Aula Teórica nº 19 LEM-2006/2007 Magnetostática no Vácuo Vimos na última aula que o campo magnético criado por um fio rectilíneo e infinito, percorrido por uma corrente eléctrica i, é dado por: µ 0i B = uϕ 2π d As l. de f. de B são portanto linhas fechadas, pelo que o campo B é não conservativo. Se calcularmos a circulação de B sobre a própria l. de f., com o sentido desta, obtemos (Prob. 124) [1] Como o campo B é não conservativo, existem pontos onde rot B ≠ 0 e não existe um escalar ϕ tal que B = grad ϕ (pois caso contrário seria rot B = 0 ), visto que rot gradϕ = 0 ). Consideremos agora uma aplicação da lei de Laplace, por exemplo, calculando a força, por unidade de comprimento, entre dois fios rectilíneos e infinitos, colocados paralelamente um ao outro, percorridos pelas correntes estacionárias i1=4 A e i2= 3 A, distantes de d=1 m (Prob. 123). [2] 61 A força entre os fios é de atracção. A experiência mostra que fios percorridos por correntes no mesmo sentido exercem entre si uma força de atracção, enquanto que fios percorridos por correntes com sentidos contrários exercem entre si uma força de repulsão. É ao fim e ao cabo, ao contrário das forças eléctricas entre cargas do mesmo sinal e entre cargas de sinais contrários. Correntes Volumétricas µ i Na expressão B = 0 , temos que B → ∞ quando r → 0 . Na realidade esta 2π r singularidade não existe, pois quando nos aproximamos do fio vemos que ele não é filiforme e temos de passar a considerar a sua espessura. S J Assim, nas expressões das leis de Biot Savart e de Laplace, o produto ids , válido para circuitos filiformes, tem de ser substituído. Se tivermos em conta que dq i= , podemos escrever: dt [2] Isto significa que eu posso escrever expressões semlhantes para as leis de Biot-Savart e de Laplace, substituindo ids por dqv ou por Jdv . 62 [3] Por exemplo, no caso do campo de indução magnética criado por um condutor percorrido por uma densidade de corrente J , tem-se µ B ( P) = 0 4π J ∫∫∫ [ J × gradP r ]dv r2 dv r Potencial vector A Já vimos que B é um campo não conservativo e portanto não existe um escalar ϕ tal que B = grad ϕ . Contudo, vamos ver de seguida que B é um campo solenoidal, dado que existe um vector A tal que: B = rotA Nestas condições, tem-se ainda div B= 0 div rotα = 0 Visto que para um vector α qualquer . Ao vector A chama-se potencial vector e portanto as relações entre os campos E e e B e os potenciais V e A , tomam a forma: E e = − gradV ; B = rotA . Considere-se a expressão vista anteriormente para o campo B criado por uma corrente volumétrica de densidade J : µ0 J × grad P r B ( P) = dv 4π ∫ ∫ ∫ r2 [ ] Tendo em conta que [4] 63 O ponto Q é o ponto “potenciante” no interior do condutor, isto é, é o ponto onde existe a corrente J . J X dv Q Quando P for exterior a dv, tem-se rot P J Q = 0 visto que as coordenadas dos pontos P e Q são independentes. A densidade J só depende das coordenadas do ponto Q, enquanto que as derivadas que intervêm no rotacional dependem das coordenadas do ponto P. Quando P for interior a dv, isto é, P≡Q, tem-se rot Q J Q ≠ 0 , contudo o rot Q J Q termo dv é um infinitésimo no integral. r O segundo termo da expressão do campo B é assim igual a zero. Resta o primeiro termo. No respeitante ao primeiro termo, poderia-se provar que desde que a densidade J seja finita e contínua e que admita derivadas de segunda ordem finitas em todos os pontos do espaço, o integral de volume e o operador rotacional aplicado no ponto P podem trocar de posições, podendo-se escrever: [5] 64 Compare-se agora esta expressão com a expressão do potencial eléctrico criado por uma distribuição de carga eléctrica em volume. Neste caso tem-se: V ( P) = 1 4π ε 0 ∫∫∫ V ρ dv r Repares-e que a densidade ρ que aparece na expressão de V é substituída pela densidade de corrente J na expressão do potencial vector A . Podemos dizer assim que as “fontes” do campo E e e do potencial V são as cargas, enquanto que as fontes do campo B e do potencial A são as correntes; ρ e J são as densidades de carga e de corrente. • No caso de um circuito filiforme e como ids = Jdv , o potencial vector é dado por: • Recorde-se de novo que se B = rotA , tem-se div B = 0 (pois div rotα = 0 ) o que está de acordo com o facto das l. de. F. de B serem fechadas: [6] B B O fluxo que entra é igual ao fluxo que sai. div B=0 Arbitrariedade dos Potenciais Os potenciais V e A não são definidos univocamente. Como E e = − grad V , o potencial V é definido a menos de uma constante : V '= V + k Como B = rotA , o potencial A é definido a menos de um escalar arbitrário ϕ , A' = A + grad ϕ Visto que [7] 65