de 2014 foi próxima a US$ 120. Então aí uma
diferença de quase US$ 15, entre o último preço de 2013 e o preço médio de 2014. Se a gente
multiplicasse essa diferença significa o seguinte. Um navio de que tivesse saído exatamente no
ultimo dia de 2013 e tivesse chegado num porto na China, e tivesse sido faturado o preço final
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exatamente ao preço médio do trimestre, ele teria sofrido um efeito de US$ 15, naquela receita
que havia sido contabilizada no quarto trimestre. Ela teria que ter sido ajustada para baixo no
primeiro trimestre por US$ 15. Multiplicando esses US$ 15 pelas 23 milhões de toneladas, para
ilustrar, a gente teria algo aí em torno de US$ 330 milhões. Um número que nós divulgamos no
release foi um pouco maior que isso, US$ 348 milhões mas isso da uma boa ideia de como
estimar os efeitos dessas variações de preço, que não podem ser antecipados. No momento
em que se fecha o balanço do trimestre, a nossa melhor estimativa de preço para o trimestre
seguinte para essas vendas, que ainda vão ser precificadas na chegada dos navios, é muito
próximo do último preço do trimestre. Não há como fazer um exercício de futurologia e prever
um preço muito mais alto ou muito mais baixo. Portanto, esse é o efeito que foi observado. Ele
ainda foi composto e amplificado pelo fato de que do terceiro para o quarto trimestre, nós
tivemos o efeito contrário, de magnitude menor. Mas se vocês se lembram no call de resultados
passado, quando houve uma pergunta sobre a realização de um prêmio, uma melhoria no
preço de realização de cerca de US$ 6. Eu havia dito que haviam três componentes
importantes: Um componente de melhoria, de aumento no percentual de vendas CFR, quando
você, a Vale realiza preços maiores do que nas vendas FOB, em função de que também
incorrem os custos de frete. Uma parcela importante desse efeito que eu acabei de dizer,
porque houve um crescimento de preço do terceiro para o quarto trimestre. Portanto a gente
realizou naquela ocasião uma diferença positiva. E, finalmente, o efeito prático de prêmios
comerciais maiores tinha sido só uma fração que na ocasião eu tinha estimado em US$ 2 dos
US$ 6. E, portanto, composição daqueles US$ 3 a mais que recebemos no quarto trimestre em
relação ao terceiro, com os US$ 6,5 a menos que estamos recebendo nesse por conta desses
efeitos. Existe uma percepção de uma diferença de preço realizado por esse efeito apenas de
cerca de US$ 9,5.
Na pagina 12, da apresentação que está no webcast a gente acrescenta também os demais
efeitos. Então, vocês vejam também que a gente está reconhecendo um efeito positivo de
cerca se US$ 3 por tonelada nas vendas precificadas com relação ao trimestre anterior. Que
ainda temos algumas vendas nessa modalidade de preço, cerca de 15%. Então, como os
preços do quarto trimestre foram melhores do que os preços do primeiro trimestre de 2014,
esse efeito é positivo. Voltamos a ter o impacto das vendas de frete, teve uma queda de
preços, em razão de que nós vendemos menos CFR, proporcionalmente. Então vocês veem aí
pelo gráfico, vocês conseguem entender as causas das variações dos preços do quarto tri para
o primeiro tri de 14. A pergunta que naturalmente vocês vão fazer é o que esperar daqui pra
frente. Obviamente dependendo das condições de mercado, se a gente tiver preços
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declinantes nós teremos efeitos negativos, se a gente tiver recuperação de preços teremos
efeitos positivos, sobre essa proporção de 41%, que vocês estão vendo no gráfico aí na
mesma página 12. Acho que era isso.
Murilo: É, isso depende muito também de qual vai ser o percentual das nossas vendas
precificadas no futuro. Esse é um número muito importante, o Luciano se referiu a 2012
quando esse percentual era um percentual bastante baixo, comparado com hoje. Mas nossos
clientes cada vez mais querem ter o preço da matéria prima, vizinho do preço de venda do aço.
Bem, então vamos agora as perguntas e respostas. Obrigado a todos.
Operadora: Senhoras e senhores iniciaremos agora a sessão de perguntas e respostas. Para
fazer uma pergunta, por favor, digite asterisco (*) um (1). Para retirar a sua pergunta da lista,
digite asterisco (*) dois (2). As perguntas serão limitadas em duas por vez.
Operadora: Nossa primeira pergunta vem do (a) Sr. Rodolfo Angele, JP Morgan.
Rodolfo: Boa tarde, eu vou insistir um pouquinho só nos preços. Obrigado por já ter
endereçado aí acho uma boa parte da dúvida que muita gente está tendo. Eu ia pedir pra
vocês comentarem em outras variáveis que afetam o preço. Se a gente poderia ter uma ideia.
De quanto que foi a influência de prêmio por qualidade de minério e se vocês poderia comentar
um pouquinho sobre algum tipo de penalidade, ou como que está a história de sílica? Só pra
gente ter também não só quanto a venda futura mas outras coisa que a gente sempre acaba
tentando entender e que acho que os nossos clientes sempre perguntam. Essa é a minha
primeira pergunta.
E a minha segunda pergunta é sobre capex. A gente sabe que vocês tem um budget já público,
que vocês discutem todo ano. Mas eu queria saber se daria para dar um update de como que
está de ponto de vista de execução? Se tem gordura? Se vocês tem encontrado condições
melhores na hora de contratar o capex? Até pra gente tentar fazer contas aqui do que pode
eventualmente vir de surpresa positiva para o futuro. Obrigado.
Murilo: Bem Rodolfo, obrigado pela sua pergunta. Eu vou começar pela segunda, de capex.
Não, nós estamos executando nossos projetos em linha com o orçado, respeitadas as
condições climáticas da regiões de onde operamos. Mas não temos nem uma informação
diferente do Vale Day. E o mercado, eu poderia dizer pra você que está favorável. Sim, nós
temos tido condições melhores de contratação que nós estávamos esperando. E esperamos
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que continue com essa estabilidade. Mas nós não vamos fazer atualizações de ganhos nesse
momento, que poderia parecer uma imprudência. Mas nós estamos confiantes. Martins, por
favor.
José Carlos Martins: Bom Rodolfo, questão dos prêmios. Efetivamente esse trimestre foi um
trimestre de demanda crescendo menos que o esperado e oferta crescendo um pouco mais
que o esperado. Então, se você imaginar uma escada em uma rampa a oferta aumentou com a
escada, ela deu um salto. E a demanda está crescendo pela rampa, então a demanda,
principalmente na China, está crescendo cerca de 2% a 3%. E a gente teve uma avalanche
grande de minérios em função dos projetos de aumento de produção, principalmente, da FMG
e da BHP. Então, esse minério entrando, foi um trimestre também que historicamente é mais
afetado por ciclones e chuvas, o que não ocorreu nesse trimestre. Então, você teve uma série
de fatores que trouxe um mercado um pouquinho mais ofertado do que o esperado. E isso
logicamente implicou nos prêmios. Por tanto, se você considerar o 62%, como referência você
tem um prêmio para os minérios melhores e você tem um desconto para os minérios piores. E
tanto os prêmios para os minérios melhores caiu como o desconto para os minérios piores
aumentou. Isso basicamente em função de que grande parte dessa oferta adicional que entrou
no mercado ela se seu em minérios de menor qualidade. E, logicamente, os produtores desses
minérios estão ali do lado, eles vendem a mercado. Praticamente eles vendem no preço do dia,
ali no spot. Então, isso puxou basicamente os preços para baixo e os prêmios também pra
baixo. Olhando pra frente eu acredito que há uma tendência de estabilidade nesse movimento.
E a recuperação vai se dar no momento em que essa rampa atingir o degrau. E você tem um
equilíbrio entre a oferta e a demanda. Mas no momento efetivamente o que a gente sente, é
um movimento maior da oferta em relação a demanda. E isso está afetando os preços. Quer
dizer, não só a China está crescendo menos, a demanda de aço. O ano passado a produção
de aço da China cresceu 8%. Esse ano aqui tá em um ritmo de 2% a 3%. A gente espera uma
melhoria no segundo trimestre, mas nesse momento é esse o número que está. Como fora da
China, se você pegar a Europa e outros mercados, apesar de uma melhoria no ambiente
econômico isso ainda não se reverteu na questão da produção de aço e demanda por minério.
Então a gente ainda está aí, estamos ainda subindo a rampa. Mas ainda não alcançamos o
degrau da escada. Eu acho que o cenário melhor vai ocorrer no momento onde essa rampa
atinge o degrau, e vamos ter um equilíbrio maior no mercado.
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Murilo: Nós tivemos também, né Martins, nesse primeiro trimestre a questão da poluição com
o inverno lá na China, na província de Hubei, que produz mais aço do que o Estados Unidos e
a Europa junto, 200 milhões de toneladas.
Martins: É a questão da poluição, você não tem jeito de corrigir a poluição de imediato, certo?
Então as medidas que estão em prática hoje, são medidas administrativas. Na medida que
você tem um pico de poluição em determinadas regiões a reação dos governos das províncias
é pedir para paralisar coqueria, paralisar cinterização. Enfim, reduzir de alguma forma a
emissão. E isso, logicamente, sempre vai ter algum impacto na questão da produção. Então,
nós estamos sobre esses efeitos. E a parte de construção civil na China está um pouco mais
fraca até por própria questão de politica econômica do governo. Mas a gente vê uma tendência
muito melhor na parte de obras de infraestrutura. Mas o peso da construção civil é muito maior
do que o peso da parte de infraestrutura. Então, ainda temos que esperar uma melhoria nessa
relação, entre essa relação entre oferta e demanda, para termos um comportamento melhor
dos preços e, principalmente, dos prêmios e da redução dos desconto por qualidade.
Murilo: Obrigado, Rodolfo.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do (a) Sr. Thiago Lofiego do Bank Of America.
Thiago: Boa tarde, eu tenho duas perguntas. A primeira, se vocês puderem falar um pouco
sobre os preços de pelotas que vocês realizaram no trimestre. Foi uma performance bastante
boa. Quanto disso que está atrelado a contratos passados com preços maiores que foi o que
vocês mencionaram lá no release. E também se vocês puderem comentar um pouco sobre
prêmio de pelota, qual que é a tendência que vocês imaginam?
A segunda pergunta, em relação ao ramp up do +40. Qual que o nível de utilização de
capacidade atual dessa planta e quando que vocês esperam atingir 100% de utilização? E se
vocês puderem passar um update em relação ao processo de licenciamento pra poder suprir
essa planta, o processo de licenciamento ambiental para poder suprir essa planta com minério.
Murilo: Eu vou passar para a Vânia, para ela falar um pouco sobre o processo de
licenciamento. Mas eu queria dizer a vocês que nós estamos trabalhando absolutamente em
linha com o cronograma que nós estabelecemos em discussão com as nossas autoridades.
Tudo aquilo que foi falado na ocasião pela própria Vânia e o que ela explicou inclusive no Vale
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Day, posteriormente em call. Nós estamos muito confiantes por conta de que o nosso
cronograma tem sido manifestado de uma forma irretocável.
Vânia: Thiago, boa tarde. Na verdade é isso mesmo. Apenas complementando o que o nosso
presidente falou. O cronograma de licenciamento nosso está rigorosamente em dia. O que a
gente aguarda agora é a LP do que a gente chama de EIA Global que é aquela região ao sul
do Serra Norte que a gente já minera, mas é parte sul disto. E os estudos foram todos
concluídos, a vistoria já foi realizada pelos órgãos ambientais, pelo IBAMA. E a gente está
aguardando ainda para o próximo trimestre essa licença dentro exatamente do cronograma
que a gente previu. Não tem nenhuma surpresa, não tem nem um estudo que tenha sido
contestado. Tanto da nossa parte, quando da parte dos órgãos ambientais está correndo tudo
dentro o planejado. A gente tem plena confiança no atingimento da capacidade prevista para
esse ano.
Murilo: Martins vai te dizer agora sobre os contratos passados, sobre os preços de pelotas.
José Carlos Martins: Bom, com relação a questão das pelotas, é exatamente isso que você
mencionou. Diferentemente do minério virgem, por assim dizer. As pelotas, grande parte dos
contratos elas estão atrelados ao preço do próprio trimestre ou ao preço passado. Então, isso
de certa forma beneficia nesses momentos de queda de preço, beneficia. Independente disso o
mercado de pelotas tá bastante apertado. Isso tem permitido a sustentação dos prêmios. O
preço do minério em si, que compõe o preço de pelotas vai acompanhar o que acontece com o
IODEX, sem esse efeito contábil de carry over de um trimestre para o outro. Porque a maioria
dos preços estão definidos no próprio trimestre e também algum amarrado a trimestres
anteriores. Mas os prêmios estão muito mais sustentados na faixa de US$ 38 a US$ 40. Então
esse é o lado bom. E nós não vemos grandes mudanças em relação a isso. Acreditamos que é
possível a manutenção desses prêmios. E o IODEX será o que for, esse aí não tem como
alterar. Em relação a produção, além da questão ambiental que a Vânia explicou. Era bom
levantar também que o +40 enfrenta, ou vinha enfrentando, uma restrição na capacidade
logística. Uma vez que os investimentos ainda não estavam concluídos. Todo o nosso trabalho,
é para que no ano de 2014, 2015, a gente já opera o +40 em sua plena capacidade. Porque aí
nós teremos, inclusive, a logística disponível. No momento nossa logística está caminhando
para uma capacidade de 130 milhões de toneladas. Ainda não chegamos lá, mas estamos
caminhando para isso. E no ano que vem a gente complementa a capacidade logística e aí sim
vamos poder tirar todo o potencial desse investimento que foi feito. E nós esperamos que
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nesse momento todas questões ambientais já estejam totalmente solucionadas, da forma como
a Vânia comentou. E, nós possamos, enfim, finalmente obter esse aumento de produção
expressivo que além de serem 40 milhões de toneladas e um minério de alta qualidade que,
enfim, melhora muito a realização de preço a nossa media de composição.
Murilo: Obrigado Thiago.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do (a) Sr. Renato de Azevedo Antunes, Brasil Plural.
Renato: Boa tarde a todos, obrigado pela pergunta. Só voltando na questão dos preços
provisionados, o Luciano já explicou muito bem aí no início do call. Eu só queria entender
esses contratos vem ganhando relevância? Queria entender de vocês, se vocês esperam que
essa tendência do contrato ganhando relevância no portfolio aumente? E também quando
vocês marcam, vamos dizer assim, esse contrato no fim do trimestre, eu queria entender que
preço vocês usam? É claro que vai depender, o impacto no próximo tri vai depender de pra
onde vai o preço. Mas eu só queria entender se existe essa conta, se ela é relativamente
simples de fazer. Se basta pegar o preço de fechamento do tri ou quando você fechou o
balanço. Essa é a primeira pergunta.
E a segunda, sobre alavancagem, a gente viu mais uma vez um belo trabalho mostrando a
dívida líquida caindo no tri. E olhando lá o cashflow, a parte de recebíveis foi muito bom para
esse trimestre. Queria entender um pouco melhor o que está por traz disso. E se vocês acham
que capital de giro é algo de onde vocês conseguem tirar algo mais de melhoria daqui pra
frente. Obrigado.
José Carlos Martins: Eu vou falar um pouco sobre a tendência dessa precificação. Depois eu
passo para o Luciano que tem condição de explicar melhor a questão contábil e a questão dos
contas a receber, dos recebíveis. Com relação ao preço, o que ocorre. Na pratica não tem
muita diferença, do que se no passado, ao invés de vender com precificação futura, vendesse
no spot. Porque essa era a situação. Até de vez em quando eu vejo os relatórios dos analistas,
dizendo que a Vale reduziu muito as vendas no spot. Nós reduzimos as vendas no spot,
porque passamos a dar essa precificação futura que dá essa tranquilidade ao cliente. Porque,
como estamos mais distantes da China do que os nossos concorrentes, o que ocorre, o cliente
prefere comprar de quem está mais perto, porque ele já sabe o preço que ele vai usar na
estrutura dele. Ele vende o aço no futuro e compra o minério ali naquele momento, então ele
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fica melhor protegido. Quando ele compra da Vale, como o minério demora mais para chegar
lá, ele fica no risco do preço. Seja para cima, seja para baixo. Então ele prefere essa
precificação futura. Caso contrario, o que acontece, ele acaba não cumprindo o contrato. Se
você manda o minério para a China e o sujeito vê os preços em queda ele arranja alguma
forma de não receber o minério. E aí nós somos forçados a vender no preço do momento à
vista. Então a gente acredita que essa tendência de preço, ela é uma tendência que deve
continuar nessa faixa de torno de 40% das nossas vendas. E ela pode reduzir no futuro, a
medida que a gente consiga ampliar esses nosso sistema de distribuição. Porque daí o minério
já vai estar mais próximo do cliente e a gente vende a partir do ponto de distribuição. Por
exemplo, a implementação da Malásia já deve, de certa forma, reduzir bastante a necessidade
dessa precificação futura. E reduzir bastante o impacto contábil dessa situação. Mas a verdade
é que hoje os preços da Vale estão 40% no futuro e 25% no passado. Então, dependendo de
como o preço oscile para cima ou para baixo, você acaba tendo impacto grande nessa
contabilização. Mas é muito mais um efeito contábil do que um efeito, vamos dizer, operacional.
No período, se você somar um ou dois trimestres, dois ou três trimestres você vai ver que não
existe grande variação. Porque esses carry overs acabam se compensando. Mas eu vejo que a
medida que a nossa estratégia de distribuição se amplie e cresça, a tendência é dessa
precificação futura se reduzir. E na medida em que a volatilidade de preço também se reduza
esse impacto vai ser menos perceptível aí pra você. Mas eu concordo que no mercado atual,
com essas ocorrências e com essas fortes oscilações acaba ficando difícil para você fazer uma
projeção de preços. Considerando que esses percentuais de vendas futuras e vendas
baseadas no preço futuro e no preço passado, eles não são constantes, eles mudam. E isso
dificulta a projeção que vocês fazem de preço.
Luciano: Bom com relação a preços para o fechamento do trimestre das vendas futuras. O que
eu vou dizer não é exatamente preciso, em ponto de tecnicalidade, mas é a melhor estimativa
é de fato usar o último preço do último dia do trimestre. O preço que a gente efetivamente
registra as vendas pode variar um pouquinho para cima ou para baixo em função de algumas
tecnicalidades mas já dá uma boa ideia a utilização do ultimo preço do trimestre.
Com relação a alavancagem, o primeiro trimestre, tradicionalmente é um trimestre de queda do
contas a receber em função do recebimento de grande volume de vendas que normalmente é
feito no quarto trimestre. A gente tá trabalhando sim, para continuar tendo melhorias
incrementais no capital de giro. A gente espera melhorar um pouco, embora não em proporção
tão significativa quanto você viu os recebíveis, o perfil dos recebíveis. E estamos começando a
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ter sucesso também no alongamento de pagamento de insumos importantes de grande valor aí
para a nossa operação. Então é possível sim, que a gente tenha mais efeitos no fluxo de caixa
de capital de giro.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do (a) Sr. Marcos Assumpção, Itaú BBA.
Marcos: Boa tarde a todos. Duas perguntas. Primeiro para o Martins, com relação a China, se
você puder comentar qual é a expectativa de crescimento de demanda de aço para 2014. E, se
a gente vê o preço nesses níveis entre US$ 100 a US$ 110 por tonelada, se a gente já começa
a ver o fechamento de capacidade de minério de ferro na China.
E minha segunda pergunta, é com relação a questão de centro de distribuição na Malásia se
você espera que o desconto de preço da Vale possa diminuir, ou você possa ter um prêmio um
pouquinho maior, com a nova estratégia de frete e de blending. Obrigado.
José Carlos Martins: Bom, com relação a China, se vocês verificarem aí no primeiro trimestre
o crescimento da produção de aço lá e demanda foi entorno de 2%. Mas a importação de
minério foi muito maior que isso. O que significa que já está havendo um deslocamento da
produção local. Para uma produção aí que na está na faixa de 2% a 3% a demanda de minério,
a importação de minério superou a 5%. Então, quer dizer, o mercado está absorvendo essa
produção que vem de fora e tá reduzindo o consumo interno. E, logicamente o mecanismo de
preço esta funcionando. Tanto é que a gente viu essa redução de preço, inclusive, que nos
últimos dias, se acentuou um pouco em função de politica monetária dentro da China. Mas de
uma maneira geral é inevitável que em um nível na faixa de 110, nós vamos continuar
assistindo um crescimento da demanda seaborn por minério, superando a necessidade local, o
consumo interno de aço. Pra esse ano a gente estima um crescimento da demanda de aço na
China em torno de 3% a 5%. O que não temos ainda uma visão clara é sobre as exportações
chinesas de aço. É possível que a gente assista uma redução nessas exportações na medida
em que a questão ambiental tenha um peso. A China exporta hoje, aproximadamente 60
milhões de toneladas de aço. Em torno de 8% aí da produção total da China é exportada.
Então pode ser que você tenha uma redução da produção na China em relação ao consumo
tendo em vista uma redução nas exportações. O que para nós não é ruim, porque esse aço vai
ter que ser produzido em algum lugar. A exportação da China se reduzindo, você abre espaço
para crescimento na Europa, crescimento nos Estados Unidos. De alguma forma a
necessidade de iron unit, a necessidade de aço, de minério, vai continuar no país que estiver
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produzindo esse aço. Mas isso ainda não é possível a gente fazer essa previsão, de modo que
eu trabalharia aí com essa estimativa entre 3% a 5%, 5% eu diria sendo um pouco otimista e
3% seria o mais conservador.
Com relação ao CD, evidentemente, a gente não fez isso pra... foi um investimento pesado né.
São US$ 1,3 bilhões nesse CD da Malásia. E o objetivo é exatamente agregar valor nele.
Então, por exemplo, se vocês analisarem hoje, os prêmios que nós obtemos pelo nosso
minério de maior qualidade ele não é equivalente ao desconto que a gente tem que dar pelos
minérios de menor qualidade. Então, a blendagem dos minérios gera um excedente, um ganho
liquido de prêmios pra nós. Então, a possibilidade de blendar minério deve dar uma
estabilidade maior no nível de preço e garantir alguma recuperação de prêmio em função da
maior qualidade desses minérios que não estão sendo precificados de acordo. Hoje esse
minério sai da Vale e é blendado com minério de outras procedências. Então, esse ganho tá
sendo arbitrado ou pelo cliente ou pelo produtor de minério de menor qualidade. E com a
blendagem a nossa expectativa é participar um pouco desses ganhos que existe na blendagem
de minérios.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do (a) Sr. Marcelo Aguiar, Goldman Sachs.
Marcelo: Obrigado pela oportunidade. A primeira pergunta é com relação ao minério de ferro,
Martins, se puder comentar um pouco. Eu vi que você falou de forma mais qualitativa em
relação aos prêmios de qualidade. Se você pudesse ser um pouco mais quantitativo em
relação ao prêmio de Carajás, por exemplo, que você tem pego aí, que você pegou no primeiro
trimestre, o prêmio do minério de Carajás sob o minério 62% teor de ferro comparado aos
prêmios que esse minério estava pegando em 2013. E se você consegue esse prêmio para a
sua totalidade do produto de Carajás ou se é para uma parcela menor. E em relação também
ao minério, se você poder comentar um pouco sobre o que você acredita que o pessoal
baseado na China, qual vai ser o impacto dessas novas medias de crédito que o governo está
lançando em relação a liberação de carta de créditos pelos bancos. Tem que depositar um
montante maior de capital no front.
E a segunda parte da minha pergunta é mais em relação ao capex. O Murilo respondeu que
não tem grandes mudanças. Mas eu queria entender, vocês mencionaram e usaram como
ponto de highlight do resultado que o capex de manutenção foi baixo, foi algo em torno de US$
750 milhões. E você tem um budget para o ano de mais de US$ 4,5 bi. Então eu queria
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entender se a tendência é você estar entregando um budget inferior em termos de sustaining e
se ele realmente é sustentável a médio e longo prazo, esse ritmo de investimento por US$ 750
milhões a US$ 1 bilhão por trimestre. Seriam essas minhas duas perguntas.
José Carlos Martins: Bom, com relação aos preços. Os preços estão muito variáveis, por isso
que a gente evita estabelecer um guidance disso. Porque ele tem apresentado muita
volatilidade. No trimestre passado a gente chegou a ter prêmio aí para o minério de Carajás na
faixa de US$ 10. Isso não são preços contratuais, mas são preços, como é que se diz, em
vendas no mercado spot nós chegamos a fazer preços até superiores aos US$ 10.
Ultimamente esses prêmios caíram muito. Mas todo o minério de Carajás ele continua tendo
um prêmio sobre os US$ 2 que o IODEX indica. Não posso ser preciso nisso até por razões
comerciais. Me desculpe, mas não posso ser preciso nisso. Mas todo minério de Carajás ele
tem merecido um prêmio. O que tem ocorrido é que o desconto para os minérios de alta sílica,
eles tem aumentado. O minério de alta sílica tá hoje com um desconto para cada ponto de
sílica acima da referência, chega a dar de US$ 2 a US$ 3 de desconto. Até porque o material
de alta sílica, necessita de mais coque, aí gera mais emissão, tem até toda uma questão
ambiental ligada. Eu diria hoje que a maior preocupação nossa é com relação a esses
materiais de alta sílica que acabam contaminando o preço médio. E temos procurado com
esses investimentos que estamos fazendo justamente reduzir essa necessidade de venda
desses minérios de alta sílica. E, aí sim, o prêmio de Carajás vai aparecer de uma forma mais
clara aí para vocês. Mas até lá a gente tá tendo que lutar com isso. E nesse trimestre,
especificamente, o maior impacto negativo pra nós foi o aumento do desconto nos minérios de
alta sílica. Luciano. Ele perguntou também sobre as medidas monetárias, não é ?
Bom, As medidas monetárias na China já impactaram. Se você olhar a evolução do IODEX nas
últimas duas semanas, elas caíram praticamente US$ 10. Então, o impacto das medidas
monetárias estão se fazendo sentir. Mas eu acredito que isso aí é passageiro. Porque na
realidade a demanda continua lá. E o que as medidas monetárias levam a fazer é uma redução
de estoque na cadeia. E, com isso, mais a frente a tendência é haver um equilíbrio. Mas sem
dúvida nenhuma, que principalmente nessa queda mais recente, o principal motivo da queda
de preço foi as medidas monetárias que estão sendo adotadas pelo governo chinês. Que não
são só direcionadas ao minério, ao setor siderúrgico. Elas abrangem praticamente toda a
economia chinesa. E eu acredito até que em função da questão de poluição, ela está sendo um
pouco mais rigorosa nessa parte siderúrgica. Porque os produtores de aço que geram mais
poluição, que são menos equipados tecnicamente, são aqueles que são mais dependentes do
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crédito. Então, eu acho que tem um pouco das duas coisas aí sendo adotadas. Uma restrição
econômica, da política econômica chinesa, associada a uma questão do problema da poluição
na China que continua bastante grave.
Luciano: Bom, com relação ao investimento corrente. A primeira observação é que existe uma
sazonalidade ao longo do ano. Então o primeiro trimestre é um tradicionalmente um trimestre
de menor desembolso. Por tanto, não dá pra extrapolar e multiplicar por quatro o número desse
trimestre. Mas é verdade também que há uma queda em relação ao primeiro trimestre do ano
passado. Por uma série de razões que eu vou enumerar. Mas acho que ainda seria cedo para
antecipar uma redução daquilo que nós orçamos para o ano. Seguindo a sequência logica, são
quatro as razões. A primeira, é que estamos muito mais rigorosos na aprovação dos
investimentos correntes. A análise de mérito é feita com muito mais profundidade, portanto, o
escopo dos investimentos é melhor estudado, uma vez aprovados os investimentos. Em
segundo lugar, nós estamos planejando melhor as contratações. Estamos conseguindo
consolidar algumas contratações e obter melhores preços. Terceira razão também, estamos
conseguindo, aí uma razão especifica Brasil, estamos conseguindo trabalhar com melhores
fornecedores na média para nossa carteira de investimentos correntes. Fornecedores mais
produtivos, em função do desaquecimento aí em algumas partes da economia. Temos
conseguindo trabalhar com fornecedores melhores. E, finalmente, talvez mais importante,
também estamos muito mais disciplinados na execução dos investimentos de capital. Estamos
fazendo engenharia prévia, estamos cumprindo todas as etapas, estamos fazendo os
processos inclusive que tradicionalmente fazíamos só para os grandes empreendimentos, para
os investimentos menores. E, por tanto, estamos tendo muito menos surpresas na questão dos
orçamentos dos pequenos projetos de manutenção.
Murilo: Ao fim, Marcelo. Só queria reforçar o nosso primeiro compromisso, na nossa primeira
conversa com vocês ainda em 2011, de disciplina na alocação de capital. Esse é o nosso
mandamento, de austeridade, e isso nós estamos levando com todo o rigor. Obrigado.
Operadora: Nossa próxima pergunta vem do (a) Sr. Ivano Westin, Credit Suisse.
Ivano: Boa tarde a todos, obrigado pela pergunta. O primeiro ponto é sobre o volume de
minério. Existe uma diferença entre a produção reportada de minério de 71 milhões de
toneladas e o volume de vendas. Vocês mencionaram três milhões em que estão ao longo da
cadeia produtiva. Eu só queria entender se isso é uma estratégia que pode, eventualmente,
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pode ser revertida em trimestres futuros. Ou se isso foi causado por um problema operacional,
seja na mina, ferrovia ou porto. Esse seria o primeiro ponto.
O segundo, eu queria que vocês comentassem um pouco sobre desinvestimentos. O que a
gente pode esperar no pipeline, como Corredor Nacala, algum ativo de carvão ou fertilizantes.
E se dentro de core business, todos os ativos de base metals continuam sendo considerados
core business ou se podemos esperar algum desinvestimento desta unidade também. Muito
obrigado.
Murilo: O assunto de desinvestimento, nós continuamos na mesma página do Vale Day. Nós
continuamos com nossas tratativas relacionadas ao Corredor Nacala que nós vamos vender
50% da nossa participação o que vai significar 35% da empresa como um todo, do corredor.
Lembrando que nós somos responsáveis por 100% do investimento. Então o investidor que
estará conosco, esperamos a partir desses segundo semestre. Ele vai assumir metade do
investimento de Nacala, que será feito e aquele que já foi feito. Nós temos também um
desinvestimento de um percentual de ações nossas dos ativos de carvão. Também as
tratativas continuam em linha. Não tenho nenhum ajuste a fazer no cronograma de trabalho,
que nos estabelecemos para o Vale Day visando a gente ter uma solução deste assunto até o
final de junho deste ano. Em relação a fertilizantes, ainda estamos no processo de avaliação de
iniciativas estratégicas e verificando aqueles que podem ter melhor aderência conosco.
Você perguntou sobre os ativos de base metals. Nós chegamos a analisar alguma
oportunidade em Thompson, mas ela no momento foi descartada. Não está mais sendo
considerada. Os ativos do Canadá, por tanto, não tiveram nem uma alteração. O Onça Puma,
está tendo, conforme eu havia previsto na nossa última conversa, está tendo um desempenho
bastante superior ao esperado. Tanto da produtividade dele, quanto em termos de custos. Nós
não temos, os outros projetos brasileiros indo bem. O projeto da Nova Caledônia nós tivemos
oportunidade, nós estamos tão confiantes, levamos o conselho de administração, nossa
reunião do conselho de administração no final de março para a Austrália, fizemos lá. E de lá
fomos todos para a Nova Caledônia. Os conselheiros ficaram entusiasmados com o que viram.
Então, não temos, estamos cada dia mais confiantes que nós estamos no caminho certo. Ainda
mais com a situação do mercado de níquel, da nova realidade do mercado de níquel. A
verticalização passou a ser uma palavra chave no fornecimento de níquel para o futuro. Ivano,
então era esse o esclarecimento sobre desinvestimento.
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José Carlos Martins: Sobre os embarques, em relação a diferença entre produção e vendas,
o que eu posso dizer é que toda a produção praticamente foi embarcada. Então, esses três
milhões de toneladas de diferença estão a caminho para serem vendidos. Nós temos uma
parcela deles que vão ser usados, já estão sendo usados, para a formação do estoque da
Malásia. Mas grande parte desses três milhões de toneladas vão ser faturados em algum
momento aí nos trimestres futuros.
Murilo: Eu posso lhe assegurar, Ivano, que nós tivemos um excelente primeiro trimestre. Tanto
na mina quanto na logística, nos nossos embarques. Os números foram muito favoráveis.
Então foi uma decisão no âmbito da diretoria do Martins, e sem nem um problema operacional.
José Carlos Martins: Nem de mercado.
Murilo: Aliás, tenho que cumprimentar os meus colegas pelo desempenho que eles tiveram na
cadeia como um todo. E também de mercado. Não houve nem uma situação de oferta que não
tivesse encontrado comprador. O que nós fizemos foi achar o momento mais adequado de
fazer essa venda ou de fazer esse faturamento.
Operadora: Encerramos neste momento a seção de perguntas e respostas. Gostaria de
passar a palavra ao Sr. Murilo Ferreira, para as considerações finais.
Murilo: Bem, eu queria agradecer o tempo de vocês, dizer que nós continuamos determinados
com a nossa politica de ser mais eficientes. Vocês viram a redução do custo de produtos,
SG&A mais favorável. O nível de investimento que estamos fazendo em pesquisa e
desenvolvimento. Houve esse desencontro em relação a precificação. Mas eu tenho certeza
que nós não nos comunicamos adequadamente no último call. Tanto é que muitos de vocês
não entenderam a precificação. O que houve no momento, tanto no passado, no último
trimestre quanto neste agora. Então, por isso, que o Luciano entrou logo após as minhas
palavras iniciais para dar o melhor esclarecimento a vocês, para fazermos a maior
transparência possível. Muito obrigado, boa tarde!
Operadora: A teleconferência da Vale está encerrada. Agradecemos a participação de todos e
tenham uma boa tarde. Obrigada.
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VALE Teleconferência e webcast Resultados do 1 trimestre de 2014