A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO O COMÉRCIO NA PEQUENA CIDADE: ESTUDO DE CASO SOBRE CAPINÓPOLIS (MG) LETÍCIA PARREIRA OLIVEIRA1 Resumo: O presente trabalho visa entender a dinâmica do comércio em Capinópolis (MG), município que localiza-se no estado de Minas Gerais. Os procedimentos metodológicos serão pautados no estudo bibliográfico, no levantamento de dados e nos trabalhos de campo visando entender a localização desse comércio e compreender a importância dessas pequenas cidades na composição da rede urbana brasileira. Nesse contexto, é importante entender essa dinâmica comercial, visto que apesar de ser uma cidade pequena, ela e as demais da região criam fluxos, sobretudo, no qual a população busca por produtos e serviços cada vez mais especializados. Deste modo, a dinâmica e a rede comercial gera interferências em todas as cidades, sendo que algumas atividades comerciais não se desenvolvem, uma vez que os custos as impossibilitam de ascender. Palavras-chave: Comércio, Pequena Cidade, Capinópolis (MG) Abstract: This study aims to understand the dynamics of trade in Capinópolis (MG), a municipality that is located in the state of Minas Gerais. The methodological procedures will be guided in the bibliographic study, data collection and field work in order to understand the location of the trade and understand the importance of these small towns in the composition of the Brazilian urban network. In this context, it is important to understand that commercial dynamics, since despite being a small town, she and the rest of the region create flows especially where the population search for increasingly specialized products and services. The dynamic and the commercial network generates interference in all cities, and some commercial activities do not develop since the costs impossible to ascend. Keywords: Trade, Small Town, Capinópolis (MG) 1 – Introdução O comércio e os serviços prestados ascendem na economia brasileira atendendo as demandas, sobretudo, englobando parte da população que não encontra espaço no setor industrial e agropecuário do país. O desemprego, que apesar de apresentar taxas estabilizadas, ainda contribui para a ampliação do setor terciário, principalmente nas pequenas cidades. Atrelado a esse fator, existem as mudanças de costumes e hábitos inseridos na sociedade que por meio das tecnologias acessíveis e do marketing chegam aos menores lugares, levando o ideário de consumismo e facilitando que 1 - Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail de contato: [email protected]. Bolsista FAPEMIG. 589 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO esses locais igualmente tenham oportunidade de acesso aos diversos produtos. Nesse contexto, busca-se analisar o comércio da pequena cidade de Capinópolis (MG) (figura 1). Figura 1: Localização do Município de Capinópolis (MG) Capinópolis (MG) localiza-se na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, no estado de Minas Gerais. O município está circunscrito a 18.68ºS e 49.56ºW, sendo o terceiro maior município em número populacional da microrregião de Ituiutaba (MG), identificando no censo de 2010 uma população total de 15.290 habitantes, abrangendo uma área total de 621 km² (IGBE, 2012). Em 2014, a população estimada é de 16.038 habitantes (IBGE, 2014). Na perspectiva de melhor compreender as pequenas cidades perpassando pela analise do comércio local, este trabalho visa levantar informações sobre essa atividade na cidade de Capinópolis (MG) utilizando como procedimentos metodológicos o estudo bibliográfico, posteriormente o levantamento de dados no IBGE, no IPEADATA e no Atlas de Desenvolvimento Humano, bem como por meio de trabalhos de campo para entender a localização desse comércio e compreender a importância dessas pequenas cidades na composição da rede urbana brasileira. A justificativa desse trabalho perpassa pelo entendimento de que a análise do 590 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO comércio e dos serviços são elemento fundamentais para se estudar e entender a evolução do processo urbano nas pequenas cidades brasileiras. No entanto, acredita-se que “o tradicional inchaço que caracteriza o setor terciário desses pequenos centros, geralmente, não está associado a uma melhoria da qualidade de vida da população local através da oferta de comércio e de serviços diversificados” (GOMES, ASSIS, 2008, p. 19). A facilidade no acesso as novas tecnologias, à propaganda e estímulo ao consumismo fazem com que mesmo, sem o comércio físico existente nessas cidades, ocorra a difusão das compras por meio da internet. Paralelo à simplificação das compras por meio dos avanços tecnológicos temse também a ampliação do crédito disponibilizado à população, na qual nem sempre é necessário que as pessoas tenham melhorado suas rendas para elevar o seu consumo, justamente devido à facilidade de acesso aos objetos de desejo, por vezes intermediados por benefícios e isenções incentivados pelo governo. 2 – Pequena Cidade e o Comércio As cidades brasileiras e a estrutura urbana do país apresentam peculiaridades quanto as suas dinâmicas e processos de criação e consolidação, os quais devem ser analisados sob diferentes enfoques. O estudo das cidades brasileiras, no contexto atual, é importante, uma vez que nos leva a entender a evolução urbana e socioeconômica contemporânea. Assim, compreender a definição de cidade é essencial para essa relação com o capital. Logo, em termos conceituais Beaujeu-Garnier (1997) afirma que a cidade é o local interpretado sob diferentes visões, uma vez que o sociólogo, o economista, o governante e a população a observa sob concepções distintas. Sendo assim, ela é considerada sujeito e objeto no que tange a sua funcionalidade. A conceituação e a mensuração das cidades brasileiras, de acordo com os limites demográficos, se enquadram em uma discussão árdua e complexa. Santos a trata como um problema, [...], pois o número, em momentos distintos, possui significados diferentes. Nesse sentido, as séries estatísticas são miragens. O que chamávamos de cidade média em 1940/1950, naturalmente não é a média dos anos 591 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 1970/1980. No primeiro momento, uma cidade com mais de 20 mil habitantes poderia ser classificada como média, mas, hoje, para ser cidade, uma aglomeração deve ter população em torno de 100 mil habitantes. Isso não invalida o uso de quadros estatísticos, mas sugere cautela em sua interpretação (SANTOS, 2009, p.79). Portanto, a classificação das cidades brasileiras, por meio dos dados populacionais, deixa subentendido uma homogeneização do espaço geográfico, o que ao ser pensado, sobretudo, sob os enfoques do território brasileiro e da riqueza de detalhes das relações socioeconômicas, deveria ser compreendido de forma heterogênea. Referente aos estudos urbanos das pequenas cidades, Fresca (2010, p. 75) ressalta que a retomada deles [...] tem a ver com as intensas modificações na organização sócioespacial brasileira que provocaram transformações em redes urbanas; que permitiram realização de novos papéis nestas cidades; que possibilitaram às mesmas tornarem-se lócus privilegiado da realização de uma parcela da produção propriamente dita; que permitiram a inserção das mesmas em interações espaciais de grande alcance; enfim a redescoberta destas cidades como uma particularidade da urbanização brasileira. No texto desta autora, “Cidades locais e pequenas cidades: diferenças necessárias” destaca-se a análise realizada por ela sobre as considerações de Santos (1982, 2005) o qual entende as pequenas cidades como “cidades locais”. Outro fator que amplia a dificuldade de conceituar pequenas cidades, sobretudo no Brasil, é a dimensão territorial do país, bem como as disparidades encontradas no contexto inter-regional. Neste sentido, para Damiani (2006), tanto as pequenas cidades como a cidades médias devem ser pensadas sob uma economia do espaço. A autora trata sobre o tema citando Harvey (2004), no qual ela considera a) que a atividade capitalista produz um desenvolvimento geográfico desigual, sempre buscando custos menores e lucros maiores; b) que não há equilibro espacial, sendo que o processo de acumulação de capital é perpetuamente expansionista; c) que a localização espacial confere certa vantagem monopolista. E que ela é produzida (eis as infra-estruturas materiais, absorvendo muito capital); d) que as inovações tecnológicas alteraram substancialmente as condições de espacialidade (a fricção da distância); e) que, em síntese, dos processos moleculares da acumulação derivam as tensões entre concentração e dispersão; centralização e descentralização; imobilidade e movimento; dinamismo e inércia, etc (DAMIANI, 2006, p. 139). 592 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Assim, a pequena cidade possui importância na dinâmica urbana, o que vale acentuar a preocupação com a estruturação do seu conceito e no que ele se distingue de “cidade local”, termo utilizado por Santos (1982, 2005). A palavra pequena remete a análise do tamanho da cidade que, no caso do Brasil, é entendida pelo contingente populacional. Fresca (2006) ressalta a preocupação com a utilização dessas denominações, uma vez que o que conduz à caracterização de cidade quanto sua mensuração é justamente o dado demográfico. No caso da pequena cidade, a autora considera a necessidade da análise sobressair os dados populacionais para que não ocorra o erro de se comparar uma pequena cidade à outra, o que acaba por igualar realidades distintas. Por meio desta análise das pequenas cidades não é possível compreender “as diferentes inserções de cada núcleo urbano nas redes ou região, impedindo que se entenda seus papéis, suas áreas de influência, suas integrações internas e externas às redes [...]” (FRESCA, 2006, p. 76). Como já mencionado, esse conceito de “cidade local” é tratado por Milton Santos, o qual entende que o termo pequeno é como valor numérico, o que tira o enfoque da funcionalidade da cidade. Para ele o surgimento e o desenvolvimento das cidades locais são “uma resposta a novas necessidades, principalmente no domínio do consumo; elas constituem o nível mais baixo, o limiar que permite a uma aglomeração satisfazer as demandas gerais mínimas de uma população” (SANTOS, 2004, p. 332). Contudo, a presença cada vez maior da tecnologia no campo, com ênfase no desenvolvimento do agronegócio, leva o próprio autor a mostrar a modificação da imagem de cidade local na contemporaneidade. As cidades locais mudam de conteúdo. Antes eram as cidades dos notáveis, hoje se transformam em cidades econômicas. A cidade dos notáveis, onde as personalidades notáveis eram o padre, o tabelião, a professora primária, o juiz, o promotor, o telegrafista, cede lugar à cidade econômica, onde são imprescindíveis o agrônomo (que antes vivia nas capitais), o veterinário, o bancário [...] (SANTOS, 2009, p. 56). A classificação das cidades como pequenas, locais ou pequenos centros varia conforme a avaliação específica de cada localidade e contexto, visto que “a 593 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO extensão das cidades pequenas está relacionada à compreensão do sítio e da situação, à análise da rede urbana, ao papel e ao significado do núcleo urbano face às contradições do capitalismo e à divisão territorial do trabalho” (JURADO DA SILVA, 2011, p. 55). Portanto, mesmo que pouco observada e analisada, a pequena cidade apresenta seus pormenores como, por exemplo, no que tange às condições econômicas, de comércio, de produção e de consumo. Nos patamares inferiores da rede urbana, elas identificam contextos e elementos que devem ser estudados, por representar uma elevada porcentagem das cidades brasileiras, visto que o país possui de 5.593 municípios, 3.913 com população até 20 mil habitantes (IBGE, 2010). Por vezes, essas cidades são desconsideradas e colocadas em segundo plano nas políticas públicas nacionais, já que a repercussão e a dimensão desses problemas são preferencialmente visualizadas nas metrópoles e nas grandes cidades. Dessa forma, entende-se que a abordagem sobre pequena cidade é um desafio. No entanto, as funções dessas são importantes e devem ser analisadas. O estudo referente ao comércio nos leva a apreender o processo relacionado a esses elementos urbanos. O comércio revela a evolução do espaço urbano e das práticas de consumo da sociedade (PINTAUDI, 2002). O setor terciário agrega as atividades que não fazem e nem reestruturaram objetos físicos e que se concretizam no momento em que são realizadas, dividindose em categorias (comércio varejista e atacadista, prestação de serviços, atividades de educação, profissionais liberais, sistema financeiro, marketing, etc.) (VARGAS, 2001). Desse modo, é na área central das pequenas cidades que se concentram o comércio, bem como a igreja, os bancos e os demais atividades e serviços intercalados com áreas residenciais. É neste mesmo espaço que acontecem as feiras livres nos fins de semana que são favorecidas e favorecem o comércio local da cidade. Muitos não se utilizam das formas fixas de pagamento das compras como, por exemplo, o cartão de crédito. Pelo contrário, ainda prevalece a utilização da 594 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO “notinha” ou do “fiado”, relação baseada na confiança, na amizade e na facilidade de se encontrar e conhecer as pessoas. Portanto, é na área central, carregada de significado e de utilização que o comércio se destaca. É neste local, que as relações acontecem, é o ponto de encontro, de consumo, de troca de informações, de apresentações culturais, de serviços públicos e privados, gestão pública, terminais rodoviários, entre outros. É a área utilizada intensamente, na qual as questões econômicas sobressaem e o setor terciário recebe seu destaque. 2.2 - O Comércio em Capinópolis (MG) Capinópolis (MG) apresenta uma população urbana, chegando a 93,54% dessa residindo na cidade em 2010. Desde a década de 1970 a porcentagem de pessoas no campo é baixa e atinge em 2010, apenas 6,46%. Esse fator demonstra que a cidade necessitou atender as demandas crescentes, visto que existiu e existe um número maior de pessoas que não possuem alimentos e outros produtos comumente adquiridos no campo. A população utiliza e necessita do comércio e serviços do setor central da cidade, sendo que a mesma ainda recebe uma porcentagem de pessoas oriundas das pequenas cidades vizinhas - Cachoeira Dourada (MG) e Ipiaçu (MG) -, as quais apresentam uma dinâmica menor do setor terciário o que leva a população à procura de produtos e serviços básicos, de forma inicial, em Capinópolis (MG). Para atender uma necessidade peculiar, com maior especialização, essa população busca a cidade de Ituiutaba (MG), visto que ela apresenta uma estrutura com disponibilidade mais ampla desses produtos na região. Apesar de ser uma cidade pequena, Capinópolis (MG) apresenta um comércio central que cresce a passos lentos, mas que apresenta diversidades no setor secundário e terciário. O PIB Municipal de serviços e comércios em 1996 chegou a um valor inferior, de 1.126,00, a primeira análise 1.45,61, em 1970. O ano de elevação importante desse dado foi em 1985, no qual o município atingiu 46.772,32 (IBGE). 595 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Com 442 empresas atuantes, sendo 443 unidades locais com 3.294 pessoas ocupadas e assalariadas em 2012 (IBGE) as despesas com os salários no comércio apresentaram variações durantes os anos, decaindo, principalmente em 1996, chegando a 310,145. Na primeira pesquisa em 1975 o IBGE registrou o maior valor gasto com salários nas atividades comerciais em Capinópolis (MG), 793,248. A renda per capita média é um fator que mostra o porquê o comércio na cidade se mantém. Capinópolis (MG) cresceu 126,10% nos últimos 20 anos, chegando em 2010 com uma renda média de R$ 834,14, enquanto em 1991 era de apenas R$ 368,92 (PNUD, 2010). Esse elemento coincide com a média de crescimento do país, o que favoreceu a um maior número de pessoas terem acesso a um número maior de bens de consumo. O índice de vulnerabilidade a pobreza reforça esse fator, visto que passou de 62,38% em 1992 para 23,12% em 2010 (PNUD, 2010). Desse modo, houve uma diminuição de indicadores de pobreza e aumentou o número de pessoas que chegaram à classe média. Com um comércio e a disponibilidade de serviços concentrada no centro da cidade, sobretudo, nas avenidas 102 - a qual perpassa pelo bairro centro - e a avenida 101 - que corta a cidade sentido nordeste – Capinópolis (MG) desenvolve essas atividades que formam assim o desenho de uma cruz invertida, como observa-se na figura 2. 596 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Figura 2 - Capinópolis (MG): localização das avenidas com concentração do comércio e serviços (2013). Fonte: LACERDA, Anderson, 2010. Adaptado por: OLIVEIRA, Letícia Parreira, 2013. Essa delimitação da figura 2 mostra os locais com os terrenos de maior valorização devido a proximidade com as atividades econômicas. Desse modo, a cidade tende a expandir de forma que os bairros fiquem mais longe do centro, haja vista que os novos loteamentos do setor público surgem nos locais em que o preço do solo é mais acessível a população de baixa renda. Nos horários de trabalho da população, nota-se a mobilidade urbana nessa área (figura 2), a qual não é observada em toda área central, mas sim, especificamente nas avenidas estudadas. Os trabalhadores que moram nos bairros distantes não possuem opções de deslocamento, uma vez que a cidade não possui um complexo de transporte público. Quanto as atividades encontradas na área central, destaca-se as lojas de roupas e sapatos (foto 1), lanchonetes e farmácias. Nesse recorde ainda encontrase um supermercado e a Igreja Católica (figura 2). 597 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Foto 1 - Capinópolis (MG): localização das lojas na avenida 101. Fonte: Letícia Parreira Oliveira, 2013. No recorte do comércio na área central ainda encontram-se 3 farmácias de propriedades locais, sendo uma homeopática. Na avenida 102 estão instaladas as duas lojas de departamentos da cidade, a Eletrosom e Eletrozema, além das três redes bancárias (Banco do Brasil, Bradesco e Sicoob) e, recentemente, a primeira farmácia de rede, a qual possui capital não local (foto 2). Foto 2 - Capinópolis (MG): localização da primeira rede de farmácia Fonte: Letícia Parreira Oliveira, 2013. A cidade ainda apresenta algumas atividades comerciais direcionadas a atender as necessidades do campo. Entretanto, elas não se concentram na área central, se apresentando de forma especializada na zona urbana. Nota-se, portanto, que a presença de um comércio relativamente diversificado, mas que atende as primeiras necessidades da população de Capinópolis (MG). A área que destaca-se como central para o comércio, não se 598 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO expande de forma considerável, desta forma, a cidade acaba por se concentrar neste espaço para a realização de várias atividades além das comerciais, como por exemplo, as de lazer, as quais são escassos. 3 - Considerações Finais Os dados e as informações levantadas, bem como as análises realizadas mostram que Capinópolis (MG) não aumentou significativamente as atividades comerciais na área central no decorrer dos anos. Contudo, a mesma manteve um comércio que atende as demandas básicas da população local. A área central concentra as atividades comerciais e de serviços com a presença das atividades com capital externo, que estão de forma lenta se instalando na cidade, o que pode levar a uma queda do comércio local, criado e administrado pelos moradores. A cidade vive das atividades agrícolas e pecuárias, e possuía uma usina sucroalcooleira que também regia a dinamicidade do comércio local. Com a falência dessa empresa provavelmente todos os setores da econômica serão afetados, sobretudo o terciário que atendia os trabalhadores fixos e os que esporadicamente chegavam a cidade para executar suas atividades profissionais. No entanto, é importante entender essa dinâmica comercial, visto que apesar de ser uma cidade pequena, ela e as demais da região criam fluxos, sobretudo, no qual a população busca produtos e serviços cada vez mais especializados nas cidades no seu entorno como, por exemplo, em Ituiutaba (MG). Deste modo, a dinâmica e a rede comercial gera interferências em todas as cidades. Em Capinópolis (MG), por exemplo, algumas atividades comerciais não se desenvolvem, uma vez que os custos impossibilitam o que leva o cliente a procurar a cidade de Ituiutaba ou de Uberlândia, locais onde frequentemente os produtos possuem preços inferiores devido à concorrência e a demanda. 599 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO O comércio de Ituiutaba (MG) também é impactado por esse processo externo a cidade de forma a se especializar cada vez mais para atender o seu entorno. Esse trabalho visou entender a localização comercial em Capinópolis (MG) e talvez poderá vir a contribuir mais efetivamente por meio dos questionamentos levantados e por entender que a dinâmica da pequena cidade deve ser compreendida, já que a mesma interfere não somente em escala local, mas também no âmbito regional. 4 - Referências BEAUJEU-GARNIER, Jacqueline. Geografia urbana. Tradução de Raquel Soeiro de Brito. 2ª ed. 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