0 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS FERNANDO FERRO ELABORAÇÃO DE UM CONTROLE PADRÃO PARA AVALIAÇÃO PATRIMONIAL DE BENS MÓVEIS Joinville - SC 2011 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS FERNANDO FERRO ELABORAÇÃO DE UM CONTROLE PADRÃO PARA AVALIAÇÃO PATRIMONIAL DE BENS MÓVEIS Trabalho de Graduação apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro de Produção e Sistemas. Orientador: Dr. Evandro Bittencourt Joinville - SC 2011 2 FERNANDO FERRO ELABORAÇÃO DE UM CONTROLE PADRÃO PARA AVALIAÇÃO PATRIMONIAL DE BENS MÓVEIS Trabalho de Graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro do curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina. Banca Examinadora: Orientador: ______________________________________ Dr. Evandro Bittencourt Membro: ______________________________________ Dr. Fernando Natal Pretto Membro: ______________________________________ Me. Valdésio Benevenutti Joinville, 09/06/2011 3 Dedico este projeto a meus pais. 4 FERNANDO FERRO ELABORAÇÃO DE UM CONTROLE PADRÃO PARA AVALIAÇÃO PATRIMONIAL DE BENS MÓVEIS RESUMO A avaliação patrimonial é a atividade que tem por objetivo estabelecer os valores atuais de mercado dos bens que compõem o patrimônio de uma entidade. A avaliação de máquinas e equipamentos industriais é uma tarefa árdua, exigindo por parte do engenheiro de avaliações grande experiência, pois os ativos industriais assumem valores diferenciados em função da finalidade da avaliação. Este trabalho se propõe a analisar os métodos existentes para realizar a avaliação patrimonial de bens móveis, tendo como principal objetivo elaborar um controle padrão para realizar a avaliação dentro da empresa de avaliação e perícia aqui estudada. Atualmente ocorrem solicitações de revisões dos valores justos por parte do cliente e eventualmente ocorrem também atrasos nas entregas das avaliações. A análise de proposta de melhoria foi apoiada em três aspectos: definição do melhor método de avaliação, padronização e automatização do mesmo e a criação de uma base de dados para a utilização dos valores atuais dos preços de mercado. Primeiramente foi levantada uma pesquisa bibliográfica referente à Engenharia de Avaliações e aos métodos de avaliações existentes, após a análise e escolha do melhor método foi elaborada uma planilha padrão para avaliação contendo além do método uma base de dados com valores de mercado de diversas máquinas e equipamentos. Com a elaboração do controle padrão de avaliação os resultados obtidos foram à redução do tempo no processo de pesquisa de mercado bem como no processo de avaliação como um todo já que antes se utilizava duas planilhas agora todas as informações estão presentes em apenas uma. PALAVRAS-CHAVE: Engenharia. Avaliação. Bens. Móveis. 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Gráfico dos Métodos de Depreciação .................................................................18 Figura 2 – Gráfico do Método Linear .................................................................................. 19 Figura 3 – Gráfico do Método do Cole ................................................................................ 21 Figura 4 – Gráfico do Método da Percentagem Constante .................................................. 23 Figura 5 – Gráfico do Método do Fundo de Amortização ................................................... 25 Figura 6 – Gráfico do Método de Caires ..............................................................................27 Figura 7 – Procedimento Metodológico da Pesquisa ........................................................... 31 Figura 8 – Exemplo de planilha com o ativo imobilizado do cliente ...................................37 Figura 9 – Planilha atual de depreciação de bens móveis .................................................... 37 Figura 10 – Planilha padrão para avaliação patrimonial de bens móveis ............................ 40 Figura 11 – Base de dados dos preços de mercado .............................................................. 41 6 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Exemplo de depreciação usada no Método Linear .............................................19 Tabela 2 – Exemplo de depreciação usada no Método de Cole ...........................................22 Tabela 3 – Exemplo de depreciação usada no Método da Percentagem Constante .............23 Tabela 4 – Exemplo de depreciação usada no Método do Fundo de Amortização .............24 Tabela 5 – Coeficiente de Trabalho (mínimo até o máximo) ..............................................26 Tabela 6 – Coeficiente de Manutenção (mínimo até o máximo) .........................................26 Tabela 7 – Exemplo de depreciação usada no Método de Caires ........................................27 Tabela 8 – Vida Útil de Equipamentos e Instalações Industriais .........................................28 Tabela 9 – Vida Útil de Equipamentos da Indústria Têxtil .................................................. 28 Tabela 10 – Vida Útil de Máquinas Universais Para o Uso em Ferramentaria.................... 29 Tabela 11 – Vida Útil de Máquinas Universais Para o uso em Manutenção ....................... 29 Tabela 12 – Vida Útil de Máquinas Para o Uso em Produção .............................................29 7 LISTA DE ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas IFRS International Financial Reporting Standards (Normas Internacionais de Contabilidade) CPC 27 Comitê de Pronunciamentos Contábeis 27 NBR Norma Brasileira TPM Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total) 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................09 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 11 2.1 AVALIAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS ................................................ 11 2.1.1 Conceitos de Valor ......................................................................................................12 2.1.2 Caminhos Usuais Para Avaliação de Máquinas e Equipamentos ............................... 13 2.1.2.1 Informações de Mercado .......................................................................................... 14 2.1.2.2 Renda que a Máquina ou Equipamento Possa Produzir ...........................................15 2.1.2.3 Custo, Menos a Depreciação .................................................................................... 15 2.1.3 Conceitos Relacionados à Engenharia de Avaliações ................................................. 16 2.2 MÉTODOS DE DEPRECIAÇÃO ................................................................................. 18 2.2.1 Método Linear .............................................................................................................18 2.2.2 Método de Cole ...........................................................................................................20 2.2.3 Método da Percentagem Constante .............................................................................22 2.2.4 Método do Fundo de Amortização ..............................................................................24 2.2.5 Método de Caires ........................................................................................................25 2.3 PERÍODOS SUGERIDOS DE DEPRECIAÇÃO TOTAL (VIDA ÚTIL) .................... 28 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................30 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ..............................................32 4.1 PROCESSO ATUAL DA EMPRESA ...........................................................................32 4.1.1 Coleta de Informações Junto ao Cliente ......................................................................33 4.1.2 Coleta de Informações Junto ao Mercado ...................................................................34 4.1.3 Trabalho de Campo (Vistoria)..................................................................................... 34 4.1.4 Trabalho de Gabinete ..................................................................................................35 4.2 PROBLEMA ENCONTRADO...................................................................................... 36 4.3 SITUAÇÃO PROPOSTA .............................................................................................. 38 4.3.1 Análise dos Métodos de Avaliação .............................................................................38 4.3.2 Elaboração da Nova Planilha ...................................................................................... 39 4.3.3 Atribuição do Preço de Mercado a Partir da Base de Dados ......................................40 4.4 RESULTADOS OBTIDOS............................................................................................ 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 44 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 45 9 1. INTRODUÇÃO O serviço de avaliação patrimonial tem por objetivo definir os valores atuais de reposição e mercado de todos os itens que compõem o patrimônio de uma empresa, para assim determinar o valor total do seu Ativo Imobilizado. A Avaliação Patrimonial é realizada segundo as normas determinadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), utilizando metodologia específica para atualizar os valores dos bens que compõem o patrimônio da empresa. Ao final, são expedidos laudos técnicos por profissionais devidamente qualificados. A emissão dos laudos podem ter finalidades especificas como: para fins de adequação ao IFRS (International Financial Reporting Standards), seguros, fusões, cisões, incorporações, lançamento de ações, financiamentos, compra e venda, vida útil, valor econômico, marcas e patentes, entre outras. A avaliação rigorosa e pormenorizada dos ativos é executada com o uso de diferentes métodos comprobatórios e níveis de precisão, portanto, visto que existem vários métodos de avaliação, um dos objetivos deste trabalho é apresentar os principais métodos utilizados atualmente e analisar qual deles é o mais apropriado e eficiente para avaliar os bens móveis e desta forma utiliza-lo como padrão de avaliação dentro da empresa de avaliação e perícia aqui estudada. Atualmente estão ocorrendo reclamações de clientes alegando a atribuição incorreta dos valores de alguns bens móveis, esses erros estão ocorrendo devido a falta de controle das avaliações em relação ao curto tempo disponível para realiza-las e também pela grande quantidade de bens a serem avaliados, portanto, um dos objetivos específico deste trabalho é, após definir o melhor método, elaborar uma proposta em que o mesmo seja automatizado utilizando um software. Para avaliar máquinas e equipamentos devem-se levar em consideração algumas variáveis que serão estudadas no decorrer deste trabalho, inicialmente mencionando as mais importantes são: a data de aquisição, a vida útil aparente e o estado de conservação das máquinas. Após coletar essas informações bem como o preço da máquina nova então é possível avaliar e definir seu valor atual. Existem casos, porém, que é possível encontrar uma máquina com a mesma marca, modelo e ano de aquisição da que está sendo avaliada, nestes casos não é necessário utilizar os métodos de depreciação, basta atribuir o mesmo valor da máquina que foi encontrada no mercado, essa informação pode ser obtida pela internet, catálogos, revistas ou pelo contato com o vendedor. Tendo, então, como objetivo acelerar o 10 processo de avaliação, porém, sem cometer erros, será proposto no trabalho a utilização de uma base de dados com os valores encontrados nas avaliações mais recentes, eliminado assim o tempo com a pesquisa dos valores de alguns bens. No primeiro capítulo deste trabalho serão apresentados os objetivos gerais e específicos, a apresentação do tema, a justificativa, além da delimitação do estudo e da estrutura do trabalho. A fundamentação teórica é apresentada no segundo capítulo, o qual apresenta os conceitos teóricos necessários para o entendimento do problema estudado. O procedimento metodológico compõe o terceiro capítulo, onde estão explicados os métodos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho e o tipo de pesquisa aplicada. O quarto capítulo apresenta a empresa referente ao estudo, o problema encontrado, a alternativa proposta e demonstração dos resultados. No capítulo cinco são expostas as considerações finais e recomendações para trabalhos futuros. Por último são apresentadas as referências. 11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nesse item serão abordados os principais conceitos teóricos sobre os assuntos relacionados. A Engenharia de Avaliações não é uma ciência exata, mas sim a arte de estimar os valores de bens específicos em que o conhecimento do profissional de engenharia e o bom julgamento são condições essenciais (MOREIRA, 2001, p. 23). Visto que a Engenharia de Avaliações não é uma ciência exata, é muito importante que os métodos utilizados para o cálculo depreciativo mostrem resultados mais próximos possíveis da realidade para que assim os valores justos sejam atribuídos corretamente e de acordo com a finalidade da avaliação. Conforme Dantas (2005, p. 1), A Engenharia de Avaliações é uma especialidade da engenharia que reúne um conjunto amplo de conhecimentos na área de engenharia e arquitetura, bem como em outras áreas das ciências sociais, exatas e da natureza, com o objetivo de determinar tecnicamente o valor de um bem, de seus direitos, frutos e custos de produção. A avaliação patrimonial pode envolver todo o patrimônio de uma entidade, tanto bens móveis como imóveis, porém, no presente trabalho será abordado apenas métodos a serem utilizados para bens móveis. 2.1 AVALIAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS O objetivo da avaliação é encontrar a tendência central ou média ponderada do mercado, ou seja, a obtenção do valor de mercado de determinada mercadoria no estado em que a mesma se encontra. Visto que o presente trabalho trata-se da avaliação de bens móveis é importante saber as diferenças básicas em relação a imóveis. Para Abunahman (2000), a diferença primordial em relação a uma avaliação de um equipamento, seja ele mecânico, elétrico, eletromecânico ou eletrônico em relação a um imóvel reside em dois aspectos, a saber: a) “O equipamento pode ser negociado em qualquer parte do mundo, ou seja, ele é transportável, enquanto um prédio não (o próprio nome – imóvel - já define esta situação);” (ABUNAHMAN, 2000, p. 230). Além da diferença de ser transportável, as variáveis relacionadas à depreciação dos bens móveis também diferem dos imóveis. 12 b) Na avaliação de um imóvel, leva-se em conta a depreciação das construções, enquanto na avaliação de uma máquina, além desta há que se considerar a obsolescência funcional gerada pelo advento de novas tecnologia, bem como a perda de utilidade em função do desinteresse pela aquisição dos elementos produzidos pelo equipamento sob avaliação (ABUNAHMAN, 2000, p. 230). O valor justo a ser atribuído a uma máquina ou equipamento não se baseia especificamente no custo da máquina, mas sim no valor encontrado no mercado. Conforme Abunahman (2000, p. 230), O custo de uma máquina ou equipamento não é necessário ou obviamente igual ao seu valor, embora o custo seja um componente do binômio preço/valor. Por outro lado, na investigação do valor de uma máquina procura-se conhecer tanto o custo original quanto o de reposição. Ao realizar a avaliação uma máquina, portanto, é preciso obter a maior quantidade possível de informações de mercado bem como qual o custo de aquisição e o de reposição para assim poder definir o valor justo. 2.1.1 Conceitos de Valor Para obter um melhor entendimento das variáveis que compõe a avaliação propriamente dita de máquinas e equipamentos, é importante estabelecer determinados conceitos de valor, tais como: Valor de Reposição: De acordo com Abunahman (2000) é o valor do bem determinado na base do que ele custaria (normalmente aos preços correntes do mercado) para ser substituído por outro similar, ponderando-se principalmente em função da eficiência, pois com o avanço tecnológico é difícil encontrarmos no mercado, após algum tempo, uma máquina com eficiência semelhante à do passado. O valor de reposição, portanto, pode ser definido simplesmente como sendo o valor justo baseado na pesquisa de mercado sendo ele de fundamental importância para a avaliação. Valor de Liquidação: Segundo Abunahman (2000) é o valor do bem determinado na base do que dele seria adquirido, caso o mesmo tivesse que ser colocado à venda forçada no prazo, porém com ampla divulgação entre os possíveis interessados e com os financiamentos e vantagens correntes no mercado, dependendo da situação do mercado em termos de recessão ou procura para o bem avaliado. Um desconto de 10% a 40% seria motivo de obtenção de uma venda em curto prazo. 13 Valor Residual Final ou Valor de Sucata: “É o valor de sucata ou de demolição que resta desse bem ao fim de sua vida útil” (MOREIRA, 2001, pag. 221). Todo o bem existente numa empresa irá chegar a um ponto em que não conseguirá mais atender a demanda produtiva devido às novas tecnologias existentes bem como devido ao desgaste resultantes de seu trabalho realizado durante a sua vida útil, então, para esses bens se atribui um valor se sucata e não um valor de mercado. Conforme Abunahman (2000) valor residual é o valor do bem determinado na base do que dele se obteria, caso o mesmo tivesse que ser vendido como sucata ou apenas para aproveitamento de algumas de suas partes construtivas, sem ter a possibilidade comercial de voltar à utilização primitiva para o qual o bem foi produzido. Valor Justo: Segundo o item seis do pronunciamento técnico CPC 27 (Comitê de Pronunciamento Contábil) o valor justo é “o valor pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória”. A vantagem de existem empresas especializadas na avaliação e atribuição de valores justos é que além do conhecimento e experiência no assunto as mesmas não estão interessadas nem na compra nem na venda do bem que está sendo avaliado, desta forma o valor atribuído deverá ser realmente o valor justo. Valor Patrimonial: “Valor correspondente à totalidade dos bens de pessoa física ou jurídica” (IBAPE, 2007, p. 826). Depois de avaliados todos os bens tanto móveis como imóveis de uma empresa teremos, estão um novo valor individual para cada bem e também teremos um valor total que é o valor patrimonial. 2.1.2 Caminhos Usuais Para Avaliação de Máquinas e Equipamentos Nesse item será abordados três caminhos possíveis de serem utilizados na avaliação, e conforme veremos no decorrer do trabalho é possível e necessário utilizar até dois deles simultaneamente. 14 2.1.2.1 Informações de Mercado Para a atribuição correta do valor justo é fundamental que seja realizada a pesquisa de mercado para assim facilitar a avaliação do bem em questão. Conforme IBAPE (2007, p. 824) a pesquisa de mercado “consiste em se cotejar o bem por meio de outros similares”. Quando são avaliados itens raros, muitas vezes não é possível encontrar seus valores através de informações de mercado, por isso é necessário utilizar outros caminhos a fim de conseguir atribuir um valor justo. Conforme Abunahman (2000, p. 231) o caminho que se baseia nas informações de mercado “embora o mais exato, nem sempre é disponível para a máquina ou equipamento que se deseja avaliar”. Ex: Tabela de veículos usados (disponível) Tabela de usinas nucleares usadas (indisponível) Visto que o caminho baseado nas informações de mercado seja um dos mais exatos, temos que definir o que é valor de mercado. De acordo com IBAPE (2007, p. 826) valor de mercado é a “quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente um bem, numa data de referência, dentro das condições do mercado vigente”. Ao se avaliar, portanto, um bem o valor dele caso seja negociado, deve estar dentro das condições de mercado e tanto o comprador como o vendedor devem estar cientes das condições de compra e venda. Para Moreira (2001, p. 30) valor de mercado “é aquele encontrado por um vendedor desejoso de vender, mas não forçado e um comprador desejoso de comprar, mas também não forçado, tendo ambos pleno conhecimento das condições de compra e venda”. Visto que as avaliações baseadas nos preços de mercado são mais exatas, faz-se o possível para utilizá-las, essas informações são obtidas na internet, revistas, catálogos e em sites consagrados bem como através do contato com fabricantes ou fornecedores. Algumas máquinas , no entanto, conforme já mencionado não são encontradas facilmente ou até mesmo não existem no mercado para venda como é o caso do exemplo citado de uma usina nuclear ou mesmo de uma usina de petróleo. No caso dessas exceções é necessário recorrer aos métodos estatísticos de depreciação. 15 2.1.2.2 Renda que a Máquina ou Equipamento Possa Produzir Este caminho está ligado à avaliação de bens numa forma geral, pois quando se atribui valor justo a um bem consequentemente é estabelecida uma nova vida útil para o mesmo dessa forma ele irá continuar a gerar receita para a empresa e é possível então valorar a renda futura. IBAPE (2007, p. 824) comenta que “o caminho da renda consiste em valorar o bem a partir de sua possibilidade de renda futura e, neste caso, estaríamos refletindo a valoração econômica”. É importante considerar que a análise da renda futura não é exata visto que existem muitas variáveis envolvidas, para Abunahman (2000) a análise da lucratividade de determinado bem é altamente subjetiva e instável num mundo globalizado em que não se tem possibilidade de conhecimento de todas as informações pertinentes e a real situação das variações mercadológicas mundiais, bem como a dinâmica das variações de custos em virtude das relações no valor dos insumos, impostos, variações cambiais etc. Este método deve, contudo, ser levado em conta, quando se tratar de avaliação de plantas produtivas. 2.1.2.3 Custo, Menos a Depreciação Apesar de ser um caminho menos preciso que o de informações de mercado o custo menos à depreciação possibilita a atribuição de valores para os bens que não são encontrados no mercado, sendo uma ferramenta importante para o avaliador. Conforme Abunahman (2000, p. 231), Embora não seja o mais exato, permite grande aproximação do valor de determinado bem, que é a finalidade da avaliação. Este processo consiste na determinação de uma curva matemática que ligue ao preço da máquina ou equipamento novo, ao valor residual final (sucata ou salvado) através da vida útil do equipamento. No decorrer do presente trabalho serão apresentados alguns métodos que são utilizados para a depreciação e posteriormente serão analisados qual deles trás resultados mais próximos da realidade. 16 2.1.3 Conceitos Relacionados à Engenharia de Avaliações Antes de iniciarmos o tratamento matemático dos métodos há a necessidade de estabelecermos alguns conceitos úteis, com a respectiva termologia visando à padronização no decorrer deste trabalho e do serviço de avaliação de máquinas e equipamentos. Vida útil: “É o tempo previsto entre o início de funcionamento de determinada máquina ou equipamento e de sua retirada de serviço, já totalmente depreciada, ou seja, com apenas o valor residual” (ABUNAHMAN, 2000, p. 232). A vida útil é uma variável presente em todos os métodos de depreciação, ela revela durante quanto tempo a máquina estará sendo útil para a empresa antes de virar sucata. Segundo Moreira (2001, pag. 219) vida útil é “aquele intervalo de tempo contado da data da instalação ou da colocação em serviço até o momento em que o serviço prestado pelo bem deixa de ser economicamente interessante”. Depreciação: Segundo Noronha (1981 apud COSENTINO, 2004) depreciação é uma reserva contábil destinada a promover fundos necessários para a substituição do capital investido em bens produtivos de longa duração, em função do desgaste e/ou obsolescência. Para Moreira (2001) a depreciação pode ser definida como o a despesa anual que é feita ou prevista durante o período de vida útil para a manutenção do investimento em edifícios, máquinas e equipamentos ou para a recuperação do investimento na ocasião da reiterada de serviço do bem. Com o passar do tempo cada bem adquirido passa a perder o seu valor, são vários os motivos, perda de garantia, surgimento de novas tecnologias, desgaste, erros operacionais e manutenções, entre outros, e todos estes influenciam na depreciação. Segundo Abunahman (2000, p232) depreciação “É a perda de valor de determinado bem no decorrer do tempo. A depreciação ocorre por três motivos principais: deterioração, obsolescência e perda de utilidade”. Deterioração: “É a perda física de valor, podendo, geralmente, ocorrer por acidente, desgaste e corrosão” (ABUNAHMAN, 2000, p.232). Todas as ações das intempéries presentes no ambiente de trabalho interferem fisicamente nas máquinas e equipamentos, conforme Moreira (2001, pag. 218) “a deterioração física é causada por vários agentes químicos ou mecânicos e pela idade, que geralmente é o principal fator”. 17 Obsolescência: Para Moreira (2001, pag. 218) “Obsolescência é devido ao desenvolvimento e invenção de novos equipamentos ou dispositivos projetados para prestar o mesmo serviço, ou melhor,”. Se analisarmos as evoluções tecnológicas das últimas décadas podemos perceber que para determinados setores como o da informática por exemplo, em poucos dias surgem novos produtos ou novos modelos que superam aquele que foi adquiro recentemente, dessa forma o produto passar a ser obsoleto, o mesmo esta ocorrendo atualmente também com máquinas e equipamentos industriais. Segundo Abunahman (2000, p. 232), Obsolescência é a perda de valor por motivos técnicos e econômicos. Neste caso novos lançamentos de máquinas e equipamentos permitem a confecção de produto semelhante, geralmente de melhor qualidade a custo reduzido em relação ao que era produzido inicialmente. O equipamento obsoleto pode produzir determinado produto, porém, a margem de lucro é nenhuma ou insatisfatória. Perda de utilidade: A partir do momento que a máquina não pode produzir o produto que se deseja ela passa a perder a sua utilidade para a empresa. Abunahman (2000, p. 232) define como “a perda de valor funcional que ocorre quando não mais existe a procura pelos produtos que determinada máquina ou equipamento possa produzir”. Esperança de vida: Ao se avaliar uma máquina o objetivo é após toda a análise metodológica atribuir um valor justo, visto que no momento da vistoria á máquina já foi usada por determinado tempo, então verificando as condições da máquina é possível prever quanto tempo ainda ela será útil. Abunahman (2000, p. 232) define como “o tempo previsto entre a vistoria e a data provável de retirada em serviço, devendo ser levado em conta todos os fatores que levam determinada máquina e/ou equipamento a serem depreciados”. Vida Aparente: “É o tempo estimado pelo avaliador, geralmente resultado da diferença entre a vida útil e a esperança de vida” (ABUNAHMAN, 2000, p. 232). A vida útil de uma forma geral pode ser definida baseando-se em tabelas que estimam a duração de acordo com a função dos equipamentos conforme tabelas 07 à 11, porém é possível que a empresa baseie a vida útil dos equipamentos recorrendo ao histórico de duração dos mesmos. Por exemplo, se a empresa possui um torno há 30 anos, e se considerar que ele durará ainda mais cinco anos, então é possível formar uma família de produtos onde os tornos terão uma vida útil de 35 anos, que pode ser, portanto diferente das encontradas em tabelas padronizadas. 18 2.2 MÉTODOS DE DEPRECIAÇÃO Os métodos de avaliação assumem um papel se suma importância a partir do momento em que não se encontra no mercado um equipamento com e mesmas características do que está sendo avaliado, impossibilitando assim a atribuição imediata do valor justo. É necessário, então, fazer uma nova pesquisa, porém, agora pesquisando o valor do mesmo equipamento novo, tendo essa informação utiliza-se um método estatístico para levar o valor de um equipamento novo para a realidade do que está sendo avaliado. A Figura 1 apresenta a depreciação anual no decorrer de um período de 8 anos considerada a vida útil deste equipamento específico. Figura 1- Gráfico dos Métodos de Depreciação Fonte: Primária, 2011. Os métodos presentes no gráfico (Linear, Cole, Percentagem Constante, Fundo de Amortização e Caires) serão apresentados e analisados no decorrer do trabalho. 2.2.1 Método Linear Abunahman (2000. p. 234) mostra que este método estabelece uma depreciação constante no decorrer do tempo. A linha reta representa a mais simples das curvas, onde a depreciação em cada período é sempre igual e corresponde a depreciação total dividida pelo número de períodos da vida útil prevista conforme Figura 2. 19 Figura 2 – Gráfico do Método Linear Fonte: A bunahman, 2000. O método linear é bastante utilizado para a contabilidade fiscal, porém não o mais indicado para a depreciação de máquinas e equipamentos, pois conforme Abunahman (2000) apesar de sua extrema simplicidade, a depreciação de máquinas e equipamentos não é a função linear do tempo, sendo mais acentuada no princípio do que nos últimos anos da vida estimada, devido ao desgaste, a insegurança quanto à utilização e pela perda da garantia, cujo valor se somava ao preço do equipamento quando novo. Tabela 01 – Exemplo de depreciação usada no Método Linear Tempo (anos) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 D (n) 10.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 V r(n) 100.000,00 90.000,00 80.000,00 70.000,00 60.000,00 50.000,00 40.000,00 30.000,00 20.000,00 Fonte: Abunahman, 2000. Nesta tabela os símbolos representam: D(n) – Depreciação no instante n. Vr(n) – Valor residual no instante n. Dt(n) – Depreciação total no instante n. D T(n) 10.000,00 20.000,00 30.000,00 40.000,00 50.000,00 60.000,00 70.000,00 80.000,00 20 Conforme mostra a Tabela 1, D(n) é a depreciação que é constante em cada ano, o valor residual Vr(n) é o valor de novo menos a depreciação acumulada ano a ano e Dt(n) é a depreciação total no instante n. Segundo Abunahman (2000, p.234) “aplicam-se ao método linear todas as fórmulas de uma progressão aritmética, cuja razão é o valor da depreciação num período, e os valores inicial e final são respectivamente o Valor do Novo e o Valor Residual Final”. 2.2.2 Método de Cole Este método de acordo com Abunahman (2000 p. 236) é conhecido também “como método da série ou da soma de dígitos, estabelece a depreciação empírica em cada período como sendo igual ao produto da depreciação total pelos elementos da série abaixo”: ____N_____ ; ____N - 1__ ; ____N - 2___ ; ... ; ____1_____ 1+2+3+...+N 1+2+3+...+N 1+2+3+...+N 1+2+3+...+N N = Número de períodos (geralmente o período utilizado é o ano); Dt é a base fixa igual ao valor da depreciação total: Dt = Vn – Vr; Vn é o valor da máquina ou equipamento quando novos; Vr é o valor quando o mesmo já não possui vida útil; “Como o valor de cada depreciação periódica é obtido multiplicando-se cada elemento da série pela depreciação total, valor fixo que chamamos (Dt), podemos chegar a fórmulas matemáticas por operações algébricas” (ABUNAHMAN, 2000, p. 236). Assim, temos o cálculo do valor da depreciação no período Dp: Dp = 2(Vn – Vr) N ( N + 1) Onde: Dp = Fator ou parcela de depreciação anual; Vn = Preço de aquisição do equipamento novo; Vr = Valor residual (em geral de 5% a 20% de Vn) 21 N = Vida útil (em anos) em função de sua vida técnica, variando em cada caso, em relação à sua manutenção e conservação. Cálculo do valor da depreciação acumulada Da, até o momento em que a máquina apresenta determinada vida aparente (Vap): Da = V * (2 N – Vap + 1) * Dp 2 O valor (Vm) de determinada máquina ou equipamento, no estado, pode então ser determinado subtraindo-se do valor do novo a depreciação acumulada, como segue: Vm = Vn – Da Observa-se que neste método conforme Figura 03 a depreciação nos primeiros períodos é superior à dos últimos, fato este bastante próximo à realidade prática. Figura 03: Gráfico do Método de Cole Fonte: Abunahman, 2000. A Tabela 2 apresenta o Método de Cole para depreciação, considerando um período de oito anos como sendo a vida útil, o valor do inicial R$ 100.000,00 e R$ 20.000,00 o valor residual final. 22 Tabela 02 – Exemplo de depreciação usada no Método de Cole Tempo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Série 8/36 7/36 6/36 5/36 4/36 3/36 2/36 1/36 D V (t) 80.000,00 80.000,00 80.000,00 80.000,00 80.000,00 80.000,00 80.000,00 80.000,00 D (n) 17.777,78 15.555,56 13.333,33 11.111,11 8.888,89 6.666,66 44.44,45 2.222,22 R(n) 100.000,00 82.222,22 66.666,66 53.333,33 42.222,22 33.333,33 26.666,67 22.222,22 20.000,00 Fonte: Abunahman, 2000. O método de Cole difere do Linear porque ele utiliza mais variáveis na sua depreciação e consequentemente o seu gráfico representa uma curva e não uma reta. 2.2.3 Método da Percentagem Constante Conforme o próprio nome indica, neste método aplica-se uma taxa de depreciação constante em cada ano da vida útil dos equipamentos. Segundo Abunahman (2000, p. 238), Este método estabelece uma depreciação constante em percentual, e contínua em cada período igual ao valor de uma taxa calculada aplicada ao valor residual do período anterior, isto é, a depreciação final de um período é igual ao produto do valor residual do início pela taxa calculada, sendo o valor da taxa função do tempo de amortização e do Valor do Novo e do Valor Residual Final ou Valor de Sucata. Taxa de depreciação no período (T): T = 1 – ( V r n )( 1/n ) ( V n ) ( 1/n ) Sendo: T = Taxa calculada V n = Valor do Novo ( custo da máquina em funcionamento) V r n = Valor residual após “n” anos 23 Assim como no método de Cole a depreciação nos primeiros períodos é superior à dos últimos, o que está de acordo com a realidade prática conforme Figura 4. Figura 4: Gráfico do Método de Percentagem Constante Fonte: Abunahman, 2000. A Tabela 03 também considera um período de oito anos como sendo a vida útil, o valor do novo R$ 100.000,00 e R$ 20.000,00 o valor de sucata ou valor residual final. Tabela 03 – Exemplo de depreciação usada no Método de Porcentagem Constante N T 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0,1882 0,1882 0,1882 0,1882 0,1882 0,1882 0,1882 0,1882 0,1882 VR n 100.000,00 81.776,46 66.874,03 54.687,27 44.721,36 36.571,58 29.906,98 24.456,89 20.000,00 D DT N 18.223,46 14.902,51 12.186,76 9.965,91 8.149,78 6.664,61 5.450,08 4.456,89 N 18.223,46 33.125,97 45.312,73 55.278,64 63.428,42 70.093,02 75.543,11 80.000,00 Fonte: Abunahman, 2000. Assim como no Método Linear o método da Percentagem Constante utiliza uma taxa, porém essa taxa leva em conta o valor residual e o valor novo gerando uma curva e não uma reta. 24 2.2.4 Método do Fundo de Amortização Este método tem como ideia guardar um valor igual à perda pela depreciação em um fundo, onde este renda juros, e por fim, quando a máquina estiver chegado ao final de sua vida útil, então ela é vendida a preço de sucata e soma-se a esse valor a quantia que está no fundo e assim é possível adquirir uma máquina nova. Para Abunahman (2000) determina-se um “fundo imaginário” onde seria aplicado o valor depreciado, devendo o mesmo render juros previamente estabelecidos, que por finalidades didáticas estabeleceremos em 30% a.a. como sendo o valor que um industrial obtém como rendimento de seu capital aplicado. Para facilitar a determinação do valor a ser colocado neste fundo a cada período usaremos o seguinte artifício: 1) “Depositaremos um valor unitário neste fundo e analisaremos seu comportamento”; Abunahman (2000 p.240) 2) Dividiremos a depreciação total DT pelo montante obtido no fundo acima, após N períodos, correspondente a vida útil. Obteremos, então, o valor constante a se depositar no “Fundo de Amortização” que, com a taxa estipulada inicialmente, permitirá a compra de nova máquina, utilizando-se a máquina depreciada ( VR ) como parte do pagamento (Abunahman , 2000, p. 240) Tabela 04 – Exemplo de depreciação usada no Método do Fundo de Amortização D V N Fator 0 - 1 1,00 3.353,21 96.646,78 2 2,30 7.712,39 92.287,78 3 3,99 13.379,33 86.620,65 4 6,18 20.746,34 79.253,65 5 9,04 30.323,47 69.676,52 6 12,75 42.773,72 57.226,27 7 17,58 58.959,06 41.040,93 8 23,86 80.000,00 20.000,00 T(n) - Fonte: Abunahman, 2000. R(n) 100.000,00 25 A Figura 05 diferentemente dos dois métodos anteriores não apresenta uma depreciação superior nos primeiros anos, portanto, está diferente da realidade prática. Figura 05: Gráfico do Método do Fundo de Amortização Fonte: Abunahman, 2000. Apesar do gráfico não condizer com a realidade prática de depreciação de máquinas, o seu conceito pode ser aplicado por empresários em relação a se planejar para substituir máquinas que estão perdendo o seu valor devido à diminuição de sua vida útil. 2.2.5 Método de Caires Conforme Caires (1978) este método enfoca a depreciação da máquina, equipamento ou instalação, como uma função da manutenção dispensada, do regime de trabalho, da idade e da vida útil. Assim, a função desgaste (,), que assume importância fundamental na determinação da depreciação, é dada pela seguinte fórmula: (,) = 0,8530811710 x e (0,067348748 - 0,041679277 - 0,001022860 ) Onde: (,) = Função Desgaste; = Coeficiente de Trabalho, sendo: 26 Tabela 05 - Coeficiente de Trabalho (mínimo até o máximo) Tipo de Trabalho Nulo Leve Normal Pesado Extremo Valor 0 5 10 15 20 Fonte: Caires, 1978. = Coeficiente de Manutenção, sendo: Tabela 06 - Coeficiente de Manutenção (mínimo até o máximo) Tipo de Manutenção Nulo Leve Normal Pesado Extremo Valor 0 5 10 15 20 Fonte: Caires, 1978. A Função Desgaste indica o comportamento da depreciação como consequência do tipo de manutenção e de trabalho que são submetidos os equipamentos ao longo de sua vida. Como exemplificação, uma manutenção eficaz associada a uma carga de trabalho leve resulta em tênue desgaste ao longo do tempo, enquanto que, em condição oposta, ou seja, uma manutenção nula associada a uma carga pesada resulta em significativo desgaste ao longo do tempo. A função desgaste associada às variáveis idade aparente e vida útil, permite a determinação da depreciação conforme a fórmula abaixo: D (t, , , T) = 1,347961431 / 1 + 0,347961431 e 3,579760093 (,) t/T Onde: D (t, , , T) = Depreciação; 27 (,) = Função Desgaste; T = Vida Útil; t = Idade Aparente; A Tabela 07 apresenta a depreciação anual do Método de Caires, onde a depreciação nos últimos anos é menor do que nos primeiros. Tabela 07 – Exemplo de depreciação usada no Método de Caires Tempo (anos) D (t, m, t, T) - Taxa Depreciação Depreciação 0 1 0,87 11450 2 0,73 13030 3 0,48 13500 4 0,44 12690 5 0,31 11430 6 0,22 8100 7 0,15 6300 8 0,10 3500 Vp 100000 88550 75520 62020 49330 37900 29800 23500 20000 Fonte: Primária, 2011. A Figura 06 mostra que o método de Caires possui uma curva similar ao método de Cole e Percentagem Constante, os três, portanto condizem com a realidade prática. Figura 06: Gráfico do Método de Caires Fonte: Primária, 2011. A depreciação nos três primeiros anos é o dobro que nos três últimos anos. 28 2.3 PERÍODOS SUGERIDOS DE DEPRECIAÇÃO TOTAL (VIDA ÚTIL EM ANOS) O setor industrial possui uma infinidade de funções que tornaria impossível mensurar e definir procedimentos específicos para cada tipo de indústria. Nas Tabelas 08 até a 11 seguem uma amostragem com os tipos de indústrias e suas respectivas classificações de vida útil. A Tabela 8 apresenta importantes valores de vida útil, pois trata de itens existentes em quase todas as indústrias. Tabela 08 - Vida Útil de Equipamentos e Instalações Industriais Descrição Bomba Compressores Correias de linha de produção Correias transportadoras ao tempo Elevadores Sopradores Tubos de cobre Tubos de inox Tubos fora de alvenaria Geradores Mínimo 14 14 18 16 16 14 24 24 10 14 Máximo 20 20 25 24 24 20 26 26 15 20 Fonte: Abunahman, 2000. A Tabela 09 apresenta dados importantes ao se avaliar uma indústria têxtil, contém as vidas úteis de equipamentos situados em cada setor existente nesse ramo industrial. Tabela 08 - Vida Útil de Equipamentos da Indústria Têxtil Descrição Malharia Fiação e tecelagem Acabamento e Tingimento Roupas/Confecções de borracha e de couro Mínimo 5 10 10 10 Máximo 10 25 20 25 Fonte: Abunahman, 2000. Para máquinas utilizadas em ferramentaria utiliza-se vidas úteis que variam de 10 à 25 anos conforme Tabela 10. 29 Tabela 10 - Vida Útil de Máquinas Universais Para o Uso em Ferramentaria Descrição Tornos mecânicos Plainas Fresas Eletroerosão Prensas Hidráulicas Furadeiras radiais Mínimo 15 15 12 10 20 20 Máximo 20 25 20 15 25 25 Fonte: Abunahman, 2000. As máquinas convencionais utilizadas para realizar manutenção possuem vida útil igual e em alguns casos maiores do que as que são utilizadas em ferramentaria conforme mostra a Tabela 11. Tabela 11 - Vida Útil de Máquinas Universais Para o Uso em Manutenção Descrição Tornos mecânicos Plainas Fresas Eletroerosão Prensas hidráulicas Furadeiras radiais Mínimo 20 20 15 10 20 20 Máximo 25 25 25 15 25 25 Fonte: Abunahman, 2000. Conforme Tabela 12 as máquinas utilizadas na produção por trabalharem com maior frequência possuem vida útil menor do que as de manutenção e ferramentaria. Tabela 12 - Vida Útil de Máquinas Universais Para o Uso em Produção Descrição Tronos mecânicos Plainas Fresas Têmpera por indução Prensas hidráulicas Furadeiras radiais Mínimo 10 10 5 10 10 15 Máximo 15 15 12 15 15 20 Fonte: Abunahman, 2000. Todas essas vidas úteis citadas são apenas sugestões para se utilizar. 30 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O procedimento metodológico aplicado no presente trabalho partiu de uma análise prévia do problema existente dentro do procedimento atual de avaliações da empresa aqui estudada. Visto que o objetivo geral é elaborar uma planilha padrão para a avaliação patrimonial de bens móveis, foi necessário realizar uma pesquisa a respeito dos métodos e procedimentos existentes no que se refere à engenharia de avaliações. Com a pesquisa bibliográfica foi possível conhecer métodos diversificados de depreciação de máquinas e equipamentos além de adquirir novos conhecimentos a respeito das etapas a serem levadas em conta pelo avaliador desde o recebimento do inventário até a conclusão do laudo técnico. Após definir o problema e obter a fundamentação teórica a respeito do tema, tornou-se possível sugerir soluções para o problema encontrado. Identificada então a ferramenta com a possível solução do problema, houve a coleta e análise de dados em documentos específicos utilizados na empresa bem como foram feitas entrevistas semi-estruturadas com profissionais da empresa que trabalham na área de engenharia de avaliações e que, portanto, também sofrem com o problema apresentado no trabalho. Utilizou-se também a observação direta como instrumento de pesquisa para assim entender o funcionamento básico do procedimento avaliatório da empresa. A observação possibilitou o mapeamento do processo como forma de registrar o estado atual para refletir sobre os desperdícios existentes e planejar um estado futuro desejado. Após definido todos os procedimentos do trabalho foi possível elaborar a nova planilha de avaliações levando em conta todo conhecimento adquirido com a elaboração da fundamentação teórica bem como da experiência do acadêmico em relação ao procedimento da empresa para com os clientes. As atividades realizadas dentro do procedimento metodológico podem ser vistas na Figura 07. 31 Figura 07: Procedimento Metodológico da Pesquisa Fonte: Primária, 2011. As atividades de análise de dados e documentos foram realizadas simultaneamente com as entrevistas realizadas no setor de engenharia na empresa, dessa forma foi possível obter informações de como elaborar a planilha de avaliação. 32 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A empresa em que foi abordado o estudo iniciou suas atividades como empresa de auditoria em 1973 e ao longo destes anos, realiza auditoria e assessoria para empresas de todos os portes e segmentos de mercado e, tem como maior patrimônio o portfólio de Clientes. A empresa estrutura seus trabalhos a partir de metodologias próprias, tecnicamente eficazes e reconhecidas internacionalmente, construídas e aperfeiçoadas através da experiência dos seus profissionais. A empresa tem como objetivo não apenas formar opinião para emissão de parecer do auditor independente sobre os demonstrativos contábeis das empresas, o trabalho também é dirigido para a prevenção de eventuais falhas e desvios, criando, desta forma, novos instrumentos de controle e administração. O sucesso da empresa é estruturado a partir do intenso treinamento do seu corpo técnico, prevalecendo o profissional com experiência em administração de empresas e processos operacionais. Desta forma agregam-se soluções aos negócios do Cliente. Com uma posição de destaque entre as 10 maiores empresas de auditoria do Brasil, credita seu sucesso ao talento, dedicação e experiência dos 200 profissionais que prestam serviços de reconhecida qualidade. 4.1 PROCESSO ATUAL DA EMPRESA No processo de avaliação de bens móveis normalmente são avaliados muitos itens, conforme Moreira (2001, p. 364) “Na avaliação de máquinas e equipamentos, o avaliador raramente é solicitado para a avaliação de somente uma unidade, pois geralmente esse trabalho é incluído no âmbito maior da avaliação de indústrias, com vários itens, localizados em diferentes pontos da empresa”. A necessidade de avaliação de muitos itens pode ser um problema se o avaliador não se planejar, visto que é necessário entregar laudo de avaliação no prazo estipulado. Segundo Moreira (2001, p. 364) ao se deparar com uma tarefa de avaliar máquinas e equipamentos de uma indústria, o avaliador terá que estabelecer desde logo um plano de trabalho que evite a dispersão de esforços tanto seus quando de seus auxiliares e funcionários da empresa contratante. Nos próximos itens serão abordados os procedimentos atuais da empresa. 33 4.1.1 Coleta de Informações Junto ao Cliente Identificação dos bens a serem avaliados; Os bens a serem avaliados são normalmente os mais relevantes, ou seja, aqueles que possuem um valor de aquisição elevado e que normalmente são os mais produtivos. Catálogos, desenhos e informações técnicas referentes às máquinas, equipamentos e instalações, tanto de produção quanto de serviços auxiliares; Esses documentos são importantes, pois podem ajudar na identificação da marca, modelo, n° de série, entre outras características da máquina ou equipamento. Plantas gerais dos terrenos e edificações mostrando a localização das máquinas e equipamentos, bem como plantas de instalações elétricas, hidráulicas, de gases, de proteção contra incêndio e outras características do processo utilizado; A realidade prática, porém dificilmente permite a obtenção de todas essas informações, porém é possível e necessário que algum funcionário da empresa acompanhe a vistoria para ajudar na identificação das máquinas, se possível esse funcionário deve ser conhecedor das máquinas, normalmente alguém do setor de manutenção. Fluxogramas e descrição dos processos industriais. Nesta etapa é interessante conhecer a empresa do cliente e seu processo de produção com antecedência visitando seu site na internet, para que assim que for realizada a vistoria já se tenha familiaridade com o processo. Inventário de máquinas, equipamentos, veículos, móveis e utensílios, inclusive ferramentas; Essas informações correspondem ao ativo imobilizado da empresa, ou seja, todos os seus bens móveis. Informações contábeis sobre preços e datas de aquisição dos bens a avaliar, bem como custos e datas de fabricação dos bens produzidos pela própria empresa para seu uso como bens de produção. No caso de máquinas produzidas pela própria empresa é necessário conforme já mencionado no trabalho coletar as informações contábeis da máquina, mas, além disso, visto que é uma máquina única, para se atribuir um valor justo é necessário o maior número de informações possíveis, dentre elas estão: - Designação da máquina ou equipamento e identificação de seu uso interno na empresa; 34 - Ficha técnica da máquina ou equipamento; - Ano de fabricação; - Características da corrente elétrica; - Motores: quantificar e especificar; - Acionamentos: especificar, quantificar e detalhar; - Detalhes das características construtivas; - Características operacionais: manual, semiautomática ou automática; Essas informações referentes à máquina produzida pela própria empresa podem ser obtidas tanto na coleta de dados com o cliente como na vistoria, ou em ambos os casos. 4.1.2 Coleta de Informações Junto ao Mercado Consulta aos fabricantes, distribuidores ou revendedores de máquinas e equipamentos novos ou usados para levantamento de preços correntes; Essas informações são obtidas por meio da pesquisa na internet e quando necessário entrando em contato com os fabricantes. Obtenção de catálogos, desenhos e demais informações técnicas desses bens, especialmente com fotografias; Talvez o cliente já tenha feito alguma melhoria ou algum levantamento interno como por exemplo, a implantação da metodologia TPM (Total Productive Maintenance), então todas as informações técnicas existentes são bem vindas. Consulta a anunciantes em jornais e revistas técnicas especializadas, tanto nacionais quanto estrangeiras; Esta etapa é interessante, pois quando o cliente possui máquinas importadas existe a necessidade de realizar pesquisas em sites estrangeiros e sempre que possível tentar encontrar o representante nacional para que assim se possa saber o preço atual do equipamento. 4.1.3 Trabalho de Campo (Vistoria) Vista geral para familiarização com a planta industrial; 35 Conforme já citado é interessante verificar antecipadamente o processo de fabricação utilizado no cliente, dessa forma quando for realizar a vistoria será possível se planejar em relação a qual será a sequencia de máquinas a avaliar. Confrontação dos dados fornecidos pelo cliente com os encontrados no local; É necessário realizar o confronto das informações, pois podem ocorrer casos em que a máquina já tenha sido vendida, mas ainda consta no ativo imobilizado, dessa forma através da vistoria pode-se atualizar o ativo da empresa. Apreciação do estado de conservação e manutenção; Ao se utilizar métodos estatísticos de depreciação é importante considerar o estado da máquina quanto à manutenção e quanto a sua carga de trabalho já que essas são variáveis que interferem diretamente nos valores justos a serem atribuídos. Apreciação da eficiência do estado operacional das máquinas e equipamentos, especialmente quanto à sua obsolescência; Podem ocorrer casos em que determinada máquina não esteja mais em funcionamento devido à obsolescência, neste caso então, ao avaliar deve-se levar em conta este fator, podendo até mesmo atribuir um valor de sucata para essa máquina. Documentação fotográfica mostrando os bens a avaliar, layout e detalhes importantes; Depois de realizar a vistoria, dificilmente o avaliador retornará ao cliente, portanto as fotos tiradas irão ser de grande ajuda nas atividades de gabinete. Além disso, conforme IBAPE (2007) a documentação permite uma boa visualização do trabalho, pois uma boa fotografia diz mais que muitas palavras. Também pode permitir a qualquer momento uma boa visualização sobre aquilo que foi alterado ou que não exista mais. Além disso, pode comprovar o estado aparente de conservação dos bens avaliados, além de reforçar alguns detalhes observados na vistoria. A documentação fotográfica deve permitir uma boa visualização dos ativos avaliados. Em empresas com muitos ativos deve-se fazer um planejamento fotográfico. 4.1.4 Trabalhos de Gabinete Esta etapa é a que se leva mais tempo dentro de todo o processo de avaliação, pois até então, apenas foram coletados dados e informações, a partir de agora essas informações serão 36 analisadas para assim se atribuir os valores justos. Nas atividades de escritório é necessário, portanto: Organizar todo o material coletado originário do cliente, do mercado e do campo (vistoria); Visto que normalmente são avaliados diversos itens é necessário organizar as informações priorizando os mais relevantes. Atribuição dos valores justos através dos valores pesquisados no mercado e da aplicação dos métodos estatísticos; Pode-se dizer que nesta etapa ocorrerá a avaliação propriamente dita, para cada item a ser avaliado é necessária a data de aquisição, valor de aquisição, descrição da máquina, modelo, os coeficientes de manutenção e trabalho bem como o valor do equipamento novo. Redação final do laudo de avaliações; O laudo deve ser elaborado de acordo com as normas da ABNT devendo conter todos os elementos relevantes considerados no seu desenvolvimento, desde a caracterização do objeto da avaliação, a metodologia de coleta de dados, a modelagem dos dados e as devidas interpretações e conclusões fundamentadas. Montagem e encadernação do laudo com toda a documentação anexa; Por fim é necessário anexar ao laudo documentos como a lista dos itens avaliados, fontes de pesquisa e fotos dos itens relevantes. 4.2 PROBLEMA ENCONTRADO Analisando o procedimento de avaliação realizado pela empresa desde a coleta de informação junto ao cliente até o trabalho de campo é possível perceber que essas etapas trazem uma fundamentação de informações confiáveis, podendo então considerar esse processo seguro, porém não se pode dizer o mesmo em relação a utilização correta das informações pelas ferramentas utilizadas no gabinete. Atualmente estão ocorrendo reclamações de clientes devido à atribuição incorreta dos valores justos e estão ocorrendo também atrasos nas entregas das avaliações. O procedimento atual não está viabilizando uma agilidade na rotina de trabalho quanto às atividades feitas em gabinete, visto que não há uma planilha padrão para se realizar a avaliação dos bens móveis acaba ocorrendo à perda de tempo e retrabalho das atividades. 37 As empresas em que são realizadas as avaliações possuem o seu respectivo ativo imobilizado, portanto as planilhas com os bens a serem avaliados diferem entre as empresas. Atualmente a planilha em que são lançados os valores justos é a mesma enviada por cada empresa e, portanto diferente uma das outras (ver Figura 08). Figura 08: Exemplo de planilha com o ativo imobilizado do cliente (empresa X) Fonte: Empresa, 2011. Conforme mostra a Figura 08 a Empresa X possui informações específicas para o seu controle contábil interno, por exemplo, os campos “Filial”, “Conta Contábil¨, “Tipo de Ativo”, “Sequência” e “Artigo” muito provavelmente não estarão presentes no ativo imobilizado de outra empresa além de serem desnecessários para se avaliar os bens. Já os demais campos “Nome do Ativo”, “Data de Aquisição” e “Valor de Aquisição” são comuns na planilha de todas as empresas, e são informações fundamentais para se atribuir o “Valor Justo”. Para realizar a avaliação de uma máquina ou equipamento em que não foi possível encontrar semelhante no mercado, é necessário utilizar uma planilha com um método estatístico para depreciar. Atualmente a empresa utiliza o método de Caires conforme Figura 09. Figura 09: Planilha atual de depreciação de bens móveis Fonte: Empresa, 2011. 38 Conforme foi apresentado na fundamentação teórica a planilha acima contém na primeira coluna o ano de fabricação que normalmente é o de aquisição, possui também os campos coeficiente de trabalho e manutenção, vida útil, valor da máquina ou equipamento novo resultando assim no valor justo. Visto que são utilizadas duas planilhas, sendo uma delas a mesma que cada empresa envia com o seu patrimônio (Figura 08) e, portanto diferente uma das outras, acorre perda de tempo nesse trabalho, pois é necessário copiar o valor do equipamento novo de cada item da planilha da empresa para a planilha de avaliação e da planilha de avaliação é necessário passar o valor depreciado para a planilha da empresa e assim sucessivamente item a item. 4.3 SITUAÇÃO PROPOSTA A proposta de melhoria está contemplada nas seguintes etapas: a) Analisar outros métodos comparando com o Método de Caires; b) Elaborar uma nova planilha com método que for definido; c) Na mesma planilha criar um campo para a atribuição do valor de mercado a partir de uma base de dados; Com isto será feito o comparativo do procedimento antes e depois da implantação. 4.3.1 Análise dos métodos de avaliação Analisando a Figura 01 é possível perceber que tanto o Método Linear quanto o Fundo de Amortização não necessitam de uma profunda análise para serem descartados, pois conforme Abunahman (2000) a depreciação de máquinas e equipamentos é mais acentuada no princípio do que nos últimos anos de vida estimada devido ao desgaste, a insegurança quanto à utilização e pela perda da garantia. Com relação aos métodos de Cole e Percentagem Constante, percebe-se que ambos possuem uma depreciação próxima (ver Figura 01) e com característica de acordo com a definição de Abunahman citada acima. Conforme mostra a Figura 06 o Método de Caires também possui uma curva parecida com os métodos de Cole e Percentagem Constante. A partir desta breve análise podemos 39 concluir que qualquer um desses três últimos métodos comentados podem ser aplicados, pois em termos de valor justo os resultados obtidos serão semelhantes. Para definir qual dos três utilizar, é viável comparar as variáveis contidas nos métodos e assim utilizar o que seja mais prático. O método de Cole define a sua vida útil (N) em função de sua vida técnica, variando em cada caso, em relação a sua manutenção e conservação, necessitando, portanto consultar as Tabelas 8 a 12 para se determinar a vida útil. Já o método de Caires ele possui além da vida útil a função desgaste, conforme mostrado na fundamentação teórica à função desgaste possui as variáveis coeficiente de manutenção e de trabalho que são de auxilio para o avaliador durante a vistoria (atividade de campo) sendo, portanto uma vantagem em relação ao método de Cole. Já o método da Percentagem Constante não leva diretamente em conta a vida útil nem a função desgaste, simplesmente atribui a mesma taxa de depreciação ano a ano de acordo com a vida aparente, portanto o método de Caires é o mais prático e o que mais se aproxima da realidade dentre todos os métodos apresentados. É importante ressaltar que o método de Caires é um método consagrado há décadas para se avaliar máquinas e equipamentos e o mesmo já vinha sendo utilizado na empresa, o problema diagnosticado de erro de avaliação e atrasos nas entregas não se devem ao método utilizado, mas sim devido à falta organização e praticidade no qual o procedimento de gabinete como um todo vinha sendo tratado. Foram, portanto, analisados novos métodos para comprovar ou não a eficiência do método de Caires para que assim a nova planilha trouxesse realmente segurança ao serviço de avaliação. 4.3.2 Elaboração da Nova Planilha Tendo como objetivo a praticidade e a segurança em realizar corretamente a avaliação, foi elaborada uma nova planilha que além de conter o método depreciativo de Caires possui os campos “Código do Bem”, “Descrição do Bem”, “Conta Contábil” e a “Data de aquisição” que são comuns no ativo imobilizado de todas as empresas, desta forma obteve-se uma única planilha com informações padronizadas conforme Figura 10. 40 Figura 10: Planilha padrão para a avaliação patrimonial de bens móveis Fonte: Empresa, 2011. Conforme mostra a Figura 10 a nova planilha padrão possui ainda o campo “complemento” para que o avaliador possa acrescentar informações importantes adquiridas na vistoria ou em contato com fornecedores e/ou que não estavam especificadas na descrição enviada pelo cliente. A planilha possui também o campo “quantidade” para saber a quantidade de itens similares além dos campos “coeficientes de trabalho” e “coeficientes de manutenção” que são as variáveis utilizadas para depreciar o “valor novo” pelo método de Caires e que conforme apresentado na fundamentação teórica esses coeficientes podem variar de 0 a 20. Este novo controle padrão possui ainda outros três itens a serem preenchidos são eles: a “vida útil” que pode ser consultada nas Tabelas 08 a 12 presentes na fundamentação teórica, além da “fonte de pesquisa” onde foi encontrado o valor de mercado e finalmente o “valor justo” que é calculado pela planilha depois de atribuídas todas as variáveis. 4.3.3 Atribuição do preço de mercado a partir da base de dados Conforme visto no decorrer do trabalho para atribuir um valor justo a um bem a pesquisa de mercado é necessária seja para encontrar um equipamento usado ou novo. Dependendo da quantidade de itens e do objetivo da avaliação é necessário que o avaliador possua em seu laudo mais de uma fonte, para assim fundamentar a sua pesquisa. 41 Segundo Moreira (2001, p.140) “na pesquisa de dados o avaliador tem que se valer de várias fontes de informação cujo número pode variar de acordo com a complexidade do problema”. Para Dantas (2005, p. 16) o método comparativo de dados do mercado, “é aquele em que o valor do bem é estimado através da comparação com dados de mercado assemelhados quanto às suas características. É condição fundamental para a aplicação deste método a existência de um conjunto de dados que possa ser tomado estatisticamente como amostra de mercado”. Para reduzir, então, o tempo de procura de preço de mercado foi incluído no controle padrão uma base de dados com os campos, Descrição, Marca, Modelo, Fonte, Valor e Data conforme Figura 11. Esta tabela possui os valores históricos de cada pesquisa de mercado das avaliações feitas, deve possuir valores com no máximo dois anos a partir da data de pesquisa, para que assim os valores não fiquem desatualizados. Figura 11: Base de dados de preços de mercado Fonte: Empresa, 2011. Conforme mostra a Figura 11 a “Descrição” e a “Marca” precisam ser o mais concisa possível para assim facilitar a consulta das mesmas, em relação ao “Modelo” ele pode ser o definido pelo fabricante (conforme a terceira linha da tabela, modelo 4VS) ou uma característica essencial do equipamento (conforme primeira linha, modelo de 100T (toneladas)). É importante também registrar a “Fonte”, pois a mesma será utilizada no laudo técnico, ela pode ser o fabricante quando for fornecida por ele ou pode ser o site, catálogo, revistas ou anúncio onde foi encontrada uma máquina similar a que estava sendo avaliada. É necessário também preencher o “Valor” encontrado, “Data” de fabricação do equipamento e a “Data de pesquisa” para se ter um controle em relação a sua desvalorização. 42 4.4 RESULTADOS OBTIDOS Devido à falta de um controle histórico dos dados bem como devido falta de organização e praticidade no processo, acabavam ocorrendo erros de valores justos atribuídos e/ou atrasos nas entregas das avaliações conforme apresentado no trabalho, dessa forma ouve a necessidade de elaboração de uma planilha padrão, então mesmo sabendo que o método de Caires que é utilizado atualmente na empresa não era o causador direto desse problema, foram pesquisados novos métodos que agregaram conhecimento ao acadêmico e que para exceções de casos podem vir a ser utilizados conforme futura necessidade. Além disso, foi possível comprovar a eficiência do método de Caires ao compará-lo com os outros métodos. Com relação à nova planilha elaborada não é possível demostrar numericamente os resultados, pois visto que a empresa oferece serviços de auditoria essas informações não são registradas num histórico. Porém é certo que o tempo de avaliação foi reduzido, pois todas as informações estão contidas numa mesma planilha evitando assim atividades desnecessárias. De uma forma geral pode-se dizer que antes o objetivo era priorizar a entrega no prazo correto sem se importar com a qualidade do trabalho o que obviamente é uma atitude errada, pose-se constatar isso pois não se aproveitavam as informações já pesquisadas, portanto a elaboração desta nova planilha tornou possível realizar o trabalho de avaliação de forma mais ágil e com maior qualidade em relação ao procedimento anterior, além disso outro fator a ser citado em qualquer ramo de trabalho, mas especialmente na engenharia de avaliações é que o profissional deve ter bom senso e ética, já que é uma grande responsabilidade realizar avaliações patrimoniais, ou seja, não adianta ter o melhor método de avaliação em mãos e não utilizá-lo corretamente. A base de dados trouxe outra vantagem no que se diz respeito redução de tempo e confiabilidade dos valores justos atribuídos, com ela são poupadas as pesquisas de mercado de muitos itens principalmente os que normalmente existem nas empresas, pois todas precisam obter ar comprimido e energia elétrica, portanto, transformadores, compressores e secadores de ar são exemplos de produtos encontrados na maioria das empresas e que uma vez avaliado podem ser atribuídos em outras avaliações. Também após avaliar determinado tipo de bens de uma empresa, por exemplo os bens de uma fundição é possível utilizar esses mesmos valores para os produtos similares de uma outra fundição a ser avaliada. Com a base de dados, portanto, muitos bens passam a ter seus valores justos sem a necessidade de pesquisa-los, reduzindo assim o tempo total da avaliação e consequentemente 43 ajudando o avaliador a aplicar a metodologia nos demais bens evitando assim a atribuição errada ou precipitada dos valores. Torna possível também que ele faça uma conferência item a item garantindo a eliminação de possíveis erros e realmente atribuindo o valor que é justo para cada bem. 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente existe um grande número de empresas devotadas exclusivamente ao trabalho de avaliação, pois o mercado para os seus serviços especializados cresce permanentemente devido ao número crescente de transações e às necessidades das empresas de conseguirem corrigir seus crescentes dados contábeis de valor e depreciação, sem os quais a determinação dos custos, dos preços de venda, do lucro real e a preparação de balanços corretos é impossível. Devido a crescente busca do mercado por empresas de avaliação patrimonial o projeto teve como princípio de estudo analisar os possíveis problemas no processo de avaliação de bens móveis de uma determinada empresa tendo como objetivo geral reduzir o tempo do processo avaliatório bem como evitar a atribuição incorreta dos valores justos melhorando assim a qualidade do serviço prestado. Para alcançar esses objetivos foi elaborado um controle padrão de avaliação. Durante o processo de elaboração da planilha padrão foi possível alcançar os objetivos específicos definindo o melhor método de depreciação através de uma análise comparativa entre cinco métodos apresentados no decorrer do trabalho, foi elaborada também uma base de dados para que assim em avaliações futuras não haja a necessidade de se pesquisar novamente as máquinas e equipamentos que já foram encontrados em avaliações anteriores reduzindo assim o tempo total de avaliação. A planilha padrão elaborada também teve outro objetivo alcançado que foi união das informações das variáveis de depreciação com as descrições dos bens fornecidos pelos clientes, antes essas atividades eram realizadas em planilhas separadas resultando em perda de tempo e em possíveis erros ao passar o valor de uma planilha para outra. Por meio da pesquisa bibliográfica aqui apresentada contendo conceitos relacionados à engenharia de avaliações bem como alguns métodos estatísticos estudados, pode-se concluir que foi possível alcançar o objetivo geral que era definir um controle padrão para avaliar bens móveis de uma forma segura, eficiente e de qualidade. Através da elaboração do presente trabalho, portanto, foi possível melhorar o processo de avaliação da empresa de avaliação patrimonial aqui estudada, além de beneficiar o acadêmico com novos conhecimentos os quais estão sendo colocados em prática dia adia contribuindo para o seu crescimento profissional. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUNAHMAN, SÉRGIO ANTÔNIO. Curso Básico de Engenharia Legal e de Avaliações, São Paulo: Pini, 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-5. Avaliações de bens parte 5: Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral, 2006. CAIRES, HÉLIO DE. Avaliação de Glebas Urbanizáveis, São Paulo: Pini, 1984. CAIRES, HÉLIO DE. Novos Tratamentos Matemáticos de Engenharia de Avaliações, São Paulo: Pini, 1978. CONSENTINO, RUI MARCOS ASSIS. Modelo Empírico de Depreciação para Tratores Agrícolas de Rodas, 2004. 93 p. Dissertação. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo. 2007. CPC27, COMITÊ DE PRONUCIAMENTOS CONTÁBEIS. Ativo Imobilizado, Audiência Pública 07/2009. DANTAS, RUBENS ALVES. Engenharia de Avaliações: uma introdução à metodologia científica, São Paulo: Pini, 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA. Engenharia de Avaliações, São Paulo: Pini, 2007. MARGUS CONSULTORES. Disponível em: 19/05/2011 < http://www.margusconsultores.com.br/capa/avaliacao.php>: Acesso em: 19 de abril. 2011. MARTINELLI AUDITORES. Disponível em: 16/05/2011 <www.martinelliauditores.com.br> Acesso em : 16 de abril. 2011. MOREIRA, ALBERTO LÉLIO. Princípios de Engenharia de avaliações, São Paulo: Pini, 2001. PERFECTUM SERVIÇOS DE ENGENHARIA. Disponível em: 19/05/2011 <http://www.perfectvm.com.br/avaliar_patrimonio.html> Acesso em: 19 de abril. 2011.