Relação entre acidentes de trânsito e álcool
Notícias de acidentes de trânsito com vítimas fatais
envolvendo o uso de álcool são frequentes. Mas, apesar de a
maioria da população saber da relação entre as altas taxas de
mortalidade no trânsito e o consumo dessa substância, ainda
persistem muitas dúvidas sobre o uso de álcool por
motoristas, principalmente sobre seus efeitos no organismo e
os riscos que se corre ao dirigir embriagado.
A destreza e outras habilidades necessárias para a
direção, como a tomada de decisões, são prejudicadas muito
antes dos sinais físicos da embriaguez começarem a aparecer.
Isso porque, já nos primeiros goles, o álcool atua como estimulante e pode deixar as
pessoas, temporariamente, com uma sensação de excitação. No entanto, as inibições e
a capacidade de julgamento são rapidamente afetadas, aumentando a probabilidade
de tomarem decisões equivocadas. O tempo de reação e reflexos também sofre
alterações, comprometendo ainda mais as habilidades necessárias para o ato de
dirigir. Em altas doses, a bebida alcoólica pode também causar sonolência ou até
mesmo ocasionar a perda da consciência ao volante.
Com base nessas informações, um estudo norte-americano publicado na revista
científica Addiction, fez um levantamento de todos os acidentes automobilísticos fatais
ocorridos entre 1994 e 2008 - totalizando 1.495.667 casos - com o objetivo de analisar
a relação entre consumo de álcool e acidentes de trânsito.
Segundo a pesquisa, comparado aos motoristas sóbrios, aqueles que beberam
estavam mais propensos a dirigir em alta velocidade, não usar cinto de segurança e
conduzir o veículo causador da colisão. Além disso, quanto maior a concentração de
álcool no sangue (CAS), maior a velocidade média e a gravidade dos ferimentos
causados pelo acidente. Os fatos foram observados até mesmo quando a CAS era
considerada baixa; por exemplo, uma CAS de 0,01% esteve associada a um risco
significativamente maior de acidentes do que a CAS de 0%.
No Brasil, de acordo com o Vigitel (Sistema de Monitoramento de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por meio de Inquérito
Telefônico), 1,5% foi a frequência de adultos que conduziram veículos motorizados
após o consumo abusivo de bebida alcoólica, em pelo menos uma ocasião nos 30 dias
anteriores à pesquisa, em 2010.
O que é possível fazer para prevenir esses acidentes?
A melhor forma de prevenir é informar, por isso, além de apoiar e divulgar
pesquisas científicas, é importante trilhar novas alternativas, com ações e campanhas
de conscientização e prevenção contra a direção de veículos automotores sob a
influência dos efeitos dessa substância - uma das maiores causas de acidentes de
trânsito em todo o mundo.
Como exemplo de projetos de educação no trânsito, pode-se citar a parceria
entre o CISA e a Rede Ipiranga na prevenção do comportamento de beber e dirigir, por
meio da distribuição de materiais educativos produzidos pela ONG aos participantes da
campanha "Saúde na Estrada". Para visualizar o Guia "Sinal verde para a vida:
vermelho para álcool e direção" clique aqui.
Os efeitos da substância em nosso corpo são duradores e não devem ser
subestimados. Em média, o álcool é metabolizado a uma velocidade de 0,15 gramas
por litro por hora. Por exemplo, uma dose de 0,2g/l - o equivalente a um copo de
chopp ou cerveja, uma taça de vinho, meia dose de whisky ou cachaça - leva cerca de
uma hora e meia para ser totalmente eliminada. Esse tempo varia um pouco de pessoa
para pessoa e de acordo com o gênero, uma vez que as mulheres são mais vulneráveis
ao álcool do que os homens.
Algumas pessoas acreditam que parar de beber ou tomar um copo de café
podem torná-los aptos a dirigir com segurança. A verdade é que o álcool continua a
afetar o cérebro, prejudicando a coordenação e capacidade de julgamento até mesmo
horas depois da ingestão da última dose. Dessa forma, alguns fatos ficam evidentes:
não existe maneira de acelerar a recuperação do cérebro após a embriaguez, ou tomar
boas decisões ao volante quando você já bebeu. Bebida e direção formam uma
combinação perigosa e fatal, para qualquer quantidade de álcool consumida. Portanto,
se beber não dirija!
Fontes:
Guia "Sinal verde para vida; vermelho para álcool e direção". Centro de Informações
sobre Saúde e Álcool, 2011.
NIH Publication No. 08-5639, Dezembro de 2009.
Phillips DP, Brewer KM. The relationship between serious injury and blood alcohol
concentration (BAC) in fatal motor vehicle accidents: BAC = 0.01% is associated with
significantly more dangerous accidents than BAC = 0.00%. Addiction. 2011.
Vigitel Brasil 2010: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por
inquérito telefônico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. - Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
Sobre o CISA
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA, organização não
governamental criada em 2004 pelo psiquiatra e especialista em dependência química
Dr. Arthur Guerra de Andrade, é, hoje, a maior fonte de informações no País sobre o
binômio saúde e álcool. Por meio de seu website (www.cisa.org.br), a ONG
disponibiliza um banco de dados baseado em publicações científicas reconhecidas no
cenário nacional e internacional, em dados oficiais (governamentais) e na informação
de qualidade publicada em jornais e revistas destinados ao público geral, estudantes,
profissionais de saúde, pesquisadores e empresas sobre o álcool e suas relações com o
corpo, a mente e a sociedade.
O CISA acredita na importância do rigor ético e na transparência de suas ações
no que diz respeito à obtenção e divulgação de conhecimento atualizado e imparcial
na área de saúde e álcool e prontifica-se a colaborar com políticas públicas que
abordem o tema de forma eficaz. Também está comprometido com o avanço do
conhecimento nessa área e encoraja a adoção de medidas para prevenir o uso nocivo
de álcool e suas consequências, por meio de parcerias e elaboração de materiais
educativos e de prevenção.
Para mais informações sobre o Centro, visite o site www.cisa.org.br.
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