O CASO DO FIM DA LÂMPADA INCANDESCENTE Denize Rodrigues Martins1 - SEDUC/UFPA Dayane Negrão Carvalho Ribeiro 2 - SEDUC/UFPA Benedita das Graças Sardinha do Silva 3 - SEMEC/UEPA Ronivaldo de Castro Pacheco 4 - UFPA Grupo de trabalho – Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Este artigo é um relato de experiência de uma atividade desenvolvida por uma professora de física do Ensino Médio, seus alunos e contribuição dos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/Física Abaetetuba, que teve como objetivo valorizar o uso da energia elétrica de maneira eficiente evitando o desperdício e colaborando com o meio ambiente. Para execução da proposta usou-se a aprendizagem baseada em resolução de problemas – PBL e a teoria da aprendizagem significativa. A atividade foi desenvolvida nos meses de agosto e setembro de 2014 e fazia parte das aulas de física, em parceria com PIBID, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA). O lócus foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Esmerina Bou-Habib, localizada no município de Abaetetuba-PA e teve como público 30 alunos do 3° ano do ensino médio. Foram seis as etapas de realização da atividade, divididas entre um pré-teste; apresentação do problema; apresentação da resolução; atividade experimental; auto avaliação e avaliação do grupo e, duas semanas depois, o pós-teste. O resultado indicou que os alunos ficaram mais motivados e interessados pela aprendizagem de Física a ponto de alguns até optarem pelo curso de licenciatura em física ao prestar o vestibular e os bolsistas e professores supervisores do PIBID perceberam que é possível realizar atividades diferenciadas durante as aulas de física em escolas públicas do estado. Esses estudos devem possibilitar reflexões acerca da teoria e a prática para o uso da aprendizagem significativa no ensino de física ou qualquer outra disciplina. 1 Mestranda em Docência em Educação em Ciências e Matemáticas - UFPA, Especialista em Metodologia do Ensino em Matemática e Física – UNINTER; Licenciada em Ciências Naturais - Habilitação em Física– UEPA; Professora da educação básica - SEDUC/Abaetetuba e Supervisora do PIBID/Física-Abaetetuba. E-mail: [email protected]. 2 Mestranda em Docência em Educação em Ciências e Matemáticas - UFPA; Licenciada em Ciências Naturais Habilitação em Biologia – UEPA; Professora da educação básica –SEDUC/Abaetetuba. E-mail: dayanenegrã[email protected]. 3 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação – UEPA; Especialista em Educação Matemática UEPA; Licenciada plena em Matemática; Professora da Educação Básica – SEMEC/Abaetetuba. E-mail: [email protected]. 4 Professor do Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Maranhão; Mestrando em Docência em Educação em Ciências e Matemáticas – UFPA. ISSN 2176-1396 41186 Palavras-chave: Educação. Ensino de física. Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas. Introdução Como professores de Física e Ciências, conhecemos os desafios impostos no cotidiano da sala de aula para o ensino e aprendizagem dessas duas áreas do conhecimento, especialmente no que diz respeito à possibilidade de letramento científico acessível para a maioria dos alunos, através das situações do cotidiano. Ainda é difícil para a maioria dos docentes trabalharem os conceitos de física de forma realmente contextualizada. Por isso, consideramos sempre positiva as oportunidades de trazer para a rotina da sala de aula atividades que quebrem o gelo das aulas, pois acreditamos ainda ser impossível descartar a totalidade das praticas tradicionais devido ao sistema em que está inserida a educação escolar brasileira. A Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas (ABP) é um método baseado na resolução de problemas, a qual presume o aprender redescobrindo através da experimentação (MALHEIRO; DINIZ, 2008) e foi o método escolhido por possibilitar uma educação nos moldes construtivistas apoiada na Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel (VAZ, 2011). O presente texto é um relato de uma experiência vivida em sala de aula por uma professora de Física, em uma turma do 3º ano do ensino médio, segundo os moldes da ABP, cujos objetivos foram reconhecer o uso eficiente da energia elétrica; observar o desperdício de energia elétrica em forma de calor; identificar como a potência, corrente e tensão elétrica influenciam o consumo de energia elétrica e observar os impactos ambientais causados pelo desperdício de energia elétrica. Eixo teórico – algumas considerações sobre a Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas O conceito de Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas não é novo e encontramos na literatura diversos trabalhos sobre o tema. Segundo Malheiro e Diniz (2008), a ABP foi inicialmente constituída na década de 60 na Universidade de McMaster (Canadá) e Universidade de Maastricht (Holanda). No Brasil, a Faculdade de Medicina de Marília, em 41187 1997 e o curso de Medicina da Universidade Estadual, em 1998 implementaram um novo currículo baseado em ABP. Observamos, portanto, que a ABP foi um método nascido nos cursos da área de saúde, mas, posteriormente, adotada pela área da educação escolar. Porém a ABP ainda não faz parte do currículo das escolas públicas e é pouco usado. Tendo como foco o aluno a ABP visa, [...] dentre outras coisas, a estimular no aluno a capacidade de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de ouvir outras opiniões, mesmo que contrárias às suas e induz o aluno a assumir um papel ativo e responsável pelo seu aprendizado. Objetiva também conscientizar o aluno do que ele sabe e do que precisa aprender, motivando-o a ir buscar as informações relevantes (MALHEIRO; DINIZ, 2008, p. 02). De acordo com Barrows (1996) e Ribeiro (2008) apud Freitas (2012) a APBL tem como princípios gerais: a) Ensino centrado no aluno e visando fortemente ao seu processo de aprender. b) Responsabilização do aluno por sua aprendizagem. Ao abrir também ao aluno a decisão acerca do que é importante aprender, o professor torna-o explicitamente responsável também pela definição do conteúdo. c) Consideração de aprendizagens anteriores. Compreendendo que a aprendizagem anterior pode tanto ajudar como dificultar o processo de novas aprendizagens, é indispensável que os professores tenham dados sobre as aquisições que o aluno já possui acerca do assunto. 4. Aprendizagem ativa, interativa, e colaborativa para desenvolver habilidades de formular ideias e verbalizá-las. A solução do problema depende da aquisição de conteúdos / informações, mas também da habilidade para sua análise, síntese e julgamento, verificando a pertinência de sua aplicação ao problema em um contexto determinado. d) Contextualização do ensino. A aprendizagem é experiencial e seu contexto é altamente específico. Os problemas ou casos contêm desafios, situações extraídas de contextos relevantes e reais do aluno. e) A aprendizagem é indutiva. Os alunos aprendem analisando e resolvendo problemas na forma de casos envolvendo o conteúdo estudado. A partir daí, deduzem sua solução. f) O papel principal do professor é criar situações-problema e coordenar sua solução. As ações do professor envolvem: a) formulação de diferentes tipos de problemas e possíveis estratégias de sua solução; b) questionamento dos alunos 41188 sobre seu processo de aprendizagem com perguntas metacognitivas; c) estímulo da reflexão dos alunos sobre sua aprendizagem e desempenho. g) O problema ou situação-problema sempre antecede a teoria. Na ABP o aluno tem numa postura ativa no processo de ensino-aprendizagem, em outras palavras ele deve ser ator principal de sua aprendizagem. No ABP, o papel do aluno destaca-se por apresentar: participação ativa nas discussões realizadas, contribuir com seus conhecimentos e experiências prévias em todas as reuniões, colaborar com os conhecimentos adquiridos, justificando com as referências bibliográficas pesquisadas, ou seja, devem ajudar o grupo a solucionar o problema. Ao revelar por si só, com um pequeno auxílio do professor, o que era desconhecido, o indivíduo conquista melhores condições de aprender (MALHEIRO; DINIZ, 2008, p. 02). Savin-Baden; Major (2004) Leite; Afonso (2001) citados por Vaz (2011) mostram que a ABP podem ser divididas em fases, apresentadas a seguir: a) 1ª fase: seleção do contexto ou cenário problemático (cabe ao professor); b) 2ª fase: formulação de problemas. É apresentado o contexto problemático aos alunos que formularão as questões; c) 3ª fase: resolução de problemas, o grupo de alunos planifica e implementa um plano de ação; d) 4ª fase: síntese e avaliação do processo, os alunos fazem a síntese da informação recolhida, reformulam os conhecimentos prévios, organizam as novas aprendizagens e constroem o produto final para ser apresentado à turma. Vaz (2011), afirma que a ABP está ancorada nas propostas da educação construtivista e subsidiada pelas teorias da aprendizagem de Jonh Dewey, filósofo e pedagogo norteamericano, defendia o trabalho cooperativo; Teoria do Desenvolvimento Cognitivo de Bruner, na qual o aluno aprende construindo seu próprio conhecimento; Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel a qual afirma que só há aprendizagem se esta for significativa; e na Teoria do Sociocultural do Desenvolvimento Cognitivo de Vygotsy, a aprendizagem ocorre pela construção social do conhecimento, na natureza das interações sociais. A Aprendizagem Significativa foi à escolhida para subsidiar esse trabalho. É uma teoria desenvolvida por David Ausubel cujo princípio fundamental é a interação entre os conhecimentos prévios do aprendiz e a introdução de novas informações. Neste caso, novas ideias, ao se relacionarem com o que o aprendiz já sabe, produzem um novo significado ao conhecimento prévio, de modo mais elaborado e mais significativo. 41189 Ausubel (2003, p. 71) delibera que A ‘aprendizagem significativa’, por definição, envolve a aquisição de novos significados. Estes são, por sua vez, os produtos finais da aprendizagem significativa. Ou seja, o surgimento de novos significados no aprendiz reflecte a acção e a finalização anteriores do processo de aprendizagem significativa. A esse respeito Moreira (2012, p. 6) chama a atenção para quais conhecimentos são relevantes a uma aprendizagem significativa. Para ele “a interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito que aprende”. Nesta linha de discussão, o conhecimento “pode ser um símbolo já significativo, um conceito, uma proposição, um modelo mental, uma imagem”, de modo que “os novos conhecimentos adquiram significado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquiram novos significados ou maior estabilidade cognitiva.” (MOREIRA, 2012. p. 6). Assim, a maior característica e a grande relevância da Aprendizagem Significativa é possibilitar que os conhecimentos precedentes a escola tenham lugar de destaque para a introdução e formalização de novos. E a formalização dos conhecimentos ganha significado especial por emergir de uma informação já existente no repertório de vida do aprendiz. Os conhecimentos prévios são entendidos como subsunçores, já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz funcionando como elementos de ligação à introdução de uma nova informação, dando-lhe significado. Assim, a aprendizagem ocorre por meio do acréscimo de novas ideias as ideias já existentes. Moreira (2012, p. 13) destaca que [...] é mais adequado pensar os subsunçores simplesmente como conhecimentos prévios especificamente relevantes para que os materiais de aprendizagem ou, enfim, os novos conhecimentos sejam potencialmente significativos. Nessa linha, subsunçores podem ser proposições, modelos mentais, construtos pessoais, concepções, ideias, invariantes operatórios, representações sociais e, é claro, conceitos, já existentes na estrutura cognitiva de quem aprende. Subsunçores seriam, então, conhecimentos prévios especificamente relevantes para a aprendizagem de outros conhecimentos. Procedimentos metodológicos A atividade foi realizada durante dois meses, mas junto com os alunos aconteceram durante cinco semanas. Na primeira semana aplicamos um pré-teste com quatro questões problemas para verificarmos o conhecimento da turma sobre o conteúdo de física que pretendíamos trabalhar (corrente elétrica), antes se ser explicado. Pois a ideia é justamente 41190 fazer o contrário, primeiro perguntar para os alunos e estes procurarem a resposta e só depois o professor deve explicar o conteúdo. Na segunda semana, nós lemos em conjunto com a turma os textos “Lâmpada incandescente deixará de ser fabricada no Brasil a partir de 2016” (JORNAL HOJE, 18/09/2013), para contextualizarmos o problema. Após a leitura do texto, houve um pequeno diálogo a respeito do texto sobre o desperdício de energia elétrica e a necessidade de se construir usinas hidrelétricas. Em seguida apresentamos o problema através de uma historinha chamada de caso, intitulada “O fim da lâmpada incandescente”, a qual descrevemos a baixo: Uma professora de Física ao andar pelas ruas de Abaetetuba observou lâmpadas incandescentes ligadas durante o dia em algumas residências, quando chegou à escola mostrou a foto para os alunos e disse o seguinte: - Nossa, por que esta família ainda usa lâmpada incandescente? Um aluno respondeu: Por que é mais barato. - É mais barato, porém consome mais energia. - Ah professora! Eu não pago energia elétrica, lá em casa é “gato”. - É! Mas em compensação os aparelhos elétricos de sua residência devem durar menos, e você deve ficar constantemente sem energia elétrica!! Em seguida os alunos foram divididos em pequenos grupos para pesquisarem e tentarem solucionar o problema; cada grupo recebeu uma ficha de monitoração da pesquisa, e quatro perguntas auxiliares a respeito da problemática: 1. A longo prazo, será mais barato usar lâmpada incandescente? 2. O que é potência elétrica? Para que serve? 3. Como a energia elétrica chega até a lâmpada? 4. De que maneira podemos usar a energia elétrica de nossa residência de maneira eficiente? Durante a semana cada grupo teve o acompanhamento de um bolsista estudante de biologia, não para dizer se a pesquisa estava certa, mas sim, apenas para ajudá-los. Na semana seguinte cada equipe devia analisar e interpretar as informações; definir a dinâmica de trabalho em grupo; apresentar e discutir os resultados da pesquisa com os outros grupos em sala; cabendo ao professor apenas mediar a discursão, em nenhum momento poderíamos dizer se o grupo estava certo ou errado, quando havia contradição entre as respostas dos grupos, fazíamos indagações até que a turma entrasse em consenso. Após a apresentação da pesquisa 41191 para a turma e discursão, o grupo devia entregar ao professor as fichas, tabelas, roteiros de trabalho, etc. Produto final a ser feito pelos alunos Após a discursão, os grupos foram desafiados a elaborar um produto final que podia ser experimental onde os alunos deveriam produzir uma atividade em que pudessem comparar a transformação de energia elétrica em calor e em luz entre a lâmpada incandescente e fluorescente. E dessa forma, talvez, perceber o desperdício de energia através do calor. “Aprender redescobrindo a partir da experimentação” (MALHEIRO; DINIZ, 2008, p.1). Como existiam muitos alunos tímidos e também por conta do pouco tempo, decidimos juntos com a turma, que a apresentação seria feita através de vídeos caseiros, onde eles iriam fazer a atividade experimental na sua casa e filmá-la. Na quarta semana, assistimos aos vídeos, neste momento fomos todos surpreendidos. E na última semana aplicamos o pós-teste. Procedimentos de avaliação Ao fim de toda atividade, fizemos uma avaliação geral, tanto da atividade, quanto da participação do grupo. Para isso entregamos três fichas aos alunos, uma para a autoavaliação, outra para a avaliação do grupo e outra para a avaliação da atividade. Esta atividade foi muito importante, pois permitiu ao aluno refletir sobre sua participação como integrante do grupo. Passado umas duas semanas após a atividade, aplicamos um pós-teste para verificarmos se a atividade teria sido significativa para todos os alunos, infelizmente constatamos que não, alguns alunos pesavam que era atividade valendo ponto e tentaram colar dos colegas, enfim durante este pós teste percebi que aqueles alunos que de fato realizaram todas as atividades propostas conseguiram responder o pós teste com facilidade sem auxílio de consultar a outro material externo, porém os que em algum momento faltaram e não realizaram todas as atividades não tiveram o mesmo êxito. Como diz Alzubel “o aluno deve estar disposto a aprender”. 41192 Figura 1: Atividade experimental realizada pelos grupos. Fonte: Arquivo pessoal dos autores. Acima vemos a imagem do produto final realizado pelos grupos de alunos. A primeira equipe utilizou o tato para perceber a diferença de calor emitido pelas lâmpadas, o segundo grupo utilizou o multímetro, o terceiro grupo utilizou um termômetro e o quarto grupo também um termômetro, porém utilizou uma caixa de sapato para isolar as lâmpadas do meio e, além disso, utilizou o cronômetro para registrar o tempo que o termômetro ficou dentro da caixa. Diálogo final Para o diálogo final utilizamos outras questões norteadoras como: O que existe de semelhante entre o experimento e situações da sua realidade enquanto ao desperdício de energia elétrica? O tipo de lâmpada influencia na sua conta de luz? E os outros aparelhos elétricos? Durante esse diálogo houve muito relatos, porém um me marcou, um aluno citou que na sua residência existia um estabilizador para cada aparelho, pois na sua casa era gato e tinha muita queda de energia. Refletindo um pouco No início pensei que não ia dar certo! Poxa vou deixar de dar aula para fazermos essa atividade, já tenho pouco tempo para dar aula para os alunos, o que vou cobrar na prova? Já que tenho apenas dois meses para trabalhar o conteúdo para a prova! Se eu primeiro lançar as perguntas, sem explicar o conteúdo, os alunos não terão como responder, ficarão desmotivados! Mas como sou professora parceira do PIBID, tive que aceitar o desafio. Talvez 41193 se tivesse tentado sozinha não tivesse conseguido, mas como segundo Alarcão (2007, p. 44), “O professor não pode agir isoladamente na sua escola. É neste local, o seu local de trabalho, que ele, com os outros, seus colegas, constrói a profissionalidade docente.” em colaboração com os bolsistas do curso de biologia, conseguimos. E isso, com certeza, contribuiu para o nosso “desenvolvimento profissional” (DICKEL, 1998, P.49). Pois, hoje estou cursando o mestrado, em parte graças ao PIBID. Ladwing propõe que haja mudanças na estrutura do trabalho de professores de forma a possibilitar um envolvimento efetivo na condução da pesquisa educacional, própria ou em colaboração. Um exemplo que ele apresenta, para isso, é o estabelecimento de uma escala de auxílio financeiro ao professor que subsidie seu envolvimento em pesquisas e/ou em publicação (ZEICHENER, 1998, p.214). A parceria entre prática e teoria deu certo. Fez-me ver que é possível fazermos diferente na sala de aula. E que é possível lançar as perguntas sem antes explicar o conteúdo, os alunos não ficam desmotivados se a questão problema for contextualizada com algo de seu conhecimento de mundo, ao contrário, isso mostra que para aprender eles não dependem do professor, isso os torna autônomos do aprendizado. Alunos que desde o primeiro ano do ensino médio se recusavam a apresentar seminários porque teriam que se expor na frente da turma e por isso muitas das vezes ficavam em recuperação, pois eu acabava concentrando a nota neste tipo de atividade para tentar força-los a participar. E mesmo assim alguns não participavam, entre os que participavam existiam os quais falavam só para eles e a turma não ouvia nada. Tudo isso, ficou para trás quando assistimos aos vídeos, todos participaram. Mas uma equipe, em particular, composta justamente por alunos que não participavam antes, devido a timidez, me deixou encantada ao ouvir um vozeirão de certo aluno que nunca apresentara trabalho antes. E, diga-se de passagem, foi a melhor! Fizeram até erros de gravação com trilha sonora e tudo! E toda a turma se divertiu no final do trabalho. Surpresa com o desempenho da equipe, eu fui conversar com eles e estes me disseram que gravaram várias vezes, e o interessante é que eles tiveram o cuidado de usar a mesma roupa para dar ideia de que foi no mesmo dia. Mas nem todas as equipes tiveram o mesmo sucesso, em algumas apenas um integrante apareceu no vídeo e víamos apenas mãos repassando as ferramentas para a execução do experimento e sons do whatsApp que não paravam de chegar. Mas a utilização do vídeo serviu para que pudéssemos perceber o destaque de outros alunos que devido a timidez acabavam não contribuindo e ostras equipes foram audaciosas e 41194 gravaram até erros de gravações, em fim conseguiram alcançar o que a atividade visa “autonomia de aprendizagem” segundo Ausubel. Considerações Finais É difícil aplicar esta atividade em sala de aula, de tal forma que os alunos possam ter, segundo Ausubel, um “tutor” durante a semana. Uma sugestão seria realizar esta atividade em parceria com outros professores, como por exemplo, os professores dos espaços pedagógicos da escola. Este relato de experiência procurou mostrar que é possível e igualmente importante realizar em nossas salas de aulas atividades que proporcionem a autonomia e reflexão do aluno. REFERÊNCIAS ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 5 ed. São Paulo, Cortez, 2007. AUSUBEL, David P. Aquisição e retenção de conhecimentos: Uma perspectiva cognitiva. Traduzido por Lígia Teopisto. Lisboa: Plátano editora, 2003. DICKEL, Adriana. Que sentido há em se falar em professor-pesquisador no contexto atual? Contribuições para o debate. In: GERALDI, C.M.G; FIORENTINI, D. PEREIRA, E.M. de A. Cartografias do trabalho docente. Campinas SP: Mercado de Letras, 1998. FREITAS, R. A. M.. Ensino por problemas: uma abordagem para o desenvolvimento do aluno. Rev. Educação e Pesquisa. Vol. 38. nº 2. São Paulo, abr./jun. 2012. JORNAL HOJE. 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