I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA DE BIODIESEL METÍLICO E ETÍLICO OBTIDO DO ÓLEO DE SEMENTES DE TUCUMÃ (Astrocaryum huaimi Mart.) ALEXANDRE, Ellen Carla Francisca (Mestranda)1; SILVEIRA, Eduardo Vieira (Estudante IC)1; CASTRO, Carlos Frederico de Souza (Orientador)1; SALES, Juliana de Fátima (Colaborador)1, OLIVEIRA, Lincoln Carlos Silva de (Colaborador)2, BARBOSA, Luiz Claúdio de Almeida (Colaborador)3 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO. [email protected]; 2 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - MS; 3 Universidade Federal de Viçosa - MG. RESUMO: O biodiesel é obtido através de uma reação de transesterificação de óleos vegetais ou gorduras animais e um álcool na presença de um catalisador. O trabalho discute as características e composição do biodiesel obtido do óleo de sementes de tucumã (A. huaimi Mart.), bem como as propriedades dos seus ésteres metílicos e etílicos produzidos, para a utilização como biodiesel. O óleo foi usado para produzir ésteres metílicos e etílicos. A análise por cromatografia gasosa revelou um óleo rico em ácidos graxos de baixo peso molecular. As análises termogravimétricas e por calorimetria diferencial exploratória indicaram um comportamento similar para ambos os biocombustíveis produzidos, sendo que o biodiesel etílico além do fato de ter melhor comportamento em baixas temperaturas possui pontos de congelamento mais baixo. Além disso, como o óleo apresentou um alto teor de ácidos graxos saturados de baixo peso molecular, a análise térmica sugere o seu uso como biocombustível em baixas temperaturas. Palavras-chave adicionais: metanol, etanol, cristalização, catálises. INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS O biodiesel é obtido através de uma reação de transesterificação de óleos vegetais ou gorduras animais e um álcool na presença de um catalisador (OLIVEIRA et al., 2011). Para o caso de comunidades isoladas, as mesmas podem obter óleos vegetais, como matéria-prima, para produção de biodiesel através um manejo e exploração sustentável das espécies oleaginosas existentes e o etanol pode ser obtido pelo plantio da cana-de-açúcar (SANTOS, 2008; BARBOSA et al, 2009). O trabalho discute as características e composição do biodiesel obtido do óleo de sementes de tucumã (A. huaimi Mart.), bem como as propriedades dos seus ésteres metílicos e etílicos produzidos, para a sua utilização como biodiesel. Foram utilizados frutos de tucumã (A. huaimi Mart.) coletados na Fazenda Gameleira (Latitude de 16° 06’20”S, longitude: 51°17’11”W e altitude de 459 m), no município de Montes Claros - GO, no mês de novembro de 2010. Produção do biodiesel metílico e etílico Os ésteres metílicos e etílicos foram obtidos com metanol e etanol, usando como catalisadores H2SO4 P e NaOH. Análise cromatográfica do óleo de tucumã A composição da mistura de ésteres metílicos e etílicos foi determinada por cromatografia gasosa acoplada a um detector de massas, marca SHIMADZU, modelo GCMSQP5050A. Análises termogravimétrica do óleo e do biodiesel As curvas de Termogravimetria/ Termogravimetria Derivada (TG/DTG) foram obtidas em um equipamento TGA-Q50 da TA Instruments. As curvas de Calorimetria 1 I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. Exploratória Diferencial (DSC) foram obtidas em um equipamento DSC-Q20, da TA Instruments. Análise de [1H] NMR do óleo e biodiesel As análises de ressonância magnética nuclear 1H (300 MHz) foram feitas em aparelho Varian Mercury 300, usando clorofórmio deuterado como solvente e tetrametilsilano (TMS) como padrão. Ponto de entupimento de filtro a frio – CFPP O ponto de entupimento de filtro a frio foi estimado teoricamente (RAMOS et al., 2009) a partir da composição do óleo de tucumã (A. huaimi Mart.). processos de fusão e cristalização de ácidos graxos que compõem o óleo de tucumã e os ésteres metílico e etílico. As temperaturas de início dos eventos foram obtidas através da medida do “onset point”. Os ciclos de aquecimento do biodiesel (a) metílico, (b) etílico e do (c) óleo de tucumã apresentam dois picos endotérmicos, nas temperaturas de: (a) -39,0 °C e -12,5 °C; (b) – 40,0 °C e – 20,3 °C e (c) -28,8 °C e 13,5 °C, que, de acordo com GARCIA-PEREZ (2010) e RAMALHO et al. (2012), possivelmente, correspondem à fusão de ácidos graxos, insaturados e saturados respectivamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na composição dos ácidos graxos para os biodiesel metílico e etílico, pode-se notar que os ácidos láurico, mirístico e oléico constituem mais de 80% do total de ácidos graxos encontrados. Para o óleo de A. huaimi, o ácido láurico é o seu constituinte majoritário (38%), seguido pelo ácido oléico (24,8%) e mirístico (17,9%). Para os teores de ácidos palmítico e oléico no óleo de A.vulgare Mart., nota-se que os mesmos são muito superiores aos encontrados no óleo de A. huaimi Mart. (24,6% e 7,7%, para o ácido palmítico; 65% e 24,8%, para o ácido oléico, respectivamente). Foram obtidos espectros de RMN 1H para o biodiesel metílico e o biodiesel etílico de óleo de tucumã (A.huaimi Mart.). Em ambos os casos, não foram detectados sinais relativos aos hidrogênios do glicerol, o que indica não existirem teores significativos de óleo bruto original não-transesterificado (PAULA et al., 2011; ANDRADE et al., 2012). De acordo com Figura 1, as curvas TG/DTG do biodiesel metílico (a), etílico (b) e do óleo de tucumã mostram a estabilidade térmica, as etapas e os teores de resíduos formados no processo de termodecomposição. Os ésteres metílico e etílico decompõem-se em uma única etapa, entre as temperaturas de: (a) 75,0 °C e 245 ºC e (b) 79,0 °C e 239 °C, com perdas de massa de (a) 98,2 % e (b) 99,2 % e perfil muito similar. O óleo de Tucumã decompõe-se em três etapas consecutivas, entre as temperaturas de 227,1 °C e 561,0 °C, com perda de massa total de 98,9 % e resíduo de 0,05%, que pode ser atribuído ao limite de erro aceito para a técnica. As curvas DSC (Figura 2), mostram picos endo e exotérmicos, correspondentes aos Figura 1. Curvas de TG/DTG: a) Biodiesel metílico de tucumã, b) Biodiesel etílico de tucumã e c) Óleo de tucumã em condições na atmosfera não oxidativa. Nos ciclos de resfriamento, observam-se uma exotérma larga em (a) -7,4 ° C e (b) -9,4 °C, correspondente a cristalização de mistura de ácidos graxos saturados com cadeias carbônicas de diferentes tamanhos, e picos exotérmicos em (a) -53,2 °C e (b) – 60,9 °C, correspondente a cristalização de ácidos graxos insaturados. Para o óleo de tucumã (c), observam-se dois picos exotérmicos consecutivos, com o primeiro iniciando-se em 8,5 °C e segundo em 2,2 °C. Os valores de temperaturas observadas nos eventos, sempre superiores para o óleo, estão em concordância com os demais resultados obtidos, sugerindo a formação dos ésteres. Os tamanhos relativos dos picos são indícios de um conteúdo significativamente maior de ácidos graxos saturados, o que está em concordância com a composição determinada. Os valores calculados para o ponto de entupimento de filtro a frio foram iguais a -7,8 e 2 I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. 8,8 0C, para o biodiesel metílico e etílico, respectivamente. Tais valores colocam o biodiesel de óleo de A. huaimi Mart. em condições extremamente favoráveis ao seu uso em regiões com temperaturas baixas (RAMOS, et al, 2009). Isto permite inferir um possível uso do biodiesel de tucumã (A. huaimi Mart.) como aditivo para obter propriedades desejadas em misturas de biodiesel com pobres comportamentos em baixas temperaturas (ECHIM, MAES, DE GREYT, 2012). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, B. S.; KOOLEN, H. H. F.; BARRETO, A. C.; SILVA, J. D.; FIGLIUOLO, R.; NUNOMURA, S. M. Aproveitamento do Óleo das Amêndoas de Tucumã do Amazonas na Produção de Biodiesel. Acta Amazonica. v. 39, n. 2, p. 371 -376, 2009. OLIVEIRA, M. F.; VIEIRA, A. T.; BATISTA, A. C. F.; RODRIGUES, H. S.; STRADIOTTO, N. R. A Simple and Fast Method for the Production and Characterization of Methylic and Ethylic Biodiesels fron Tucum Oil via an Alkaline Route. Journal of Biomedicine and Biotechnology. v. 238474, p. 1-4. 2011. SANTOS, J.R.J. Biodiesel de Babaçu: avaliação térmica, oxidativa e misturas binárias. Tese.103 f. João Pessoa: UFPB, 2008. RAMOS, M.J.; FERNÁNDEZ, C.M.; CASAS, A.; RODRÍGUES, L.; PÉREZ, Á. Influence of fatty acids composition of raw materials on biodiesel properties. Bioresource Technology, v. 100, p. 261268, 2009. Figura 2. Curvas de DSC: a) Biodiesel metílico de tucumã, b) Biodiesel etílico de tucumã e c) Óleo de tucumã em condições na atmosfera não oxidativa. CONCLUSÃO Os biodiesel metílico e etílico resultou em uma conversão completa por catálise dupla, confirmada por RMN 1[H] e cromatografia gasosa. Ambos os biocombustíveis produzidos apresentaram comportamentos térmicos similares, sendo que o biodiesel etílico além do fato de ter melhor comportamento em baixas temperaturas possui pontos de congelamento mais baixo. Como o óleo de tucumã apresentou um alto teor de ácidos graxos saturados de baixo peso molecular, a análise térmica sugere o seu uso como biocombustível em baixas temperaturas. AGRADECIMENTOS A CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro. RAMALHO, E. F. S. M.; CARVALHO FILHO, J. R.; ALBUQUERQUE, A. R.; de OLIVEIRA, S. F.; CAVALCANTI, E. H. S.; STRAGEVITCH, L.; SANTOS, I. M. G.; SOUZA, A. G. Low temperature behavior of poultry fat biodiesel: biodiesel blends. Fuel, v. 93, p. 601-605, 2012. PAULA, A.J.A.; KRUGEL, M.; MIRANDA, J.P.; ROSSI, L.F.S.; COSTA NETO, P.R. Utilização de Argilas para Purificação de Biodiesel. Química Nova, v. 34, n. 1, p. 91-95, 2011. GARCIA-PEREZ, M.; ADAMS, T. T.; GOODRUM, J. W.; DAS, K. C.; GELLER, D. P. DSC studies to evaluate the impact of bio-oil on cold flow properties and oxidation stability of biodiesel. Bioresource Technology, v. 101, p. 62196224, 2010. ECHIM, C.; MAES, J.; DE GREYT, W. Improvment of cold filter plugging point of biodiesel from alternative feed stocks. Fuel, v. 93, p.642-648, 2012. ANDRADE, D.F.; MAZZEI, J.L.; KAISER, C.R.; d´AVILA, L.A. Assessment of different measurement methods using 1H-NMR data for the analysis of the transesterification of vegetable oils. Journal of the American Oil Chemists´ Society, v.89, p. 619-630, 2012. 3