IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil ANÁLISE ANTROPOLOGICA ACERCA DA “A EFICÁCIA SIMBÓLICA” NOS PROCESSOS DE CURA NO CANDOMBLÉ1 Eval Cruz (NPPA/UFS)2 RESUMO O presente trabalho estabelece uma relação entre magia e cura, a parti do pressuposto de que as práticas mágicas continuam a ser solicitadas dentro das vertentes afro-brasileiras, a exemplo do candomblé, através da criação de uma Rede Nacional de Religiões AfroBrasileiras e Saúde unindo, desse modo, a medicina convencional às praticas mágicas. Com este objetivo, o estudo aborda a questão em foco, à luz de estudos relevantes, como os de Marcel Mauss, Evans-Pritchard, Lévi-Strauss, dentre outros, que foram instigados pela temática. A análise realizada aponta que as práticas mágicas interferem positivamente na vida das pessoas que nelas acreditam, evidenciando desse modo a sua eficácia. Percebe-se que, para o mal que a medicina não encontrou a cura, as práticas mágicas oferecidas nos terreiros cooperam minimizando ou sanando o problema posto pelo consulente. Palavras-chave: Magia; cura; candomblé. I – INTRODUÇÃO Há anos a magia tem sido objeto de especulação antropológica por se tratar de um tema fascinante, que instiga o espírito humano até os dias de hoje. Pode-se dizer que ela está presente em todas as sociedades e acompanha o homem em sua trajetória, “seja na forma de práticas e praticantes claramente estabelecidos, [...] seja diluída nos ritos automáticos que marcam os costumes de um povo, como bater na madeira três vezes dizendo isola!” (PEIRUCCI, apud, CALAZANS, 2009, p.33). Neste sentido, procurando entender o fascínio da magia sobre a mente humana, estudos relevantes, como os de Marcel Mauss, Evans-Pritchard e Lévi-Strauss, dentre outros, 1 Texto apresentado no IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS. UFS/Campus Itabaiana – SE 10 a 12 de Novembro de 2010. 2 Mestrando em Antropologia (NPPA/UFS). E-mail: [email protected]. ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 1 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil que foram feitos em diferentes lugares, distintos momentos históricos, serviram, dentre outras coisas, para responder questões colocadas por esses autores, mas também levantaram indagações como: o que faz o homem acreditar na magia? Os ritos e os mitos no processo de cura são eficazes? Para responder a essas questões, faz-se necessário uma discussão mais aprofundada sobre alguns trabalhos destes autores para que se possa ter uma resposta plausível às questões acima colocadas, sendo este o objetivo maior deste texto. Antes, porém, é importante destacar que magia “pode ser entendida como um empreendimento do homem para evocar mudanças vantajosas, tentando desviar ou redirecionar o andamento das coisas para colocá-la a seu serviço.” (BRÜSEKE, 2002, p.67) Assim é que, de acordo com o pensamento de Calazans (2009), é a partir da manipulação dos símbolos sagrados que se torna possível atingir o que se deseja, e acrescenta que há sentido na magia e que este aparece através do anseio sobre o devir por meio do pensamento devidamente focalizado. “Em vez de um mero conjunto de técnicas obsoletas ela é a impressão do querer humano na possibilidade do acaso.” (CALAZANS, 2009, p.35). II - ELEMENTOS MÁGICOS NO PROCESSO DA CURA A definição de magia foi discutida por Marcel Mauss em seu ensaio, “Esboço de Uma Teoria da magia”, publicado em parceria com Henri Hubert em 1904. Nele, o autor relaciona e separa magia de religião, que de acordo com Pereira (2007), não se constitui uma tarefa fácil, tendo em vista que ambas muitas vezes aparecem juntas, sendo difícil distinguir uma de outra. Contudo, embora a magia seja um objeto que possua elementos presentes também na religião, ela pode ser perfeitamente distinta uma vez que possui características ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 2 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil próprias e inclui agentes, atos e representações que Mauss & Hubert analisam cuidadosamente. Ele chama de agente o individuo que executa atos mágicos e manipula os símbolos sagrados, sendo ou não um profissional.3De acordo com o relato de Mauss & Hubert, os mágicos são dotados de qualidades especiais que os distinguem dos homens comuns, sendo estas, adquiridas, congênitas, atribuídas ou a que eles possuem efetivamente. Um agente mágico pode ser reconhecido por certas peculiaridades físicas, como por exemplo, a cor dos seus olhos, o modo como gesticula, fala entrecortada, dentre outros. São tipos nervosos, agitados ou pessoas de uma inteligência anormal para os meios medíocre nos quais se crê na magia. Gestos bruscos, uma fala entrecortada, dons oratórios ou poéticos também produzem mágicos. Todos esses sinais denotam geralmente uma certa nervosidade que,em muitas sociedades,os mágicos cultivam e que se exaspera durante as cerimônias. Acontece freqüentemente que estas sejam acompanhadas de verdadeiros transes nervosos ,crises de histerias,ou então de estados catalépticos.[...] Desses espetáculos recebe uma impressão forte,que o dispõe a acreditar que estados anormais são a manifestação de uma força desconhecida que torna a magia eficaz.Tais fenômenos nervosos,sinais de dons espirituais,qualificam esse ou aquele individuo para a magia.” (MAUSS & HUBERT,2003,p.64) Mauss & Hubert (2003) evidenciam que o sexo feminino é reconhecido como mais hábeis à magia que o sexo masculino, e isto não se deve tanto por seus caracteres físicos, mas devido a momentos críticos por que passa ao longo de sua trajetória, provocando desse modo estranhamento e inquietações, o que lhes conferem um status diferenciado na sociedade que é dado pela consciência coletiva. É, pois, durante a puberdade, períodos das regras, gestação, partos e depois da menopausa, “que as virtudes mágicas das mulheres atingem sua maior intensidade. [...] As velhas são feiticeiras; as virgens auxiliares preciosas; o sangue dos 3 De acordo com Mauss & Hubert (2003), há dois tipos de agentes mágicos. O profissional especialista e o mágico de ocasião – individuo praticantes da magia popular, tendo “por ministros apenas os chefes de família ou as donas de casa. Muitos, aliás, preferem não agir eles próprios, abrigando-se por trás dos mais experientes ou mais hábeis. A maioria hesita,seja por escrúpulos,seja por falta de confiança em si mesmos. Há alguns que recusa tomar conhecimento de uma receita útil(MAUSS & HUBERT,2003,p.62) ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 3 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil mênstruos e outros produtos são elementos específicos geralmente utilizados”. (MAUSS & HUBERT, 2003, p.65). Sabe-se também que elas são mais sensíveis a histeria e, no período de crise, mostram-se detentoras de uma autoridade sobrenatural. (MAUSS, 2003) Os mágicos exercem uma autoridade política considerável, são atores sociais com grande poder de persuasão dentro de determinado grupo. Essa posição está relacionada ao poder e conhecimento considerado especial e mágico sobre as coisas. São essas virtudes neles contidas que os difere dos demais, dando-lhes uma posição de destaque dentro da sociedade da qual faz parte. “Além desse poder geral sobre as coisas, o mágico possui poderes sobre si próprio que constituem o principal da sua força. Sua vontade faz que efetue movimentos dos quais os outros são incapazes.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.70). Todavia, para que possa agir com toda sapiência que lhe é peculiar, deve passar por um processo de aprendizagem especial. A introdução à sociedade mágica não se dá sem um ritual. O noviço sai do meio comum e se recolhe normalmente na floresta, onde passa por um processo de aprendizagem especial, onde ele morre simbolicamente, permanecendo assim até o final do processo. Ao final deste, o neófito renasce como um novo nome, uma mova pessoa dotada de uma potência que legitimará a sua autoridade mágica. “Para os grupos, assim como para os indivíduos, viver é continuar desagrega-se e reconstruir-se, mudar de estado e de forma, morrer e renascer. É agir e depois parar, esperar e repousar, para recomeçar em seguida a agir, porém de modo diferente”. (VAN GENNEP, 1978, p.157). Na análise de Mauss & Hubert (2003), os atos do mágico correspondem aos ritos, que se apresentam de forma simples ou de modo muito complexos. Para a cerimônia mágica, deve-se obedecer a algumas condições necessárias a sua realização como o dia, a hora, o lugar, tendo em vista que o ritual não se faz de modo aleatório, mas possui verdadeiros ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 4 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil santuários, do mesmo modo que na religião. Assim, entende-se que determinados rituais devem ser feitos à noite ou a certas horas do dia ou em lugares determinados: Os cemitérios, as encruzilhadas e a floresta, os pântanos e as fossas dos detritos, todos os lugares onde habitam as almas do outro mundo e os demônios, são para a magia lugares de predileção. Pratica-se a magia nos limites das aldeias e dos campos, nas soleiras, nas lareiras, nos telhados, nas vigas centrais, nas ruas, nas estradas, nas pegadas, em todo lugar que tenha uma determinação qualquer. O mínimo de qualificação que se pode exigir é que o lugar tenha uma correlação suficiente com o rito; para enfeitiçar um inimigo, cospe-se sobre sua casa ou diante dele. Na falta de outra determinação, o mágico traça um circulo ou um quadro mágico, um templum, em torno de si, e é aí que ele trabalha (MAUSS & HUBERT, 2003, p.83). É importante resultar que no caso da natureza dos ritos, eles “compreende ao mesmo tempo ritos manuais e ritos orais.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.87). O primeiro pode ser entendido como objetos produzidos ritualmente pelo mágico para um determinado fim; enquanto o segundo são as encantações, hinos preces, juramentos, dentre outros, proferidos em um dado ritual. “Assim, o encantamento oral completa, especifica o rito manual, que ele pode suplantar” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.93). Já as representações, terceiro elemento da magia, Mauss & Hubert (2003) as classificam em impessoais (leis da magia) e pessoais. Aqui, me deterei apenas às leis da magia, que são três: “[...] de contigüidade, de similaridade e de contraste: as coisas em contato estão ou permanece unidas, o semelhante produz o semelhante, o contrário age sobre o contrário.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.100). Eram essas leis que dominavam a magia, aqui entendida como incubadora da ciência que estava pra nascer, neste sentido esclarece: “Acrescentamos que a magia faz a função da ciência e ocupa o lugar das ciências por nascer. Esse caráter científico da magia foi geralmente percebido e intencionalmente cultivado pelos mágicos.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.100). ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 5 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil No tocante à contigüidade, esta implica dizer que o todo está nas partes, portanto, as partes contêm a essência do todo de uma coisa ou pessoa. Logo, as unhas de uma pessoa, por exemplo, o representa por inteiro. Mas, há outros desdobramentos desta lei, de modo que aquilo que está em contato com a pessoa, “[...] as roupas, a marca das pessoas, a do corpo sobre a relva ou no leito, o leito, o assento, os objetos que usa habitualmente, brinquedos e outros, são assimiladas às partes destacadas do corpo. [...]” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.101). A segunda lei, a da similaridade, é menos direta e possui duas fórmulas principais que são: “[...] o semelhante evoca o semelhante, similia similibus evocantur, o semelhante age sobre o semelhante e, cura o semelhante, similia similibus curantur”. (MAUSS & HUBERT, 2003, p.104). Ao examinar a primeira fórmula, o semelhante evoca o semelhante, os autores perceberam que a similaridade evoca a contigüidade, isto é, “[...] a imagem está para a coisa assim como a parte para o todo.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.104). Dito de outro modo, esta imagem representa algo ou alguém. Contudo, acrescentam Mauss & Hubert (2003), existem outros elementos que substitui a imagem, para tanto, basta fazer menção mental de um substituto eventual (anel, animal, cordão, etc.) e que estes represente a pessoa em questão. Na segunda fórmula analisada por Mauss e Hubert, o semelhante age sobre o semelhante e, cura o semelhante, entende-se que para atingir o fim desejado, basta o mágico comparar determinado elemento que pode ser usados num ritual, como o que se pretende atingir. Um exemplo claro é dado por Brüseke (2004), ao dizer que doenças do coração poderiam ser curadas com folhas parecidas com os contornos do coração, bem como as semelhantes às orelhas, faziam ouvir. E por último e não menos importante, a lei da contrariedade. Aqui se entende que assim como o “[...] semelhante age sobre o semelhante [...],” o oposto também pode acontecer, isto é, “[...] o contrário expulsa seu contrário suscitando seu semelhante”. ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 6 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil (MAUSS & HUBERT, 2003, p.106/107). Assim, conforme Montero (1986), quando através de um ritual, um mago chama a chuva ao deitar água no solo, para acabar com a seca, a lei da contrariedade é acionada, uma vez que, “[...] a água atrai a chuva fazendo partir seu contrário, a seca [...].” (MONTERO, 1986, p.29). Entende-se que para o estudo da magia se faz necessário compreender, mesmo que minimamente, os três elementos da magia que Mauss & Hubert analisaram. Assim, através da exposição evidenciou-se que somente é mágico o individuo que pratica magia, mesmo que seja um mágico de ocasião, sendo este, [...] qualificado pela sociedade mágica da qual faz parte e, sempre, pela sociedade em geral. [...] Os atos são ritos e repetem-se por tradição. Quanto às representações, umas são tomadas de empréstimos a outros domínios da vida social [...], as outras, em fim, não procedem das observações nem das reflexões do indivíduo, e sua aplicação não se presta à iniciativa deste, pois há receitas e fórmulas que a tradição impõe e que se utilizam sem exame (MAUSS & HUBERT, 2003, p.124). A magia, que permeia todas as sociedades de que se tem conhecimento, não entrou em descrédito, prova disso é que as pessoas em diversas culturas ainda hoje fazem uso dela, nos levando a concluir que ela está viva, e cada vez mais presente na vida das pessoas. Ora, se ela continua sendo solicitada para atingir os mais variados propósitos é por que alguma eficácia ela possui, caso contrário,estaria em completo desuso. Aqui talvez seja oportuno perguntar: o que faz o homem acreditar na magia? Sabe-se que ela é dotada de uma autoridade que faz os crentes ter confiança na eficácia de seus ritos, sendo, pois, a consciência coletiva a responsável por legitimar esse poder e autoridade que a magia possui. Assim, as pessoas acreditam na magia porque há uma crença posta pela coletividade de que ela funciona e, portanto, é eficaz. “As pessoas confiam nos magos porque aprenderam a confiar,seja pela ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 7 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil experiência declarada de outros indivíduos,seja por sua própria. Crê-se na magia porque ela é percebida.” (CALAZANS, 2009, p.38). A eficácia dos ritos e mitos dentro desse universo mágico, talvez se dê em virtude de um poder místico, que Mauss & Hubert (2003) chamaram de mana. Esta palavra está presente entre os malineses e polinésios, podendo significar ao mesmo tempo um substantivo, adjetivo ou mesmo um verbo. Sendo assim, pode-se dizer que um determinado objeto como uma pedra, por exemplo, é mana ou que o mágico está impregnado de mana. Aqui se entende que mana não é só uma força, ou um ser, “[...] é também uma ação, uma qualidade e um estado. [...], reunidas num único vocábulo, uma série de noções, [...] Ela realiza aquela confusão do agente, do rito e das coisas que nos pareceu ser fundamental em magia.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.142/143). Percebe-se que é o mana que atribui poder mágico às coisas e às pessoas. Logo, acredita-se que essa força, este ser ou ação é o que as leva acreditar na magia e em sua eficácia, tendo em vista que ela é “[...] sucessivamente e ao mesmo tempo qualidade, substância, e atividade.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.143). Segundo Mauss & Hubert (2003), ela é qualidade, quando determinada coisa esta carregada dessa energia, por exemplo, quando se acredita que determinadas ervas destinadas a algum tratamento mágico carrega consigo o mana. Dito de outro modo as erva estão impregnadas da essência do mana. Por outro lado ela é uma substância que pode ser manipulada por alguém com mana e num rito, mas ao mesmo tempo ele é autônomo, isto é, independente. O mana ainda pode ser entendido como uma força que torna as criatura espirituais mágicas.4 Mana é tudo. Ele é a eficácia do rito, a energia que domina e orienta o mágico no ritual, ele é também 4 As criaturas espirituais a que Mauss se refere nesta passagem são as almas dos antepassados e os espíritos da natureza. Os espíritos da natureza são dotados dessa energia, mas nem todas as almas dos mortos são. Desse modo, somente “as almas dos chefes, quanto muito às almas dos chefes de família [...] cuja mana se manifestou em vida ou por milagre depois da morte.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.144). ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 8 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil as fórmulas mágicas prescritas pelo mágico. Porém, salientam Mauss & Hubert (2003), os ritos não são apenas dotados de mana, eles são o próprio mana, e acrescenta: [...] o mana é a força por excelência, a eficácia verdadeira das coisas, que corrobora, sem aniquilar, a ação mecânica delas. É ele que faz que a rede pegue, que a casa seja sólida, que a canoa mantenha-se firme do mar. No campo ele é a fertilidade; nos medicamentos, é a virtude salutar ou mortal. Na flecha,é o que mata,sendo aqui representada pelo osso de morto de que a flecha é munida. [...] Ele não pode ser objeto de experiência, pois em verdade absorve a experiência; o rito acrescenta-o às coisas, e ele é da mesma natureza que o rito. [...] ele é, ao mesmo tempo, sobrenatural e natural, já que está espalhado em todo o muno sensível, ao qual é heterogêneo e, no entanto imanente. (MAUSS & HUBERT, 2003, p.145). Enfim, Mauss & Hubert (2003) concebem o mana como algo enigmático, mas que se faz entender a partir de seus resultados; distante, mas que se comunica através de sua força; invisível, mas que pode ser sentido através de seus efeitos. Ele “[...] é um meio que funciona no meio que é o mana. [...] Ele é uma espécie de mundo interno e especial, onde tudo se passa como se ali somente o mana estivesse em jogo.” (MAUSS & HUBERT, 2003, p.146). Evans-Pritchard (2005) por sua vez, nos apresenta a crença Azande em bruxaria, oráculos5 e magia. Os Azande entendiam que determinados indivíduos eram bruxos por possuir uma qualidade intrínseca, ou melhor, a bruxaria era uma substância encontrada no interior dos certos indivíduos6 e herdada por descendência unilinear, isto é, se o pai de um 5 Oráculos - são divindades que consultadas, expressam uma verdade irrefutável, permitem que a vítima encontre o causador do seu infortúnio. 6 Segundo Evans-Pritchard (2005), a substância bruxaria poderia ser encontrada num exame pós-morte, O exame consiste em abrir o corpo do morto e verificar se em seu intestino encontra-se a substância bruxaria, Isto é, uma bolsa ou inchação enegrecida e oval encontrada no interior dos intestinos do acusado. Nessa autópsia, devem estar presentes tanto os acusadores como os defensores do morto. Se na ocasião for constatado que aquela pessoa era um bruxo, fica evidenciada que toda a sua descendência também o é. Caso não seja encontrada a substância bruxaria em seu intestino, a família do morto poderá usar parte do intestino e surrar a família dos acusadores. ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 9 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil homem fosse bruxo ele o seria, mas suas filhas não; ou no caso de se confirmar a bruxaria na mãe, a filha também era tida como bruxa, mas seus filhos não. Estes povos procuraram distinguir o bruxo, o feiticeiro e os adivinhos. Pra eles, “Um bruxo não pratica ritos, não profere encantações e não possui drogas mágicas. Um ato de bruxaria é um ato psíquico.” (EVANS-PRITCHARD, 2005, p.33). Enquanto que o feiticeiro era aquele individuo que pratica a magia negra. Magia ilícita, portanto, imoral porque “[...] não faz nem dá justiça. [...] É uma arma pessoal, voltada contra alguém de quem o feiticeiro não gosta.” (EVANSPRITCHARD, 2005, p.198). Assim, caso uma pessoa fosse prejudicada por um bruxo ou feiticeiro, poderia recorrer aos oráculos ou aos adivinhos. Este último era vistos com bons olhos pela sociedade por se tratar de uma pessoa influente, com poderes mágicos especiais para descobrir e combater a bruxaria, ou seja, ele praticava a magia branca, cuja finalidade maior era combater o mal e, desse modo, aplicar a justiça. “A magia dá-lhe o poder de enxergar dentro do coração do homem e de revelar suas intenções malignas. [...] Esta é uma condição que indubitavelmente aumenta o prestígio dos adivinhos” (EVANS-PRITCHARD, 2005, p.129). Aqui é importante salientar que, as curas mágicas se realizavam dentro de um universo teatralizado, onde as músicas, as danças, as drogas mágicas e outros elementos do ritual envolvidos pelo que Mauss & Hubert chamou de mana, corroboravam para atingir o fim desejado. Pode parecer estranho ao homem contemporâneo a crença Azande na magia, mas é importante perceber que as pessoas a procuravam porque acreditavam em sua eficácia, no poder de cura que as ervas mágicas podia oferecer aos diversos males que acometia os homens daquela sociedade, desde um simples mal estar, a males maiores como a bruxaria. Assim recorria-se ao mago que prepara as ervas em cerimônia mágica, que segundo observação de Evans-Pritchard (2005), eram seguidos de encantações verbais, onde o mágico ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 10 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil falava às ervas o que ela deveria fazer para atingir o fim desejado. Diz também que esses encantamentos não funcionavam como fórmulas, não havendo, pois, “[...] poder na enunciação em si mesma; é preciso apenas que o significado das palavras seja claro, porque as drogas têm uma missão a cumprir e precisam conhecer exatamente sua tarefa.” (EVANSPRITCHARD, 2005, p.187). Assim, a magia atendia a todos os anseios do consulente. Neste sentido, havia uma variedade de pedidos que o mágico deveria atender e, portando, recomendar drogas que fossem eficazes na realização de cada pedido. Portanto, percebe-se que havia drogas mágicas para fazer chover, fertilizar o solo, drogas para dar invisibilidade ao caçador ou ainda, drogas para assegurar trocas vantajosas em determinada negociação. “Assim, a morte evoca a noção de bruxaria; os oráculos são consultados para determinar o curso da vingança; a magia é feita para executar essa vingança; os oráculos decidem se a magia executou a vingança; depois da tarefa cumprida, as drogas mágicas são destruídas.” (EVANS-PRITCHARD, 2005, p.228). Para aprofundar um pouco mais nossa discussão é oportuno incluir Lévi-Strauss no debate, uma vez que seu esclarecimento sobre magia poderá dizer se os ritos e mitos são eficazes no processo da cura. Nesse sentido, a questão aqui levantada será demonstrada no célebre artigo “A Eficácia Simbólica”, publicado pela primeira vez em 1949. Nele o autor traz um exemplo de um rito cujo objetivo é auxiliar uma parturiente a dar a luz num parto difícil. Para tanto o xamã, a partir de um canto, recorreu aos mitos para devolver a cura ao doente que jazia em perigo de morte. Assim, segundo Lévi-Strauss (1967) o canto efetuado no ritual parece ser comum, onde a partir de sua entoação percebe e entende-se que o doente esta sofrendo porque “[...] perdeu um de sues duplo particulares, cujo conjunto constitui sua força vital. [...]”. Desse modo, a função do xamã é reunir seus assistentes, que são espíritos protetores, para que possam adentrar “[...] ao mundo sobrenatural para arrancar o duplo do ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 11 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil espírito maligno que o capturou e, restituindo-o ao seu proprietário, assegure a cura”. (LÉVISTRAUSS, 1967, p.217). A cura começa com a teatralização do xamã que reproduz o mito com toda a sua intensidade, a doente que acredita nele, ao público ali presente que acredita neste sistema e, claro, a ele próprio, que acredita nas suas técnicas. Seu objetivo neste desempenho era conduzir a doente que vivia uma situação real ao mito, para que assim ela pudesse reagir e se restabelecer. “As técnicas da narrativa visam, pois, reconstituir uma experiência real, onde o mito se limita a substituir os protagonistas.” (LÉVI-STRAUSS, 1967, p.225). Assim, entendese que a cura acontece porque a doente acredita na mitologia apresentada pelo xamã e os membros da sociedade da qual faz parte também compartilha dessa mesma crença, o que ela não aceita é aquele estado de dores insuportáveis, mas de acordo com Lévi-Strauss (1967), a partir do apelo que se faz ao mito, o xamã pode e reverte a situação e a doente sara. É importante destacar que em nenhum momento o xamã tocou o corpo do dente ou lhe deu alguma droga, na verdade o que ele lhe ofereceu foi apenas o mito, que lhe fora apresentada em um ritual, do qual fizeram parte a doente, o público e o feiticeiro. Ele ofereceu a sua paciente apenas palavras que lhe serviram de antídoto, desbloqueando e reorganizando todo o seu organismo. Neste sentido Lévi-Strauss (1967) aproxima a cura xamanística à psicanálise, tendo em vista que nos dois casos, “[...] propõe-se conduzir à consciência conflitos e resistências até então conservados inconscientes [...]”. (LÉVI-STRAUSS, 1967, p.229). No primeiro caso, o problema é de ordem orgânica – parto difícil - enquanto no segundo caso, a psicanálise, o problema é de ordem psíquica. Em ambos os casos o que se ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 12 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil pretende é a cura. Para tanto, toma-se o mito7 para que o doente possa viver. Assim, para que haja uma ab-reação8 e esta se torne uma ad-reação, [...] o psicanalista escuta, ao passo que o xamã fala. Melhor ainda: quando as transferências se organizam, o doente faz falar ao psicanalista, emprestandolhes sentimentos e intenções supostos; ao contrario, na encantação, o xamã fala por seu doente. Ele a interroga, e põe em sua boca réplicas que correspondem á interpretação de seu estado, do qual ela se deve compenetrar. (LÉVI-STRAUSS, 1967, p.230). A crença do homem, principalmente do brasileiro na magia, é bem maior do que se pensa. Tanto que, segundo Silva (2007), foi criada a Rede Nacional de Religiões AfroBrasileiras e Saúde9, cujo objetivo maior é “lutar pelo direito humano a saúde” (SILVA, 2007, p.173). Para tanto, uni a medicina convencional, as praticas mágicas, tendo em vistas que há situações em que o indivíduo que procura um consultório médico não obtém a cura desejada, encontrando-a dentro dos espaços onde se cultuam as divindades mágicas.Aqui as queixas dos consulentes são as mais diversas,desde uma simples dor de cabeça, depressão, hipertensão, a doença que a medicina desconhece.Logo entende-se que para o mal que a medicina não encontrou a cura, “as práticas terapêuticas dos terreiros contribuíam para minimizá-los ou acabar com eles”. (SILVA, 2007, p.173) Desse modo, segundo relato de silva (2007), entende-se que as praticas mágicas aí efetuadas, interferem positivamente na vida das pessoas que nelas acreditam. Percebe-se que, embora sejam as curas mágicas desacreditada por muitas pessoas, nos espaços de cultos das vertentes afro-brasileiras como candomblé, jurema, xangó, 7 Aqui, de acordo com Lévi-Strauss (1967), entende-se mito de duas maneiras: individual e social. O mito social e aquele que faz parte do universo coletivo, vindo do exterior; já o mito individual é construído a partir de elementos do passado. 8 De acordo com Laplanche e Pontalis (1998), ab-reação é uma descarga pela qual um sujeito se liberta do seu afeto ligado à recordação de um acontecimento traumático. Esse fenômeno ocorre durante a psicoterapia por efeito de hipnose ou de modo espontâneo. 9 Conforme relata Silva, a Rede foi criada em março de 2003 durante o II Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde em São Luis do Maranhão. (SILVA, 2007, p.172) ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 13 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil encantaria, dentre outras, as práticas mágicas ainda continuam sendo muito solicitadas para atingir os mais variados fins, incluindo entre estes, a cura. Aqui uma quantidade significativas de pessoas procuram os agentes mágicos (sacerdotes ou sacerdotisa) que invocam as entidades mágicas, esperando que estas respondam aos diversos pedidos colocados por seus consulentes. Onde de acordo com Vaz & Campos (2009), se comprova que a eficácia dos atos praticados nesses ambientes, passa primeiro pela crença do agente mágico estendendo-se aos membros da comunidade que também partilha dessa crença e,claro ao consulente. Assim, entende-se que “[...] pais e mães-de-santo além de acreditarem eles próprios em sua magia levam a coletividade a acreditar nele e em suas práticas mágicas. Daí a eficácia de suas ações.” (VAZ & CAMPOS, 2009, p.6). Em conversas informais com a sacerdotisa da Irmandade Santa Bárbara Virgem, esta relatou que o número de pessoas que procuram as orientações dos orixás para resolver problemas de saúde não é pequeno, nem tão pouco recente. Antes, salienta a sacerdotisa, “as pessoas que procuravam por esse auxílio com mais frênica eram os próprios integrantes da Irmandade. Hoje, pessoas externas à comunidade procuram também.” Não há, segundo o relato da sacerdotisa, um número preciso da quantidade de pessoas que a procura no intuito de serem alcançados por algum benéfico, mas afirma que “é constante a busca por ajuda e certamente esse número pode vir a crescer com o tempo.” Ela acredita que o número de pessoas pode crescer tendo em vista que as pessoas que tem seus pedidos alcançados, e não são poucos, sempre voltam outra vez e podem trazer novas pessoas em busca do mesmo recurso. E acrescenta: “quando falo não me refiro unicamente em relação a medicamentos, mas ajuda de diversas formas”. As pessoas acreditam na magia, não há dúvidas. Como é notória a sua eficácia nos processos da cura e em outros problemas colocados pelos consulentes, caso contrário, ela não ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 14 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil seria tão solicitada como bem evidenciou nossa sacerdotisa. Porém, para ser alcançado por essas virtudes mágicas é preciso fé, pois sem esse elemento esse processo mágico não funciona, questão bem pontuada por Bárbara que salientou: As pessoas vêm em busca de ajuda e conseguem alcançar o que desejam, ficam muito agradecidas e sempre retornam a casa. Então, passa-se a construir laços de amizades e fé principalmente, pois sem esta não há nenhum resultado favorável. III - CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve por objetivo responder a duas questões proposta no inicio deste texto. A primeira questão diz respeito à crença do homem na magia, ou seja, o que faz o homem acreditar na magia? A segunda questão se refere à eficácia dos ritos e mitos, sendo assim perguntou-se: Os ritos e os mitos no processo de cura são eficazes? Sendo assim, verificou-se que as pessoas acreditam na magia porque há uma crença posta pela coletividade de que ela funciona e, portanto, é eficaz. Neste sentido, as pessoas a procuram porque há testemunhos de indivíduos que foram alcançados por ela. “Crê-se na magia porque ela é percebida.” (CALAZANS, 2009, p.38). Acredita-se na eficácia dos ritos e mitos por eles estarem datados de uma potência, de uma virtude e poder mágico, que Mauss & Hubert (2003) chamaram de mana. Desse modo, entende-se que é o mana que atribui poder mágico as coisas, as pessoas. Logo, acredita-se que essa força, este ser ou ação é o que leva as pessoas acreditarem na magia e em sua eficácia. No entanto para ser alcançada por ela, é necessário que o mágico acredite na magia, que o doente tenha fé nos ritos e mitos e que os membros da sociedade da qual fazem parte também compartilhe dessa mesma crença, e desse modo, haverá um equilíbrio na realização do processo da cura. ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 15 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil A cerca da realidade brasileira, observou-se que as praticas mágicas ainda continuam sendo muito solicitadas dentro das vertentes afro-brasileiras, Tanto que foi criada em 2003 a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde. Ela uniu o conhecimento médico às praticas mágica, para que desse modo, possa oferecer saúde e bem estar aqueles que a buscam e acreditam nelas. Assim, acreditam nos agentes mágicos porque eles são dotados de poderes sobrenaturais e que com médicos curam, se não todos, mas um aparte daqueles que lhes procuram, pois se não houvesse uma eficácia mínima nos ritos e mitos por eles evocados, não se conheceria “a vasta difusão que os caracteriza, no tempo e no espaço” (LÉVI-STRAUSS, 1967, p.208). IV – REFERENCIAS BRÜSEKE, Franz Josef. Mística, magia e técnica. Revista Política e Sociedade, n.4, abril 2004, p.167-218. Disponível: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2005/1752. Acesso em 04 de abril de 2010. CALAZANS, Diego Rodrigues Souto. Violência magia e Técnica. São Cristóvão, 2009. Dissertação de mestrado. EVANS-PRITCHARD, E. E. Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. GENNEP, Arnold Van. Os Ritos de Passagem. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editoras Vozes, 1978. LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1998. LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro 1967. MAUSS, Marcel. Esboço de uma teoria geral da magia. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003. MONTERO, Paula. Magia e pensamento Mágico. São Paulo: Ática, 1986. ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 16 IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES: EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ETNICORRACIAIS 10 a 12 de novembro de 2010 UFS – Itabaiana/SE, Brasil PEREIRA, José Carlos. A Magia nas intermitências da Religião: Delineamentos sobre a magia em Marcel Mauss. Revista Nures, nº 5 – Janeiro/Abril 2007. Disponível: http://www.pucsp.br/revistanures. Acesso em 04 de abril de 2010. SILVA, José Marmo da. Religiões e saúde: a experiência da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde.Revista Saúde e sociedade,vol.16, n.2,maio/ago.2007. Pp. 171-177. ISSN 0104-1290. Disponível: www.apsp.org.br/saudesociedade. Acesso em 04 de abril de 2010. VAZ, Maria da Penha de Carvalho; CAMPOS, Zuleica Dantas Pereira Campos. AS Lideranças Afro-religiosas: Habilidades Estratégicas. Revista Brasileira de História das Religiões – ANPUH Maringá (PR) v. 1, n. 3, 2009. ISSN 1983-2859. Disponível em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html. Acesso em 04 de abril de 2010. ANAIS DO IV FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES GEPIADDE/UFS/ITABAIANA ISSN 2176-7033 17