FREQUENCIA ALIMENTAR DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA DETERMINADA EMPRESA DO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR FERREIRA, A.C.; PIRES, C.R. Resumo O consumo exagerado de alimentos tem se tornado um grande problema de saúde pública. O objetivo desse trabalho foi analisar os hábitos alimentares de indivíduos que trabalham em uma empresa. O estudo foi realizado em seis lojas de uma mesma empresa, com 67 funcionários. 66% da população encontra-se eutróficos, porém, 93,4% apresentou um alto consumo de açúcares e doces e 89,6% de comidas rápidas. Mesmo classificados como eutróficos, apresentam risco de desenvolver alguma DCNT futuramente. Palavras chaves: frequência alimentar, alimentação e comportamento alimentar Abstract The heavy consumption of food has become a major problem of public health. The aim of this study was to analyze the dietary habits of individuals working in a company. The study was conducted in six stores of the same company, with 67 employees. 66% of the population was eutrophic, however, 93.4% had a high consumption of sugar and sweets, and 89.6% of fast food. Even classified as eutrophic, they present some risk of developing futures NCDs. Keywords: eating frequency, feed and feeding behavior Introdução Atualmente o consumo exagerado de alimentos, aliado ao consumo de alimentos com pouca qualidade nutricional, vem se tornando um grande problema de saúde pública. O aumento de peso contribui para o desenvolvimento de determinadas doenças e para a incapacidade física, que afetam desde a qualidade de vida até problemas mais graves como Doenças Crônicas não Transmissíveis – DCNT (doenças coronarianas, diabetes e certos tipos de câncer). Nos dias de hoje pode-se avaliar a proporcionalidade, onde se consome mais porções de certos grupos de alimentos e poucos de outros, considerando indispensável a moderação. Além da limitação da ingestão de alimentos e de bebidas que contribuem para o excessivo consumo de gordura, colesterol, açúcares, sódio e álcool e a variedade representada pelo acesso a ampla diversidade de componentes alimentares, índices que procuram direcionar para a prevenção dos riscos de DCNTs. A questão da alimentação excessiva e inadequada, relacionada a diversas doenças e inatividade física, a qualidade e o tipo de alimento consumido, são temas abordados e com grande ênfase ultimamente, se tornando um movimento essencial para a escolha de uma alimentação saudável (MENDONÇA, 2004). O objetivo do trabalho foi analisar os hábitos alimentares de indivíduos que trabalham em uma empresa do comércio, através da aplicação do questionário de frequência alimentar e avaliação antropométrica. Referenciais teórico-metodológicos Sabe que no mundo contemporâneo, a correria do dia-a-dia, é um dos fatores responsáveis pelo consumo inadequado de alimentos, pois optam por alimentos de preparo rápido e prático, não levando em consideração o valor nutricional e benefícios para a saúde. Antigamente, a maior parte do consumo de alimentos da população brasileira, era constituída basicamente por alimentos dos grupos dos cereais, leguminosas e raízes, com uma pequena porção de alimentos de origem animal. Porém, ao longo dos anos, as mudanças a cerca dos hábitos alimentares vem ocorrendo de forma rápida devido a globalização e a facilidade de acesso a alimentos modernos, industrializados, práticos e muitas vezes com baixo valor nutricional (CUPPARI, 2009). Alterações nos padrões alimentares como alimentos consumidos fora de casa e o uso de maior quantidade de alimentos processados e comprados prontos resultaram no aumento dos alimentos com maior concentração de sódio, gorduras acrescentadas e de adoçantes e redução no consumo de alimentos básicos como frutas, vegetais e grãos integrais (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2011). O estudo foi realizado em uma rede de lojas de uma determinada empresa de Apucarana-PR, sendo composta por 06 lojas de vestuário e confecções e 01 escritório. Participaram 67 funcionários, com faixa etária entre 18-51 anos de idade, de ambos os gêneros. Conclusão Dos indivíduos questionados, 66% foram classificados como eutróficos, 25% se encontram na classificação de sobrepeso, 4% com obesidade grau I, 3% com desnutrição grau I e 2% com obesidade grau II, como pode ser observado no gráfico 1. Gráfico 1. Classificação do estado nutricional dos indivíduos de acordo com o Índice de Massa Corporal Fonte: Autora do trabalho, 2012 Donadussi et. al., (2009) constatou que aproximadamente 64% de um total de 183 indivíduos apresentavam prevalência de sobrepeso ou obesidade. Com relação a frequência do consumo de açúcares e doces, 89% afirmaram ter o hábito de consumir bala, 25% diariamente, 39% semanalmente e 13% quinzenalmente. O chocolate 99% dos entrevistados consomem, sendo 16% diariamente, 57% semanalmente, 9% quinzenalmente e 15% mensalmente. Bolacha recheada 85%, 36% semanalmente, 21% quinzenalmente e 19% mensalmente. Bolo com cobertura 94%, 24% semanalmente, 27% quinzenalmente e 31% mensalmente. Já o açúcar é consumido por todos os indivíduos, do qual 88% consomem diariamente, como mostra a tabela 1. Tabela 1. Frequência do consumo de açúcares e doces. D= diariamente; S= semanalmente; M= mensalmente; A= anualmente e N= nunca Alimento Percentual de Consumo Frequencia D S Q M A N Bala 89% 25 39 13 9 3 11 Chocolate 99% 16 57 9 15 2 1 Bolacha recheada 85% 6 36 21 19 3 15 Bolo com cobertura 94% 3 24 27 31 9 6 Açúcar 100% 88 9 2 1 0 0 Fonte: Autora do trabalho, 2012. Dalla Costa et. al., (2007), em seu estudo o alimento mais consumido do grupo dos açúcares e dos doces foi o açúcar, seguido da bala/doce e o achocolatado/chocolate, que eram consumidos diariamente. Portanto, o uso frequente e desenfreado de doces tendem a trazer uma série de consequências para a saúde, uma vez que não contribuem de forma significativa para a promoção da saúde. Quanto ao consumo de comidas rápidas, a pizza é consumida por 95% dos entrevistados, a frequência do consumo semanal, quinzenal e mensal foi de 31% para cada. Já os fast-foods, foi consumido por 81%, sendo 27% semanalmente, 24% quinzenalmente, 21% mensalmente e 19% afirmaram nunca terem consumido. O salgado é consumido por 93%, sendo 9% diariamente, 40% semanalmente, 24% quinzenalmente e 18% mensalmente (tabela 2). Tabela 2. Frequência do consumo de comidas rápidas. D= diariamente; S= semanalmente; M= mensalmente; A= anualmente e N= nunca Alimento Percentual de Consumo Frequência D S Q M A N Pizza 95% 2 31 31 31 0 5 Fast-foods 81% 3 27 24 21 6 19 Salgados 93% 9 40 24 18 2 7 Fonte: Autora da pesquisa, 2012. Bezerra e Sichieri (2010), em seu estudo, compararam a frequência alimentar com a faixa de salário e, perceberam que o grupo de fast-foods foi o que obteve a maior diferença. Indivíduos com cinco ou mais salários mensais, apresentaram frequência de consumo de fast-foods sete vezes maior do que indivíduos com até meio salário mínimo mensal. Em relação ao consumo de salgados fritos e assados, a frequência foi relativamente alta. Em conclusão aos dados apresentados, a maior parte dos indivíduos estavam eutróficos. Entretanto, através do questionário de frequência alimentar notou-se um alto consumo de açúcares e doces e comidas rápidas, o que pode vir a influenciar diretamente na saúde, qualidade de vida, bem estar físico e psicossocial, ocasionando futuramente doenças crônicas não transmissíveis. Referencias BEZERRA, Ilana Nogueira, SICHIERI, Rosely. Características e Gastos com Alimentação fora do domicílio no Brasil. Revista de Saúde Pública. v. 44, n. 2, p.221-229, 2010. CUPPARI, Lilian. Nutrição: nas doenças crônicas não-transmissiveis, 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2009. DALLA COSTA, Marcia Cristina, JUNIOR, Luiz Cordoni, MATSUO, Tiemi. Hábito alimentar de escolares adolescentes de um município do oeste do Paraná. Revista de Nutrição. v. 20, n. 5, p. 461-471, 2007. DONADUSSI, Cristina et. al.Ingestão de lipídios na dieta e indicadores antropométricos de adiposidade em policiais militares. Revista de Nutrição, Campinas. v. 22, n. 6, p. 847-855, nov./dez., 2009. MAHAN, L. Kathleen, ESCOTT-STUMP, Sylvia, Krause, alimentos, nutrição e dietoterapia, 12 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. MENDONÇA, Cristina Pinheiro, ANJOS, Luiz Antonio dos. Aspectos das práticas alimentares e da atividade física como determinantes do crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro. v. 20, n. 3, 2004.