UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical PROCESSAMENTO DA MANGA ‘BOURBON’ (Mangifera indica L) EM “CHIPS” SOB PROCESSO DE FRITURA COM AVALIAÇÃO SENSORIAL VALMON LUCAS DIDA CUIABÁ-MT 2006 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical PROCESSAMENTO DA MANGA ‘BOURBON’ (Mangifera indica L) EM “CHIPS” SOB PROCESSO DE FRITURA COM AVALIAÇÃO SENSORIAL VALMON LUCAS DIDA Licenciado em Ciências Agrícolas ORIENTADOR: PROF. DR. NICOLAU PRIANTE FILHO CO-ORIENTADOR: PROF. DR. PAULO AFONSO ROSSIGNOLI Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical. CUIABÁ-MT 2006 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical CERTIFICADO DE APROVAÇÃO Título: PROCESSAMENTO DA MANGA ‘BOURBON’ (Mangifera indica L) EM “CHIPS” SOB PROCESSO DE FRITURA COM SENSORIAL Autor: VALMON LUCAS DIDA Orientador: Dr. NICOLAU PRIANTE FILHO Co-orientador: Dr. PAULO AFONSO ROSSIGNOLI Aprovada em 28 de julho de 2006. Comissão Examinadora: ______________________________ Prof. Dr. Nicolau Priante Filho (FAMEV – UFMT) (Orientador) ______________________________ Profa. Dra. Regina Baptista dos Reis (FEN – UFMT) (Membro) ______________________________ Prof. Dr. Mayron Augusto B. de Oliveira (CEFET / ES) (Membro) AVALIAÇÃO 3 Dedicatória A Deus, o grande Ser Supremo e Arquiteto do Universo, por ser o centro da minha vida e por sempre escrever certo por linhas certas conduzindo com frutos os meus caminhos. 4 Agradecimentos A meus pais, Manoel Olympio da Silva Dida, in memorian, e Maria Mademy de Jesus, a quem dedico toda a razão de minha existência. A minha esposa amada, Profª. M.Sc. Luciana de Sousa Pereira, pelo carinho, paciência, compreensão e por toda a dedicação e auxilio durante todas as fases do mestrado. Ao Prof. Dr. Nicolau Priante Filho, grande exemplo de humildade e sabedoria, por ter me aceito como orientando; por ter tido paciência com minhas confusões filosóficas e por ter me entendido todo esse tempo. Ao Prof. Dr. Paulo Afonso Rossignoli, por ter dedicado muito tempo às minhas dúvidas e por ter me auxiliado em muitas das análises e acima de tudo por ter sido meu grande amigo. A Profa. Dr. Regina Baptista dos Reis, por ter aceitado o convite em participar da banca e por todo o apoio. Ao Prof. Dr. Mayron Augusto Borges de Oliveira, pela grande contribuição e por ter nos auxiliado na análise sensorial. A Profa. Dra. Maria José Paes Santos, por todo o apoio e colaboração. Ao INDEA (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso) nas pessoas do Ilmo. Sr. Décio Coutinho; Maria Auxiliadora P. R. Diniz; Hernani Machado de Lima; Maria da Penha Borges do Amaral, bem como, aos funcionários da ULE (Unidade Local de Execução) de Nossa Senhora do Livramento representados por Eunice da Conceição Souza, por toda compreensão e apoio. Ao Laboratório de Análises Químicas e Fisico-químicas da Faculdade de Nutrição/Universidade Federal de Mato Grosso, pela realização das análises. A COORIMBATÁ, na pessoa do Oscar Zalla Sampaio Neto, e a toda a sua equipe de pesquisas práticas em processamento de alimentos alternativos, e 5 por ser o norte de todos os recentes trabalhos na área de processamento de alimentos. Ao CEFET-Cuiabá, por ter cedido o LASA (Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos) bem como, aos alunos e funcionários por terem participado dos experimentos de análise sensorial. Ao Edson Sérgio Gugelmin, grande incentivador, amigo pessoal e proprietário da Banavita, que cedeu sua indústria, instalações, equipamentos e seu precioso tempo para realização de nossas pesquisas dando grande contribuição em todo o processo. À Secretaria da pós-graduação, nas pessoas da Profª. Dra. Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque e das grandes amigas, Maria Minervina de Souza e Denise Aparecida de Arruda Alves, as quais dedico profunda admiração e respeito. A toda família Dida e aos Deda, que mesmo estando espalhados por todo esse Brasil, continuam unidos e incentivando uns aos outros no crescimento profissional e espiritual. Ao Prof. Duílio Mayolino Filho, grande amigo, produtor e incentivador da mangicultura no Centro Oeste de Mato Grosso, por toda a colaboração e apoio. Ao Prof. M.Sc. Dimorvan Alencar Brescancin, pela oportunidade e por ter acreditado em meu potencial. Ao casal Manoel Juazeiro e Lionete Juazeiro, Meus queridos tios, por todo o apoio e pela confiança que em mim depositaram. Ao meu irmão Pe. José Manoel Araújo, em especial, por ter sido meu grande incentivador a ingressar ainda a nível médio na área de Ciências Agrárias. 6 PROCESSAMENTO DA MANGA BOURBON (Mangifera índica L) EM “CHIPS” SOB PROCESSO DE FRITURA COM AVALIAÇÃO SENSORIAL RESUMO – A manga é considerada uma importante fruta tropical, possuindo excelente sabor, aroma e coloração característicos, mas, que devido a sazonalidade, sendo, portanto um fruto climatério, faz-se necessário, a intensificação de pesquisas na busca de alternativas da otimização de produção e industrialização. O Brasil ocupa lugar de destaque na produção dessa fruta, de diversas variedades, dentre elas a Bourbon, largamente produzida na Baixada Cuiabana. A Cooperativa Coorimbatá vem desenvolvendo alternativas de aproveitamento de frutas tropicais de forma que possam ser comercializadas durante todo o ano. A fritura da manga pode ser alternativa de aproveitamento da produção e agregação de valor. O processo de fritura aumenta o tempo de vida útil, diminui a quantidade de água e confere características organolépticas aceitáveis pelo consumidor. Este trabalho tem por objetivo o processamento da manga Bourbon na forma de “chips” e avaliação da sua aceitação pelos consumidores. As análises físico-químicas de umidade, cinzas, proteínas, lipídeos, carboidratos e fibras da manga “chips” serviu de suporte para avaliar a qualidade do produto testado. Foi observado que a composição química do produto processado não difere muito do produto in natura, ficando comprovado apenas um incremento no teor energético com incorporação do óleo da fritura. Foi realizado o teste sensorial afetivo utilizando escala hedônica de nove pontos (9 = gostei extremamente a 1 = desgostei extremamente) e painel de 50 provadores não treinados, comprando a amostra de manga “chips” com banana “chips”, comumente encontrada no mercado. Os dados foram analisados estatisticamente pelo teste de Friedman para os atributos cor, sabor, textura e aceitabilidade geral dentro das categorias sexo, freqüência de consumo, faixa etária, escolaridade e classe social. A análise sensorial demonstrou a preferência dos provadores pela banana “chips” em todos os atributos analisados. 7 Palavras-chave: manga frita, análise sensorial, fritura 8 PROCESSING OF THE BOURBON MANGO (Mangifera índica L) IN “CHIPS” UNDER PROCESS OF FRITURA WITH SENSORIAL EVALUATION ABSTRACT - The mango it is considered an important tropical fruit, possessing excellent flavor, characteristic aroma and coloration, but, that had the sazonalidade, being, therefore a climatic fruit, becomes necessary, the intensification of research in the search of alternatives of the production and industrialization. Brazil occupies place of prominence in the production of this fruit, of diverse varieties, amongst them the Bourbon, wide produced in the Baixada Cuiabana. The Cooperativa Coorimbatá comes developing alternative of exploitation of tropical fruits of form that can all be commercialized during the year. The deep fat frying of the mango can be alternative of exploitation of the production and aggregation of value. The deep fat frying process increases the time of useful life, diminishes the amount of water and confers acceptable organolépticas characteristics for the consumer. This work has for objective the processing of the mango Bourbon in the “chips” form and evaluation of its acceptance for the consumers. The analyses physicist-chemistries of humidity, leached ashes, proteins, lipids, carbohydrate and staple fibres of the “chips” mango served of support to evaluate the tested product quality. It was observed that the chemical composition of the processed product very does not differ from the product in natura, being proven only one increment in the energy text with incorporation of the oil of the deep fat frying. The affective sensorial test was carried through using the nine-point hedonic scale (9 = I liked extremely 1 = I displeased extremely) and panel of 50 cloth provers not trained, buying sample “chips” the mango with “chips” banana, comumente found in the market. The data had been analyzed estatistically by the test of Friedman for the attributes color, flavor, texture and general acceptability inside of the categories sex, frequency of consumption, age band, degree school and social group. The sensorial analysis demonstrated to the preference of the cloth provers for the “chips” banana in all the analyzed attributes. Word-key: mango fry, sensorial analysis, deep fat frying 9 LISTA DE FIGURAS Página 1–Fluxograma de produção de manga “chips”.......................................................... 2 - Fluxograma do procedimento de análise sensorial.............................................. 3–Modelo de ficha de teste sensorial....................................................................... 4–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor.................... 5–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor................ 6–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura.............. 7–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral......................................................................................................................... 8–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da categoria sexo..................................................................................................... 9–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da categoria sexo......................................................................................... 10–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da categoria sexo........................................................................................ 11–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da categoria sexo........................................................................... 12–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da freqüência de consumo....................................................................................... 13–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da freqüência de consumo.......................................................................... 14–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da freqüência de consumo............................................................................ 15–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da freqüência de consumo............................................................. 16–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da escolaridade......................................................................................................... 17–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da escolaridade............................................................................................. 18–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da escolaridade............................................................................................. 19–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da escolaridade.............................................................................. 20–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da faixa etária............................................................................................................ 21–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da faixa etária............................................................................................... 22–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da faixa etária............................................................................................... 23–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da faixa etária................................................................................. 24–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da classe social......................................................................................................... 31 34 35 40 41 41 42 43 43 44 45 46 46 47 48 49 50 50 51 52 52 53 53 54 10 25–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da classe social............................................................................................. 55 26–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da classe........................................................................................................ 56 27–Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da classe social.............................................................................. 56 11 LISTA DE TABELAS Página 1 – Análises físico-químicas da manga “chips”.......................................................... 37 2– Diferença entre a soma das notas de cada atributo nas categorias comparando as duas amostras....................................................................................................... 39 12 SUMÁRIO Página 1. 2. INTRODUÇÃO...................................................................................... 13 REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 16 2.1. Distribuição da Mangifera indica L .................................................... 16 2.2. Importância da Mangifera indica L .................................................... 17 2.3. Processo de fritura em alimentos ...................................................... 20 2.3. Análise sensorial ............................................................................... 24 2.3.1. Características estudadas na análise sensorial .......................... 26 2.3.2. Testes em Análise Sensorial ...................................................... 28 2.3.3. Análise Estatística em Avaliações Sensoriais............................. 30 3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................... 31 3.1. Matéria-prima ................................................................................ 31 3.2. Amostragem .................................................................................. 31 3.3. Processamento.............................................................................. 31 3.4. Fritura ............................................................................................ 33 3.5. Análises físico-químicas ................................................................ 33 3.6. Análise sensorial ........................................................................... 34 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 37 4.1. Processamento e Fritura ............................................................... 37 4.2. Análises físico-químicas ................................................................ 38 4.3. Análise sensorial ........................................................................... 39 4.3.1.Análise dos dados........................................................................ 39 5. CONCLUSÕES..................................................................................... 58 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 59 ANEXO A – Manga Bourbon ....................................................................... 68 ANEXO B – Etapas do processamento ....................................................... 69 ANEXO C – Amostras de Manga Frita e Banana Frita ................................ 71 ANEXO D - Cabines e amostras para provadores em análise sensorial ..... 72 13 1. INTRODUÇÃO Produzir alimentos em larga escala comercial tem sido atualmente um constante desafio para a indústria de alimentos. A conservação de matérias primas, bem como, de produtos finais é parte integrante dos processos desenvolvidos nos grandes centros de pesquisa do Brasil, partindo do princípio que os alimentos são constituídos em sua maior parte por água que, em estado livre, representa meio de cultivo para muitos microrganismos Uboldi Eiroa (1981). A introdução da fruta (Mangifera indica L) no Brasil se deve realmente aos portugueses que a trouxeram para o estado do Rio de Janeiro no início do século XVI. Hoje está entre os sete maiores produtores de manga do mundo, onde se predomina as variedades do tipo ‘Bourbon’, ‘Rosa’, ‘Espada’, ‘Coqueiro’, ‘Ouro’, entre várias outras, entretanto, nos últimos anos, esse quadro está mudando com a implantação de grandes áreas com novas variedades (Bleinroth, 1994). O cultivo de pomares domésticos encontra-se em quase todos os estados brasileiros e, para fins comerciais, principalmente em São Paulo, Minas Gerais e alguns estados da Região Nordeste (Silva et al, 1986). A exploração da manga na baixada cuiabana é realizada em moldes extensivos, sendo comum o plantio em áreas esparsas, nos quintais e fundos de vales das pequenas propriedades, formando bosques sub-espontâneos (Valente et al, 2003). 14 A manga (Mangifera indica L) da família Anacardiaceae é considerada uma das mais importantes frutas tropicais. A procura desta fruta tem aumentado bastante nos mercados interno e externo, alcançando preços compensadores. Mas para que se tenha êxito na sua cultura é preciso adotar práticas de cultivo adequadas, de modo que o produto atenda às exigências do mercado consumidor. É essencial que a fruta tenha boa qualidade e o custo de sua produção seja competitivo (Balbach & Boarim, 1995). A manga é considerada uma importante fruta tropical, possuindo excelente sabor, aroma e coloração característicos, mas, que devido a sazonalidade, sendo, portanto um fruto climatério, faz-se necessário, a intensificação de pesquisas na busca de alternativas da otimização de produção e industrialização. Muito utilizada na fabricação de: sucos, geléias, passas, compotas, doces etc. Possui razoável teor de carboidratos, proteínas, gorduras e vitamina A, complexo B, e C, além de ferro, fósforo, cálcio, potássio, magnésio e zinco Cardelo et al (1997). A contribuição da Região Centro Oeste em volume comercializado tem sido pequena, porém em ascendência sendo, portanto, quase toda a produção para o mercado interno de frutos frescos. Acredita-se que com o processamento, é possível oferecer a fruta e seus derivados durante todo o ano, minimizando perdas pós-colheita, muito observada em frutos de manga. A técnica da desidratação e possível fritura da manga poderão proporcionar ao mercado consumidor um produto diferenciado e menor volume, podendo facilitar o escoamento da produção Valente et al (2003). A desidratação de alimentos só começou a ser aplicada de forma significativa na Primeira Guerra Mundial, em razão da necessidade da produção de alimentos em larga escala, destinado a suprir as tropas em combate. Já na segunda Guerra Mundial, haviam sido desenvolvidas nos EUA técnicas para desidratação de muitos tipos de vegetais, que foram produzidos em toneladas para servirem de alimentos para soldados e marinheiros. A fritura também é um processo de conservação e desidratação, na qual devem ser utilizados óleos de qualidade (Cardello et al,1997). 15 A manga ‘Bourbom’ foi escolhida por ser uma variedade de difícil comercio para exportação bem como, para o mercado interno da fruta innatura. Entretanto, há um mercado consumidor de grande aceitação de frutas “chips” como a banana que fora escolhida como amostra. A bataba “chips” muito apreciada no mundo inteiro não foi escolhida como amostra desse trabalho por ser um tubérculo e não uma fruta, uma vez que a banana já é muito apreciada pelos consumidores na forma de “chips”. A manga foi processada em estádio de maturação 1, ou seja, “de vez” (Assis et al, 2004). Vale ressaltar que a Cooperativa de Pescadores e Artesãos de Pai André e Bomsucesso (CORIMBATÀ), que desde agosto de 1999, atua no processamento de frutas desidratadas (banana, manga e abacaxi) e seus produtos vêem sendo comercializados em uma grande rede de supermercados de Mato Grosso (Pereira, 2003). Além de todas as características em favor da manga como baixos teores de açúcares solúveis, acidez média e baixa umidade, que são características adequadas para produção de “chips” garantindo a qualidade do produto final; não obstante, não apresentam problemas organolépticos e de textura no produto final dificultando a aceitação pelos consumidores (Pina, 1999) Os objetivos deste trabalho foram testar a viabilidade da manga ‘Bourbon’ (Mangifera indica L), para o processamento em “chips” sob fritura; avaliar as análises físico-químicas e submeter as amostras a análise sensorial para detectar a aceitação geral dos consumidores. 16 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Distribuição da Mangifera indica L A mangueira é nativa da Ásia, do Sudeste da Índia e região IndoBurma. Sugeriram também sua origem no arquipélago Malaio, embora nem sempre aceita. O nome comum manga é originário do sul da Índia da língua Tamil, man-kay ou man-gas, também usados na Malaia (Manica, 1981). A situação geográfica o torna privilegiado, frente aos demais países produtores, quase todos situados no hemisfério Norte (Oliveira et al, 2002). A manga é cultivada em 85 países, sendo que a Índia em 2000, produziu 12 milhões de toneladas. É sem duvida o grande e principal produtor mundial com 50,3% do total (FAO, 2003). A China é o segundo produtor, com 9,0%, logo depois vem o México com 6,4% e a Tailândia com 5,2%. Os países asiáticos: Índia, China, Paquistão, Indonésia, Tailândia e Filipinas foram responsáveis por 75% da produção mundial no ano de 1999. Em 2000, o Brasil produziu 605 mil toneladas da fruta tendo uma área plantada de 62 mil hectares, tornando-se, portanto, o nono produtor mundial e obteve um crescimento de 11% em relação a 1990 (Pimentel et al, 2000). Já em 2004, o Brasil tornou-se o sétimo maior produtor de mangas, com produção de aproximadamente um milhão de toneladas anuais, sendo o Estado de São Paulo o maior produtor nacional. O Brasil está conseguindo ampliar espaço no mercado internacional para a exportação de manga e ocupa a sexta posição entre os países exportadores (Franco et al, 2004). 17 Dentre os frutos in natura exportados pelo Brasil, a manga tem se destacado nos últimos anos atingindo os mercados da Europa e Estados Unidos. A exportação para o mercado americano era feita, até pouco tempo, pelos estados do Piauí, Pernambuco e Bahia, que possuíam instalações nos packinghouse das agroindústrias, capazes de executarem o tratamento hidrotérmico dos frutos. A partir de 2001 o Rio Grande do Norte passou a exportar para o mercado americano, com a instalação, no Vale do Assú, de uma unidade de tratamento hidrotérmico (Valente et al, 2003). 2.2. Importância da Mangifera indica L Ao julgar por suas qualidades nutritivas, a manga ocupa um dos primeiros lugares na ordem de importância entre as numerosas espécies de frutas existentes (Balbach & Boarim, 1995). No entanto, somente algumas variedades apresentam características que as tornam próprias para a industrialização (Diniz, 1999). As cultivares de manga mais indicadas são as que apresentam características de boa aceitação no mercado, como coloração amarelo-avermelhada, boa palatatividade, poucas fibras, resistência ao manuseio e ao transporte e boas características agronômicas (Instituto Brasileiro de Frutas, 1995). Neste contexto, destaca-se a variedade Bourbon, cujos frutos são médios a grandes, pesando entre 240 a 340 gramas, oblongo alongado, polpa com fibras médias a longas e moles, sabor agradável, levemente acidulado, cor amarela, chagando a 20% de sólidos solúveis de maturação de meia estação a precoce. A composição química da manga varia com as condições da cultura, variedade, estágio de maturação, e outros fatores, sendo constituída principalmente de água, carboidratos, ácidos orgânicos, sais minerais, proteínas, vitaminas e pigmentos (Cardello e Cardello, 1998). Rocha et al. (2001) observaram quando os frutos são colhidos muito desenvolvidos ou completamente maduros são muito sensíveis às batidas e aos ataques de doenças, fatores que reduzem o tempo de armazenamento, com os frutos apresentando problemas durante o manuseio, armazenamento 18 e transporte, se são colhidos imaturos e imediatamente armazenados, apresentam baixa qualidade, além de serem muito suscetíveis à perda de água e a desordens fisiológicas, sendo essencial à colheita dos mesmos no correto estádio de amadurecimento para facilitar o transporte à distância, amadurecimento normal e aumentar o período de armazenamento. Pfaffenbach et al, (2002) advertiram que a vida pós-colheita da manga é limitada pela deterioração fisiológica causada pelo excessivo amadurecimento da fruta e pelo desenvolvimento de patógenos que ocasionam podridões. A mudança mais importante durante a maturação de frutos é a hidrólise de polímeros de carboidratos, e sua conversão em açúcares solúveis, contribuindo para o sabor agradável do fruto, a hidrólise de pectinas, das hemiceluloses, da celulose e da parede celular, provocando o amaciamento da maioria dos frutos. O aumento do estresse hídrico contribuiu para o aumento dos sólidos solúveis, como também para a redução do amido e da firmeza da polpa (Simões et al, 2002). Para Fonseca & Nogueira (1989) as frutas constituem uma matériaprima altamente perecível e por isso, devem ser processadas o mais rapidamente possível após a colheita. Sendo necessário para industrialização adaptação e seleção de variedades para se obter técnicas de processamento satisfatórias, a fim de que se possa oferecer ao mercado consumidor um produto tal que satisfaça a sua exigência, que se torna cada vez maior com o passar dos anos. Segundo Torrezan (1997) os processos de preservação dos alimentos baseiam-se justamente na combinação adequada de certas condições de forma a tornar e/ou manter as condições intrínsecas e extrínsecas desfavoráveis à degradação dos alimentos. A manga apresenta crescimento no mercado mundial, dadas suas características de sabor e nutritivas, dentre outras. Um dos pontos importantes para explorar este mercado de forma competitiva, é que todo o setor produtivo trabalhe com informações que o leve a ter um conhecimento detalhado do tamanho do mercado, dos principais concorrentes, das barreiras existentes, dentre outros. Fernandes e Martins (2002) ressaltaram 19 que para ingressar nessa cultura, deve-se procurar agregar algumas informações do mercado, assim como, fazer um levantamento do comércio mundial e os principais entraves para exportação brasileira. A agregação de valor aos produtos in natura, processos de conservação, inovação no consumo de produtos e aproveitamento de excedentes de produção torna o processamento de frutas uma atividade rentável (Donadio, 1980). Um dos métodos de conservação é o da fritura que confere aos alimentos características peculiares como a formação de uma estrutura seca, crocante e com alta palatabilidade devido ao elevado teor lipídico (Bouchon e Aguirela, 2001; Goni et al, 1997 ). Em várias regiões do mundo, os alimentos fritos contribuem de forma significativa no consumo de gorduras pela população. Nos países do ocidente, cerca de 40% do total de energia consumida diariamente é proveniente de lipídios (Mehta e Swinburn, 2001). No Brasil, as gorduras destinadas a frituras de alimentos são óleos vegetais, banha de porco e gorduras vegetais hidrogenadas. Dentre os óleos vegetais, o de soja, encontra-se entre os três gêneros alimentícios mais importantes para o fornecimento de energia per capta segundo dados do Estudo Multicêntrico sobre consumo familiar (INAN-MS/ NEPA 1997). A banha de porco por sua vez, ainda é usada de forma considerável pela população em muitas regiões rurais do Brasil. Contudo, o consumo anual per capita desta, mostrou-se 40 vezes inferior ao óleo de soja, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada em 11 municípios brasileiros (IBGE, 1998). A gordura vegetal hidrogenada é freqüentemente utilizada na industria para o processamento de vários tipos de alimentos, principalmente nos estabelecimentos que preparam alimentação do tipo “fast food “(Silva et al, 2003). 20 2.3. Processo de fritura em alimentos O consumo de alimentos fritos e pré-fritos tem aumentado nos últimos anos, provocando uma maior ingestão de óleos e gorduras após terem sido submetidos a elevadas temperaturas em processo de fritura. Constata-se que este fato tem sido influenciado por razões sociais, econômicas e técnicas, pois as pessoas dispõem de menos tempo para preparação de seus alimentos e, assim, o processo de fritura fornece uma alternativa de sua preparação rápida ao mesmo tempo conferindo aos alimentos fritos características organolépticas agradáveis (Ans et al, 1999). Vale ressaltar que a relevância da ingestão dos óleos vegetais na dieta humana, primordialmente como recursos alimentares provedores de energia, é indiscutível. Entretanto, o risco do desenvolvimento de doenças crônicas decorrentes de seu consumo inadequado, remete a um controle dos aspectos qualitativo e quantitativo dos óleos utilizados nos processos de fritura (Del Ré e Jorge, 2006). A fritura tem contribuído para o aumento do consumo de óleos e gorduras vegetais, visto que é um processo culinário de grande aceitação em todas as idades e classes sociais (Masson et al, 1999). Outro fator é a preferência, no momento da compra, por alimentos que proporcionem facilidade de manipulação e preparo. Estes aspectos fizeram com que as indústrias de alimentos passassem a dispor de produtos específicos para o processo de fritura, como os alimentos pré-fritos congelados, que são largamente adotados pelo mercado consumidor, pois a rapidez é um aspecto fundamental nas sociedades industrializadas atuais (Del Ré e Jorge, 2006). Entender as mudanças e as alterações que os óleos vegetais sofrem durante o aquecimento pode ajudar a otimizar os processos de fritura e, conseqüentemente, garantir produtos de melhor qualidade nutricional (Del Ré e Jorge, 2006). Warner et al, (1997) analisando o efeito da composição dos ácidos graxos dos óleos de algodão e girassol com alto teor de ácido oléico em 21 frituras de batatas “chips” e palito, observaram que a deterioração dos óleos usados para a fritura de batatas “chips” foi bem menor do que a dos óleos usados na fritura de batatas tipo palito, o que pode estar relacionado com a grande reposição de óleo na fritura de batata “chips”. As condições estabelecidas no processo de fritura: tempo e temperatura de aquecimento, relação s/v e reposição de óleo novo foram seguras, garantindo produtos de qualidade e indicando que todos os óleos foram adequados à fritura, mesmo os óleos de girassol e milho que não apresentavam antioxidantes sintéticos (Del Ré e Jorge, 2006). A espessura do produto é fator primordial na absorção da gordura pelo alimento, portanto, quanto menor for à espessura maior será a perda de água e conseqüentemente maior será a absorção de gordura (Goni et al. 1997; Mehta e Swinburn, 2001) A aceitação de alimentos processados por fritura, é universal e apreciada por diferentes grupos populacionais. A fritura de alimentos consiste simplesmente em introduzir o alimento em um banho de óleo ou gordura que se encontra em elevada temperatura. No entanto, esta técnica culinária, que parece tão simples, é um processo extraordinariamente complexo, em que se encontra envolvida uma grande quantidade de fatores (Damy e Jorge, 2003). Alguns destes fatores que intervêm são dependentes do próprio processo como o tipo de equipamento utilizado, a temperatura, o tempo e o método de fritura. Outros, extrínsecos ao mesmo, se relacionam com o tipo de óleo utilizado, sua composição, sua relação superfície/volume, suas características físico-químicas, presença de aditivos, contaminantes, etc., assim como a natureza do alimento, peso/volume, tipo de preparação: empanados, pré-fritos (Pozo-Diez, 1995). O óleo é um dos componentes mais críticos em um sistema de fritura. A sua degradação depende da maior ou menor presença de ácidos graxos insaturados em sua composição. Óleos vegetais que possuem uma grande quantidade de ácidos graxos poliinsaturados estão mais sujeitos à oxidação 22 do que óleos que possuem maior quantidade de ácidos graxos saturados (Lolos et al, 1999). O tempo de aquecimento do óleo influencia na quantidade de compostos de alteração formados durante a fritura. O sistema intermitente de aquecimento das frituras descontínuas é muito mais destrutivo para os óleos e gorduras de frituras que no sistema de aquecimento contínuo. Uma das explicações atribui este efeito ao fato de que, em elevada temperatura, as reações oxidativas ocorrem fundamentalmente na superfície de contato com o ar; enquanto durante o resfriamento, ao diminuir a velocidade das mesmas e aumentar a solubilidade do ar, favorece a entrada de ar na massa, produzindo maior quantidade de hidroperóxidos e radicais livres durante o posterior aquecimento (Pozo-Diez, 1995). O alimento também exerce efeito sobre o processo e a qualidade do óleo por meio de diversos fatores envolvidos nele: sua composição, seu tamanho e a forma como foi preparado (Perez-Camino et al, 1988). As diversas mudanças registradas nas atitudes do consumidor ao longo dos últimos anos fizeram com que as indústrias de alimentos passassem a dispor de produtos específicos para o processo de fritura, como os alimentos congelados, que são largamente aceitos pelo mercado consumidor (Corsini e Jorge, 2006). A utilização de óleo de soja é uma alternativa válida como meio de fritura, em relação à gordura parcialmente hidrogenada de soja, considerando seus fatores positivos frente ao custo, que possibilita o seu descarte em menor tempo de utilização e apresenta menor formação de isômeros trans (Sanibal e Mancini Filho, 2004). A fritura é uma operação que confere aos alimentos características de odor, sabor, cor e textura de grande aceitabilidade sensorial. O óleo ou gordura pode, entretanto, se tornar um ingrediente capaz de introduzir alterações químicas provocadas pelo aquecimento prolongado (Cella et al, 2002). Além disso, considerando que uma parte do óleo utilizado como meio de transferência de calor é absorvida pelo alimento, tornando-se um ingrediente do produto, verifica-se a necessidade do uso de um meio de 23 fritura de alta qualidade e a manutenção desta por períodos mais longos possíveis (Cella et al, 2002). A principal razão que leva o processo de fritura a ser destacado é que, durante o processo, não só o óleo se incorpora ao alimento para modificar positivamente suas propriedades nutricionais e sensoriais, como também atua como meio de transferência de calor reutilizável, muito mais eficiente que o fornecimento e muito mais rápido que o cozimento em água. Assim, as altas temperaturas que se utilizam, ao redor de 180ºC, produzem uma acelerada penetração de calor, levando a uma rápida elaboração dos alimentos, algo sumamente necessário nestes tempos modernos (Branco, 2003; Jorge, 1996). A fritura é uma operação importante por ser um processo de preparação rápida de alimentos e por conferir aos produtos fritos características únicas de odor e sabor (Ans et al, 1999). No processo de fritura o alimento é submerso em óleo quente que age como meio de transferência de calor. Esta forma de aquecimento é mais eficiente que o cozimento por ar quente em fornos e mais rápido que o cozimento em água, tendo em vista que as temperaturas alcançadas pelo óleo, em processo de fritura, são superiores às alcançadas pela água em ebulição. Durante o aquecimento do óleo no processo de fritura uma série complexa de reações produz numerosos compostos de degradação. Com o decorrer das reações, as qualidades funcionais, sensoriais e nutricionais se modificam e podem chegar a níveis em que não se consegue mais produzir alimentos de qualidade (Ans et al, 1999). O aumento do tempo de aquecimento corresponde a um incremento no nível de alteração, porém sua principal conseqüência é a diferente composição quantitativa dos compostos de alteração. O tempo de permanência do produto na fritadeira para atingir o desenvolvimento de cor e textura adequadas, a coagulação das proteínas, a desidratação parcial e geleificação do amido, depende da temperatura utilizada, visto que a temperatura e o tempo de aquecimento são variáveis dependentes entre si (Bernardes-Silva, 2003; Ans et al, 1999). 24 2.3. Análise sensorial Os testes sensoriais, os quais utilizam os órgãos dos sentidos humanos como “instrumentos", devem ser incluídos como garantia de qualidade por ser uma medida multidimensional integrada, que possui importantes vantagens como, por exemplo, determinar a aceitação de um produto por parte dos consumidores. Enquanto alguns instrumentos são efetivos em detectar o surgimento de problemas durante a produção e armazenamento de alimentos, muitas vezes são incapazes de medir alterações perceptíveis que afetam a aceitação de um produto (Cardello e Cardello, 1998). O controle de qualidade atualmente não pode se limitar a inspecionar apenas o produto acabado, mas acompanhar a produção desde a seleção da matéria-prima até o momento em que o produto será oferecido ao consumidor. No controle de qualidade a qualidade deve ser estudada, entendida, elaborada, construída, mantida e comercializada a custos mais baixos e que possibilite a completa satisfação do consumidor (Chaves, 1993). A qualidade sensorial é complexa e multidimensional, contêm componentes subjetivos e objetivos. Enquanto qualidade deve ter alguns pontos relacionados com a percepção do consumidor, algumas características objetivas também são importantes, pois as pessoas mudam suas idéias com relação à qualidade (Lawless, 1994). A análise sensorial está amparada e embasada por fundamentos que a caracterizam como ciência, mas pode ser considerada tecnologia por sua ampla utilização prática e sua freqüente aplicação em indústrias (Chaves, 1993b). A avaliação sensorial dos alimentos é uma característica primária do homem. Este, desde a infância, de forma mais ou menos consciente, aceita ou rejeita alimentos de acordo com a sensação que experimenta ao observá- 25 los ou ingeri-los (Campos e Benedet, 1994). A preferência e aceitação de um produto podem ser testadas pela análise sensorial (Luz e Treptow, 1994). Uma das principais conseqüências do processo de globalização tem sido a elevação do nível de exigências dos consumidores quanto à qualidade dos produtos, principalmente no que se refere à cor, aroma, textura, acidez, conteúdo de sólidos solúveis, entre outros (Bouchon, 2001). A análise sensorial é a única avaliação científica que trabalha com seres humanos como instrumento de medida. Os resultados do painel sensorial são percepções, que não são necessariamente fáceis para transformar em valores numéricos. Em análises químicas, a quantidade de amostra analisada é medida e rapidamente transformada em valor numérico, enquanto os resultados sensoriais podem ser expressos de diferentes formas de acordo com o método sensorial usado para a análise (McEwan, et al, 2003). A análise sensorial se baseia na avaliação subjetiva das observações relacionadas entre aparência, odor, textura e sabor. Atualmente com o desenvolvimento da avaliação sensorial é possível analisar de forma científica e objetiva as características que influem na aceitabilidade do alimento ou bebida pelo consumidor (Modesta, 1994). Pode ser definida como disciplina científica usada para evocar, medir, analisar e interpretar reações àquelas características do alimento e como são percebidas pelos sentidos da visão, olfato, paladar, tato e audição (Chaves, 1993). O desenvolvimento desta disciplina foi influenciado por mudanças freqüentes na tecnologia de produção e distribuição de alimentos, pois estas alteravam a qualidade sensorial, além do reconhecimento da análise sensorial pelas indústrias de alimentos como instrumento chave, principalmente para seleção de produtos, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, controle de qualidade e aceitação pelo consumidor (Modesta, 1994). Na análise sensorial é preciso providenciar técnicas de análise de respostas subjetivas para o produto, não uma análise de marketing. A 26 análise sensorial também é utilizada para prover informações necessárias no desenvolvimento de novos produtos (Moskowitz, 2003). A análise sensorial é importante quando se deseja medir as necessidades do consumidor e traduzir essa demanda em novos produtos ou em produtos melhorados, que surgem do aumento da competição entre fornecedores de alimentos. A análise sensorial então, pode medir, em laboratório, determinado produto, antecipando a sua aceitabilidade pelo consumidor (Modesta, 1994). Os pesquisadores que trabalham com produtos alimentícios, com sua perícia em testar efeitos sensoriais, têm contribuído na produção de alimentos ao conduzir experimentos com a intenção de predizer as preferências e escolhas do consumidor (Garber, et al, 2003). As recomendações referentes a algum produto devem ser baseadas em estudos de respostas e pesquisa de sabor. Quando a pesquisa sensorial é praticada, as respostas podem providenciar ao analista sensorial uma rica pesquisa de informação sobre a natureza sensorial analisada e interações cognitivas (Frank, 2002). A medida do comportamento sensorial é obtida no momento em que a amostra é degustada e relatada pelo próprio avaliador. Consumidores experimentam os produtos e percebem as características de qualidade. Os dados mostram o quanto o consumidor distinguiu entre as amostras de qualidade ou outros atributos gerais que ele aprecia (Moskowitz, 1995). O valor nutritivo e propriedades sensoriais (cor, sabor, aroma e textura) do alimento seco, dependem dos métodos, tempo e temperatura de secagem, que deve estar entre 50 e 70°C (Gava, 1985). 2.3.1. Características estudadas na análise sensorial Segundo Frank (2002), muitas comidas e bebidas simultaneamente estimulam a variedade de sistemas sensoriais e produz complexas variações no gosto, cheiro, temperatura e textura. A combinação dos atributos, 27 especialmente gosto e cheiro constituem o que as pessoas comumente chamam de “flavor” de comidas e bebidas. Fatores complexos influenciam a aceitação de alimentos pelo consumidor. É difícil determinar até que ponto as propriedades sensoriais modificam a seleção e utilização do alimento, visto que todos estes fatores interagem e influenciam as decisões do consumidor. Inicialmente a aparência externa é o atributo de qualidade que determina o valor comercial do produto, o sabor é a característica sensorial decisiva na preferência, seguido da textura (Treptow et al, 1998). Lapveteläinen e Rannikko (2000) também explicam que a caracterização de produtos não deve ser somente físico-química, como também sensorial. Ao avaliar produtos alimentícios, os principais parâmetros observados pelo indivíduo são a cor e o sabor, sendo este último constituído do aroma e gosto do produto (Grabert, 1998). Segundo Modesta (1994), a aparência é a primeira característica observada na análise sensorial, isso porque as cores caracterizam os alimentos e está relacionada com a qualidade dos mesmos. Treptow et al. (1995) destacaram que a aparência, o odor, a textura, o sabor e a cor, estão diretamente relacionados com o estádio de maturação. O aroma e odor estimulam o sentido do olfato devido percepção de substâncias voláteis exaladas pelos alimentos, que podem atrair ou repelir os consumidores e refletir a sanidade dos alimentos (Modesta, 1994). Enquanto que a textura é um complexo processo envolvendo a visão e a audição. O gosto e sabor dos alimentos são percebidos na língua, cavidade bucal e em terminações nervosas entre essa cavidade e o órgão responsável pelo olfato, incluídas as sensações básicas de ácido, salgado, doce e amargo (Modesta, 1994). 28 2.3.2. Testes em Análise Sensorial Conforme Modesta (1994) e Stone e Sidel (1993), os testes sensoriais podem ser divididos em testes analíticos, que incluem análises discriminativas e quantitativas, e testes afetivos. Os testes analíticos visam observar diferenças perceptíveis entre as amostras testadas em laboratório, com painel de provadores treinados, onde são efetuados testes discriminatórios. Dentro dessas análises estão incluídos os testes de qualidade que comparam as amostras-teste com a amostra padrão. As análises podem ser feitas com duas ou mais amostras, comparadas com amostras-controle, onde são incluídos nestes testes trocas ou substituições de ingredientes nas indústrias de alimentos (Modesta, 1994; McEwan, 1999). Na elaboração de novos produtos, antes de investir em produção em larga escala e no custo com a apresentação deste produto, é fundamental que seja feita à avaliação sensorial, o que não garante o sucesso do produto, mas a indicação do potencial de aceitação (Stone e Sidel, 1993). A aceitação é uma experiência caracterizada por atitude positiva, que pode ser medida pela utilização real de um alimento específico. Os métodos mais recomendados para medir a aceitação de alimentos são: índice de aceitabilidade, freqüência de consumo, escala hedônica facial e escala hedônica. Todos eles detectam com segurança estatística a aceitabilidade, não havendo predominância de um sobre os outros (Campos e Benedet, 1994). Este tipo de avaliação é denominado de aceitação, preferência ou teste consumo, denominações que podem ter significados diferentes. Nos testes de aceitação mede-se o gosto pelo produto, a aceitabilidade expressa algum grau de gostar (Campos e Benedet, 1994). Os testes descritivos têm por objetivo descrever a amostra testada e quantificar as características analisadas (Modesta, 1994; Chaves, 1993a; Stone e Sidel, 1993). Os testes afetivos são testes que se baseiam na 29 resposta pessoal do consumidor sobre o produto já existente, em projeto ou das características específicas de determinado produto (Modesta, 1994). O principal objetivo do teste afetivo é medir atitudes subjetivas como aceitação e preferência por determinado produto pelos consumidores (Chaves, 1993 a). Stone & Sidel (1993) concluíram que os testes afetivos de aceitação de produtos por consumidores são extremamente importantes e necessários nos programas de análise sensorial, pois a comparação de um produto sobre o outro constitui relação de apelo, demonstrando preferência. Os testes sensoriais afetivos envolvem de 30 a 50 pessoas no ambiente de laboratório, e de 100 a 1000 pessoas em ambiente externo (Modesta, 1994; Chaves, 1993). Segundo Modesta (1994) deve-se ressaltar sexo, idade, renda e escolaridade do participante, de modo que seja possível determinar as expectativas da aceitabilidade do produto pelo consumidor. Estes mesmo autores notificaram que adultos de 20 a 30 anos dão maior atenção aos testes de preferência, porque são consumidores em potencial. Os testes afetivos têm sido utilizados largamente na indústria de alimentos para aprimorar a aceitação de produtos tornando-os mais competitivos, para melhorar o processo e para modificar a formulação, preservando a boa aceitação junto aos consumidores (Chaves e Sproesser, 1996; Modesta, 1994). A escala hedônica indica a reação dos consumidores frente a um novo produto ou a modificações em produtos já existentes. Com base nessa informação, é possível organizar e delinear os testes para diminuir o impacto dos erros psicológicos, ou que ele atinja todas as amostras testadas igualmente (Grabert, 1998). A escala hedônica, método para teste de aceitação, é altamente subjetiva, pois se refere ao estado psicológico consciente agradável e desagradável, medidos por escala de avaliação. Os termos apresentados na escala devem expressar bem claramente o significado da resposta e dar idéia sucessiva dos intervalos da escala. São utilizadas escalas de 9 pontos por se apresentarem mais sensitivas do que outras escalas testadas 30 (Modesta, 1994). Entretanto, Stone e Sidel (1993) consideram a escala hedônica e comparação pareada os principais métodos para análise sensorial de aceitação e consideram outros métodos como modificações destes. Na análise sensorial os provadores são considerados os instrumentos de medida, muito propensos a erros (Modesta, 1994). A informação dada junto com a amostra pode favorecer uma idéia pré-concebida, gerando o erro de expectativa. Este erro pode ser evitado mantendo secreta a fonte de informações sobre a amostra, codificando-as e fazendo a ordem de apresentação ao acaso (Modesta, 1994; Stone e Sidel, 1993). 2.3.3. Análise Estatística em Avaliações Sensoriais A análise estatística de testes sensoriais foi baseada no número de respostas similares segundo as decisões sobre o produto dos provadores não treinados (Stone e Sidel, 1993; Grabert, 1998). Para análise estatística dos dados foi utilizado o testes não paramétricos, como o método de múltipla comparação desenvolvido por Friedman (Newell e MacFarlane, 1987). 31 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Matéria-prima A manga ‘Bourbon’ foi adquirida na Baixada Cuiabana, Cuiabá, Mato Grosso, e é a variedade mais produzida nesta região, pois está presente nos quintais dos moradores da região, podendo ser uma fonte de renda alternativa para os pescadores na época da Piracema. 3.2. Amostragem Foram selecionados 15 frutos, de tamanho uniformes, colhidos no estádio de maturação 1 “de vez”. 3.3. Processamento As frutas foram previamente selecionadas para separá-las de acordo com o estádio de maturação aparente pretendido. Após a seleção, as mesmas foram lavadas em água corrente e em seguida imersas em água clorada com 300 mg.L-1 de cloro ativo, por 20 minutos, depois foram secas ao ar. A seguir foram descascadas, cortadas em forma de “chips” em fatiador de legumes na industria Banavita. A metodologia de processamento foi seguida de acordo com o processamento da Banavita, indústria de processamento de banana “chips” em Cuiabá. O 32 fluxograma básico para produção de manga “chips” está apresentado na Figura 1. PRÉ-LAVAGEM E SELEÇÃO Detergente neutro a 2% Água clorada 300 ppm / 20 minutos DESCASQUE MANUAL Uso de utensílios em aço inoxidável CORTE Uso de utensílios em aço inoxidável FRITURA E RESFRIAMENTO 10 min em gordura vegetal hidrogenada a 180º e resfriamento em bandejas ao ar livre SALGA 3 % de sal após resfriamento EMBALAGEM Figura 1 – Fluxograma de produção de banana-”chips” desenvolvido na Banavita. 33 3.4. Fritura A fritura da manga foi realizada em fritadeira caseira de aço inox, com gordura vegetal hidrogenada, aquecido 180°C, por 10 minutos, quando a manga atinge uma intensificação da coloração amarela e textura crocante. 3.5. Análises físico-químicas As análises físico-químicas foram realizadas no Laboratório de Análises Químicas de Alimentos da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá. As análises foram realizadas em triplicata, utilizando as técnicas descritas pelo Instituto Adolfo Lutz (2005). As amostras de manga frita foram selecionadas e trituradas para proceder às análises. A determinação da umidade da manga foi feita em estufa a 105ºC, método de aquecimento direto. O resultado foi expresso em percentagem de umidade (p/p). Para determinação de glicose, o método se baseia na redução do volume conhecido do reagente de Fehling. Na determinação de açúcares não redutores expresso em percentagem de sacarose foi feita hidrólise ácida que resulta em duas moléculas de açúcares redutores, posteriormente quantificadas pelo método de Lane-Eynon, e o resultado expresso em percentagem (p/p). Na determinação de resíduo mineral fixo ou cinzas o produto é incinerado a 500°C-550°C com perda de peso, mas sem comprometer os constituintes minerais e o resultado expresso em percentagem (p/p). Na análise de fibras foi utilizado o mesmo material proveniente da determinação da umidade. A técnica de determinação de fibras por gravimetria e o resultado expresso em percentagem (p/p). A determinação de proteínas foi feita empregando o método de Kjeldahl que se baseia no percentual de nitrogênio presente na amostra. Consiste em duas etapas básicas: digestão de substâncias orgânicas na 34 presença de ácido sulfúrico e outra de destilação, com posterior titulação com ácido clorídrico (p/p). Foi realizada em aparelho extrator de Soxhlet, utilizando éter de petróleo como solvente, com refluxo por 24 horas. 3.6. Análise sensorial Foi realizado o teste afetivo, com provadores não treinados, utilizando a escala hedônica de nove pontos que indica a aceitação do produto pelos provadores quanto às características de cor, sabor, textura e aceitabilidade geral das amostras. O teste foi realizado no Centro Federal de Educação Tecnológica de Cuiabá – CEFET, No Laboratório de Análise Sensorial LASA. Os provadores foram alunos, professores e servidores da Universidade. Foram 50 provadores, sendo que o teste era realizado por 4 provadores simultaneamente. A amostra de manga frita foi comparada com amostra de banana frita porque a comercialização desta última já encontra-se consolidada no mercado consumidor. Com foi possível identificar alguns aspectos que podem ser utilizados para manga. Foram apresentadas 2 amostras para cada provador, sendo: amostra padrão de banana “chips” e amostra de manga “chips”. A Figura 2 apresenta o modelo da ficha de resposta apresentada aos provadores, que foram instruídos a lavar boca antes de provar, provar da esquerda para a direita, reter a amostra na boca até sentir as características do produto, preencher a ficha, lavar a boca entre uma avaliação e outra e aguardar cerca de 1 minuto para prosseguir nos testes (Modesta, 1994). As duas amostras foram entregues ao mesmo tempo para cada provador e codificadas de forma aleatória de modo a evitar erros psicológicos na avaliação, de acordo com Stone e Sidel (1993) e Modesta (1994). 35 As amostras foram preparadas cortando-se cerca de 3cm de comprimento, oferecidas ao provador em copos plásticos, assim como um copo com água para ser bebida entre uma avaliação e outra. Os resultados do testes de preferência foram analisados através de teste não paramétrico de Friedman, descrito por Newell e MacFarlane (1987). Para análise estatística foi empregada tabelas com 1 e 5 % de nível de significância, em função da quantidade de amostras e do número de provadores. Para representação gráfica dos dados foram utilizados gráficos Box Plot (SPSS, 1997) para cada atributo analisado (cor, sabor, textura e aceitabilidade geral), separando os provadores por sexo, freqüência de consumo, faixa etária, grau de escolaridade e classe social, demonstrando a amplitude, dispersão e mediana dos dados. 50 provadores não treinados Funcionários/ alunos do CEFET-Cuiabá Corte da manga e banana eml 3 cm Codificação e sorteio das 2 amostras: evita erros Apresentação aos em bandejas 04 provadores simultaneamente Preenchimento da ficha do teste de preferência Aplicação do teste afetivo: escala hedônica Análise estatística não paramétrica através do programa SPSS Figura 2 – Fluxograma do procedimento de análise sensorial. 36 Modelo de ficha de teste de preferência NOME:______________________________________DATA: ____/____/____ Você está recebendo duas amostras de frutas fritas. Por favor, avalie estas amostras utilizando a escala abaixo para descrever o quanto você gostou ou desgostou das características de cor, sabor, textura e aceitabilidade geral do produto. Comece provando as amostras fornecidas da esquerda para a direita, anotando o código da amostra. Utilize a pontuação da escala que melhor reflita seu julgamento. Por favor, enxágüe a boca após a avaliação de cada amostra e aguarde trinta segundos. COR Amostra _______ ( ) Amostra _______ ( ) Amostra _______ ( ) Amostra _______ ( ) Amostra _______ ( ) Amostra _______ ( ) Amostra _______ ( ) Amostra _______ ( ) ( 9 ) Gostei extremamente ( 8 ) Gostei muito ( 7 ) Gostei moderadamente ( 6 ) Gostei ligeiramente ( 5 ) Indiferente ( 4 ) Desgostei ligeiramente ( 3 ) Desgostei moderadamente ( 2 ) Desgostei muito ( 1 ) Desgostei extremamente SABOR ( 9 ) Gostei extremamente ( 8 ) Gostei muito ( 7 ) Gostei moderadamente ( 6 ) Gostei ligeiramente ( 5 ) Indiferente ( 4 ) Desgostei ligeiramente ( 3 ) Desgostei moderadamente ( 2 ) Desgostei muito ( 1 ) Desgostei extremamente TEXTURA ( 9 ) Gostei extremamente ( 8 ) Gostei muito ( 7 ) Gostei moderadamente ( 6 ) Gostei ligeiramente ( 5 ) Indiferente ( 4 ) Desgostei ligeiramente ( 3 ) Desgostei moderadamente ( 2 ) Desgostei muito ( 1 ) Desgostei extremamente ACEITABILIDADE GERAL ( 9 ) Gostei extremamente ( 8 ) Gostei muito ( 7 ) Gostei moderadamente ( 6 ) Gostei ligeiramente ( 5 ) Indiferente ( 4 ) Desgostei ligeiramente ( 3 ) Desgostei moderadamente ( 2 ) Desgostei muito ( 1 ) Desgostei extremamente COMENTÁRIOS: SEXO: M ( ) F( ) IDADE: 10-15 anos ( ) 16-20 anos ( ) 21-30 anos ( ) Acima de 30 anos ( ) FREQUENCIA DE CONSUMO: ( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Freqüentemente GRAU DE INSTRUÇÃO: Analfabeto/Primário incompleto ( ) Primário completo/ Ginasial incompleto ( ) Ginasial Completo/Colegial incompleto ( ) Colegial Completo/Superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Itens de posse Não Quantidade possuída têm 1 2 3 4 Automóvel Televisor em Cores Banheiro Empregada Mensalista Rádio (Incluindo o do Carro) Máquina de Lavar Vídeo Cassete Aspirador de Pó Geladeira Comum ou com Freezer FIGURA 3 – Modelo da ficha de avaliação sensorial 5 6+ 37 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Processamento e Fritura A manga, assim que foi cortada, apresentou leve escurecimento devido à presença de oxidação do amido, característica da cultura, como descrito por Bernardes-Silva et al (2003). Logo após a fritura as fatias de manga frita apresentam-se crocantes, mas após 30 minutos é observada o inicio da perda da perda da crocância, prejudicando a textura do produto, o que não ocorre com a banana frita, que se apresenta crocante por aproximadamente, mais de três meses após a fritura. Durante a fritura a umidade inicial é perdida na forma de vapor criando um gradiente de pressão gerada no interior do alimento, impedindo que a gordura seja absorvida. Após a fritura, a saída de vapor cessa diminuindo o gradiente de pressão permitindo que a gordura que está aderida no alimento penetre no seu interior (Bouchon e Aguilera, 2001; Moreira et al, 1997). Comparando o teor de lipídeos da manga frita com o apresentado para a batata frita (Saguy e Dana, 2003), é possível indicar que a manga absorve mais óleo e por este motivo perde a crocância inicial, prejudicando a textura. Aparentemente a manga frita absorve mais óleo do que a banana, por conta dos poros que se abrem no alimento desidratado (Moreira et al, 1997; Metha e Swinburn, 2001; Sagüi e Dana, 2003). 38 4.2. Análises físico-químicas Tabela 1 – Análises físico químicas da manga Bourbon após processo de fritura Análise Média Umidade Carboidratos Cinzas Fibra Proteínas Lipídeos (%) (%) (%) (%) (%) (%) 8,33 32,07 1,41 11,87 2,08 44,24 O teor de cinzas da manga, assim como todos os componentes químicos da fruta variam de acordo com a região, tipo de solo, nutrição da cultura, época de plantio, pluviosidade e temperatura (Lederman et al, 1998). As análises físico-químicas da manga Bourbon foram realizadas de acordo com as técnicas descritas pelo Instituto Adolfo Lutz. De acordo Bleinroth (1976) e outros, o teor de umidade na manga in natura fica em torno de 10,95%. Na Tabela 1 o teor de água da manga frita apresenta-se menor quando comparada com a manga in natura porque a fritura age como um processo de desidratação por retirada do vapor gerado dentro do produto (Sagüi e Dana, 2003; Bouchon e Aguilera, 2001). Treptow et al (1995), estudando maças desidratadas concluiu que a água pode influenciar somente na textura do alimento e não interfere nos outros atributos, como cor e sabor, não interferindo na aceitação de produtos pelo consumidor. Na Tabela 1 é possível observar o teor de cinzas encontrado na manga frita, semelhante ao encontrado na fruta in natura. O tipo de processamento mais adequado para manga vai depender da quantidade de fibras da variedade. A textura do produto final está relacionada com o teor de fibras do produto in natura, e é possível observar que quanto menor o teor de fibra, menos óleo é absorvido pela fruta durante o processo de fritura, 39 como pode ser verificado com a banana. A manga Bourbon, devido ao alto teor de fibra encontrado apresentou textura flácida após 30 minutos de frita. Os teores de proteína encontrados na manga são baixos, como demonstrado na Tabela 1, o que confirma os valores expressos por Silva et al (1986). O teor de lipídeos da manga in natura fica em torno de 6,0 a 15,0 (Bleinroth, 1976). Na manga processada em forma de “chips” o teor de lipídeos aumenta devido absorção da gordura pelos poros do alimento após a fritura, como em trabalhos feitos com batata “chips” (Saguy e Dana, 2003). 4.3. Análise sensorial No painel de 50 provadores sendo 24 do sexo feminino e 26 do sexo masculino, as respostas foram somadas para cada atributo e transferidas para uma planilha onde foi aplicado o programa SPSS (1997). Foi utilizado teste de Friedman para 5 e 1 % de significância com amostras controle de banana frita. 4.3.1.Análise dos dados As amostras de manga e banana “chips” foram comparadas entre si. A comparação foi da seguinte forma: M (manga) x B (banana). Cada nota atribuída pelos provadores por atributo analisado (cor, sabor, textura e aceitabilidade geral) foi somada e a diferença entre as amostras, separada posteriormente por categoria, está representada na Tabela 2. Num painel com 50 provadores, 24 do sexo feminino e 26 do sexo masculino, as respostas foram somadas para cada atributo e transferidas para uma planilha onde foi aplicado o programa SPSS (1997). 40 Tabela 2 – Diferença entre a soma das notas de cada atributo nas categorias comparando as duas amostras Sexo Consumo Instrução F. Etária Classe Categoria n Cor Sabor Textura Aceitabilidade Geral 50 -49** -103** -76** -115** Feminino 24 -40** -64** -41** -72** Masculino 26 -9ns -39** -35** -43** Nunca 21 -13* -46** -24** -47** Às vezes 25 -33** -48** -49** -62** Freqüente 4 -3ns -9* -3ns -6ns Primário/ Ginásio 9 -16** -14** -13** -20** Col. Completo 35 -30** -78** -54** -84** Sup. Completo 6 -3ns -11** -9* -11** 16-20 anos 23 -20** -37** -41** -50** 21-30 anos 16 -16** -43** -16** -40** + 30 anos 11 -13** -23** -19** -25** B 9 -14** -30** -13** -29** C 35 -35** -65** -55** -81** DeE 6 0ns -8* -8* -5ns n = nº de provadores * = Significativo a 5% ** = Significativo a 1% ns = não significativo (-) Significa inferioridade da 1° amostra em relação a 2° amostra comparada; Valor absoluto – utilizado para os determinar a diferença significativa Na comparação das amostras entre si observa-se que houve diferença estatística significativa para os atributos de cor, sabor e aceitabilidade geral, ao nível de 1% e 5%. A aceitação de manga frita mostrou-se inferior à banana frita em todos os atributos analisados, como pode ser observado na Tabela 2. Jorge et al (1998) quando estudaram maçãs ‘Fugi’ e ‘Granny Smith’, concluiram que o sabor das maças foi à característica predominante na aceitação das frutas pelos provadores e que a cor não interferiu significativamente na aceitação. A cultivar com maior teor de sólidos solúveis e menor teor de ácidos foi à preferida pelos consumidores na fabricação de 41 sucos. Este resultado assemelha-se com o trabalho desenvolvido por Pereira (2003), quando estudou variedades de abacaxi. De acordo com Treptow et al (1998) os provadores preferem maçãs doce-ácidas. Concluiram que a aparência e cor, parâmetros fundamentais na escolha de um produto, não influenciaram na escolha do consumidor por maçãs desidratadas e que o sabor é a característica sensorial decisiva na preferência. Os resultados obtidos no painel utilizando gráficos de Boxplot, estão representados nas Figuras 4 a 7, que demonstram a dispersão, amplitude e mediana de todas as amostras de manga e banana utilizadas no experimento, avaliando cada atributo (cor, sabor, textura e aceitabilidade geral) separadamente. 10 Escore para COR 8 6 4 14 2 Manga Banana 0 N= 50 50 MANGA/BANANA FIGURA 4 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referentes ao atributo cor. Para o atributo cor, é possível observar na Figura 4 que entre as duas amostras, a de manga apresentou uma dispersão maior, quando comparada com a banana. No atributo sabor, a dispersão apresenta-se também menor para a amostra de banana, como representado na Figura 5. Pereira (2003) 42 estudando abacaxi-passas concluiu que o atributo cor não interferiu na aceitabilidade geral das passas pelos provadores. 10 Escore para SABOR 8 6 4 21 40 25 2 32 Manga 0 Banana N= 50 50 MANGA/BANANA FIGURA 5 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referentes ao atributo sabor. As amostras continuam apresentando diferenças quanto à dispersão dos dados para o atributo textura (Figura 6). 10 Escore para TEXTURA 8 6 4 3 6 29 2 2 43 Manga Banana 0 N= 50 50 MANGA/BANANA FIGURA 6 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura. 43 Para o atributo aceitabilidade geral, a amostra de banana frita apresentou melhor aceitação de modo geral e apresentou menor dispersão dos dados (Figura 7). Escore para ACEITABILIDADE GERAL 10 8 6 4 17 2 32 Manga 0 Banana N= 50 50 MANGA/BANANA FIGURA 7 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral. Nas comparações entre as amostras considerando-se somente o sexo feminino, pode-se concluir que há diferença significativa a 1% para os atributos de cor, sabor, textura e aceitabilidade geral na comparação entre manga e banana, sendo a primeira inferior à segunda. Nas comparações entre as amostras considerando-se somente o sexo masculino, pode-se concluir que não há diferença significativa para o atributo cor na comparação entre manga e banana. Para os atributos de sabor, textura e aceitabilidade geral, há diferença significativa a 1% (Tabela 2). Os resultados obtidos no painel de provadores do sexo feminino e do sexo masculino, utilizando gráficos de Boxplot, estão apresentados nas Figuras 8 a 11, que demonstram a dispersão, amplitude e mediana das amostras de manga e banana, avaliando cada atributo (cor, sabor, textura e aceitabilidade geral). A Figura 8 demonstra que não ocorreu diferença na dispersão dos dados para o sexo masculino entre as duas amostras avaliadas, entretanto, 44 para o sexo feminino esta dispersão entre as duas amostras mostrou-se menor, provavelmente o sexo masculino apresenta uma tendência a ser mais detalhista do que o sexo masculino. 10 Escore para COR 8 6 4 16 14 2 Manga 10 Banana 0 N= 26 26 24 Masculino 24 Feminino SEXO FIGURA 8 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor na categoria sexo. 10 Escore para SABOR 8 6 7 29 4 21 40 2 Manga Banana 0 N= 26 26 24 Masculino 24 Feminino SEXO FIGURA 9 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor na categoria sexo. 45 10 Escore para TEXTURA 8 6 4 6 32 2 29 36 43 Manga 10 Banana 0 N= 26 26 24 Masculino 24 Feminino SEXO FIGURA 10 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura na categoria sexo. O atributo textura apresentou dispersão semelhante entre o sexo masculino e feminino, variando um pouco entre as amostras. Na avaliação pelo sexo feminino a amostra de banana apresentou maior escore e menor dispersão quando comparada com as mesmas amostras avaliadas pelo sexo masculino (Figura 10). A aceitabilidade geral apresentou dispersão semelhante na avaliação pelo sexo masculino e feminino, sendo que as amostras de banana apresentaram menor dispersão quando comparadas com amostras de manga (Figura 11). 46 Escore para ACEITABILIDADE GERAL 10 8 6 4 17 2 32 Manga Banana 0 N= 26 26 24 Masculino 24 Feminino SEXO FIGURA 11 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral na categoria sexo. Os provadores foram divididos, em função da freqüência de consumo, naqueles que nunca consomem frutas “chips”, os que consomem às vezes e os que consomem freqüentemente. Na Tabela 2, é possível observar que há diferença significativa ao nível de 5% na freqüência de consumo ‘nunca’ para o atributo cor, quando comparada manga e banana, e diferença ao nível de 1% para os demais atributos analisados, sendo a primeira inferior a segunda. Na análise dos atributos para freqüência de consumo ‘às vezes’ houve diferença ao nível de 1% entre as amostras. Para a categoria ‘consumo freqüente’, não há diferença significativa entre as amostras analisadas para o atributo cor, textura e aceitabilidade geral. Somente o atributo sabor apresenta diferença significativa ao nível de 5%. As respostas de todo painel dividido por freqüência de consumo utilizando gráficos de Boxplot, estão apresentados nas Figuras 12 a 15, que demonstram a dispersão, amplitude e mediana das amostras de manga e banana, avaliando cada atributo (cor, sabor, textura e aceitabilidade geral). 47 10 Escore para COR 8 6 32 4 14 16 2 40 Manga 10 Banana 0 N= 21 21 25 Nunca 25 4 Ás vezes 4 Frequentemente FREQÜÊNCIA DE CONSUMO FIGURA 12 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da freqüência de consumo. Para o atributo cor observa-se maior dispersão nas amostras de manga entre três freqüências de consumo, sendo um pouco maior para a categoria freqüência de consumo “às vezes” (Figura 12). 10 Escore para SABOR 8 6 4 25 2 40 21 32 Manga Banana 0 N= 21 21 Nunca 25 25 Ás vezes 4 4 Frequentemente FREQÜENCIA DE CONSUMO FIGURA 13 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da freqüência de consumo. No atributo sabor, a amostra de manga apresentou maior dispersão e menor escore nos três níveis de consumo, quando comparada à banana 48 (Figura 13). Na avaliação do atributo textura, houve dispersão dos dados nas duas amostras, mas apresentou-se menor na categoria consumo “freqüente” para a amostra de manga (Figura 14). 10 Escore para TEXTURA 8 6 4 32 6 2 36 Manga Banana 0 N= 21 21 Nunca 25 25 Ás vezes 4 4 Frequentemente FREQÜÊNCIA DE CONSUMO FIGURA 14 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da freqüência de consumo. A dispersão para aceitabilidade geral apresenta-se menor em todas as amostras de banana nas três categorias de consumo, em comparação com a manga, onde a dispersão dos dados apresenta-se maior (Figura 15). 49 Escore para ACEITABILIDADE GERAL 10 8 6 4 17 2 32 Manga Banana 0 N= 21 21 Nunca 25 25 Ás vezes 4 4 Frequentemente FREQÜENCIA DE CONSUMO FIGURA 15 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da freqüência de consumo. Os provadores foram divididos, em função da escolaridade em analfabeto/primário incompleto (nenhuma pessoa), primário completo/ginasial incompleto, ginásio completo/colegial incompleto, colegial completo/superior incompleto e superior completo. Na Tabela 2 não houve diferença significativa entre as amostras e atributos analisados na categoria “primário completo/ginasial incompleto. Para as demais categorias, representadas na mesma Tabela, observa-se que houve diferença ao nível de 1% para os atributos de cor e aceitabilidade geral, e diferença ao nível de 5% para os atributos sabor e textura na categoria “ginásio completo/colegial incompleto. Para grau de escolaridade colegial completo/superior incompleto, há diferença estatística em todos os atributos analisados ao nível de 1%, sempre a primeira amostra inferior à segunda. No grau de escolaridade superior completo, observa-se que há diferença estatística ao nível de 1% na comparação entre manga e banana no atributo sabor e aceitabilidade geral. Para o atributo cor não houve diferença significativa e para o atributo textura houve diferença ao nível de 5%. 50 Os resultados de todo painel, divididos por escolaridade utilizando gráficos de Boxplot, estão apresentados nas Figuras 16 a 19, que demonstram a dispersão, amplitude e mediana das amostras de manga e banana, avaliando cada atributo (cor, sabor, textura e aceitabilidade geral). Na Figura 16 referente ao atributo cor, grau de escolaridade ‘primário/ginásio incompleto’, há menor dispersão da banana quando comparada com a manga, onde a dispersão foi maior. Nos outros atributos analisados, a dispersão das amostras de banana analisadas foram menores, exceto na categoria “colegial completo/Superior incompleto, onde a dispersão da banana foi maior. Para o grau de escolaridade “superior completo”, a dispersão dos dados tanto da manga quanto da banana mostrou-se semelhante. 10 Escore para COR 8 6 4 2 Manga Banana 0 N= 9 Prim/Gin 9 35 35 Col Completo 6 6 Sup Completo ESCOLARIDADE FIGURA 16 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da escolaridade. Referente ao atributo sabor a dispersão dos dados apresenta-se maior e os escores menores para a amostra de manga em todos os graus de escolaridade. A amostra de banana apresentou maior dispersão nas categorias Ginasial/Colegial completo e Colegial/Superior incompleto, exceto 51 no grau de escolaridade ‘superior completo’, onde as amostras apresentaram menor dispersão (Figura 17). 10 Escore para SABOR 8 6 4 2 Manga Banana 0 N= 9 9 Prim/Gin 35 35 Col Completo 6 6 Sup Completo ESCOLARIDADE FIGURA 17 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da escolaridade. Na Figura 18 pode-se observar menor dispersão dos dados para a amostra de banana na avaliação de pessoas com todos os graus de escolaridade. 10 Escore para TEXTURA 8 6 4 2 Manga Banana 0 N= 9 9 Prim/Gin 35 35 Col Completo 6 6 Sup Completo ESCOLARIDADE FIGURA 18 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da escolaridade. 52 Para o atributo aceitabilidade geral, a dispersão dos dados mostrou-se menor para a amostra de banana em todos os graus de escolaridade, diferente da amostra de manga, como mostrado nas outras figuras. Maior escore pode ser observado na avaliação de pessoas com grau de escolaridade ‘superior completo’ para a amostra de banana (Figura 19). Escore para ACEITABILIDADE GERAL 10 8 6 2 4 17 2 32 Manga Banana 0 N= 9 9 Prim/Gin 35 35 Col Completo 6 6 Sup Completo ESCOLARIDADE FIGURA 19 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da escolaridade. Os provadores foram divididos, em função da faixa etária em indivíduos com 10-15 anos, 16-20 anos, 21-30 anos e mais que 30 anos. Para a faixa etária entre 16-20 anos, 21-30 anos e acima de 30 anos, observa-se diferença estatística ao nível de 1% para todos os atributos analisados, sendo a primeira superior à segunda (Tabela 2). Os resultados do painel, divididos por faixa etária utilizando gráficos de Boxplot, estão apresentados nas Figuras 20 a 23, que demonstram a dispersão, amplitude e mediana de todas as amostras, avaliando cada atributo (cor, sabor, textura e aceitabilidade geral). A Figura 20 apresenta dispersão semelhante para o atributo cor na faixa etária entre 16-20 anos e 21-30 anos para as amostras de banana. Na faixa etária de 21-30 anos a amostra de manga apresentou menor dispersão dos dados quando comparadas com as amostras de banana. 53 10 22 Escore para COR 8 5 2 6 4 14 16 38 2 Manga 10 Banana 0 N= 23 23 16 16-20 16 11 21-30 11 +30 FAIXA ETÁRIA FIGURA 20 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da faixa etária. Como mostra a Figura 21, a dispersão dos dados para sabor na faixa etária de 16-20 anos e 21-30 anos é semelhante tanto para amostras de manga e banana analisadas, sendo que a primeira apresentou maior dispersão. Para avaliadores com mais de 30 anos, as amostras de banana apresentaram maior escore e menor dispersão. 10 Escore para SABOR 8 6 4 2 Manga Banana 0 N= 23 23 16-20 16 16 21-30 11 11 +30 FAIXA ETÁRIA FIGURA 21 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da faixa etária. 54 Na faixa etária de 21-30 anos, a amostra de manga apresentou menor dispersão quando analisado o atributo textura na comparação com a abanana. Nas outras faixas etárias a dispersão das amostras de manga no mesmo atributo foi maior (Figura 22). 10 Escore para TEXTURA 8 6 4 34 6 32 29 2 Manga 10 Banana 0 N= 23 23 16 16-20 16 11 21-30 11 +30 FAIXA ETARIA FIGURA 22 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da faixa etária. Em geral as amostras de banana apresentaram menor dispersão que as amostras de manga no atributo aceitabilidade geral (Figura 23). Escore para ACEITABILIDADE GERAL 10 8 6 2 4 2 32 Manga Banana 0 N= 23 23 16-20 16 16 21-30 11 11 +30 FAIXA ETARIA FIGURA 23 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da faixa etária. 55 Os provadores foram divididos, em função da classe social em indivíduos classe B, classe C, classe D e classe E, divididos de acordo com a classificação Brasil. Na classe social B e C na comparação entre as amostras houve diferença significativa ao nível de 1% referente ao atributo cor, sabor, textura e aceitabilidade geral, sendo que as amostras de manga apresentaram-se inferiores às amostras de banana. Para a classe D não são observadas diferenças significativas entre as amostras nos atributos cor e aceitabilidade geral na comparação entre manga e banana. Para os atributos sabor e textura, houve diferença significativa ao nível de 5% entre manga e banana, sendo a primeira inferior à segunda. Para a classe E não foram observadas diferenças significativas entre as amostras em todos os atributos analisados (Tabela 2). O painel dividido por faixa etária utilizando gráficos de Boxplot, estão apresentados nas Figuras 24 a 27, que demonstram a dispersão, amplitude e mediana das amostras de manga e banana, avaliando cada atributo (cor, sabor, textura e aceitabilidade geral). 10 Escore para COR 8 6 4 2 Manga Banana 0 N= 9 9 B 35 35 C 6 6 DeE CLASSE SOCIAL FIGURA 24 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo cor em função da classe social. A dispersão dos dados para atributo cor em todas as classes sociais apresentou-se pequena, tanto para amostras de manga quanto para amostras de banana, exceto para a Classe Social C, onde as amostras de banana apresentaram dispersão maior (Figura 24). 56 Referente ao atributo sabor a manga apresentou maior dispersão e maior escore na avaliação de pessoas da classe B e C; a amostra de banana apresentou menor dispersão nas classes sociais, exceto na classe social C, onde a dispersão foi maior (Figura 25). 10 Escore para SABOR 8 6 4 2 Manga Banana 0 N= 9 9 B 35 35 C 6 6 DeE CLASSE SOCIAL FIGURA 25 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo sabor em função da classe social. De modo geral, o comportamento dos dados referente ao atributo textura para as classes B e C na Figura 26 apresentam-se semelhantes, no que se refere à dispersão. Nas Classes D e E, a dispersão dos dados para as duas amostras apresentou-se menor. Para o atributo aceitabilidade geral a amostra de manga apresentou dispersão semelhante e menor escore para pessoas das Classes B e C, e menor dispersão para pessoas das Classes D e E, como mostra a Figura 27. 57 10 Escore para TEXTURA 8 6 4 2 Manga Banana 0 N= 9 9 35 B 35 6 C 6 DeE CLASSE SOCIAL FIGURA 26 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo textura em função da classe social. Escore para ACEITABILIDADE GERAL 10 8 6 4 2 Manga Banana 0 N= 9 9 B 35 35 C 6 6 DeE CLASSE SOCIAL FIGURA 27 – Gráfico de Boxplot para as duas amostras referente ao atributo aceitabilidade geral em função da classe Social. 58 5. CONCLUSÕES Considerando-se os objetivos propostos e as condições metodológicas preconizadas para este trabalho conclui-se que: • É possível processar a manga ‘Bourbon’ em “chips” através do processo de fritura. • A Manga “chips” apresentou-se inferior à banana “chips” em todos os aspectos sensoriais analisados e em todas as categorias; • Os dados aparecem mais dispersos para a manga “chips” quando comparado com a banana “chips”; • A manga apresenta menor escore que a banana; • A dispersão dos dados no atributo cor é semelhante entre a manga e a banana quando avaliados pelo sexo masculino; • Há necessidade de mais estudos comparativos quanto a analise de absorção de gordura, crocância e teste de prateleira da manga “chips”; 59 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANS, Vanise Gião, MATTOS, Elisângela de Souza, JORGE, Neuza. Avaliação da qualidade dos óleos de fritura usados em restaurantes, lanchonetes e similares. Ciênc. Tecnol. Aliment., vol.19, n°.3, p.413-419, set./dez. 1999. ASSIS, J.S. 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